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Terra & Cia Setembro 2014 1
Conab estima produção
em 45,14 milhões de sacas
CAFÉ
Ribeirão Preto SP
Setembro - 2014
Ano 16 - Nº 187
R$ 10,00
TRIGO
Brusone preocupa
produtores do RS
LEITE
Tecnificação gera bons
resultados na produção
AVICULTURA
Cenário é positivo
até o final do ano
2 Terra & Cia Setembro 2014
Terra & Cia Setembro 2014 3
4 Terra & Cia Setembro 2014
Plínio Cesar,
diretor
Diretor: Plínio César
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Gerente Administrativo: Paulo Cézar
A nova revista do agronegócio
www.portalgrupoagrobrasil.com.br
Edição:
Equipe Terra & Cia
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Doca Pascoal e Maurício Lopes
Editor Gráfico: Thiago Gallo
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dos autores e não expressam a opinião da revista.
É permitida a reprodução total ou parcial
dos textos, desde que citada a fonte.
editorial
A
edição deste mês traz matéria especial sobre o café no brasil. A Compa-
nhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a safra brasileira
de café em 2014 alcance 45,14 milhões de sacas, volume que supera em
570 mil sacas a estimativa divulgada em maio, que era de 44,57 milhões de sa-
cas de 60 quilos de café beneficiado.
A reportagem fala sobre as consequências do déficit hídrico, provocado
pela escassez e irregularidade das chuvas, e agravado pelas condições de eleva-
das temperaturas, que causaram sérios danos à produtividade das lavouras de
café no estado de Minas Gerais. Nos cafezais mineiros houve perdas em rendi-
mento, sobretudo, das lavouras mais novas.
Conheça também um estudo realizado por cientistas do Brasil, Espanha,
Estados Unidos e França, que se dedicaram a sequenciar o genoma da planta de
café. O empreendimento inédito analisou a espécie Coffea canephora ou robusta,
que representa 30% da produção mundial. Afinal de contas, o consumo de café
no mundo é expressivo, o que exigiu uma produção de mais de 8,7 milhões de to-
neladas em 2013. O resultado tem o potencial de reinventar o cafezinho a par-
tir de modificações genéticas que podem ajudar a melhorar ainda mais o sabor,
o aroma e a produção da bebida.
O Brasil é referência quando se trata de café. De cada três xícaras de café
consumidas no mundo, uma é brasileira. O País é o maior produtor mundial, com
30% da fatia global, além de liderar o ranking de exporta-
ção do grão. O Brasil também é o segundo maior consumi-
dor de café, atrás dos Estados Unidos. No entanto, especia-
listas afirmam que a liderança do Tio Sam está ameaçada.
Confira essa e outras matérias interessantes nesta edição
da Terra & Cia.
Boa leitura!
Vai um cafezinho aí?
MarcosSantos/USPImagens
Terra & Cia Setembro 2014 5
CAPA
Conab estima produção de
café em 45,14 milhões de sacas36
LEIA TAMBÉM
08	Leite
	 -	Tecnificação gera bons
		 resultados na produção leiteira
	 -	Programa apoia melhoria
		 da qualidade do leite
12	Suinocultura
	 -	Cai alíquota para importação de
		 estação eletrônica de alimentação
	 -	Suinocultura em transformação
		 é tema da Abraves 2015
16	Avicultura
	 -	Avicultura tem cenário
		 positivo até o final do ano
	 -	Autorização russa aquece
		 setor de carnes do Brasil
20	 Semana do Ovo
	 -	Campanha estimula
		 consumo de ovos no Brasil
22	 Tecnologia Agrícola
	 -	CNH Industrial integra
		 equipamentos na lavoura de cana
28	Sucroenergético
	 -	Especialistas discutem
		 variedades de cana
	 -	É um pássaro? É um avião?
		 Não, é o Super Valdir
40	Café
	 -	Café em Minas Gerais
		 sofre com déficit hídrico
	 -	Pesquisas ajudam a melhorar
		 sabor e aroma do café
	 -	Brasil produz 30% do
		 café consumido no mundo
50	Milho
	 -	Brasil deve exportar até
		 2,7 mi t/mês até dezembro
	 -	Silagem de alta qualidade
		 ainda é desafio no campo
	 -	Potencial do milho de
		 2ª safra é avaliado em MT
56	Trigo
	 -	Brusone preocupa produtores do RS
58	 MKT Inbound
	 -	A influência da tecnologia
		 no marketing do agronegócio
59	MDS
	 -	Brasil conta com
		 mapa digital de solos
62	 MKT Rural
	 -	TIMAC Agro lança nova
		 linha de fertilizantes sólidos
	 -	Novus International lança
		 website para clientes da AL
6 Terra & Cia Setembro 2014
Terra & Cia Setembro 2014 7
8 Terra & Cia Setembro 2014
leite
Fazenda Terras de Tranquilo. Com mudanças de manejo, nutrição e instalação, o produtor Márcio
Farneda conseguiu aumentar sua produtividade, reduzir os custos de produção, melhorar o bem-
estar dos animais e transformar seu negócio em uma empresa de resultados em apenas um ano
Tecnificação gera bons
resultados na produção leiteira
M
ais organização no proces-
so produtivo, estratégias
nutricionais direcionadas
e bem-estar dos animais foram al-
guns pontos dos avanços na produção
de leite da Fazenda Terras de Tranqui-
lo, em Pinhalzinho, SC. Com planeja-
mento e ajuda de profissionais expe-
rientes, o produtor Márcio Farneda
conseguiu melhorar o desempenho no
campo, o bem-estar dos animais, a sa-
nidade do rebanho, a qualidade do lei-
te e, consequentemente, sua rentabi-
lidade. “Ouvi de um pesquisador que
nos visitou que estamos cinco anos a
frente de nosso tempo na produção de
leite, com estoques planejados de ali-
mentos, além de nutrição de qualida-
de e em quantidades adequadas”, diz
o produtor.
Com 10 anos na atividade, Far-
neda iniciou uma série de mudanças
para uma maior profissionalização
do negócio cerca de um ano atrás. Na
propriedade de 42 hectares, com 26
hectares destinados a produção, tra-
balham com ele a esposa e três funcio-
nários. Eles mudaram estratégias de
manejo e nutrição sem elevar gastos,
produzindo toda nutrição dos animais
na própria fazenda com um planeja-
mento alimentar para o ano. Além de
formular sua própria ração, reduzin-
do seus custos com nutrição em até
R$ 3 mil por mês, ele tem hoje 76 va-
cas em lactação e a expectativa é de
chegar em 100 até o fim do ano. Uma
das mudanças mais significativas foi
o sistema de produção compost barn,
onde os animais são manejados em
semi-confinamento.
O objetivo é proporcionar con-
forto ao animal, aumentando a longe-
vidade das vacas, além de melhorar a
facilidade de manejo que está associa-
da a este sistema. Outro benefício da
medida é reduzir problemas de casco,
explica o nutricionista e consultor Ro-
berto Jacó Zabot, responsável pelas
adaptações da propriedade. “Compa-
rado aos sistemas tipo free-stalls, no
compost barn as vacas têm mais espa-
ço, o que permite maior liberdade de
movimento tanto para se locomove-
rem quanto para se deitar. Pois mes-
mo quando em pé, as vacas permane-
cem sobre uma superfície mais macia
do que no concreto ou barro”, afirma.
O especialista também destaca,
entre os objetivos das mudanças, me-
lhorias na qualidade do leite, com re-
dução da CCS e menor incidência de
mastite. “Esse fato pode ser explica-
do tanto pela redução de mastite am-
biental como pela redução da car-
ga microbiana na cama”, diz Zabot,
ressaltando as melhorias, que o siste-
ma trouxe, nas condições de higiene
das vacas antes da ordenha e no siste-
ma imunológico das vacas, promovido
pelo ambiente mais confortável.
Farneda garante que “o sistema
compost barn proporcionou um local
seco e confortável para o descanso dos
animais. Não tivemos mais problemas
de baixa produção de leite em perío-
dos de chuva porque agora os animais
podem permanecer confinados nes-
te período. Desde a implantação des-
te sistema, a produção média de leite
da propriedade subiu de 19 litros por
vaca ao dia para até 29 litros de leite,
atingindo picos de 31 litros por vaca
ao dia, o que significa incremento de
mais de 50%. Estes resultados são
consequência da procura por conhe-
cimento e tecnificação”, destaca Za-
Divulgação
Terra & Cia Setembro 2014 9
10 Terra & Cia Setembro 2014
bot. “O Márcio nos procurou buscan-
do maior tecnificação e hoje ele tem
uma empresa que gera resultados. Foi
assim que ele conseguiu melhorar a
produção e a receita da fazenda”.
Empresa de resultados - A famí-
lia Farneda trabalhava na suinocultu-
ra, uma atividade bastante tradicional
na região. Mas a falta de estabilidade
da atividade, que intercala momentos
positivos com momentos de crise, le-
vou o produtor a confinar bezerros.
“Comecei com gado holandês e Jer-
sey, mas descobri que são duas raças
que não convertem bem, por isso ini-
ciei meu rebanho com novilhas para a
produção de leite”, conta o produtor
que hoje trabalha predominantemen-
te com vacas holandesas.
Zabot destaca o impacto na pro-
dutividade e qualidade do leite entre
os pontos fortes da Fazenda Terras
de Tranquilo. “Neste último ano con-
seguimos reduzir de maneira signifi-
cativa a contagem bacteriana e CCS,
além de melhorar a manifestação de
cio, redução de custo de instalação,
aumento da produção leiteira e conse-
guir manejar melhor os animais. Tive-
mos um aumento na taxa de prenhes
com a produtividade por área crescen-
do quase 30%, subindo de 1,5 mil li-
tros de leite por dia para 2,1 litros por
dia, com picos de até 2,5 litros”.
Estas mudanças incluíram uma
nutrição direcionada de acordo com
a fase produtiva de cada animal, ex-
plica Zabot. “Separamos os lotes de
alta produção daqueles de baixa pro-
dução.Trabalhamos com foco no pré-
-parto e pós-parto sendo que o manejo
e a alimentação são primordiais para
aumentar a produção e a rentabilida-
de”, encerra o especialista mostrando
a Fazenda Terras de Tranquilo como
um exemplo de que investimentos bem
planejados em tecnificação e melho-
rias da qualidade do leite pode ser um
bom negócio.
Programa apoia melhoria
da qualidade do leite
O
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa),
por meio da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Co-
operativismo (SDC) e da Secretaria de Defesa Agropecuária
(SDA), está apoiando o PAS-Leite - Programa Alimentos Seguros, de-
senvolvido pelo Senai e Sebrae, em parceria com a Embrapa.
O objetivo do programa é aumentar a segurança e a melhoria da
qualidade do leite produzido no Brasil e agora, especificamente para o
Rio Grande do Sul. O primeiro curso, viabilizado pelo Senai, começou
em setembro em diversos municípios do estado, para capacitação de 1,5
mil transportadores de leite.
Ainda em setembro teve início um projeto-piloto com 15 produto-
res para melhoria da qualidade do leite com a disseminação de boas prá-
ticas, com duração prevista de nove meses. Esta etapa servirá para ava-
liar a operação do programa no Rio Grande do Sul.
A SDA tem trabalhado na fiscalização de leite em todo o país ve-
rificando questões sanitárias do produto. Já a SDC tem contribuído com
ações de fomento, por exemplo, um edital lançado em julho deste ano,
que visa a melhoria da qualidade e segurança do leite com propostas que
serão encaminhadas ao Mapa visando transformar a cadeia produtiva do
leite em longo prazo.
A Fazenda Terras de Tranquilo registrou
aumento da produção leiteira e na taxa
de prenhes com a produtividade por área
crescendo quase 30%, subindo de 1,5
mil litros de leite por dia para 2,1 litros
diários, com picos de até 2,5 litros
leite
Terra & Cia Setembro 2014 11
12 Terra & Cia Setembro 2014
suinocultura
Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) luta para garantir tecnologias mais acessíveis
aos suinocultores com o objetivo de reduzir custos de produção e aumentar o bem estar animal
Cai alíquota para importação de
estação eletrônica de alimentação
A
té 31 de dezembro de 2015,
o suinocultor brasileiro pode-
rá importar estações de ali-
mentação eletrônica para suínos com
redução da alíquota do imposto de
importação de 14% para 2%. O Con-
selho de Ministros da Câmara de Co-
mércio Exterior (Camex) acatou a so-
licitação da Associação Brasileira dos
Criadores de Suínos (ABCS) e incluiu
este tipo de maquinário no ex-tarifá-
rio, regime destinado à aquisição de
bens de capital para o quais não exis-
ta produto nacional equivalente.
A iniciativa da ABCS teve como
objetivo reduzir os custos para o pro-
dutor que queira importar esse tipo
de equipamento. Dessa forma, a im-
portação de máquinas de alimenta-
ção eletrônica passa a pagar 2% de
imposto de importação; 1,65% PIS/
PASEP; 7,6% de COFINS e 5,6% de
ICMS, já que, por resolução do Con-
selho Nacional de Política Fazendá-
ria (Confaz), bens de capital importa-
dos sob o regime de ex-tarifário têm
a base de cálculo reduzida tornando a
alíquota 5,6% ao invés do usual 17%.
“Lutar pela modernização da
cadeia é uma das missões da ABCS
para que sejamos cada vez mais efi-
cientes e assim oferecermos ao con-
sumidor um produto de qualidade que
atenda às exigências relacionadas a
meio ambiente, bem estar animal e
responsabilidade social”, disse o mé-
LuizRenatoCampos
Terra & Cia Setembro 2014 13
Nilo de Sá: “Lutar pela modernização da cadeia é uma das missões da ABCS para que sejamos
cada vez mais eficientes e assim oferecermos ao consumidor um produto de qualidade que
atenda às exigências relacionadas a meio ambiente, bem estar animal e responsabilidade social”
dico veterinário e diretor-executivo da
ABCS, Nilo Chaves de Sá.
A estação de alimentação ele-
trônica para supinos otimiza recursos
facilitando o manejo de matrizes no
período de gestação e diminuindo pos-
síveis desperdícios de ração. O siste-
ma, que tem capacidade para alimen-
tar em torno de 60 animais, permite
o arraçoamento individual de matri-
zes mantidas em sistema de gestação
coletiva, além de melhorar manejos e
reduzir a demanda por mão-de-obra.
Com esses equipamentos a téc-
nica se mostrou muito eficiente na
produção e na obtenção de vantagens
econômicas pelo aumento da produti-
vidade. De acordo com o produtor de
suínos do Distrito Federal (DF), Ru-
bens Valentini, “o equipamento per-
mite o controle exato, sem desperdí-
cios, da alimentação de cada porca
individualmente durante a gesta-
ção, a redução da mão de obra ne-
cessária, além de atender desejos dos
consumidores”.
Valentini destaca ainda que as
máquinas de alimentação de porcas
com controle eletrônico propiciam
melhoria das condições técnicas da
criação, aumento da rentabilidade da
atividade e “permitem atender o que
vem progressivamente sendo exigido
pelo consumidor na melhoria das con-
dições de bem estar na suinocultura
que têm sua expressão maior na eli-
14 Terra & Cia Setembro 2014
S
uinocultura em transformação é o slogan do
17º Congresso Abraves, que será realizado de
20 a 23 de outubro de 2015, em Campinas, SP.
Um dos objetivos desta edição é proporcionar ao mer-
cado a oportunidade de debater e entender o atual mo-
mento de transformação da suinocultura que envolve
todos os elos da cadeia produtiva, destacou o presidente
da Abraves Nacional, Godofredo Miltenburg. O evento,
que ocorre a cada dois anos, pretende reunir as princi-
pais autoridades mundiais da atividade, com estimativa
de público recorde e elevado nível técnico dos debates.
“Vamos reunir profissionais de todos os elos da
cadeia produtiva para debater esta transformação que
caminha para as crescentes exigências pela seguran-
ça do alimento. Nós, médicos veterinários, estamos en-
volvidos na produção de proteína animal e também so-
mos responsáveis pela qualidade desta produção, desde
o campo até a mesa do consumidor. E este cenário exi-
ge conhecimentos em segurança do alimento, que tam-
bém engloba sanidade, nutrição, ambiência e respon-
sabilidade compartilhada entre todos os elos da cadeia
produtiva”, afirmou o especialista.
Para os debates, a comissão organizadora do
evento está dividida em seis comissões, de acordo com
os temas saúde animal; nutrição; bem-estar, gestão e
ambiência; segurança do alimento; reprodução e gené-
tica. No próximo ano, o principal evento da suinocultu-
ra brasileira, deve reunir cerca de 1,5 mil participantes
entre médicos veterinários, zootecnistas, produtores,
pesquisadores, professores das principais universida-
des, empresários, representantes da agroindústria e
profissionais das principais empresas do setor.
“A edição será inesquecível. Com o apoio de todos
os abraveanos do país, vamos reunir recorde de parti-
suinocultura
minação das gaiolas de gestação”, re-
força o produtor.
O suinocultor do Mato Grosso e
diretor da Nutribras Alimentos, Pau-
lo Lucion, afirma que a redução da
alíquota é uma decisão positiva para
os produtores. “Este tipo de equipa-
mento é de grande importância para
a criação mais eficiente de suínos e,
assim, abre-se a oportunidade de mo-
dernizar granjas com um investimen-
to menor. Gostaria de reconhecer o
mérito da ABCS por haver apresenta-
do os argumentos do setor ao Camex
que, enfim, inclui as estações eletrôni-
cas no ex-tarifário”, disse.
A ABCS também pleiteia junto
ao Ministério do Desenvolvimento, In-
dústria e Comércio Exterior (MDIC),
a inclusão no ex-tarifário de placas
para aquecimento de leitões operadas
com água quente. Este equipamento
também beneficiará aqueles produto-
res que querem se modernizar e subs-
tituir os sistemas de lâmpada incan-
descente para aquecer os leitões nas
maternidades.
Godofredo Miltenburg: “Nós, médicos veterinários,
estamos envolvidos na produção de proteína animal
e também somos responsáveis pela qualidade desta
produção, desde o campo até a mesa do consumidor”
Suinocultura em transformação é tema da Abraves 2015
cipantes e as maiores autoridades em suinocultura do
mundo. A escolha de Campinas para sediar o encontro
foi uma decisão estratégica, já que a região concentra
um grande número de médicos veterinários especialis-
tas em suínos e tem fácil acesso, com grandes rodovias
e um dos mais importantes aeroportos do país”, obser-
vou Miltenburg.
Terra & Cia Setembro 2014 15
16 Terra & Cia Setembro 2014
As integradoras paulistas estão animadas
com a perspectiva de cotações mais baixas
para milho e soja, principais insumos de
produção, por conta da supersafra americana
e da safra abundante no Brasil, em setembro
Avicultura tem cenário
positivo até o final do ano
A
demanda aquecida dos mer-
cados interno e externo, os
custos de produção mais bai-
xos e os preços elevados das carnes
concorrentes devem manter um qua-
dro positivo para o produtor de fran-
go até o final de 2014. A análise é do
presidente da Associação Paulista de
Avicultura (APA), Érico Pozzer. Se-
gundo ele, as cotações do frango têm
sido impulsionadas pelos preços recor-
des das carnes bovina e suína. E este
quadro, aliado a um equilíbrio entre
oferta e demanda no mercado inter-
no, tem dado sustentação aos preços.
“As cotações mais elevadas das
outras carnes têm estimulado uma
migração para a carne de frango,
que está com a oferta bem equilibra-
da, levando a um aumento dos preços.
Acredito que ainda neste ano teremos
cotações ainda mais altas”, prevê o
especialista. No começo de setembro,
o frango vivo era comercializado ao
produtor a R$ 2,50 e o frango aba-
tido até R$ 3,60 no atacado paulis-
ta. A expectativa é que em outubro es-
tes valores já tenham alcançado R$ 4
para o frango inteiro no atacado, R$
5 para a coxa e R$ 8 para o filet.
As integradoras do Estado tam-
bém estão animadas com a perspecti-
va de cotações mais baixas para milho
e soja, principais insumos de produ-
ção, por conta da supersafra ameri-
cana e da safra abundante no Brasil,
em setembro. As boas expectativas
também vêm do mercado externo, por
conta das notícias da abertura do mer-
cado russo para as carnes brasileiras.
“Entramos no segundo semestre com
tendência baixista nos volumes de ex-
portação e vimos estas projeções se
alterando com a notícia das exporta-
ções para a Rússia”, diz Pozzer.
