O documento apresenta um resumo do movimento literário Sensacionismo liderado pelo poeta português Fernando Pessoa no início do século XX. O Sensacionismo pregava que a única realidade é aquela percebida através das sensações, não do pensamento, e que a arte deve captar múltiplas sensações de forma simultânea. O texto também fornece contexto biográfico sobre Pessoa e seu amigo Mário de Sá-Carneiro, importante influência no desenvolvimento deste movimento.
Este conto de Clarice Lispector descreve uma menina que observa atentamente suas galinhas Pedrina e Petronilha. A menina acredita que as galinhas estão doentes e tenta cuidar delas, administrando remédios e tentando engordá-las. No entanto, a menina ainda não entende que galinhas são galinhas e não podem ser "curadas" de sua natureza. O conto explora a visão ingênua da menina sobre as galinhas.
1. O documento apresenta um resumo sobre o movimento romântico na literatura brasileira, dividido em três gerações poéticas.
2. A primeira geração é chamada de nacionalista ou indianista e teve Gonçalves Dias como autor destaque, exaltando temas como a natureza e a figura do índio.
3. A segunda geração é conhecida como ultra-romântica ou byroniana, tendo Álvares de Azevedo como principal autor, com obras que abordavam a morte, a
O documento discute a diferença entre texto literário e não-literário. Textos literários, como poesias e contos, usam linguagem figurada e conotativa para criar um mundo ficcional, enquanto textos não-literários, como notícias, fornecem informações factuais sobre eventos reais.
O documento apresenta informações sobre o Modernismo brasileiro, dividido em três fases. A primeira fase (1922-1930) caracterizou-se pela ruptura com o passado e necessidade de renovação, com destaque para a Semana de Arte Moderna de 1922. Os principais autores foram Mário de Andrade, Manuel Bandeira e Oswald de Andrade, que buscavam falar do homem comum em suas obras.
Este documento resume um artigo do jornal O Cataguases sobre o poeta Francisco Marcelo Cabral de Cataguases, MG. Em três frases:
1) Pede a republicação de um poema genial de Cabral sobre a perda de uma irmã, que costumava aparecer na primeira página do jornal na década de 1950.
2) Descreve a carreira literária de Cabral desde os anos 1940, destacando livros como "O Centauro" e "Inexílio".
3) Elogia Cabral como um poeta singular e símbol
O documento apresenta instruções para estudantes de Português do ensino médio sobre como estudar os módulos da disciplina. Inclui tópicos como literatura brasileira, leitura e produção de texto e norma padrão. As instruções pedem que os estudantes leiam atentamente os assuntos, façam atividades no caderno e consultem o dicionário quando necessário.
1. O documento apresenta um curso de Português no Ensino Médio, com boas-vindas aos alunos e explicações sobre os módulos e como estudar.
2. Inclui instruções sobre ler atentamente os assuntos, fazer atividades, consultar gabaritos e dicionários, e procurar o professor em caso de dúvidas.
3. Apresenta um módulo inicial sobre o estilo literário Realismo no Brasil, com foco em Machado de Assis.
O entre lugar feminino a metáfora da identidade da mulher no espaço bélico en...UNEB
1. A monografia analisa a representação da mulher nos espaços público e privado e sua busca por identidade no romance Tereza Batista Cansada de Guerra de Jorge Amado.
2. A personagem Tereza Batista é apresentada como uma mulher cansada que trava uma batalha entre o público e o privado em busca de liberdade e autodeterminação.
3. A monografia discute como o autor utiliza recursos literários como a carnavalização e a metáfora para construir a personagem de Tereza Batista como uma mulher transgressora
Este conto de Clarice Lispector descreve uma menina que observa atentamente suas galinhas Pedrina e Petronilha. A menina acredita que as galinhas estão doentes e tenta cuidar delas, administrando remédios e tentando engordá-las. No entanto, a menina ainda não entende que galinhas são galinhas e não podem ser "curadas" de sua natureza. O conto explora a visão ingênua da menina sobre as galinhas.
1. O documento apresenta um resumo sobre o movimento romântico na literatura brasileira, dividido em três gerações poéticas.
2. A primeira geração é chamada de nacionalista ou indianista e teve Gonçalves Dias como autor destaque, exaltando temas como a natureza e a figura do índio.
3. A segunda geração é conhecida como ultra-romântica ou byroniana, tendo Álvares de Azevedo como principal autor, com obras que abordavam a morte, a
O documento discute a diferença entre texto literário e não-literário. Textos literários, como poesias e contos, usam linguagem figurada e conotativa para criar um mundo ficcional, enquanto textos não-literários, como notícias, fornecem informações factuais sobre eventos reais.
O documento apresenta informações sobre o Modernismo brasileiro, dividido em três fases. A primeira fase (1922-1930) caracterizou-se pela ruptura com o passado e necessidade de renovação, com destaque para a Semana de Arte Moderna de 1922. Os principais autores foram Mário de Andrade, Manuel Bandeira e Oswald de Andrade, que buscavam falar do homem comum em suas obras.
Este documento resume um artigo do jornal O Cataguases sobre o poeta Francisco Marcelo Cabral de Cataguases, MG. Em três frases:
1) Pede a republicação de um poema genial de Cabral sobre a perda de uma irmã, que costumava aparecer na primeira página do jornal na década de 1950.
2) Descreve a carreira literária de Cabral desde os anos 1940, destacando livros como "O Centauro" e "Inexílio".
3) Elogia Cabral como um poeta singular e símbol
O documento apresenta instruções para estudantes de Português do ensino médio sobre como estudar os módulos da disciplina. Inclui tópicos como literatura brasileira, leitura e produção de texto e norma padrão. As instruções pedem que os estudantes leiam atentamente os assuntos, façam atividades no caderno e consultem o dicionário quando necessário.
1. O documento apresenta um curso de Português no Ensino Médio, com boas-vindas aos alunos e explicações sobre os módulos e como estudar.
2. Inclui instruções sobre ler atentamente os assuntos, fazer atividades, consultar gabaritos e dicionários, e procurar o professor em caso de dúvidas.
3. Apresenta um módulo inicial sobre o estilo literário Realismo no Brasil, com foco em Machado de Assis.
O entre lugar feminino a metáfora da identidade da mulher no espaço bélico en...UNEB
1. A monografia analisa a representação da mulher nos espaços público e privado e sua busca por identidade no romance Tereza Batista Cansada de Guerra de Jorge Amado.
2. A personagem Tereza Batista é apresentada como uma mulher cansada que trava uma batalha entre o público e o privado em busca de liberdade e autodeterminação.
3. A monografia discute como o autor utiliza recursos literários como a carnavalização e a metáfora para construir a personagem de Tereza Batista como uma mulher transgressora
Rodrigo Amado é músico e fotógrafo. Ele lançou um livro e exposição chamados "Un Certain Malaise" com fotografias tiradas em cidades europeias do norte e um texto de Gonçalo M. Tavares. As imagens mostram paisagens urbanas sombrias e solitárias que refletem a vibração sentida pelo autor.
O s reflexoas do eu em mulher no espelho de helena parente cunhaUNEB
Este documento discute o uso do espelho na obra literária Mulher no Espelho de Helena Parente Cunha. Aborda como o espelho é utilizado para explorar as múltiplas identidades da personagem feminina e os conflitos entre seu eu consciente e inconsciente. Também analisa como a narrativa em primeira pessoa permite que a personagem construa um diálogo entre dois mundos através do espelho, onde ela pode expressar seus desejos reprimidos.
Iracema, rita baiana e flor diálogos e metáforas de nação em iracema, de josé...UNEB
1) O documento é uma monografia que analisa como três romances brasileiros - Iracema, O Cortiço e Dona Flor e Seus Dois Maridos - usam personagens femininas para representar metáforas da nação brasileira sob diferentes estilos literários.
2) A monografia discute como esses romances, pertencentes aos movimentos romântico, naturalista e modernista respectivamente, retratam a nação através das personagens Iracema, Rita Baiana e Flor.
3) Ela argumenta que essas personagens femininas servem de
O campo lexical de pessoas em uma carta dde liberdade do século XIXUNEB
Este capítulo apresenta um breve relato sobre a escravidão dos povos africanos no Brasil, iniciada pelos portugueses com objetivos econômicos. Descreve a intensificação do tráfico de escravos no século XIX, quando ter escravos era símbolo de riqueza entre os grandes proprietários de terras. Aponta ainda que, apesar das leis abolicionistas, o comércio de escravos continuou intenso, sendo os africanos capturados e trazidos em condições desumanas para s
Boi roubado a articulação dos recursos linguisticos performáticos em uma trad...UNEB
Este trabalho analisa a tradição cultural do "boi roubado" em municípios da região sisaleira da Bahia. Tem como objetivo conhecer as atividades socioculturais desta região por meio da análise dos recursos linguísticos performáticos nas cantigas de trabalho deste evento. Serão analisados códigos especiais, linguagem figurada, paralelismos, traços paralinguísticos e outros recursos. Pretende-se mostrar como a performance constrói uma identidade cultural para a comunidade, apropriando
Este documento discute três principais tópicos: 1) O escritor brasileiro Rubem Fonseca venceu o Prémio Literário Casino da Póvoa. 2) O autor angolano Roderick Nehone lançou seu novo livro "O Catador de Bufunfa" em Luanda. 3) O secretário de estado da cultura português admite rever o acordo ortográfico do português.
Metaficção historiográfica literatura, as narrações da história e o pobre lei...UNEB
Este capítulo discute como a ficção e a história se relacionam na construção literária, tendo o pós-modernismo, os estudos culturais e a problematização da história como influências. A ficção e a história podem ser vistos como princípio, meio e fins na literatura, sendo a Metaficção Historiográfica uma forma que une ficção e história de maneira crítica por meio da quebra de convenções literárias e da representação de vozes marginalizadas.
Arca de noé no romance cacau um leitura metafóricaUNEB
Este trabalho apresenta uma análise da relação entre a história bíblica da Arca de Noé e o romance Cacau de Jorge Amado. A autora estabelece uma conexão metafórica entre os dois ambientes e seus personagens. Noé, assim como Amado no romance, selecionam aqueles que sobreviverão à catástrofe. Da mesma forma, os trabalhadores migrantes do sertão são selecionados e marginalizados na sociedade capitalista retratada no livro. A pesquisa bibliográfica confirma que o capital
Flor do lácio o latim o que quer, oque pode esta línguaUNEB
Este capítulo discute o latim e seu importante legado cultural para a sociedade ocidental. A língua latina foi fundamental para a consolidação do Império Romano e permitiu a comunicação entre romanos e povos conquistados, promovendo a integração cultural. O latim sobreviveu à queda do Império e transmitiu a história romana por meio de suas heranças linguística e literária, que ainda influenciam a sociedade contemporânea.
O artigo discute como encontrar tempo para escrever em meio à rotina agitada da vida moderna. Em três frases, o texto aborda a importância de momentos de introspeção e contemplação para a criação literária, e como a escrita pode ajudar a equilibrar a razão com a emoção.
O documento discute a solidão dos escritores e poetas e como a SOBRAMES-SP ajuda a combater esse sentimento entre seus participantes. O poema "Um homem chamado Alfredo" de Vinícius de Moraes é citado para ilustrar a solidão que levou um homem ao suicídio. A Sobrames é descrita como um local onde os escritores podem apresentar seus trabalhos e interagir, afastando a solidão.
Um sertão(tão) filosoficamente jagunço uma leitura de grande sertão veredas...UNEB
Este trabalho analisa a construção da identidade cultural do jagunço no romance Grande Sertão: Veredas de Guimarães Rosa. O autor mapeia como o jagunço é representado como uma identidade nacional por subtração e como o sertão é um espaço de fronteiras identitárias. A análise foca no personagem Riobaldo como um jagunço filosófico que questiona sua própria identidade.
Edição no 23 do jornal Boca do Inferno traz:
1) Textos de alunos de letras da Universidade de Zagreb, na Croácia, sobre literatura e cultura lusófona.
2) Semana de avaliação do curso de letras da UFPR para discutir o currículo e destinos do curso.
3) Dossiê com trabalhos acadêmicos e contos literários de alunos croatas sobre autores e temas lusófonos.
Revista Bem Estar "Em Busca da Verdade" 27/02/2011Fernanda Caprio
O documento discute a importância de estarmos abertos à possibilidade de haver algo além da realidade aparente. O astrólogo Oscar Quiroga afirma que, embora desconheçamos a ordem cósmica, não estamos isentos da responsabilidade de nos alinharmos a ela. Ele também destaca que a busca espiritual é o esforço de entendermos nosso papel no Universo e de participarmos conscientemente da ordem cósmica.
A tipografia gótica esteve ligada à cultura germânica e se disseminou pela Europa. Suas formas mais comuns foram a Textura, de traços fechados, e a Schwabacher e Bastarda, mais cursivas. A Fraktur apresentava traços retos e curvos influenciados pelo Barroco. Cada estilo refletia aspectos da cultura dos povos onde foi utilizado.
Ethos e pathos discursivos em semiolinguística: Uma proposta de análise do co...viviannapoles
Este capítulo contextualiza historicamente os lugares de fala do escritor Ferréz. Discute o surgimento das primeiras favelas no Brasil a partir da Guerra de Canudos no final do século XIX e como os soldados que retornaram ao Rio de Janeiro deram origem ao nome "favela". Também aborda os dois momentos da Literatura marginal brasileira e define os gêneros literatura, crônica e os modos de caracterização genérica proposta por Maingueneau.
