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1
2	 Julho · 2015
3
Clivonei Roberto	
clivonei@canaonline.com.br
Luciana Paiva
luciana@canaonline.com.br
CÁ ENTRE NÓS
D
emorou, mas o casamento da ca-
na-de-açúcar com o fogo está se
extinguindo. Utilizado para facili-
tar o corte manual da cana, o fogo tam-
bém contribuía para a redução de pragas
e plantas daninhas no canavial.
A prática da queima da palha da cana
pode até apresentar benefícios, mas ape-
nas seus malefícios é que ficaram registra-
dos na história canavieira: a figura do tra-
balhador enegrecido pela fuligem, virou
sinônimo de trabalho penoso; a fuligem,
ou a popular queimada, que encobria ruas,
casas e quintais, mesmo que proveniente
do fogo em terrenos baldios, para a popu-
lação era coisa de usineiro; qualquer notí-
cia sobre queimada, era de cana; e para os
ambientalistas, a queima da palha da cana
é um crime ambiental.
Nesta safra, no estado de São Paulo,
90% da cana será colhida crua e com má-
quina, além disso, o setor descobriu não só
os efeitos agronômicos da palha no solo,
como também o econômico, pois queimar
a palha é reduzir a renda que pode vir com
o seu direcionamento para a produção de
energia ou até etanol celulósico.
Quando a usina coloca fogo no ca-
navial, trata-se de queima programa-
da (fato cada vez mais raro), elas aconte-
cem longe das áreas urbanas, no período
noturno, com a presença de carro pipa e
têm a autorização da Cetesb. Então, quan-
do se vê fogo em cana fora dessas condi-
ções, são incêndios criminosos ou aciden-
tais, que geram danos sociais, ambientais
e também para o setor, já que na maioria
dos casos a cana não estava no ponto de
colheita.
Resumindo: na cultura canavieira, o
fogo passou a ser indesejado. Para dizer
isso à sociedade, para mostrar que incên-
dio é diferente de queima programada e
para reduzir a quantidade de incêndios, o
setor se uniu a Abag/RP e lançou uma im-
portante campanha, que é o tema de capa
desta edição. A CanaOnline também quer
contribuir para divulgar que a cana diz
não ao fogo.
O fim da era do fogo nos canaviais
Uma das peças de divulgação
da campanha promovida
pelo setor e Abag/RP
Capa
A cana diz não ao fogo
Holofote
-	Quais são os obstáculos
	 para aumentar a
	 produtividade agrícola?
Tendências
-	Xarope de milho: o que ele
	 tem a ver com o setor de cana?
EspecialAmendoim
-	Cultura do amendoim
	 exige carinho
ÍNDICE
Especial Amendoim
-	A difusão da Meiosi
	 cana MPB e amendoim
Pesquisa & Desenvolvimento
-	A cana que vem do frio!
Herbishow
-	Não relaxe
	 com a Tiririca!
Editores:
Luciana Paiva
luciana@canaonline.com.br
Clivonei Roberto
clivonei@canaonline.com.br
Redação:
Adair Sobczack
Jornalista
adair@canaonline.com.br
Leonardo Ruiz
Jornalista
leonardo@canaonline.com.br
Marketing
Regina Baldin
Comercial
comercial@canaonline.com.br
Editor gráfico
Thiago Gallo
Insectshow
-	Sphenophorus levis quebra
	 usinas e produtores de cana
-	Erradicar canavial pode não
	 ser a melhor forma de se
	 livrar das doenças da cana
Tecnologia Industrial
-	Mesmo com a crise,
	 inovação não morre
Economia
-	A crise também acontece
	 da porteira para dentro
Logística
-	Logística com confiabilidade
Gestão de
Pessoas
-	Imaturidade das
	 relações humanas
Gestão de Empresas
-	A prática de “comer bola”
	 aumenta as perdas do
	 setor sucroenergético
Aproveite melhor sua
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Opiniões, dúvidas e sugestões sobre a re-
vista CanaOnline serão muito bem-vindas:
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CanaOnline é uma publicação
digital da Paiva& Baldin Editora
6	 Julho · 2015
7
Vai demorar para
retomar patamares
do passado
Essa pergunta não é fácil. Inclusive acho
que vamos demorar ainda um tempo
para retomar o patamar de produtivida-
de que já tivemos. Uma causa é o próprio
impacto da mecanização sobre a soquei-
ra. E sofremos muito com isso no cerra-
do, porque num período que tem cinco,
seis meses de estresse hídrico, a soquei-
ra vai ser abalada bastante. Por isso, ima-
gino que demoremos um pouco para re-
tomar os melhores patamares. O caminho
é lento, precisamos ter um solo adequa-
damente preparado. Na nossa região per-
cebemos que a água é um nutriente dos
mais importantes. Quanto às variedades,
há um leque de materiais para se trabalhar
ao longo da safra com sani-
dade. Na BP estamos inves-
tindo forte nesta questão.
Agnaldo Rigolin, gerente
de desenvolvimento
agrícola da BP
Biocombustíveis
Melhoria do plantio
Pagamos a conta de um ambiente cada
vez mais mecanizado, na colheita e no
Vários fatores, como
clima, compactação,
idade e pragas
Nos últimos anos, a lavoura de cana-
de-açúcar tem apresentado núme-
ros baixos de produtividade agrícola de-
vido a vários fatores, mas principalmente
ao clima, pragas, plantas daninhas, idade
avançada e compactação de solo. Parale-
lo a isso, contribuem para agravar essa si-
tuação a falta de políticas públicas e pla-
nejamento estratégico que incentivem
investimentos e garantam a competitivi-
dade dos produtos. Mas as perspectivas
de produtividade para a próxima safra en-
tre os associados da Canaoeste são boas.
Provavelmente os números serão superio-
res aos da safra 2014/2015, principalmen-
te devido aos maiores volumes de chuvas
ocorridos de fevereiro a maio de 2015, em
comparação ao mesmo período do ano
passado, os quais influenciarão positiva-
mente a produtividade das canas colhidas
do meio para o final da safra.
Alessandra Ramos Durigan,
gestora técnica da Canaoeste
8	 Julho · 2015
plantio. Fomos para um plantio mecaniza-
do em velocidade enorme, com o nível de
falhas que se tem hoje. É preciso discutir
muito com os fabricantes esse aperfeiçoa-
mento das máquinas. E a qualidade da co-
lheita precisa evoluir sempre. Sem esque-
cer as pessoas. O trabalhador precisa ser
qualificado. A forma de melhorar a produ-
tividade, de pelo menos recuperar o que
se tinha antigamente, na nossa visão, pas-
sa pela melhoria do plantio. Te-
mos muita soca falhada, com
custos enormes para recupe-
rar essas falhas. Precisamos de
um salto na melhoria da quali-
dade das operações, do pre-
paro à colheita.
Fernando Lima,
diretor de produção
agrícola da Raízen
O aprendizado da
colheita é cruel
Tivemos perdas médias de produtivi-
dade quando foram agregadas às áre-
as tradicionais as regiões dos greenfields,
mas que evoluíram para áreas de me-
lhor potencial de produtividade. Para che-
gar nessa média, precisamos de tecnolo-
gia para essas áreas de menor potencial.
Não tenho dúvida que têm potencial me-
lhor do que estão realizando. Todas as usi-
nas que foram inauguradas não somente
crescem rapidamente, como plantam cana
o ano todo. O potencial de produtividade
de uma cana desta é muito baixo. Existe
ainda um grande diferencial de produtivi-
dade que vai ser ganho quando essas em-
presas pararem com essa prática, o que já
acontece. Vamos realizar produtividades
melhores naquelas regiões. Com relação
às regiões tradicionais, tivemos perdas cli-
máticas. Tem outras perdas, como a che-
gada do Sphenophorus e a evolução da
ferrugem alaranjada, esta última está ti-
rando do canavial algumas variedades im-
portantes. Para as empresas que tiveram
uma evolução de colheita recentemen-
te, é aquele velho pedágio: o aprendiza-
do da colheita é cruel. Tudo reside na na-
tureza da nossa cultura, a cana. Temos de
remover na colheita 100 t por hectare, en-
quanto outras culturas têm que remover
de 3 a 5 toneladas. Essa diferença expli-
ca a necessidade de mecanizar o trânsi-
to desse volume dentro do canavial. Pa-
rece simples a receita, mas a execução é
difícil porque passa pelas pes-
soas. Não podemos esquecer
que, para operar nossas má-
quinas mais sofisticadas, com
eletrônica embarcada, temos
um material humano cada
vez menos prepara-
do. Afinal, a edu-
cação no país é
cada vez pior.
A empre-
HOLOFOTE
9
sa que não perceber que tem que cum-
prir esse papel, não vai conseguir realizar
o que entende que deve ser feito. O prin-
cipal investimento nosso é suprir essa de-
ficiência de educação desse pessoal.
Mario Gandini, o Marinho, diretor
agroindustrial da Usina São Martinho
É preciso aperfeiçoar
o manejo
Aqualidade da matéria-prima passa
pelo fator varietal, é preciso realizar
o manejo varietal correto. São poucas as
variedades que atendem à mecanização, e
não aproveitamos o potencial das varieda-
des disponíveis. É necessário adequar as
operações, o plantio, a colheita, o preparo,
para que este aproveitamento se torne re-
alidade. Consigo até chegar à cana de três
dígitos em ambiente desfavorável, mas o
custo fica insuportável. O manejo é o ca-
minho para chegar à alta produtividade.
Por não explorar todo potencial das varie-
dades, deixamos de ganhar ATR por hecta-
re. Tem variedade de potencial que, se for
alocada adequadamente, apresentará me-
lhor resultado. A mecanização é um pro-
blema sério, principalmente no plantio. As
falhas são de assustar. Precisamos aprimo-
rar o plantio para termos uma melhor co-
lheita. Cobramos muito das inovações dos
fabricantes, mas temos de preparar nossos
operadores para que aproveitem as inova-
ções. Aproveitamos pouco a
tecnologia embarcada.
Paulo Roberto
Artioli, o Betão,
diretor da
Tecnocana e
produtor de
cana em Lençóis
Paulista, SP
Todo dia corremos
atrás da produtividade
Nas áreas de expansão, o processo
já iniciou mecanizado. Na área tra-
dicional, quem começou a mecanizar há
mais tempo tem uma história, quem de-
morou para começar, teve de fazer cor-
rendo e está pagando por isso. Particular-
mente mecanização de campo é algo que
deve trazer aumento de produtividade e
não redução. Logicamente paga-se pe-
dágio, e depois se usufrui do benefício.
Também há um aspecto de manejo: acer-
tar no conjunto de variedades, no plan-
tio, na adubação, no ajuste de máquinas.
Duvido que cada um que trabalha na área
agrícola das usinas não acorde todo dia
pensando em como vai melhorar o ma-
nejo para melhorar a produtividade. Todo
dia corremos atrás da produtividade para
baixar custos. Acho que o mais significati-
vo é que as áreas novas vão trazer um be-
nefício grande ao setor, porque vão exigir
10	 Julho · 2015
hectare. No passado, a média era de 35,
40 sacos de soja por hectare. Isso deve
nos fazer questionar por que a cana con-
tinua com a produtividade de vinte anos
atrás, e até caindo. Qual seria a grande ra-
zão disso? Tem as dificuldades financei-
ras, mas acima de tudo acredito que te-
mos de tomar cuidado para fazer bem
aquilo a que nos propusemos. E isso, em
alguns momentos, está faltando. Na hora
de plantar cana, se for plantar uma varie-
dade que brota mal no plantio, ou nasce
mal, ou perfilha mal, já defini o futuro. Se
decidi plantar numa área mal preparada,
mal corrigida, já defini o futuro. Acredito
que está faltando usarmos mais a agrono-
mia. Podemos pegar o exemplo de outras
culturas. Muitas vezes não acreditamos na
tecnologia que está aí. Um exemplo é va-
riedade. Dizemos que não temos varieda-
des boas, mas vemos resultados excepcio-
nais em alguns locais onde o pessoal está
fazendo a coisa certa, com as variedades
novas que estão aí. Que já foram selecio-
nadas considerando o sistema de meca-
um nível de agronomia melhor. Foi o que
aconteceu com grãos. Quando o grão foi
para o Centro-Oeste, a produtividade da
soja e do milho subiu no Brasil todo. Com
cana vai acontecer também, mas demo-
ra mais, porque o canavial demora mais
para se ajustar ao novo manejo. Mas em
casa que falta pão todo mundo grita e nin-
guém tem razão. O problema é grana. Se
não colocar dinheiro, como teremos varie-
dades novas? Se não tiver sobra de caixa
na nossa operação, como vamos investir?
Se o fornecedor de cana não participar da
energia, como vai valorizar a matéria-pri-
ma? A crise hoje é de caixa. Se não traba-
lharmos mais fora da propriedade do que
dentro da fazenda, vamos demorar mais
tempo para mudar a situação.
Paulo Rodrigues, produtor de
cana em Jaboticabal, SP
É preciso usar mais
a agronomia
Observando outras culturas, vemos
que a produtividade da soja explo-
diu. Nesse ano choveu bem no Sul, e con-
versando com alguns produtores, eles
chegaram a colher 90 sacos do grão por
HOLOFOTE
11
nização. Entramos com colheita mecani-
zada, mas não treinamos nosso pessoal
para que não haja pisoteio no canavial. A
tecnologia mudou, chegou a mecaniza-
ção, entramos em ambientes mais restri-
tivos, mas continuamos fazendo o que fa-
zíamos lá atrás. Tem usina que está acima
do patamar de produtividade, mas o que
faz para conquistar isso? Cabe discutirmos
internamente para sabermos até que pon-
to buscamos tecnologias que estão sendo
usadas, que estão disponíveis e muitas ve-
zes não vão custar mais. Porque a defini-
ção de plantar a variedade x ou y vai de-
pender do meu planejamento. Tem usinas
e grupos que já estão fazendo isso.
Rogério Augusto Soares, gerente de
Planejamento Agrícola da Bunge
Variedade não é o
único componente
da produtividade
Acredito que, para a produtividade, a
variedade é um grande componen-
te, mas não é o único. Estes últimos anos,
com o plantio mecanizado, e principalmen-
te a colheita mecanizada de cana crua, aos
quais as usinas não estavam tão prepara-
das e tiveram que rapidamente se adaptar,
aliado às condições climáticas, que nos úl-
timos anos foram muito danosas à cultura
da cana, somente a variedade não teria toda
a capacidade de elevar a produtividade. Te-
mos variedade com alto potencial, mas ve-
rificamos que em função de seu manejo, da
colheita mecanizada de cana crua, da com-
pactação do solo, da adubação etc, os re-
sultados deixam a desejar. É preciso somar
a essas belas variedades o manejo adequa-
do, para que efetivamente consolidemos
uma produtividade acima de 100 tonela-
das por hectare na média de 5 cortes. Sozi-
nha, uma variedade não vai resolver o pro-
blema. E quando falo de manejo me refiro
desde o preparo do solo, a adubação, pas-
sando pela colheita, época de corte, qua-
lidade da brotação, colheita de cana crua.
Ao carregar sobre a variedade essa gran-
de expectativa estamos penalizando mui-
to esse fator chamado variedade, pois é um
complexo. Por isso que nós, como univer-
sidade, entendemos que devemos atuar de
maneira conjunta, ampla, em todo o mane-
jo da lavoura. O sonho da RIDESA (Rede In-
teruniversitária para o Desenvolvimento do
Setor Sucroenergético) é criar um progra-
ma de cana-de-açúcar em todas as áreas.
Aí sim acredito que teremos aumentos sig-
nificativos de produtividade.”
Edelclaiton Daros, pesquisador da
Universidade Federal do Paraná e
coordenador nacional da RIDESA
12	 Julho · 2015
TENDÊNCIAS
Xarope de milho:
o que ele tem a ver com o setor de cana?
O
xarope de milho, também conhe-
cido como isoglucose ou HFCS
(High Fructose Corn Syrup), é um
adoçante bastante utilizado pela indústria
alimentícia, principalmente na fabricação
de bebidas.
Os principais países produtores do
xarope são Estados Unidos, China, Japão
e os integrantes da União Europeia, sen-
do a Hungria a maior produtora no bloco.
Já os maiores consumidores são Estados
Unidos, México, China e Japão. Segundo
Ana Malvestio1
e Daniela Coco2
Nos EUA, o xarope de milho
é muito utilizado pelas
empresas de refrigerante
13
a Organização das Nações Unidas para
Agricultura e Alimentação (FAO), os Esta-
dos Unidos respondem por 64,5% da pro-
dução e 58,8% do consumo mundial de
HFCS, que é utilizado principalmente pela
indústria de refrigerantes, a qual absor-
ve cerca de 90% do xarope consumido no
país. Estimativas apontam que os Estados
Unidos devem permanecer como líderes
mundiais na produção do xarope de milho
pelo menos até 2023.
No entanto, o HFCS vem sendo alvo
de estudos associando o seu consumo à
obesidade e à diabetes, principalmen-
te nos Estados Unidos. Embora algumas
marcas tenham reformulado seus produ-
tos, a fim de retirar o xarope da composi-
ção dos mesmos, os produtores do ado-
çante enfatizam que as pesquisas não são
conclusivas e que, embora o consumo do
xarope tenha caído nos Estados Unidos
nos últimos anos, o índice de obesidade
sofreu elevação no país. No México, princi-
pal importador do xarope, também se ob-
serva o debate em torno do consumo de
HFCS e os altos índices de obesidade da
população.
Embora os estudos associando seu
consumo a problemas de saúde não se-
jam conclusivos, ações de marketing mos-
trando os benefícios do produto e a sus-
tentabilidade de sua cadeia de produção
14	 Julho · 2015
TENDÊNCIAS
2
Gerente de
Agribusiness
da PwC
Brasil
1
Sócia da PwC
Brasil e líder de
Agribusiness para
o Brasil e Américas
podem minimizar retaliações do merca-
do e melhorar a percepção do consumi-
dor com relação ao consumo moderado
do HFCS.
Um dos principais fatores que pode-
rão afetar o mercado mundial nos próxi-
mos anos e causar impactos também na
produção de HFCS é a extinção da política
de cotas para produção de açúcar dentro
da União Europeia, em 2017. Atualmente,
a produção do HFCS é limitada a apenas
5% da cota de produção de açúcar do blo-
co. Com a extinção da política de cotas,
não haverá mais esta restrição e a indús-
tria poderá aumentar a produção e o con-
sumo de HFCS.
O Brasil por ser um grande produtor
e exportador de milho e de açúcar de cana,
deve ser impactado com o fim das cotas da
União Europeia, com a abertura e desafios
para o seu mercado. Esse é um tema que
provavelmente será mais discutido nos
próximos anos e demandará mais atenção
por parte dos integrantes da cadeia de va-
lor do milho e da cana-de-açúcar.
O Brasil é um grande exportador de milho
15
16	 Julho · 2015
ESPECIAL AMENDOIM
17
APOIO
Cultura do amendoim
exige carinho
TRATO CULTURAL BEM FEITO E INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS SÃO
FUNDAMENTAIS PARA O SUCESSO DA CULTURA DO AMENDOIM
18	 Julho · 2015
A
colheita do amendoim terminou
em maio, e na fazenda dos Pena-
riol, em Jaboticabal, SP, as máqui-
nas já passaram por manutenção, foram
lavadas e estão preparadas para a próxi-
ma colheita que se inicia por volta de fe-
vereiro de 2016. O plantio da nova safra,
se o tempo permitir, começa em outubro,
mas as máquinas já estão prontas para a
largada.
Há mais de 40 anos a família se dedi-
ca à lavoura do amendoim. Na última sa-
fra, plantaram 420 hectares, entre terras
próprias e arrendadas, tudo em área de
renovação com cana. A produção foi de
66.800 sacas de 25 quilos, produtividade
de 420 sacas por alqueire, mas eles espe-
ravam mais, pois já teve ano que beirou
as 600 sacas. A queda foi em decorrên-
cia de condições climáticas adversas. Fal-
tou chuva na época do plantio e sobrou
na hora da colheita. “Não foi por falta de
tratos culturais”, salienta José Antonio Pe-
nariol, que cuida da lavoura junto com os
primos Robson José Lampa e Danilo Cé-
sar Penariol.
Eles sabem que amendoim é enjo-
ado, desde o preparo é problemático. “O
certo é fazer tudo antecipadamente. Para
começar é preciso reduzir a quantidade de
palha da cana. Amendoim não nasce com
palhada. O certo é que tenha um pouco de
Luciana Paiva e Leonardo Ruiz
ESPECIAL AMENDOIM
Robson, Izildinha, José Antonio e Danilo: tradição na cultura do amendoim
19
chuva para ajudar a desintegrar a palha e
facilitar o serviço, mas se tiver muita chu-
va, a palha mela, aí é outro problema”, diz
Robson.
Danilo observa que o aumento das
pragas de solo tem exigido mais opera-
ções para preparar a área para o plantio.
“Agora precisa passar o desintegrador de
soqueiras em duas linhas, pulamos duas
linhas, trabalhamos a área e depois vol-
tamos para desintegrar as touceiras das
duas linhas que pulamos. Mas só pode fa-
zer isso com o clima seco. O problema é
que, na maioria das vezes, o pessoal libera
as áreas de renovação na última hora, difi-
cultando a realização do preparo do solo”,
comenta Danilo. Mesmo assim, eles não
desistem da atividade. Pelo contrário, se
empenham cada vez mais para obter uma
produção com qualidade.
Afinal, qualidade é a meta principal
dos Penariol, pois a colheita deles segue
integralmente para a Coplana (Coopera-
tiva Agroindustrial), onde se transformará
APOIO
Na fazenda dos Penariol, as máquinas já estão prontas para a colheita
20	 Julho · 2015
em sementes tratadas que irão abastecer
os cooperados da entidade e formar no-
vas lavouras de amendoim, produção que
seguirá para o mercado interno e exter-
no. “A lavoura de amendoim começa pela
qualidade da semente, então a nossa pre-
cisa ser a melhor possível”, diz Carmen Izil-
dinha Penariol, a tia dos “meninos”.
Pragas, doenças
e plantas daninhas
na cultura do amendoim
O engenheiro agrônomo e respon-
sável técnico comercial da Coopercitrus -
Monte Alto, Daniel Pierre Vitória, diz que é
grande a quantidade de doenças e pragas
do amendoim. Entre as principais pragas
estão as Trips, lagartas, cigarrinhas, ácaros,
percevejos, cupins e cochonilhas. Dentre
elas, os insetos-chave são o Trips, mais es-
pecificamente a espécie Enneotripes fla-
vens, e a lagarta do pescoço vermelho.
O Enneotripes flavens tem multipli-
cação rápida, atingindo a fase adulta duas
semanas após a postura do ovo, em con-
dições favoráveis de clima. Por atacar os
brotos das folhas, causa os maiores danos
durante os primeiros meses de crescimen-
to das plantas. Um clima quente e seco fa-
vorece sua disseminação, enquanto chuvas
pesadas contribuem para o seu controle.
Plantas de amendoim que surgem no ter-
reno antes da instalação da cultura cons-
tituem fontes de infestação de Trips. Já a
lagarta do pescoço vermelho, outro in-
seto bastante disseminado no Estado de
São Paulo, é de tamanho muito pequeno
e ataca de preferência os brotos de amen-
doim, perfurando-os e afetando o desen-
volvimento da planta. O controle, nesses
casos, é feito com inseticidas específicos.
Com relação às enfermidades, a
mancha preta é a doença foliar de maior
frequência e danos à cultura. A ferrugem,
mancha castanha e verrugose também
aparecem com certa regularidade. Atual-
mente, existem fungicidas eficientes para
a mancha preta e castanha, mas, em geral,
é necessário alternar com outros produtos
quando há infestação de ferrugem ou de
verrugose.
Por ser uma planta de porte rasteiro,
o amendoim é uma espécie bastante sen-
sível à infestação de ervas daninhas, que
prejudicam seu crescimento e, no final do
ciclo da cultura, afetam a eficiência das
ESPECIAL AMENDOIM
21
operações de colheita. Daniel Pierre ob-
serva que o manejo das plantas daninhas
talvez seja o diferencial de produtividade,
APOIO
pois existem vários métodos de controle
eficientes, como o PPI (pré-plantio incor-
porado), em que o intuito é a redução do
banco de sementes. “Outros métodos uti-
lizam herbicidas pré-emergentes da cultu-
ra e do mato e se, por algum motivo, hou-
ver algum escape de plantas daninhas, há
herbicidas de pós-emergência que elimi-
nam matos de folhas finas mesmo com a
cultura em desenvolvimento.”
Novas moléculas para
a defesa do amendoim
O lado positivo, segundo Daniel Pier-
re, é que, ao longo dos últimos anos, hou-
ve grandes investimentos por parte de di-
versas empresas de defensivos na forma
Do plantio à colheita, são sete aplicações de defensivos
A cultura do
amendoim é
exigente em
tratos culturais
22	 Julho · 2015
ESPECIAL AMENDOIM
APOIO
de pesquisa e registro de novas moléculas
para a cultura do amendoim, tornando o
manejo mais eficiente e, consequentemen-
te, menos agressivo ao meio ambiente.
Daniel Pierre dá como exemplo a
BASF: a empresa possui um amplo portfó-
lio para a cultura, desde o tratamento de
semente, com o Standak®
TOP - que man-
tém o stand nos primeiros momentos de
arranque da cultura -, a soluções para ou-
tras fases da cutura, como o Plateau®
, um
“Outras soluções da Basf estão che-
gando, como o Orkestra®
”, informa Pierre
Vitória, explicando que o novo produto se
trata de um fungicida resultante da mistu-
ra de piraclostrobina com uma nova mo-
lécula fluxapiroxade, que promete trazer
grandes resultados para a cultura.