Para o presidente da APA, as
vendas de carnes brasileiras para o
mercado russo podem impulsionar as
cotações de duas maneiras. Primei-
ramente com os embarques de fran-
go para aquele país. E depois com as
Divulgação
Terra & Cia Setembro 2014 17
avicultura
exportações das carnes bovinas e su-
ínas, que devem levar a aumento de
preços no mercado interno influen-
ciando o mercado de frango. “As em-
presas brasileiras devem aproveitar a
oportunidade que se abre com a Rús-
sia, mas não acredito que seja o caso
de aumentar a produção por causa
desta demanda”.
Avicultura paulista - Apesar das
projeções positivas até o final do ano,
a APA tem outras preocupações que
podem significar perda de rentabili-
dade do setor. “Esperamos que, com
esta inversão das perspectivas para a
avicultura, ocasionadas pelo equilí-
brio do mercado, as empresas paulis-
tas cheguem ao final do ano com mar-
gens positivas, apesar da pressão que
a atividade enfrenta a partir de novas
exigências”, avalia Pozzer se referin-
do à NR 36, do Ministério do Traba-
lho, que trata da Segurança e Saúde
no Trabalho em Empresas de Abate e
Processamento de Carnes e Derivados.
De acordo com o especialista,
esta medida, que está em vigor desde
o final do ano passado, obriga abate-
douros implementarem pausas que re-
sultam em uma hora a menos de tra-
balho por dia, além de investimentos
em equipamentos e adaptações para
ergonomia. “Estas ações representam
uma disponibilidade de mão-de-obra
10% menor, o que significa que a in-
tegradora deve optar por reduzir seus
abates em 10% ou pagar hora extra”,
observa.
Divulgação
Pozzer: “As cotações mais elevadas das outras carnes têm estimulado uma migração
para a carne de frango, que está com a oferta bem equilibrada, levando a um aumento
dos preços. Acredito que ainda neste ano teremos cotações ainda mais altas”
Autorização russa aquece setor de carnes do Brasil
O
Rosselkhoznadzor (serviço sa-
nitário russo) autorizou a li-
beração de 87 estabelecimen-
tos brasileiros para exportação de
carnes, miúdos de carnes, aves, miú-
dos de aves, suínos e miúdos de suí-
nos. A lista inclui dois estabelecimen-
tos de produtos lácteos, totalizando
89 frigoríficos liberados. De acordo
com o ministro da Agricultura, Neri
Geller, o Brasil ampliará substantiva-
mente suas exportações de carnes e
lácteos para os países da União Adu-
aneira, “consolidando a parceria no
agronegócio internacional e as rela-
ções de confiança e amizade entre os
dois países”, disse.
A Rússia já é o principal desti-
Para o ministro Neri Geller, o Brasil ampliará substantivamente suas
exportações de carnes e lácteos para os países da União Aduaneira
ElzaFiúza/ABr
18 Terra & Cia Setembro 2014
avicultura
no das exportações brasileiras de car-
nes suína e bovina. Apenas de carne
bovina in natura, foram comercializa-
das entre Brasil e Rússia, ano passa-
do, 303 mil toneladas, gerando US$
1,2 bilhão em receitas. De carne su-
ína, foram exportados 134 mil tone-
ladas, com receita na ordem de US$
412 milhões. Os produtos agropecuá-
rios exportados à Rússia em 2013 ga-
rantiram o ingresso de US$ 2,72 bi-
lhões na balança comercial brasileira.
Histórico – Durante a 82ª As-
sembleia Geral da Organização Mun-
dial de Saúde Animal (OIE), reali-
zada no final de maio deste ano em
Paris, França, o ministro Neri Geller
manteve entendimentos com o chefe
do Serviço Veterinário da Federação
Russa, Serguey Dankvert, quando tra-
taram da importância do monitora-
mento do serviço sanitário brasileiro
como garantidor da sanidade do pro-
duto exportado. Foi tratado ainda so-
bre o envio de listas de potenciais for-
necedores de carne para a Rússia. Na
ocasião, Dankvert disse estar satisfei-
to com as relações com o Brasil, de-
monstrando potencial para intensifi-
car a parceria.
Em julho, por ocasião da Copa
do Mundo da Fifa, o presidente da
Rússia, Vladimir Putin, esteve no Bra-
sil e aproveitou para assinar uma sé-
rie de acordos bilaterais nas áreas de
economia, defesa, tecnologia, energia
e produção de vacinas. Um dos princi-
pais termos dos acordos previa o au-
mento das trocas comerciais entre os
dois países ao patamar de US$ 10 bi-
lhões anuais.
No início de agosto, o Ministé-
rio da Agricultura, Pecuária e Abas-
tecimento (Mapa) realizou uma mis-
são técnica junto a Federação Russa
que rendeu a aprovação de Serviços
de Inspeção Federal (SIFs) para a co-
mercialização de miúdos (rim, fígado,
coração, intestino) e a oficialização
do Certificado Sanitário Internacio-
nal (CSI) para a exportação de lác-
teos para a União Aduaneira (UA),
formada pela Rússia, Bielorússia e
Casaquistão. Foi apresentado ainda
um protocolo com as exigências fitos-
sanitárias da UA para exportação de
trigo da Rússia para o Brasil.
A Rússia autorizou 87 estabelecimentos brasileiros para exportação de carnes, miúdos de carnes, aves, miúdos de aves, suínos e miúdos de suínos
TecCarne
Terra & Cia Setembro 2014 19
20 Terra & Cia Setembro 2014
Campanha estimula
consumo de ovos no Brasil
semana do ovo
A
pesar de ser uma fonte de
proteína de alto valor nutri-
tivo, o consumo de ovos no
País ainda é muito pequeno compa-
rado a outros países. Japão, México
e China têm consumo médio anual de
mais de 300 ovos por habitante e vá-
rios países europeus, além dos Esta-
dos Unidos, um consumo de mais de
200 ovos per capita. Recentemente o
Brasil chegou à média de 168,7 ovos
por habitante ao ano. Isso mostra que
ainda é possível aumentar de forma
significativa o consumo e, consequen-
temente, a produção nacional. A afir-
mação é de José Carlos Aleixo, dire-
tor técnico da empresa de nutrição e
saúde animal Fatec, uma das patroci-
nadoras da Semana do Ovo 2014, de
6 a 11 de outubro.
A campanha de comemoração
da Semana do Ovo este ano conta-
rá com uma série de ações coordena-
das e simultâneas nas principais cida-
des brasileiras. O objetivo é contribuir
com iniciativas para estimular o con-
sumo de ovos no País. “Atividades
como essa proporcionam a divulgação
das qualidades nutricionais deste ali-
mento, a quebra de mitos, como o co-
lesterol, e o estímulo para o aumento
dos negócios no setor”, disse o diretor
comercial da Fatec, Pedro Abe.
Para ele, o apoio a esta iniciati-
va, além de uma grande satisfação, é
também uma maneira de reafirmar o
compromisso da empresa com a pos-
tura comercial. “Somos uma empre-
sa com tradição de quase 50 anos no
segmento de postura, reconhecida em
todo o território brasileiro. Sempre
tivemos uma grande parcela de pro-
dutores de ovos em nossa carteira de
clientes, com os quais já promovemos
campanhas incentivando o consumo
de ovos”, lembra o executivo.
Para Tiago Lourenço, dire-
tor geral da Hy-Line, maior empre-
sa de genética de postura comercial
no Brasil e no mundo, a campanha
está alinhada com as ações da em-
presa para divulgação dos benefícios
do ovo. “Estamos na era digital, com
informação aberta e disponível, por
isso é tão importante posicionar for-
temente o nosso setor, com a união de
toda a cadeia produtiva, frente a in-
verdades e mitos que, infelizmente,
ainda circulam sobre o consumo de
ovos”, disse o executivo.
Lourenço ressalta a importân-
cia de dedicar uma semana intei-
ra para promover um grande deba-
te nacional a respeito deste alimento.
“Centralizando todas as ações em
uma semana, temos sinergia de vá-
O consumo médio de ovos no Brasil
alcançou 168,7 por habitante
no ano passado. O objetivo é
atingir o consumo de 208 ovos
até 2016. A média mundial em
2013 foi de 220 ovos per capita
Terra & Cia Setembro 2014 21
rias empresas e segmentos abordan-
do de maneira inovadora e criativa
os questionamentos que encontramos
no dia-a-dia”. Para ele, a melhor es-
tratégia para responder ao desafio de
aumentar o consumo de ovos no Bra-
sil é a divulgação de informações cor-
retas sobre o ovo junto ao consumi-
dor final.
“A maturidade no consumo de
ovos no País, ainda abaixo de 3,5 ovos
por semana, será atingida junto com
maior conhecimento de nossos consu-
midores, através de informações téc-
nicas e de qualidade, como têm sido
veiculadas nos últimos anos. O foco e
trabalho de qualidade e apresentação
do produto evoluiu muito em todos os
produtores. Com planejamento e pe-
quenas ações práticas, atingiremos o
patamar de consumo acima de quatro
ovos por semana, muito em breve”.
Semana do Ovo - A campanha
que tem o objetivo de estimular o con-
sumo de ovos no Brasil, através de um
amplo debate entre todos os elos da
cadeia produtiva e seus consumido-
res, é organizada pelo Instituto Ovos
Brasil e pela ABPA (Associação Bra-
sileira de Proteína Animal). Palestras
para médicos e nutricionistas, degus-
tação de omeletes em supermercados,
palestras em escolas e universidades,
informativos sobre os benefícios do
ovo, gibis para crianças, livros de re-
ceitas para os consumidores e cardá-
pios comemorativos são algumas das
ações planejadas para este ano.
A Agroinfo TI, por exemplo, es-
pera que as ações da empresa em res-
taurantes, escolas e supermercados
para estimular o consumo de ovos
deve atingir mais de 5 mil pessoas
só na cidade de Campinas, no inte-
rior de São Paulo. “Estamos apoian-
do a campanha pelo terceiro ano con-
secutivo por acreditar nas qualidades
funcionais do ovo e que esta é uma
maneira de melhorar a alimentação
do brasileiro”, destaca o diretor da
Agroinfo TI, Marcelo Lima.
Desde o início do novo forma-
to da campanha, com representantes
de todos os elos da cadeia produtiva
trabalhando em parceria, o consumo
médio de ovos no País cresceu de 163
ovos por habitante, em 2011, para os
atuais 168,7 no ano passado. O ob-
jetivo é atingir o consumo médio de
208 ovos por habitante no país até
2016. A média mundial em 2013 foi
de 220 ovos per capita. Fonte de pro-
teína rica e economicamente viável,
o ovo é considerado o alimento mais
completo para o ser humano depois
do leite materno.
Campanha da Semana do Ovo contará com degustação de omeletes em supermercados,
entre outras ações coordenadas com o objetivo de estimular o consumo de ovos no Brasil
semana do ovo
22 Terra & Cia Setembro 2014
tecnologia agrícola
CNH Industrial integra
equipamentos na lavoura de cana
Fotos: Ale Carolo
A
CNH Industrial, criada há
um ano a partir da fusão da
Fiat Industrial e CNH Global
para atuar no setor de bens de capital,
tem integrado as operações de máqui-
nas agrícolas, equipamentos de cons-
trução e veículos para transporte de
cargas às atividades de sistematiza-
ção de solo, colheita de cana de açú-
car e transporte da matéria prima até
a unidade industrial. O modelo de si-
nergia é a aposta da companhia para
garantir mais eficiência na lavoura
canavieira.
Um exemplo de operação inte-
grada das máquinas pode ser visto na
Usina Da Mata, localizada em Valpa-
raíso, região oeste de São Paulo. A
unidade conta com 52 equipamentos
da CNH Industrial, entre máquinas
agrícolas da Case IH, equipamentos
de construção da Case Construction
e caminhões da Iveco. Em setembro,
a CNH Industrial e a Da Mata con-
vidaram jornalistas especializados
para conhecer o trabalho conjunto dos
equipamentos da companhia.
Na primeira etapa da visita, o
grupo teve a oportunidade de ver de
perto a operação de motoniveladoras,
escavadeiras hidráulicas e pás car-
regadeiras responsáveis pelo proces-
so de sistematização do solo. Os três
modelos da Case Construction, mais
comumente vistos nas obras de cons-
trução civil, trabalham na usina em
regime de três turnos. De acordo com
José Luiz Vieira, gerente agrícola da
usina, a etapa de sistematização do
solo é fundamental na formação do
canavial, principalmente em lavouras
colhidas mecanicamente.
A mecanização da colheita, se-
gundo Vieira, depende de um conjunto
de sistematização cuidadoso na área
de plantio, como nivelamento correto
do terreno, definição do tamanho de
talhões, retirada de sólidos como pe-
dras e madeiras que possam prejudi-
car o desenvolvimento da planta, pla-
nejamento da sulcação do solo, entre
vários outros cuidados. A colheita da
safra 2014/15 na Usina Da Mata é
considerada um marco, uma vez que
atingiu 100% de mecanização, com
resultados positivos, especialmente
por conta do preparo do solo.
Para a sistematização, a usi-
CNH Industrial integra operações de
máquinas agrícolas, equipamentos de
construção e veículos para transporte de
cargas às atividades de sistematização
de solo, colheita de cana de açúcar
e transporte da matéria prima
Terra & Cia Setembro 2014 23
24 Terra & Cia Setembro 2014
na utiliza a Motoniveladora 865B,
um dos modelos da Case Construc-
tion Equipment, fabricada na unidade
de Contagem, MG. A máquina possui
motor Tier 3 e VHP (Variable Horse
Power - Curva de Potência Variável),
com maior potência e torque. O mode-
lo possui controles eletrônicos de tro-
ca de marchas, com seis velocidades à
frente e três à ré. O equipamento pesa
15.870 quilos e tem largura de lâmi-
na de 3.658 mm (12’).
Outro equipamento utilizado é a
escavadeira hidráulica CX220B, da
Case. Com 22 toneladas de peso ope-
racional, a máquina é equipada com
sistema hidráulico avançado, possui
grande força de escavação e alta velo-
cidade de giro, o que garante ciclos de
trabalho mais rápidos. O equipamen-
to também conta com a função Power
Boost, que aumenta a força de esca-
vação em até 10% por tempo ilimita-
do. Já a Pá carregadeira 721E, ver-
são canavieira, da Case Agriculture,
possui motor de 195 hp e capacidade
operacional de 14 toneladas. A má-
quina foi desenvolvida para operar em
locais com muitas partículas suspen-
sas, como a movimentação e carrega-
mento de bagaço de cana nas usinas.
Após a sistematização do solo, o
tecnologia agrícola
De acordo com José Luiz Vieira, gerente agrícola da usina, a etapa de sistematização do solo é
fundamental na formação do canavial, principalmente em lavouras colhidas mecanicamente
Para a sistematização do solo, a Usina Da Mata utiliza a Motoniveladora 865B (à direita),
um dos modelos da Case Construction Equipment, fabricada na unidade de Contagem, MG
Terra & Cia Setembro 2014 25
grupo acompanhou a colheita mecani-
zada de um talhão. Nessa etapa, a Da
Mata utiliza colhedoras Case IH, com
destaque para o modelo A8800 Mul-
ti Row, que permite a colheita em vá-
rios espaçamentos, como duas linhas
de 1,4m ou de 1,5m, através de um
sistema de divisores de linha e ali-
mentação. O equipamento conta com
o Smart Cruise, sistema que contro-
la de forma automática a rotação do
motor, gerando uma economia de até
25% no consumo de combustível.
A colhedora demonstrada tra-
balhou em conjunto com o transbor-
do puxado pelo trator 225 da Case
IH, dotado de um sistema de geren-
ciamento automático de produtivi-
dade (APM), que controla a relação
de transmissão e a velocidade para
cada tipo de terreno, o que permite
economia de até 20% de combustí-
vel. Neste modelo da linhagem Puma,
o operador seleciona a rotação dese-
jada e o sistema se encarrega de re-
alizar o ajuste da marcha mais ade-
tecnologia agrícola
Usina Da Mata utiliza colhedoras Case IH, com destaque para o modelo A8800
Multi Row, que permite a colheita em vários espaçamentos, como duas linhas de
1,4m ou de 1,5m, através de um sistema de divisores de linha e alimentação
26 Terra & Cia Setembro 2014
quada para determinada operação,
alcançando assim a velocidade ideal
para cada tipo de solo e implemento
tracionado.
Depois de completo com a cana
picada, o transbordo transfere a ma-
téria prima para o caminhão da Ive-
co, modelo Trakker, que transporta
a cana para alimentar a usina. Todo
o processo é automatizado. A Usina
Da Mata conta hoje com 20 cami-
nhões Iveco, que apresenta as versões
Trakker 6x4 de 440 e 480 cavalos. Os
modelos contam com a transmissão
ZF de 16 marchas, manual e automá-
tica, com motor Ecoline FTP Cursor
13 com tecnologia SCR, com 17% a
mais de torque que a versão Euro III.
Marluz Cariani, responsável pe-
las vendas de off-road da Iveco no
Brasil, chamou a atenção para a im-
portância parceria com a Da Mata.
“São clientes muito técnicos, que en-
tendem do produto e exigem qualida-
de. Em alguns casos, é preciso fazer
modificações no veículo para melho-
rar o desempenho em ambientes es-
pecíficos”, disse. A CNH Industrial
atua com as marcas Case IH, Steyr,
Case Construction Equipment, New
Holland Agriculture, New Holland
Construction, Iveco, Iveco Astra, Ive-
co Bus, HeuliezBus, Magirus, Iveco
Defense Vehicles e FPT Industrial. A
CNH Industrial opera sete fábricas no
Brasil.
Usina Da Mata - A unidade de
Valparaíso estima encerrar a safra
2014/15 com uma moagem de 2,4
milhões de toneladas de cana, para
produzir 83,2 milhões de litros de
etanol anidro e 37,1 milhões de li-
tros de hidratado. Metade da moagem
é direcionada para produção de açú-
car VHP, que deve alcançar 176,5 mil
toneladas. Já a bioenergia gerada a
partir do bagaço da cana pode chegar
a 130,56 MWh nesta temporada. Os
dados foram informados pelo superin-
tendente da unidade, Newton Chucri.
De acordo com Chucri, a Da
Mata passa por um processo de am-
pliação que vai permitir moagem en-
tre 3,1 e 3,2 milhões de toneladas de
cana na safra 2015/16, “provavel-
mente com um mix de 40% para açú-
car e 60% para etanol”. O plano de
ampliação prevê uma capacidade to-
tal de 4 mihões de toneladas. A Usina
Da Mata, localizada a 565 quilôme-
tros da capital paulista, foi fundada
em 2006, a partir da união entre o
Grupo AGP e a Brasif.
tecnologia agrícola
De acordo com o superintendente da Usina Da Mata, Newton Chucri, a usina passa por um processo
de ampliação que vai permitir moagem entre 3,1 e 3,2 milhões de toneladas de cana na safra 2015/16
Terra & Cia Setembro 2014 27
28 Terra & Cia Setembro 2014
mento, além de fomentar discussões
capazes de auxiliar nas decisões es-
tratégicas dos grupos canavieiros. O
evento discutiu o desenvolvimento de
novas variedades, tecnologias avança-
das de manejo, combate a doenças e
pragas, insumos para aumento de pro-
dutividade, gestão agrícola, entre ou-
tros temas.
Um dos destaques do evento ficou
sucroenergético
Especialistas discutem
variedades de cana
Fotos: Ale Carolo
M
ais de 700 pessoas parti-
ciparam do 8º Grande En-
contro de Variedades de
Cana de Açúcar, realizado dias 24 e
25 de setembro, no Centro de Conven-
ções de Ribeirão Preto, SP. O evento
contou com 17 palestras, proferidas
por especialistas brasileiros e estran-
geiros, além de representantes de em-
presas, usinas e centros de pesquisa,
os quais abordaram o que há de mais
novo em relação ao desenvolvimento
varietal canavieiro.
De acordo com Dib Nunes Jr, di-
retor do Grupo IDEA – organizador
do evento –, o encontro atendeu todas
as expectativas e atingiu o propósito
de promover reciclagem de conheci-
Mais de 700 pessoas participaram do 8º Grande Encontro de Variedades de Cana de Açúcar,
realizado dias 24 e 25 de setembro, no Centro de Convenções de Ribeirão Preto, SP
Terra & Cia Setembro 2014 29
por conta das abordagens sobre siste-
mas de formação de viveiros e canaviais
com mudas sadias. O tema tem sido am-
plamente discutido pelos profissionais
agrícolas do setor sucroenergético e já
é considerado um marco na evolução da
cana-de-açúcar. A ideia é prover mate-
rial de origem de alta qualidade, desen-
volver novas variedades, cada vez mais
avançadas, capazes de potencializar a
produtividade dos canaviais. Tudo isso
com manejo adequado.