1) Uma menina chamada Lina sonha com um gato falante chamado Bigato que a leva para investigar um caso de "tipofagia", ou seja, canibais comendo letras, na Ilha Tipográfica.
2) Eles visitam moradores importantes como Trajano, Carlos Magno e Gutenberg para obter pistas, mas encontram apenas mais letras faltando. Gutenberg sugere falar com Claude Garamond.
3) O documento explora a história da tipografia e do desenvolvimento das letras ao longo do tempo.
O documento descreve o estilo artístico do Barroco no século XVII, caracterizado por uma expressão dramática da fé em meio a crises espirituais. Apresenta Gregório de Matos como o principal poeta barroco brasileiro, destacando sua poesia satírica que criticava os costumes sociais da Bahia da época.
O documento resume as comemorações do 40o aniversário do Rotary Club do Recife Casa Amarela. Destaca a presença do Governador Francisco Leandro e homenageia os fundadores do clube. Também descreve as atividades do clube, como o Ambulatório Vicente Gallo Junior que oferece atendimento médico gratuito à comunidade.
O documento apresenta uma resenha de dois livros de poesia moçambicanos recentes: "Mesmos barcos" de Sangare Okapi e "Poemas em sacos vazios que ficam de pé" de Helder Faife. O artigo propõe uma leitura destes livros como exemplos de evocação de algumas margens da nação moçambicana no pós-independência, através da exploração de lugares e espaços como a Ilha de Moçambique.
O documento discute a blogosfera e a Web 2.0. Resume que a blogosfera tem mais de 180 milhões de blogs sendo criados 100 mil por dia, com 1.3 milhões de mensagens diárias. Também resume os principais conceitos da Web 2.0 como sites dinâmicos, aplicações na nuvem, feedback dos usuários e democratização da web.
La publicidad en internet en Colombia ha crecido significativamente en los últimos años. En 2012, la inversión en publicidad en sitios web fue de $88.8 millones de dólares y en el primer trimestre de 2013 aumentó a $100.3 millones, un crecimiento del 29.54% respecto al mismo periodo del año anterior. Asimismo, la inversión en publicidad en redes sociales alcanzó los $1.97 millones de dólares en 2013.
Rodrigo Amado é músico e fotógrafo. Ele lançou um livro e exposição chamados "Un Certain Malaise" com fotografias tiradas em cidades europeias do norte e um texto de Gonçalo M. Tavares. As imagens mostram paisagens urbanas sombrias e solitárias que refletem a vibração sentida pelo autor.
O s reflexoas do eu em mulher no espelho de helena parente cunhaUNEB
Este documento discute o uso do espelho na obra literária Mulher no Espelho de Helena Parente Cunha. Aborda como o espelho é utilizado para explorar as múltiplas identidades da personagem feminina e os conflitos entre seu eu consciente e inconsciente. Também analisa como a narrativa em primeira pessoa permite que a personagem construa um diálogo entre dois mundos através do espelho, onde ela pode expressar seus desejos reprimidos.
Iracema, rita baiana e flor diálogos e metáforas de nação em iracema, de josé...UNEB
1) O documento é uma monografia que analisa como três romances brasileiros - Iracema, O Cortiço e Dona Flor e Seus Dois Maridos - usam personagens femininas para representar metáforas da nação brasileira sob diferentes estilos literários.
2) A monografia discute como esses romances, pertencentes aos movimentos romântico, naturalista e modernista respectivamente, retratam a nação através das personagens Iracema, Rita Baiana e Flor.
3) Ela argumenta que essas personagens femininas servem de
O campo lexical de pessoas em uma carta dde liberdade do século XIXUNEB
Este capítulo apresenta um breve relato sobre a escravidão dos povos africanos no Brasil, iniciada pelos portugueses com objetivos econômicos. Descreve a intensificação do tráfico de escravos no século XIX, quando ter escravos era símbolo de riqueza entre os grandes proprietários de terras. Aponta ainda que, apesar das leis abolicionistas, o comércio de escravos continuou intenso, sendo os africanos capturados e trazidos em condições desumanas para s
Boi roubado a articulação dos recursos linguisticos performáticos em uma trad...UNEB
Este trabalho analisa a tradição cultural do "boi roubado" em municípios da região sisaleira da Bahia. Tem como objetivo conhecer as atividades socioculturais desta região por meio da análise dos recursos linguísticos performáticos nas cantigas de trabalho deste evento. Serão analisados códigos especiais, linguagem figurada, paralelismos, traços paralinguísticos e outros recursos. Pretende-se mostrar como a performance constrói uma identidade cultural para a comunidade, apropriando
Este documento discute três principais tópicos: 1) O escritor brasileiro Rubem Fonseca venceu o Prémio Literário Casino da Póvoa. 2) O autor angolano Roderick Nehone lançou seu novo livro "O Catador de Bufunfa" em Luanda. 3) O secretário de estado da cultura português admite rever o acordo ortográfico do português.
Metaficção historiográfica literatura, as narrações da história e o pobre lei...UNEB
Este capítulo discute como a ficção e a história se relacionam na construção literária, tendo o pós-modernismo, os estudos culturais e a problematização da história como influências. A ficção e a história podem ser vistos como princípio, meio e fins na literatura, sendo a Metaficção Historiográfica uma forma que une ficção e história de maneira crítica por meio da quebra de convenções literárias e da representação de vozes marginalizadas.
Arca de noé no romance cacau um leitura metafóricaUNEB
Este trabalho apresenta uma análise da relação entre a história bíblica da Arca de Noé e o romance Cacau de Jorge Amado. A autora estabelece uma conexão metafórica entre os dois ambientes e seus personagens. Noé, assim como Amado no romance, selecionam aqueles que sobreviverão à catástrofe. Da mesma forma, os trabalhadores migrantes do sertão são selecionados e marginalizados na sociedade capitalista retratada no livro. A pesquisa bibliográfica confirma que o capital
Flor do lácio o latim o que quer, oque pode esta línguaUNEB
Este capítulo discute o latim e seu importante legado cultural para a sociedade ocidental. A língua latina foi fundamental para a consolidação do Império Romano e permitiu a comunicação entre romanos e povos conquistados, promovendo a integração cultural. O latim sobreviveu à queda do Império e transmitiu a história romana por meio de suas heranças linguística e literária, que ainda influenciam a sociedade contemporânea.
O artigo discute como encontrar tempo para escrever em meio à rotina agitada da vida moderna. Em três frases, o texto aborda a importância de momentos de introspeção e contemplação para a criação literária, e como a escrita pode ajudar a equilibrar a razão com a emoção.
O documento discute a solidão dos escritores e poetas e como a SOBRAMES-SP ajuda a combater esse sentimento entre seus participantes. O poema "Um homem chamado Alfredo" de Vinícius de Moraes é citado para ilustrar a solidão que levou um homem ao suicídio. A Sobrames é descrita como um local onde os escritores podem apresentar seus trabalhos e interagir, afastando a solidão.
Um sertão(tão) filosoficamente jagunço uma leitura de grande sertão veredas...UNEB
Este trabalho analisa a construção da identidade cultural do jagunço no romance Grande Sertão: Veredas de Guimarães Rosa. O autor mapeia como o jagunço é representado como uma identidade nacional por subtração e como o sertão é um espaço de fronteiras identitárias. A análise foca no personagem Riobaldo como um jagunço filosófico que questiona sua própria identidade.
Edição no 23 do jornal Boca do Inferno traz:
1) Textos de alunos de letras da Universidade de Zagreb, na Croácia, sobre literatura e cultura lusófona.
2) Semana de avaliação do curso de letras da UFPR para discutir o currículo e destinos do curso.
3) Dossiê com trabalhos acadêmicos e contos literários de alunos croatas sobre autores e temas lusófonos.
Revista Bem Estar "Em Busca da Verdade" 27/02/2011Fernanda Caprio
O documento discute a importância de estarmos abertos à possibilidade de haver algo além da realidade aparente. O astrólogo Oscar Quiroga afirma que, embora desconheçamos a ordem cósmica, não estamos isentos da responsabilidade de nos alinharmos a ela. Ele também destaca que a busca espiritual é o esforço de entendermos nosso papel no Universo e de participarmos conscientemente da ordem cósmica.
A tipografia gótica esteve ligada à cultura germânica e se disseminou pela Europa. Suas formas mais comuns foram a Textura, de traços fechados, e a Schwabacher e Bastarda, mais cursivas. A Fraktur apresentava traços retos e curvos influenciados pelo Barroco. Cada estilo refletia aspectos da cultura dos povos onde foi utilizado.
Ethos e pathos discursivos em semiolinguística: Uma proposta de análise do co...viviannapoles
Este capítulo contextualiza historicamente os lugares de fala do escritor Ferréz. Discute o surgimento das primeiras favelas no Brasil a partir da Guerra de Canudos no final do século XIX e como os soldados que retornaram ao Rio de Janeiro deram origem ao nome "favela". Também aborda os dois momentos da Literatura marginal brasileira e define os gêneros literatura, crônica e os modos de caracterização genérica proposta por Maingueneau.
1) Uma menina chamada Lina sonha com um gato falante chamado Bigato que a leva para investigar um caso de "tipofagia", ou seja, canibais comendo letras, na Ilha Tipográfica.
2) Eles visitam moradores importantes como Trajano, Carlos Magno e Gutenberg para obter pistas, mas encontram apenas mais letras faltando. Gutenberg sugere falar com Claude Garamond.
3) O documento explora a história da tipografia e do desenvolvimento das letras ao longo do tempo.
O documento descreve o estilo artístico do Barroco no século XVII, caracterizado por uma expressão dramática da fé em meio a crises espirituais. Apresenta Gregório de Matos como o principal poeta barroco brasileiro, destacando sua poesia satírica que criticava os costumes sociais da Bahia da época.
O documento resume as comemorações do 40o aniversário do Rotary Club do Recife Casa Amarela. Destaca a presença do Governador Francisco Leandro e homenageia os fundadores do clube. Também descreve as atividades do clube, como o Ambulatório Vicente Gallo Junior que oferece atendimento médico gratuito à comunidade.
O documento apresenta uma resenha de dois livros de poesia moçambicanos recentes: "Mesmos barcos" de Sangare Okapi e "Poemas em sacos vazios que ficam de pé" de Helder Faife. O artigo propõe uma leitura destes livros como exemplos de evocação de algumas margens da nação moçambicana no pós-independência, através da exploração de lugares e espaços como a Ilha de Moçambique.
O documento discute a blogosfera e a Web 2.0. Resume que a blogosfera tem mais de 180 milhões de blogs sendo criados 100 mil por dia, com 1.3 milhões de mensagens diárias. Também resume os principais conceitos da Web 2.0 como sites dinâmicos, aplicações na nuvem, feedback dos usuários e democratização da web.
La publicidad en internet en Colombia ha crecido significativamente en los últimos años. En 2012, la inversión en publicidad en sitios web fue de $88.8 millones de dólares y en el primer trimestre de 2013 aumentó a $100.3 millones, un crecimiento del 29.54% respecto al mismo periodo del año anterior. Asimismo, la inversión en publicidad en redes sociales alcanzó los $1.97 millones de dólares en 2013.
The document discusses a lack of proper functional connections between various aspects of human existence including metabolism and the nervous system, masculinity and femininity, the individual and the universe, and matter and consciousness. It argues that establishing these functional connections is needed to address problems facing humanity. The document was written by Dr. Shriniwas Kashalikar and focuses on 11 specific areas where improved functional connections are required.
La lista incluye adjetivos descriptivos como cómico, inteligente, gordo, alto, atlético, viejo, joven, organizado, artístico, estudioso, perezoso, serio, tímido y malo que podrían usarse para describir a las personas.
A young girl is hungry and thinking about what to eat. She opens her fridge to see what snacks are available but finds it mostly empty except for some leftovers and condiments. Disappointed by the lack of good options, she decides to make a sandwich instead of rummaging through the fridge.
José Jorge Letria é um prolífico autor português que trabalhou em várias áreas como jornalista, poeta, escritor infantil, político e professor. Sua obra reflete sua vida multifacetada e recebeu inúmeros prêmios literários. Letria nasceu em 1951 e continua produzindo poesia e literatura infantil popular.
1) O documento apresenta informações biográficas sobre o poeta Fernando Pessoa e sobre o movimento literário Orpheu. 2) Detalha os principais "ismos" literários desenvolvidos por Pessoa como o paúlismo, interseccionismo e sensacionismo. 3) Discorre sobre as obras principais de Pessoa, incluindo a Mensagem.
A forma artística e alguns conceitos de literaturaMárcio Hilário
O documento discute conceitos fundamentais da literatura como língua, linguagem e literatura. Também aborda definições de literatura ao longo dos séculos e conceitos como verossimilhança, intertextualidade, catarse e epifania. Por fim, apresenta uma síntese demonstrativa dos principais elementos da forma e conteúdo literários.
Este documento fornece informações sobre poetas portugueses do século XX, incluindo seus objetivos, definições de poesia, exemplos de poemas e ideias-chave sobre os poetas Florbela Espanca, José Régio, Miguel Torga e António Gedeão.