O produtor aprova
as inovações
A administração do negócio dos Pe-
herbicida padrão de mercado para o con-
trole de plantas daninhas, o Opera®
, fungi-
cida indispensável no manejo e rotação de
produtos, evitando resistência aos fungos,
e o Opera Ultra®
, uma evolução no con-
trole de doenças fúngicas. “Ainda faz par-
te desse portfólio uma variedade de inse-
ticidas de vários grupos químicos que se
encaixam e auxiliam no controle das pra-
gas”, salienta.
nariol fica a cargo de Izildinha. Ela sabe
a importância de poder unir custo e be-
nefício. Por isso, comemora o fato de as
empresas investirem em tecnologias que
facilitam o desenvolvimento da cultu-
ra do amendoim, como a mecanização
e o avanço na área de defensivos quími-
cos. O amendoim é altamente dependen-
te de defensivos, em um ciclo de um pou-
co mais de quatro meses. Entre plantio e
O amendoim produzido pelos Penariol segue para a Coplana e será semente na próxima safra
23
24	 Julho · 2015
colheita, recebe sete aplicações.
“Dependendo das condições, tem
vez que a semente de amendoim, para
germinar, leva quase 30 dias. Ainda bem
que lançaram o Standak®
TOP. Ele ativa a
semente a germinar mais rápido e a plan-
ta vem bem mais vigorosa”, diz José Anto-
nio. Já seu primo Danilo, elogia o Plateau®
.
“Antigamente, quando a gente pegava
uma área muito infestada com tiririca, não
sabíamos o que fazer. Depois, com o Pla-
teau®
, acabou o problema. Já aconteceu,
na hora de aplicar herbicida, de pular uma
linha, que ficou sem aplicar o Plateau®
. O
resultado foi uma faixa verde de tiririca no
meio das linhas do amendoim, de longe
se via aquela linha verde”, conta.
Maior portfólio
do mercado de produtos
dirigidos à cultura
do amendoim
Mauro Cottas, da área de Desenvol-
vimento de Mercados da BASF, salienta a
importância que a empresa direciona ao
amendoim, oferecendo o maior portfólio
do mercado de produtos dirigidos a essa
cultura.
Segundo ele, o primeiro grande mar-
co do amendoim da BASF no Brasil foi o
lançamento, em 2002, do Opera®
, fungi-
cida que, além de auxiliar na proteção da
lavoura, proporciona plantas mais sadias,
vigorosas e produtivas. Agora, 13 anos de-
pois, a BASF lança no mercado o que será,
de acordo com a empresa, o segundo mar-
co da cultura: o sistema AgCelence Amen-
doim, que engloba não um, mas três pro-
dutos que se completam no manejo da
cultura. São eles o Opera®
, o Standak®
TOP
- produto seletivo que, quando utilizado
em tratamento de sementes, protege as
plântulas contra o ataque de pragas e fun-
gos de sementes no período inicial de de-
senvolvimento da cultura -, e o OrkestraTM
SC, primeiro e único fungicida com Xe-
mium®
no Brasil, a carboxamida da BASF.
Cottas afirma que, para ser chama-
ESPECIAL AMENDOIM
Parte do portfólio de produtos BASF para amendoim
25
do de sistema, são necessários, ao menos,
dois produtos que contenham piraclostro-
bina, a estrobilurina da empresa respon-
sável pelos efeitos fisiológicos nas plantas
que possibilita o AgCelence, que é o be-
nefício advindo desses efeitos.
Na cultura do amendoim, os efeitos
fisiológicos podem ser observados como
vantagens operacionais, benefícios Ag-
Celence propriamente ditos e diferenciais
agronômicos. A vantagem operacional se
dá pelo longo período em que é possível
utilizar as sementes tratadas com Stan-
dak®
TOP sem que este interfira ou alte-
re seu poder germinativo. Entre os bene-
fícios provindos do AgCelence, pode-se
destacar uma maior rapidez no estabeleci-
mento da cultura, melhor desenvolvimen-
to do sistema radicular e um alto índice
de área foliar. Por fim, o grande diferen-
cial agronômico é relacionado à alta efi-
ciência no controle das doenças e pragas
de solo, que podem causar perda do stand
caso não sejam contidas.
Cottas recomenda que, dentro do
Sistema AgCelence, devem ser realizadas
seis aplicações. O produtor, segundo ele,
deve iniciar o manejo com o Standak®
TOP,
partir para uma sequencial com o Opera®
,
fazer a alternância com uma sequencial
de OrkestraTM
SC, fechando com mais uma
sequencial com o Opera®
. “Decidimos pa-
dronizar essa recomendação, pois, dentro
dos nossos trabalhos, foi a que registrou
os melhores resultados. Nosso principal
objetivo é criar a melhor receita para que
o produtor de amendoim tenha sucesso
na sua lavoura.”
APOIO
Em dia de campo, Mauro Cottas apresenta o sistema BASF para a cultura do amendoim
26	 Julho · 2015
ESPECIAL AMENDOIM
A difusão da Meiosi
cana MPB e amendoim
AÇÃO DA COPLANA PERMITIRÁ A PEQUENOS E MÉDIOS PRODUTORES
O ACESSO À ALTA TECNOLOGIA E A MUDAS DE CANA SADIA,
ALÉM DA GERAÇÃO DE RENDA COM O AMENDOIM
Luciana Paiva e Leonardo Ruiz
Sistema Meiosi Cana MPB e Amendoim na fazenda Belo Horizonte, em Jaboticabal, SP
E
m 2013, Ismael Perina, produtor rural
em Jaboticabal, SP, presidente da Câ-
mara Setorial Sucroenergética e di-
retor da Coplana (Cooperativa Agroindus-
trial), foi o pioneiro a adotar o sistema de
Meiosi com amendoim e mudas de cana
pré-brotadas (MPB). Perina iniciou com o
plantio de duas ruas com MPB AgMusa
da BASF, que oferece mudas sadias de ca-
na-de-açúcar a partir de viveiros básicos
formados com variedades nobres e mais
produtivas.
27
A cana produzida nestas duas ruas
era usada para cobrir 10 ruas onde antes
havia amendoim. O objetivo era plantar
a cana nessa área de renovação para que
aproveitasse os efeitos agronômicos do
amendoim, como incorporação de mate-
rial orgânico e fixação simbiótica de nitro-
gênio de 30 a 40 Kg/ha deixados no solo.
Além disso, segundo o pesquisador New-
ton Macedo, em área de renovação com
amendoim, devido ao preparo bem feito,
é menor a infestação com Sphenophorus
levis, a praga que está devastando os ca-
naviais do Centro-Sul.
A qualidade das mudas e o solo pro-
pício fizeram que, desde o início, o siste-
ma superasse as expectativas: uma única
linha de cana gerou mudas para 11 ruas,
a cana restante foi fornecida para a usina.
“Essa cana com apenas oito meses ofere-
ceu muito mais material que a cana con-
vencional de 14 meses. Isso contribui para
voltarmos a investir na formação de vivei-
ros que, por pressa, deixamos de fazer e
passamos a plantar cana com praga, com
doença e perdemos muito com isso. Ago-
ra podemos voltar a fazer a coisa certa e
com muito mais qualidade”, disse Perina
na época.
Segundo ele, apenas com produtivi-
dade é que o produtor pode enfrentar o
atual momento difícil do setor. Para isso,
APOIO
Ismael explica o sistema Meiosi MPB-Amendoim para participantes de dia de campo em sua fazenda
28	 Julho · 2015
é fundamental plantar muda de cana com
qualidade. “Formação de viveiro primá-
rio é base para o nosso setor. Como me-
lhorar a qualidade de muda e aumentar a
produtividade do canavial são prioridades,
adotar este sistema não pesa no bolso. Ao
contrário, traz retorno”, salienta. Ele expli-
ca que se trata de um sistema simples e
que, a partir de uma taxa de multiplicação
de 1 x 7 se tem o equilíbrio de custo na
produção da muda. Mas o melhor é que
Ismael já está alcançando taxa de multipli-
cação de 1 x 20 no plantio manual.
+ Cana
Recentemente a Coplana lançou o
Programa Mais Cana, capitaneado pelo
departamento de Tecnologia e Inovações
da entidade. Com o objetivo de elevar a
produtividade e consequentemente a
competividade do produtor de cana. Para
isso, o programa tem como tripé (MPB +
carta de solos + agricultura de precisão).
Com a MPB, o produtor terá um canavial
com sanidade. Já a carta de solos ofere-
cerá conhecimento mais refinado dos am-
bientes de produção, mas para que isso
ocorra é preciso das tecnologias de agri-
cultura de precisão.
Renata Morelli, gerente de Tecnolo-
gia Agrícola e Inovação da Coplana, con-
ta que a proposta da Cooperativa é permi-
tir também ao pequeno e médio produtor
o acesso a esse pacote tecnológico. Para
viabilizá-lo, fechou com a BASF a aquisi-
ção de 500 mil mudas AgMusa, o que per-
mitirá ao cooperado adquirir MPB de alta
qualidade por preço acessível.
A Coplana é a maior produtora de
amendoim do Brasil, com cerca de 160
produtores que cultivam o grão nos Esta-
dos de São Paulo, Minas Gerais e Tocan-
tins. Nesta safra, seus cooperados produ-
ziram 82.250 toneladas (amendoim em
casca, seco e limpo), em 22.800 hectares.
Sendo que 95% da área é de renovação de
canavial.
Estimular a diversificação da renda
faz parte da política da Coplana. Por isso,
a cultura do amendoim não é só muito
bem-vinda, como foi adicionada ao Pro-
grama + Cana, e contribuirá para que o
cooperado aumente a produtividade por
meio do sistema Meiosi MPB-amendoim.
ESPECIAL AMENDOIM
APOIO
Renata Morelli: pacote tecnológico também
aos pequenos e médios cooperados
29
30	 Julho · 2015
Acesso à agricultura
de precisão
Renata salienta que formar viveiros
com mudas sadias de cana pelo sistema
AgMusa é estar na vanguarda tecnológica
da cultura. Mas a adesão a esta tecnolo-
gia precisa vir acompanhada por um siste-
ma eficiente de mecanização do proces-
so de plantio. “Um dos obstáculos para a
implantação da Meiosi é a necessidade do
GPS para o plantio, para que haja parale-
lismo entre as linhas de cana.” Um produ-
tor, por exemplo, pode intercalar duas li-
nhas de cana com 16 linhas de amendoim
no mesmo talhão. Porém, para que essa
operação atinja um bom nível de qualida-
de, é importante que ele adote técnicas
que permitam que esse processo seja fei-
to com o máximo de paralelismo entre as
passadas, já que, no próximo ano, as mu-
das produzidas serão utilizadas para com-
pletar o plantio de cana, sulcando direto
ESPECIAL AMENDOIM
Com o piloto automático, é necessário apenas marcar a primeira linha referencial no monitor
DIVULGAÇÃOJOHNDEERE
31
na área que antes era ocupada pela outra
cultura. Dessa forma, sem um sistema de
posicionamento, ficará difícil saber exata-
mente onde entrar com a máquina na pró-
xima vez.
Entre as ferramentas de tecnologia
de precisão está o piloto automático, em
que o operador marca apenas a primeira
linha referencial. As próximas passadas, à
direita e à esquerda, aparecerão automa-
ticamente na tela, sendo que o trator irá
segui-las sem que o operador precise co-
locar a mão no volante. Para ele, caberá
realizar as manobras de cabeceira. O ar-
quivo gerado pode ser transferido para
outras máquinas e utilizado nos próximos
anos, seja para a colheita da área ou para
o plantio da mesma.
Visando proporcionar esses bene-
fícios para seus cooperados, a Coplana e
a Socicana (Associação dos Fornecedores
de Cana de Guariba) firmaram uma par-
ceria com a Colorado Máquinas, Conces-
sionário Autorizado John Deere. Um dos
objetivos é aumentar a demanda por me-
lhores práticas na agricultura regional, por
meio da oferta de técnicas de Agricultu-
ra de Precisão. A parceria foi estabeleci-
da depois que uma pesquisa de mercado
revelou que os produtores da região em
questão apresentam altos índices de acei-
tação de novas tecnologias.
O gerente comercial AMS (Agricul-
tural Management Systems) da Colorado
Máquinas, Alberto Adriano Verruma, ex-
plica que o projeto visa oferecer, gratui-
APOIO
DIVULGAÇÃOCOLORADOMÁQUINAS-JOHNDEERE
Alberto Verruma: “O retorno financeiro da aquisição desse tipo de equipamento
[piloto automático] é muito satisfatório, mesmo para os pequenos produtores”
32	 Julho · 2015
ESPECIAL AMENDOIM
APOIO
tamente, sinal RTK/AMS, da marca John
Deere, com precisão de 2,5 cm, para os co-
operados ativos das duas associações que
atuam nas culturas de cana, soja e amen-
doim. “Ou seja, o cooperado que já possui
um trator com piloto automático poderá
às novas tecnologias.
O sinal proporcionado pela Colora-
do Máquinas é o RTK (Real Time Kinema-
tic), que alia a tecnologia de navegação
por satélites a um rádio-modem ou a um
telefone GSM para obter correções instan-
se beneficiar do nosso sinal sem custo al-
gum”. Para a utilização, é preciso que os
produtores realizem um cadastro de seus
equipamentos de agricultura de precisão
para receber a licença de utilização do si-
nal. Desde o início do projeto, no final de
2014, mais de 30 cooperados já aderiram
tâneas. Algumas aplicações de engenha-
ria exigem que o processamento e forne-
cimento das coordenadas sejam obtidos
instantaneamente, sem a necessidade de
pós-processamento dos dados, o que faz
com que a precisão obtida chegue ao ní-
vel centimétrico. “Outro beneficio do RTK
Ao todo, já foram instaladas oito torres RTK na área de atuação da Coplana e Socicana
DIVULGAÇÃOCOLORADOMÁQUINAS-JOHNDEERE
33
34	 Julho · 2015
ESPECIAL AMENDOIM
é a sua função de repetibilidade, ou seja,
daqui a cinco anos posso voltar à mesma
área e fazer as passadas no mesmo lugar,
devido à presença da base referenciada,
sendo que, por meio dela, o trator reco-
nhece, automaticamente, as próximas li-
nhas”, explica o gerente.
Ao todo, já foram instaladas oito tor-
res na área de atuação das Associações,
sendo que cada uma delas possui poten-
cial para emitir um sinal com raio médio
de 20 mil hectares.
Custo-Benefício
É importante lembrar que, mesmo
aqueles cooperados que não possuem
tecnologia embarcada em suas máquinas,
podem se beneficiar da parceria. Esses de-
vem ir até a Colorado Máquinas e solici-
tar os equipamentos de piloto automáti-
co, que também podem ser instalados em
máquinas e equipamentos agrícolas de
outras marcas.
Alberto Verruma diz que o retorno fi-
nanceiro da aquisição desse tipo de equi-
pamento é muito satisfatório, mesmo para
os pequenos produtores. “Temos exem-
plos de clientes que plantam 100 alquei-
res de cana e possuem pilotos automáti-
cos em todos seus tratores. Na verdade,
muitos imaginam que o investimento nes-
se tipo de ferramenta não é viável, porém,
Os cooperados ativos da Coplana e Sociana poderão utilizar,
gratuitamente, o sinal RTK / AMS, que possui precisão de 2,5 cm
DIVULGAÇÃOJOHNDEERE
35
APOIO
há casos em que o aumento de metros li-
neares dentro de um mesmo talhão é de
8% a 10%”.
Ele conta que a Agricultura de Pre-
cisão já foi considerada um bicho de
sete cabeças pelos produtores. Porém,
atualmente, o nível de aceitação dessas
tecnologias tem aumentado considera-
velmente. “Os agricultores têm percebi-
do que, mesmo diante da crise em que
estamos, é importante que haja investi-
mentos visando o aumento de produti-
vidade e, consequentemente, de lucros”,
finaliza.
Cada torre RTK possui potencial para emitir um sinal com raio médio de 20 mil hectares DIVULGAÇÃOCOLORADOMÁQUINAS-JOHNDEERE
36	 Julho · 2015
PESQUISA & DESENVOLVIMENTO
Clivonei Roberto
O FRIO NÃO É MAIS PROBLEMA! NOVAS VARIEDADES DESENVOLVIDAS
PELA RIDESA E PELA EMBRAPA CLIMA TEMPERADO GARANTEM
A VIABILIDADE DA CANA NO RIO GRANDE DO SUL
A cana que vem do frio!
PAULOLANZETTA
Dia de Campo sobre Cana-de-Açúcar, promovido pela Embrapa Clima Temperado,
Emater/RS e Ridesa: apresentação a produtores das variedades produtivas em áreas gaúchas
P
ara crescer, a cana-de-açúcar preci-
sa de sol e luz. Por encontrar estas
condições, a cultura se desenvolveu
ao redor do globo nas regiões de clima
tropical e sub-tropical. No Brasil, a cana se
instalou na Zona da Mata nordestina, nos
estados do Sudeste, especialmente São
Paulo, e mais recentemente tem consoli-
dado sua presença na região Centro-Oes-
te. Já no Sul do país, a atividade canavieira
tem boa presença no Paraná, especial-
mente nas regiões Norte e Noroeste do
estado, onde os agricultores encontraram
condições propícias para a cultura.
Mas o clima temperado estabeleceu
uma barreira para a expansão em larga es-
cala da cana em direção aos outros esta-
dos do Sul do Brasil. Em Santa Catarina o
37
cultivo é direcionado à produção de gara-
pa. O estado é o maior produtor e consu-
midor de caldo de cana do Brasil. Porém,
o pequeno volume de produção e a pro-
dutividade limitada pelas condições eda-
foclimáticas não incentivaram a implanta-
ção de unidades sucroenergéticas.
É sonho antigo do Rio Grande do Sul
se tornar um grande produtor de cana,
açúcar e etanol, afinal, importa os produ-
tos de outros Estados. A expansão cana-
vieira que embalou o país, por volta de 10
anos e a instalação da fábrica de plástico
verde da Braskem nas terras gaúchas es-
timularam investimentos, e quase que a
Destilaria Coopercana, localizada em Por-
to Xavier, no Oeste do Estado, a maior ex-
periência gaúcha na área canavieira, ga-
nha a companhia de novas unidades.
Porém, a crise que envolveu o se-
tor e a inexistência de variedades de cana
adaptadas ao clima gaúcho congelaram
os projetos. E a cana nos pampas conti-
nuou restrita aos pequenos agricultores
que a cultivam para produzir rapadura, ca-
chaça e garapa.
Mas se depender dos pesquisadores
da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e
da unidade da Embrapa (Embrapa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária) – Clima Tempe-
rado, situada em Pelotas, RS, as condições
climáticas poderão deixar de ser uma limi-
tação para o desenvolvimento da cana-de
-açúcar em boa parte do Sul do país. Desde
2006 eles pesquisam o desenvolvimento de
variedades de cana tolerantes ao frio.
Segundo Edelclaiton Daros, profes-
sor da UFPR, instituição que integra a RI-
DESA (Rede Interuniversitária para o De-
senvolvimento do Setor Sucroenergético),
nunca houve uma seleção de material va-
rietal específica para o Rio Grande do Sul.
“Diferente do que estamos fazendo há
nove anos. Fizemos um cruzamento na
Serra do Ouro, AL, pela Universidade Fe-
deral de Alagoas já com progenitores to-
lerantes ao frio. Depois destes cruzamen-
PAULOLANZETTA
Em 2014 foram
selecionados
105 clones T3
38	 Julho · 2015
tos específicos, mandamos estes materiais
para o Rio Grande do Sul, onde foram se-
lecionados em condições adversas.”
De acordo com Sérgio dos Anjos,
pesquisador da Embrapa Clima Tempera-
do, estão atualmente em avaliação no Rio
Grande do Sul mais de mil clones, sendo
que em 2014 foram selecionados 105 clo-
nes T3, que fazem parte do Ensaio Prelimi-
nar do convênio entre o RS e o PR.
Em 2015, os 105 materiais com tole-
rância ao frio, selecionados no Rio Grande
do Sul, foram recebidos pela UFPR. “Agora
que recebemos estes materiais, vamos ini-
ciar os primeiros testes no estado do Pa-
raná e provavelmente a partir de 2016 es-
tes materiais também serão avaliados no
Mato Grosso do Sul, em parceria com a RI-
DESA/UFSCar”, relata Daros.
Já no Ensaio Regional, a Embrapa Cli-
ma Temperado tem 46 Genótipos sendo tes-
tados em 12 locais diferentes no Rio Grande
do Sul. As características principais dos ge-
nótiposselecionadossãoprodutividade,boa
adaptação às condições ambientais, estabi-
lidade e tolerância a doenças. Após a ava-
liação de campo em quatro safras agrícolas
(entre o ciclo 2010/2011 e o 2013/2014) em
cinco locais no Rio Grande do Sul, a Embra-
pa já tem uma lista com os genótipos de ca-
na-de-açúcar que apresentam melhor nível
de tolerância ao frio na fase de maturação,
tanto para ciclo precoce como médio tardio.
São ao todo 38 materiais.
PESQUISA & DESENVOLVIMENTO
Genótipos de cana-de-açúcar que apresentam melhor
nível de tolerância ao frio na fase de maturação
Genótipos de ciclo precoce
RB005935, RB006996, RB015868,
RB015895, RB016910, RB016913,
RB016916, RB016918, RB036145,
RB036152, RB855156*, RB925345,
RB935581, RB966928, RB975932,
RB975935, RB975944, RB985867
Genótipos de ciclo médio tardio
RB005003, RB005014, RB005017,
RB006624, RB867515, RB92579,
RB937570, RB965560, RB975290,
RB995431, RB996519, RB996527,
RB996532, RB008347, RB835089*,
RB845197, RB925268, RB935744,
RB987932, RB987935.
39
Nove variedades indicadas
Este projeto de desenvolvimento de
variedades tolerantes ao frio já resultou na
indicação de cultivo de 9 variedades. “O
comportamento delas está muito bom, es-
tão sendo plantadas por pequenos produ-
tores em diferentes pontos do Rio Grande
do Sul”, afirma Daros.
Segundo Dos Anjos, a tolerância ao
frio foi fator determinante para a indica-
ção destes materiais. “No que se refere
a esta característica é importante salien-
tar que o período de frio que antecede o
inverno propicia a aclimatação destes ge-
nótipos, aumentando a tolerância duran-
te geadas mais severas. Isto não acontece
em ambientes como Mato Grosso do Sul,
São Paulo e Paraná, onde a queda de tem-
peratura é muito abrupta, causando danos
irreversíveis”, explica.
Segundo o pesquisador da Embrapa
Clima Temperado, as variedades de cana-
de-açúcar recomendadas para o RS já fo-
ram adotadas por mais de 138 produto-
res que produzem cana e não apenas para
produção de álcool, mas também para a
fabricação de aguardente, açúcar masca-
vo, melado e alimentação animal.
Estas 9 variedades indicadas para
plantio no RS foram lançadas em 2012. Na
ocasião, houve a assinatura do convênio
entre a Embrapa e a Universidade Fede-
ral do Paraná. “Isto melhorou muito nos-
sa articulação com a Ridesa do Paraná,
PAULOLANZETTA
Pesquisador Sergio dos Anjos conduziu o público em visitação ao canavial
40	 Julho · 2015
assim como
com outros
pesquisado-
res de outras
Universida-
des da Rede,
que se apro-
ximaram mais
do projeto fa-
cilitando nos-
sos trabalhos
e proporcio-
nando mais
discussões sobre demandas da cultura”,
afirma dos Anjos.
Cana no RS atrai investidores
De acordo com Dos Anjos, os resul-
tados obtidos neste projeto, as novas de-
mandas do setor no Rio Grande do Sul e a
capacitação da equipe técnica permitiram
a continuidade deste trabalho com finan-
ciamento da Petrobras, que tem mostrado
interesse em investir na produção de eta-
nol no RS.
PESQUISA & DESENVOLVIMENTO
Cultivares adaptadas ao RS
RB855156 - precoce - 93 toneladas de colmos/ha
RB966928 - estabilidade boa - 93 toneladas de colmos/ha
RB946903 - menos tolerante ao frio - 97 toneladas de colmos/ha
RB925345 - mais precoce - 103 toneladas de colmos/ha
RB965902 - tem mais exigências - 94 toneladas de colmos/ha
RB867515 - é a mais cultivada no país - 99 toneladas de colmos/ha
RB925268 - tem exigências de solo - 102 toneladas de colmos/ha
RB935744 - crescimento rápido - 109 toneladas de colmos/ha
RB845210 - tem longevidade - 94 toneladas de colmos/ha
Variedades RB 966928 e 935744 estão entre os nove materiais
indicados para cultivo no Rio Grande do Sul
41
Além disso, o pesquisador da Em-
brapa relata que, com os resultados já ob-
tidos relacionados principalmente com
o desempenho do material genético e à
adaptação nas condições de frio, aumen-
tou o interesse de empresas em investir
no setor no estado, inclusive consideran-
do que há áreas aptas à cultura canavieira
no Rio Grande do Sul, segundo o Zonea-
mento Agroecológico da Cana.
O entrave no momento é a crise en-
frentada pelo setor sucroenergético e pela
economia do país. “Porque falta recurso
e a instabilidade na política dos biocom-
bustíveis gera dúvidas em novos investi-
mentos, principalmente numa região não
tradicional.”
De qualquer forma, independente
dos cenários incertos, RIDESA e Embrapa
continuam apostando na viabilidade da
cana-de-açúcar tolerante ao frio. Apesar
de que este projeto vai muito além disso.