Na oportunidade, a Basf apre-
sentou os avanços da tecnologia Ag-
sucroenergético
Musa, destacando resultados obtidos
na formação de viveiros saudáveis
e na correção de falhas para garan-
tir maior longevidade do canavial. O
representante da empresa, Edival-
do Mariani Junior, falou sobre a im-
Segundo Marcelo Palu Junqueira,
o Plene, da Syngenta, elimina a
necessidade de ter áreas de viveiro,
dispensa o uso de maquinários pesados,
preservando solo e elimina o tratamento
de proteção de cultivo no plantio
30 Terra & Cia Setembro 2014
Marcos Landell afirma que
aproximadamente 20% de
todas as variedades de cana
lançadas na última década no
Brasil são do IAC – Instituto
Agronômico de Campinas
portância do controle de processos
e da certificação de origem das mu-
das, além de destacar o uso de varie-
dades nobres em Meiosi, método que
proporciona a rotação de cultivos na
área ao integrar as culturas de soja
ou amendoim.
Edivaldo anunciou, durante o
evento, a ampliação da biofábrica de
Campinas para o desenvolvimento das
mudas e apresentou, em primeira mão,
a maior novidade do 8º Grande Encon-
tro sobre Variedades de Cana. Trata-se
da Biofábrica Móvel para extração de
mudas de cana, criada para otimizar
custos e simplificar a operação. Segun-
do Edivaldo, o equipamento possui tec-
nologia de extração patenteada, alto
rendimento e cumpre todas as exigên-
cias das NRs (Normas Reguladoras).
“Temos clientes que já trabalham com
esse sistema e ganham muito dinheiro.
A BASF busca isso, produtividade com
rentabilidade”, afirma.
A Syngenta também apresen-
tou soluções envolvendo mudas sa-
dias de cana. A empresa falou so-
bre Plene, uma nova tecnologia de
plantio de cana criada para simplifi-
car e agilizar a fase inicial da plan-
tação, garantindo qualidade e benefí-
cios em todo o processo até a colheita.
De acordo com o engenheiro agrôno-
mo e especialista em desenvolvimen-
to técnico de mercado da Syngenta,
Marcelo Palu Junqueira, o Plene eli-
mina a necessidade de ter áreas de vi-
veiro, dispensa o uso de maquinários
pesados, preservando solo e elimina o
tratamento de proteção de cultivo no
plantio.
Segundo ele, Plene
também permite a redução
de mão de obra, pois o plan-
tio é todo mecanizado. Ou-
tra vantagem diz respeito à
sustentabilidade, pois além
de gerar plantas mais sau-
dáveis, livres de pragas e
doenças, o processo de plan-
tio de Plene gera menor
compactação do solo e reduz consumo
de combustíveis. Ele destaca também
vantagens econômicas, pois, com Ple-
ne, a produtividade por hectare sobe,
enquanto as despesas diminuem.
Variedades - O 8º Grande En-
contro sobre Variedades de Cana tam-
bém destacou as variedades de cana
mais utilizadas no Brasil, suas carac-
terísticas, benefícios e evolução. O
agrônomo Antônio Ribeiro Fernandes
Junior, pesquisador da Ridesa/UfSCar
(Estação Experimental de Valparaí-
so), explicou como tirar o melhor pro-
veito das variedades RBs e apresentou
novos clones RB superiores. Na opor-
tunidade, ele apresentou o Censo Va-
rietal 2014 SP e MS, o qual mostra
que a variedade mais cultivada nes-
ses estados é a RB877515, que ocu-
pa 27,3% da área.
“As variedades RB ocupam as
quatro primeiras posições de varie-
dades mais plantadas nesses estados,
somando, juntas, 54% da área”, dis-
se o pesquisador. Fernandes ressal-
tou ainda que a RB965902 vem ga-
nhando muito espaço nos últimos
anos. “Ela não é uma variedade pre-
coce, mas de meio de safra”. Segundo
De acordo com Antonio Ribeiro, agrônomo da Ridesa/UFSCar, as
variedades RB ocupam as quatro primeiras posições de variedades mais
plantadas nos estados de SP e MS, somando, juntas, 54% da área
sucroenergético
Terra & Cia Setembro 2014 31
ele, esta variedade é resistente e pos-
sui elevado ATR no meio da safra. So-
bre os novos clones (pré-liberações),
o pesquisador da Ridesa/UfScar des-
tacou a RB975952 (hiper precoce),
RB985476 (média), RB975242 (tar-
dia) e RB975201 (tardia), todas re-
sistentes às principais doenças.
O CTC (Centro de Tecnologia
Canavieira) e a Canaviali/Monsanto
também apresentaram casos de su-
cesso em relação às variedades desen-
volvidas pelas empresas. A palestra
do CTC ficou por conta do engenheiro
agrônomo Marcos Virgílio Casagran-
de, que falou sobre o trabalho desen-
volvido pelo Programa de Melhora-
mento Genético da Cana de Açúcar
do CTC. Já a palestra da Canavilalis/
Monsanto foi proferida pelo diretor
comercial de cana-de-açúcar da em-
presa, Federico Tripodi.
O engenheiro agrônomo e diretor
do Centro Avançado de Pesquisa Tec-
nológica do Agronegócio de Cana do
IAC (Instituto Agronômico de Campi-
nas), Marcos Guimarães de Andrade
Landell, falou sobre manejo de varie-
dades e sobre novos híbridos de alta
performance do instituto. Segundo
ele, cerca de 20% de todas as varie-
dades de cana lançadas na última dé-
cada no Brasil são do IAC, que é um
órgão de pesquisa da Agência Paulis-
ta de Tecnologia dos Agronegócios, da
Secretaria de Agricultura e Abasteci-
mento do Estado de São Paulo.
A programação do evento foi di-
versificada. O pesquisador da Unesp de
Dracena, Paulo Figueiredo, falou sobre
os fisiologia da isoporização e os efei-
tos que este fenômeno causa na cultura
da cana. Já o agrônomo da Unesp de
Botucatu, Carlos Alexandre Crusciol,
destacou as atualizações do mane-
jo varietal com o uso de maturadores.
As empresas Bayer CropScience, UPL,
Ihara e Ceres também marcaram pre-
sença para mostrar suas soluções mais
recentes para a lavoura da cana.
As usinas também participaram,
apresentando suas estratégias de ma-
nejo varietal. O Grupo USJ foi repre-
sentado por Fernando Munhoz Palma
e Adriano Pinheiro. Já o Grupo Ra-
ízen foi representado por Filipe Ar-
ruda. Ao final do evento, Dib Nunes
Jr mediou um debate sobre a forma
mais adequada de manejo das varie-
dades de cana e sobre a expectativa
das usinas em relação aos programas
de melhoramento genético. A mesa
foi composta por Rogério Bremm So-
ares (Grupo Bunge), Rodrigo Rodri-
gues Vinchi (Raízen) e Fernando Pal-
ma (USJ).
Equipe do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) marca presença no encontro de variedades
sucroenergético
32 Terra & Cia Setembro 2014
Terra & Cia Setembro 2014 33
34 Terra & Cia Setembro 2014
cie de “olhar de raio x”. Sem truques
e com muita simplicidade, Valdir é re-
ferência no setor, onde trabalha há 20
anos.
Valdir, natural de Valparaíso,
SP, onde fica a Estação Experimen-
tal da UfSCar (EVA), teve seu primei-
ro contato com a cana-de-açúcar em
1994, como rurícola. Na época ele re-
alizava atividades como corte de fei-
xes e capinação da cana. “Quando co-
mecei, não sabia nada de cana. Para
mim era tudo igual. Mas com o tempo
o pessoal de campo me ensinou algu-
mas coisas”, revela. Dois anos depois,
já despertado o talento de identifi-
car variedades, Valdir foi atuar na
FAI (Fundação de Apoio Institucio-
nal ao Desenvolvimento Científico) da
UfSCar.
Valdir possui o talento para re-
conhecer não apenas as variedades
RB, desenvolvidas pela Ridesa, mas
também as de outros centros de pes-
quisa, como o CTC (Centro de Tec-
nologia Canavieira), IAC (Instituto
Agronômico de Campinas), entre ou-
tros. “Entre variedades e clones - ain-
da sem aplicação comercial - certa-
mente sou capaz de reconhecer mais
de 100”, conta.
Em 2000, Valdir resolveu se
aprofundar na profissão e iniciou o
curso de Engenharia Ambiental. No
entanto, teve que trancar matrícula
por falta de tempo para frequentar
as aulas. “Eu tinha muitas atividades
na usina onde eu trabalhava. A equi-
pe era pequena, apenas quatro pes-
soas” justifica. Mesmo assim, Valdir
já era um destaque entre os profis-
sionais da área agrícola. Além de ser
chamado para reconhecer as varie-
dades em várias partes do Brasil, ele
também ensina o ofício aos mais no-
vos, na EVA.
Ele lembra que há alguns anos
foi chamado na Destilaria Maraca-
ju - atualmente uma das três unida-
des da Biosev em Mato Grosso do Sul
- para reconhecer uma variedade ini-
cialmente identificada como RB 85-
5113, mas com comportamento dife-
rente. Apenas na observação, Valdir
concluiu que se tratava de uma RB84-
9157. “Não queriam acreditar. Leva-
mos o material para análise e eu es-
tava certo. Na época valeu até uma
R
B, IAC, CTC, etc. Você iden-
tificaria e classificaria essas
variedades de cana-de-açúcar
só no olhar? Se a resposta for negati-
va, não se preocupe, você é normal.
Mas se a resposta for sim, parabéns,
você tem o mesmo talento de
Valdir de Oliveira, 38 anos, pes-
quisador do Programa de Melhora-
mento Genético da Cana de Açúcar
(PMGCA) da UfSCar (Universida-
de Federal de São Carlos), instituição
que faz parte da Ridesa (Rede Inte-
runiversitária para o Desenvolvimento
do Setor Sucroenergético). Ele conse-
gue identificar centenas de variedades
de cana só na observação. Uma espé-
sucroenergético
Valdir de Oliveira tem o talento de identificar, apenas com os olhos, mais de 100 variedades de cana
É um pássaro? É um avião?
Não, é o Super Valdir
Divulgação
Terra & Cia Setembro 2014 35
caixa de cerveja”, brinca Valdir.
Segundo Valdir, o reconheci-
mento das variedades começa pela
observação da cor do palmito, seu
comprimento e quantidade de cera
existente. Em seguida o observador
deve se aprofundar nas característi-
cas morfológicas da planta, como a
gema e tipo de aurícula. Outra “dica”
para identificação da variedade é a
observação da cor do colmo, princi-
palmente na cana adulta. A largura e
diâmetro da folha também é outra re-
ferência que ajuda no reconhecimen-
to varietal.
O sonho de Valdir é continuar a
desenvolver suas atividades no EVA,
além de ver as variedades RB 5000
- linha desenvolvida pela Ridesa/UfS-
Car - em escala comercial. “Hoje os
destaques são a 7515 (RB86-7515,
desenvolvida pela Ridesa/UFV - Uni-
versidade Federa de Viçosa, em Mi-
nas Gerais), que é a mais plantada;
além da 6928 (RB96 6928, da Ride-
sa/UFP - Universidade Federal do Pa-
raná); e a 579 (RB92 579, da Ride-
sa/UFAL - Universidade Federal de
Alagoas). Mas quero ver a RB 5000
da UfSCar em escala comercial”,
observa.
Valdir afirma que a varieda-
de de seus sonhos é uma espécie de
“7515 melhorada”, que vai bem em
ambiente restritivo, tem mais perfi-
lhos, é resistente à seca e à boa par-
te das doenças, além de possuir maior
produtividade. Para isso, Valdir afir-
ma que os profissionais da Ridesa/
UfSCar trabalham duro. A universi-
dade mantém um jardim varietal onde
estão plantadas cerca de 280 varieda-
des de cana, das mais antigas às mais
novas. A área é renovada a cada dois
ou três anos para garantir maior vi-
gor da planta.
No local podem ser encontradas
variedades exóticas e de outras ins-
tituições nacionais ou estrangeiras.
“Esse jardim varietal é importante
para que a história seja preservada,
além de ser importante banco de ger-
moplamas que auxilia no treinamento
das pessoas que pretendem atuar no
campo”, conta. Valdir, que não tem
qualquer intenção de guardar segre-
dos sobre seu talento, afirma que es-
timular outras pessoas a identifica-
rem as variedades é uma satisfação
profissional.
sucroenergético
36 Terra & Cia Setembro 2014
A produção do café conilon,
estimada em 13,03 milhões de
sacas, representa um crescimento
de 19,95% na safra 2014
Terra & Cia Setembro 2014 37
Conab estima
produção de café em
45,14 milhões de sacas
38 Terra & Cia Setembro 2014
A
Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab) es-
tima que a safra brasileira
de café em 2014 alcance 45,14 mi-
lhões de sacas, volume que supera em
570 mil sacas a estimativa divulgada
em maio, que era de 44,57 milhões
de sacas de 60 quilos de café bene-
ficiado. O resultado, atribuído a uma
maior produção da variedade robus-
ta e com uma leve queda nas estima-
tivas do arábica, representa uma re-
dução de 8,16%, ou 4,01 milhões de
sacas, quando comparado com a pro-
dução de 49,15 milhões de sacas obti-
das no ciclo anterior.
O café arábica representa 71,1%
da produção total (arábica e conilon)
de café do País. Para a atual safra es-
tima-se que sejam colhidas 32,11 mi-
lhões sacas. O resultado representa
uma redução de 16,14% (6.178,3 mil
sacas). Tal redução se deve a forte es-
tiagem verificada nos primeiros meses
de 2014, às podas realizadas nos ca-
fezais de alguns produtores e à inver-
são da bienalidade em algumas regi-
ões produtoras.
A produção do conilon, estimada
em 13,03 milhões de sacas, represen-
ta um crescimento de 19,95%. Este
resultado se deve, sobretudo, à recu-
peração da produtividade, que na sa-
fra anterior sofreu com a forte estia-
gem. O levantamento da Conab indica
que o resultado previsto para a atu-
al safra quebra a tendência de cresci-
mento da produção que, desde o ciclo
2005 vinha se observando nos ciclos
de alta bienalidade, inclusive, ficando
abaixo da última temporada, que foi
de baixa bienalidade.
A colheita do café arábica, varie-
dade da qual o Brasil é o maior pro-
dutor e exportador mundial, está se
encerrando. A Conab ainda não fez es-
timativas para 2015, mas analistas
apontam que ainda haverá impacto ne-
gativo por conta do clima de 2014. De
acordo com o secretário-executivo do
Ministério da Agricultura, José Gerar-
do Fontelles, qualquer estimativa ago-
ra seria mera especulação. “É preci-
so esperar um pouco para a primeira
estimativa, já que o café é muito afe-
tado por precipitação e condições de
clima”, disse, completando que se a
florada não for boa, mesmo que chova
mais tarde, haverá problema de oferta.
Cafezal - A área total planta-
da com a cultura de café, das espé-
cies arábica e conilon, totaliza no País
2.221.816,2 hectares, 3,88% inferior
à área colhida na safra passada e cor-
responde a uma redução de 89.783
hectares. Desse total, 304.044,4 hec-
tares (13,68%) estão em formação e
1.917.771,8 hectares (86,32%) estão
em produção. Minas Gerais concentra
a maior área, com 1.204.208 hecta-
res, predominando a espécie arábica,
com 98,8% no estado. A área total es-
tadual representa 54,2% da área cul-
tivada com café no país.
A segunda maior área plantada
com a cultura cafeeira fica no Espíri-
to Santo, totalizando 486.583 hecta-
res, sendo 309.235 hectares com a es-
pécie conilon e 177.348 hectares com
a arábica. O estado é o maior produ-
tor da espécie conilon, com participa-
ção de 63,88% na semeada com a es-
pécie no Brasil.
café
ElzaFiuza/ABr
De acordo com o secretário-executivo do
Ministério da Agricultura, José Gerardo
Fontelles, se a florada do café não for
boa, mesmo que chova mais tarde,
haverá problema de oferta na safra 2015
Florada do café Arábica, representa 71,1% da produção total (arábica e conilon) de café do País
Terra & Cia Setembro 2014 39
40 Terra & Cia Setembro 2014
dade de produtos que apresentassem
bons resultados, em face de proibição
do uso do Endosulfan. A Ferrugem
também deve ser objeto de prevenção,
visto que a dificuldade de aplicação,
em função da falta de umidade, aca-
bou concorrendo para ataques tardios
da doença nas lavouras.
A ocorrência de algumas pre-
cipitações, em julho, acabou forçan-
do uma primeira florada, boa em al-
gumas lavouras, fraca em outras, mas
em qualquer dos casos, ainda sem ga-
rantia de vingamento, visto que não
houve continuidade nas chuvas.
Colheita - A produção de café
em Minas Gerais está estimada em
22.620 mil sacas de café na safra
desfolha, além de um desenvolvimen-
to vegetativo abaixo da expectativa.
As lavouras que foram esqueletadas
no ano anterior têm se mostrado me-
lhores, bem como as que produziram
relativamente pouco neste ciclo. Nas
lavouras mais sentidas, com menor
capacidade de resposta para a próxi-
ma safra, muitos produtores já inicia-
ram podas esperando que este manejo
contribua para uma melhor produção
na safra 2016.
Em Minas Gerais, boa parte
das lavouras requer investimentos,
seja em termos de adubação, seja em
controle fitossanitário, notadamente,
com relação ao controle de broca, que
ficou prejudicado pela indisponibili-
O
déficit hídrico, provocado
pela escassez e irregularidade
das chuvas, e agravado pelas
condições de elevadas temperaturas,
causaram sérios danos à produtivi-
dade das lavouras de café no estado
de Minas Gerais, que foram atingi-
das na fase de formação e enchimen-
to de grãos, concorrendo para perdas
em rendimento, sobretudo, das lavou-
ras mais novas. No entanto, de acor-
do com a Conab, o clima seco vem fa-
vorecendo os trabalhos de colheita e
secagem dos grãos, propiciando a ob-
tenção de cafés com boa qualidade.
Por conta das condições climá-
ticas de 2014, as lavouras mais pre-
judicadas vêm apresentando maior
café
Café em Minas Gerais
sofre com déficit hídrico
Cafezal localizado nas montanhas do Sul de Minas Gerais, maior região produtora de café do Brasil
Terra & Cia Setembro 2014 41
42 Terra & Cia Setembro 2014
2014, com variação percentual de
2,9% para mais ou para menos, com
intervalo de produção entre 21,9 mi-
lhões a 23,3 milhões de sacas. A pro-
dutividade média do estado deverá
atingir 22,62 sc/ha. Em comparação
à safra anterior, a estimativa sinaliza
um recuo da produção cafeeira da or-
dem de 18,22%, confirmando a previ-
são de quebra da produção apontada
no levantamento anterior, realizado
em abril, com variação percentual ne-
gativa de 1,62%.
A redução na produção é decor-
rente da inversão da bienalidade em
algumas regiões do estado, tais como:
a Zona da Mata Mineira, da redução
da área em produção provocada pelo
aumento das podas nos cafezais e pela
forte estiagem acompanhada de altas
temperaturas nos primeiros meses do
ano, que comprometeram os traba-
lhos de adubação das lavouras e re-
sultou em prejuízos para a renda do
café colhido, em razão do forte défi-
cit hídrico a que foram submetidos os
cafezais durante o período de cresci-
mento dos frutos, nas principais regi-
ões produtoras do estado.
Sul de Minas – A produção de
café na região sul de Minas Gerais so-
freu novos ajustes no levantamento da
Conab, já pautados nos resultados ve-
rificados na colheita, que praticamen-
te acabou. Estimada em 10.730 mil
sacas, a safra de café do Sul de Minas
confirma a inversão da bienalidade na
região, apresentando uma retração de
19,66%, comparada à safra 2013 e
de 21,87% em relação ao prognóstico
inicial da safra 2014.
Uma pequena parcela dessa
queda é decorrente da variação da
área de café em produção, que caiu
53,26% neste último ano, notada-
mente em decorrência do aumento de
podas, com destaque para os esquele-
tamentos, manejo que vem sendo cada
vez mais utilizado, e que tem concor-
rido para diminuir a amplitude de va-
riação entre a produção das safras de
bienalidade alta e de bienalidade bai-
xa. Mas o comprometimento do re-
sultado projetado para a safra 2014
pode ser atribuído, principalmente, ao
impacto negativo da estiagem e das
altas temperaturas, já sinalizado no
levantamento anterior e confirmado
com o avanço da colheita e beneficia-
mento do café.
A ocorrência de perdas e a frus-
tração das previsões iniciais têm sido
uma constante na presente safra, mas
com grande variação de resultados (su-
periores à de safras anteriores) entre
municípios, entre microrregiões, entre
produtores e mesmo entre talhões de
um mesmo produtor. Tais perdas têm
sido verificadas em maior ou menor
grau em função da altitude, da intensi-
dade do déficit hídrico, dos tratos cultu-
rais e da condição e idade das lavouras.