O documento resume a vida e obra do poeta português Fernando Pessoa. Ele nasceu em 1888 em Lisboa e passou parte da infância na África do Sul, onde desenvolveu suas habilidades literárias. Pessoa criou vários heterônimos, personagens poéticas distintas que representavam facetas diferentes de sua personalidade fragmentada. Seus principais heterônimos foram Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro. Pessoa faleceu em 1935 aos 47 anos, deixando uma vasta obra marcada pela experimentação literária e questionamento da
Rubens Jardim é um poeta paulistano de 63 anos que se descobriu escritor inspirado por uma tia que amava a poesia. Seus principais trabalhos incluem participar do movimento Catequese Poética nos anos 1960 e organizar o Ano Jorge de Lima em 1973. Atualmente mantém um site-blog onde divulga sua poesia e participa de outros sites e publicações literárias.
Saudade e Amor na Literatura e Património PortuguêsDina Baptista
1) A saudade é um sentimento complexo e paradoxal profundamente enraizado na cultura portuguesa, expresso na literatura desde o século XIII.
2) Ao longo dos séculos, a saudade esteve associada à dor da ausência e às memórias do passado glorioso dos Descobrimentos.
3) Nos dias de hoje, a saudade reveste-se de novos matizes e é por vezes vista como um sentimento de esperança ligado à identidade cultural portuguesa.
O documento discute a Geração de Orfeu e Fernando Pessoa na modernismo português. Apresenta características da vanguarda moderna como a ruptura com a tradição e desejo de criar uma nova estética diante da crise da humanidade no período entre guerras. Também resume brevemente a fragmentação do sujeito em Fernando Pessoa por meio da criação de heterônimos como Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos.
Este documento fornece um resumo da vida e obra do poeta português Fernando Pessoa. Apresenta informações biográficas sobre Pessoa e seus principais heterônimos (Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos), além de detalhar suas principais características estilísticas e temáticas enquanto poeta.
1. A canção reflete sobre a língua portuguesa no Brasil no contexto pós-ditadura militar, valorizando a diversidade linguística do país.
2. Defende a superioridade da "prosa poética" de autores como Guimarães Rosa em relação ao português de Portugal.
3. Propõe uma abordagem antropofágica e criativa da língua, incorporando influências de outros idiomas e culturas.
Literatura - Modernismo em Portugal - 3aço - Prof. Kelly MendesNatália Malheiro
O documento discute o Modernismo no Brasil, caracterizado por (1) ruptura com o passado e valorização do subconsciente, (2) principais autores incluem Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro e Almada Negreiros, e (3) a primeira geração marcada por ousadia e irreverência representada pela Revista Orpheu.
Literatura - Modernismo em Portugal - 3aço - Prof. Kelly MendesNatália Malheiro
O documento descreve o movimento modernista no Brasil e em Portugal no início do século XX. Resume as principais características do modernismo como a ruptura com o passado e o romantismo, a valorização do subconsciente e a linguagem ousada. Aponta os principais autores como Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro e Almada Negreiros, destacando a importância da Revista Orfeu de 1915 na introdução deste novo estilo literário.
O documento resume vários acontecimentos literários e culturais recentes, como lançamentos de livros, prêmios literários e doações para bibliotecas. Também fornece informações sobre o rei D. Dinis de Portugal no século XIII, destacando sua importância cultural e literária.
Este documento é um capítulo de um livro sobre a presença de Fernando Pessoa na poesia portuguesa moderna entre o Orpheu e 1960. O capítulo aborda as reflexões de Pessoa sobre a problemática das influências literárias, distinguindo entre influência, admiração e semelhanças superficiais. Pessoa reconhece ser influenciável, mas critica abordagens mecanicistas ao estudo das influências.
Poemas brasileiros sobre trabalhadores: uma antologia de domínio públicoLinTrab
A obra traz um conjunto de textos que faz dos trabalhadores seus personagens protagonistas. Os leitores identificarão nos poemas diferentes discursos, que linguisticamente materializam diferentes conjuntos de ideias sobre o trabalho e os trabalhadores.
Trata-se de um dos resultados dos trabalhos de pesquisa desenvolvidos pelo Grupo em Estudos em Linguagem, Trabalho, Educação e Cultura (LinTrab), composto por pesquisadores da UFMG.
Fernando Pessoa nasceu em 1888 em Lisboa. Ele criou várias personalidades literárias devido à perda precoce de seu pai e irmão, o que o deixou solitário. Pessoa se tornou um escritor multifacetado e incompreendido por seus contemporâneos, já que expressava diferentes sentimentos através de personagens distintas. Ele é visto hoje como um escritor modernista e complexo.
Fernando Pessoa nasceu em 1888 em Lisboa. Ele criou várias personalidades literárias devido à perda precoce de seu pai e irmão, o que o deixou solitário. Pessoa se tornou um escritor multifacetado e incompreendido por seus contemporâneos, já que expressava diferentes sentimentos através de personagens distintas. Ele é visto hoje como um escritor modernista e complexo.
Fernando Pessoa nasceu em 1888 em Lisboa. Ele criou várias personalidades literárias devido à perda precoce de seu pai e irmão, o que o deixou solitário. Pessoa se tornou um escritor multifacetado e incompreendido por seus contemporâneos, já que expressava diferentes sentimentos através de personagens distintas. Ele é visto hoje como um escritor modernista e complexo.
Fernando Pessoa nasceu em 1888 em Lisboa. Ele criou várias personalidades literárias devido à perda precoce de seu pai e irmão, o que o deixou solitário. Pessoa se tornou um escritor multifacetado e incompreendido por seus contemporâneos, já que expressava diferentes sentimentos através de personagens distintas. Sua obra é considerada única e modernista, embora complexa.
O documento descreve Fernando Pessoa como o poeta dos heterónimos, que se desdobra em várias personalidades literárias para expressar diferentes facetas de si mesmo e do mundo. Detalha os principais heterónimos de Pessoa como Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis, e menciona muitas outras personalidades literárias criadas por Pessoa como parte de seu universo poético complexo.
Slides Lição 10, Central Gospel, A Batalha Do Armagedom, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
Slideshare Lição 10, Central Gospel, A Batalha Do Armagedom, 1Tr24, Pr Henrique, EBD NA TV, Revista ano 11, nº 1, Revista Estudo Bíblico Jovens E Adultos, Central Gospel, 2º Trimestre de 2024, Professor, Tema, Os Grandes Temas Do Fim, Comentarista, Pr. Joá Caitano, estudantes, professores, Ervália, MG, Imperatriz, MA, Cajamar, SP, estudos bíblicos, gospel, DEUS, ESPÍRITO SANTO, JESUS CRISTO, Com. Extra Pr. Luiz Henrique, 99-99152-0454, Canal YouTube, Henriquelhas, @PrHenrique
Sistema de Bibliotecas UCS - Chronica do emperador Clarimundo, donde os reis ...Biblioteca UCS
A biblioteca abriga, em seu acervo de coleções especiais o terceiro volume da obra editada em Lisboa, em 1843. Sua exibe
detalhes dourados e vermelhos. A obra narra um romance de cavalaria, relatando a
vida e façanhas do cavaleiro Clarimundo,
que se torna Rei da Hungria e Imperador
de Constantinopla.
Atividade letra da música - Espalhe Amor, Anavitória.Mary Alvarenga
A música 'Espalhe Amor', interpretada pela cantora Anavitória é uma celebração do amor e de sua capacidade de transformar e conectar as pessoas. A letra sugere uma reflexão sobre como o amor, quando verdadeiramente compartilhado, pode ultrapassar barreiras alcançando outros corações e provocando mudanças positivas.
Caderno de Resumos XVIII ENPFil UFU, IX EPGFil UFU E VII EPFEM.pdfenpfilosofiaufu
Caderno de Resumos XVIII Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFU, IX Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU e VII Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio
1. Ediçāo especial • Bienal Internacional do Livro de Sāo Paulo
Inéditos:
Fabrício Carpinejar
Marina Colasanti
BRASIL
Joāo Melo
ANGOLA
Luís Carlos Patraquim
MOÇAMBIQUE
Ano I • www.revistapessoa.com • Número Zero
O poeta
Fernando
Pessoa ensina:
“o sentimento
abre as portas
da prisāo”
2.
3. José Craveirinha • Moçambique
O Céu
É uma m’benga
Onde todos os braços das mamanas
Repisam os bagos de estrelas
Amigos:
As palavras mesmo estranhas
Se têm música verdadeira
Só precisam de quem as toque
Ao mesmo ritmo para serem
Todas irmãs.
E eis que num espasmo
De harmonia como todas as coisas
Palavras rongas e algarvias ganguissam
Neste satanhoco papel
E recombinam em poema
4. Editorial
Ao leitor:
o verdadeiro
artesão da língua
Bernardo Soares, um dos vários heterônimos as edições serão distribuídas gratuitamente, com
de Fernando Pessoa, escreveu, no Livro do ênfase em bibliotecas, centros e espaços culturais,
desassossego: “Não tenho sentimento nenhum mas também nas ruas, diretamente a quem hoje
político ou social. Tenho, porém, num sentido, ainda não tem trânsito junto aos equipamentos
um alto sentimento patriótico. Minha pátria é a públicos, por falta de oportunidade ou de
língua portuguesa”. Esta é a ideia que permeia a conhecimento. Da mesma forma, o conteúdo da
revista Pessoa: oferecer um sítio no qual, acima revista estará disponível na internet, em versão
de possíveis diferenças étnicas, ideológicas ou de eletrônica, visando atingir primordialmente ao
classe, cada um dos 260 milhões de habitantes público jovem. Com isso, privilegiamos o leitor
da comunidade lusófona possa expressar a comum, aqueles milhões de homens e mulheres
diversidade das manifestações culturais de que, sem o saber, na prática do dia a dia, são os
lugares tão díspares quanto Portugal, Galiza, verdadeiros artífices da língua, vivificando-a no
Brasil, Angola, Cabo Verde, Moçambique, Guiné- espaço e projetando-a no tempo.
-Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste, Macau Pessoa, por fim, pretende ser um agente
e Goa. de intermediação entre os sujeitos da criação
Assim, além de ser uma clara homenagem cultural e os sujeitos da transformação da
ao poeta maior da língua portuguesa, Pessoa língua. Uma revista baseada em poucos, mas
pretende avocar a definição da palavra “pessoa”, sólidos princípios: promoção e incentivo à leitura,
que, segundo o Grande Dicionário Etimológico- respeito à diversidade de ideias e tendências,
-Prosódico da Língua Portuguesa, de Francisco da intercâmbio entre as culturas dos povos que
Silva Bueno, significa “a máscara que os atores formam a comunidade lusófona. “Deus quer, o
usavam nas cenas, justamente para tomar a homem sonha, a obra nasce”, como acreditava
individualidade da figura que encarnavam ou Fernando Pessoa.
representavam”.
Pessoa busca ainda firmar-se como espaço
de democratização do acesso a essa produção: Luiz Ruffato
5. Pensar
com o sentimento
Quem nunca se reconheceu no seu “drama em Vamos ouvir em toda a revista a música dos
gente”, ouviu-se em suas várias vozes poéticas, diferentes falares da lusofonia.
compreendeu-se em seus paradoxos? Nesta edição, há poesia de Angola, na voz de
É o poeta que ao mesmo tempo nos questiona João Melo, de Moçambique, de autoria de Luís
e nos explica: os “eus” de Pessoa somos todos Carlos Patraquim, e do Brasil, feita por Fabrício
nós. São – apesar de nos confrontar com a Carpinejar.
precariedade humana – o nosso consolo. Há também a franqueza deliciosa do cabo-
Porque, como bem pontuou o brasileiro verdiano Germano Almeida, em entrevista ao
Haquira Osakabe, um dos grandes estudiosos do nosso correspondente em Lisboa; além da
poeta, Pessoa era uma resposta à decadência. delicadeza do português Abel Neves, que assina
Sua obra disseca inquietações universais que nos a coluna Desassossego, e do pensamento sempre
perseguem até hoje, atravessa o tempo, ignora original da brasileira Dora Ribeiro, na coluna
diferenças geográficas, de classe, raça, religião. Tabacaria. E mais: um capítulo inteiro do livro
Em suas muitas existências imaginárias, o que a escritora brasileira Marina Colasanti está
fragmentado Pessoa derrubou todas as fronteiras escrevendo, com a chancela da Editora Record.
e permanece dialogando com a totalidade e Destacamos ainda os artigos da seção
singularidade de cada um de nós. Simboliza, Estranho Estrangeiro, para jovens leitores, e
assim, a proposta desta revista. da seção Pessoinha: um espaço colorido, cheio
Buscamos na arca do poeta elementos conhe- de imaginação, para quem está descobrindo o
cidos de sua obra para apresentar em seções prazer de ler.
esquemáticas a literatura – contemporânea e Nosso desejo é que, com a revista Pessoa,
clássica – produzida no espaço lusófono. nosso leitor possa “sentir com o pensamento”. E,
Construímos nossas pontes nesse espaço como no jogo proposto pelo poeta, possa pensar
em que um conjunto de identidades culturais é com o sentimento.
costurado pela língua portuguesa, aqui explorada
em suas múltiplas facetas. Mirna Queiroz
6. Ano 1 • Número Zero • ago-set-out/2010 Esta publicação tem o apoio do
Museu da Língua Portuguesa.