“Hoje já contamos com as variedades indi-
cadas e muitos clones promissores já ava-
liados, mas nosso trabalho não é só com
variedades. Temos pesquisas em anda-
mento para todo o sistema de produção,
que é tão importante quanto o desenvol-
vimento de novas variedades, que fazem
parte do sistema. Portanto, temos desen-
volvido tecnologias que permitem dizer
que a produção de cana no RS não é mais
um fator limitante para o setor sucroener-
gético”, diz o pesquisador da Embrapa.
PAULOLANZETTA
Melhoramento genético:
esperança de que
canaviais ganhem espaço
nas terras gaúchas
42	 Julho · 2015
HERBISHOW
Tiririca é uma das plantas
daninhas mais agressivas
DIVULGAÇÃOLABORATÓRIODEPLANTASDANINHASDAUFG-UFG/CÂMPUSJATAÍ-UNIDADEJATOBÁ
43
Não relaxe com a Tiririca!
C
om registros que datam 4600 anos
antes de Cristo, a Tiririca, perten-
cente à família botânica Cypera-
ceae, é considerada uma das plantas da-
ninhas mais agressivas encontradas até
hoje. Por ser extremamente rústica e de
fácil adaptação a solos de diferentes tex-
turas e pH, e com variados graus de ferti-
lidade, ela já foi relatada praticamente no
mundo todo, principalmente onde há con-
dições de clima tropical e subtropical.
O professor adjunto da Universidade
Federal de Goiás (UFG), Regional Jataí, e
doutor em agronomia com ênfase em ci-
ência de plantas daninhas, Paulo César Ti-
mossi, explica que, dentre as espécies de
Tiririca, a Cyperus rotundus tem sido a
mais importante para o setor canavieiro,
ADOÇÃO DE HERBICIDAS DE ALTA EFICIÊNCIA CONSEGUIU
REDUZIR AS INFESTAÇÕES DE TIRIRICA NOS ÚLTIMOS ANOS.
PORÉM, CASO O PRODUTOR SE DESCUIDE, ESSA PLANTA DANINHA
PODE REDUZIR A PRODUTIVIDADE DA ÁREA EM ATÉ 40%
Leonardo Ruiz
DIVULGAÇÃOLABORATÓRIODEPLANTASDANINHAS
DAUFG-UFG/CÂMPUSJATAÍ-UNIDADEJATOBÁ
Alta infestação de Tiririca: acima de 1.000 manifestações epígeas por
metro quadrado podem dizimar a produtividade do canavial em até 40%
44	 Julho · 2015
HERBISHOW
devido às suas características botânicas e
biológicas. “A espécie é perene, com pro-
pagação vegetativa acima de 95% da dis-
persão e pouca importância da dissemi-
nação por sementes. Ela apresenta porte
baixo, atingindo, no máximo, 40 centíme-
tros de altura e não tolera sombreamento,
o que faz com que haja senescência das
manifestações epígeas a partir do mo-
mento em que as entrelinhas da cana-de
-açúcar ficam sombreadas”.
A disseminação da Tiririca se dá pela
fragmentação de rizomas e distribuição de
tubérculos presentes na camada subsu-
perficial (0 a 30 cm) do solo, a qual ocorre
sempre na projeção das linhas de cultivo.
“No início da infestação de novas áreas,
essa daninha se desenvolve e propaga-se
em reboleiras. Dessa forma, quanto mais o
solo for movimentado, maior será a distri-
buição/infestação na área de cultivo”, afir-
ma Timossi.
Sem cuidado, Tiririca
pode dizimar canavial
Altas infestações de Tiririca, acima
de 1.000 manifestações epígeas por metro
quadrado, podem dizimar a produtivida-
de do canavial em até 40%. O professor da
UFG conta, ainda, que essa planta daninha
prejudica a formação de perfilhos/afilhos
e, consequentemente, o desenvolvimento
dos colmos. “As principais formas de in-
terferência estão na competição por nu-
trientes e água. Além disso, ela apresenta
efeitos alelopáticos, os quais também in-
terferem no desenvolvimento inicial das
plantas.”
Por isso, é importante que o produtor
adote medidas preventivas visando dimi-
nuir a infestação de novas áreas, se basean-
do na inspeção/limpeza de equipamentos
e máquinas. A lavagem dos equipamentos/
maquinários logo após a saída de áreas in-
festadas se torna vital nesse cenário.
Já o controle é baseado na adoção
de herbicidas seletivos, aplicados em pré
e pós-emergência. “É importante ressaltar
que esses produtos necessitam de boa es-
Aplicação de herbicida: O
controle de Tiririca é baseado
na adoção de herbicidas
seletivos, aplicados em
pré e pós-emergência
45
tabilidade físico-química em condições ad-
versas de clima e textura de solo, pois, com
a colheita de cana crua, a presença de pa-
lha residual tem demonstrado ser mais um
quesito a ser analisado na escolha do ingre-
diente ativo a ser adotado”, afirma Timossi.
Tiririca pode se adaptar
ao canavial com palha
A Tiririca já foi considerada a pior
planta daninha encontrada em canaviais
brasileiros, devido às suas características
de agressividade e pelo seu difícil contro-
le, já que possui propagação vegetativa e
por sementes. Dessa forma, a cada opera-
ção de cultivo/adubação pós-colheita de
lavouras já infestadas pela espécie, havia
um aumento expressivo na multiplicação
de plantas.
Ao longo dos últimos anos, a Tiririca
reduziu seu grau de importância junto ao
setor sucroenergético. Paulo César Timos-
si, da UFG, explica que a presença da pa-
lha residual, proveniente da colheita me-
canizada de cana crua, foi um dos fatores
que contribuiu para a diminuição da pre-
sença de Tiririca nos canaviais. “Em varie-
dades que possibilitam maior quantidade
de palha sobre o solo, registramos que a
população dessa daninha diminuiu ines-
peradamente no primeiro momento. Po-
rém, ao longo dos anos, é provável que ela
se recupere, mostrando haver adaptação a
esse novo sistema”.
Herbicida de alta eficiência
Porém, um dos principais motivos
que possibilitam a redução da Tiririca é a
DIVULGAÇÃOLABORATÓRIODEPLANTASDANINHASDAUFG-UFG/CÂMPUSJATAÍ-UNIDADEJATOBÁ
“Plateau®
controla não só a parte aérea
da Tiririca, mas também diminui, em
até 60% no primeiro ano, o número de
tubérculos”, informa Daniel Medeiros
46	 Julho · 2015
utilização de herbicidas altamente eficien-
tes, que chegam a diminuir acima de 80%
da infestação logo na primeira aplicação.
“Essa forma de manejo praticamente man-
tém as populações abaixo de 5%, a qual
em muitos casos se concentra na encos-
ta de terraços, os quais não são sombrea-
dos de forma eficiente e nem cobertos por
palha residual, demonstrando que a pró-
pria cultura também colabora com a dimi-
nuição das infestações”, afirma Paulo Cé-
sar Timossi.
Pertencente ao grupo químico das
Imidazolinonas, o Plateau®
, herbicida se-
letivo da BASF recomendado para o con-
trole de plantas daninhas na cultura do
amendoim e da cana–de–açúcar, é um
grande aliado no controle da Tiririca nos
canaviais brasileiros.
Daniel Medeiros, da área de Desen-
volvimento de Mercado da empresa, con-
ta que, durante o desenvolvimento do
produto, havia apenas um herbicida no
mercado que controlava a Tiririca. “Dessa
forma, a questão dessa daninha foi mui-
to bem trabalhada pela BASF. O Plateau®
controla não só a parte aérea dessa dani-
nha, mas também diminui, em até 60% no
primeiro ano, o número de tubérculos. Ou
seja, com dois a três anos de aplicações, é
possível reduzir a presença da planta a ní-
veis bastante satisfatórios”.
Medeiros explica que, em função do
grande banco de sementes presente nos
canaviais, a erradicação completa da Tiriri-
ca é praticamente impossível. “Além disso,
cerca de 20% dos tubérculos permanecem
dormentes, ou seja, não estão aptos a ab-
sorver o herbicida. Dessa forma, se levar-
mos em conta apenas o número de partes
HERBISHOW
Canavial tratado com Plateau®
, livre de Tiririca e com maior produtividade
47
subterrâneas que são capazes de receber
o produto, o nível de eficiência do Plate-
au®
é ainda maior.”
Um dos primeiros herbicidas a poder
ser trabalhado na época seca, o Plateau®
possui um perfil muito satisfatório, pois
é o que mais atravessa a palha da cana,
ou seja, com apenas 20mm de chuva, cer-
ca de 85% do ingrediente ativo já conse-
gue atingir o solo. “É importante ressaltar
que essa chuva não precisa acontecer, ne-
cessariamente, logo após a aplicação, pois
o produto possui alta estabilidade, supor-
tando condições adversas severas, ou seja,
mesmo se a chuva vier apenas dois me-
ses após a aplicação, o produto consegui-
rá transpor a palha com a mesma eficiên-
cia”, afirma Medeiros.
Tiririca em Campo Florido
Na região abrangida pela CanaCam-
po (Associação de Fornecedores de Cana
da Região de Campo Florido-MG), a Tiriri-
ca ainda é encontrada por muitos produ-
Para controle de
Tiririca, o herbicida
recomendado por Piau
é o Plateau®
, da BASF
tores. O coordenador agrícola da Associa-
ção, Rodrigo Piau, conta que, mesmo essa
daninha estando em áreas específicas na
região, é uma planta que deve ser trata-
da com muito cuidado para que sua pro-
pagação seja evitada. “Nossa orientação é
que sejam feitas limpezas dos implemen-
tos antes que esses troquem de proprie-
dade. Além disso, é importante que se
faça um manejo cuidadoso da muda, evi-
tando que a Tiririca seja levada para locais
livres de infestações dessa planta”.
Nas áreas onde há infestação, o her-
bicida recomendado por Piau é o Plateau®
,
da BASF. “Orientamos uma aplicação na
soqueira ou na desinfestação de área com
dose de 210 a 230 gramas/ha. Esse méto-
do de manejo nos proporciona uma efici-
ência de 70% a 80% no controle”, finaliza.
Para o controle de tiririca as doses de
Plateau®
variam de acordo com o tipo de
solo e teor de matéria orgânica, com ampli-
tude de 175 a 230 g/ha na cana soca e de
200 a 350 g/ha na desinfestação das áreas.
48	 Julho · 2015
CAPA
49
A cana diz
não ao fogo
SETOR SUCROENERGÉTICO E ABAG/RP PROMOVEM CAMPANHA
DE CONTROLE DE INCÊNDIOS NA ÁREA RURAL E MOSTRAM
QUE INCÊNDIO É DIFERENTE DE QUEIMA CONTROLADA
Incêndios causam danos
ambientais, sociais e
colocam em risco a vida
de pessoas e animais
50	 Julho · 2015
E
m 2014, o estado de São Paulo vi-
veu a pior seca dos últimos 70 anos.
Com tempo seco e quente, a zona
rural enfrentou condições alarmantes cau-
sadas por incêndios, trazendo grandes da-
nos para o meio ambiente, para a popula-
ção e para a agropecuária.
“No estado de São Paulo, em 2014,
o corpo de bombeiros recebeu aproxima-
damente 36 mil ocorrências emergenciais
de incêndio em cobertura vegetal, e não
incêndio estrutural e em indústrias. É um
número realmente expressivo”, relata o
Capitão Rodrigo de Araújo, do Corpo de
Bombeiros de Ribeirão Preto.
Incêndios não controlados, de ori-
gem criminosa ou acidental, sempre fo-
ram comuns ao longo do ano na zona
rural, atingindo áreas verdes, diferentes ti-
pos de plantações, instalações de fazen-
das e máquinas agrícolas, além de provo-
car acidentes em rodovias, por conta da
fumaça, e de colocar em risco a vida de
pessoas e animais.
Para minimizar os prejuízos causa-
dos pelo fogo à população e à agricultura,
produtores rurais, entidades representati-
vas e usinas de açúcar e etanol do interior
paulista se uniram em uma campanha de
conscientização. A iniciativa é da Associa-
CAPA
Leonardo Ruiz. Clivonei Roberto e Luciana Paiva
Casa cheia no evento que marcou o lançamento da campanha, em Ribeirão Preto
51
52	 Julho · 2015
ção Brasileira do Agronegócio da Região
de Ribeirão Preto (ABAG/RP), que lançou
a ação no último dia 15 de julho em um
evento em Ribeirão Preto. “A ação preten-
de despertar a população para atitudes
que evitem incêndios, criar uma rede de
comunicação entre os agentes produtivos
e ampliar os canais de comunicação com a
sociedade”, diz Marcos Matos, diretor exe-
cutivo da ABAG/RP.
A campanha
A campanha começou em julho, no
início do período mais seco do ano quan-
do a ocorrência do fogo é, historicamen-
te, maior, e segue até outubro com uma
série de ações de comunicação e educa-
ção. “Mas deve durar muito tempo. Esse é
o primeiro passo do projeto, que começou
a partir da união entre produtores, usinas,
associações, em prol da preservação am-
biental e da maior sustentabilidade do se-
tor”, diz Valéria Ribeiro, assessora de co-
municação da ABAG/RP.
A ação foi construída a partir de vá-
rias reuniões envolvendo os produtores
Grupos envolvidos diretamente na campanha
1) Associados da ABAG/RP
Setor sucroenergético:
- Grupo Balbo (Santo Antônio e São Francisco),
- Grupo São Martinho (Iracema, Santa Cruz e São Martinho),
- Grupo Pedra Agroindustrial (Ipê, Pedra e Buriti),
- Usinas Batatais/Lins, Ipiranga/Iacanga, Santa Fé e Viralcool.
Associações de Produtores:
- Canaoeste (As. dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de S. Paulo),
- Copercana (Coop. dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de S. Paulo),
- Coplana (Coop. dos Plantadores de Cana de Guariba),
- Socicana (Associação dos Fornecedores de Cana de Guariba).
2) Parceiros na Campanha
- Grupo Biosev,
- Grupo Raízen.
3) Apoiadores
- Usinas Pitangueiras, Moreno e Grupo Guarani.
CAPA
53
“Incêndio é
diferente de queima
controlada”, diz Matos
rurais, associações, usi-
nas, entre outros atores
da sociedade civil. Matos
informa que três motes
serão trabalhados:
1 – Incêndio é diferente de queima
controlada;
2 – Incêndio não interessa pra nin-
guém: nem para o campo, nem para a
cidade;
3 – Consciência e responsabilidade: a
melhor prevenção.
O diretor da Abag/RP salienta que a
campanha pretende deixar claro que in-
cêndio é diferente de queima controlada,
que requer permissão da CETESB (Com-
panhia Ambiental do Estado de São Pau-
lo), horário marcado e monitoramento das
condições do ar. “Incêndio é situação cri-
Queima de cana controlada
acontece de madrugada,
longe das áreas urbanas,
com a presença de
carro pipa e que requer
permissão da Cetesb
54	 Julho · 2015
minosa, tem causa desconhecida e resulta
em grandes perdas. É perigoso para pes-
soas, estruturas e causa grandes prejuízos
no campo e na cidade”, diz Matos.
A campanha é bastante representati-
va. Os grupos empresariais, as cooperati-
vas e as associações que integram a ação
representam 3.500 produtores rurais. E
isto significa 150 milhões de toneladas de
cana, 2 milhões de hectares plantados e
75 mil empregos diretos. De acordo com
Matos, a produção dos participantes da
campanha representa 44% de toda a cana
do estado de São Paulo.
O combate efetivo aos incêndios
na zona rural não tem apenas importân-
cia econômica e ambiental, mas também
social. O fogo, quando se alastra, destrói
tudo pela frente, sem distinção de tama-
nho da propriedade. Quando se analisam
os 3.500 produtores rurais que são repre-
sentados pelos grupos e entidades que
apoiam a campanha, 37% deles produzem
menos de mil toneladas de cana por safra
(em torno de 12 hectares) e 45% produ-
zem entre mil e 6 mil toneladas (entre 12
e 75 hectares). “Ou seja, 82% dos produ-
tores rurais envolvidos nesta iniciativa es-
tão abaixo de 75 hectares”, destaca Matos.
Marco Antonio Sanches Artuzo, ge-
rente regional da CETESB em Ribeirão Pre-
to, diz que essa campanha é uma evolu-
ção. “Não sei se é uma ação pioneira, mas
é muito bem-vinda. É uma iniciativa pre-
ventiva e integrada, que visa minimizar as
vulnerabilidades a incêndios e é funda-
mental a participação de todos: da área
produtiva, das instituições, que têm mis-
são de fiscalizar, da sociedade como um
todo, para que compreenda que deve se
envolver com o assunto.”
Investimento em
comunicação e educação	
Matos salienta que a intensão é se
comunicar com a sociedade utilizando
CAPA
Arte da campanha
para busdoor
55
56	 Julho · 2015
uma linguagem clara e uma mensagem
bem objetiva. A ação é composta pelas
seguintes peças de comunicação: dois co-
merciais de televisão (duas versões de 15
segundos) e dois spots de rádio (30 se-
gundos cada), além de anúncio para revis-
tas e jornais, e arte para outdoors, busdo-
ors e placas para estradas. Os associados
da ABAG/RP e os parceiros da campanha
podem replicar essas comunicações nas
suas respectivas regiões, utilizando das
estratégias que acharem mais eficientes.
As placas de alerta serão coloca-
das nas estradas com telefones das usinas
mais próximas para facilitar a comunica-
ção e garantir que o combate aos incên-
dios aconteça no menor tempo possível.
Além disso, mais de 100 mil carti-
lhas serão entregues para as comunida-
des do entorno das unidades produtivas e
em escolas da região. Inclusive serão dis-
tribuídas nas escolas que fazem parte do
programa educacional Agronegócio na
Escola, da própria ABAG/RP. As unidades
de produção ainda colocarão seus técni-
cos à disposição para ministrar palestras
de esclarecimento e também para treinar
ou ajudar a formar brigadas municipais de
combate aos incêndios.
“Nas cartilhas são explorados bas-
tante os hábitos sustentáveis. Ela faz parte
da estratégia educacional da campanha,
que é fundamental. Este material mostra o
perigo do fogo e a importância do envol-
vimento de todos para a sua prevenção”,
diz Matos.
O Capitão Rodrigo de Araújo obser-
va que no mundo todo, a prevenção de in-
cêndio em vegetação começa por educa-
ção pública. “Em outros países boa parte
dos incêndios é causada por fatores natu-
rais, mas no Brasil é muito predominante
a condição comportamental. O incêndio
CAPA
Assista os
vídeos da
campanha
para a TV
Ouça spot
da campanha
para o rádio
57
é iniciado de uma forma que poderia ter
sido prevenida. Por isso, uma campanha
como essa é tudo o que se precisa para se
mudar esse cenário de tantos incêndios.”
Campanha reforçará
as ações individuais
Para Vitor Antenor Morilha, assessor
de meio ambiente para as unidades do
Grupo São Martinho, presente no lança-
mento da campanha, a ação permitirá que
as empresas que já desenvolvem traba-
lhos integrados, em planos de auxílio mú-
tuo, tenham maior efetividade no comba-
te aos incêndios.
O Grupo São Martinho tem uma atu-
ação bem organizada voltada ao comba-
te aos incêndios não controlados. “Para fa-
zer essa nossa estrutura funcionar, temos
colaboradores, devidamente treinados e
reciclados, além de dispormos de equi-
pamentos adequados para cada tipo de
incêndio. Isto permite que nosso comba-
te seja sempre efetivo e rápido, causando
menor prejuízo possível aos canaviais, às
áreas de proteção ambiental e aos equipa-
mentos da empresa”, relata Morilha, des-
tacando que a São Martinho não realiza a
queima da palha para realizar colheita de
cana. Hoje o Grupo colhe 100% das áreas
passíveis de mecanização com máquinas.
Fernando Lima, diretor de produção
agrícola da Raízen, também prestigiou o
lançamento e diz ter gostado muito da ini-
ciativa. “Normalmente fazemos prevenção
isolada e nunca alcançamos a amplitude
que precisamos, que é atingir a popula-
ção, as escolas, as pessoas que transitam
Arte da campanha para outdoor
Morilha: campanha
permitirá maior efetividade
no combate aos incêndios
58	 Julho · 2015
pelos canaviais e não têm conhecimen-
to da nossa cultura, que é a cana-de-açú-
car.” A Raízen vai atuar ativamente na cam-
panha, principalmente com a participação
das unidades do Grupo que ficam nas re-
giões de São Carlos e Araraquara. “Pos-
teriormente avaliaremos o resultado para
tomar a decisão se expandiremos a ação
para todo o Grupo.”
Segundo Lima, no ano passado a Ra-
ízen registrou focos de incêndio em todas
as regiões em que está presente, mesmo
desenvolvendo uma política bem estrutu-
ra de combate aos incêndios não contro-
lados. “Ao todo, trabalhamos com 1.700
pessoas envolvidas no combate de incên-
dio. Em todas as unidades, são 170 cami-
nhões, torres de vigia, EPIs. Nossa preocu-
pação é combater o incêndio rapidamente
para que não tome grandes proporções.”
A Raízen hoje tem 97% de colheita mecâ-
nica e não utiliza do fogo como facilitador
de colheita.
Somente no polo agroindustrial Ri-
beirão Preto da Biosev, Reginaldo Saba-
nai, diretor de saúde, segurança, meio
ambiente e competitividade da empresa,
relata que é mantido um time composto
por cerca de 350 pessoas, treinado e dedi-
cado à área de combate. “Além disso, te-
mos um ativo de 50 caminhões que ficam
posicionados e acompanham as atividades
em pontos críticos para combater possí-
veis focos”. A Biosev trabalha fortemente a
questão da comunicação junto a seus co-
laboradores e cidades próximas, com car-
tazes e outdoors com os números de con-
tato para que qualquer um possa avisar a
empresa em caso de incêndio. “Além dis-
so, procuramos atuar junto aos fornece-
CAPA
Equipe da Usina Alta Mogiana no lançamento da campanha: Ricardo Antônio
Jordão, Saulo Augusto de Almeida Cantasini, e Sebastião Falcão da Silva
59
Sabanai: “não é de
interesse das empresas
sucroenergéticas
provocar queimadas”
Nogueira: “No ano
passado mensuramos cerca
de 54 focos de incêndio
entre nossos associados”
dores, instruindo-os nas melhores estraté-
gias de combate e prevenção, por meio de
palestras, treinamentos e reuniões.”
População desconhece
a realidade
Um aspecto importante da campa-
nha é a oportunidade de mostrar para a
sociedade que o fogo não está mais atre-
lado à cana. O Protocolo Agroambiental,
firmado entre o governo do estado de São
Paulo, a Unica (União da Indústria de Ca-
na-de-açúcar) e os produtores de cana,
teve papel fundamental nesse processo,
uma vez que estabeleceu 2014 como pra-
zo máximo para as usinas e produtores
signatários extinguir a quei-
ma para a colheita de cana nas
áreas mecanizáveis. Já nas áre-
as não mecanizáveis, o Proto-
colo estabelece como prazo
final o ano de 2017.
O que se viu, nos últi-
mos anos, foi um processo
acelerado de mecanização
dos canaviais no estado de São Paulo. “No
estado, como um todo, chegamos a 90%
do índice de mecanização e na região de
Ribeirão Preto esse índice é maior ainda,
entre 93% e 97%”, observa José Guilherme
Nogueira, superintendente da Socicana.
Para Nogueira, a sociedade ainda
desconhece que cada vez menos o setor
se utiliza do fogo para colher o canavial.
“Por isso, quando cai fuligem na casa de
um morador, logo já dizem: ‘é o usineiro
que está queimando cana’, o que normal-
mente não é verdade. E além de ser uma
prática mínima, quando ocorre é controla-
da e longe dos espaços urbanos.”
A incidência da queima de cana para
DIVULGAÇÃOBIOSEV
60	 Julho · 2015
Laurentis: “o produtor
de cana muitas vezes é
apontado como causador
de um incêndio, o
que é injusto”
fins de colheita já está em fase final, ainda
mais perto de cidades. “Acredito que em
dois anos vamos chegar à queima zero. In-
clusive com a substituição das áreas que
hoje não se consegue colher com máqui-
na”, diz Nogueira, lembrando que o nível
de mecanização da colheita entre os asso-
ciados da Socicana hoje é de 85%. E onde
ainda ocorre a queima, a ação ocorre de
madrugada e acompanhada por um cami-
nhão equipado. E isso quando a queima é
permitida.
Reginaldo Sabanai salienta que toda
a indústria é bastante afetada quando há
um incêndio. Dessa forma, é importante
que a população saiba que não é de inte-
resse das empresas sucroenergéticas pro-
vocar queimadas.
Para o engenheiro ambiental da Usi-
na Açucareira Guaíra, Anderson Faria Ma-
lerba, a questão da conscientização e edu-
cação ambiental é o ponto crucial dessa
campanha. “A população precisa entender
que as usinas já não fazem o uso do fogo
para realizar a colheita da cana-de-açúcar,
que agora é praticamente toda feita com
máquinas. Muitos incêndios partem de si-
tiantes, que colocam fogo em entulhos
durante as épocas secas do ano, e a pre-
sença do vento pode levar fagulhas para
o canavial mais próximo, iniciando, dessa
forma, um foco de incêndio. A campanha
é fundamental para que a população dei-
xe de enxergar as usinas como vilãs e sai-
ba que esses incêndios também causam
prejuízos a elas.”
Para Francisco Laurentis Filho, do
conselho da ABAG/RP e
secretário da Coplana,
os incêndios, criminosos
ou acidentais, trazem um
grande prejuízo ao pro-
CAPA
Anderson Faria Malerba: “A questão da
conscientização e educação ambiental é o
ponto crucial da campanha da ABAG/RP”
61
dutor de cana-de-açúcar, que muitas ve-
zes ainda é apontado injustamente como
o causador do fogo. “É como se o produ-
tor tivesse alguma vantagem com o uso
do fogo, mas isso não é verdade. É algo
que praticamente deixou de existir.”