Lavouras mais bem nutridas,
com controles adequados de pragas e
doenças, sofreram menos com a seca.
No entanto, seja pela falta de umida-
de, ou pela descapitalização dos pro-
dutores, muitas deixaram de receber
os tratos recomendados, problemas
que se traduziram em carga produtiva
café
Controle de broca ficou prejudicado pela indisponibilidade de produtos que
apresentassem bons resultados, em face de proibição do uso do Endosulfan
Produtores estão enfrentando sérias
perdas no tocante à peneira e defeitos,
dada a maior incidência de grãos miúdos,
chochos e mal granados, que se traduzem
em deságio de preços e queda de renda
Terra & Cia Setembro 2014 43
44 Terra & Cia Setembro 2014
menor, maior desfolha, estresse, pro-
blemas com broca e, inclusive, com
ferrugem tardia. A idade das lavouras
também influenciou no rendimento da
atual safra. As maiores perdas ocor-
reram em lavouras mais novas, com
menor enraizamento, e, consequente-
mente, menor resistência à seca.
A quebra maior não foi na carga
produtiva das lavouras, que se mos-
trou relativamente alta, mas ocorreu,
notadamente, na renda do benefícia-
mento do café, que variou significa-
tivamente ao longo da safra, deman-
dando na fase inicial da colheita,
ainda em abril, até 1.400 litros de
frutos de café colhido por saca de café
beneficiado para lavouras novas, e
900 litros de café colhido para lavou-
ras adultas, chegando a níveis inferio-
res a 500 litros por saca no período de
finalização da colheita.
A perda média apurada pela Co-
nab foi de 20% em relação à média
histórica de 480 litros por saca, se-
gundo avaliação de produtores, agrô-
nomos e técnicos envolvidos com a
cafeicultura no Sul de Minas. A pro-
dutividade média da região recuou
para 21,28 sc/ha, 16,94% abaixo da
safra passada e 21,39% aquém da
primeira projeção da safra atual. A
bebida não tem sido problema nesta
safra 2014, visto que a colheita trans-
correu sem chuvas, mas os produto-
res estão enfrentando sérias perdas
no tocante à peneira e defeitos, dada
a maior incidência de grãos miúdos,
chochos e mal granados, que se tra-
duzem em deságio de preços e queda
de renda.
Cerrado – A produção de café
na região do cerrado mineiro para a
safra 2013/14 é de 5.835 mil sacas
de 60 kg, o que representa um aumen-
to de 11,93%, comparativamente à
safra anterior. A produtividade média
apresentou um incremento de 8,64%,
estimada em 33,43 sc/ha. A área de
café em produção teve um acréscimo
de 3,03% em relação à safra anterior,
totalizando 174.554 hectares.
O aumento na produção de café
na safra atual se deve ao ganho de
produtividade decorrente do ciclo bie-
nal da cultura, que embora atenuado
nas últimas safras, por fatores diver-
sos, como clima, investimentos, ma-
nejo das lavouras, entre outros, é de
bienalidade positiva na região, aliado
a um aumento da área de café em pro-
dução, resultante da incorporação de
novas áreas que se encontravam em
formação e renovação.
As condições climáticas en-
tre os meses de outubro a dezembro
de 2013, apesar de alguma irregula-
ridade na distribuição das chuvas, se
mostraram bastante favoráveis para
as lavouras, ensejando a formação de
boas floradas, assim como o bom pe-
gamento e desenvolvimento dos fru-
tos em sua fase inicial. Entretanto,
nos meses de janeiro e fevereiro de
2014, fase de granação dos frutos, as
chuvas foram escassas e irregulares,
atingindo de forma diferenciada as la-
vouras de uma mesma localidade ou
microrregião.
As temperaturas também estive-
ram elevadas no período. Na fase de
colheita, o clima predominantemen-
te seco, tem favorecido os trabalhos
de colheita e secagem dos grãos, re-
sultando em cafés com bebida de boa
qualidade. Em julho, chuvas atípicas
induziram à abertura de uma florada
nos cafezais, sobretudo, em lavouras
novas e esqueletadas no ano anterior.
No momento, as lavouras apresentam
aspecto vegetativo regular, com níveis
de desfolhamento compatíveis com o
período de pós-colheita. Estas condi-
ções das lavouras, associadas às chu-
vas de julho, favoreceram o apareci-
mento de doenças fúngicas na região
de cerrado mineiro.
Estima-se que quase toda a sa-
fra já tenha sido colhida, com uma
parcela restante basicamente de ca-
café
Colheita de café em Minas
Gerais está estimada
em 22.620 mil sacas na
safra 2014, com variação
percentual de 2,9% para
mais ou para menos
Terra & Cia Setembro 2014 45
fés de varrição. A estiagem e as altas
temperaturas registradas nos primei-
ros meses do ano concorreram para o
aumento de grãos mal formados, le-
ves, chochos e de peneira baixa, com
maior percentual de catação e esco-
lha. No entanto, estas ocorrências são
consideradas de menor impacto sobre
a renda do café no beneficiamento,
quando comparada com outras regi-
ões produtoras de café do estado, em
razão de um regime pluviométrico um
pouco mais favorável e um percentu-
al significativo de lavouras irrigadas.
Zona da Mata – A produção es-
timada de café para a safra 2014 é
de 5.293 mil sacas na Zona da Mata
mineira. Os levantamentos de campo
apontam para um recuo da produção
de 36,34%, equivalente a 3.022 mil
sacas, quando comparada com a sa-
fra anterior. A área em produção para
a região está estimada em 284.582
hectares, decréscimo de 8,08% em
relação à safra passada. A produtivi-
dade média estimada é de 18,60 sc/
ha. Em relação ao levantamento an-
terior, estima-se redução de 4,92% na
produção, equivalente a 273.783 sa-
cas de 60 kg.
As primeiras estimativas apon-
tavam para redução da produção nas
lavouras situadas em altitudes mais
baixas, mas com o andamento da co-
lheita e com o beneficiamento do café,
os produtores observaram que até
mesmo as lavouras em altitudes mais
elevadas foram bastante atingidas pe-
los efeitos da seca, além das lavou-
ras novas, pouco enraizadas. Os da-
nos provocados pelo acentuado déficit
hídrico estão relacionados com a má
formação dos grãos e os cafés colhi-
dos se apresentam na forma de con-
chas, chochos, pequenos e com muitos
defeitos, com catação acima da média
e com grande percentual de “boias”.
O rendimento é considerado mui-
to baixo, sendo necessária uma quan-
tidade maior de frutos para se obter
uma saca de café beneficiado. Desta
forma, a quebra observada foi maior
do que a esperada. O recebimento de
café nos armazéns se encerrou bem
antes do que de costume e, apesar dos
bons preços praticados, os produtores
alegam que não haverá grandes lucros
porque é baixo o volume de café.
Nas regiões Norte de Minas,
Jequitinhonha e Mucuri, a produ-
ção é estimada em 762 mil sacas de
café, com uma produtividade média
de 20,87 sc/ha. Dessa forma, estima-
-se uma redução de 1,93% na produ-
ção da safra 2014 em relação à sa-
fra 2013, contrariando as estimativas
iniciais, em razão da forte estiagem
e altas temperaturas ocorridas na re-
gião ao longo dos primeiros meses de
2014, que deverão provocar perdas
significativas nas lavoras.
A três regiões citadas possuem
105 municípios produtores de café,
perfazendo uma área de produção de
36.512 hectares, com produtivida-
des variando entre sete a oitenta sc/
ha. Esta diferença de produtividade
faz com que a variação percentual da
região, quando da expansão dos da-
dos da base amostral, os resultados se
enquadram em patamares elevados de
desvio padrão sob o ponto de vista da
estatística.
Cerca de 40% da área cultivada
nestas regiões se referem a lavouras
conduzidas com baixo nível tecnoló-
gico, com pouca ou nenhuma utiliza-
ção de insumos, localizadas fora da
área de zoneamento agrícola do café
e sem acesso aos benefícios do crédito
e pesquisa. Em contrapartida, as áre-
as restantes se caracterizam por la-
vouras de elevado nível tecnológico,
irrigadas e bem conduzidas, apresen-
tando produtividade média bastante
elevada.
46 Terra & Cia Setembro 2014
D
iariamente, mais de 2,25 bi-
lhões de xícaras de café são
consumidas no mundo, de
acordo com a Organização Interna-
cional do Café (OIC). Este consumo
expressivo exigiu uma produção de
mais de 8,7 milhões de toneladas em
2013. Por conta disso, um grupo de
cientistas do Brasil, Espanha, Esta-
dos Unidos e França se dedicou a se-
quenciar o genoma da planta de café,
um empreendimento inédito. O estu-
do analisou a espécie Coffea canepho-
ra ou robusta, que representa 30% da
produção mundial.
Pesquisas ajudam a melhorar
sabor e aroma do café
O resultado tem o potencial de
reinventar o cafezinho a partir de mo-
dificações genéticas que podem ajudar
a melhorar ainda mais o sabor, o aroma
e a produção da bebida. A contribuição
brasileira foi feita pelo projeto Quali-
café, que realiza estudos genéticos com
o cafeeiro. Financiado em mais de R$
1,3 milhão pela Financiadora de Estu-
dos e Projetos (Finep), o projeto articu-
lou 30 pesquisadores de diversas áreas
do conhecimento, distribuídos em insti-
tuições de todas as partes do País.
As descobertas são essenciais
para compreender a evolução dos ge-
nes relacionados à cafeína do café, que
ao contrário do que se imaginava, não
possui um ancestral em comum com a
do cacau ou a do chá. A cafeína, cita-
da pelos pesquisadores como a princi-
pal amiga química do ser humano, é
utilizada pelo cafeeiro para se defen-
der de insetos e potenciais concorren-
tes. Para chegar a estas conclusões, es-
tudiosos da Universidade de Barcelona
(BadiRate) desenvolveram um softwa-
re capaz de identificar quais genes se
duplicam de forma recorrente em um
genoma específico.
Espécie Coffea canephora
ou robusta representa
30% da produção mundial
Organização Internacional do Café (OIC) estima que mais
de 2,25 bilhões de xícaras de café são consumidas no mundo
café
Terra & Cia Setembro 2014 47
Para o gerente geral da Embrapa Café, Gabriel Bartholo,
a evolução da cafeicultura brasileira demonstra que as
ações de pesquisa, inovação e transferência de tecnologias
contribuíram de fato para a modernização do setor
lhões de hectares, a produção de 18,9
milhões de sacas de 60kg e a produ-
tividade de 8,0 sacas/hectare, com o
consumo per capita de 4,3kg de café.
Passados 17 anos, de acordo com
a Companhia Nacional de Abasteci-
mento (Conab), houve redução da área
de cultivo para 2 milhões de hectares,
em 2013, e o País produziu 49,15 mi-
lhões de sacas, com produtividade de
24,4 sacas/ha. Já o consumo per ca-
pita, nesse mesmo período, aumen-
tou para 6,4 kg. Em nível mundial, se-
gundo a Organização Internacional do
Café (OIC), em 1997 a produção foi de
99,7 milhões de sacas e o Brasil parti-
cipou com 19% desse mercado.
Brasil produz 30% do café
consumido no mundo
D
e cada três xícaras de café consumidas no mun-
do, uma é brasileira. O País é o maior produtor
mundial, com 30% da fatia global, além de lide-
rar o ranking de exportação do grão. O Brasil é o segun-
do maior consumidor de café, atrás dos Estados Unidos.
No entanto, especialistas afirmam que a liderança do Tio
Sam está ameaçada. Essa posição brasileira é atribuída,
em grande parte, à ação coordenada de centenas de pes-
quisadores, técnicos e extensionistas das instituições in-
tegrantes do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela
Embrapa Café, com atuação nas regiões cafeeiras.
No Brasil, a evolução da cafeicultura tornou-se ex-
pressiva a partir de 1997, em decorrência da criação do
Consórcio Pesquisa Café, de acordo com o Informe Es-
tatístico do Café, do Departamento do Café (DCaf), do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(Mapa). A área de cultivo no referido ano era de 2,4 mi-
De cada três xícaras de café consumidas no mundo, uma é brasileira
MarcosSantos/USPImagens
GustavoLima/CD
café
48 Terra & Cia Setembro 2014
No ano passado, como a produ-
ção mundial evoluiu para 145,2 mi-
lhões de sacas e, a brasileira, para
49,15 milhões de sacas, a participação
do Brasil subiu para 34% do mercado
mundial, com redução de aproximada-
mente 20% da área de cultivo. Contri-
buíram para essa evolução, nesses 17
anos, cerca de mil projetos desenvolvi-
dos no âmbito do Consórcio Pesquisa
Café que geraram tecnologias, conhe-
cimentos básicos, produtos e processos
que beneficiaram direta e indiretamen-
te o agronegócio “Cafés do Brasil”.
Para o gerente geral da Embra-
pa Café, Gabriel Bartholo, a evolução
da cafeicultura brasileira demonstra
que as ações de pesquisa, inovação e
transferência de tecnologias contribu-
íram de fato para a modernização da
cafeicultura nacional. “O segredo des-
ses resultados está na parceria e no
atendimento às necessidades tecnoló-
gicas do setor produtivo e dos demais
elos do agronegócio café. Além disso,
os projetos de pesquisa do Consórcio
são elaborados com base em prospec-
ções de demandas dos diversos seg-
mentos da cadeia do agronegócio café
com a participação das instituições
consorciadas e parceiras”.
Bertholo afirma que todas as
pesquisas, direta e indiretamente,
consideram, em seu desenvolvimen-
to, aspectos essenciais, como qualida-
de do produto, sustentabilidade, bai-
xo custo, transferência e adoção das
tecnologias, conjunto de fatores que
realça a ação do Consórcio e man-
tém o Brasil como país de referência
e excelência na produção e exporta-
ção de café. “Além disso, essa evolu-
ção da cafeicultura brasileira também
deve ser atribuída aos mais de 300
mil produtores de café do Brasil e de-
mais entidades ligadas ao setor, que
têm adotado as tecnologias geradas e
sinalizado a necessidade de novas pes-
quisas”, conclui.
O Consórcio Pesquisa Café foi
criado em 1997 (DOU de 14-3-97)
por dez instituições fundadoras liga-
das à pesquisa, ensino e extensão com
o objetivo de promover e desenvolver
tecnologias para todos os elos do agro-
negócio café com sustentabilidade
ambiental, econômica e social. Para
isso, o Consórcio conta atualmente
com 101 instituições consorciadas e
parceiras nas regiões produtoras.
SebastiãoGarcia
O Brasil é o maior produtor mundial de café, com 30% da fatia global, além de liderar o ranking de exportação do grão
café
Terra & Cia Setembro 2014 49
50 Terra & Cia Setembro 2014
Brasil deve exportar até
2,7 mi t/mês até dezembro
A
Associação Nacional dos Ex-
portadores de Cereais (Anec)
estima que o Brasil deverá
exportar entre 2 milhões e 2,7 mi-
lhões de toneladas de milho por mês
até o fim de 2014. O volume deveria
ser de pelo menos 3,4 milhões de to-
neladas para alcançar a projeção fei-
ta pela Companhia Nacional de Abas-
tecimento (Conab) de 21 milhões de
toneladas do grão até o fim do ano
comercial 2014/15, em 31 de janei-
ro. Desde 1º de fevereiro até meados
de setembro deste ano, o Brasil havia
embarcado 7,28 milhões de toneladas
de milho.
Nas safras de inverno e verão
de 2013/14, o Brasil colheu 79,9
milhões de toneladas do grão, volu-
me apenas 2% inferior ao recorde de
2012/13. O desempenho, no entanto,
esbarra na limitação do mercado do-
méstico em absorver uma quantidade
suficiente deste milho. Por conta dis-
so, o Brasil precisaria repetir, no últi-
mo quadrimestre deste ano comercial,
a performance de exportações seme-
lhante à alcançada no mesmo perío-
do de 2013, quando o mundo ainda
se recuperava de uma quebra de sa-
fra nos EUA, maior produtor e expor-
tador global.
De acordo com relatório do Ce-
pea, órgão de pesquisa da Universi-
dade de São Paulo (USP), esse cená-
rio preocupa os comercializadores, já
que, “com o fim da colheita, os silos
estão cheios, compradores estão abas-
tecidos e a demanda externa apresen-
ta ritmo muito lento”. A oferta global
de milho no momento é ampla. O mun-
do deverá terminar a safra 2014/15
com um dos maiores estoques de pas-
sagem dos últimos anos, com a ajuda
Terra & Cia Setembro 2014 51
de duas safras recordes consecutivas
nos Estados Unidos.
Nas primeiras três semanas de
setembro, o Brasil exportou 121 mil
toneladas por dia do cereal. O volume
ficou abaixo do registrado no mesmo
período do ano passado, de 164 mil
toneladas/dia. Analistas afirmam, no
entanto, que é possível haver aumen-
to do fluxo de exportações nos próxi-
mos meses por conta da competitivi-
dade do milho nacional no mercado.
O grão brasileiro, por enquanto, está
mais barato que o norte-americano e
a taxa de câmbio tem favorecido.
milho
Silagem de alta qualidade ainda é desafio no campo
A
silagem está entre as alter-
nativas mais eficientes para
produção de carne e leite no
País, entretanto, produzir uma sila-
gem de alta qualidade e garantir a
melhor eficiência dos animais ainda
é um grande desafio no campo. Isso
acontece porque a maioria dos híbri-
dos de milho disponíveis no mercado
brasileiro não é adequada para a pro-
dução de silagem, comprometendo o
resultado em campo. De acordo com o
professor da Universidade Federal de
Lavras (UFLA), Marcos Neves Perei-
ra, a cultivar deve possuir grãos ma-
cios de textura farinácea, para produ-
zir um alimento eficiente.
“O amido é a razão da utiliza-
ção do milho. A prolamina do milho
se chama zeína e é ela quem vai de-
finir a dureza do grão. Grãos moles
têm baixo teor de prolamina, por isso,
quando ensilados, melhora a qualida-
de da silagem. Isso acontece porque
a degradação da prolamina continua
durante a armazenagem, quebrando a
dureza do grão. É importante deixar
claro que milho colhido antes do pon-
to ideal não converte em produção de
leite, além disso, cerca de 80% do mi-
52 Terra & Cia Setembro 2014
lho disponível no mercado brasileiro é
duro”, afirmou o pesquisador, durante
workshop promovido pela Sementes
Santa Helena, em Uberlândia, MG.
O especialista aponta como prin-
cipal tendência mundial para a pro-
dução de silagem de alta qualida-
de a combinação de fibra longa com
grãos danificados. “A silagem com fi-
bra longa e grão bem triturado é o fu-
turo. O mundo inteiro quer fazer isso,
pois aumenta a eficiência na produ-
ção de leite”, disse Pereira. Ele ain-
da destacou a importância de adaptar
a produção de silagem de acordo com
a realidade de cada propriedade para
garantir resultados. “O primeiro pas-
so é avaliar o maquinário do produtor
para depois definir o ponto de corte
do milho, pois, se a máquina for ruim
não é possível fazer a colheita tardia.
Neste caso, é mais eficiente optar pela
colheita precoce porque o milho ma-
duro não quebra em maquina ruim. E
quanto maior a partícula, mais difí-
cil é para o animal digerir”, explica.
Márcio Pelegrini: “É importante lembrar sempre que a silagem é um alimento. E grande
parte das perdas de silagem no País acontece por causa do ponto de colheita errado”
milho
Diante deste quadro, o engenhei-
ro agrônomo e consultor independen-
te, Márcio Pelegrini, elege a escolha
da cultivar, a tecnologia empregada na
produção e o ponto de colheita adequa-
do entre os pontos fundamentais para a
produção de uma silagem eficiente na
conversão alimentar do rebanho. “É
importante lembrar sempre que a sila-
gem é um alimento. E grande parte das
perdas de silagem no País acontece por
causa do ponto de colheita errado”.
O I Workshop de Silagem em
Uberlândia reuniu 85 participan-
tes, entre produtores de carne e lei-
te, empresários, engenheiros agrôno-
mos, técnicos e produtores. De acordo
com o diretor da Agromais, de Capi-
nópolis, MG, Miguel Nisrala, o en-
contro foi importante para divulgação
das pesquisas em silagem. “Foi uma
maneira de colocar em prática as in-
formações extraídas de anos de pes-
quisas”. O balanço também foi positi-
vo para o diretor da Polivet, de Bom
Jesus, GO, Wanderlei Borges. “Foi
de grande aprendizado. Tivemos in-
formações sobre qualidade de semen-
tes e silagem, além de um momen-
to para troca de experiências entre
produtores”.