Edição Especial
Bienal Internacional do Livro de São Paulo
Conselho Editorial
Luiz Ruffato (Presidente)
Andrea Saad Hossne
O chão de Antonio Carlos Sartini
Graciliano Carlos Quiroga
Carmem Tindó
As lentes que captaram a alma Dora Ribeiro
Fabrício Carpinejar
do romancista brasileiro Fernando Cabral Martins
24
Fernando Pinto do Amaral
Frederico Barbosa
João Almino
João Melo
Jorge Pieiro
José Carlos Vasconcelos
José Santos
Mistura literária Lauro Moreira
Luis Cardoso
Veja o resultado inspirado da Luís Carlos Patraquim
Luiz Antonio Assis Brasil
fusão de trechos de obras da Maria Esther Maciel
nossa literatura Regina Dalcastagnè
38
Ronaldo Correia de Brito
Selma Caetano
Expediente
Publisher
Edições Mombak (Brasil/Portugal)
Editora Executiva
Gazetilha Mirna Queiroz
O movimento que apontou a sensação como única realidade 6 mirna.queiroz@revistapessoa.com
O poeta sem dono 10 Editor Assistente
Lauro Freire
Orpheu redacao@revistapessoa.com
Livro de Germano Almeida passeia pela história de Cabo Verde 12 Correspondente/Lisboa
Jair Rattner
Fingimento jair.rattner@revistapessoa.com
Poesia inédita de Luís Carlos Patraquim, João Melo e Fabrício Carpinejar 16 Revisão
Guilherme Rocha
Tabacaria Tradução
Escrava da liberdade, a poesia 22 Alison Entrekin
Website
Ode Triunfal Netvidade (Portugal)
O cinema falado em português 28 Ilustração de capa
Diego Xavier
Desassossego Projeto Gráfico e Direção de Arte
Na rua dos Douradores com Abel Neves 30 Delfin › Studio DelRey (Brasil)
Estranho Estrangeiro Produção e Impressão
O misterioso caso da Mão do Finado 34 Imprensa Oficial de São Paulo
Tiragem
Ortografia também é gente 1.000 exemplares
Falamos a mesma língua? A linguista Regina Brito explica o que é a lusofonia 40
O reencontro com a língua portuguesa através de músicas brasileiras em Timor-Leste 42 Em Portugal, a revista Pessoa está associada
ao Jornal de Letras, publicação cultural
Ditos e Reditos portuguesa com 30 anos de história e
Os diferentes significados dos provérbios lusófonos 46 circulação nos vários países lusófonos.
Pessoinha Colaboradores
Colocaram o poeta dentro de quadrinhos 48 Cristina R. Durán, André Letria, Constança
Que letra torta, Gil Vicente! 52 Lucas, Tiago Santana, Leonardo Villa‑Forte,
Maria Beatriz Machado, Regina Helena
O belo e tímido Okapi 53 Brito, Rodrigo Tavares, Ricardo Santos,
Uma coisa nova para pegar peixes 54 Afonso Cruz, Laurabeatriz e Beatriz Souza
Quero ver você preencher todas as casas com letrinhas 55
Agradecimentos
Arca Hubert Alquéres, Museu da Língua
Espiamos o livro de memórias de Marina Colasanti 56 Portuguesa / Secretaria de Cultura do
Governo do Estado de São Paulo, José Salles,
Mensagem Rodrigo Tavares, Luciana Villas Boas, Fábio
Notícias do mercado editorial, do mundo acadêmico e das relações culturais entre os países lusófonos 60 Santos, Alfred Bilyk e Fatu Antunes
Um Rio chamado Atlântico As matérias assinadas são de responsabilidade
A abertura do mundo das literaturas de língua portuguesa 62 de seus autores e não refletem
necessariamente a opinião da Revista Pessoa.
7. Autores e colaboradores
Renata Stoduto
Fabrício Carpinejar: poeta e cronista brasileiro,
autor de Como no céu/Livro de visitas e Meu
filho, minha filha, entre 16 livros.
Elisa Maria Lopes da Costa:
carpinejar@terra.com.br
colaboradora do Instituto
de Estudos de Literatura
Tradicional, Faculdade de
Ciências Sociais e Humanas,
João Melo: poeta, contista e cronista angolano,
Universidade Nova de Lisboa.
autor de 11 livros de poesia e 6 de contos.
Publicado em Angola, Portugal, Brasil e Itália.
joaomelo55@hotmail.com
Luís Carlos Patraquim: poeta, autor de teatro,
roteirista e jornalista moçambicano. Autor de Monção
e A inadiável viagem, entre várias outras obras.
Rosângela Oliveira
luiscpatraquim@sapo.pt
Guimarães: doutora em
Comunicação e Semiótica
Camila Jordan
pela PUC/SP e pesquisadora
do Centro de Estudos da
Dora Ribeiro: poeta e jornalista brasileira. Publicou Oralidade da PUC/SP.
entre outros Bicho do mato e A teoria do jardim.
dorafribeiro@hotmail.com
Abel Neves: autor de teatro e escritor português.
Para o teatro escreveu: Anákis, amadis e Lisboa
aos seus amores, num total de quase 30 peças. Lalau: publicitário e poeta
Tem mais de 7 romances e ficções narrativas brasileiro. Desde 1994
publicados, além de incursões pela poesia. trabalha com a ilustradora
e artista plástica carioca
Laurabeatriz. Já produziram
dezenas de títulos infantis
José Santos: poeta e escritor brasileiro de livros pela Companhia das
infantis. Fundador do grupo Varal de Poesia e criador Letrinhas, Cosac Naify,
da revista D’Lira. Autor de ABC quer brincar com você. entre outras editoras.
Este ano, lança Crianças do Brasil e Show de bola.
Marina Colasanti: 73 anos, é escritora e jornalista
ítalobrasileira. Autora de 33 livros, entre contos, poesia,
prosa, literatura infantil e infantojuvenil. Vencedora do
prêmio O melhor para o jovem, da Fundação Nacional
do Livro Infantil e Juvenil, com Uma ideia toda azul. Eduardo Rattner: estudante
de 12 anos, filho de mãe
Bia Wouk
portuguesa e pai brasileiro.
Vive em Lisboa, onde nasceu.
João Almino: escritor e diplomata. Entre outros
livros, autor dos romances Ideias para onde passar
o fim do mundo; Samba-enredo, As cinco estações
do amor, O Livro das emoções e Cidade livre.
9. Não pense, Começa a segunda década
sinta!
do século XX e o poeta
português Fernando Pessoa
decifra: “O sentimento abre
as portas da prisão com
que o pensamento fecha a
alma.” E evolui: “Sentir é criar.”
Surge daí o Sensacionismo,
corrente de vanguarda
portuguesa com a tarefa de
captar e traduzir a realidade
por meio de sensações
múltiplas e simultâneas.
Tudo pode ter tido início
nas cartas que o português
O Sensacionismo Mário de Sá-Carneiro enviava
de Fernando Pessoa de seu posto de observação,
na Paris de 1912, ao seu mais
ensina que nada recente amigo, Fernando
existe fora das nossas Pessoa, em Portugal. Nascido
sensações, e que a no Largo de São Carlos em
única realidade em Lisboa, em 1888, criado na
África do Sul, a esta altura
arte é a consciência o poeta já estava de volta a
da sensação seu país natal, e era crítico
literário da revista A Águia.
Os ensaios que publicava
eram sobre a nova poesia
portuguesa e ele defendia
a necessidade de uma
Texto: Cristina R. Durán • Arte: André Letria mudança estética e social.
10. 8
O poeta
português
passou a
defender que
a única
realidade
da vida é a
sensação.
Pessoa estava bem conectado ao seu tempo Breton, Antonin Artaud, Luis Buñuel, Max Ernst,
e Sá-Carneiro o alimentava com as novidades da René Magritte e Salvador Dalí. Nesse turbilhão, o
cidade onde vivia, entre a produção artística e a poeta português passou a defender que a única
vida boêmia dos cafés e das salas de espetáculo, realidade da vida é a sensação e, assim, a única
ao lado dos amigos conterrâneos, o artista realidade em arte é a consciência da sensação.
plástico Santa-Rita Pintor, um dos iniciadores do “No Sensacionismo, Pessoa toma com rigor o
Futurismo, e o dramaturgo Antonio Ponce Leão. sentido da palavra sensação”, observa Marcus
O período era de alta efervescência no mundo, Motta, professor da Universidade do Estado do
tendo como foco a Europa. Eram muitas as Rio de Janeiro e pesquisador da obra do poeta.
novidades que as missivas de Carneiro e Pessoa “Não existe a realidade, mas apenas sensações.
transportavam de um lado para o outro no eixo Talvez a sentença de Pessoa pareça dar base
Paris-Lisboa, antes do primeiro interromper o tanto para o desespero quanto para a esperança
fluxo ao se suicidar em 1916. na modernidade estética; portanto, atribui valor à
A Europa respirava um clima de pré-conflito, efemeridade das sensações”, continua.
que desembocaria na Primeira Guerra Mundial Quando começou a amizade com Sá-Carneiro,
(1914/1918). O desenvolvimento industrial fez Pessoa participava da corrente literária chamada
com que as grandes potências mundiais indus- Saudosismo, liderada por Teixeira de Pascoaes
trializadas buscassem dificultar a expansão e considerada provinciana pelo amigo residente
econômica dos países concorrentes, aproxi- em Paris, como conta Teresa Rita Lopes, uma
mando, assim, o confronto bélico. Por sua vez, o das maiores especialistas contemporâneas de
modernismo havia chegado para desfigurar as Pessoa, cujo trabalho acadêmico é inteiramente
formas tradicionais nas mais diversas artes e no dedicado à obra do poeta e à divulgação de seus
pensamento recorrente. Era necessário substituir inéditos.
a antiguidade por novas formas de expressão. De acordo com a estudiosa, ao inventar os
O modernismo implantou o inconformismo e heterônimos, em 1914, ele criou o “Engenheiro
gerou outros “ismos”: o Cubismo de Pablo Picasso Sensacionista” Álvaro de Campos que passou a
e Georges Braque; o Futurismo do poeta italiano encarnar essa corrente: no plano internacional
Filippo Marinetti, o dadaísmo do franco-romeno representava uma ruptura com o passado clássico
Tristan Tzara e dos alemães Hugo Ball e Hans Arp; e romântico; no nacional, ia contra o Saudosismo
e o surrealismo de Guillaume Apollinaire, André apenas voltado para o passado.
11. 9
“Qualquer
grande artista
da língua
portuguesa é
sensacionista.”
“O Sensacionismo, tal como o Futurismo, está Somente quem seguiu Pessoa nesta corrente
virado para o presente e para o futuro e quer das sensações, de acordo com Teresa, foram
inovar: substitui o conceito de arte, que já não os surrealistas portugueses, como Mário
busca a beleza, como harmonia, como até aí, mas Cesariny, e, depois, os modernista brasileiros e
a arte como energia, impacto, violência mesmo”, cabo-verdianos. Mesmo assim, para ela, toda
analisa Teresa. Ela aponta algumas das obras- a poesia contemporânea sofre este influxo de
primas recorrentes do Sensacionismo: as odes alguma forma. “Permitiu todas as experiências e
de Campos, a Marítima, a Triunfal, entre outras. liberdades.”
“Mas elas deixaram de acontecer após a morte do Para Motta, o Sensacionismo pode estar na
amigo Sá-Carneiro.” própria língua portuguesa. “Qualquer grande
Fernando Cabral Martins, professor da Fa- artista da língua portuguesa é sensacionista. Uma
culdade de Ciências Sociais e Humanas da Uni- sensação artística é algo que para existir executa
versidade Nova de Lisboa e reputado especialista sua existência comprobatória; já que é apenas
português do Modernismo, aponta a curta vigência arte. Isso já seria sensacionista, pois nem mesmo
do Sensacionismo (1914-1917). “É uma criação arte pode executar sua existência sem provar a
muito episódica e que se detinha primacialmente sua sensação de arte na modernidade.”
a tentar a organizar um “ismo” português, para Ele percebe que o Sensacionismo possa ter
dar consistência ao grupo vanguardista lisboeta se espalhado por outras correntes artísticas,
formado por Sá-Carneiro, Almada Negreiros, como nas artes plásticas, em Waltércio Caldas,
Amadeo de Souza Cardoso, Santa-Rita Pintor, para citar um. “Suas obras pedem versos do tipo
entre outros.” Álvaro de Campos”, diz e acrescenta: “a situação
Para ele, “a teoria do Sensacionismo que crítica que da obra de pessoa se desprende está
hoje se conhece, embora composta por esboços na obra de Sérgio Sant’Anna.”
fragmentários é suficientemente poderosa para Para ele, também Guimarães Rosa seria
dar a impressão de que boa parte da obra de um sensacionista: “Se ele leu Pessoa ou não,
Fernando Pessoa nela assenta, pelo menos na pouco importa. O importante é que em suas
heteronímia de Alberto Caeiro, Ricardo Reis e obras cumpre um verso de Ricardo Reis, que
Álvaro de Campos”. Almada Negreiros, em sua se desdobra em outros versos heteronímicos:
opinião, teria sido quem mais se aproximou de tal ‘somos um conto contando um conto, nada’”.
corrente.
12. 10
Consagrada por
leitores e críticos
literários, a obra do
poeta ganhou várias
edições no mundo
inteiro. E até o final
do ano, todo o seu
espólio estará on-line.
Fernando Pessoa é hoje
um dos escritores mais
frequentes nas boas casas
do ramo, editoras e livrarias,
além de escolas, bancas de
jornal, estações de ônibus,
metrô e até farmácias. Isso
acontece desde o dia 30 de
novembro de 2005, quando
a obra de Fernando Pessoa
caiu definitivamente em
domínio público, setenta
anos após a morte do poeta.