Riqueza que vira cinzas
Na verdade, os incêndios criminosos
têm provocado grandes perdas no setor.
O polo agroindustrial Ribeirão Preto da
Biosev, composto por quatro usinas (San-
ta Elisa, Vale do Rosário, MB e Continental)
sofreu com os incêndios atípicos de 2014.
Reginaldo Sabanai conta que a seca afe-
tou severamente as unidades do Polo, fa-
zendo com que houvesse um índice ele-
vado de queimadas que causou diversos
prejuízos.
Em 2014, os associados da Socica-
na também sofreram sérios prejuízos, se-
gundo o superintendente da associação,
José Guilherme Nogueira. “No ano passa-
do mensuramos cerca de 54 focos de in-
cêndio. Houve grandes perdas. Existe uma
produtividade esperada daquele canavial
que pegou fogo. E na maioria dos casos
não estava na época da colheita daque-
la cana. Quando o fogo ocorre, aconte-
ce antes mesmo do ponto de maturação
da cana. Isso prejudica, pois a cana pode-
ria dar volume maior de toneladas, além
da palha e bagaço que poderiam ser usa-
dos para cogeração. Assim, diretamente
o produtor perde dinheiro no campo”, diz
Nogueira. O fogo também impede que a
palhada que fica no canavial nutra o solo
e retenha a água da chuva. Em 2015, até
meados de julho, a Socicana registrou três
focos de incêndio.
Na Raízen, a biomassa é utilizada
para a produção de bioeletricidade e eta-
nol de segunda geração. “Não podemos
permitir que incêndios fora de contro-
le destruam uma fonte de riqueza como
essa, que nos oferece tantos produtos. EO incêndio transforma a cana em cinzas
62	 Julho · 2015
isso vale tanto para a cana em pé como
para a palha que fica no campo”, diz Lima.
Para ele, as perdas que se têm com estes
incêndios devem ser apresentadas para a
população por meio da campanha. Com-
provando que a cana diz não ao fogo.
CAPA
Para Lima, a sociedade não
pode permitir que incêndios
fora de controle consumam
uma fonte de riqueza
que é a cana-de-açúcar
A
ideia de unir forças para prevenir
e combater incêndios não é nova.
Unidades próximas geografica-
mente estabelecerem procedimentos co-
muns e estabelecerem canais de comuni-
cação com o objetivo de combater com
maior velocidade e eficiência qualquer
foco de incêndio que apareça na região.
PAME reduz área afetada
por incêncios em canaviais
USINAS ALTA MOGIANA, COLORADO E GUAÍRA CRIARAM O PLANO DE
AUXÍLIO MÚTUO EM SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA, VISANDO ATUAÇÃO
CONJUNTA E EFICAZ DAS EMPRESAS NO COMBATE A INCÊNDIOS
Quando há o início de um foco, as
empresas atuam juntas para garantir
o rápido combate ao incêndio
DIVULGAÇÃOALPHASEGTREINAMENTOS
63
Um exemplo bem-sucedido foi adotado na região de Ribeirão Preto. Em 2012, com
a criação do PAME (Plano de Auxílio Mútuo em Situações de Emergência) envolvendo as
Usinas Alta Mogiana, Colorado e Guaíra, em parceria com a polícia da região e com apoio
e supervisão do Corpo de Bombeiros.
Dessa forma, quando há o início de um foco, as empresas atuam juntas para garan-
tir o rápido combate ao incêndio, disponibilizando recursos materiais, de comunicação,
equipamentos e caminhões tanques/pipas, a fim de minimizar o risco à sociedade, ao
meio ambiente e ao patrimônio da empresa.
O engenheiro de segurança do trabalho da Usina Alta Mogiana, Ricardo Antônio
Jordão, conta que a iniciativa da criação de uma associação partiu do momento em que
as três usinas começaram a abolir a queima de suas atividades e constataram que já não
era mais interessante ter cana queimada. “Como as empresas possuem canaviais muito
próximos, um pequeno incêndio em determinado local pode se propagar rapidamente
para outras áreas, afetando, também, os talhões da usina vizinha”.
Sempre alerta
Cada uma das três empresas integrantes deste PAME possui sua própria estrutura
de prevenção e combate a incêndios, que vão desde mirantes, caminhões-pipa (ou ca-
minhões-bombeiro), aba-
fadores, mangotes, man-
gueiras, esguichos, EPIs,
veículos leves para apoio,
ambulâncias (caso ocor-
ram emergências com ví-
timas), kits para aplicação
de espuma (que visam
abafar a propagação do
fogo e economizar água),
Cada uma das três usinas
pertencentes ao PAME
possui sua própria
estrutura de prevenção
e combate a incêndios
DIVULGAÇÃOALPHASEGTREINAMENTOS
64	 Julho · 2015
CAPA
até torres de vigias, guardadas 24 horas por dia por funcionários munidos de binóculos
e rádios que fazem a vigilância dos canaviais. Além, é claro, das brigadas de incêndios.
A Usina Açucareira Guaíra, localizada na cidade paulista de mesmo nome, foi uma
das empresas que investiu pesado em sua estrutura de combate a incêndios. O engenhei-
ro ambiental da unidade, Anderson Faria Malerba, conta que os investimentos se deram
desde a aquisição de caminhões-pipas e equipamentos e treinamento de brigadas de in-
cêndios até a instalação de kits para aplicação de espuma nos tratores e colhedoras.
“Unida, a estrutura das três usinas possibilita uma ação rápida e eficiente, tanto na
comunicação de possíveis focos até na extinção dos mesmos. Em 2014, nós registramos
um número maior de incêndios se comparado a 2010, porém, graças à ação do PAME, as
áreas afetadas foram bem menores”, afirma Malerba.
Na Usina Alta Mogiana foram quase 10 mil hectares queimados ao longo de 2014.
Prejuízos que são incalculáveis, segundo o engenheiro agrônomo de colheita da empre-
sa, Saulo Augusto de Almeida Cantasini. Ele conta que, quando a queima ocorre em épo-
cas fora do período de safra, a cana é colhida para que haja a brotação e, posteriormen-
te, é descartada. “Além desses, existem também os prejuízos indiretos, pois, quando há
algum foco de queimada próxima, precisamos parar as atividades de colheita para que o
fogo possa ser controlado, o que representa perdas de eficiência operacional.”
Na Usina Alta Mogiana foram quase 10 mil hectares queimados ao longo de 2014
65
66	 Julho · 2015
INSECTSHOW
Sphenophorus levis quebra
usinas e produtores de cana
U
m bicho pequeno, menor do que
uma tampa de caneta, está cau-
sando estragos crescentes nos ca-
naviais do Centro-Sul, principalmente no
PRAGA AVANÇA NO CENTRO-SUL, PRINCIPALMENTE EM SÃO PAULO;
ESTIMA-SE QUE A INFESTAÇÃO ESTEJA EM MAIS DE 3 MILHÕES DE HECTARES
Clivonei Roberto, Luciana Paiva e Leonardo Ruiz
Sphenophorus
levis adulto
estado de São Paulo. É o Sphenophorus
levis (Sl), também conhecido como bicu-
do-da-cana. Uma praga que pode redu-
zir a produtividade em até 30 t/ha/corte,
67
A larva do
Sphenophorus se
“faz de morta”
além de abreviar a longevidade do cana-
vial. Há casos que, devido à alta incidên-
cia, a renovação da área tem de ocorrer no
segundo corte.
Atualmente há áreas do estado de
São Paulo com índice de infestação supe-
rior a 80%. Segundo estudo da Kleffmann,
a incidência da praga nos canaviais pau-
listas avançou 6,7% de 2013 para 2014.
De acordo com informações do Centro
de Tecnologia Canavieira (CTC), o Sphe-
nophorus levis atingiu 150 municípios em
2014 entre os estados de Minas Gerais, Pa-
raná, Mato Grosso do Sul, Goiás e, prin-
cipalmente, São Paulo – responsável por
54,6% da produção nacional de cana-de
-açúcar. Um levantamento da consulto-
ria Datagro Alta Performance indica que a
praga está presente em mais de 60% dos
canaviais do Noroeste paulista, além do
avanço considerável em outras partes do
estado, como a região de Assis.
Diante des-
tes números e pela
dimensão de da-
nos que pode cau-
sar, esta praga é
hoje um dos princi-
pais desafios do se-
tor sucroenergético.
Para Carulina Oliveira, gerente de Marke-
ting Cana, Citrus e Amendoim da BASF,
apenas com um posicionamento efetivo
dos profissionais do setor será possível
controlar a praga e minimizar os prejuízos
que tem causado.
“O produtor tem de buscar informa-
ções e se mobilizar contra o Sphenopho-
rus, que tem apresentado uma infestação
cada vez mais agressiva nas regiões cana-
vieiras do país, com exceção do Nordeste.
É uma praga que se consegue controlar,
mas é de difícil eliminação”, diz Carulina.
Segundo ela, o problema somente poderá
ser enfrentado na magnitude que repre-
senta hoje para a atividade canavieira na
medida em que os profissionais entende-
rem o risco que oferece para o negócio.
Estimativas indicam que o setor ain-
da não entrou pra valer na “guerra” con-
tra esta praga. Em 2014, foram tratados
mais de 800 mil hectares com a presença
68	 Julho · 2015
INSECTSHOW
da praga. “Porém, estima-se que mais de
3 milhões de hectares estejam infestados”,
relatou Carulina.
Difusão de conhecimento
Com o objetivo de levar informações
para o produtor de cana-de-açúcar e pro-
fissionais de usinas, a BASF promoveu, no
dia 16 de julho, no Departamento de Ciên-
cias Agrárias da Universidade Federal de
São Carlos (UFSCar), em Araras, um Encon-
tro sobre Controle do Sphenophorus. Par-
ticiparam produtores de cana, estudantes
de agronomia, consultores e jornalistas.
Na abertura do evento, Carulina des-
tacou o esforço da empresa no desenvol-
vimento de soluções para o controle desta
praga, além do compromisso com a difu-
são de conhecimento sobre o Sl.
Na BASF, o Sphenophorus não é as-
sunto recente. A empresa iniciou os estu-
dos sobre seu controle em 2004. Desde
então, a atenção da empresa direcionada
ao Sl não parou. “No ano passado come-
çamos um trabalho de inteligência para
entender melhor este inimigo da cana-de
-açúcar e também este mercado. O objeti-
vo era verificar onde esta praga está pre-
sente no país, e porque está se alastrando
de forma tão calma e ao mesmo tempo
atingindo com agressividade os cana-
viais”, contou Carulina.
Para atender este objetivo, a compa-
nhia trabalhou conjuntamente com a Kle-
ffmann a fim de traçar um perfil nacional
do Sphenophorus levis. Foi feito um levan-
Carulina: “os últimos números mostram que a infestação já está
em torno de 25% da cana-de-açúcar do estado de São Paulo”
69
tamento amplo sobre o assunto, que con-
firmou o avanço gradativo da praga sobre
os canaviais do Centro-Sul, especialmente
no estado de São Paulo.
“Ao comparar com dados do pas-
sado, vemos que em 2010 a praga esta-
va concentrada e tinha baixa infestação.
Em 2013, quando ocorrera o último levan-
tamento, a infestação com a praga já era
de 15% dos canaviais paulistas. Os últimos
números mostram que a infestação está
em torno de 25% da cana-de-açúcar do
estado de São Paulo”, disse Carulina, lem-
brando que o problema também é cres-
cente no Triângulo Mineiro, MG, na região
de Dourados, MS, e no estado de Goiás.
Sphenophorus quebra
usinas e produtores de cana
O Encontro contou com a palestra de
dois especialistas de manejo fitossanitá-
rio em cana-de-açúcar: o consultor Weber
Valério e o pesquisador Newton Macedo,
que desde 2004 participa do trabalho da
BASF em busca do controle eficiente do
Sphenophorus.
O pesquisador lembrou que essa
grande disseminação do Sl se deu com o
uso de mudas sem sanidade nas áreas de
renovação ou expansão de canavial. “Acre-
dito que o setor já abandonou em grande
parte o uso dessa prática errada, além dis-
so, a adoção da muda-pré-brotada con-
tribui para a formação de canaviais sem
pragas. Assim, hoje, o principal meio de
disseminação são as máquinas. Por isso, é
fundamental que elas sejam desinfectadas
antes de seguirem para outro talhão”, aler-
tou Macedo.
Na “batalha” contra o Sphenophorus,
Macedo ressalta que é necessário utilizar
todas as armas possíveis. “É preciso entrar
Canavial com alta infestação de Sphenophorus
70	 Julho · 2015
pesadíssimo, dando um choque na praga
para que depois haja apenas a administra-
ção da mesma, de forma que consigamos
conviver com ela em níveis satisfatórios.”
Macedo destaca que negligenciar a
incidência dessa praga é correr o risco de
não ficar no negócio, uma vez que é um
fator de redução da produtividade. “Infe-
lizmente ainda há quem não tenha ideia
do impacto que o Sphenophorus pode
trazer ao canavial. Se uma usina ou um
produtor não faz o controle adequado de
pragas, pode quebrar.” O pesquisador sa-
lientou que é fundamental tratar integral-
mente a área com infestação, e deu como
exemplo uma usina que apresentava 25
mil hectares de cana com Sphenophorus e
tratou apenas uma área de nove mil hec-
tares. “Um grande erro.”
Weber Valério concordou com Mace-
do: “Infelizmente, muitas empresas ainda
não têm a dimensão do risco que esta pra-
ga oferece. Ao reduzir a produtividade e
exigir antecipação na renovação, o Sphe-
nophorus contribuiu para o fechamen-
to de muitas usinas e vai continuar a fazer
isso”, afirmou Valério.
Até 2006 o Sphenophorus não era uma
praga de grande importância para a cana-
de-açúcar, lembrou o consultor. “Mas com o
crescimento da colheita mecanizada, a ca-
mada de palha que começou a ser forma-
da no campo deixou a praga mais confortá-
vel, uma vez que utiliza este ambiente como
abrigo”, explicou. O Sl sobrepõe ciclos, com
aproximadamente quatro a cinco gerações
por ano. “Esta praga é esperta, tem uma es-
tratégia de perpetuação. Na fase larval, que
INSECTSHOW
Newton Macedo: “o Sphenophorus levis começou a ganhar espaço,
sendo que já se tornou uma praga de grande importância para o setor”
71
é prejudicial, fica alojada dentro do rizoma,
em que é difícil chegar com defensivo quí-
mico para fazer o controle.”
Regent®
Duo, o melhor
inseticida para o
controle do Sphenophorus
Com este estudo iniciado em 2004,
a BASF reuniu importantes informações
para desenvolver o primeiro inseticida
direcionado para
o controle des-
sa praga em cana-
de-açúcar: o Re-
gent®
Duo, lançado
em 2013. De acor-
do com Daniel Me-
deiros, da área de
Desenvolvimento
Técnico de Merca-
do da BASF, o Re-
gent®
Duo é uma
ferramenta que
tem alta eficiência
no controle da pra-
ga. “Este produto apresenta efeito de cho-
que e longo residual, controlando adultos
imediatamente e oferecendo um residu-
al sobre as larvas por mais tempo, elimi-
nando os insetos antes de seu desenvolvi-
mento”, observou Daniel, destacando que
o produto tem o efeito desalojador. “O Sl
adulto se finge de morto, por isso precisa
ter um estímulo para que se movimente e
se contamine com o produto.”
Newton Macedo, que aplicou toda
sua experiência ao lado da BASF no desen-
volvimento do Regent®
Duo, salientou se
tratar do produto mais eficiente e eficaz no
combate ao Sphenophorus levis. Opinião
compartilhada por Weber Valério, consul-
tor com 34 anos de experiência trabalhan-
do com cana-de-açúcar. Ele concorda que
o Regent®
Duo é uma solução segura e efi-
caz no controle do Sl. “Este produto mistu-
Valério: “estimativas apontam
que os danos podem chegar
de 20 a 30 TCH por ano”
ra uma molécula com grande residual, que
é o Fipronil, com um produto de choque
(piretroide), que é o Fastac®
, o qual tem óti-
mo resultado contra o Sphenophorus, uma
vez que desaloja a praga de onde está alo-
jada na raiz da planta, ficando suscetível à
ação do produto”, explica.
72	 Julho · 2015
De acordo com Carulina, o Regent®
Duo é o melhor produto para o comba-
te ao Sphenophorus, mas é preciso mais
do que isso. O produtor de cana e a usi-
na precisam aprender a combater a pra-
ga. Para ela, todo profissional que traba-
lha com cana precisa buscar dados sobre a
praga, conhecer seus hábitos, para montar
uma estratégia adequada de diagnóstico e
controle e fazer a aplicação do defensivo
de forma correta. “É preciso o manejo mais
responsável possível. Caso contrário, o se-
tor nunca vai atingir os três dígitos de pro-
dutividade. Mas antes de tudo, o produtor
tem de entender que o problema existe.”
Na tentativa de controlar a praga, ou-
tra questão que requer atenção é a tecno-
logia utilizada na aplicação de defensivos.
INSECTSHOW
Daniel Medeiros:
“Regent®
Duo é uma
ferramenta que tem
alta eficiência no
controle da praga”
“Com Regent®
Duo, análises técnicas comprovaram redução de 18%
em 2013 para 2% em 2014 de tocos atacados”, mostrou Artioli
73
“Posicionar o produto por meio de defen-
sivos injetados o mais próximo de onde
ela está alojada é um grande desafio. Essa
é uma das dificuldades de controlar essa
praga”, destacou Valério. Além do desco-
nhecimento sobre a presença da praga em
seus canaviais, muitos produtores têm tra-
tado o Sl de forma errada. “É importan-
te tratar soqueira de primeiro e segundo
corte, e não as áreas que irão para refor-
ma.” O consultor conta que aplica, atual-
mente, de 70 mil a 100 mil hectares de in-
seticidas para o controle do Sl.
O sucesso do Regent®
Duo na prática
No Dia de Campo que a BASF pro-
moveu em Araras, Paulo Roberto Artioli,
produtor de cana de Macatuba, SP, e dire-
tor agrícola da Tecnocana, com 13 mil hec-
tares destinados à cultura, também foi pa-
lestrante. Ele apresentou com detalhes seu
trabalho de combate ao Sl. Artioli decla-
rou que a praga reduziu de forma signi-
ficativa sua produtividade. “Desde então,
iniciamos um trabalho minucioso para
combater esta praga por meio de contro-
les mecânicos e químicos.”
Para Artioli, todo produtor tem de
estar consciente que se tiver a área in-
festada, nunca vai ter boa produtividade.
Para amenizar a incidência da praga, Ar-
tioli adotou o método integrado de ma-
nejo, com controle mecânico na reforma,
Schiavon: “depois de aplicar Regent®
Duo, notamos que os níveis de
infestação caíram significativamente
e minha produtividade aumentou”
74	 Julho · 2015
Elisângela e Sílvio
Sarpa: “em 2014 fizemos
90% da soqueira com
Regent®
Duo, com
índice de controle
próximo de 95%”
rotação de cultura, controle químico com
Regent®
Duo no plantio e na cana-so-
ca. Na propriedade de Artioli, o uso des-
te produto é fundamental na batalha con-
tra o Sl. “Com residual de 200 dias, trouxe
segurança maior para dar continuidade
na produção, melhor relação custo x be-
nefício (margem muito boa devida à baixa
infestação) e evolução (análises técnicas
comprovaram redução de 18% em 2013
para 2% em 2014 de tocos atacados)”, diz
o produtor.
Detentor de uma área de 2.400 hec-
tares de cana-de-açúcar na região pau-
lista de Tambaú, o produtor Claudinei
Antonio Schiavon, fornecedor da Aben-
goa Bioenergia, participou como ouvinte
no Encontro da BASF sobre Sphenopho-
rus. Entrevistado pela CanaOnline, contou
que seus canaviais já sofreram com o ata-
que do Sl, considerada a pior praga de sua
propriedade. “Nossa produtividade che-
gou a cair 15%. Em área de outros forne-
cedores já vi altas infestações que deman-
daram reforma já no segundo ano, o que
representa um prejuízo enorme para qual-
quer empresa.”
A solução do produtor foi iniciar um
tratamento com o Regent®
Duo. “Após o
início dessa forma de manejo, notamos
que os níveis de infestação caíram signi-
ficativamente. Além disso, minha produti-
vidade aumentou, saindo de 81 t/ha para
85 t/ha na safra 2013/14”. Schiavon afir-
mou que, atualmente, 70% do seu cana-
vial é tratado com o inseticida da BASF. Já
no plantio, esse número sobe para 100%.
“Utilizamos o Regent®
Duo na cobertura
dos toletes e também na soqueira quando
há a necessidade”.
Elisângela Men-
des Sarpa e o marido,
Sílvio Renato Sarpa,
do Grupo Bom Retiro,
são fornecedores de
cana da Usina Ester.
Eles também presti-
giaram o evento e nos
reportaram que tam-
INSECTSHOW
75
76	 Julho · 2015
bém tiveram um ótimo resultado no com-
bate ao Sphenophorus aplicando o Re-
gent®
Duo. “No ano passado fizemos 90%
da soqueira com este produto. E tivemos
um retorno bastante interessante.”
Elisângela observou que o índice de
controle esteve próximo de 95%. “Isso re-
fletiu no aumento de toneladas por hecta-
re e no desenvolvimento da planta. A cana
respondeu muito bem, principalmente de-
pois da estiagem longa do ano passado”,
diz. Também lembra que o produto aju-
dou no melhor controle de formigas. Para
ela, o Regent®
Duo passou a ser uma fer-
ramenta importante para a empresa na
busca pela cana dos três dígitos. “Para este
ano, estimamos 93 t/ha de produtividade.”
Regent®
Duo também
controla saúva,
broca e cigarrinha
Este aspecto de controlar formigas,
abordado por Elisângela, é mais um dife-
rencial do Regent®
Duo que foi desenvol-
vido para controlar o Sl, mas apresenta si-
nergia no controle de outras pragas que
atacam a cana-de-açúcar, como formiga
saúva, cigarrinha e broca.
Daniel Medeiros contou que esse
desempenho foi levantado pelos clientes.
“Eles nos relataram que as áreas que re-
cebiam a aplicação do Regent®
Duo, além
da redução do Sl, passaram a apresen-
tar menor incidência de saúva, cigarrinha
e broca. Fizemos o levantamento é con-
firmamos que é real”, disse Daniel, desta-
cando ser mais uma vantagem do produ-
to, elevando seu custo-benefício. Que já é
grande, de acordo com dados apresenta-
dos por ele. Nas áreas de cana-planta, o
Regent®
Duo oferece 13 toneladas a mais
que o produto concorrente e nas áreas de
cana-soca a eficiência é de 25% acima do
tratamento padrão.
Melhor relação
custo-benefício
INSECTSHOW
77
A
cultura da cana-de-açúcar, como
qualquer outra, sofre com ata-
ques de diversas doenças, causa-
das por fungos, bactérias, vírus e nemató-
ides. Entre as principais estão as ferrugens
alaranjada e marrom, raquitismo das so-
queiras, escaldadura das folhas, carvão,
mosaico, amarelinho e a podridão aba-
caxi. Doenças essas que podem dizimar a
produtividade do cultivo agrícola. Estima-
tivas apontam que, se fosse possível con-
trolar totalmente apenas as doenças, ha-
veria um aumento de 13% na produção
dos canaviais.
Detectada pela primeira vez no Brasil
em dezembro de 2009, na região de Arara-
quara, SP, a ferrugem alaranjada (Puccinia
kuehnii) causa duros danos econômicos
aos produtores canavieiros e, por isso, é
considerada a pior doença da cultura, atu-
almente. Estima-se que cerca de 1,3 mi-
lhão de hectares (15% da área cultivada)
no Brasil esteja infectado pela doença. Os
mais afetados são os estados de São Pau-
INSECTSHOW
Erradicar canavial pode não ser a melhor
forma de se livrar das doenças da cana
MANEJO DE DOENÇAS DA CANA-DE-AÇÚCAR COM O USO DE
FUNGICIDAS É ALTERNATIVA PARA O SETOR OBTER AVANÇOS
SIGNIFICATIVOS NA PRODUTIVIDADE DOS CANAVIAIS
Leonardo Ruiz e Luciana Paiva
Folhas de cana que tinham ferrugem
alaranjada, após aplicação de Nativo
DIVULGAÇÃOBAYERCROPSCIENCE
78	 Julho · 2015
Folhas não
tratadas
com Nativo
lo, Mato Grosso do Sul, Paraná,
Goiás e Minas Gerais. Estudos
apontam que a doença causa
redução na produção agrícola
na ordem de 30% a 50% na TCH
(toneladas de colmos/ha) e de
15% a 20% no teor de sacarose
dos colmos.
A doença é causada por
um fungo que provoca lesões
nas folhas, denominadas pús-
tulas, em que são produzi-
dos os esporos que funcionam
como sementes para sua pro-
pagação. Depois de instaura-
da, uma quantidade enorme de esporos
é lançada no ar, o que contamina outras
plantas daquele mesmo talhão ou de ou-
tras áreas. O vento é a principal forma de
disseminação.
Setor entra em pânico
com a ferrugem alaranjada
e erradica canavial
Entre as variedades mais suscetíveis
à ferrugem alaranjada está a SP 81-3250.
Quando a doença surgiu em 2009, essa
variedade era uma das mais cultivadas
no interior paulista. Por isso, deixou mui-
ta gente em pânico, a ponto de erradicar
canaviais com 3250 e eliminá-la do plan-
tel varietal.