Já o engenheiro agrônomo da
Cooproleite, Estevão Romeu Rabelo
Neto, destacou a importância de es-
colher o híbrido correto para a produ-
ção de silagem. “É muito importan-
te conhecer de perto as características
mais importantes para a produção de
uma silagem de alta qualidade e ver
as principais tendências mundiais.
Para se ter uma ideia, na última sa-
fra, tivemos uma alta produção de vo-
lumoso associada com alta qualidade
de silagem. O custo da silagem é alto,
por isso exige um bom planejamento e
escolha correta do material”.
Divulgação
Divulgação
Marcos Neves Pereira: “A silagem com fibra longa e grão bem triturado é o futuro.
O mundo inteiro quer fazer isso, pois aumenta a eficiência na produção de leite”
Terra & Cia Setembro 2014 53
54 Terra & Cia Setembro 2014
Potencial do milho de
2ª safra é avaliado em MT
A
Fundação Rio Verde avaliou,
na segunda safra de 2014,
o potencial produtivo de 56
híbridos de milho comercializados
em Mato Grosso. Os resultados ob-
tidos de cada material oferecem pa-
râmetros e orientações ao produtor
na tomada de decisões para a próxi-
ma safra. “Os híbridos são avaliados
em dois níveis de tecnologia e os en-
saios experimentais seguem os proce-
dimentos estatísticos recomendados.
Este trabalho está no 11º ano de ava-
liações com um número satisfatório
de híbridos analisados”, disse o agrô-
nomo Fabio Pittelkow.
O eixo produtivo, que engloba os
municípios do entorno da BR 163 em
MT, é um dos maiores produtores de
Fundação Rio Verde avaliou o potencial produtivo de 56 híbridos de milho de 2ª safra comercializados em Mato Grosso
milho
milho em segunda safra do Brasil. “A
informação gerada é importante para
o produtor no momento da escolha do
híbrido que será plantado na próxima
safra agrícola, além disso, ele tem a
possibilidade de analisar um material
que tem potencial para ser utilizado
futuramente em uma área maior do
que a utilizada experimentalmente”,
afirmou o agrônomo da Fundação.
De acordo com o responsável
pelo departamento de Fitotecnia e
Nutrição de Plantas da Fundação, Ro-
drigo Pengo, nos ensaios com os híbri-
dos em dois níveis de tecnologia foram
obtidas variações de produtividade de
81 a 119 sacas por hectare com o em-
prego de média tecnologia e de 84,2 a
132,8 sacas por hectare com o empre-
go de alta tecnologia. “Os ensaios fo-
ram semeados nas mesmas condições
e estavam lado a lado no campo expe-
rimental, ou seja, tiveram as mesmas
condições ambientais durante todo o
ciclo da cultura”, explicou.
O Boletim Técnico n° 319, divul-
gado pelo Instituto Mato-grossense
de Economia Agropecuária (IMEA),
mostra que a produtividade média
da safra 2013/14 no médio norte de
Mato Grosso foi de 85,8 sacas por
hectare. “Esse resultado demonstra
a importância da avaliação constan-
te do potencial produtivo dos híbridos
disponíveis para compra na região vi-
sando sempre uma melhor relação
custo/benefício ao produtor rural”,
complementou o agrônomo.
Terra & Cia Setembro 2014 55
56 Terra & Cia Setembro 2014
trigo
Brusone preocupa
produtores do RS
A
brusone, doença que causa
queda no rendimento em fun-
ção dos grãos deformados e
de baixo peso específico, tem preocu-
pado produtores de trigo do Rio Gran-
de do Sul e Santa Catarina. A incidên-
cia da doença aumentou em algumas
regiões dos dois estados por conta
do clima quente e úmido. Epidemias
de brusone acontecem em anos chu-
vosos, quando a alta umidade e tem-
peraturas entre 25 e 28ºC coincidem
com a fase de espigamento do trigo.
Este cenário é típico de regiões de tri-
go no Centro-Oeste (GO e MG), Nor-
te do Paraná, Mato Grosso do Sul e
São Paulo.
Nas regiões mais frias do Rio
Grande do Sul e de Santa Catari-
na, a brusone ocorre, eventualmen-
te, em microclimas mais favoráveis,
sem causar danos significativos. Os
primeiros registros nesta safra foram
na Região Noroeste do Rio Grande do
Sul, onde as lavouras estavam mais
adiantadas. Para auxiliar produto-
res e cooperativas catarinenses e gaú-
chos, a Embrapa Trigo enviou uma
equipe de técnicos que está realizan-
do um levantamento em lavouras com
sintomas de doença, nas diferentes re-
giões produtoras, para avaliar a dis-
persão da brusone.
Apesar de causadas por patóge-
nos diferentes, brusone (Magnaporthe
oryzae) e giberela (Gibberella zeae)
possuem muitas semelhanças. Ambas
são causadas por fungos que atacam
as espigas, sob condições de clima
úmido e quente; não existem cultiva-
res totalmente resistentes; e os fungi-
cidas em uso têm demonstrado baixa
eficiência no controle. Todos os fato-
res listados contribuem para a dificul-
dade de diagnóstico e controle destas
doenças.
Giberela ou Brusone? Uma das
orientações para fazer a distinção é
que o fungo da brusone ataca a rá-
quis, ficando restrito nas proximida-
des do ponto de infecção, impedindo o
enchimento dos grãos acima do local
de penetração do patógeno. No caso
de giberela, observa-se o progresso da
cor escura na ráquis em direção à par-
te inferior da espiga.
Controle - A brusone do tri-
go é uma doença restrita às lavouras
da América do Sul, onde conta com
um grande número de hospedeiros do
fungo que se dispersa através do ven-
to e pode atacar mais de 50 espécies
de Poaceas. Neste ano, a doença já ti-
nha sido identificada em lavouras de
aveia e azevém do RS no começo da
safra de inverno, nos meses de abril e
maio, o que contribuiu para a forma-
ção do inóculo.
Na cultura do trigo, períodos de
alta umidade relativa e temperaturas
altas coincidindo com a fase do espi-
gamento favoreceram a ocorrência
de brusone. Uma das características
desta doença é variação de intensida-
Esporulação do fungo Magnaporthe
grisea (brusone) em espiga de trigo.
Doença, mais comum em ambientes
de clima quente e úmido, causa queda
no rendimento em função dos grãos
deformados e de baixo peso específico
Terra & Cia Setembro 2014 57
de entre lavouras, devido a diferenças
de época de semeadura ou ainda con-
dições climáticas muito específicas da
localização do cultivo.
No momento, a Embrapa Trigo
está conduzindo uma série de ações
subsidiadas por dois macro projetos
de pesquisa: “Variação genética e de
virulência de Magnaporthe oryzae do
trigo e de poáceas invasoras” e “Es-
tratégias integradas de caracteri-
zação da resistência de trigo à bru-
sone”. Além da seleção genética, a
pesquisa busca alternativas mais efi-
cientes de controle químico, estraté-
gias de manejo da cultura, controle de
hospedeiros, entre outros.
No controle químico, os traba-
lhos realizados indicaram que os fun-
gicidas com maior eficiência para
controlar a doença foram aqueles for-
mulados com a mistura de estrobiluri-
na + triazol, quando aplicados duas
vezes, no início do espigamento e cer-
ca de 15 dias depois. Ainda assim, os
produtos em uso têm demostrado bai-
xa eficiência no controle. Mais infor-
mações sobre o controle químico de
giberela e de brusone na série de pu-
blicações “Eficiência de fungicidas
para o controle da brusone do trigo:
resultados dos ensaios cooperativos”.
Uma ferramenta de avaliação de
risco de ocorrência de epidemias de-
nominada SISALERT foi desenvol-
vida pela Embrapa Trigo juntamente
com a Universidade de Passo Fundo.
O SISALERT é uma plataforma que
coleta dados meteorológicos observa-
dos e de prognóstico de curto prazo
para simular tanto o risco de epide-
mias de brusone como o de giberela.
Conhecer, de forma antecipada, o ris-
co de ocorrência das epidemias pode
auxiliar a tomada de decisão sobre o
uso de fungicidas.
trigo
EmbrapaTrigo
EmbrapaTrigo
Na ação da giberela do trigo (Gibberella zeae), observa-se o progresso
da cor escura na ráquis em direção à parte inferior da espiga
58 Terra & Cia Setembro 2014
Marcela Servano
A
influência da tecnologia no
marketing do agronegócio foi
tema central da palestra do
engenheiro mecânico e consultor Nel-
son Marinelli Filho para um público de
30 pessoas ligadas ao agribusiness, re-
alizada dia 1º de outubro, no Centro
de Eventos do Hotel Taiwan, em Ribei-
rão Preto, SP. O encontro foi organi-
zado pela empresa AgroComm Brasil.
O evento reuniu profissionais
que atuam em empresas e instituições
como Ceise Br, TGM, Caldema, Ser-
química, Ind Reunidas Colombo, E-
-Machine, PwC, AMI Brasil, Asher,
Band, Unimage e Active Com. Usan-
do a metodologia Inbound, conhecido
como marketing de entrada, Nelson
falou sobre as mudanças que as novas
tecnologias estão trazendo para a Ges-
tão de Marketing das empresas.
Marinelli explicou como as em-
presas, principalmente as que traba-
lham com agronegócio, podem utilizar
essas novas tecnologias para melhorar
a comunicação com os clientes. “Hoje,
o consumidor, além de ser bem atendi-
do, quer estar em contato com a em-
presa para saber em quais projetos,
sejam sociais ou pessoais, ela deve in-
vestir, por exemplo, se trabalha com
sustentabilidade. O cliente está cada
vez mais exigente”.
Durante a palestra foram mos-
trados os erros mais comuns que mui-
tas vezes são cometidos em uma gestão
de marketing e como treinamento In-
bound, oferecido pela AgroComm Bra-
sil, pode ajudar nesse processo. Os par-
ticipantes ficaram entusiasmados com
projeto.
De acordo com o que foi apre-
sentado, a metodologia Inbound é mui-
to clara e busca despertar o interes-
se das pessoas, dos clientes. Para que
a empresa consiga chamar a atenção
do cliente, ela precisa chegar ao lead,
ou seja, precisa ter informações sobre
quem é, o que quer, quando quer, onde
quer e como o cliente que determinado
produto ou serviço.
O diretor de Marketing da Cal-
dema, Alexandre Martinelli, elogiou a
metodologia dizendo que “realmente é
preciso dar atenção a este novo clien-
te, que não está apenas interessado no
básico”. Martinelli também destacou a
importância deste tipo de consultoria
ser oferecida no interior, uma vez que é
mais comuns nas capitais.
Flavia Carille de Araujo França
e Letícia Sartori Sebastião, assisten-
tes de Marketing do Grupo Serquími-
ca, também participaram do encontro.
Para elas, a palestra foi interessante
por mostrar claramente a bola da vez
do marketing no Brasil. “Como esta
metodologia já está sendo usada nos Es-
tados Unidos e em países da Europa, as
empresas brasileiras também precisa-
rão buscar soluções em marketing como
esta que foi apresentada”, finalizam.
Palestrante – Nelson Marinelli
Filho possui graduação em Engenha-
ria Mecânica pela Universidade de
São Paulo - USP (1994), mestrado em
Engenharia Mecânica (USP - 1997) e
doutorado em Engenharia Mecânica
(USP - 2002). Tem experiência na área
de engenharia, com ênfase em proces-
sos de fabricação e seleção econômica,
atuando principalmente com processos
de fabricação mecânica, acoustic emis-
sion, dressing of grinding wheels, grin-
ding e instrumentação.
A influência da tecnologia no marketing do agronegócio
Nelson Marinelli Filho apresentou a palestra
“Metodologia Inbound: A influência da
tecnologia no marketing do agronegócio”
Flavia Carille de Araujo França e Letícia Sartori Sebastião, assistentes
de Marketing do Grupo Serquímica, também participaram do encontro
mkt inbound
AleCarolo
AleCarolo
Terra & Cia Setembro 2014 59
mds
tunidade para a pedologia brasileira
que tem, pela frente, um enorme ter-
ritório a ser mapeado”.
Mapeamento digital - Desde
os anos 1960 a pedologia (estudo do
solo no campo) tem a pedometria, pa-
lavra derivada das gregas pedos (solo)
e metron (medida) como importan-
te aliada. A partir daquela época, a
união entre a observação do solo na
natureza e a aplicação de modelos
matemáticos evoluiu muito ao unir
o conhecimento prático do pedológo
com os dados estatísticos e numéricos
da pedologia quantitativa desenvolvi-
dos nos laboratórios. Atualmente, a
pedologia é uma ciência que depende
das abordagens quantitativas e quali-
tativas o que exige a participação de
profissionais de diferentes áreas do
conhecimento.
A partir da década de 1980,
com o advento da geoestatística, as
informações sobre o solo foram se tor-
Brasil conta com mapa digital de solos
AleCarolo
nando mais precisas, passando a aju-
dar de maneira mais incisiva na toma-
da de decisão. Naquela época, surgiu
o mapeamento digital de solos (MDS)
unindo geologia, geomorfologia e os
fatores que influenciam na formação
do solo: clima, organismos, relevo,
material de origem e tempo. Graças
a ele existe a possibilidade de integrar
o conhecimento tácito dos pedólogos
sobre as relações solo-paisagem, e a
automatização de processos via ma-
peamento digital de propriedades e
classes de solos.
O MDS tem grande importância
para responder à demanda de infor-
mações no desenvolvimento das ativi-
dades humanas. Entre elas, o mane-
jo de solos na agricultura, a execução
de zoneamentos ambientais, manejo
da água na paisagem e o planejamen-
to de uso da terra. Em países com me-
nor extensão territorial, como a Di-
namarca, o solo já está totalmente
O
Programa Agricultura de Bai-
xa Emissão de Carbono (ABC)
do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (Mapa)
será um dos beneficiados imediatos
pelo mapa digital de carbono orgânico
dos solos brasileiros, recém-lançado
pela Embrapa. A publicação une mo-
delagem matemática e conhecimen-
tos levantados em campo para ajudar
em diversos programas de conserva-
ção de recursos naturais. O programa
ABC poderá utilizá-lo para direcionar
práticas de redução de emissão de ga-
ses de efeito estufa.
O novo sistema tem a vanta-
gem de utilizar informações ambien-
tais disponíveis como dados a respei-
to de solo, relevo, material de origem,
clima, associando-os a métodos ma-
temáticos estatísticos para inferir in-
formações em locais não medidos. De
acordo com a pesquisadora Maria de
Lourdes Mendonça Santos, da Em-
brapa Solos, pioneira nos trabalhos
sobre mapeamento de solos no Brasil,
um levantamento similar custaria mi-
lhões de reais e anos de trabalho se
executado pelas técnicas tradicionais.
“No mapeamento digital de so-
los (MDS) usamos modelos matemá-
ticos e estatísticos para, com base nas
informações de solos existentes, pre-
dizer outras que não foram medidas,
mas que estão correlacionadas atra-
vés das variáveis ambientais que de-
terminam a formação dos solos”, diz
a pesquisadora, que considera o ma-
peamento digital uma ferramenta
base para a tomada de decisão sobre
este recurso natural. Para o professor
Alexandre Ten Caten, da Universida-
de Federal de Santa Catarina, “não
há dúvida que o MDS oferece um vas-
to campo para a pesquisa e uma opor-
Bagaço de cana é matéria prima para geração de bioenergia. Segundo especialistas
Brasil precisa investir no conhecimento maior dos seus solos sob pena de ficar para
trás em alguns desafios globais, como a segurança alimentar, a produção de bionergia,
as mudanças climáticas e a própria sustentabilidade da agricultura brasileira
60 Terra & Cia Setembro 2014
mapeado em ótima escala de detalha-
mento (1:5.000 ou maior). Mas não
só os países de menor extensão inves-
tem no tema. Os Estados Unidos, por
exemplo, com extensão territorial se-
melhante a do Brasil, possuem um de-
talhamento de seus solos da ordem de
1:10.000.
“É urgente que nosso País in-
vista no conhecimento maior de seus
solos sob pena de ficar para trás em
alguns desafios globais, como a segu-
rança alimentar, a produção de bio-
nergia, as mudanças climáticas e a
própria sustentabilidade da agricultu-
ra brasileira. Não se pode planejar o
uso da terra, realizar zoneamentos e
definir políticas públicas para a agri-
cultura, sem o conhecimento atuali-
zado do recurso solo, que juntamen-
te com a água, devem fazer parte da
agenda brasileira de prioridades para
o setor produtivo e ambiental” diz
Maria de Lourdes.
A afirmativa é confirmada pelo
professor Alexandre Ten Caten. “A
informação espacial sobre classes e
propriedades de solos não está dispo-
nível para a maioria das localidades
do Brasil. O mapeamento digital, por
meio das tecnologias ligadas à geoin-
formação, pode potencializar nossa
capacidade em conhecer a distribui-
ção espacial dos solos por possibilitar
que um volume maior de informações
sobre os fatores de formação do solo
seja processado de forma rápida e au-
tomatizada”, diz ele.
Éder Martins, pesquisador da
Embrapa Cerrados, no Distrito Fede-
ral, aponta que para o futuro do MDS
no Brasil, “é necessário desenvolver
pesquisas com abrangência nacional.
É fundamental o estudo de ferramen-
tas metodológicas e a contínua for-
mação de recursos humanos capazes
de aplicar o MDS nas questões nacio-
nais. Um dos desafios, por exemplo, é
o desenvolvimento de manejos do solo
que permitam a captura de gases de
efeito estufa, e para isso é imprescin-
dível o conhecimento do comporta-
mento do carbono em solos, o que o
MDS pode responder”.
No País, o principal fórum de
debates sobre o assunto está na Rede
Brasileira de Pesquisa em Mapea-
mento Digital de Solos (Rede MDS),
coordenada pela Embrapa, no âmbito
do CNPq. O objetivo dessa Rede é jun-
tar os interessados no tema, a fim de
avançar a pesquisa no assunto e ela-
borar projetos em parceria, com am-
pla abrangência para o mapeamento
dos solos. Atualmente, a Rede MDS
conta com setenta membros de vin-
te instituições de ensino, pesquisa e
extensão rural nas cinco regiões do
Brasil.
No exterior, o consórcio Global-
SoilMap.net é o ponto de encontro
dos estudiosos do assunto. Formada
em 2009, a rede tem Lourdes Men-
donça no grupo coordenando as ações
na América Latina e Caribe. Partici-
pam também do consórcio instituições
como a Universidade de Columbia
(Estados Unidos), o Instituto Nacio-
nal de Pesquisa Agronômica (INRA-
-França) e a Universidade de Sydney
(Austrália).