Texto: Jair Rattner e Lauro Freire • Arte: Constança Lucas
13. 11
Zigue-zague legislativo
As obras de Fernando Pessoa caíram no domínio Mensagem (1998), Ficções de interlúdio (1998) e A
público por duas vezes, como resultado das mudanças língua portuguesa (1999), todos pela Cia. das Letras.
na legislação portuguesa. A primeira foi em 1985 Passados quase cinco anos desde que a obra de
– na época, as leis portuguesas previam prazo de Fernando Pessoa caiu no domínio público, houve uma
cinquenta anos depois da morte para o fim dos “explosão” de livros do poeta no mercado editorial.
direitos de autor. Mas em 1992, nova lei harmonizou Só no Brasil são quase sessenta publicações nesse
o quadro legal português com o dos outros países da período.
União Europeia, passando para setenta anos. Em 2006, a Alfaguara editou Quando fui outro, de
A partir daí, a família do poeta fez acordo de Luiz Ruffato. No mesmo ano, O banqueiro anarquista
exclusividade com uma editora portuguesa, a Assírio foi editado pela José Olympio e, dois anos depois, pela
& Alvim, que passou a publicar os textos com base Cultrix. A Cia. das Letras editou Aforismos e afins, em
em estudos coordenados pela professora Teresa Rita 2000; Lisboa, o que o turista deve ver, em 2008, e o
Lopes. Outra equipe foi formada para a edição crítica Livro do desassossego, em 2006, entre muitos outros.
dos textos de Pessoa, e acabou responsável também Edições para crianças e infantojuvenis também
pelo espólio do escritor, que se encontra na Biblioteca pipocam nas prateleiras das livrarias. Poemas
Nacional de Lisboa, coordenada por Ivo de Castro. para crianças (2007) da Martins Editora; Poemas
No Brasil, há hoje perto de quinze edições de completos de Alberto Caeiro (2007), Editora Saraiva,
obras de Pessoa editadas antes de 2005, como O e Comboio, saudades, caracóis (2007), da FTD, são
banqueiro anarquista, pela Editora Relógio d’Água; alguns.
Edições sem impacto
Em Portugal, a avaliação de especialistas é que nada de muito significativo. Em termos de edições
até agora não se percebe o efeito real do fim dos com impactos culturais, não houve grandes
direitos exclusivos da obra de um dos autores mais alterações”.
cotados no mercado editorial. “Na minha opinião, não Segundo Martinho, a maior divulgação da
mudou muita coisa. A entrada da obra de Pessoa no obra de Pessoa em Portugal ocorreu após duas
domínio público não trouxe novidades. Começaram efemérides: o aniversário de 50 anos da morte, em
a aparecer outras edições, com coisas já publicadas. 1985, e o centenário do nascimento, em 1988. “O mais
Mas Pessoa já está mais que conhecido”, avalia o significativo nesse período foi a chegada de Pessoa
bibliógrafo pessoano José Blanco. ao mundo de língua inglesa, devido a vários fatores,
O crítico literário e professor de literatura da incluindo traduções de boa qualidade, realizadas
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, por Richard Zenith. Isso fez com que duas grandes
Fernando Martinho, tem opinião semelhante: “Em vedetes da crítica literária se debruçassem sobre
termos de edições de referência, não foi publicado Pessoa: George Steiner e Harold Bloom”.
Revolução
Fernando Martinho afirma: “Desde que a obra de os papéis que se encontram na Biblioteca Nacional”,
Pessoa entrou em domínio público, houve muitas referindo-se ao espólio conhecido como “a arca de
edições em outros países. Na Itália, o Livro do Pessoa”. “Será uma verdadeira revolução, vamos ter
desassossego foi publicado em edição popular”. a possibilidade de acesso a todos os livros do Pessoa
Segundo Jerónimo Pizarro, um dos responsáveis e todos os papéis dele em qualquer parte do planeta”.
pelo livro A biblioteca particular de Fernando Pessoa, Pizarro vê apenas um problema com a mudança: “A
a grande mudança ocorrerá este ano. “Em três meses partir do momento em que isto estiver on-line, vou
deverá estar on-line a biblioteca particular dele, e até perder qualquer confiança na possibilidade de saber
o final do ano estarão disponíveis na internet todos o que foi publicado e o que é inédito”.
14. Orpheu
O escritor Germano
Almeida fala do seu
primeiro romance
histórico, de literatura
lusófona e dos “donos”
da língua portuguesa.
violência Autor de O testamento
e disputa de
do sr. Nepomuceno, o cabo-
-verdiano Germano Almeida
percorre em seu novo
poder
livro, A morte do ouvidor,
um momento chave na
história do país: quando,
por ordem do Marquês de
Pombal, a oligarquia cabo-
verdiana foi decapitada no
século XVIII, para afirmar o
poder do reino e garantir o
comércio com o território
Entrevista e fotos: Jair Rattner do Grão-Pará e Maranhão.
15. 13
Com a estrutura de um diálogo, o livro conta em paralelo duas
histórias diferentes. A morte do ouvidor e o processo que se seguiu,
nas palavras de dois cabo-verdianos da atualidade: um emigrante
que volta para escrever o livro e o outro que viveu sempre em Cabo
Verde. Eles têm visões diferentes sobre a realidade local.
Advogado, com 55 anos, Germano Almeida começou a publicar
em 1980, na revista cabo-verdiana Ponto & Vírgula. Seu primeiro
romance – O testamento do sr. Nepomuceno –, o único publicado no
Brasil, deu origem ao filme que ganhou o Festival de Gramado como
melhor filme latino em 1997.
As marcas da sua escrita são o humor e a ironia em relação aos
costumes em Cabo Verde. De passagem por Portugal, Germano
Almeida falou à revista Pessoa.
Pessoa: O livro tem traços de romance histórico, de uma história
em diálogo e até de literatura de viagens. Qual desses elementos é
mais forte?
Germano Almeida: Nunca dou opinião sobre meus livros. Acho que é uma “Ao escrever,
narrativa. Pertence ao leitor classificar o livro, e ele classificá-lo-á como
entender. Por exemplo, eu me lembro quando publiquei O testamento do sr. a gente
Nepomuceno. Toda gente disse que é um romance. E apareceu um crítico
que disse que não, que é uma noveleta. Ao escrever, a gente nunca define se
nunca
vai escrever um romance, uma literatura de viagens ou o que for. define se
P: Como surgiu a história?
vai escrever
Germano Almeida: Conheci esta história há muitos anos, em uma um romance,
sentença dessa época, que me mandaram de Portugal. Foi um jornalista,
meu amigo, que mandou para Cabo Verde, e tinha encontrado a sentença uma
num alfarrabista. Li a história com interesse, passava-se na minha terrra,
Santiago, mas não tinha mais elementos sobre aquilo. Depois, ao longo literatura de
do tempo, foram surgindo mais elementos da história de Cabo Verde,
que ajudaram a entender o que tinha acontecido nessa altura. Não tinha viagens ou
elementos suficientes para fazer um romance histórico. Tenho aqui um livro
com episódios históricos. É como se fosse um romance de personagens da
o que for.”
atualidade, que contam a história do antigamente, porque não me sentia
balizado para escrever um romance histórico.
Germano Almeida: Consequências extremamente desastrosas. Até essa
altura, pode-se dizer que Cabo Verde vivia num regime de quase autogestão. A
metrópole tinha muito pouca influência em Cabo Verde, e dava muito pouca
importância a Cabo Verde. Os cabo-verdianos viviam nos seus comércios com
a África, algumas coisas vinham da metrópole, porque Cabo Verde sempre
esteve muito ligado a Portugal continental. Com o Marquês de Pombal,
Germano Almeida, escritor cabo-verdiano
16. 14
criou-se a Companhia do Grão-Pará e Maranhão, destinada a servir o Brasil.
E Cabo Verde foi uma espécie de entreposto da companhia. Nessa altura
tudo foi nacionalizado a favor da companhia. A oligarquia cabo-verdiana
não gostou, praticaram algumas barbaridades, entre elas terem matado o
ouvidor de que trata o livro. E foram decapitados. A partir daí, durante todo o
tempo do marquês, e nos reinados seguintes, Cabo Verde viveu em regime de
colônia. Acho que nunca mais saiu disso, até a independência.
“O emigrante Germano Almeida: Muito menos do que representou antigamente. Pois
antigamente tínhamos o que chamamos de “terra longe”. O emigrante ia e
sai de Cabo voltava anos depois. O emigrante sai de Cabo Verde e deixa uma realidade.
Quando volta quer encontrar a mesma realidade, o que não acontece,
Verde e porque nós evoluímos. O emigrante dificilmente aceita isso, e continua a
ver-nos com os mesmos olhos, com alguma superioridade. E nós também
deixa uma não aceitamos isso.
Agora está mais fácil, na medida em que o emigrante tem maior facilidade
realidade. de comunicação com Cabo Verde. Também é verdade que os emigrantes,
quando chegam em Cabo Verde, chegam com hábitos diferentes, com
Quando costumes diferentes, que significam de algum modo uma agressão ao nosso
modo de vida, assim como acontece com os turistas. O nosso emigrante não
volta quer é muito diferente do turista.
encontrar
a mesma
realidade, Germano Almeida: Há uma literatura feita em língua portuguesa. Agora
eu não acredito muito na chamada literatura lusófona. Há literatura de Cabo
o que não Verde, de Angola, de Portugal, do Brasil. Nós usamos a língua portuguesa
para traduzir nossa cultura específica. Não podemos dizer que há uma
acontece, literatura lusófona, como se nós escrevêssemos da mesma maneira e sobre
a mesma realidade.
porque nós
evoluímos.”
Germano Almeida: Já existiu muito mais. Neste momento, o contato com
o Brasil, na literatura pelo menos, é feito através de Portugal. No comércio
é feito diretamente, mas na cultura depende de Portugal. Infelizmente,
o corpo diplomático brasileiro não é tão agressivo como poderia ser, e
limita-se a atividades nas cidades da Praia e de São Vicente. A influência da
literatura brasileira foi grande em Cabo Verde, sobretudo no tempo da revista
Claridade, que surgiu em Cabo Verde no ano de 36, e foi extremamente
influenciada pela literatura brasileira, especialmente pela nordestina. Nós
temos poetas que de alguma forma imitaram Manuel Bandeira, não como
plágio, mas por amor. José Lins do Rego e Guimarães Rosa foram muito lidos
em Cabo Verde. Hoje são muito pouco.
17. 15
Germano Almeida: Lê-se em Cabo Verde o que se
lê em Portugal. Algum autor brasileiro publicado em
Portugal tem hipóteses de chegar a Cabo Verde, mas não
muitas.
Germano Almeida: Não acredito que o acordo
ortográfico em si vá ajudar o intercâmbio. Não era a falta
do acordo ortográfico que nos impedia de ler autores
brasileiros. É evidente que é uma forma diferente de
ler: quando encontro “fato” sem “c” e estou habituado
a “facto”, com “c”. Do mesmo modo, quando encontro
“terno” como se fosse “fato” me causa estranheza, mas
isso são pormenores a que nós nos devemos habituar.
Do mesmo modo, que quando escrevo em português uso
imensas expressões e palavras do crioulo. Penso que o
acordo ortográfico será mais uma pequena chatice. Mas
acho que é necessário. Não devemos correr o risco de ter
oito línguas diferentes a partir do português. Na medida
em que é possível preservar esse instrumento que serve
para expressar a cultura dos nossos países, isso é positivo.
Penso que deve haver cedências para que haja um
acordo de forma a não nos desviarmos demasiadamente
uns dos outros. Dizer que me agrade particularmente,
não. Aliás, vou continuar a escrever do mesmo modo que
estou habituado, porque sei que alguém vai corrigir-me. A Morte do ouvidor
Germano Almeida
Editoral Caminho
Preço: 16,86 €
Germano Almeida: Penso que essa afirmação é
verdadeira. Os portugueses acham que são donos da
língua, e isto é muito mau. Os portugueses precisam
entender que a língua portuguesa é tanto deles como
nossa. A língua foi deles, agora dividimos a língua.
Temos que aceitar essa realidade. Aliás, afirmo
orgulhosamente que a língua é tanto dos portugueses
como minha língua, e não quero desfazer-me dela.
“Não devemos correr o risco de ter oito línguas
diferentes a partir do português.”
18. Fingimento
Depois descemos pela poeira
Hospedados os deuses em suas casas
De longe segurando os frutos
Vimos o lucilar das lanças e
as abóbadas fendidas
Os nomes
Inermes nas bermas dos caminhos
Imprecavam às cidades
Ur, a perdida,
Sttutgart ainda à Sua espera
E as botas na lama do Sublime por Diotima
Se os deuses as ocupam
Onde abrigar os Amigos?
Dissemos
E plantámos a maçã no teu ventre
E veio a noite
O que nos cercava
Luís Carlos Patraquim • Moçambique a videira redimiu
19. 17
O trovão anunciando os Espíritos
Arrepio azul dos gala-galas
Ó longe aqui tão perto nos caminhos
Que as mãos afagam
Perdida tu na lonjura
E precipitada de toda a Beleza
Alta noite
Hannah
E os Amigos latejando
E o sol, Amigos
Eu vi Ó trucidante máquina louca
Do mundo
Um anjo máquina pelos caminhos da montanha Íman mineral silenciosa
Os vales e as reentrâncias da Terra
Seus lábios no mar Ó espúria!