Mas, para José Otávio Menten, pro-
fessor associado da Escola Superior de
Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ)/Uni-
versidade de São Paulo (USP), essa atitu-
de radical não precisa acontecer, o setor
de cana poderia fazer como outras cultu-
ras: adotar o controle químico.
Mentem explica que existem cerca
de 40 diferentes medidas que podem ser
utilizadas, simultaneamente ou em sequ-
ência, para se reduzir os danos causados
pelas doenças. Medidas essas que podem
ser incluídas em métodos genéticos, bio-
INSECTSHOW
DIVULGAÇÃOBAYERCROPSCIENCE
79
lógicos, culturais, físicos e químicos. “Po-
rém, a maior parte delas é preventiva, já
que depois que uma doença se estabele-
ce, o principal método de controle é o quí-
mico, baseado, principalmente, na utiliza-
ção de fungicidas.”
Na maioria das culturas, como feijão,
arroz, trigo, batata, tomate e citrus, a for-
ma de controle mais utilizada no combate
às doenças é a química, devido à sua efi-
ciência e praticidade. Porém, no caso da
cana-de-açúcar, o cenário é um pouco di-
ferente: as enfermidades são manejadas,
principalmente, empregando-se varieda-
des resistentes, obtidas por meio dos pro-
gramas de melhoramento genético. São
utilizadas, também, mudas sadias ou ade-
quadamente tratadas, roguing e cultivo
em áreas favoráveis.
O professor salienta que apenas es-
ses procedimentos não são suficientes
para garantir o cultivo satisfatório da cul-
tura no Brasil. “É importante que se crie a
tradição ou costume de se utilizar fungi-
cidas foliares em cana-de-açúcar. Em ou-
tras culturas, como soja, milho e algodão,
a aplicação de fungicidas, que há 15, 20
anos era muito pouco utilizada, atualmen-
te é uma prática já incorporada no proces-
so produtivo, com amplos benefícios para
o produtor”.
Ao adotar a medida de erradicar
a variedade, o setor pode abrir mão de
plantas mais suscetíveis a ocorrência de
doenças, porém apresentam boas carac-
terísticas agronômicas, como produtivida-
de, bom desenvolvimento em áreas com
limitações edafoclimáticas e resistência às
pragas. “É importante lembrar que o tra-
balho de seleção de uma nova variedade
em cana leva cerca de 15 anos. Em casos
como estes, é interessante lançar mão de
outras medidas de manejo que impeçam
que a doença atinja altos níveis de dano
“É importante que se crie a tradição ou
costume de se utilizar fungicidas foliares
em cana-de-açúcar”, diz Menten
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A cana diz não ao fogo

  • 1. 1
  • 2. 2 Julho · 2015
  • 3. 3 Clivonei Roberto clivonei@canaonline.com.br Luciana Paiva luciana@canaonline.com.br CÁ ENTRE NÓS D emorou, mas o casamento da ca- na-de-açúcar com o fogo está se extinguindo. Utilizado para facili- tar o corte manual da cana, o fogo tam- bém contribuía para a redução de pragas e plantas daninhas no canavial. A prática da queima da palha da cana pode até apresentar benefícios, mas ape- nas seus malefícios é que ficaram registra- dos na história canavieira: a figura do tra- balhador enegrecido pela fuligem, virou sinônimo de trabalho penoso; a fuligem, ou a popular queimada, que encobria ruas, casas e quintais, mesmo que proveniente do fogo em terrenos baldios, para a popu- lação era coisa de usineiro; qualquer notí- cia sobre queimada, era de cana; e para os ambientalistas, a queima da palha da cana é um crime ambiental. Nesta safra, no estado de São Paulo, 90% da cana será colhida crua e com má- quina, além disso, o setor descobriu não só os efeitos agronômicos da palha no solo, como também o econômico, pois queimar a palha é reduzir a renda que pode vir com o seu direcionamento para a produção de energia ou até etanol celulósico. Quando a usina coloca fogo no ca- navial, trata-se de queima programa- da (fato cada vez mais raro), elas aconte- cem longe das áreas urbanas, no período noturno, com a presença de carro pipa e têm a autorização da Cetesb. Então, quan- do se vê fogo em cana fora dessas condi- ções, são incêndios criminosos ou aciden- tais, que geram danos sociais, ambientais e também para o setor, já que na maioria dos casos a cana não estava no ponto de colheita. Resumindo: na cultura canavieira, o fogo passou a ser indesejado. Para dizer isso à sociedade, para mostrar que incên- dio é diferente de queima programada e para reduzir a quantidade de incêndios, o setor se uniu a Abag/RP e lançou uma im- portante campanha, que é o tema de capa desta edição. A CanaOnline também quer contribuir para divulgar que a cana diz não ao fogo. O fim da era do fogo nos canaviais Uma das peças de divulgação da campanha promovida pelo setor e Abag/RP
  • 4. Capa A cana diz não ao fogo Holofote - Quais são os obstáculos para aumentar a produtividade agrícola? Tendências - Xarope de milho: o que ele tem a ver com o setor de cana? EspecialAmendoim - Cultura do amendoim exige carinho ÍNDICE Especial Amendoim - A difusão da Meiosi cana MPB e amendoim Pesquisa & Desenvolvimento - A cana que vem do frio! Herbishow - Não relaxe com a Tiririca!
  • 5. Editores: Luciana Paiva luciana@canaonline.com.br Clivonei Roberto clivonei@canaonline.com.br Redação: Adair Sobczack Jornalista adair@canaonline.com.br Leonardo Ruiz Jornalista leonardo@canaonline.com.br Marketing Regina Baldin Comercial comercial@canaonline.com.br Editor gráfico Thiago Gallo Insectshow - Sphenophorus levis quebra usinas e produtores de cana - Erradicar canavial pode não ser a melhor forma de se livrar das doenças da cana Tecnologia Industrial - Mesmo com a crise, inovação não morre Economia - A crise também acontece da porteira para dentro Logística - Logística com confiabilidade Gestão de Pessoas - Imaturidade das relações humanas Gestão de Empresas - A prática de “comer bola” aumenta as perdas do setor sucroenergético Aproveite melhor sua navegação clicando em: Áudio LinkFotosVídeo Entre em contato: Opiniões, dúvidas e sugestões sobre a re- vista CanaOnline serão muito bem-vindas: Redação: Rua João Pasqualin, 248, cj 22 Cep 14090-420 – Ribeirão Preto, SP Telefones: (16) 3627-4502 / 3421-9074 Email: luciana@canaonline.com.br www.canaonline.com.br CanaOnline é uma publicação digital da Paiva& Baldin Editora
  • 6. 6 Julho · 2015
  • 7. 7 Vai demorar para retomar patamares do passado Essa pergunta não é fácil. Inclusive acho que vamos demorar ainda um tempo para retomar o patamar de produtivida- de que já tivemos. Uma causa é o próprio impacto da mecanização sobre a soquei- ra. E sofremos muito com isso no cerra- do, porque num período que tem cinco, seis meses de estresse hídrico, a soquei- ra vai ser abalada bastante. Por isso, ima- gino que demoremos um pouco para re- tomar os melhores patamares. O caminho é lento, precisamos ter um solo adequa- damente preparado. Na nossa região per- cebemos que a água é um nutriente dos mais importantes. Quanto às variedades, há um leque de materiais para se trabalhar ao longo da safra com sani- dade. Na BP estamos inves- tindo forte nesta questão. Agnaldo Rigolin, gerente de desenvolvimento agrícola da BP Biocombustíveis Melhoria do plantio Pagamos a conta de um ambiente cada vez mais mecanizado, na colheita e no Vários fatores, como clima, compactação, idade e pragas Nos últimos anos, a lavoura de cana- de-açúcar tem apresentado núme- ros baixos de produtividade agrícola de- vido a vários fatores, mas principalmente ao clima, pragas, plantas daninhas, idade avançada e compactação de solo. Parale- lo a isso, contribuem para agravar essa si- tuação a falta de políticas públicas e pla- nejamento estratégico que incentivem investimentos e garantam a competitivi- dade dos produtos. Mas as perspectivas de produtividade para a próxima safra en- tre os associados da Canaoeste são boas. Provavelmente os números serão superio- res aos da safra 2014/2015, principalmen- te devido aos maiores volumes de chuvas ocorridos de fevereiro a maio de 2015, em comparação ao mesmo período do ano passado, os quais influenciarão positiva- mente a produtividade das canas colhidas do meio para o final da safra. Alessandra Ramos Durigan, gestora técnica da Canaoeste
  • 8. 8 Julho · 2015 plantio. Fomos para um plantio mecaniza- do em velocidade enorme, com o nível de falhas que se tem hoje. É preciso discutir muito com os fabricantes esse aperfeiçoa- mento das máquinas. E a qualidade da co- lheita precisa evoluir sempre. Sem esque- cer as pessoas. O trabalhador precisa ser qualificado. A forma de melhorar a produ- tividade, de pelo menos recuperar o que se tinha antigamente, na nossa visão, pas- sa pela melhoria do plantio. Te- mos muita soca falhada, com custos enormes para recupe- rar essas falhas. Precisamos de um salto na melhoria da quali- dade das operações, do pre- paro à colheita. Fernando Lima, diretor de produção agrícola da Raízen O aprendizado da colheita é cruel Tivemos perdas médias de produtivi- dade quando foram agregadas às áre- as tradicionais as regiões dos greenfields, mas que evoluíram para áreas de me- lhor potencial de produtividade. Para che- gar nessa média, precisamos de tecnolo- gia para essas áreas de menor potencial. Não tenho dúvida que têm potencial me- lhor do que estão realizando. Todas as usi- nas que foram inauguradas não somente crescem rapidamente, como plantam cana o ano todo. O potencial de produtividade de uma cana desta é muito baixo. Existe ainda um grande diferencial de produtivi- dade que vai ser ganho quando essas em- presas pararem com essa prática, o que já acontece. Vamos realizar produtividades melhores naquelas regiões. Com relação às regiões tradicionais, tivemos perdas cli- máticas. Tem outras perdas, como a che- gada do Sphenophorus e a evolução da ferrugem alaranjada, esta última está ti- rando do canavial algumas variedades im- portantes. Para as empresas que tiveram uma evolução de colheita recentemen- te, é aquele velho pedágio: o aprendiza- do da colheita é cruel. Tudo reside na na- tureza da nossa cultura, a cana. Temos de remover na colheita 100 t por hectare, en- quanto outras culturas têm que remover de 3 a 5 toneladas. Essa diferença expli- ca a necessidade de mecanizar o trânsi- to desse volume dentro do canavial. Pa- rece simples a receita, mas a execução é difícil porque passa pelas pes- soas. Não podemos esquecer que, para operar nossas má- quinas mais sofisticadas, com eletrônica embarcada, temos um material humano cada vez menos prepara- do. Afinal, a edu- cação no país é cada vez pior. A empre- HOLOFOTE
  • 9. 9 sa que não perceber que tem que cum- prir esse papel, não vai conseguir realizar o que entende que deve ser feito. O prin- cipal investimento nosso é suprir essa de- ficiência de educação desse pessoal. Mario Gandini, o Marinho, diretor agroindustrial da Usina São Martinho É preciso aperfeiçoar o manejo Aqualidade da matéria-prima passa pelo fator varietal, é preciso realizar o manejo varietal correto. São poucas as variedades que atendem à mecanização, e não aproveitamos o potencial das varieda- des disponíveis. É necessário adequar as operações, o plantio, a colheita, o preparo, para que este aproveitamento se torne re- alidade. Consigo até chegar à cana de três dígitos em ambiente desfavorável, mas o custo fica insuportável. O manejo é o ca- minho para chegar à alta produtividade. Por não explorar todo potencial das varie- dades, deixamos de ganhar ATR por hecta- re. Tem variedade de potencial que, se for alocada adequadamente, apresentará me- lhor resultado. A mecanização é um pro- blema sério, principalmente no plantio. As falhas são de assustar. Precisamos aprimo- rar o plantio para termos uma melhor co- lheita. Cobramos muito das inovações dos fabricantes, mas temos de preparar nossos operadores para que aproveitem as inova- ções. Aproveitamos pouco a tecnologia embarcada. Paulo Roberto Artioli, o Betão, diretor da Tecnocana e produtor de cana em Lençóis Paulista, SP Todo dia corremos atrás da produtividade Nas áreas de expansão, o processo já iniciou mecanizado. Na área tra- dicional, quem começou a mecanizar há mais tempo tem uma história, quem de- morou para começar, teve de fazer cor- rendo e está pagando por isso. Particular- mente mecanização de campo é algo que deve trazer aumento de produtividade e não redução. Logicamente paga-se pe- dágio, e depois se usufrui do benefício. Também há um aspecto de manejo: acer- tar no conjunto de variedades, no plan- tio, na adubação, no ajuste de máquinas. Duvido que cada um que trabalha na área agrícola das usinas não acorde todo dia pensando em como vai melhorar o ma- nejo para melhorar a produtividade. Todo dia corremos atrás da produtividade para baixar custos. Acho que o mais significati- vo é que as áreas novas vão trazer um be- nefício grande ao setor, porque vão exigir
  • 10. 10 Julho · 2015 hectare. No passado, a média era de 35, 40 sacos de soja por hectare. Isso deve nos fazer questionar por que a cana con- tinua com a produtividade de vinte anos atrás, e até caindo. Qual seria a grande ra- zão disso? Tem as dificuldades financei- ras, mas acima de tudo acredito que te- mos de tomar cuidado para fazer bem aquilo a que nos propusemos. E isso, em alguns momentos, está faltando. Na hora de plantar cana, se for plantar uma varie- dade que brota mal no plantio, ou nasce mal, ou perfilha mal, já defini o futuro. Se decidi plantar numa área mal preparada, mal corrigida, já defini o futuro. Acredito que está faltando usarmos mais a agrono- mia. Podemos pegar o exemplo de outras culturas. Muitas vezes não acreditamos na tecnologia que está aí. Um exemplo é va- riedade. Dizemos que não temos varieda- des boas, mas vemos resultados excepcio- nais em alguns locais onde o pessoal está fazendo a coisa certa, com as variedades novas que estão aí. Que já foram selecio- nadas considerando o sistema de meca- um nível de agronomia melhor. Foi o que aconteceu com grãos. Quando o grão foi para o Centro-Oeste, a produtividade da soja e do milho subiu no Brasil todo. Com cana vai acontecer também, mas demo- ra mais, porque o canavial demora mais para se ajustar ao novo manejo. Mas em casa que falta pão todo mundo grita e nin- guém tem razão. O problema é grana. Se não colocar dinheiro, como teremos varie- dades novas? Se não tiver sobra de caixa na nossa operação, como vamos investir? Se o fornecedor de cana não participar da energia, como vai valorizar a matéria-pri- ma? A crise hoje é de caixa. Se não traba- lharmos mais fora da propriedade do que dentro da fazenda, vamos demorar mais tempo para mudar a situação. Paulo Rodrigues, produtor de cana em Jaboticabal, SP É preciso usar mais a agronomia Observando outras culturas, vemos que a produtividade da soja explo- diu. Nesse ano choveu bem no Sul, e con- versando com alguns produtores, eles chegaram a colher 90 sacos do grão por HOLOFOTE
  • 11. 11 nização. Entramos com colheita mecani- zada, mas não treinamos nosso pessoal para que não haja pisoteio no canavial. A tecnologia mudou, chegou a mecaniza- ção, entramos em ambientes mais restri- tivos, mas continuamos fazendo o que fa- zíamos lá atrás. Tem usina que está acima do patamar de produtividade, mas o que faz para conquistar isso? Cabe discutirmos internamente para sabermos até que pon- to buscamos tecnologias que estão sendo usadas, que estão disponíveis e muitas ve- zes não vão custar mais. Porque a defini- ção de plantar a variedade x ou y vai de- pender do meu planejamento. Tem usinas e grupos que já estão fazendo isso. Rogério Augusto Soares, gerente de Planejamento Agrícola da Bunge Variedade não é o único componente da produtividade Acredito que, para a produtividade, a variedade é um grande componen- te, mas não é o único. Estes últimos anos, com o plantio mecanizado, e principalmen- te a colheita mecanizada de cana crua, aos quais as usinas não estavam tão prepara- das e tiveram que rapidamente se adaptar, aliado às condições climáticas, que nos úl- timos anos foram muito danosas à cultura da cana, somente a variedade não teria toda a capacidade de elevar a produtividade. Te- mos variedade com alto potencial, mas ve- rificamos que em função de seu manejo, da colheita mecanizada de cana crua, da com- pactação do solo, da adubação etc, os re- sultados deixam a desejar. É preciso somar a essas belas variedades o manejo adequa- do, para que efetivamente consolidemos uma produtividade acima de 100 tonela- das por hectare na média de 5 cortes. Sozi- nha, uma variedade não vai resolver o pro- blema. E quando falo de manejo me refiro desde o preparo do solo, a adubação, pas- sando pela colheita, época de corte, qua- lidade da brotação, colheita de cana crua. Ao carregar sobre a variedade essa gran- de expectativa estamos penalizando mui- to esse fator chamado variedade, pois é um complexo. Por isso que nós, como univer- sidade, entendemos que devemos atuar de maneira conjunta, ampla, em todo o mane- jo da lavoura. O sonho da RIDESA (Rede In- teruniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético) é criar um progra- ma de cana-de-açúcar em todas as áreas. Aí sim acredito que teremos aumentos sig- nificativos de produtividade.” Edelclaiton Daros, pesquisador da Universidade Federal do Paraná e coordenador nacional da RIDESA
  • 12. 12 Julho · 2015 TENDÊNCIAS Xarope de milho: o que ele tem a ver com o setor de cana? O xarope de milho, também conhe- cido como isoglucose ou HFCS (High Fructose Corn Syrup), é um adoçante bastante utilizado pela indústria alimentícia, principalmente na fabricação de bebidas. Os principais países produtores do xarope são Estados Unidos, China, Japão e os integrantes da União Europeia, sen- do a Hungria a maior produtora no bloco. Já os maiores consumidores são Estados Unidos, México, China e Japão. Segundo Ana Malvestio1 e Daniela Coco2 Nos EUA, o xarope de milho é muito utilizado pelas empresas de refrigerante
  • 13. 13 a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), os Esta- dos Unidos respondem por 64,5% da pro- dução e 58,8% do consumo mundial de HFCS, que é utilizado principalmente pela indústria de refrigerantes, a qual absor- ve cerca de 90% do xarope consumido no país. Estimativas apontam que os Estados Unidos devem permanecer como líderes mundiais na produção do xarope de milho pelo menos até 2023. No entanto, o HFCS vem sendo alvo de estudos associando o seu consumo à obesidade e à diabetes, principalmen- te nos Estados Unidos. Embora algumas marcas tenham reformulado seus produ- tos, a fim de retirar o xarope da composi- ção dos mesmos, os produtores do ado- çante enfatizam que as pesquisas não são conclusivas e que, embora o consumo do xarope tenha caído nos Estados Unidos nos últimos anos, o índice de obesidade sofreu elevação no país. No México, princi- pal importador do xarope, também se ob- serva o debate em torno do consumo de HFCS e os altos índices de obesidade da população. Embora os estudos associando seu consumo a problemas de saúde não se- jam conclusivos, ações de marketing mos- trando os benefícios do produto e a sus- tentabilidade de sua cadeia de produção
  • 14. 14 Julho · 2015 TENDÊNCIAS 2 Gerente de Agribusiness da PwC Brasil 1 Sócia da PwC Brasil e líder de Agribusiness para o Brasil e Américas podem minimizar retaliações do merca- do e melhorar a percepção do consumi- dor com relação ao consumo moderado do HFCS. Um dos principais fatores que pode- rão afetar o mercado mundial nos próxi- mos anos e causar impactos também na produção de HFCS é a extinção da política de cotas para produção de açúcar dentro da União Europeia, em 2017. Atualmente, a produção do HFCS é limitada a apenas 5% da cota de produção de açúcar do blo- co. Com a extinção da política de cotas, não haverá mais esta restrição e a indús- tria poderá aumentar a produção e o con- sumo de HFCS. O Brasil por ser um grande produtor e exportador de milho e de açúcar de cana, deve ser impactado com o fim das cotas da União Europeia, com a abertura e desafios para o seu mercado. Esse é um tema que provavelmente será mais discutido nos próximos anos e demandará mais atenção por parte dos integrantes da cadeia de va- lor do milho e da cana-de-açúcar. O Brasil é um grande exportador de milho
  • 15. 15
  • 16. 16 Julho · 2015 ESPECIAL AMENDOIM
  • 17. 17 APOIO Cultura do amendoim exige carinho TRATO CULTURAL BEM FEITO E INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS SÃO FUNDAMENTAIS PARA O SUCESSO DA CULTURA DO AMENDOIM
  • 18. 18 Julho · 2015 A colheita do amendoim terminou em maio, e na fazenda dos Pena- riol, em Jaboticabal, SP, as máqui- nas já passaram por manutenção, foram lavadas e estão preparadas para a próxi- ma colheita que se inicia por volta de fe- vereiro de 2016. O plantio da nova safra, se o tempo permitir, começa em outubro, mas as máquinas já estão prontas para a largada. Há mais de 40 anos a família se dedi- ca à lavoura do amendoim. Na última sa- fra, plantaram 420 hectares, entre terras próprias e arrendadas, tudo em área de renovação com cana. A produção foi de 66.800 sacas de 25 quilos, produtividade de 420 sacas por alqueire, mas eles espe- ravam mais, pois já teve ano que beirou as 600 sacas. A queda foi em decorrên- cia de condições climáticas adversas. Fal- tou chuva na época do plantio e sobrou na hora da colheita. “Não foi por falta de tratos culturais”, salienta José Antonio Pe- nariol, que cuida da lavoura junto com os primos Robson José Lampa e Danilo Cé- sar Penariol. Eles sabem que amendoim é enjo- ado, desde o preparo é problemático. “O certo é fazer tudo antecipadamente. Para começar é preciso reduzir a quantidade de palha da cana. Amendoim não nasce com palhada. O certo é que tenha um pouco de Luciana Paiva e Leonardo Ruiz ESPECIAL AMENDOIM Robson, Izildinha, José Antonio e Danilo: tradição na cultura do amendoim
  • 19. 19 chuva para ajudar a desintegrar a palha e facilitar o serviço, mas se tiver muita chu- va, a palha mela, aí é outro problema”, diz Robson. Danilo observa que o aumento das pragas de solo tem exigido mais opera- ções para preparar a área para o plantio. “Agora precisa passar o desintegrador de soqueiras em duas linhas, pulamos duas linhas, trabalhamos a área e depois vol- tamos para desintegrar as touceiras das duas linhas que pulamos. Mas só pode fa- zer isso com o clima seco. O problema é que, na maioria das vezes, o pessoal libera as áreas de renovação na última hora, difi- cultando a realização do preparo do solo”, comenta Danilo. Mesmo assim, eles não desistem da atividade. Pelo contrário, se empenham cada vez mais para obter uma produção com qualidade. Afinal, qualidade é a meta principal dos Penariol, pois a colheita deles segue integralmente para a Coplana (Coopera- tiva Agroindustrial), onde se transformará APOIO Na fazenda dos Penariol, as máquinas já estão prontas para a colheita
  • 20. 20 Julho · 2015 em sementes tratadas que irão abastecer os cooperados da entidade e formar no- vas lavouras de amendoim, produção que seguirá para o mercado interno e exter- no. “A lavoura de amendoim começa pela qualidade da semente, então a nossa pre- cisa ser a melhor possível”, diz Carmen Izil- dinha Penariol, a tia dos “meninos”. Pragas, doenças e plantas daninhas na cultura do amendoim O engenheiro agrônomo e respon- sável técnico comercial da Coopercitrus - Monte Alto, Daniel Pierre Vitória, diz que é grande a quantidade de doenças e pragas do amendoim. Entre as principais pragas estão as Trips, lagartas, cigarrinhas, ácaros, percevejos, cupins e cochonilhas. Dentre elas, os insetos-chave são o Trips, mais es- pecificamente a espécie Enneotripes fla- vens, e a lagarta do pescoço vermelho. O Enneotripes flavens tem multipli- cação rápida, atingindo a fase adulta duas semanas após a postura do ovo, em con- dições favoráveis de clima. Por atacar os brotos das folhas, causa os maiores danos durante os primeiros meses de crescimen- to das plantas. Um clima quente e seco fa- vorece sua disseminação, enquanto chuvas pesadas contribuem para o seu controle. Plantas de amendoim que surgem no ter- reno antes da instalação da cultura cons- tituem fontes de infestação de Trips. Já a lagarta do pescoço vermelho, outro in- seto bastante disseminado no Estado de São Paulo, é de tamanho muito pequeno e ataca de preferência os brotos de amen- doim, perfurando-os e afetando o desen- volvimento da planta. O controle, nesses casos, é feito com inseticidas específicos. Com relação às enfermidades, a mancha preta é a doença foliar de maior frequência e danos à cultura. A ferrugem, mancha castanha e verrugose também aparecem com certa regularidade. Atual- mente, existem fungicidas eficientes para a mancha preta e castanha, mas, em geral, é necessário alternar com outros produtos quando há infestação de ferrugem ou de verrugose. Por ser uma planta de porte rasteiro, o amendoim é uma espécie bastante sen- sível à infestação de ervas daninhas, que prejudicam seu crescimento e, no final do ciclo da cultura, afetam a eficiência das ESPECIAL AMENDOIM
  • 21. 21 operações de colheita. Daniel Pierre ob- serva que o manejo das plantas daninhas talvez seja o diferencial de produtividade, APOIO pois existem vários métodos de controle eficientes, como o PPI (pré-plantio incor- porado), em que o intuito é a redução do banco de sementes. “Outros métodos uti- lizam herbicidas pré-emergentes da cultu- ra e do mato e se, por algum motivo, hou- ver algum escape de plantas daninhas, há herbicidas de pós-emergência que elimi- nam matos de folhas finas mesmo com a cultura em desenvolvimento.” Novas moléculas para a defesa do amendoim O lado positivo, segundo Daniel Pier- re, é que, ao longo dos últimos anos, hou- ve grandes investimentos por parte de di- versas empresas de defensivos na forma Do plantio à colheita, são sete aplicações de defensivos A cultura do amendoim é exigente em tratos culturais
  • 22. 22 Julho · 2015 ESPECIAL AMENDOIM APOIO de pesquisa e registro de novas moléculas para a cultura do amendoim, tornando o manejo mais eficiente e, consequentemen- te, menos agressivo ao meio ambiente. Daniel Pierre dá como exemplo a BASF: a empresa possui um amplo portfó- lio para a cultura, desde o tratamento de semente, com o Standak® TOP - que man- tém o stand nos primeiros momentos de arranque da cultura -, a soluções para ou- tras fases da cutura, como o Plateau® , um “Outras soluções da Basf estão che- gando, como o Orkestra® ”, informa Pierre Vitória, explicando que o novo produto se trata de um fungicida resultante da mistu- ra de piraclostrobina com uma nova mo- lécula fluxapiroxade, que promete trazer grandes resultados para a cultura. O produtor aprova as inovações A administração do negócio dos Pe- herbicida padrão de mercado para o con- trole de plantas daninhas, o Opera® , fungi- cida indispensável no manejo e rotação de produtos, evitando resistência aos fungos, e o Opera Ultra® , uma evolução no con- trole de doenças fúngicas. “Ainda faz par- te desse portfólio uma variedade de inse- ticidas de vários grupos químicos que se encaixam e auxiliam no controle das pra- gas”, salienta. nariol fica a cargo de Izildinha. Ela sabe a importância de poder unir custo e be- nefício. Por isso, comemora o fato de as empresas investirem em tecnologias que facilitam o desenvolvimento da cultu- ra do amendoim, como a mecanização e o avanço na área de defensivos quími- cos. O amendoim é altamente dependen- te de defensivos, em um ciclo de um pou- co mais de quatro meses. Entre plantio e O amendoim produzido pelos Penariol segue para a Coplana e será semente na próxima safra
  • 23. 23
  • 24. 24 Julho · 2015 colheita, recebe sete aplicações. “Dependendo das condições, tem vez que a semente de amendoim, para germinar, leva quase 30 dias. Ainda bem que lançaram o Standak® TOP. Ele ativa a semente a germinar mais rápido e a plan- ta vem bem mais vigorosa”, diz José Anto- nio. Já seu primo Danilo, elogia o Plateau® . “Antigamente, quando a gente pegava uma área muito infestada com tiririca, não sabíamos o que fazer. Depois, com o Pla- teau® , acabou o problema. Já aconteceu, na hora de aplicar herbicida, de pular uma linha, que ficou sem aplicar o Plateau® . O resultado foi uma faixa verde de tiririca no meio das linhas do amendoim, de longe se via aquela linha verde”, conta. Maior portfólio do mercado de produtos dirigidos à cultura do amendoim Mauro Cottas, da área de Desenvol- vimento de Mercados da BASF, salienta a importância que a empresa direciona ao amendoim, oferecendo o maior portfólio do mercado de produtos dirigidos a essa cultura. Segundo ele, o primeiro grande mar- co do amendoim da BASF no Brasil foi o lançamento, em 2002, do Opera® , fungi- cida que, além de auxiliar na proteção da lavoura, proporciona plantas mais sadias, vigorosas e produtivas. Agora, 13 anos de- pois, a BASF lança no mercado o que será, de acordo com a empresa, o segundo mar- co da cultura: o sistema AgCelence Amen- doim, que engloba não um, mas três pro- dutos que se completam no manejo da cultura. São eles o Opera® , o Standak® TOP - produto seletivo que, quando utilizado em tratamento de sementes, protege as plântulas contra o ataque de pragas e fun- gos de sementes no período inicial de de- senvolvimento da cultura -, e o OrkestraTM SC, primeiro e único fungicida com Xe- mium® no Brasil, a carboxamida da BASF. Cottas afirma que, para ser chama- ESPECIAL AMENDOIM Parte do portfólio de produtos BASF para amendoim
  • 25. 25 do de sistema, são necessários, ao menos, dois produtos que contenham piraclostro- bina, a estrobilurina da empresa respon- sável pelos efeitos fisiológicos nas plantas que possibilita o AgCelence, que é o be- nefício advindo desses efeitos. Na cultura do amendoim, os efeitos fisiológicos podem ser observados como vantagens operacionais, benefícios Ag- Celence propriamente ditos e diferenciais agronômicos. A vantagem operacional se dá pelo longo período em que é possível utilizar as sementes tratadas com Stan- dak® TOP sem que este interfira ou alte- re seu poder germinativo. Entre os bene- fícios provindos do AgCelence, pode-se destacar uma maior rapidez no estabeleci- mento da cultura, melhor desenvolvimen- to do sistema radicular e um alto índice de área foliar. Por fim, o grande diferen- cial agronômico é relacionado à alta efi- ciência no controle das doenças e pragas de solo, que podem causar perda do stand caso não sejam contidas. Cottas recomenda que, dentro do Sistema AgCelence, devem ser realizadas seis aplicações. O produtor, segundo ele, deve iniciar o manejo com o Standak® TOP, partir para uma sequencial com o Opera® , fazer a alternância com uma sequencial de OrkestraTM SC, fechando com mais uma sequencial com o Opera® . “Decidimos pa- dronizar essa recomendação, pois, dentro dos nossos trabalhos, foi a que registrou os melhores resultados. Nosso principal objetivo é criar a melhor receita para que o produtor de amendoim tenha sucesso na sua lavoura.” APOIO Em dia de campo, Mauro Cottas apresenta o sistema BASF para a cultura do amendoim
  • 26. 26 Julho · 2015 ESPECIAL AMENDOIM A difusão da Meiosi cana MPB e amendoim AÇÃO DA COPLANA PERMITIRÁ A PEQUENOS E MÉDIOS PRODUTORES O ACESSO À ALTA TECNOLOGIA E A MUDAS DE CANA SADIA, ALÉM DA GERAÇÃO DE RENDA COM O AMENDOIM Luciana Paiva e Leonardo Ruiz Sistema Meiosi Cana MPB e Amendoim na fazenda Belo Horizonte, em Jaboticabal, SP E m 2013, Ismael Perina, produtor rural em Jaboticabal, SP, presidente da Câ- mara Setorial Sucroenergética e di- retor da Coplana (Cooperativa Agroindus- trial), foi o pioneiro a adotar o sistema de Meiosi com amendoim e mudas de cana pré-brotadas (MPB). Perina iniciou com o plantio de duas ruas com MPB AgMusa da BASF, que oferece mudas sadias de ca- na-de-açúcar a partir de viveiros básicos formados com variedades nobres e mais produtivas.