O consórcio alavancou as inicia-
tivas no tema de forma global, pro-
pondo avanços metodológicos, espe-
cificações técnicas e a harmonização
de métodos, buscando produzir um
mds
Pedólogo é aquele que estuda a gênese, distribuição, taxonomia e
as características dos solos, ou seja um especialista em pedologia
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  • 1. Terra & Cia Setembro 2014 1 Conab estima produção em 45,14 milhões de sacas CAFÉ Ribeirão Preto SP Setembro - 2014 Ano 16 - Nº 187 R$ 10,00 TRIGO Brusone preocupa produtores do RS LEITE Tecnificação gera bons resultados na produção AVICULTURA Cenário é positivo até o final do ano
  • 2. 2 Terra & Cia Setembro 2014
  • 3. Terra & Cia Setembro 2014 3
  • 4. 4 Terra & Cia Setembro 2014 Plínio Cesar, diretor Diretor: Plínio César Gerente de Comunicação: Luciana Zunfrilli Gerente Administrativo: Paulo Cézar A nova revista do agronegócio www.portalgrupoagrobrasil.com.br Edição: Equipe Terra & Cia Colaboradores: Doca Pascoal e Maurício Lopes Editor Gráfico: Thiago Gallo Arte: Daniel Esteves Foto da Capa: Divulgação Contatos com a Redação: reportagem@canamix.com.br redacao@canamix.com.br Outras publicações da Agrobrasil: Guia Oficial de Compras do Setor Sucroenergético Revista CanaMix Portal CanaMix Publicidade: - Alexandre Richards (16) 98828 4185 alexandre@canamix.com.br - Fernando Masson (16) 98271 1119 fernando@canamix.com.br - Plínio César (16) 98242 1177 plinio@canamix.com.br - publicidade@canamix.com.br Assinaturas: assinaturas@canamix.com.br Eventos:eventos@canamix.com.br Agrobrasil Av. Independência, 3.146 CEP 14.025-230 - Ribeirão Preto - SP (16) 3446.3993 / 3446.7574 www.canamix.com.br Para assinar, esclarecer dúvidas sobre sua assinatura ou adquirir números atrasados: SAC:(16) 3446.3993 / 3446.7574 - 2ª a 6ª feira, das 9h às 12h e das 13h30 às 18h. Artigos assinados, mensagens publicitárias e o caderno Marketing Rural refletem ponto de vista dos autores e não expressam a opinião da revista. É permitida a reprodução total ou parcial dos textos, desde que citada a fonte. editorial A edição deste mês traz matéria especial sobre o café no brasil. A Compa- nhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a safra brasileira de café em 2014 alcance 45,14 milhões de sacas, volume que supera em 570 mil sacas a estimativa divulgada em maio, que era de 44,57 milhões de sa- cas de 60 quilos de café beneficiado. A reportagem fala sobre as consequências do déficit hídrico, provocado pela escassez e irregularidade das chuvas, e agravado pelas condições de eleva- das temperaturas, que causaram sérios danos à produtividade das lavouras de café no estado de Minas Gerais. Nos cafezais mineiros houve perdas em rendi- mento, sobretudo, das lavouras mais novas. Conheça também um estudo realizado por cientistas do Brasil, Espanha, Estados Unidos e França, que se dedicaram a sequenciar o genoma da planta de café. O empreendimento inédito analisou a espécie Coffea canephora ou robusta, que representa 30% da produção mundial. Afinal de contas, o consumo de café no mundo é expressivo, o que exigiu uma produção de mais de 8,7 milhões de to- neladas em 2013. O resultado tem o potencial de reinventar o cafezinho a par- tir de modificações genéticas que podem ajudar a melhorar ainda mais o sabor, o aroma e a produção da bebida. O Brasil é referência quando se trata de café. De cada três xícaras de café consumidas no mundo, uma é brasileira. O País é o maior produtor mundial, com 30% da fatia global, além de liderar o ranking de exporta- ção do grão. O Brasil também é o segundo maior consumi- dor de café, atrás dos Estados Unidos. No entanto, especia- listas afirmam que a liderança do Tio Sam está ameaçada. Confira essa e outras matérias interessantes nesta edição da Terra & Cia. Boa leitura! Vai um cafezinho aí? MarcosSantos/USPImagens
  • 5. Terra & Cia Setembro 2014 5 CAPA Conab estima produção de café em 45,14 milhões de sacas36 LEIA TAMBÉM 08 Leite - Tecnificação gera bons resultados na produção leiteira - Programa apoia melhoria da qualidade do leite 12 Suinocultura - Cai alíquota para importação de estação eletrônica de alimentação - Suinocultura em transformação é tema da Abraves 2015 16 Avicultura - Avicultura tem cenário positivo até o final do ano - Autorização russa aquece setor de carnes do Brasil 20 Semana do Ovo - Campanha estimula consumo de ovos no Brasil 22 Tecnologia Agrícola - CNH Industrial integra equipamentos na lavoura de cana 28 Sucroenergético - Especialistas discutem variedades de cana - É um pássaro? É um avião? Não, é o Super Valdir 40 Café - Café em Minas Gerais sofre com déficit hídrico - Pesquisas ajudam a melhorar sabor e aroma do café - Brasil produz 30% do café consumido no mundo 50 Milho - Brasil deve exportar até 2,7 mi t/mês até dezembro - Silagem de alta qualidade ainda é desafio no campo - Potencial do milho de 2ª safra é avaliado em MT 56 Trigo - Brusone preocupa produtores do RS 58 MKT Inbound - A influência da tecnologia no marketing do agronegócio 59 MDS - Brasil conta com mapa digital de solos 62 MKT Rural - TIMAC Agro lança nova linha de fertilizantes sólidos - Novus International lança website para clientes da AL
  • 6. 6 Terra & Cia Setembro 2014
  • 7. Terra & Cia Setembro 2014 7
  • 8. 8 Terra & Cia Setembro 2014 leite Fazenda Terras de Tranquilo. Com mudanças de manejo, nutrição e instalação, o produtor Márcio Farneda conseguiu aumentar sua produtividade, reduzir os custos de produção, melhorar o bem- estar dos animais e transformar seu negócio em uma empresa de resultados em apenas um ano Tecnificação gera bons resultados na produção leiteira M ais organização no proces- so produtivo, estratégias nutricionais direcionadas e bem-estar dos animais foram al- guns pontos dos avanços na produção de leite da Fazenda Terras de Tranqui- lo, em Pinhalzinho, SC. Com planeja- mento e ajuda de profissionais expe- rientes, o produtor Márcio Farneda conseguiu melhorar o desempenho no campo, o bem-estar dos animais, a sa- nidade do rebanho, a qualidade do lei- te e, consequentemente, sua rentabi- lidade. “Ouvi de um pesquisador que nos visitou que estamos cinco anos a frente de nosso tempo na produção de leite, com estoques planejados de ali- mentos, além de nutrição de qualida- de e em quantidades adequadas”, diz o produtor. Com 10 anos na atividade, Far- neda iniciou uma série de mudanças para uma maior profissionalização do negócio cerca de um ano atrás. Na propriedade de 42 hectares, com 26 hectares destinados a produção, tra- balham com ele a esposa e três funcio- nários. Eles mudaram estratégias de manejo e nutrição sem elevar gastos, produzindo toda nutrição dos animais na própria fazenda com um planeja- mento alimentar para o ano. Além de formular sua própria ração, reduzin- do seus custos com nutrição em até R$ 3 mil por mês, ele tem hoje 76 va- cas em lactação e a expectativa é de chegar em 100 até o fim do ano. Uma das mudanças mais significativas foi o sistema de produção compost barn, onde os animais são manejados em semi-confinamento. O objetivo é proporcionar con- forto ao animal, aumentando a longe- vidade das vacas, além de melhorar a facilidade de manejo que está associa- da a este sistema. Outro benefício da medida é reduzir problemas de casco, explica o nutricionista e consultor Ro- berto Jacó Zabot, responsável pelas adaptações da propriedade. “Compa- rado aos sistemas tipo free-stalls, no compost barn as vacas têm mais espa- ço, o que permite maior liberdade de movimento tanto para se locomove- rem quanto para se deitar. Pois mes- mo quando em pé, as vacas permane- cem sobre uma superfície mais macia do que no concreto ou barro”, afirma. O especialista também destaca, entre os objetivos das mudanças, me- lhorias na qualidade do leite, com re- dução da CCS e menor incidência de mastite. “Esse fato pode ser explica- do tanto pela redução de mastite am- biental como pela redução da car- ga microbiana na cama”, diz Zabot, ressaltando as melhorias, que o siste- ma trouxe, nas condições de higiene das vacas antes da ordenha e no siste- ma imunológico das vacas, promovido pelo ambiente mais confortável. Farneda garante que “o sistema compost barn proporcionou um local seco e confortável para o descanso dos animais. Não tivemos mais problemas de baixa produção de leite em perío- dos de chuva porque agora os animais podem permanecer confinados nes- te período. Desde a implantação des- te sistema, a produção média de leite da propriedade subiu de 19 litros por vaca ao dia para até 29 litros de leite, atingindo picos de 31 litros por vaca ao dia, o que significa incremento de mais de 50%. Estes resultados são consequência da procura por conhe- cimento e tecnificação”, destaca Za- Divulgação
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  • 10. 10 Terra & Cia Setembro 2014 bot. “O Márcio nos procurou buscan- do maior tecnificação e hoje ele tem uma empresa que gera resultados. Foi assim que ele conseguiu melhorar a produção e a receita da fazenda”. Empresa de resultados - A famí- lia Farneda trabalhava na suinocultu- ra, uma atividade bastante tradicional na região. Mas a falta de estabilidade da atividade, que intercala momentos positivos com momentos de crise, le- vou o produtor a confinar bezerros. “Comecei com gado holandês e Jer- sey, mas descobri que são duas raças que não convertem bem, por isso ini- ciei meu rebanho com novilhas para a produção de leite”, conta o produtor que hoje trabalha predominantemen- te com vacas holandesas. Zabot destaca o impacto na pro- dutividade e qualidade do leite entre os pontos fortes da Fazenda Terras de Tranquilo. “Neste último ano con- seguimos reduzir de maneira signifi- cativa a contagem bacteriana e CCS, além de melhorar a manifestação de cio, redução de custo de instalação, aumento da produção leiteira e conse- guir manejar melhor os animais. Tive- mos um aumento na taxa de prenhes com a produtividade por área crescen- do quase 30%, subindo de 1,5 mil li- tros de leite por dia para 2,1 litros por dia, com picos de até 2,5 litros”. Estas mudanças incluíram uma nutrição direcionada de acordo com a fase produtiva de cada animal, ex- plica Zabot. “Separamos os lotes de alta produção daqueles de baixa pro- dução.Trabalhamos com foco no pré- -parto e pós-parto sendo que o manejo e a alimentação são primordiais para aumentar a produção e a rentabilida- de”, encerra o especialista mostrando a Fazenda Terras de Tranquilo como um exemplo de que investimentos bem planejados em tecnificação e melho- rias da qualidade do leite pode ser um bom negócio. Programa apoia melhoria da qualidade do leite O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), por meio da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Co- operativismo (SDC) e da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA), está apoiando o PAS-Leite - Programa Alimentos Seguros, de- senvolvido pelo Senai e Sebrae, em parceria com a Embrapa. O objetivo do programa é aumentar a segurança e a melhoria da qualidade do leite produzido no Brasil e agora, especificamente para o Rio Grande do Sul. O primeiro curso, viabilizado pelo Senai, começou em setembro em diversos municípios do estado, para capacitação de 1,5 mil transportadores de leite. Ainda em setembro teve início um projeto-piloto com 15 produto- res para melhoria da qualidade do leite com a disseminação de boas prá- ticas, com duração prevista de nove meses. Esta etapa servirá para ava- liar a operação do programa no Rio Grande do Sul. A SDA tem trabalhado na fiscalização de leite em todo o país ve- rificando questões sanitárias do produto. Já a SDC tem contribuído com ações de fomento, por exemplo, um edital lançado em julho deste ano, que visa a melhoria da qualidade e segurança do leite com propostas que serão encaminhadas ao Mapa visando transformar a cadeia produtiva do leite em longo prazo. A Fazenda Terras de Tranquilo registrou aumento da produção leiteira e na taxa de prenhes com a produtividade por área crescendo quase 30%, subindo de 1,5 mil litros de leite por dia para 2,1 litros diários, com picos de até 2,5 litros leite
  • 11. Terra & Cia Setembro 2014 11
  • 12. 12 Terra & Cia Setembro 2014 suinocultura Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) luta para garantir tecnologias mais acessíveis aos suinocultores com o objetivo de reduzir custos de produção e aumentar o bem estar animal Cai alíquota para importação de estação eletrônica de alimentação A té 31 de dezembro de 2015, o suinocultor brasileiro pode- rá importar estações de ali- mentação eletrônica para suínos com redução da alíquota do imposto de importação de 14% para 2%. O Con- selho de Ministros da Câmara de Co- mércio Exterior (Camex) acatou a so- licitação da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) e incluiu este tipo de maquinário no ex-tarifá- rio, regime destinado à aquisição de bens de capital para o quais não exis- ta produto nacional equivalente. A iniciativa da ABCS teve como objetivo reduzir os custos para o pro- dutor que queira importar esse tipo de equipamento. Dessa forma, a im- portação de máquinas de alimenta- ção eletrônica passa a pagar 2% de imposto de importação; 1,65% PIS/ PASEP; 7,6% de COFINS e 5,6% de ICMS, já que, por resolução do Con- selho Nacional de Política Fazendá- ria (Confaz), bens de capital importa- dos sob o regime de ex-tarifário têm a base de cálculo reduzida tornando a alíquota 5,6% ao invés do usual 17%. “Lutar pela modernização da cadeia é uma das missões da ABCS para que sejamos cada vez mais efi- cientes e assim oferecermos ao con- sumidor um produto de qualidade que atenda às exigências relacionadas a meio ambiente, bem estar animal e responsabilidade social”, disse o mé- LuizRenatoCampos
  • 13. Terra & Cia Setembro 2014 13 Nilo de Sá: “Lutar pela modernização da cadeia é uma das missões da ABCS para que sejamos cada vez mais eficientes e assim oferecermos ao consumidor um produto de qualidade que atenda às exigências relacionadas a meio ambiente, bem estar animal e responsabilidade social” dico veterinário e diretor-executivo da ABCS, Nilo Chaves de Sá. A estação de alimentação ele- trônica para supinos otimiza recursos facilitando o manejo de matrizes no período de gestação e diminuindo pos- síveis desperdícios de ração. O siste- ma, que tem capacidade para alimen- tar em torno de 60 animais, permite o arraçoamento individual de matri- zes mantidas em sistema de gestação coletiva, além de melhorar manejos e reduzir a demanda por mão-de-obra. Com esses equipamentos a téc- nica se mostrou muito eficiente na produção e na obtenção de vantagens econômicas pelo aumento da produti- vidade. De acordo com o produtor de suínos do Distrito Federal (DF), Ru- bens Valentini, “o equipamento per- mite o controle exato, sem desperdí- cios, da alimentação de cada porca individualmente durante a gesta- ção, a redução da mão de obra ne- cessária, além de atender desejos dos consumidores”. Valentini destaca ainda que as máquinas de alimentação de porcas com controle eletrônico propiciam melhoria das condições técnicas da criação, aumento da rentabilidade da atividade e “permitem atender o que vem progressivamente sendo exigido pelo consumidor na melhoria das con- dições de bem estar na suinocultura que têm sua expressão maior na eli-
  • 14. 14 Terra & Cia Setembro 2014 S uinocultura em transformação é o slogan do 17º Congresso Abraves, que será realizado de 20 a 23 de outubro de 2015, em Campinas, SP. Um dos objetivos desta edição é proporcionar ao mer- cado a oportunidade de debater e entender o atual mo- mento de transformação da suinocultura que envolve todos os elos da cadeia produtiva, destacou o presidente da Abraves Nacional, Godofredo Miltenburg. O evento, que ocorre a cada dois anos, pretende reunir as princi- pais autoridades mundiais da atividade, com estimativa de público recorde e elevado nível técnico dos debates. “Vamos reunir profissionais de todos os elos da cadeia produtiva para debater esta transformação que caminha para as crescentes exigências pela seguran- ça do alimento. Nós, médicos veterinários, estamos en- volvidos na produção de proteína animal e também so- mos responsáveis pela qualidade desta produção, desde o campo até a mesa do consumidor. E este cenário exi- ge conhecimentos em segurança do alimento, que tam- bém engloba sanidade, nutrição, ambiência e respon- sabilidade compartilhada entre todos os elos da cadeia produtiva”, afirmou o especialista. Para os debates, a comissão organizadora do evento está dividida em seis comissões, de acordo com os temas saúde animal; nutrição; bem-estar, gestão e ambiência; segurança do alimento; reprodução e gené- tica. No próximo ano, o principal evento da suinocultu- ra brasileira, deve reunir cerca de 1,5 mil participantes entre médicos veterinários, zootecnistas, produtores, pesquisadores, professores das principais universida- des, empresários, representantes da agroindústria e profissionais das principais empresas do setor. “A edição será inesquecível. Com o apoio de todos os abraveanos do país, vamos reunir recorde de parti- suinocultura minação das gaiolas de gestação”, re- força o produtor. O suinocultor do Mato Grosso e diretor da Nutribras Alimentos, Pau- lo Lucion, afirma que a redução da alíquota é uma decisão positiva para os produtores. “Este tipo de equipa- mento é de grande importância para a criação mais eficiente de suínos e, assim, abre-se a oportunidade de mo- dernizar granjas com um investimen- to menor. Gostaria de reconhecer o mérito da ABCS por haver apresenta- do os argumentos do setor ao Camex que, enfim, inclui as estações eletrôni- cas no ex-tarifário”, disse. A ABCS também pleiteia junto ao Ministério do Desenvolvimento, In- dústria e Comércio Exterior (MDIC), a inclusão no ex-tarifário de placas para aquecimento de leitões operadas com água quente. Este equipamento também beneficiará aqueles produto- res que querem se modernizar e subs- tituir os sistemas de lâmpada incan- descente para aquecer os leitões nas maternidades. Godofredo Miltenburg: “Nós, médicos veterinários, estamos envolvidos na produção de proteína animal e também somos responsáveis pela qualidade desta produção, desde o campo até a mesa do consumidor” Suinocultura em transformação é tema da Abraves 2015 cipantes e as maiores autoridades em suinocultura do mundo. A escolha de Campinas para sediar o encontro foi uma decisão estratégica, já que a região concentra um grande número de médicos veterinários especialis- tas em suínos e tem fácil acesso, com grandes rodovias e um dos mais importantes aeroportos do país”, obser- vou Miltenburg.