Era depois do Escuro Eu vi
E as mãos
O que tacteámos delas! E foi o primeiro Escuro
Um nome disse: é um dorso
Arqueado ao meio por um rio
Alguém desesperou do rosto
E as casas abriram-se
E eram os teus seios
Eu vi a Árvore
E o diverso sopro
Oh, os cajueiros de os erguer
Da infância
Trecho do livro inédito O Escuro Anterior
20. 18
João Melo • Angola
“A língua portuguesa é Mas saberia ela
um troféu de guerra” quem rasgou esses limites,
Luandino Vieira com o seu sangue,
a sua resistência
A poetisa portuguesa e a sua música?
Sophia de Mello Breyner
gostava de saborear A libertação da língua portuguesa
uma a uma foi gerada nos porões
todas as sílabas dos navios negreiros
do português do Brasil. pelos homens sofridos que,
estranhamente,
Estou a vê-la: nunca deixaram de cantar,
suave e discreta, em todas as línguas que conheciam
debruçada sobre a varanda do tempo, ou criaram
o olhar estendendo-se com o mar durante a tenebrosa travessia
e a memória, do mar sem fim.
deliciando-se comovida
com o sol despudorado Desde o nosso encontro inicial,
ardendo essa língua, arrogante e
nas vogais abertas da língua, insensatamente,
violentando com doçura foi usada contra nós:
os surdos limites mas nós derrotámo-la
das consoantes e fizemos dela
e ampliando-os um instrumento
para lá da História. para a nossa própria liberdade.
21. 19
Os antigos donos da língua
pensaram, durante séculos,
que nos apagariam da sua culpada consciência
com o seu idioma brutal,
duro,
fechado sobre si mesmo,
como se nele quisessem encerrar
para todo o sempre
os inacreditáveis mundos
que se abriam à sua frente.
Esses mundos, porém,
eram demasiado vastos
para caberem nessa língua envergonhada
e esquizofrénica.
Era preciso traçar-lhe
novos horizontes.
Primeiro, então, abrimos
de par em par
as camadas dessa língua
e iluminamo-la com a nossa dor;
depois demos-lhe vida,
com a nossa alegria
e os nossos ritmos.
Nós libertámos a língua portuguesa
das amarras da opressão.
Por isso, hoje,
podemos falar todos
uns com os outros,
nessa nova língua
aberta, ensolarada e sem pecado
que a poetisa portuguesa
Sophia de Mello Breyner
julgou ter descoberto
no Brasil,
mas que um poeta angolano
reivindica
como um troféu de luta,
identidade
e criação.
22. 20
Fabrício Carpinejar • Brasil
Não vingo direito a tinta,
minto ao dizer que a uso
como deveria. Sigo o mesmo fim,
previsível. Não faço finta
com o invisível. Na tabacaria,
a atendente tem seus cabelos
presos por uma caneta.
Ela é que escreve de cabeça.
No armazém da esquina,
Celso ostenta a esferográfica
na orelha direita.
Ele é que escreve de ouvido.
Trecho do livro inédito Inimigo imaginário
25. 23
A regra, eu sei, é cultuar os autores. Dedicamo-
-nos a essa tarefa provavelmente porque sabe-
mos que todos os nomes são passageiros e
somente alguns poucos resistem ao tempo. Por
isso construímos cânones inspirados por uma
verdadeira fúria religiosa. Tudo isso em vão, por-
que o que realmente importa é a poesia. Ela só.
Os autores são apenas autores: pessoas que têm
a sorte de poder participar desse lastro genial,
que permite ao ser humano continuar a ser quem
é. Mesmo depois de extinto o mundo e as suas
línguas, “qualquer coisa como gente”, previa
Pessoa no seu Tabacaria, “continuará fazendo
Escrava
coisas como versos”.
Por isso não vale a pena perdermos tempo
com considerações sobre o papel da poesia. A
sua função principal sempre foi mostrar-se viva e
da
não servir para nada em especial. E aí está a sua
força. Ela cede apenas ao trabalho e ou à astúcia
do escritor. Escrava da liberdade humana, a
poesia pode aquilo que pode a nossa imaginação.
liberdade,
Colonizada por ideologias várias ao longo da
história, pareceu momentaneamente curvar-se
perante os poderes, para ressurgir logo depois na
sua plena existência. Livre.
a poesia
Essa ideia de liberdade inerente à poesia
pode felizmente ser experimentada por quem
escreve e, talvez num grau superior, por quem a
lê. Sempre admirei mais os leitores de poesia do
que os poetas. Porque para ser-se um bom leitor
de poesia é preciso mais dedicação e esforço.
Ninguém consegue descansar depois de ler um
bom poema. As palavras sobem pelo corpo e pela
mente do leitor, num ataque organizado ao centro
do ser. Poucas coisas escapam a esse poder de
falar ao interior do humano ainda em estado de
não-formulação.
Talvez por isso mesmo, todas as tentativas
Texto: Dora Ribeiro de previsão da obsolescência da poesia não têm
futuro. Ela apenas navega as mesmas ondas
Arte: Delfin disponíveis no nosso tempo. Nem mais, nem
(sobre foto de Miguel Ugalde) menos.
26. Ode Triunfal
Palavra e imagem se completam
no retrato da região de nascimento
e criação literária do romancista
brasileiro Graciliano Ramos.
O chão de
graciliano
27. 25
A terra dura e seca
é o que resta ao
homem. De onde se
espera um milagre
só queima o sol
A poeira é o
Adeus de quem
busca a esperança.
Esta é a paisagem
de Graciliano Ramos
– terra e homem,
de onde o alagoano
Audálio Dantas
colhe palavras e
o cearense Tiago
Santana registra em
suas fotos um tempo
quase imóvel. Secos
passado e presente.
28. 26
Os autores do livro têm em comum a origem
nordestina. O jornalista Audálio Dantas nasceu
em Tanque D’Arca, Alagoas. Seu texto, uma re-
portagem literária, registra o tempo e o espaço
do escritor em sua região, em que o passado e o
presente muitas vezes se confundem.
Cearense do Crato, o fotógrafo Tiago Santana
cresceu vendo os romeiros que buscavam milagres
em Juazeiro, cidade do Padre Cícero, ali perto.
Como a obra de Graciliano, o ensaio fotográfico
de Tiago é centrado na figura do homem, tendo a
paisagem como mero pano de fundo.
29. 27
O livro, com versão em inglês
e espanhol, ganhou o prêmio
Melhores do ano de 2007 na
categoria Literatura/reportagem
da APCA – Associação Paulista
de Críticos de Arte.
O Chão de Graciliano
Editora Tempo d’Imagem
Preço: R$ 65,00
30. 28
Cine
língua
Festivais projetam
o cinema falado
em português.
Programas destacam
produção, formação
e inclusão social.
Não apenas na literatura a língua comum favorece o intercâmbio
cultural. Também no cinema, as produções de língua portuguesa encon-
tram forma de interagir, atualmente com dois festivais.
O Ver e Fazer Filmes, edição CinePort, tem duas edições em agosto, no
Brasil: em João Pessoa, a capital da Paraíba, e na cidade de Cataguases,
em Minas Gerais, onde o festival nasceu há cinco anos.
“Este ano, a versão mineira do Ver e Fazer Filmes terá a participação de
jovens de Angola, Moçambique e Portugal. Será um festival todo volta-
do para a produção e formação”, conta Mônica Botelho, organizadora do
CinePort.
Portugal, na cidade de Lisboa, acolheu, em maio, o primeiro FestIn,
Festival de Cinema Itinerante de Língua Portuguesa.
O FestIn promove, além de mostra competitiva, uma programação
voltada para a inclusão social. “Exibimos filmes dos oito países de
língua portuguesa. Nesta primeira edição, competiram sete longas e 42
curtas. O prêmio para os longas foi decidido por um júri, e o melhor curta,
escolhido pelo voto popular”, conta Lea Teixeira, diretora-geral do festival.
Fotos: Divulgação
Praça Troféu Andorinha - Usina Cultural João Pessoa
31. 29
Difusão e formação Itinerância
Em Cataguases, o Ver e A proposta do FestIn é promover a mostra em outros
Fazer Filmes é desdobramento países. “Queremos levar o festival, que foi organizado
do Cineport – Festival de em Portugal, para mais públicos de língua portuguesa.
Cinema de Língua Portuguesa, Em novembro, haverá uma edição do primeiro FestIn em
que já teve quatro edições. Belém do Pará, no Brasil. Também fomos convidados
“A partir de 2009, adotamos para organizar o FestIn no arquipélago dos Açores, em
a alternância. Em um ano, o Portugal, e existe ainda a possibilidade de Moçambique
Cineport estará voltado para ganhar uma edição do festival”, relata a diretora-geral.
a difusão e encontros das O festival mudará um pouco em cada itinerância.
produções dos vários países, “Pretendemos repetir a mostra do FestIn de Lisboa, com
e no outro para a prática e espaço na programação para alguns filmes locais. Entre
formação. Para haver participação esses filmes, um longa e um curta. Serão escolhidos em
equilibrada, deve ser dado mais votação popular para participar da segunda edição do
tempo, porque em alguns países FestIn em Portugal, que vai ocorrer em maio de 2011”,
há pouca produção, e dessa forma explica Lea.
existiria o risco de os filmes se Uma das ideias base do festival é a inclusão social.
repetirem”, conta Mônica. “Pretendemos popularizar o cinema. Nos países afri-
Este ano, incluímos uma mostra canos de língua portuguesa, o preço do bilhete de cinema
de filmes infantojuvenis – não só é muito alto para a maioria da população. Queremos que
de países de língua portuguesa. todos tenham acesso ao cinema, e que os jovens não
Durante o festival, serão vejam apenas o futebol como meio de ascensão social.
produzidos sete filmes de curta A sétima arte também pode ser uma oportunidade para
metragem: dois de ficção, com a alguns deles”.
participação de duas universidades, O festival também oferece oficinas. Segundo a
e cinco documentários”. diretora-geral foram duas. Uma, administrada pelo
Ela explica que os grupos documentarista Claufe Rodrigues, da Globo, sobre docu-
terão orientação de cineastas mentários, da qual participaram jornalistas, escritores
consagrados, como Maurice e universitários. A outra foi sobre VJ, comandada por
Capovilla. Além disso, haverá Caleb Pimental, do Festival de Curtas de Atibaia, com
oficinas de roteiros e das a participação de várias associações de imigrantes e de
várias áreas da produção. apoio a jovens em risco.
Tenda Música Atores e realizadores portugueses em sessão de cinema
33. 31
Rua dos
Douradores Uns passos mais na areia. Há o aroma dos
Texto: Abel Neves lombinhos e as horas são gordura que derrete.
Foto: Davide Guglielmo/sxc.hu Serei hoje menos do que ontem? Saí do bairro
da Graça com A Metamorfose das Plantas de
Goethe no bolso do casaco e com a intenção de
frequentar uma loja de electrodomésticos na
Baixa da cidade, nas ruas e travessas onde, no
império antigo, houve fórum romano. Até à volta,
no eléctrico, não li uma linha do poeta sobre os
mistérios da botânica. Ao descer a Rua Augusto
Rosa passei os olhos num pintor japonês quase
encostado ao muro da rua, do lado da bela figuei-
ra, um pouco abaixo, e lembrei-me de Vincent
ao ar livre, mirando moinhos e corvos com o
seu chapéu de palha. Sempre que passo na Rua
dos Douradores – se me lembro que passo na
Rua dos Douradores – olho para as janelas dos
velhos prédios na esperança de impossivelmente
encontrar o olhar inquieto de Bernardo Soares
com o seu peso de sentir! O peso de ter que
sentir! A Rua dos Douradores tem vinte e quatro
bonitos candeeiros que deitam aquela luz de
ouro que Lisboa agradece por darem sossego
ao casario, e alguns estão já acesos, agora que o
céu mostra ainda um azul de luxo. Nos números
52-54, na esquina da Rua de S. Nicolau, está a
“Adega dos Lombinhos – Vinhos Verdes” e tem
o seu movimento, um homem que entra e dois
que saem. Através da vitrina, do lado de fora – do
lado onde estou, do lado de cá da galáxia – vê-se
a frigideira com os lombinhos. Ah, como é bom
salivar os lombinhos gordurosos da Adega da Rua
dos Douradores! A barbearia de Pessoa já não se
vê, nem ele. Também eu – como ele disse – serei
o que deixou de passar nestas ruas, o que outros
vagamente evocarão com “o que será delle?”.
34. Ler é crescer. Viver. Viajar. Quem lê, voa mais alto, vai mais longe, vive melhor e pode aplaudir outras pessoas.
Coleção Aplauso. Vida e obra dos maiores nomes da dramaturgia brasileira, com histórias, textos, relatos
e depoimentos exclusivos. Você encontra a Coleção Aplauso nas principais livrarias do país.
Vendas: www.imprensaoficial.com.br/livraria Download gratuito: www.imprensaoficial.com.br/colecaoaplauso
35. O seu crescimento sustentável.
A magia dos livros mais perto de você.
36. Estranho Estrangeiro
O folhetim atribuído
ao francês Alexandre
Dumas foi na
verdade escrito por um
pacato funcionário dos
Correios portugueses.
Texto: Rosângela
Oliveira Guimarães
Arte: Lauro Freire
Reconhecido pela autoria de obras universais como
Os três mosqueteiros ou O conde de monte cristo,
Alexandre Dumas foi também um dos principais expoentes
do gênero romance-folhetim, surgido na França no
início do século XIX. O folhetim é um tipo de romance
publicado num espaço específico do jornal, o rodapé.