  • 27. 27 A cana produzida nestas duas ruas era usada para cobrir 10 ruas onde antes havia amendoim. O objetivo era plantar a cana nessa área de renovação para que aproveitasse os efeitos agronômicos do amendoim, como incorporação de mate- rial orgânico e fixação simbiótica de nitro- gênio de 30 a 40 Kg/ha deixados no solo. Além disso, segundo o pesquisador New- ton Macedo, em área de renovação com amendoim, devido ao preparo bem feito, é menor a infestação com Sphenophorus levis, a praga que está devastando os ca- naviais do Centro-Sul. A qualidade das mudas e o solo pro- pício fizeram que, desde o início, o siste- ma superasse as expectativas: uma única linha de cana gerou mudas para 11 ruas, a cana restante foi fornecida para a usina. “Essa cana com apenas oito meses ofere- ceu muito mais material que a cana con- vencional de 14 meses. Isso contribui para voltarmos a investir na formação de vivei- ros que, por pressa, deixamos de fazer e passamos a plantar cana com praga, com doença e perdemos muito com isso. Ago- ra podemos voltar a fazer a coisa certa e com muito mais qualidade”, disse Perina na época. Segundo ele, apenas com produtivi- dade é que o produtor pode enfrentar o atual momento difícil do setor. Para isso, APOIO Ismael explica o sistema Meiosi MPB-Amendoim para participantes de dia de campo em sua fazenda
  • 28. 28 Julho · 2015 é fundamental plantar muda de cana com qualidade. “Formação de viveiro primá- rio é base para o nosso setor. Como me- lhorar a qualidade de muda e aumentar a produtividade do canavial são prioridades, adotar este sistema não pesa no bolso. Ao contrário, traz retorno”, salienta. Ele expli- ca que se trata de um sistema simples e que, a partir de uma taxa de multiplicação de 1 x 7 se tem o equilíbrio de custo na produção da muda. Mas o melhor é que Ismael já está alcançando taxa de multipli- cação de 1 x 20 no plantio manual. + Cana Recentemente a Coplana lançou o Programa Mais Cana, capitaneado pelo departamento de Tecnologia e Inovações da entidade. Com o objetivo de elevar a produtividade e consequentemente a competividade do produtor de cana. Para isso, o programa tem como tripé (MPB + carta de solos + agricultura de precisão). Com a MPB, o produtor terá um canavial com sanidade. Já a carta de solos ofere- cerá conhecimento mais refinado dos am- bientes de produção, mas para que isso ocorra é preciso das tecnologias de agri- cultura de precisão. Renata Morelli, gerente de Tecnolo- gia Agrícola e Inovação da Coplana, con- ta que a proposta da Cooperativa é permi- tir também ao pequeno e médio produtor o acesso a esse pacote tecnológico. Para viabilizá-lo, fechou com a BASF a aquisi- ção de 500 mil mudas AgMusa, o que per- mitirá ao cooperado adquirir MPB de alta qualidade por preço acessível. A Coplana é a maior produtora de amendoim do Brasil, com cerca de 160 produtores que cultivam o grão nos Esta- dos de São Paulo, Minas Gerais e Tocan- tins. Nesta safra, seus cooperados produ- ziram 82.250 toneladas (amendoim em casca, seco e limpo), em 22.800 hectares. Sendo que 95% da área é de renovação de canavial. Estimular a diversificação da renda faz parte da política da Coplana. Por isso, a cultura do amendoim não é só muito bem-vinda, como foi adicionada ao Pro- grama + Cana, e contribuirá para que o cooperado aumente a produtividade por meio do sistema Meiosi MPB-amendoim. ESPECIAL AMENDOIM APOIO Renata Morelli: pacote tecnológico também aos pequenos e médios cooperados
  • 29. 29
  • 30. 30 Julho · 2015 Acesso à agricultura de precisão Renata salienta que formar viveiros com mudas sadias de cana pelo sistema AgMusa é estar na vanguarda tecnológica da cultura. Mas a adesão a esta tecnolo- gia precisa vir acompanhada por um siste- ma eficiente de mecanização do proces- so de plantio. “Um dos obstáculos para a implantação da Meiosi é a necessidade do GPS para o plantio, para que haja parale- lismo entre as linhas de cana.” Um produ- tor, por exemplo, pode intercalar duas li- nhas de cana com 16 linhas de amendoim no mesmo talhão. Porém, para que essa operação atinja um bom nível de qualida- de, é importante que ele adote técnicas que permitam que esse processo seja fei- to com o máximo de paralelismo entre as passadas, já que, no próximo ano, as mu- das produzidas serão utilizadas para com- pletar o plantio de cana, sulcando direto ESPECIAL AMENDOIM Com o piloto automático, é necessário apenas marcar a primeira linha referencial no monitor DIVULGAÇÃOJOHNDEERE
  • 31. 31 na área que antes era ocupada pela outra cultura. Dessa forma, sem um sistema de posicionamento, ficará difícil saber exata- mente onde entrar com a máquina na pró- xima vez. Entre as ferramentas de tecnologia de precisão está o piloto automático, em que o operador marca apenas a primeira linha referencial. As próximas passadas, à direita e à esquerda, aparecerão automa- ticamente na tela, sendo que o trator irá segui-las sem que o operador precise co- locar a mão no volante. Para ele, caberá realizar as manobras de cabeceira. O ar- quivo gerado pode ser transferido para outras máquinas e utilizado nos próximos anos, seja para a colheita da área ou para o plantio da mesma. Visando proporcionar esses bene- fícios para seus cooperados, a Coplana e a Socicana (Associação dos Fornecedores de Cana de Guariba) firmaram uma par- ceria com a Colorado Máquinas, Conces- sionário Autorizado John Deere. Um dos objetivos é aumentar a demanda por me- lhores práticas na agricultura regional, por meio da oferta de técnicas de Agricultu- ra de Precisão. A parceria foi estabeleci- da depois que uma pesquisa de mercado revelou que os produtores da região em questão apresentam altos índices de acei- tação de novas tecnologias. O gerente comercial AMS (Agricul- tural Management Systems) da Colorado Máquinas, Alberto Adriano Verruma, ex- plica que o projeto visa oferecer, gratui- APOIO DIVULGAÇÃOCOLORADOMÁQUINAS-JOHNDEERE Alberto Verruma: “O retorno financeiro da aquisição desse tipo de equipamento [piloto automático] é muito satisfatório, mesmo para os pequenos produtores”
  • 32. 32 Julho · 2015 ESPECIAL AMENDOIM APOIO tamente, sinal RTK/AMS, da marca John Deere, com precisão de 2,5 cm, para os co- operados ativos das duas associações que atuam nas culturas de cana, soja e amen- doim. “Ou seja, o cooperado que já possui um trator com piloto automático poderá às novas tecnologias. O sinal proporcionado pela Colora- do Máquinas é o RTK (Real Time Kinema- tic), que alia a tecnologia de navegação por satélites a um rádio-modem ou a um telefone GSM para obter correções instan- se beneficiar do nosso sinal sem custo al- gum”. Para a utilização, é preciso que os produtores realizem um cadastro de seus equipamentos de agricultura de precisão para receber a licença de utilização do si- nal. Desde o início do projeto, no final de 2014, mais de 30 cooperados já aderiram tâneas. Algumas aplicações de engenha- ria exigem que o processamento e forne- cimento das coordenadas sejam obtidos instantaneamente, sem a necessidade de pós-processamento dos dados, o que faz com que a precisão obtida chegue ao ní- vel centimétrico. “Outro beneficio do RTK Ao todo, já foram instaladas oito torres RTK na área de atuação da Coplana e Socicana DIVULGAÇÃOCOLORADOMÁQUINAS-JOHNDEERE
  • 33. 33
  • 34. 34 Julho · 2015 ESPECIAL AMENDOIM é a sua função de repetibilidade, ou seja, daqui a cinco anos posso voltar à mesma área e fazer as passadas no mesmo lugar, devido à presença da base referenciada, sendo que, por meio dela, o trator reco- nhece, automaticamente, as próximas li- nhas”, explica o gerente. Ao todo, já foram instaladas oito tor- res na área de atuação das Associações, sendo que cada uma delas possui poten- cial para emitir um sinal com raio médio de 20 mil hectares. Custo-Benefício É importante lembrar que, mesmo aqueles cooperados que não possuem tecnologia embarcada em suas máquinas, podem se beneficiar da parceria. Esses de- vem ir até a Colorado Máquinas e solici- tar os equipamentos de piloto automáti- co, que também podem ser instalados em máquinas e equipamentos agrícolas de outras marcas. Alberto Verruma diz que o retorno fi- nanceiro da aquisição desse tipo de equi- pamento é muito satisfatório, mesmo para os pequenos produtores. “Temos exem- plos de clientes que plantam 100 alquei- res de cana e possuem pilotos automáti- cos em todos seus tratores. Na verdade, muitos imaginam que o investimento nes- se tipo de ferramenta não é viável, porém, Os cooperados ativos da Coplana e Sociana poderão utilizar, gratuitamente, o sinal RTK / AMS, que possui precisão de 2,5 cm DIVULGAÇÃOJOHNDEERE
  • 35. 35 APOIO há casos em que o aumento de metros li- neares dentro de um mesmo talhão é de 8% a 10%”. Ele conta que a Agricultura de Pre- cisão já foi considerada um bicho de sete cabeças pelos produtores. Porém, atualmente, o nível de aceitação dessas tecnologias tem aumentado considera- velmente. “Os agricultores têm percebi- do que, mesmo diante da crise em que estamos, é importante que haja investi- mentos visando o aumento de produti- vidade e, consequentemente, de lucros”, finaliza. Cada torre RTK possui potencial para emitir um sinal com raio médio de 20 mil hectares DIVULGAÇÃOCOLORADOMÁQUINAS-JOHNDEERE
  • 36. 36 Julho · 2015 PESQUISA & DESENVOLVIMENTO Clivonei Roberto O FRIO NÃO É MAIS PROBLEMA! NOVAS VARIEDADES DESENVOLVIDAS PELA RIDESA E PELA EMBRAPA CLIMA TEMPERADO GARANTEM A VIABILIDADE DA CANA NO RIO GRANDE DO SUL A cana que vem do frio! PAULOLANZETTA Dia de Campo sobre Cana-de-Açúcar, promovido pela Embrapa Clima Temperado, Emater/RS e Ridesa: apresentação a produtores das variedades produtivas em áreas gaúchas P ara crescer, a cana-de-açúcar preci- sa de sol e luz. Por encontrar estas condições, a cultura se desenvolveu ao redor do globo nas regiões de clima tropical e sub-tropical. No Brasil, a cana se instalou na Zona da Mata nordestina, nos estados do Sudeste, especialmente São Paulo, e mais recentemente tem consoli- dado sua presença na região Centro-Oes- te. Já no Sul do país, a atividade canavieira tem boa presença no Paraná, especial- mente nas regiões Norte e Noroeste do estado, onde os agricultores encontraram condições propícias para a cultura. Mas o clima temperado estabeleceu uma barreira para a expansão em larga es- cala da cana em direção aos outros esta- dos do Sul do Brasil. Em Santa Catarina o
  • 37. 37 cultivo é direcionado à produção de gara- pa. O estado é o maior produtor e consu- midor de caldo de cana do Brasil. Porém, o pequeno volume de produção e a pro- dutividade limitada pelas condições eda- foclimáticas não incentivaram a implanta- ção de unidades sucroenergéticas. É sonho antigo do Rio Grande do Sul se tornar um grande produtor de cana, açúcar e etanol, afinal, importa os produ- tos de outros Estados. A expansão cana- vieira que embalou o país, por volta de 10 anos e a instalação da fábrica de plástico verde da Braskem nas terras gaúchas es- timularam investimentos, e quase que a Destilaria Coopercana, localizada em Por- to Xavier, no Oeste do Estado, a maior ex- periência gaúcha na área canavieira, ga- nha a companhia de novas unidades. Porém, a crise que envolveu o se- tor e a inexistência de variedades de cana adaptadas ao clima gaúcho congelaram os projetos. E a cana nos pampas conti- nuou restrita aos pequenos agricultores que a cultivam para produzir rapadura, ca- chaça e garapa. Mas se depender dos pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e da unidade da Embrapa (Embrapa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) – Clima Tempe- rado, situada em Pelotas, RS, as condições climáticas poderão deixar de ser uma limi- tação para o desenvolvimento da cana-de -açúcar em boa parte do Sul do país. Desde 2006 eles pesquisam o desenvolvimento de variedades de cana tolerantes ao frio. Segundo Edelclaiton Daros, profes- sor da UFPR, instituição que integra a RI- DESA (Rede Interuniversitária para o De- senvolvimento do Setor Sucroenergético), nunca houve uma seleção de material va- rietal específica para o Rio Grande do Sul. “Diferente do que estamos fazendo há nove anos. Fizemos um cruzamento na Serra do Ouro, AL, pela Universidade Fe- deral de Alagoas já com progenitores to- lerantes ao frio. Depois destes cruzamen- PAULOLANZETTA Em 2014 foram selecionados 105 clones T3
  • 38. 38 Julho · 2015 tos específicos, mandamos estes materiais para o Rio Grande do Sul, onde foram se- lecionados em condições adversas.” De acordo com Sérgio dos Anjos, pesquisador da Embrapa Clima Tempera- do, estão atualmente em avaliação no Rio Grande do Sul mais de mil clones, sendo que em 2014 foram selecionados 105 clo- nes T3, que fazem parte do Ensaio Prelimi- nar do convênio entre o RS e o PR. Em 2015, os 105 materiais com tole- rância ao frio, selecionados no Rio Grande do Sul, foram recebidos pela UFPR. “Agora que recebemos estes materiais, vamos ini- ciar os primeiros testes no estado do Pa- raná e provavelmente a partir de 2016 es- tes materiais também serão avaliados no Mato Grosso do Sul, em parceria com a RI- DESA/UFSCar”, relata Daros. Já no Ensaio Regional, a Embrapa Cli- ma Temperado tem 46 Genótipos sendo tes- tados em 12 locais diferentes no Rio Grande do Sul. As características principais dos ge- nótiposselecionadossãoprodutividade,boa adaptação às condições ambientais, estabi- lidade e tolerância a doenças. Após a ava- liação de campo em quatro safras agrícolas (entre o ciclo 2010/2011 e o 2013/2014) em cinco locais no Rio Grande do Sul, a Embra- pa já tem uma lista com os genótipos de ca- na-de-açúcar que apresentam melhor nível de tolerância ao frio na fase de maturação, tanto para ciclo precoce como médio tardio. São ao todo 38 materiais. PESQUISA & DESENVOLVIMENTO Genótipos de cana-de-açúcar que apresentam melhor nível de tolerância ao frio na fase de maturação Genótipos de ciclo precoce RB005935, RB006996, RB015868, RB015895, RB016910, RB016913, RB016916, RB016918, RB036145, RB036152, RB855156*, RB925345, RB935581, RB966928, RB975932, RB975935, RB975944, RB985867 Genótipos de ciclo médio tardio RB005003, RB005014, RB005017, RB006624, RB867515, RB92579, RB937570, RB965560, RB975290, RB995431, RB996519, RB996527, RB996532, RB008347, RB835089*, RB845197, RB925268, RB935744, RB987932, RB987935.