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  • 16. 16 Terra & Cia Setembro 2014 As integradoras paulistas estão animadas com a perspectiva de cotações mais baixas para milho e soja, principais insumos de produção, por conta da supersafra americana e da safra abundante no Brasil, em setembro Avicultura tem cenário positivo até o final do ano A demanda aquecida dos mer- cados interno e externo, os custos de produção mais bai- xos e os preços elevados das carnes concorrentes devem manter um qua- dro positivo para o produtor de fran- go até o final de 2014. A análise é do presidente da Associação Paulista de Avicultura (APA), Érico Pozzer. Se- gundo ele, as cotações do frango têm sido impulsionadas pelos preços recor- des das carnes bovina e suína. E este quadro, aliado a um equilíbrio entre oferta e demanda no mercado inter- no, tem dado sustentação aos preços. “As cotações mais elevadas das outras carnes têm estimulado uma migração para a carne de frango, que está com a oferta bem equilibra- da, levando a um aumento dos preços. Acredito que ainda neste ano teremos cotações ainda mais altas”, prevê o especialista. No começo de setembro, o frango vivo era comercializado ao produtor a R$ 2,50 e o frango aba- tido até R$ 3,60 no atacado paulis- ta. A expectativa é que em outubro es- tes valores já tenham alcançado R$ 4 para o frango inteiro no atacado, R$ 5 para a coxa e R$ 8 para o filet. As integradoras do Estado tam- bém estão animadas com a perspecti- va de cotações mais baixas para milho e soja, principais insumos de produ- ção, por conta da supersafra ameri- cana e da safra abundante no Brasil, em setembro. As boas expectativas também vêm do mercado externo, por conta das notícias da abertura do mer- cado russo para as carnes brasileiras. “Entramos no segundo semestre com tendência baixista nos volumes de ex- portação e vimos estas projeções se alterando com a notícia das exporta- ções para a Rússia”, diz Pozzer. Para o presidente da APA, as vendas de carnes brasileiras para o mercado russo podem impulsionar as cotações de duas maneiras. Primei- ramente com os embarques de fran- go para aquele país. E depois com as Divulgação
  • 17. Terra & Cia Setembro 2014 17 avicultura exportações das carnes bovinas e su- ínas, que devem levar a aumento de preços no mercado interno influen- ciando o mercado de frango. “As em- presas brasileiras devem aproveitar a oportunidade que se abre com a Rús- sia, mas não acredito que seja o caso de aumentar a produção por causa desta demanda”. Avicultura paulista - Apesar das projeções positivas até o final do ano, a APA tem outras preocupações que podem significar perda de rentabili- dade do setor. “Esperamos que, com esta inversão das perspectivas para a avicultura, ocasionadas pelo equilí- brio do mercado, as empresas paulis- tas cheguem ao final do ano com mar- gens positivas, apesar da pressão que a atividade enfrenta a partir de novas exigências”, avalia Pozzer se referin- do à NR 36, do Ministério do Traba- lho, que trata da Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de Carnes e Derivados. De acordo com o especialista, esta medida, que está em vigor desde o final do ano passado, obriga abate- douros implementarem pausas que re- sultam em uma hora a menos de tra- balho por dia, além de investimentos em equipamentos e adaptações para ergonomia. “Estas ações representam uma disponibilidade de mão-de-obra 10% menor, o que significa que a in- tegradora deve optar por reduzir seus abates em 10% ou pagar hora extra”, observa. Divulgação Pozzer: “As cotações mais elevadas das outras carnes têm estimulado uma migração para a carne de frango, que está com a oferta bem equilibrada, levando a um aumento dos preços. Acredito que ainda neste ano teremos cotações ainda mais altas” Autorização russa aquece setor de carnes do Brasil O Rosselkhoznadzor (serviço sa- nitário russo) autorizou a li- beração de 87 estabelecimen- tos brasileiros para exportação de carnes, miúdos de carnes, aves, miú- dos de aves, suínos e miúdos de suí- nos. A lista inclui dois estabelecimen- tos de produtos lácteos, totalizando 89 frigoríficos liberados. De acordo com o ministro da Agricultura, Neri Geller, o Brasil ampliará substantiva- mente suas exportações de carnes e lácteos para os países da União Adu- aneira, “consolidando a parceria no agronegócio internacional e as rela- ções de confiança e amizade entre os dois países”, disse. A Rússia já é o principal desti- Para o ministro Neri Geller, o Brasil ampliará substantivamente suas exportações de carnes e lácteos para os países da União Aduaneira ElzaFiúza/ABr
  • 18. 18 Terra & Cia Setembro 2014 avicultura no das exportações brasileiras de car- nes suína e bovina. Apenas de carne bovina in natura, foram comercializa- das entre Brasil e Rússia, ano passa- do, 303 mil toneladas, gerando US$ 1,2 bilhão em receitas. De carne su- ína, foram exportados 134 mil tone- ladas, com receita na ordem de US$ 412 milhões. Os produtos agropecuá- rios exportados à Rússia em 2013 ga- rantiram o ingresso de US$ 2,72 bi- lhões na balança comercial brasileira. Histórico – Durante a 82ª As- sembleia Geral da Organização Mun- dial de Saúde Animal (OIE), reali- zada no final de maio deste ano em Paris, França, o ministro Neri Geller manteve entendimentos com o chefe do Serviço Veterinário da Federação Russa, Serguey Dankvert, quando tra- taram da importância do monitora- mento do serviço sanitário brasileiro como garantidor da sanidade do pro- duto exportado. Foi tratado ainda so- bre o envio de listas de potenciais for- necedores de carne para a Rússia. Na ocasião, Dankvert disse estar satisfei- to com as relações com o Brasil, de- monstrando potencial para intensifi- car a parceria. Em julho, por ocasião da Copa do Mundo da Fifa, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, esteve no Bra- sil e aproveitou para assinar uma sé- rie de acordos bilaterais nas áreas de economia, defesa, tecnologia, energia e produção de vacinas. Um dos princi- pais termos dos acordos previa o au- mento das trocas comerciais entre os dois países ao patamar de US$ 10 bi- lhões anuais. No início de agosto, o Ministé- rio da Agricultura, Pecuária e Abas- tecimento (Mapa) realizou uma mis- são técnica junto a Federação Russa que rendeu a aprovação de Serviços de Inspeção Federal (SIFs) para a co- mercialização de miúdos (rim, fígado, coração, intestino) e a oficialização do Certificado Sanitário Internacio- nal (CSI) para a exportação de lác- teos para a União Aduaneira (UA), formada pela Rússia, Bielorússia e Casaquistão. Foi apresentado ainda um protocolo com as exigências fitos- sanitárias da UA para exportação de trigo da Rússia para o Brasil. A Rússia autorizou 87 estabelecimentos brasileiros para exportação de carnes, miúdos de carnes, aves, miúdos de aves, suínos e miúdos de suínos TecCarne
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  • 20. 20 Terra & Cia Setembro 2014 Campanha estimula consumo de ovos no Brasil semana do ovo A pesar de ser uma fonte de proteína de alto valor nutri- tivo, o consumo de ovos no País ainda é muito pequeno compa- rado a outros países. Japão, México e China têm consumo médio anual de mais de 300 ovos por habitante e vá- rios países europeus, além dos Esta- dos Unidos, um consumo de mais de 200 ovos per capita. Recentemente o Brasil chegou à média de 168,7 ovos por habitante ao ano. Isso mostra que ainda é possível aumentar de forma significativa o consumo e, consequen- temente, a produção nacional. A afir- mação é de José Carlos Aleixo, dire- tor técnico da empresa de nutrição e saúde animal Fatec, uma das patroci- nadoras da Semana do Ovo 2014, de 6 a 11 de outubro. A campanha de comemoração da Semana do Ovo este ano conta- rá com uma série de ações coordena- das e simultâneas nas principais cida- des brasileiras. O objetivo é contribuir com iniciativas para estimular o con- sumo de ovos no País. “Atividades como essa proporcionam a divulgação das qualidades nutricionais deste ali- mento, a quebra de mitos, como o co- lesterol, e o estímulo para o aumento dos negócios no setor”, disse o diretor comercial da Fatec, Pedro Abe. Para ele, o apoio a esta iniciati- va, além de uma grande satisfação, é também uma maneira de reafirmar o compromisso da empresa com a pos- tura comercial. “Somos uma empre- sa com tradição de quase 50 anos no segmento de postura, reconhecida em todo o território brasileiro. Sempre tivemos uma grande parcela de pro- dutores de ovos em nossa carteira de clientes, com os quais já promovemos campanhas incentivando o consumo de ovos”, lembra o executivo. Para Tiago Lourenço, dire- tor geral da Hy-Line, maior empre- sa de genética de postura comercial no Brasil e no mundo, a campanha está alinhada com as ações da em- presa para divulgação dos benefícios do ovo. “Estamos na era digital, com informação aberta e disponível, por isso é tão importante posicionar for- temente o nosso setor, com a união de toda a cadeia produtiva, frente a in- verdades e mitos que, infelizmente, ainda circulam sobre o consumo de ovos”, disse o executivo. Lourenço ressalta a importân- cia de dedicar uma semana intei- ra para promover um grande deba- te nacional a respeito deste alimento. “Centralizando todas as ações em uma semana, temos sinergia de vá- O consumo médio de ovos no Brasil alcançou 168,7 por habitante no ano passado. O objetivo é atingir o consumo de 208 ovos até 2016. A média mundial em 2013 foi de 220 ovos per capita
  • 21. Terra & Cia Setembro 2014 21 rias empresas e segmentos abordan- do de maneira inovadora e criativa os questionamentos que encontramos no dia-a-dia”. Para ele, a melhor es- tratégia para responder ao desafio de aumentar o consumo de ovos no Bra- sil é a divulgação de informações cor- retas sobre o ovo junto ao consumi- dor final. “A maturidade no consumo de ovos no País, ainda abaixo de 3,5 ovos por semana, será atingida junto com maior conhecimento de nossos consu- midores, através de informações téc- nicas e de qualidade, como têm sido veiculadas nos últimos anos. O foco e trabalho de qualidade e apresentação do produto evoluiu muito em todos os produtores. Com planejamento e pe- quenas ações práticas, atingiremos o patamar de consumo acima de quatro ovos por semana, muito em breve”. Semana do Ovo - A campanha que tem o objetivo de estimular o con- sumo de ovos no Brasil, através de um amplo debate entre todos os elos da cadeia produtiva e seus consumido- res, é organizada pelo Instituto Ovos Brasil e pela ABPA (Associação Bra- sileira de Proteína Animal). Palestras para médicos e nutricionistas, degus- tação de omeletes em supermercados, palestras em escolas e universidades, informativos sobre os benefícios do ovo, gibis para crianças, livros de re- ceitas para os consumidores e cardá- pios comemorativos são algumas das ações planejadas para este ano. A Agroinfo TI, por exemplo, es- pera que as ações da empresa em res- taurantes, escolas e supermercados para estimular o consumo de ovos deve atingir mais de 5 mil pessoas só na cidade de Campinas, no inte- rior de São Paulo. “Estamos apoian- do a campanha pelo terceiro ano con- secutivo por acreditar nas qualidades funcionais do ovo e que esta é uma maneira de melhorar a alimentação do brasileiro”, destaca o diretor da Agroinfo TI, Marcelo Lima. Desde o início do novo forma- to da campanha, com representantes de todos os elos da cadeia produtiva trabalhando em parceria, o consumo médio de ovos no País cresceu de 163 ovos por habitante, em 2011, para os atuais 168,7 no ano passado. O ob- jetivo é atingir o consumo médio de 208 ovos por habitante no país até 2016. A média mundial em 2013 foi de 220 ovos per capita. Fonte de pro- teína rica e economicamente viável, o ovo é considerado o alimento mais completo para o ser humano depois do leite materno. Campanha da Semana do Ovo contará com degustação de omeletes em supermercados, entre outras ações coordenadas com o objetivo de estimular o consumo de ovos no Brasil semana do ovo
  • 22. 22 Terra & Cia Setembro 2014 tecnologia agrícola CNH Industrial integra equipamentos na lavoura de cana Fotos: Ale Carolo A CNH Industrial, criada há um ano a partir da fusão da Fiat Industrial e CNH Global para atuar no setor de bens de capital, tem integrado as operações de máqui- nas agrícolas, equipamentos de cons- trução e veículos para transporte de cargas às atividades de sistematiza- ção de solo, colheita de cana de açú- car e transporte da matéria prima até a unidade industrial. O modelo de si- nergia é a aposta da companhia para garantir mais eficiência na lavoura canavieira. Um exemplo de operação inte- grada das máquinas pode ser visto na Usina Da Mata, localizada em Valpa- raíso, região oeste de São Paulo. A unidade conta com 52 equipamentos da CNH Industrial, entre máquinas agrícolas da Case IH, equipamentos de construção da Case Construction e caminhões da Iveco. Em setembro, a CNH Industrial e a Da Mata con- vidaram jornalistas especializados para conhecer o trabalho conjunto dos equipamentos da companhia. Na primeira etapa da visita, o grupo teve a oportunidade de ver de perto a operação de motoniveladoras, escavadeiras hidráulicas e pás car- regadeiras responsáveis pelo proces- so de sistematização do solo. Os três modelos da Case Construction, mais comumente vistos nas obras de cons- trução civil, trabalham na usina em regime de três turnos. De acordo com José Luiz Vieira, gerente agrícola da usina, a etapa de sistematização do solo é fundamental na formação do canavial, principalmente em lavouras colhidas mecanicamente. A mecanização da colheita, se- gundo Vieira, depende de um conjunto de sistematização cuidadoso na área de plantio, como nivelamento correto do terreno, definição do tamanho de talhões, retirada de sólidos como pe- dras e madeiras que possam prejudi- car o desenvolvimento da planta, pla- nejamento da sulcação do solo, entre vários outros cuidados. A colheita da safra 2014/15 na Usina Da Mata é considerada um marco, uma vez que atingiu 100% de mecanização, com resultados positivos, especialmente por conta do preparo do solo. Para a sistematização, a usi- CNH Industrial integra operações de máquinas agrícolas, equipamentos de construção e veículos para transporte de cargas às atividades de sistematização de solo, colheita de cana de açúcar e transporte da matéria prima
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  • 24. 24 Terra & Cia Setembro 2014 na utiliza a Motoniveladora 865B, um dos modelos da Case Construc- tion Equipment, fabricada na unidade de Contagem, MG. A máquina possui motor Tier 3 e VHP (Variable Horse Power - Curva de Potência Variável), com maior potência e torque. O mode- lo possui controles eletrônicos de tro- ca de marchas, com seis velocidades à frente e três à ré. O equipamento pesa 15.870 quilos e tem largura de lâmi- na de 3.658 mm (12’). Outro equipamento utilizado é a escavadeira hidráulica CX220B, da Case. Com 22 toneladas de peso ope- racional, a máquina é equipada com sistema hidráulico avançado, possui grande força de escavação e alta velo- cidade de giro, o que garante ciclos de trabalho mais rápidos. O equipamen- to também conta com a função Power Boost, que aumenta a força de esca- vação em até 10% por tempo ilimita- do. Já a Pá carregadeira 721E, ver- são canavieira, da Case Agriculture, possui motor de 195 hp e capacidade operacional de 14 toneladas. A má- quina foi desenvolvida para operar em locais com muitas partículas suspen- sas, como a movimentação e carrega- mento de bagaço de cana nas usinas. Após a sistematização do solo, o tecnologia agrícola De acordo com José Luiz Vieira, gerente agrícola da usina, a etapa de sistematização do solo é fundamental na formação do canavial, principalmente em lavouras colhidas mecanicamente Para a sistematização do solo, a Usina Da Mata utiliza a Motoniveladora 865B (à direita), um dos modelos da Case Construction Equipment, fabricada na unidade de Contagem, MG
  • 25. Terra & Cia Setembro 2014 25 grupo acompanhou a colheita mecani- zada de um talhão. Nessa etapa, a Da Mata utiliza colhedoras Case IH, com destaque para o modelo A8800 Mul- ti Row, que permite a colheita em vá- rios espaçamentos, como duas linhas de 1,4m ou de 1,5m, através de um sistema de divisores de linha e ali- mentação. O equipamento conta com o Smart Cruise, sistema que contro- la de forma automática a rotação do motor, gerando uma economia de até 25% no consumo de combustível. A colhedora demonstrada tra- balhou em conjunto com o transbor- do puxado pelo trator 225 da Case IH, dotado de um sistema de geren- ciamento automático de produtivi- dade (APM), que controla a relação de transmissão e a velocidade para cada tipo de terreno, o que permite economia de até 20% de combustí- vel. Neste modelo da linhagem Puma, o operador seleciona a rotação dese- jada e o sistema se encarrega de re- alizar o ajuste da marcha mais ade- tecnologia agrícola Usina Da Mata utiliza colhedoras Case IH, com destaque para o modelo A8800 Multi Row, que permite a colheita em vários espaçamentos, como duas linhas de 1,4m ou de 1,5m, através de um sistema de divisores de linha e alimentação
  • 26. 26 Terra & Cia Setembro 2014 quada para determinada operação, alcançando assim a velocidade ideal para cada tipo de solo e implemento tracionado. Depois de completo com a cana picada, o transbordo transfere a ma- téria prima para o caminhão da Ive- co, modelo Trakker, que transporta a cana para alimentar a usina. Todo o processo é automatizado. A Usina Da Mata conta hoje com 20 cami- nhões Iveco, que apresenta as versões Trakker 6x4 de 440 e 480 cavalos. Os modelos contam com a transmissão ZF de 16 marchas, manual e automá- tica, com motor Ecoline FTP Cursor 13 com tecnologia SCR, com 17% a mais de torque que a versão Euro III. Marluz Cariani, responsável pe- las vendas de off-road da Iveco no Brasil, chamou a atenção para a im- portância parceria com a Da Mata. “São clientes muito técnicos, que en- tendem do produto e exigem qualida- de. Em alguns casos, é preciso fazer modificações no veículo para melho- rar o desempenho em ambientes es- pecíficos”, disse. A CNH Industrial atua com as marcas Case IH, Steyr, Case Construction Equipment, New Holland Agriculture, New Holland Construction, Iveco, Iveco Astra, Ive- co Bus, HeuliezBus, Magirus, Iveco Defense Vehicles e FPT Industrial. A CNH Industrial opera sete fábricas no Brasil. Usina Da Mata - A unidade de Valparaíso estima encerrar a safra 2014/15 com uma moagem de 2,4 milhões de toneladas de cana, para produzir 83,2 milhões de litros de etanol anidro e 37,1 milhões de li- tros de hidratado. Metade da moagem é direcionada para produção de açú- car VHP, que deve alcançar 176,5 mil toneladas. Já a bioenergia gerada a partir do bagaço da cana pode chegar a 130,56 MWh nesta temporada. Os dados foram informados pelo superin- tendente da unidade, Newton Chucri. De acordo com Chucri, a Da Mata passa por um processo de am- pliação que vai permitir moagem en- tre 3,1 e 3,2 milhões de toneladas de cana na safra 2015/16, “provavel- mente com um mix de 40% para açú- car e 60% para etanol”. O plano de ampliação prevê uma capacidade to- tal de 4 mihões de toneladas. A Usina Da Mata, localizada a 565 quilôme- tros da capital paulista, foi fundada em 2006, a partir da união entre o Grupo AGP e a Brasif. tecnologia agrícola De acordo com o superintendente da Usina Da Mata, Newton Chucri, a usina passa por um processo de ampliação que vai permitir moagem entre 3,1 e 3,2 milhões de toneladas de cana na safra 2015/16
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  • 28. 28 Terra & Cia Setembro 2014 mento, além de fomentar discussões capazes de auxiliar nas decisões es- tratégicas dos grupos canavieiros. O evento discutiu o desenvolvimento de novas variedades, tecnologias avança- das de manejo, combate a doenças e pragas, insumos para aumento de pro- dutividade, gestão agrícola, entre ou- tros temas. Um dos destaques do evento ficou sucroenergético Especialistas discutem variedades de cana Fotos: Ale Carolo M ais de 700 pessoas parti- ciparam do 8º Grande En- contro de Variedades de Cana de Açúcar, realizado dias 24 e 25 de setembro, no Centro de Conven- ções de Ribeirão Preto, SP. O evento contou com 17 palestras, proferidas por especialistas brasileiros e estran- geiros, além de representantes de em- presas, usinas e centros de pesquisa, os quais abordaram o que há de mais novo em relação ao desenvolvimento varietal canavieiro. De acordo com Dib Nunes Jr, di- retor do Grupo IDEA – organizador do evento –, o encontro atendeu todas as expectativas e atingiu o propósito de promover reciclagem de conheci- Mais de 700 pessoas participaram do 8º Grande Encontro de Variedades de Cana de Açúcar, realizado dias 24 e 25 de setembro, no Centro de Convenções de Ribeirão Preto, SP
  • 29. Terra & Cia Setembro 2014 29 por conta das abordagens sobre siste- mas de formação de viveiros e canaviais com mudas sadias. O tema tem sido am- plamente discutido pelos profissionais agrícolas do setor sucroenergético e já é considerado um marco na evolução da cana-de-açúcar. A ideia é prover mate- rial de origem de alta qualidade, desen- volver novas variedades, cada vez mais avançadas, capazes de potencializar a produtividade dos canaviais. Tudo isso com manejo adequado. Na oportunidade, a Basf apre- sentou os avanços da tecnologia Ag- sucroenergético Musa, destacando resultados obtidos na formação de viveiros saudáveis e na correção de falhas para garan- tir maior longevidade do canavial. O representante da empresa, Edival- do Mariani Junior, falou sobre a im- Segundo Marcelo Palu Junqueira, o Plene, da Syngenta, elimina a necessidade de ter áreas de viveiro, dispensa o uso de maquinários pesados, preservando solo e elimina o tratamento de proteção de cultivo no plantio