A estratégia do corte de sequências, seguida do aviso
“continua no próximo número”, elementos característicos
desses romances, aguçava a curiosidade dos leitores de
tal forma que fez do novo gênero um completo sucesso,
aumentando as tiragens dos jornais que o veiculavam e,
consequentemente, diminuindo o custo das assinaturas. No
Brasil, os primeiros folhetins foram publicados, em 1836, no
Jornal do Comércio, do Rio de Janeiro. O êxito foi imediato.
37. 35
Engodo Literário
Ao contrário de vários escritores franceses na mesma época,
Dumas tornou-se rico e famoso ainda em vida. Seus leitores estavam
espalhados pelo mundo e qualquer obra com a sua assinatura tinha
êxito garantido. Quem sabia disso era Luís Correia da Cunha, um editor
popular português, que publicou uma série de O conde de monte cristo.
Certo dia, recebeu a visita de Alfredo Possolo Hogon, um funcionário dos
Correios portugueses apaixonado por literatura. Possolo usava o tempo
livre para escrever romances populares, comédias e peças teatrais.
Todas sem grande reconhecimento. Desse encontro nasceu um dos
maiores engodos da literatura em língua portuguesa: A mão do finado de
Alexandre Dumas. Utilizando-se de uma estratégia publicitária, o editor
português sugeriu a Hogon que escrevesse a continuação de O conde de
monte cristo. Seria uma “produção particular da casa”, mas que levaria
o nome do célebre Alexandre Dumas como autor. O livro, publicado em
Lisboa, em 1854, teve o resultado esperado, figurando em catálogos de
vários países, inclusive da França, Brasil e Portugal. No Brasil, a história
foi traduzida da versão francesa para o folhetim do Diário do Rio de
Janeiro.
O folhetim
O degredado e bandido Benedetto é o personagem principal da
história, que age movido pelo desejo de vingança contra Edmundo
Dantés, conhecido como o Conde de Monte Cristo no romance-folhetim
de Alexandre Dumas. Na trama, ele foge de uma prisão francesa, após
assassinar o carcereiro, quando fingia suborná-lo. Ainda na prisão,
recebeu uma carta do juiz Villefort que revelava ser seu pai. Diz-lhe
também que a baronesa Danglars é sua mãe, um grande segredo
guardado até aquele momento. Além disso, pede-lhe que se vingue de
Monte Cristo, segundo ele, homem que destruiu sua família. No romance
de Dumas foi Villefort quem condenou injustamente Edmundo Dantes à
prisão na fortaleza de If, para proteger seu pai, um seguidor do regime de
Napoleão Bonaparte, em Paris.
O enredo de Possolo chama a atenção pelo emprego preciso das
técnicas folhetinescas. O tema da criança abandonada pelos pais, que
se torna bandido; a descoberta da paternidade e o pedido de vingança do
pai por carta; a revelação de segredos; a natureza bandida e assassina
do personagem principal; a fuga da prisão, entre outras. O ritmo torna-se
intenso e com lances macabros. Benedetto vai ao cemitério onde está
sepultado Villefort. Viola vários túmulos, rouba as jóias que ornam os
mortos. Na sepultura do pai, arranca a mão do cadáver e passa a usá-la
como talismã, daí o título da obra. Foge para Roma e inicia a perseguição
a Monte Cristo. Permanece na narrativa a ideia de uma vingança
inspirada pela vontade divina, que teria motivado, por razões diferentes,
ambos os personagens.
38. 36
O crime perfeito: a “fabricação” de uma trama
O fato da impostura não ter sido descoberta, confirma que Possolo
foi hábil em “fabricar” um enredo de continuação de uma obra tão
divulgada como O conde de monte cristo. O funcionário dos Correios
conseguiu conquistar o público de Dumas, já acostumado com tramas
mirabolantes e atraentes, desencadeadores da liberdade de imaginação.
Possolo usou mecanismos de suspense narrativo, bem como os temas
folhetinescos mais clássicos para dar vitalidade e ritmo à sua trama.
A experiência de Possolo como autor de romances populares e leitor
assíduo de literatura e do romance-folhetim de Dumas ajudou-o na
empreitada obscura.
O desfecho de uma armação editorial
Ainda em vida, Alexandre Dumas teria tomado conhecimento da
falsa autoria. Em dezembro de 1854, o Jornal do Comércio do Rio de
Janeiro, publicou uma suposta carta do francês negando ser o autor do
romance. Diz a carta: “Nunca fiz e, ainda que frequentes vezes solicitado
nesse sentido, provavelmente nunca farei a continuação desse livro,
que me parece dever acabar vagamente e num horizonte perdido, como
num conto das Mil e uma noites, ou um poema de Byron”, e acrescentou
“Peço-lhe pois a fineza, Sr. Redator, cujo jornal tão espalhado está no
mundo literário e político, de desmentir em meu nome essa notícia
que será talvez de pouca importância para os outros, mas de uma
certa gravidade para mim.” O jornal publicou a nota, mas a verdadeira
autoria do romance permaneceu por muito tempo ignorada. E ainda hoje
ouvimos dizer que A mão do finado é de Alexandre Dumas. É como se a
história da autoria do texto se tivesse tornado ela própria um folhetim
da envergadura daquele escrito por Alexandre Dumas. Ou por Alfredo
Possolo Hogon.
40. O dia seguinte
A noite tinha sido difícil, a pior até agora, apareciam nos sonhos.1 Se a escuridão fosse
embora eu já estivesse acostumado ao inter- completa, eu conseguiria encostar-me de novo,
regno turbulento em que meu sono havia se cerrar os olhos, pensar num encontro que tive
transformado. Eram pequenas nebulosas no durante o dia, recordar uma frase, um rosto, a
estado de vigília e não duravam mais de quinze mão que apertou os dedos, mentiras sussurradas
minutos, tempo suficiente, contudo, para inutilmente.2 Tudo de repente se tornara um tanto
inquietar-me com as imagens pavorosas que solene, esquisito.
1
Adriana LUNARDI. Vésperas.
Rocco. Rio de Janeiro. 2002, pg.41.
2
Graciliano RAMOS. Insônia. 1947.
Record. Rio de Janeiro. 2001, pg.10.
3
João Gilberto NOLL. Harmada.
2003. W11, selo Francis.
São Paulo. 2003, pg.93.
Jorge AMADO. A morte e
4
a morte de Quincas Berro
D’água. 1959. Record. Rio de
Janeiro.1998, 75ª edição, pg.94.
5
José SARAMAGO. Ensaio sobre
a cegueira. 1995. Companhia
das Letras. São Paulo. 2004,
28ª reimpressão, pg.225.
6
Sérgio SANT´ANNA. A senhorita
Simpson. 1989. Companhia
das Letras. São Paulo. 2003, 3ª
reimpressão, pgs.160,161.
7
Clarice LISPECTOR. A paixão
segundo G.H. 1964. Rocco. Rio
de Janeiro. 1998, pg.73.
41. 39
Mix: Leonardo Villa-Forte
Foto: Maria Beatriz Machado
Eu ia dobrando as roupas e as depositava meio Pausei num sorriso de magia e encantamento,
ritualisticamente numa valise de segunda mão coisa familiar mesmo. Acho que ela não ia
que eu comprara fazia pouco tempo. Quando via acreditar se eu lhe dissesse a verdade.8
uma camisa ou uma calça que acabara de colocar – A questão é que minha insônia começou há
na valise eu respirava fundo, me vinham imagens 30 anos, quando nasci. E só vai terminar daqui a
mudas como a de uma velha vassoura varrendo 30 anos, quando eu morrer.9
folhas de uma calçada, figurações assim, rápidas Não podia mudar aquilo que era definitivo, mas
e como que despojadas de uma motivação inicial, apenas deixei os braços e as pernas perderem
e eu me sentia a cumprir uma tarefa extrema, a força sobre a cama, apenas deixei o corpo
como se depois dali eu não tivesse que fazer malas repousar, aceitar a noite, quando, na escuridão
nunca mais.3 Foi quando cinco raios sucederam- do quarto, me convenci de que tinha tomado uma
se no céu, a trovoada reboou num barulho de fim decisão.10
do mundo.4 Com uma chuva destas, que pouco
lhe falta para um dilúvio, seria de esperar que as
pessoas estivessem recolhidas, à espera que o
tempo estiasse.5
Foi a própria Ana que tomou a iniciativa de vir
até a minha mesa.
– Posso me sentar por um instante? – ela
perguntou6 – Não retires de mim a tua mão, eu
me prometo que talvez até o fim deste relato
impossível talvez eu entenda, oh talvez pelo
caminho do inferno eu chegue a encontrar o que
nós precisamos, mas não retires a tua mão.7
8
ONDJAKI. Os da minha rua.
2009. Língua Geral. Rio de Janeiro.
2009, 1ª reimpressão, pg.129.
9
Gonçalo M. TAVARES. O homem ou
é tonto ou é mulher. 2002. Casa da
Palavra. Rio de Janeiro. 2005, pg.15.
10
José Luís PEIXOTO. Cemitério
de pianos. 2006. Bertrand. Lisboa.
2007, 3ª edição, pg.215.
42. Ortografia também é gente
Percorreu o mundo,
ganhou sons, formas e
significados diferentes,
construíndo a sua
própria história. Por
isso, está muito
longe de poder ser
tratada como um
idioma uniforme.
É comum afirmar que a ideia da lusofonia surge com a
primeira globalização: a aventura dos descobrimentos marítimos
portugueses e a consequente difusão de sua língua e cultura. De
fato, percorrer o mundo, apesar das diversidades e especificidades
sócio-econômico-culturais de cada comunidade de língua oficial
portuguesa (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique,
Portugal, São Tomé e Príncipe, e Timor-Leste), significa, via de
regra, deparar-se com sons, cores e sabores vários da nossa língua
comum.
Apresentada como um sistema de comunicação linguístico-
cultural no âmbito da língua portuguesa e nas suas variantes
linguísticas, não se pode restringir a lusofonia ao que as fronteiras
nacionais delimitam. Nesse modo de conceber a lusofonia, há que
se considerar as muitas comunidades espalhadas pelo mundo e
que constituem a chamada “diáspora lusa” e as localidades em
que, se bem que nomeiem o português como língua de “uso”, na
verdade, ela seja minimamente (se tanto) utilizada: Macau, Goa,
Diu, Damão e Málaca.
Além disso, como lembra o pensador português Eduardo
Lourenço, lusofonia é inconcebível sem a inclusão da Galiza. Essa
síntese do chamado mundo lusófono (talvez miticamente) pretende
conciliar diversidades linguísticas e culturais com a unidade que
estrutura o sistema linguístico do português.
Por exemplo, no português falado em Moçambique, a palavra
“mãe” – além do seu uso familiar – pode ser utilizada como forma
de tratamento, com o significado de “mulher”, “senhora”. É uma
forma de tratamento utilizada mesmo entre interlocutores cuja
Texto: Regina Helena relação não é de parentesco; é uma forma respeitosa, afetuosa,
Pires de Brito usada também com intenção de persuadir.
43. 41
Já a forma “mamã”, que, em muitas partes do espaço lusófono
corresponde carinhosamente à maneira infantil de se dirigir à
“mãe”, é também designação que se dá à primeira dama ou esposa
de um chefe em sinal de afeto e respeito (utilizada por diferentes
classes sociais). Passou a ser mais usada a partir do momento em
que o termo camarada começou a cair em desuso.
Fatos dessa natureza alertam-nos a respeito da importância
do conhecimento do contexto sócio-histórico-cultural para a
compreensão dos usos linguísticos: uma mesma língua assume
significados e formas distintas, a partir do universo em que se
desenrola, das influências particulares que vivencia e incorpora. “Uma
Assim, é possível perceber as transformações que as variantes
diatópicas do português vão somando ao sistema da língua
mesma
portuguesa: em Moçambique diz-se “Tremer como varas de
caniço”, para o que, no Brasil, se diz: “Tremer feito vara verde”;
língua
no português coloquial do Brasil, ao se dizer “Estar na pindaíba”
equivale ao que se usa no português moçambicano a: “estar duro”,
assume
“estar tchonado”, “estar sem uma quinhenta”, ou na variedade significados
européia do português “estar liso”, “estar teso” ou, ainda, “não ter
cheta”. e formas
Considerando o espaço geograficamente tão disperso,
naturalmente multicultural, de sistemas linguísticos vários e de distintas,
diferentes normas do português é que se deve pensar a língua
e a identidade no âmbito da lusofonia. Nesse sentido, portanto, a partir do
devemos lembrar ser o contexto de uso de uma língua revelador
do papel que desempenha numa determinada comunidade, uma
universo
vez que ela, ao mesmo tempo em que se refere às atividades
sociais é, também, uma prática social. Deste modo, tendo em vista
em que se
o universo da chamada lusofonia, parece ingênuo a adoção de
uma posição de senhor da língua portuguesa. Em quaisquer dos
desenrola,
espaços em que assume o status de oficial a língua portuguesa
conhece e constrói a sua própria história – e, por isso, está muito
das
longe de poder ser tratada como um idioma uniforme. É com essa influências
perspectiva que devemos encarar o “desafio” da língua portuguesa
nos diversos contextos de sua oficialidade, com a certeza única particulares
de que, seja onde for, estaremos diante de mais uma variedade do
português, procurando descrever e entender as idiossincrasias que que vivencia
caracterizam cada uma.