  • 39. 39 Nove variedades indicadas Este projeto de desenvolvimento de variedades tolerantes ao frio já resultou na indicação de cultivo de 9 variedades. “O comportamento delas está muito bom, es- tão sendo plantadas por pequenos produ- tores em diferentes pontos do Rio Grande do Sul”, afirma Daros. Segundo Dos Anjos, a tolerância ao frio foi fator determinante para a indica- ção destes materiais. “No que se refere a esta característica é importante salien- tar que o período de frio que antecede o inverno propicia a aclimatação destes ge- nótipos, aumentando a tolerância duran- te geadas mais severas. Isto não acontece em ambientes como Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná, onde a queda de tem- peratura é muito abrupta, causando danos irreversíveis”, explica. Segundo o pesquisador da Embrapa Clima Temperado, as variedades de cana- de-açúcar recomendadas para o RS já fo- ram adotadas por mais de 138 produto- res que produzem cana e não apenas para produção de álcool, mas também para a fabricação de aguardente, açúcar masca- vo, melado e alimentação animal. Estas 9 variedades indicadas para plantio no RS foram lançadas em 2012. Na ocasião, houve a assinatura do convênio entre a Embrapa e a Universidade Fede- ral do Paraná. “Isto melhorou muito nos- sa articulação com a Ridesa do Paraná, PAULOLANZETTA Pesquisador Sergio dos Anjos conduziu o público em visitação ao canavial
  • 40. 40 Julho · 2015 assim como com outros pesquisado- res de outras Universida- des da Rede, que se apro- ximaram mais do projeto fa- cilitando nos- sos trabalhos e proporcio- nando mais discussões sobre demandas da cultura”, afirma dos Anjos. Cana no RS atrai investidores De acordo com Dos Anjos, os resul- tados obtidos neste projeto, as novas de- mandas do setor no Rio Grande do Sul e a capacitação da equipe técnica permitiram a continuidade deste trabalho com finan- ciamento da Petrobras, que tem mostrado interesse em investir na produção de eta- nol no RS. PESQUISA & DESENVOLVIMENTO Cultivares adaptadas ao RS RB855156 - precoce - 93 toneladas de colmos/ha RB966928 - estabilidade boa - 93 toneladas de colmos/ha RB946903 - menos tolerante ao frio - 97 toneladas de colmos/ha RB925345 - mais precoce - 103 toneladas de colmos/ha RB965902 - tem mais exigências - 94 toneladas de colmos/ha RB867515 - é a mais cultivada no país - 99 toneladas de colmos/ha RB925268 - tem exigências de solo - 102 toneladas de colmos/ha RB935744 - crescimento rápido - 109 toneladas de colmos/ha RB845210 - tem longevidade - 94 toneladas de colmos/ha Variedades RB 966928 e 935744 estão entre os nove materiais indicados para cultivo no Rio Grande do Sul
  • 41. 41 Além disso, o pesquisador da Em- brapa relata que, com os resultados já ob- tidos relacionados principalmente com o desempenho do material genético e à adaptação nas condições de frio, aumen- tou o interesse de empresas em investir no setor no estado, inclusive consideran- do que há áreas aptas à cultura canavieira no Rio Grande do Sul, segundo o Zonea- mento Agroecológico da Cana. O entrave no momento é a crise en- frentada pelo setor sucroenergético e pela economia do país. “Porque falta recurso e a instabilidade na política dos biocom- bustíveis gera dúvidas em novos investi- mentos, principalmente numa região não tradicional.” De qualquer forma, independente dos cenários incertos, RIDESA e Embrapa continuam apostando na viabilidade da cana-de-açúcar tolerante ao frio. Apesar de que este projeto vai muito além disso. “Hoje já contamos com as variedades indi- cadas e muitos clones promissores já ava- liados, mas nosso trabalho não é só com variedades. Temos pesquisas em anda- mento para todo o sistema de produção, que é tão importante quanto o desenvol- vimento de novas variedades, que fazem parte do sistema. Portanto, temos desen- volvido tecnologias que permitem dizer que a produção de cana no RS não é mais um fator limitante para o setor sucroener- gético”, diz o pesquisador da Embrapa. PAULOLANZETTA Melhoramento genético: esperança de que canaviais ganhem espaço nas terras gaúchas
  • 42. 42 Julho · 2015 HERBISHOW Tiririca é uma das plantas daninhas mais agressivas DIVULGAÇÃOLABORATÓRIODEPLANTASDANINHASDAUFG-UFG/CÂMPUSJATAÍ-UNIDADEJATOBÁ
  • 43. 43 Não relaxe com a Tiririca! C om registros que datam 4600 anos antes de Cristo, a Tiririca, perten- cente à família botânica Cypera- ceae, é considerada uma das plantas da- ninhas mais agressivas encontradas até hoje. Por ser extremamente rústica e de fácil adaptação a solos de diferentes tex- turas e pH, e com variados graus de ferti- lidade, ela já foi relatada praticamente no mundo todo, principalmente onde há con- dições de clima tropical e subtropical. O professor adjunto da Universidade Federal de Goiás (UFG), Regional Jataí, e doutor em agronomia com ênfase em ci- ência de plantas daninhas, Paulo César Ti- mossi, explica que, dentre as espécies de Tiririca, a Cyperus rotundus tem sido a mais importante para o setor canavieiro, ADOÇÃO DE HERBICIDAS DE ALTA EFICIÊNCIA CONSEGUIU REDUZIR AS INFESTAÇÕES DE TIRIRICA NOS ÚLTIMOS ANOS. PORÉM, CASO O PRODUTOR SE DESCUIDE, ESSA PLANTA DANINHA PODE REDUZIR A PRODUTIVIDADE DA ÁREA EM ATÉ 40% Leonardo Ruiz DIVULGAÇÃOLABORATÓRIODEPLANTASDANINHAS DAUFG-UFG/CÂMPUSJATAÍ-UNIDADEJATOBÁ Alta infestação de Tiririca: acima de 1.000 manifestações epígeas por metro quadrado podem dizimar a produtividade do canavial em até 40%
  • 44. 44 Julho · 2015 HERBISHOW devido às suas características botânicas e biológicas. “A espécie é perene, com pro- pagação vegetativa acima de 95% da dis- persão e pouca importância da dissemi- nação por sementes. Ela apresenta porte baixo, atingindo, no máximo, 40 centíme- tros de altura e não tolera sombreamento, o que faz com que haja senescência das manifestações epígeas a partir do mo- mento em que as entrelinhas da cana-de -açúcar ficam sombreadas”. A disseminação da Tiririca se dá pela fragmentação de rizomas e distribuição de tubérculos presentes na camada subsu- perficial (0 a 30 cm) do solo, a qual ocorre sempre na projeção das linhas de cultivo. “No início da infestação de novas áreas, essa daninha se desenvolve e propaga-se em reboleiras. Dessa forma, quanto mais o solo for movimentado, maior será a distri- buição/infestação na área de cultivo”, afir- ma Timossi. Sem cuidado, Tiririca pode dizimar canavial Altas infestações de Tiririca, acima de 1.000 manifestações epígeas por metro quadrado, podem dizimar a produtivida- de do canavial em até 40%. O professor da UFG conta, ainda, que essa planta daninha prejudica a formação de perfilhos/afilhos e, consequentemente, o desenvolvimento dos colmos. “As principais formas de in- terferência estão na competição por nu- trientes e água. Além disso, ela apresenta efeitos alelopáticos, os quais também in- terferem no desenvolvimento inicial das plantas.” Por isso, é importante que o produtor adote medidas preventivas visando dimi- nuir a infestação de novas áreas, se basean- do na inspeção/limpeza de equipamentos e máquinas. A lavagem dos equipamentos/ maquinários logo após a saída de áreas in- festadas se torna vital nesse cenário. Já o controle é baseado na adoção de herbicidas seletivos, aplicados em pré e pós-emergência. “É importante ressaltar que esses produtos necessitam de boa es- Aplicação de herbicida: O controle de Tiririca é baseado na adoção de herbicidas seletivos, aplicados em pré e pós-emergência
  • 45. 45 tabilidade físico-química em condições ad- versas de clima e textura de solo, pois, com a colheita de cana crua, a presença de pa- lha residual tem demonstrado ser mais um quesito a ser analisado na escolha do ingre- diente ativo a ser adotado”, afirma Timossi. Tiririca pode se adaptar ao canavial com palha A Tiririca já foi considerada a pior planta daninha encontrada em canaviais brasileiros, devido às suas características de agressividade e pelo seu difícil contro- le, já que possui propagação vegetativa e por sementes. Dessa forma, a cada opera- ção de cultivo/adubação pós-colheita de lavouras já infestadas pela espécie, havia um aumento expressivo na multiplicação de plantas. Ao longo dos últimos anos, a Tiririca reduziu seu grau de importância junto ao setor sucroenergético. Paulo César Timos- si, da UFG, explica que a presença da pa- lha residual, proveniente da colheita me- canizada de cana crua, foi um dos fatores que contribuiu para a diminuição da pre- sença de Tiririca nos canaviais. “Em varie- dades que possibilitam maior quantidade de palha sobre o solo, registramos que a população dessa daninha diminuiu ines- peradamente no primeiro momento. Po- rém, ao longo dos anos, é provável que ela se recupere, mostrando haver adaptação a esse novo sistema”. Herbicida de alta eficiência Porém, um dos principais motivos que possibilitam a redução da Tiririca é a DIVULGAÇÃOLABORATÓRIODEPLANTASDANINHASDAUFG-UFG/CÂMPUSJATAÍ-UNIDADEJATOBÁ “Plateau® controla não só a parte aérea da Tiririca, mas também diminui, em até 60% no primeiro ano, o número de tubérculos”, informa Daniel Medeiros
  • 46. 46 Julho · 2015 utilização de herbicidas altamente eficien- tes, que chegam a diminuir acima de 80% da infestação logo na primeira aplicação. “Essa forma de manejo praticamente man- tém as populações abaixo de 5%, a qual em muitos casos se concentra na encos- ta de terraços, os quais não são sombrea- dos de forma eficiente e nem cobertos por palha residual, demonstrando que a pró- pria cultura também colabora com a dimi- nuição das infestações”, afirma Paulo Cé- sar Timossi. Pertencente ao grupo químico das Imidazolinonas, o Plateau® , herbicida se- letivo da BASF recomendado para o con- trole de plantas daninhas na cultura do amendoim e da cana–de–açúcar, é um grande aliado no controle da Tiririca nos canaviais brasileiros. Daniel Medeiros, da área de Desen- volvimento de Mercado da empresa, con- ta que, durante o desenvolvimento do produto, havia apenas um herbicida no mercado que controlava a Tiririca. “Dessa forma, a questão dessa daninha foi mui- to bem trabalhada pela BASF. O Plateau® controla não só a parte aérea dessa dani- nha, mas também diminui, em até 60% no primeiro ano, o número de tubérculos. Ou seja, com dois a três anos de aplicações, é possível reduzir a presença da planta a ní- veis bastante satisfatórios”. Medeiros explica que, em função do grande banco de sementes presente nos canaviais, a erradicação completa da Tiriri- ca é praticamente impossível. “Além disso, cerca de 20% dos tubérculos permanecem dormentes, ou seja, não estão aptos a ab- sorver o herbicida. Dessa forma, se levar- mos em conta apenas o número de partes HERBISHOW Canavial tratado com Plateau® , livre de Tiririca e com maior produtividade
  • 47. 47 subterrâneas que são capazes de receber o produto, o nível de eficiência do Plate- au® é ainda maior.” Um dos primeiros herbicidas a poder ser trabalhado na época seca, o Plateau® possui um perfil muito satisfatório, pois é o que mais atravessa a palha da cana, ou seja, com apenas 20mm de chuva, cer- ca de 85% do ingrediente ativo já conse- gue atingir o solo. “É importante ressaltar que essa chuva não precisa acontecer, ne- cessariamente, logo após a aplicação, pois o produto possui alta estabilidade, supor- tando condições adversas severas, ou seja, mesmo se a chuva vier apenas dois me- ses após a aplicação, o produto consegui- rá transpor a palha com a mesma eficiên- cia”, afirma Medeiros. Tiririca em Campo Florido Na região abrangida pela CanaCam- po (Associação de Fornecedores de Cana da Região de Campo Florido-MG), a Tiriri- ca ainda é encontrada por muitos produ- Para controle de Tiririca, o herbicida recomendado por Piau é o Plateau® , da BASF tores. O coordenador agrícola da Associa- ção, Rodrigo Piau, conta que, mesmo essa daninha estando em áreas específicas na região, é uma planta que deve ser trata- da com muito cuidado para que sua pro- pagação seja evitada. “Nossa orientação é que sejam feitas limpezas dos implemen- tos antes que esses troquem de proprie- dade. Além disso, é importante que se faça um manejo cuidadoso da muda, evi- tando que a Tiririca seja levada para locais livres de infestações dessa planta”. Nas áreas onde há infestação, o her- bicida recomendado por Piau é o Plateau® , da BASF. “Orientamos uma aplicação na soqueira ou na desinfestação de área com dose de 210 a 230 gramas/ha. Esse méto- do de manejo nos proporciona uma efici- ência de 70% a 80% no controle”, finaliza. Para o controle de tiririca as doses de Plateau® variam de acordo com o tipo de solo e teor de matéria orgânica, com ampli- tude de 175 a 230 g/ha na cana soca e de 200 a 350 g/ha na desinfestação das áreas.
  • 48. 48 Julho · 2015 CAPA
  • 49. 49 A cana diz não ao fogo SETOR SUCROENERGÉTICO E ABAG/RP PROMOVEM CAMPANHA DE CONTROLE DE INCÊNDIOS NA ÁREA RURAL E MOSTRAM QUE INCÊNDIO É DIFERENTE DE QUEIMA CONTROLADA Incêndios causam danos ambientais, sociais e colocam em risco a vida de pessoas e animais
  • 50. 50 Julho · 2015 E m 2014, o estado de São Paulo vi- veu a pior seca dos últimos 70 anos. Com tempo seco e quente, a zona rural enfrentou condições alarmantes cau- sadas por incêndios, trazendo grandes da- nos para o meio ambiente, para a popula- ção e para a agropecuária. “No estado de São Paulo, em 2014, o corpo de bombeiros recebeu aproxima- damente 36 mil ocorrências emergenciais de incêndio em cobertura vegetal, e não incêndio estrutural e em indústrias. É um número realmente expressivo”, relata o Capitão Rodrigo de Araújo, do Corpo de Bombeiros de Ribeirão Preto. Incêndios não controlados, de ori- gem criminosa ou acidental, sempre fo- ram comuns ao longo do ano na zona rural, atingindo áreas verdes, diferentes ti- pos de plantações, instalações de fazen- das e máquinas agrícolas, além de provo- car acidentes em rodovias, por conta da fumaça, e de colocar em risco a vida de pessoas e animais. Para minimizar os prejuízos causa- dos pelo fogo à população e à agricultura, produtores rurais, entidades representati- vas e usinas de açúcar e etanol do interior paulista se uniram em uma campanha de conscientização. A iniciativa é da Associa- CAPA Leonardo Ruiz. Clivonei Roberto e Luciana Paiva Casa cheia no evento que marcou o lançamento da campanha, em Ribeirão Preto
  • 51. 51
  • 52. 52 Julho · 2015 ção Brasileira do Agronegócio da Região de Ribeirão Preto (ABAG/RP), que lançou a ação no último dia 15 de julho em um evento em Ribeirão Preto. “A ação preten- de despertar a população para atitudes que evitem incêndios, criar uma rede de comunicação entre os agentes produtivos e ampliar os canais de comunicação com a sociedade”, diz Marcos Matos, diretor exe- cutivo da ABAG/RP. A campanha A campanha começou em julho, no início do período mais seco do ano quan- do a ocorrência do fogo é, historicamen- te, maior, e segue até outubro com uma série de ações de comunicação e educa- ção. “Mas deve durar muito tempo. Esse é o primeiro passo do projeto, que começou a partir da união entre produtores, usinas, associações, em prol da preservação am- biental e da maior sustentabilidade do se- tor”, diz Valéria Ribeiro, assessora de co- municação da ABAG/RP. A ação foi construída a partir de vá- rias reuniões envolvendo os produtores Grupos envolvidos diretamente na campanha 1) Associados da ABAG/RP Setor sucroenergético: - Grupo Balbo (Santo Antônio e São Francisco), - Grupo São Martinho (Iracema, Santa Cruz e São Martinho), - Grupo Pedra Agroindustrial (Ipê, Pedra e Buriti), - Usinas Batatais/Lins, Ipiranga/Iacanga, Santa Fé e Viralcool. Associações de Produtores: - Canaoeste (As. dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de S. Paulo), - Copercana (Coop. dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de S. Paulo), - Coplana (Coop. dos Plantadores de Cana de Guariba), - Socicana (Associação dos Fornecedores de Cana de Guariba). 2) Parceiros na Campanha - Grupo Biosev, - Grupo Raízen. 3) Apoiadores - Usinas Pitangueiras, Moreno e Grupo Guarani. CAPA
  • 53. 53 “Incêndio é diferente de queima controlada”, diz Matos rurais, associações, usi- nas, entre outros atores da sociedade civil. Matos informa que três motes serão trabalhados: 1 – Incêndio é diferente de queima controlada; 2 – Incêndio não interessa pra nin- guém: nem para o campo, nem para a cidade; 3 – Consciência e responsabilidade: a melhor prevenção. O diretor da Abag/RP salienta que a campanha pretende deixar claro que in- cêndio é diferente de queima controlada, que requer permissão da CETESB (Com- panhia Ambiental do Estado de São Pau- lo), horário marcado e monitoramento das condições do ar. “Incêndio é situação cri- Queima de cana controlada acontece de madrugada, longe das áreas urbanas, com a presença de carro pipa e que requer permissão da Cetesb
  • 54. 54 Julho · 2015 minosa, tem causa desconhecida e resulta em grandes perdas. É perigoso para pes- soas, estruturas e causa grandes prejuízos no campo e na cidade”, diz Matos. A campanha é bastante representati- va. Os grupos empresariais, as cooperati- vas e as associações que integram a ação representam 3.500 produtores rurais. E isto significa 150 milhões de toneladas de cana, 2 milhões de hectares plantados e 75 mil empregos diretos. De acordo com Matos, a produção dos participantes da campanha representa 44% de toda a cana do estado de São Paulo. O combate efetivo aos incêndios na zona rural não tem apenas importân- cia econômica e ambiental, mas também social. O fogo, quando se alastra, destrói tudo pela frente, sem distinção de tama- nho da propriedade. Quando se analisam os 3.500 produtores rurais que são repre- sentados pelos grupos e entidades que apoiam a campanha, 37% deles produzem menos de mil toneladas de cana por safra (em torno de 12 hectares) e 45% produ- zem entre mil e 6 mil toneladas (entre 12 e 75 hectares). “Ou seja, 82% dos produ- tores rurais envolvidos nesta iniciativa es- tão abaixo de 75 hectares”, destaca Matos. Marco Antonio Sanches Artuzo, ge- rente regional da CETESB em Ribeirão Pre- to, diz que essa campanha é uma evolu- ção. “Não sei se é uma ação pioneira, mas é muito bem-vinda. É uma iniciativa pre- ventiva e integrada, que visa minimizar as vulnerabilidades a incêndios e é funda- mental a participação de todos: da área produtiva, das instituições, que têm mis- são de fiscalizar, da sociedade como um todo, para que compreenda que deve se envolver com o assunto.” Investimento em comunicação e educação Matos salienta que a intensão é se comunicar com a sociedade utilizando CAPA Arte da campanha para busdoor
  • 55. 55
  • 56. 56 Julho · 2015 uma linguagem clara e uma mensagem bem objetiva. A ação é composta pelas seguintes peças de comunicação: dois co- merciais de televisão (duas versões de 15 segundos) e dois spots de rádio (30 se- gundos cada), além de anúncio para revis- tas e jornais, e arte para outdoors, busdo- ors e placas para estradas. Os associados da ABAG/RP e os parceiros da campanha podem replicar essas comunicações nas suas respectivas regiões, utilizando das estratégias que acharem mais eficientes. As placas de alerta serão coloca- das nas estradas com telefones das usinas mais próximas para facilitar a comunica- ção e garantir que o combate aos incên- dios aconteça no menor tempo possível. Além disso, mais de 100 mil carti- lhas serão entregues para as comunida- des do entorno das unidades produtivas e em escolas da região. Inclusive serão dis- tribuídas nas escolas que fazem parte do programa educacional Agronegócio na Escola, da própria ABAG/RP. As unidades de produção ainda colocarão seus técni- cos à disposição para ministrar palestras de esclarecimento e também para treinar ou ajudar a formar brigadas municipais de combate aos incêndios. “Nas cartilhas são explorados bas- tante os hábitos sustentáveis. Ela faz parte da estratégia educacional da campanha, que é fundamental. Este material mostra o perigo do fogo e a importância do envol- vimento de todos para a sua prevenção”, diz Matos. O Capitão Rodrigo de Araújo obser- va que no mundo todo, a prevenção de in- cêndio em vegetação começa por educa- ção pública. “Em outros países boa parte dos incêndios é causada por fatores natu- rais, mas no Brasil é muito predominante a condição comportamental. O incêndio CAPA Assista os vídeos da campanha para a TV Ouça spot da campanha para o rádio
  • 57. 57 é iniciado de uma forma que poderia ter sido prevenida. Por isso, uma campanha como essa é tudo o que se precisa para se mudar esse cenário de tantos incêndios.” Campanha reforçará as ações individuais Para Vitor Antenor Morilha, assessor de meio ambiente para as unidades do Grupo São Martinho, presente no lança- mento da campanha, a ação permitirá que as empresas que já desenvolvem traba- lhos integrados, em planos de auxílio mú- tuo, tenham maior efetividade no comba- te aos incêndios. O Grupo São Martinho tem uma atu- ação bem organizada voltada ao comba- te aos incêndios não controlados. “Para fa- zer essa nossa estrutura funcionar, temos colaboradores, devidamente treinados e reciclados, além de dispormos de equi- pamentos adequados para cada tipo de incêndio. Isto permite que nosso comba- te seja sempre efetivo e rápido, causando menor prejuízo possível aos canaviais, às áreas de proteção ambiental e aos equipa- mentos da empresa”, relata Morilha, des- tacando que a São Martinho não realiza a queima da palha para realizar colheita de cana. Hoje o Grupo colhe 100% das áreas passíveis de mecanização com máquinas. Fernando Lima, diretor de produção agrícola da Raízen, também prestigiou o lançamento e diz ter gostado muito da ini- ciativa. “Normalmente fazemos prevenção isolada e nunca alcançamos a amplitude que precisamos, que é atingir a popula- ção, as escolas, as pessoas que transitam Arte da campanha para outdoor Morilha: campanha permitirá maior efetividade no combate aos incêndios
  • 58. 58 Julho · 2015 pelos canaviais e não têm conhecimen- to da nossa cultura, que é a cana-de-açú- car.” A Raízen vai atuar ativamente na cam- panha, principalmente com a participação das unidades do Grupo que ficam nas re- giões de São Carlos e Araraquara. “Pos- teriormente avaliaremos o resultado para tomar a decisão se expandiremos a ação para todo o Grupo.” Segundo Lima, no ano passado a Ra- ízen registrou focos de incêndio em todas as regiões em que está presente, mesmo desenvolvendo uma política bem estrutu- ra de combate aos incêndios não contro- lados. “Ao todo, trabalhamos com 1.700 pessoas envolvidas no combate de incên- dio. Em todas as unidades, são 170 cami- nhões, torres de vigia, EPIs. Nossa preocu- pação é combater o incêndio rapidamente para que não tome grandes proporções.” A Raízen hoje tem 97% de colheita mecâ- nica e não utiliza do fogo como facilitador de colheita. Somente no polo agroindustrial Ri- beirão Preto da Biosev, Reginaldo Saba- nai, diretor de saúde, segurança, meio ambiente e competitividade da empresa, relata que é mantido um time composto por cerca de 350 pessoas, treinado e dedi- cado à área de combate. “Além disso, te- mos um ativo de 50 caminhões que ficam posicionados e acompanham as atividades em pontos críticos para combater possí- veis focos”. A Biosev trabalha fortemente a questão da comunicação junto a seus co- laboradores e cidades próximas, com car- tazes e outdoors com os números de con- tato para que qualquer um possa avisar a empresa em caso de incêndio. “Além dis- so, procuramos atuar junto aos fornece- CAPA Equipe da Usina Alta Mogiana no lançamento da campanha: Ricardo Antônio Jordão, Saulo Augusto de Almeida Cantasini, e Sebastião Falcão da Silva
  • 59. 59 Sabanai: “não é de interesse das empresas sucroenergéticas provocar queimadas” Nogueira: “No ano passado mensuramos cerca de 54 focos de incêndio entre nossos associados” dores, instruindo-os nas melhores estraté- gias de combate e prevenção, por meio de palestras, treinamentos e reuniões.” População desconhece a realidade Um aspecto importante da campa- nha é a oportunidade de mostrar para a sociedade que o fogo não está mais atre- lado à cana. O Protocolo Agroambiental, firmado entre o governo do estado de São Paulo, a Unica (União da Indústria de Ca- na-de-açúcar) e os produtores de cana, teve papel fundamental nesse processo, uma vez que estabeleceu 2014 como pra- zo máximo para as usinas e produtores signatários extinguir a quei- ma para a colheita de cana nas áreas mecanizáveis. Já nas áre- as não mecanizáveis, o Proto- colo estabelece como prazo final o ano de 2017. O que se viu, nos últi- mos anos, foi um processo acelerado de mecanização dos canaviais no estado de São Paulo. “No estado, como um todo, chegamos a 90% do índice de mecanização e na região de Ribeirão Preto esse índice é maior ainda, entre 93% e 97%”, observa José Guilherme Nogueira, superintendente da Socicana. Para Nogueira, a sociedade ainda desconhece que cada vez menos o setor se utiliza do fogo para colher o canavial. “Por isso, quando cai fuligem na casa de um morador, logo já dizem: ‘é o usineiro que está queimando cana’, o que normal- mente não é verdade. E além de ser uma prática mínima, quando ocorre é controla- da e longe dos espaços urbanos.” A incidência da queima de cana para DIVULGAÇÃOBIOSEV
  • 60. 60 Julho · 2015 Laurentis: “o produtor de cana muitas vezes é apontado como causador de um incêndio, o que é injusto” fins de colheita já está em fase final, ainda mais perto de cidades. “Acredito que em dois anos vamos chegar à queima zero. In- clusive com a substituição das áreas que hoje não se consegue colher com máqui- na”, diz Nogueira, lembrando que o nível de mecanização da colheita entre os asso- ciados da Socicana hoje é de 85%. E onde ainda ocorre a queima, a ação ocorre de madrugada e acompanhada por um cami- nhão equipado. E isso quando a queima é permitida. Reginaldo Sabanai salienta que toda a indústria é bastante afetada quando há um incêndio. Dessa forma, é importante que a população saiba que não é de inte- resse das empresas sucroenergéticas pro- vocar queimadas. Para o engenheiro ambiental da Usi- na Açucareira Guaíra, Anderson Faria Ma- lerba, a questão da conscientização e edu- cação ambiental é o ponto crucial dessa campanha. “A população precisa entender que as usinas já não fazem o uso do fogo para realizar a colheita da cana-de-açúcar, que agora é praticamente toda feita com máquinas. Muitos incêndios partem de si- tiantes, que colocam fogo em entulhos durante as épocas secas do ano, e a pre- sença do vento pode levar fagulhas para o canavial mais próximo, iniciando, dessa forma, um foco de incêndio. A campanha é fundamental para que a população dei- xe de enxergar as usinas como vilãs e sai- ba que esses incêndios também causam prejuízos a elas.” Para Francisco Laurentis Filho, do conselho da ABAG/RP e secretário da Coplana, os incêndios, criminosos ou acidentais, trazem um grande prejuízo ao pro- CAPA Anderson Faria Malerba: “A questão da conscientização e educação ambiental é o ponto crucial da campanha da ABAG/RP”
  • 61. 61 dutor de cana-de-açúcar, que muitas ve- zes ainda é apontado injustamente como o causador do fogo. “É como se o produ- tor tivesse alguma vantagem com o uso do fogo, mas isso não é verdade. É algo que praticamente deixou de existir.” Riqueza que vira cinzas Na verdade, os incêndios criminosos têm provocado grandes perdas no setor. O polo agroindustrial Ribeirão Preto da Biosev, composto por quatro usinas (San- ta Elisa, Vale do Rosário, MB e Continental) sofreu com os incêndios atípicos de 2014. Reginaldo Sabanai conta que a seca afe- tou severamente as unidades do Polo, fa- zendo com que houvesse um índice ele- vado de queimadas que causou diversos prejuízos. Em 2014, os associados da Socica- na também sofreram sérios prejuízos, se- gundo o superintendente da associação, José Guilherme Nogueira. “No ano passa- do mensuramos cerca de 54 focos de in- cêndio. Houve grandes perdas. Existe uma produtividade esperada daquele canavial que pegou fogo. E na maioria dos casos não estava na época da colheita daque- la cana. Quando o fogo ocorre, aconte- ce antes mesmo do ponto de maturação da cana. Isso prejudica, pois a cana pode- ria dar volume maior de toneladas, além da palha e bagaço que poderiam ser usa- dos para cogeração. Assim, diretamente o produtor perde dinheiro no campo”, diz Nogueira. O fogo também impede que a palhada que fica no canavial nutra o solo e retenha a água da chuva. Em 2015, até meados de julho, a Socicana registrou três focos de incêndio. Na Raízen, a biomassa é utilizada para a produção de bioeletricidade e eta- nol de segunda geração. “Não podemos permitir que incêndios fora de contro- le destruam uma fonte de riqueza como essa, que nos oferece tantos produtos. EO incêndio transforma a cana em cinzas
  • 62. 62 Julho · 2015 isso vale tanto para a cana em pé como para a palha que fica no campo”, diz Lima. Para ele, as perdas que se têm com estes incêndios devem ser apresentadas para a população por meio da campanha. Com- provando que a cana diz não ao fogo. CAPA Para Lima, a sociedade não pode permitir que incêndios fora de controle consumam uma fonte de riqueza que é a cana-de-açúcar A ideia de unir forças para prevenir e combater incêndios não é nova. Unidades próximas geografica- mente estabelecerem procedimentos co- muns e estabelecerem canais de comuni- cação com o objetivo de combater com maior velocidade e eficiência qualquer foco de incêndio que apareça na região. PAME reduz área afetada por incêncios em canaviais USINAS ALTA MOGIANA, COLORADO E GUAÍRA CRIARAM O PLANO DE AUXÍLIO MÚTUO EM SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA, VISANDO ATUAÇÃO CONJUNTA E EFICAZ DAS EMPRESAS NO COMBATE A INCÊNDIOS Quando há o início de um foco, as empresas atuam juntas para garantir o rápido combate ao incêndio DIVULGAÇÃOALPHASEGTREINAMENTOS
  • 63. 63 Um exemplo bem-sucedido foi adotado na região de Ribeirão Preto. Em 2012, com a criação do PAME (Plano de Auxílio Mútuo em Situações de Emergência) envolvendo as Usinas Alta Mogiana, Colorado e Guaíra, em parceria com a polícia da região e com apoio e supervisão do Corpo de Bombeiros. Dessa forma, quando há o início de um foco, as empresas atuam juntas para garan- tir o rápido combate ao incêndio, disponibilizando recursos materiais, de comunicação, equipamentos e caminhões tanques/pipas, a fim de minimizar o risco à sociedade, ao meio ambiente e ao patrimônio da empresa. O engenheiro de segurança do trabalho da Usina Alta Mogiana, Ricardo Antônio Jordão, conta que a iniciativa da criação de uma associação partiu do momento em que as três usinas começaram a abolir a queima de suas atividades e constataram que já não era mais interessante ter cana queimada. “Como as empresas possuem canaviais muito próximos, um pequeno incêndio em determinado local pode se propagar rapidamente para outras áreas, afetando, também, os talhões da usina vizinha”. Sempre alerta Cada uma das três empresas integrantes deste PAME possui sua própria estrutura de prevenção e combate a incêndios, que vão desde mirantes, caminhões-pipa (ou ca- minhões-bombeiro), aba- fadores, mangotes, man- gueiras, esguichos, EPIs, veículos leves para apoio, ambulâncias (caso ocor- ram emergências com ví- timas), kits para aplicação de espuma (que visam abafar a propagação do fogo e economizar água), Cada uma das três usinas pertencentes ao PAME possui sua própria estrutura de prevenção e combate a incêndios DIVULGAÇÃOALPHASEGTREINAMENTOS
  • 64. 64 Julho · 2015 CAPA até torres de vigias, guardadas 24 horas por dia por funcionários munidos de binóculos e rádios que fazem a vigilância dos canaviais. Além, é claro, das brigadas de incêndios. A Usina Açucareira Guaíra, localizada na cidade paulista de mesmo nome, foi uma das empresas que investiu pesado em sua estrutura de combate a incêndios. O engenhei- ro ambiental da unidade, Anderson Faria Malerba, conta que os investimentos se deram desde a aquisição de caminhões-pipas e equipamentos e treinamento de brigadas de in- cêndios até a instalação de kits para aplicação de espuma nos tratores e colhedoras. “Unida, a estrutura das três usinas possibilita uma ação rápida e eficiente, tanto na comunicação de possíveis focos até na extinção dos mesmos. Em 2014, nós registramos um número maior de incêndios se comparado a 2010, porém, graças à ação do PAME, as áreas afetadas foram bem menores”, afirma Malerba. Na Usina Alta Mogiana foram quase 10 mil hectares queimados ao longo de 2014. Prejuízos que são incalculáveis, segundo o engenheiro agrônomo de colheita da empre- sa, Saulo Augusto de Almeida Cantasini. Ele conta que, quando a queima ocorre em épo- cas fora do período de safra, a cana é colhida para que haja a brotação e, posteriormen- te, é descartada. “Além desses, existem também os prejuízos indiretos, pois, quando há algum foco de queimada próxima, precisamos parar as atividades de colheita para que o fogo possa ser controlado, o que representa perdas de eficiência operacional.” Na Usina Alta Mogiana foram quase 10 mil hectares queimados ao longo de 2014
  • 65. 65
  • 66. 66 Julho · 2015 INSECTSHOW Sphenophorus levis quebra usinas e produtores de cana U m bicho pequeno, menor do que uma tampa de caneta, está cau- sando estragos crescentes nos ca- naviais do Centro-Sul, principalmente no PRAGA AVANÇA NO CENTRO-SUL, PRINCIPALMENTE EM SÃO PAULO; ESTIMA-SE QUE A INFESTAÇÃO ESTEJA EM MAIS DE 3 MILHÕES DE HECTARES Clivonei Roberto, Luciana Paiva e Leonardo Ruiz Sphenophorus levis adulto estado de São Paulo. É o Sphenophorus levis (Sl), também conhecido como bicu- do-da-cana. Uma praga que pode redu- zir a produtividade em até 30 t/ha/corte,
  • 67. 67 A larva do Sphenophorus se “faz de morta” além de abreviar a longevidade do cana- vial. Há casos que, devido à alta incidên- cia, a renovação da área tem de ocorrer no segundo corte. Atualmente há áreas do estado de São Paulo com índice de infestação supe- rior a 80%. Segundo estudo da Kleffmann, a incidência da praga nos canaviais pau- listas avançou 6,7% de 2013 para 2014. De acordo com informações do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), o Sphe- nophorus levis atingiu 150 municípios em 2014 entre os estados de Minas Gerais, Pa- raná, Mato Grosso do Sul, Goiás e, prin- cipalmente, São Paulo – responsável por 54,6% da produção nacional de cana-de -açúcar. Um levantamento da consulto- ria Datagro Alta Performance indica que a praga está presente em mais de 60% dos canaviais do Noroeste paulista, além do avanço considerável em outras partes do estado, como a região de Assis. Diante des- tes números e pela dimensão de da- nos que pode cau- sar, esta praga é hoje um dos princi- pais desafios do se- tor sucroenergético. Para Carulina Oliveira, gerente de Marke- ting Cana, Citrus e Amendoim da BASF, apenas com um posicionamento efetivo dos profissionais do setor será possível controlar a praga e minimizar os prejuízos que tem causado. “O produtor tem de buscar informa- ções e se mobilizar contra o Sphenopho- rus, que tem apresentado uma infestação cada vez mais agressiva nas regiões cana- vieiras do país, com exceção do Nordeste. É uma praga que se consegue controlar, mas é de difícil eliminação”, diz Carulina. Segundo ela, o problema somente poderá ser enfrentado na magnitude que repre- senta hoje para a atividade canavieira na medida em que os profissionais entende- rem o risco que oferece para o negócio. Estimativas indicam que o setor ain- da não entrou pra valer na “guerra” con- tra esta praga. Em 2014, foram tratados mais de 800 mil hectares com a presença
  • 68. 68 Julho · 2015 INSECTSHOW da praga. “Porém, estima-se que mais de 3 milhões de hectares estejam infestados”, relatou Carulina. Difusão de conhecimento Com o objetivo de levar informações para o produtor de cana-de-açúcar e pro- fissionais de usinas, a BASF promoveu, no dia 16 de julho, no Departamento de Ciên- cias Agrárias da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em Araras, um Encon- tro sobre Controle do Sphenophorus. Par- ticiparam produtores de cana, estudantes de agronomia, consultores e jornalistas. Na abertura do evento, Carulina des- tacou o esforço da empresa no desenvol- vimento de soluções para o controle desta praga, além do compromisso com a difu- são de conhecimento sobre o Sl. Na BASF, o Sphenophorus não é as- sunto recente. A empresa iniciou os estu- dos sobre seu controle em 2004. Desde então, a atenção da empresa direcionada ao Sl não parou. “No ano passado come- çamos um trabalho de inteligência para entender melhor este inimigo da cana-de -açúcar e também este mercado. O objeti- vo era verificar onde esta praga está pre- sente no país, e porque está se alastrando de forma tão calma e ao mesmo tempo atingindo com agressividade os cana- viais”, contou Carulina. Para atender este objetivo, a compa- nhia trabalhou conjuntamente com a Kle- ffmann a fim de traçar um perfil nacional do Sphenophorus levis. Foi feito um levan- Carulina: “os últimos números mostram que a infestação já está em torno de 25% da cana-de-açúcar do estado de São Paulo”
  • 69. 69 tamento amplo sobre o assunto, que con- firmou o avanço gradativo da praga sobre os canaviais do Centro-Sul, especialmente no estado de São Paulo. “Ao comparar com dados do pas- sado, vemos que em 2010 a praga esta- va concentrada e tinha baixa infestação. Em 2013, quando ocorrera o último levan- tamento, a infestação com a praga já era de 15% dos canaviais paulistas. Os últimos números mostram que a infestação está em torno de 25% da cana-de-açúcar do estado de São Paulo”, disse Carulina, lem- brando que o problema também é cres- cente no Triângulo Mineiro, MG, na região de Dourados, MS, e no estado de Goiás. Sphenophorus quebra usinas e produtores de cana O Encontro contou com a palestra de dois especialistas de manejo fitossanitá- rio em cana-de-açúcar: o consultor Weber Valério e o pesquisador Newton Macedo, que desde 2004 participa do trabalho da BASF em busca do controle eficiente do Sphenophorus. O pesquisador lembrou que essa grande disseminação do Sl se deu com o uso de mudas sem sanidade nas áreas de renovação ou expansão de canavial. “Acre- dito que o setor já abandonou em grande parte o uso dessa prática errada, além dis- so, a adoção da muda-pré-brotada con- tribui para a formação de canaviais sem pragas. Assim, hoje, o principal meio de disseminação são as máquinas. Por isso, é fundamental que elas sejam desinfectadas antes de seguirem para outro talhão”, aler- tou Macedo. Na “batalha” contra o Sphenophorus, Macedo ressalta que é necessário utilizar todas as armas possíveis. “É preciso entrar Canavial com alta infestação de Sphenophorus
  • 70. 70 Julho · 2015 pesadíssimo, dando um choque na praga para que depois haja apenas a administra- ção da mesma, de forma que consigamos conviver com ela em níveis satisfatórios.” Macedo destaca que negligenciar a incidência dessa praga é correr o risco de não ficar no negócio, uma vez que é um fator de redução da produtividade. “Infe- lizmente ainda há quem não tenha ideia do impacto que o Sphenophorus pode trazer ao canavial. Se uma usina ou um produtor não faz o controle adequado de pragas, pode quebrar.” O pesquisador sa- lientou que é fundamental tratar integral- mente a área com infestação, e deu como exemplo uma usina que apresentava 25 mil hectares de cana com Sphenophorus e tratou apenas uma área de nove mil hec- tares. “Um grande erro.” Weber Valério concordou com Mace- do: “Infelizmente, muitas empresas ainda não têm a dimensão do risco que esta pra- ga oferece. Ao reduzir a produtividade e exigir antecipação na renovação, o Sphe- nophorus contribuiu para o fechamen- to de muitas usinas e vai continuar a fazer isso”, afirmou Valério. Até 2006 o Sphenophorus não era uma praga de grande importância para a cana- de-açúcar, lembrou o consultor. “Mas com o crescimento da colheita mecanizada, a ca- mada de palha que começou a ser forma- da no campo deixou a praga mais confortá- vel, uma vez que utiliza este ambiente como abrigo”, explicou. O Sl sobrepõe ciclos, com aproximadamente quatro a cinco gerações por ano. “Esta praga é esperta, tem uma es- tratégia de perpetuação. Na fase larval, que INSECTSHOW Newton Macedo: “o Sphenophorus levis começou a ganhar espaço, sendo que já se tornou uma praga de grande importância para o setor”
  • 71. 71 é prejudicial, fica alojada dentro do rizoma, em que é difícil chegar com defensivo quí- mico para fazer o controle.” Regent® Duo, o melhor inseticida para o controle do Sphenophorus Com este estudo iniciado em 2004, a BASF reuniu importantes informações para desenvolver o primeiro inseticida direcionado para o controle des- sa praga em cana- de-açúcar: o Re- gent® Duo, lançado em 2013. De acor- do com Daniel Me- deiros, da área de Desenvolvimento Técnico de Merca- do da BASF, o Re- gent® Duo é uma ferramenta que tem alta eficiência no controle da pra- ga. “Este produto apresenta efeito de cho- que e longo residual, controlando adultos imediatamente e oferecendo um residu- al sobre as larvas por mais tempo, elimi- nando os insetos antes de seu desenvolvi- mento”, observou Daniel, destacando que o produto tem o efeito desalojador. “O Sl adulto se finge de morto, por isso precisa ter um estímulo para que se movimente e se contamine com o produto.” Newton Macedo, que aplicou toda sua experiência ao lado da BASF no desen- volvimento do Regent® Duo, salientou se tratar do produto mais eficiente e eficaz no combate ao Sphenophorus levis. Opinião compartilhada por Weber Valério, consul- tor com 34 anos de experiência trabalhan- do com cana-de-açúcar. Ele concorda que o Regent® Duo é uma solução segura e efi- caz no controle do Sl. “Este produto mistu- Valério: “estimativas apontam que os danos podem chegar de 20 a 30 TCH por ano” ra uma molécula com grande residual, que é o Fipronil, com um produto de choque (piretroide), que é o Fastac® , o qual tem óti- mo resultado contra o Sphenophorus, uma vez que desaloja a praga de onde está alo- jada na raiz da planta, ficando suscetível à ação do produto”, explica.
  • 72. 72 Julho · 2015 De acordo com Carulina, o Regent® Duo é o melhor produto para o comba- te ao Sphenophorus, mas é preciso mais do que isso. O produtor de cana e a usi- na precisam aprender a combater a pra- ga. Para ela, todo profissional que traba- lha com cana precisa buscar dados sobre a praga, conhecer seus hábitos, para montar uma estratégia adequada de diagnóstico e controle e fazer a aplicação do defensivo de forma correta. “É preciso o manejo mais responsável possível. Caso contrário, o se- tor nunca vai atingir os três dígitos de pro- dutividade. Mas antes de tudo, o produtor tem de entender que o problema existe.” Na tentativa de controlar a praga, ou- tra questão que requer atenção é a tecno- logia utilizada na aplicação de defensivos. INSECTSHOW Daniel Medeiros: “Regent® Duo é uma ferramenta que tem alta eficiência no controle da praga” “Com Regent® Duo, análises técnicas comprovaram redução de 18% em 2013 para 2% em 2014 de tocos atacados”, mostrou Artioli
  • 73. 73 “Posicionar o produto por meio de defen- sivos injetados o mais próximo de onde ela está alojada é um grande desafio. Essa é uma das dificuldades de controlar essa praga”, destacou Valério. Além do desco- nhecimento sobre a presença da praga em seus canaviais, muitos produtores têm tra- tado o Sl de forma errada. “É importan- te tratar soqueira de primeiro e segundo corte, e não as áreas que irão para refor- ma.” O consultor conta que aplica, atual- mente, de 70 mil a 100 mil hectares de in- seticidas para o controle do Sl. O sucesso do Regent® Duo na prática No Dia de Campo que a BASF pro- moveu em Araras, Paulo Roberto Artioli, produtor de cana de Macatuba, SP, e dire- tor agrícola da Tecnocana, com 13 mil hec- tares destinados à cultura, também foi pa- lestrante. Ele apresentou com detalhes seu trabalho de combate ao Sl. Artioli decla- rou que a praga reduziu de forma signi- ficativa sua produtividade. “Desde então, iniciamos um trabalho minucioso para combater esta praga por meio de contro- les mecânicos e químicos.” Para Artioli, todo produtor tem de estar consciente que se tiver a área in- festada, nunca vai ter boa produtividade. Para amenizar a incidência da praga, Ar- tioli adotou o método integrado de ma- nejo, com controle mecânico na reforma, Schiavon: “depois de aplicar Regent® Duo, notamos que os níveis de infestação caíram significativamente e minha produtividade aumentou”
  • 74. 74 Julho · 2015 Elisângela e Sílvio Sarpa: “em 2014 fizemos 90% da soqueira com Regent® Duo, com índice de controle próximo de 95%” rotação de cultura, controle químico com Regent® Duo no plantio e na cana-so- ca. Na propriedade de Artioli, o uso des- te produto é fundamental na batalha con- tra o Sl. “Com residual de 200 dias, trouxe segurança maior para dar continuidade na produção, melhor relação custo x be- nefício (margem muito boa devida à baixa infestação) e evolução (análises técnicas comprovaram redução de 18% em 2013 para 2% em 2014 de tocos atacados)”, diz o produtor. Detentor de uma área de 2.400 hec- tares de cana-de-açúcar na região pau- lista de Tambaú, o produtor Claudinei Antonio Schiavon, fornecedor da Aben- goa Bioenergia, participou como ouvinte no Encontro da BASF sobre Sphenopho- rus. Entrevistado pela CanaOnline, contou que seus canaviais já sofreram com o ata- que do Sl, considerada a pior praga de sua propriedade. “Nossa produtividade che- gou a cair 15%. Em área de outros forne- cedores já vi altas infestações que deman- daram reforma já no segundo ano, o que representa um prejuízo enorme para qual- quer empresa.” A solução do produtor foi iniciar um tratamento com o Regent® Duo. “Após o início dessa forma de manejo, notamos que os níveis de infestação caíram signi- ficativamente. Além disso, minha produti- vidade aumentou, saindo de 81 t/ha para 85 t/ha na safra 2013/14”. Schiavon afir- mou que, atualmente, 70% do seu cana- vial é tratado com o inseticida da BASF. Já no plantio, esse número sobe para 100%. “Utilizamos o Regent® Duo na cobertura dos toletes e também na soqueira quando há a necessidade”. Elisângela Men- des Sarpa e o marido, Sílvio Renato Sarpa, do Grupo Bom Retiro, são fornecedores de cana da Usina Ester. Eles também presti- giaram o evento e nos reportaram que tam- INSECTSHOW
  • 75. 75
  • 76. 76 Julho · 2015 bém tiveram um ótimo resultado no com- bate ao Sphenophorus aplicando o Re- gent® Duo. “No ano passado fizemos 90% da soqueira com este produto. E tivemos um retorno bastante interessante.” Elisângela observou que o índice de controle esteve próximo de 95%. “Isso re- fletiu no aumento de toneladas por hecta- re e no desenvolvimento da planta. A cana respondeu muito bem, principalmente de- pois da estiagem longa do ano passado”, diz. Também lembra que o produto aju- dou no melhor controle de formigas. Para ela, o Regent® Duo passou a ser uma fer- ramenta importante para a empresa na busca pela cana dos três dígitos. “Para este ano, estimamos 93 t/ha de produtividade.” Regent® Duo também controla saúva, broca e cigarrinha Este aspecto de controlar formigas, abordado por Elisângela, é mais um dife- rencial do Regent® Duo que foi desenvol- vido para controlar o Sl, mas apresenta si- nergia no controle de outras pragas que atacam a cana-de-açúcar, como formiga saúva, cigarrinha e broca. Daniel Medeiros contou que esse desempenho foi levantado pelos clientes. “Eles nos relataram que as áreas que re- cebiam a aplicação do Regent® Duo, além da redução do Sl, passaram a apresen- tar menor incidência de saúva, cigarrinha e broca. Fizemos o levantamento é con- firmamos que é real”, disse Daniel, desta- cando ser mais uma vantagem do produ- to, elevando seu custo-benefício. Que já é grande, de acordo com dados apresenta- dos por ele. Nas áreas de cana-planta, o Regent® Duo oferece 13 toneladas a mais que o produto concorrente e nas áreas de cana-soca a eficiência é de 25% acima do tratamento padrão. Melhor relação custo-benefício INSECTSHOW
  • 77. 77 A cultura da cana-de-açúcar, como qualquer outra, sofre com ata- ques de diversas doenças, causa- das por fungos, bactérias, vírus e nemató- ides. Entre as principais estão as ferrugens alaranjada e marrom, raquitismo das so- queiras, escaldadura das folhas, carvão, mosaico, amarelinho e a podridão aba- caxi. Doenças essas que podem dizimar a produtividade do cultivo agrícola. Estima- tivas apontam que, se fosse possível con- trolar totalmente apenas as doenças, ha- veria um aumento de 13% na produção dos canaviais. Detectada pela primeira vez no Brasil em dezembro de 2009, na região de Arara- quara, SP, a ferrugem alaranjada (Puccinia kuehnii) causa duros danos econômicos aos produtores canavieiros e, por isso, é considerada a pior doença da cultura, atu- almente. Estima-se que cerca de 1,3 mi- lhão de hectares (15% da área cultivada) no Brasil esteja infectado pela doença. Os mais afetados são os estados de São Pau- INSECTSHOW Erradicar canavial pode não ser a melhor forma de se livrar das doenças da cana MANEJO DE DOENÇAS DA CANA-DE-AÇÚCAR COM O USO DE FUNGICIDAS É ALTERNATIVA PARA O SETOR OBTER AVANÇOS SIGNIFICATIVOS NA PRODUTIVIDADE DOS CANAVIAIS Leonardo Ruiz e Luciana Paiva Folhas de cana que tinham ferrugem alaranjada, após aplicação de Nativo DIVULGAÇÃOBAYERCROPSCIENCE
  • 78. 78 Julho · 2015 Folhas não tratadas com Nativo lo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Goiás e Minas Gerais. Estudos apontam que a doença causa redução na produção agrícola na ordem de 30% a 50% na TCH (toneladas de colmos/ha) e de 15% a 20% no teor de sacarose dos colmos. A doença é causada por um fungo que provoca lesões nas folhas, denominadas pús- tulas, em que são produzi- dos os esporos que funcionam como sementes para sua pro- pagação. Depois de instaura- da, uma quantidade enorme de esporos é lançada no ar, o que contamina outras plantas daquele mesmo talhão ou de ou- tras áreas. O vento é a principal forma de disseminação. Setor entra em pânico com a ferrugem alaranjada e erradica canavial Entre as variedades mais suscetíveis à ferrugem alaranjada está a SP 81-3250. Quando a doença surgiu em 2009, essa variedade era uma das mais cultivadas no interior paulista. Por isso, deixou mui- ta gente em pânico, a ponto de erradicar canaviais com 3250 e eliminá-la do plan- tel varietal. Mas, para José Otávio Menten, pro- fessor associado da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ)/Uni- versidade de São Paulo (USP), essa atitu- de radical não precisa acontecer, o setor de cana poderia fazer como outras cultu- ras: adotar o controle químico. Mentem explica que existem cerca de 40 diferentes medidas que podem ser utilizadas, simultaneamente ou em sequ- ência, para se reduzir os danos causados pelas doenças. Medidas essas que podem ser incluídas em métodos genéticos, bio- INSECTSHOW DIVULGAÇÃOBAYERCROPSCIENCE
  • 79. 79 lógicos, culturais, físicos e químicos. “Po- rém, a maior parte delas é preventiva, já que depois que uma doença se estabele- ce, o principal método de controle é o quí- mico, baseado, principalmente, na utiliza- ção de fungicidas.” Na maioria das culturas, como feijão, arroz, trigo, batata, tomate e citrus, a for- ma de controle mais utilizada no combate às doenças é a química, devido à sua efi- ciência e praticidade. Porém, no caso da cana-de-açúcar, o cenário é um pouco di- ferente: as enfermidades são manejadas, principalmente, empregando-se varieda- des resistentes, obtidas por meio dos pro- gramas de melhoramento genético. São utilizadas, também, mudas sadias ou ade- quadamente tratadas, roguing e cultivo em áreas favoráveis. O professor salienta que apenas es- ses procedimentos não são suficientes para garantir o cultivo satisfatório da cul- tura no Brasil. “É importante que se crie a tradição ou costume de se utilizar fungi- cidas foliares em cana-de-açúcar. Em ou- tras culturas, como soja, milho e algodão, a aplicação de fungicidas, que há 15, 20 anos era muito pouco utilizada, atualmen- te é uma prática já incorporada no proces- so produtivo, com amplos benefícios para o produtor”. Ao adotar a medida de erradicar a variedade, o setor pode abrir mão de plantas mais suscetíveis a ocorrência de doenças, porém apresentam boas carac- terísticas agronômicas, como produtivida- de, bom desenvolvimento em áreas com limitações edafoclimáticas e resistência às pragas. “É importante lembrar que o tra- balho de seleção de uma nova variedade em cana leva cerca de 15 anos. Em casos como estes, é interessante lançar mão de outras medidas de manejo que impeçam que a doença atinja altos níveis de dano “É importante que se crie a tradição ou costume de se utilizar fungicidas foliares em cana-de-açúcar”, diz Menten