Respeitar as experiências particulares, os valores diferentes, a e incorpora.”
especificidade cultural, o modo próprio de experienciar a realidade
e a visão de mundo que cada comunidade do universo lusófono
vem fixando na norma do português - é essa a perspectiva a adotar
para o entendimento da construção de uma possível identidade
lusófona, desafio em um mundo globalizado, marcado pelos inter e
multi culturalismos. Ao entender que a língua é que nos diz a cada
indivíduo lusófono, é que a lusofonia pode vir a ser, de fato: não
somos 200 milhões de lusofalantes; somos a língua portuguesa
que fala em cada um.
44.
45. Música brasileira
facilitou a reintrodução
da língua portuguesa
em Timor-Leste.
Texto: Rodrigo Tavares • Arte: Delfin
46. 44
Samba, bossa-nova, maracatu, tropicália, forró, os professores Regina Helena Brito, da Universidade
pagode, MPB. Se a música sempre serviu para Mackenzie, e Benjamim Abdalla Jr., da Universidade
expressar a cultura brasileira, em Timor-Leste ela de São Paulo –, foi a música popular brasileira. Isso
estimula a reintrodução da própria língua portuguesa. mesmo, samba e bossa-nova seriam em Timor-
Desde a independência do país, em 2002, o Timor- Leste o que as cartilhas dos jesuítas foram no Brasil
Leste tem batalhado (muitas vezes literalmente) colonial. “Pesquisas sociolinguísticas sugeriram a
para consolidar-se como Estado e como nação. Os utilização da música como motivação para o trabalho
portugueses estiveram presentes no país durante linguístico. Apreciada entre os timorenses desde os
quase 500 anos. Mas nas últimas décadas os tempos da colonização portuguesa, a presença da
timorenses têm sido fortemente influenciados música brasileira foi revigorada, a partir de 1999, com
pela Indonésia – que ocupou brutalmente o país a chegada dos contingentes do exército brasileiro e
de 1975 a 1999 – e pela Austrália. Timor-Leste tem missões de cooperação brasileiras e portuguesas,
cerca de 15 línguas locais, uma delas, o tétum, é que acabaram difundindo uma diversidade de novos
considerada oficial ao lado do português. Todas são ritmos e melodias. Ao lado de antigos sucessos,
guardiãs da história, valores, crenças e identidade aparecem novos sons, como o pagode, axé, pop rock,
dos timorenses. Depois da ocupação indonésia – cujo até a moda sertaneja”, explica a professora Neusa
regime proibia o uso da língua portuguesa –, e após Bastos, que integra o projeto desde 2008.
debates envolvendo setores diversos da sociedade Como os cantores brasileiros Leandro e Leonardo
timorense, que reconheceram o papel importante são quase tão famosos em Díli quanto em Goiás,
dessa língua na construção identitária do país e o projeto ganhou carinhosamente a alcunha de
mesmo na sobrevivência e fortalecimento do tétum, “Projeto Pense em Mim de Língua Portuguesa”, em
outorgou-se o estatuto de língua oficial à língua de alusão à célebre canção da dupla sertaneja.
Camões e Machado de Assis. No entanto, se para
a população adulta o resgate do português como Aprender com emoção
língua oficial parecia natural, o mesmo não acontecia Linguistas e pedagogos sabem que o desafio do
entre crianças e jovens, educados que foram na língua ensino de uma língua é unir a aprendizagem com
indonésia. Para isso, foi necessário mobilizar todos os a emoção, e abrir caminho para explorar o prazer
recursos, nacionais e principalmente internacionais, de aprender. O prazer afeta a produção de uma
para promover e disseminar o ensino e o aprendizado substância chamada dopamina, que funciona como
do português no país. Portugal e Brasil deram o mensageiro químico que facilita a aprendizagem.
peito a essa luta. E desde 1999 ambos têm liderado Quem fica passivo com a música da Daniela Mercury?
investimentos de revitalização da língua. Por outro lado, a memorização é imprescindível na
Um desses projetos – “Universidades em Timor- aprendizagem de uma segunda língua, e a música,
Leste” – foi empreendido em ação conveniada entre
universidades brasileiras – Universidade de São
Paulo (USP), Universidade Presbiteriana Mackenzie
(UPM) e Pontifícia Universidade Católica de São Paulo “Ao lado de antigos
(PUC-SP) – com o apoio da Universidade Nacional
de Timor-Leste (UNTL) e Instituto Nacional de sucessos, aparecem
Linguística (INL). Tal como as línguas se talham ao
falar local, também o projeto brasileiro, implantado novos sons, como
em 2004, rapidamente se moldou ao contexto
timorense. Formalismos educativos ficaram retidos o pagode, axé,
no aeroporto da capital Díli. Cartilhas, gramáticas e
prontuários não tinham penetração num contexto
pop rock, até a
dominado pela informalidade e pela carência. Era
necessário ensinar o novo com formas novas. A
moda sertaneja.”
resposta encontrada pelos idealizadores do projeto –
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pelo ritmo, fornece uma rota para nosso cérebro. sexta língua mais falada no globo, como forma de
Foram estes os princípios arrojados reproduzidos em união entre os oito países da CPLP e mecanismo de
Timor. inserção dos timorenses no mundo globalizado.
Estimativas indicam que as crianças timorenses
em fase pré-escolar falam tétum (repleto de palavras Fim do preconceito
do português), os adolescentes e adultos jovens As razões políticas e sociais para difundir a língua
utilizam-se da língua indonésia, e a geração com mais portuguesa têm, contudo, de ser absorvidas pela
de 40 anos fala português. Complementarmente, população. E com uma taxa de analfabetismo de
as pesquisas revelam que o português é falado por 50%, segundo a ONU, toda a criatividade é pouca para
20% da população de 800 mil habitantes. Quando disseminar e ensinar o português. Mas criatividade
Timor aderiu oficialmente à Comunidade dos Países faz parte do código genético dos brasileiros. O projeto
de Língua Portuguesa (CPLP), em 2002, o então “Universidades em Timor-Leste” almejou resultados
primeiro-ministro do país, o emblemático Xanana consideráveis. Cerca de 600 alunos ganharam novas
Gusmão, afirmou que a preservação do português ferramentas linguísticas. Autoridades timorenses
e do tétum era vital para consolidar a soberania e a destacam o caráter recreativo e pioneiro do ensino.
identidade nacionais. Mas muitos pensam de outra Segundo o reitor da Universidade Nacional de Timor-
forma. A Austrália, grande potência na região, tem Leste, Benjamim de Araújo e Corte-Real, entusiasta
exercido forte pressão para que a língua inglesa seja e copartícipe da iniciativa brasileira, “foram desfeitos
considerada língua oficial em Timor. Mas a liderança preconceitos até então fabricados e propagados em
timorense tem se mantido irredutível. O português prejuízo do idioma de Camões”. Ir à escola passou a
possibilita, entre outras coisas, o resgate e a ter graça. Segundo a linguista Regina Helena Pires
manutenção do caráter híbrido da cultura, acreditam de Brito, uma das idealizadoras, ainda que o projeto
muitos líderes timorenses. Caso somente o tétum “não privilegie o ensino da gramática normativa, não
fosse mantido, o povo não teria acesso a informações deixa de contribuir como meio auxiliar do processo
universais contidas em livros. Por outro lado, se de reintrodução e de difusão da língua portuguesa
a bahasa indonésia (língua oficial da Indonésia) no país”. A escolha da música popular brasileira
florescesse, o conhecimento ficaria restrito ao saber como ferramenta de ensino fundamentou-se “em
que a Indonésia lhes proporcionasse. O português estudos descritivos da situação linguística e cultural
facilita o acesso ao conhecimento disponível nos do país junto ao Instituto Nacional de Linguística”.
países lusófonos – que contam, especialmente em As atividades, desenvolvidas por um grupo de jovens
Portugal e no Brasil, com diversos estudos sobre universitários brasileiros que lá permaneceu por
cultura e história timorenses. Líderes timorenses um semestre, recorrem à reprodução original das
também tendem a destacar a força do português, canções em CD e à execução ao vivo, procurando
sensibilizar para a comunicação em língua
portuguesa a partir do gosto musical dos timorenses,
segundo levantamento feito pela linguista.
Portugal e Brasil têm feito grandes investimentos
O português em Timor. Em 2010, o governo português aprovou o
“Projeto de Consolidação da Língua Portuguesa”,
possibilita o resgate considerado um dos maiores projetos da cooperação
e a manutenção portuguesa, com um contingente de 116 professores.
No final do ano passado, o Ministério da Educação
do caráter híbrido brasileiro enviou também 50 professores para atuar
na formação de docentes.
da cultura. Mas a prática demonstra é que o ensino, para ser
eficaz, tem que se dessacralizar. Como canta Caetano
Veloso, “Ó padrinho, não se zangue/ Que eu nasci no
samba / E não posso parar”.
48. Ditos e Reditos
Vezes há em que o provérbio comporta uma sentença
enigmática, apresentando-se como uma palavra que vale por
outra, numa forma indireta de dizer algo. Em regra, contudo, é
uma frase imperativa, direta, funcionando como um eufemismo,
podendo ajudar as pessoas a administrar conflitos e evitando
reacções adversas.
Por outro lado, embora se possa pensar que são pertença do
indivíduo, os provérbios são oriundos da sociedade. Assim sendo,
quando um provérbio é utilizado de forma adequada, o discurso
passa a ser irrefutável por constituir uma verdade que, apesar de
anónima, se encontra consagrada.
Em geral metafóricos, sendo enunciados do mundo vegetal
e/ou do mundo animal, e, alguns deles agregando num único os
dois mundos, é aos humanos que se aplicam. Tendo por base uma
breve seleção para o conjunto dos países lusófonos (apresentados
pela respectiva ordem alfabética) feita, principalmente, no livro de
minha autoria Ditos e Reditos. Provérbios da Lusofonia, visa mostrar
que houve como que uma fusão de conceitos que engendrou, nas
diversas línguas, formas só na aparência diferentes, de formular
o mesmo enunciado. Um conjunto proverbial que é do domínio
da lusofilia, não numa postura euro centrada antes na esteira do
ensaísta Eduardo Lourenço porque “a língua também é nossa”, ou,
dito de outro modo, e parafraseando o escritor angolano Ondjaki,
“bonitas são as línguas depois de manejadas pelas pessoas”.
Vale notar ainda, a existência de variações regionais da língua
portuguesa, em especial no Brasil, quer se trate do léxico quer da
pronúncia.
Texto: Elisa Maria Lopes da Costa
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Caminhemos agora de mãos dadas com a Língua e a História:
O mimo leva sempre à indulgência e à permissividade, pelo
contrário o amor, por querer bem a quem se ama, pode exigir que
se castigue e, nem por isso fica diminuído. Acresce que a ciência
aprendida em criança fica melhor consolidada. Radicando em
várias passagens dos provérbios salomónicos surgem em: Angola:
O pau endireita-se enquanto é pequenino; Brasil: Cipó novo é que se
torce; Cabo Verde: De pequenino se torce o pepino; Moçambique:
Endireita-se a árvore enquanto é pequena; Portugal: De pequenino
se torce o viminho.
A perseverança e a tenacidade permitem realizar mesmo o
que parece impossível, já desde a Idade Média: Brasil: Pequeno
machado derriba grande árvore; Cabo Verde: A machadinha corta
a figueira; Portugal: Pequeno machado derruba grande carvalho.
E, da mesma época, Brasil: Hóspede e peixe com três dias fede;
Portugal: Hóspede e pescada, em três dias enfada.
Desde meados do século XVI, se diz que os filhos herdam as
qualidades ou os defeitos de seus pais, bastando conhecer uns para
identificar os outros: Brasil: Filho de peixe peixinho é; Filho de peixe
vem nadando; Cabo Verde: O filho da cabra salta na rocha; O filho
do gato caça ratos; Guiné-Bissau: Filho de gato arranha; Portugal:
Cão de caça vem de raça; De tal árvore, tal fruto.
A inveja (palavra derradeira dos Lusíadas, o poema épico de Luís
de Camões), uma das características da espécie humana, é matéria
abundantemente inspiradora da produção proverbial. Já em 1585,
a realidade mais sedutora era sempre a alheia: Brasil: A cabra da
vizinha dá mais leite do que a minha; Portugal: A galinha da minha
vizinha é mais gorda que a minha; O peixe que foge do anzol parece
sempre maior.
Uma exposição irresponsável e excessiva ao perigo leva a
danos, por vezes, irreversíveis donde, por meados de Quinhentos,
ter sido fixado: Brasil: Tanto vai o pote à bica que, um dia, lá se fica;
Portugal: Tanto anda a linhaça até que vai a cabaça; Tanto pica a
pega na raiz do trovisco que quebra o bico.
Mentir ou dissimular são duas faces da mesma moeda todavia,
ambas por completo desaconselhadas, até porque a verdade
acaba sempre por se descobrir, como ensina o provérbio fixado nos
alvores do século XVII: Brasil: A verdade é como o azeite: vem à
tona; Portugal: A verdade e o azeite vêm sempre ao de cima; Timor-
Lorosa’e: Palavras coadas pelas ondas / são coadas também pelo
beiral; / as ondas e o beiral / coam devagarinho.
Poder-se-ia continuar num caminhar quase sem fim, uma vez que
quando se julga já estarem esgotados os provérbios em qualquer
língua, para determinada situação, logo surgirá um, até então
desconhecido, a provar serem uma fonte inesgotável e perpétua,
conforme teremos ocasião de mostrar nas futuras andanças por
estes domínios.