  • 30. 30 Terra & Cia Setembro 2014 Marcos Landell afirma que aproximadamente 20% de todas as variedades de cana lançadas na última década no Brasil são do IAC – Instituto Agronômico de Campinas portância do controle de processos e da certificação de origem das mu- das, além de destacar o uso de varie- dades nobres em Meiosi, método que proporciona a rotação de cultivos na área ao integrar as culturas de soja ou amendoim. Edivaldo anunciou, durante o evento, a ampliação da biofábrica de Campinas para o desenvolvimento das mudas e apresentou, em primeira mão, a maior novidade do 8º Grande Encon- tro sobre Variedades de Cana. Trata-se da Biofábrica Móvel para extração de mudas de cana, criada para otimizar custos e simplificar a operação. Segun- do Edivaldo, o equipamento possui tec- nologia de extração patenteada, alto rendimento e cumpre todas as exigên- cias das NRs (Normas Reguladoras). “Temos clientes que já trabalham com esse sistema e ganham muito dinheiro. A BASF busca isso, produtividade com rentabilidade”, afirma. A Syngenta também apresen- tou soluções envolvendo mudas sa- dias de cana. A empresa falou so- bre Plene, uma nova tecnologia de plantio de cana criada para simplifi- car e agilizar a fase inicial da plan- tação, garantindo qualidade e benefí- cios em todo o processo até a colheita. De acordo com o engenheiro agrôno- mo e especialista em desenvolvimen- to técnico de mercado da Syngenta, Marcelo Palu Junqueira, o Plene eli- mina a necessidade de ter áreas de vi- veiro, dispensa o uso de maquinários pesados, preservando solo e elimina o tratamento de proteção de cultivo no plantio. Segundo ele, Plene também permite a redução de mão de obra, pois o plan- tio é todo mecanizado. Ou- tra vantagem diz respeito à sustentabilidade, pois além de gerar plantas mais sau- dáveis, livres de pragas e doenças, o processo de plan- tio de Plene gera menor compactação do solo e reduz consumo de combustíveis. Ele destaca também vantagens econômicas, pois, com Ple- ne, a produtividade por hectare sobe, enquanto as despesas diminuem. Variedades - O 8º Grande En- contro sobre Variedades de Cana tam- bém destacou as variedades de cana mais utilizadas no Brasil, suas carac- terísticas, benefícios e evolução. O agrônomo Antônio Ribeiro Fernandes Junior, pesquisador da Ridesa/UfSCar (Estação Experimental de Valparaí- so), explicou como tirar o melhor pro- veito das variedades RBs e apresentou novos clones RB superiores. Na opor- tunidade, ele apresentou o Censo Va- rietal 2014 SP e MS, o qual mostra que a variedade mais cultivada nes- ses estados é a RB877515, que ocu- pa 27,3% da área. “As variedades RB ocupam as quatro primeiras posições de varie- dades mais plantadas nesses estados, somando, juntas, 54% da área”, dis- se o pesquisador. Fernandes ressal- tou ainda que a RB965902 vem ga- nhando muito espaço nos últimos anos. “Ela não é uma variedade pre- coce, mas de meio de safra”. Segundo De acordo com Antonio Ribeiro, agrônomo da Ridesa/UFSCar, as variedades RB ocupam as quatro primeiras posições de variedades mais plantadas nos estados de SP e MS, somando, juntas, 54% da área sucroenergético
  • 31. Terra & Cia Setembro 2014 31 ele, esta variedade é resistente e pos- sui elevado ATR no meio da safra. So- bre os novos clones (pré-liberações), o pesquisador da Ridesa/UfScar des- tacou a RB975952 (hiper precoce), RB985476 (média), RB975242 (tar- dia) e RB975201 (tardia), todas re- sistentes às principais doenças. O CTC (Centro de Tecnologia Canavieira) e a Canaviali/Monsanto também apresentaram casos de su- cesso em relação às variedades desen- volvidas pelas empresas. A palestra do CTC ficou por conta do engenheiro agrônomo Marcos Virgílio Casagran- de, que falou sobre o trabalho desen- volvido pelo Programa de Melhora- mento Genético da Cana de Açúcar do CTC. Já a palestra da Canavilalis/ Monsanto foi proferida pelo diretor comercial de cana-de-açúcar da em- presa, Federico Tripodi. O engenheiro agrônomo e diretor do Centro Avançado de Pesquisa Tec- nológica do Agronegócio de Cana do IAC (Instituto Agronômico de Campi- nas), Marcos Guimarães de Andrade Landell, falou sobre manejo de varie- dades e sobre novos híbridos de alta performance do instituto. Segundo ele, cerca de 20% de todas as varie- dades de cana lançadas na última dé- cada no Brasil são do IAC, que é um órgão de pesquisa da Agência Paulis- ta de Tecnologia dos Agronegócios, da Secretaria de Agricultura e Abasteci- mento do Estado de São Paulo. A programação do evento foi di- versificada. O pesquisador da Unesp de Dracena, Paulo Figueiredo, falou sobre os fisiologia da isoporização e os efei- tos que este fenômeno causa na cultura da cana. Já o agrônomo da Unesp de Botucatu, Carlos Alexandre Crusciol, destacou as atualizações do mane- jo varietal com o uso de maturadores. As empresas Bayer CropScience, UPL, Ihara e Ceres também marcaram pre- sença para mostrar suas soluções mais recentes para a lavoura da cana. As usinas também participaram, apresentando suas estratégias de ma- nejo varietal. O Grupo USJ foi repre- sentado por Fernando Munhoz Palma e Adriano Pinheiro. Já o Grupo Ra- ízen foi representado por Filipe Ar- ruda. Ao final do evento, Dib Nunes Jr mediou um debate sobre a forma mais adequada de manejo das varie- dades de cana e sobre a expectativa das usinas em relação aos programas de melhoramento genético. A mesa foi composta por Rogério Bremm So- ares (Grupo Bunge), Rodrigo Rodri- gues Vinchi (Raízen) e Fernando Pal- ma (USJ). Equipe do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) marca presença no encontro de variedades sucroenergético
  • 32. 32 Terra & Cia Setembro 2014
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  • 34. 34 Terra & Cia Setembro 2014 cie de “olhar de raio x”. Sem truques e com muita simplicidade, Valdir é re- ferência no setor, onde trabalha há 20 anos. Valdir, natural de Valparaíso, SP, onde fica a Estação Experimen- tal da UfSCar (EVA), teve seu primei- ro contato com a cana-de-açúcar em 1994, como rurícola. Na época ele re- alizava atividades como corte de fei- xes e capinação da cana. “Quando co- mecei, não sabia nada de cana. Para mim era tudo igual. Mas com o tempo o pessoal de campo me ensinou algu- mas coisas”, revela. Dois anos depois, já despertado o talento de identifi- car variedades, Valdir foi atuar na FAI (Fundação de Apoio Institucio- nal ao Desenvolvimento Científico) da UfSCar. Valdir possui o talento para re- conhecer não apenas as variedades RB, desenvolvidas pela Ridesa, mas também as de outros centros de pes- quisa, como o CTC (Centro de Tec- nologia Canavieira), IAC (Instituto Agronômico de Campinas), entre ou- tros. “Entre variedades e clones - ain- da sem aplicação comercial - certa- mente sou capaz de reconhecer mais de 100”, conta. Em 2000, Valdir resolveu se aprofundar na profissão e iniciou o curso de Engenharia Ambiental. No entanto, teve que trancar matrícula por falta de tempo para frequentar as aulas. “Eu tinha muitas atividades na usina onde eu trabalhava. A equi- pe era pequena, apenas quatro pes- soas” justifica. Mesmo assim, Valdir já era um destaque entre os profis- sionais da área agrícola. Além de ser chamado para reconhecer as varie- dades em várias partes do Brasil, ele também ensina o ofício aos mais no- vos, na EVA. Ele lembra que há alguns anos foi chamado na Destilaria Maraca- ju - atualmente uma das três unida- des da Biosev em Mato Grosso do Sul - para reconhecer uma variedade ini- cialmente identificada como RB 85- 5113, mas com comportamento dife- rente. Apenas na observação, Valdir concluiu que se tratava de uma RB84- 9157. “Não queriam acreditar. Leva- mos o material para análise e eu es- tava certo. Na época valeu até uma R B, IAC, CTC, etc. Você iden- tificaria e classificaria essas variedades de cana-de-açúcar só no olhar? Se a resposta for negati- va, não se preocupe, você é normal. Mas se a resposta for sim, parabéns, você tem o mesmo talento de Valdir de Oliveira, 38 anos, pes- quisador do Programa de Melhora- mento Genético da Cana de Açúcar (PMGCA) da UfSCar (Universida- de Federal de São Carlos), instituição que faz parte da Ridesa (Rede Inte- runiversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético). Ele conse- gue identificar centenas de variedades de cana só na observação. Uma espé- sucroenergético Valdir de Oliveira tem o talento de identificar, apenas com os olhos, mais de 100 variedades de cana É um pássaro? É um avião? Não, é o Super Valdir Divulgação
  • 35. Terra & Cia Setembro 2014 35 caixa de cerveja”, brinca Valdir. Segundo Valdir, o reconheci- mento das variedades começa pela observação da cor do palmito, seu comprimento e quantidade de cera existente. Em seguida o observador deve se aprofundar nas característi- cas morfológicas da planta, como a gema e tipo de aurícula. Outra “dica” para identificação da variedade é a observação da cor do colmo, princi- palmente na cana adulta. A largura e diâmetro da folha também é outra re- ferência que ajuda no reconhecimen- to varietal. O sonho de Valdir é continuar a desenvolver suas atividades no EVA, além de ver as variedades RB 5000 - linha desenvolvida pela Ridesa/UfS- Car - em escala comercial. “Hoje os destaques são a 7515 (RB86-7515, desenvolvida pela Ridesa/UFV - Uni- versidade Federa de Viçosa, em Mi- nas Gerais), que é a mais plantada; além da 6928 (RB96 6928, da Ride- sa/UFP - Universidade Federal do Pa- raná); e a 579 (RB92 579, da Ride- sa/UFAL - Universidade Federal de Alagoas). Mas quero ver a RB 5000 da UfSCar em escala comercial”, observa. Valdir afirma que a varieda- de de seus sonhos é uma espécie de “7515 melhorada”, que vai bem em ambiente restritivo, tem mais perfi- lhos, é resistente à seca e à boa par- te das doenças, além de possuir maior produtividade. Para isso, Valdir afir- ma que os profissionais da Ridesa/ UfSCar trabalham duro. A universi- dade mantém um jardim varietal onde estão plantadas cerca de 280 varieda- des de cana, das mais antigas às mais novas. A área é renovada a cada dois ou três anos para garantir maior vi- gor da planta. No local podem ser encontradas variedades exóticas e de outras ins- tituições nacionais ou estrangeiras. “Esse jardim varietal é importante para que a história seja preservada, além de ser importante banco de ger- moplamas que auxilia no treinamento das pessoas que pretendem atuar no campo”, conta. Valdir, que não tem qualquer intenção de guardar segre- dos sobre seu talento, afirma que es- timular outras pessoas a identifica- rem as variedades é uma satisfação profissional. sucroenergético
  • 36. 36 Terra & Cia Setembro 2014 A produção do café conilon, estimada em 13,03 milhões de sacas, representa um crescimento de 19,95% na safra 2014
  • 37. Terra & Cia Setembro 2014 37 Conab estima produção de café em 45,14 milhões de sacas
  • 38. 38 Terra & Cia Setembro 2014 A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) es- tima que a safra brasileira de café em 2014 alcance 45,14 mi- lhões de sacas, volume que supera em 570 mil sacas a estimativa divulgada em maio, que era de 44,57 milhões de sacas de 60 quilos de café bene- ficiado. O resultado, atribuído a uma maior produção da variedade robus- ta e com uma leve queda nas estima- tivas do arábica, representa uma re- dução de 8,16%, ou 4,01 milhões de sacas, quando comparado com a pro- dução de 49,15 milhões de sacas obti- das no ciclo anterior. O café arábica representa 71,1% da produção total (arábica e conilon) de café do País. Para a atual safra es- tima-se que sejam colhidas 32,11 mi- lhões sacas. O resultado representa uma redução de 16,14% (6.178,3 mil sacas). Tal redução se deve a forte es- tiagem verificada nos primeiros meses de 2014, às podas realizadas nos ca- fezais de alguns produtores e à inver- são da bienalidade em algumas regi- ões produtoras. A produção do conilon, estimada em 13,03 milhões de sacas, represen- ta um crescimento de 19,95%. Este resultado se deve, sobretudo, à recu- peração da produtividade, que na sa- fra anterior sofreu com a forte estia- gem. O levantamento da Conab indica que o resultado previsto para a atu- al safra quebra a tendência de cresci- mento da produção que, desde o ciclo 2005 vinha se observando nos ciclos de alta bienalidade, inclusive, ficando abaixo da última temporada, que foi de baixa bienalidade. A colheita do café arábica, varie- dade da qual o Brasil é o maior pro- dutor e exportador mundial, está se encerrando. A Conab ainda não fez es- timativas para 2015, mas analistas apontam que ainda haverá impacto ne- gativo por conta do clima de 2014. De acordo com o secretário-executivo do Ministério da Agricultura, José Gerar- do Fontelles, qualquer estimativa ago- ra seria mera especulação. “É preci- so esperar um pouco para a primeira estimativa, já que o café é muito afe- tado por precipitação e condições de clima”, disse, completando que se a florada não for boa, mesmo que chova mais tarde, haverá problema de oferta. Cafezal - A área total planta- da com a cultura de café, das espé- cies arábica e conilon, totaliza no País 2.221.816,2 hectares, 3,88% inferior à área colhida na safra passada e cor- responde a uma redução de 89.783 hectares. Desse total, 304.044,4 hec- tares (13,68%) estão em formação e 1.917.771,8 hectares (86,32%) estão em produção. Minas Gerais concentra a maior área, com 1.204.208 hecta- res, predominando a espécie arábica, com 98,8% no estado. A área total es- tadual representa 54,2% da área cul- tivada com café no país. A segunda maior área plantada com a cultura cafeeira fica no Espíri- to Santo, totalizando 486.583 hecta- res, sendo 309.235 hectares com a es- pécie conilon e 177.348 hectares com a arábica. O estado é o maior produ- tor da espécie conilon, com participa- ção de 63,88% na semeada com a es- pécie no Brasil. café ElzaFiuza/ABr De acordo com o secretário-executivo do Ministério da Agricultura, José Gerardo Fontelles, se a florada do café não for boa, mesmo que chova mais tarde, haverá problema de oferta na safra 2015 Florada do café Arábica, representa 71,1% da produção total (arábica e conilon) de café do País
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  • 40. 40 Terra & Cia Setembro 2014 dade de produtos que apresentassem bons resultados, em face de proibição do uso do Endosulfan. A Ferrugem também deve ser objeto de prevenção, visto que a dificuldade de aplicação, em função da falta de umidade, aca- bou concorrendo para ataques tardios da doença nas lavouras. A ocorrência de algumas pre- cipitações, em julho, acabou forçan- do uma primeira florada, boa em al- gumas lavouras, fraca em outras, mas em qualquer dos casos, ainda sem ga- rantia de vingamento, visto que não houve continuidade nas chuvas. Colheita - A produção de café em Minas Gerais está estimada em 22.620 mil sacas de café na safra desfolha, além de um desenvolvimen- to vegetativo abaixo da expectativa. As lavouras que foram esqueletadas no ano anterior têm se mostrado me- lhores, bem como as que produziram relativamente pouco neste ciclo. Nas lavouras mais sentidas, com menor capacidade de resposta para a próxi- ma safra, muitos produtores já inicia- ram podas esperando que este manejo contribua para uma melhor produção na safra 2016. Em Minas Gerais, boa parte das lavouras requer investimentos, seja em termos de adubação, seja em controle fitossanitário, notadamente, com relação ao controle de broca, que ficou prejudicado pela indisponibili- O déficit hídrico, provocado pela escassez e irregularidade das chuvas, e agravado pelas condições de elevadas temperaturas, causaram sérios danos à produtivi- dade das lavouras de café no estado de Minas Gerais, que foram atingi- das na fase de formação e enchimen- to de grãos, concorrendo para perdas em rendimento, sobretudo, das lavou- ras mais novas. No entanto, de acor- do com a Conab, o clima seco vem fa- vorecendo os trabalhos de colheita e secagem dos grãos, propiciando a ob- tenção de cafés com boa qualidade. Por conta das condições climá- ticas de 2014, as lavouras mais pre- judicadas vêm apresentando maior café Café em Minas Gerais sofre com déficit hídrico Cafezal localizado nas montanhas do Sul de Minas Gerais, maior região produtora de café do Brasil
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  • 42. 42 Terra & Cia Setembro 2014 2014, com variação percentual de 2,9% para mais ou para menos, com intervalo de produção entre 21,9 mi- lhões a 23,3 milhões de sacas. A pro- dutividade média do estado deverá atingir 22,62 sc/ha. Em comparação à safra anterior, a estimativa sinaliza um recuo da produção cafeeira da or- dem de 18,22%, confirmando a previ- são de quebra da produção apontada no levantamento anterior, realizado em abril, com variação percentual ne- gativa de 1,62%. A redução na produção é decor- rente da inversão da bienalidade em algumas regiões do estado, tais como: a Zona da Mata Mineira, da redução da área em produção provocada pelo aumento das podas nos cafezais e pela forte estiagem acompanhada de altas temperaturas nos primeiros meses do ano, que comprometeram os traba- lhos de adubação das lavouras e re- sultou em prejuízos para a renda do café colhido, em razão do forte défi- cit hídrico a que foram submetidos os cafezais durante o período de cresci- mento dos frutos, nas principais regi- ões produtoras do estado. Sul de Minas – A produção de café na região sul de Minas Gerais so- freu novos ajustes no levantamento da Conab, já pautados nos resultados ve- rificados na colheita, que praticamen- te acabou. Estimada em 10.730 mil sacas, a safra de café do Sul de Minas confirma a inversão da bienalidade na região, apresentando uma retração de 19,66%, comparada à safra 2013 e de 21,87% em relação ao prognóstico inicial da safra 2014. Uma pequena parcela dessa queda é decorrente da variação da área de café em produção, que caiu 53,26% neste último ano, notada- mente em decorrência do aumento de podas, com destaque para os esquele- tamentos, manejo que vem sendo cada vez mais utilizado, e que tem concor- rido para diminuir a amplitude de va- riação entre a produção das safras de bienalidade alta e de bienalidade bai- xa. Mas o comprometimento do re- sultado projetado para a safra 2014 pode ser atribuído, principalmente, ao impacto negativo da estiagem e das altas temperaturas, já sinalizado no levantamento anterior e confirmado com o avanço da colheita e beneficia- mento do café. A ocorrência de perdas e a frus- tração das previsões iniciais têm sido uma constante na presente safra, mas com grande variação de resultados (su- periores à de safras anteriores) entre municípios, entre microrregiões, entre produtores e mesmo entre talhões de um mesmo produtor. Tais perdas têm sido verificadas em maior ou menor grau em função da altitude, da intensi- dade do déficit hídrico, dos tratos cultu- rais e da condição e idade das lavouras. Lavouras mais bem nutridas, com controles adequados de pragas e doenças, sofreram menos com a seca. No entanto, seja pela falta de umida- de, ou pela descapitalização dos pro- dutores, muitas deixaram de receber os tratos recomendados, problemas que se traduziram em carga produtiva café Controle de broca ficou prejudicado pela indisponibilidade de produtos que apresentassem bons resultados, em face de proibição do uso do Endosulfan Produtores estão enfrentando sérias perdas no tocante à peneira e defeitos, dada a maior incidência de grãos miúdos, chochos e mal granados, que se traduzem em deságio de preços e queda de renda
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  • 44. 44 Terra & Cia Setembro 2014 menor, maior desfolha, estresse, pro- blemas com broca e, inclusive, com ferrugem tardia. A idade das lavouras também influenciou no rendimento da atual safra. As maiores perdas ocor- reram em lavouras mais novas, com menor enraizamento, e, consequente- mente, menor resistência à seca. A quebra maior não foi na carga produtiva das lavouras, que se mos- trou relativamente alta, mas ocorreu, notadamente, na renda do benefícia- mento do café, que variou significa- tivamente ao longo da safra, deman- dando na fase inicial da colheita, ainda em abril, até 1.400 litros de frutos de café colhido por saca de café beneficiado para lavouras novas, e 900 litros de café colhido para lavou- ras adultas, chegando a níveis inferio- res a 500 litros por saca no período de finalização da colheita. A perda média apurada pela Co- nab foi de 20% em relação à média histórica de 480 litros por saca, se- gundo avaliação de produtores, agrô- nomos e técnicos envolvidos com a cafeicultura no Sul de Minas. A pro- dutividade média da região recuou para 21,28 sc/ha, 16,94% abaixo da safra passada e 21,39% aquém da primeira projeção da safra atual. A bebida não tem sido problema nesta safra 2014, visto que a colheita trans- correu sem chuvas, mas os produto- res estão enfrentando sérias perdas no tocante à peneira e defeitos, dada a maior incidência de grãos miúdos, chochos e mal granados, que se tra- duzem em deságio de preços e queda de renda. Cerrado – A produção de café na região do cerrado mineiro para a safra 2013/14 é de 5.835 mil sacas de 60 kg, o que representa um aumen- to de 11,93%, comparativamente à safra anterior. A produtividade média apresentou um incremento de 8,64%, estimada em 33,43 sc/ha. A área de café em produção teve um acréscimo de 3,03% em relação à safra anterior, totalizando 174.554 hectares. O aumento na produção de café na safra atual se deve ao ganho de produtividade decorrente do ciclo bie- nal da cultura, que embora atenuado nas últimas safras, por fatores diver- sos, como clima, investimentos, ma- nejo das lavouras, entre outros, é de bienalidade positiva na região, aliado a um aumento da área de café em pro- dução, resultante da incorporação de novas áreas que se encontravam em formação e renovação. As condições climáticas en- tre os meses de outubro a dezembro de 2013, apesar de alguma irregula- ridade na distribuição das chuvas, se mostraram bastante favoráveis para as lavouras, ensejando a formação de boas floradas, assim como o bom pe- gamento e desenvolvimento dos fru- tos em sua fase inicial. Entretanto, nos meses de janeiro e fevereiro de 2014, fase de granação dos frutos, as chuvas foram escassas e irregulares, atingindo de forma diferenciada as la- vouras de uma mesma localidade ou microrregião. As temperaturas também estive- ram elevadas no período. Na fase de colheita, o clima predominantemen- te seco, tem favorecido os trabalhos de colheita e secagem dos grãos, re- sultando em cafés com bebida de boa qualidade. Em julho, chuvas atípicas induziram à abertura de uma florada nos cafezais, sobretudo, em lavouras novas e esqueletadas no ano anterior. No momento, as lavouras apresentam aspecto vegetativo regular, com níveis de desfolhamento compatíveis com o período de pós-colheita. Estas condi- ções das lavouras, associadas às chu- vas de julho, favoreceram o apareci- mento de doenças fúngicas na região de cerrado mineiro. Estima-se que quase toda a sa- fra já tenha sido colhida, com uma parcela restante basicamente de ca- café Colheita de café em Minas Gerais está estimada em 22.620 mil sacas na safra 2014, com variação percentual de 2,9% para mais ou para menos
  • 45. Terra & Cia Setembro 2014 45 fés de varrição. A estiagem e as altas temperaturas registradas nos primei- ros meses do ano concorreram para o aumento de grãos mal formados, le- ves, chochos e de peneira baixa, com maior percentual de catação e esco- lha. No entanto, estas ocorrências são consideradas de menor impacto sobre a renda do café no beneficiamento, quando comparada com outras regi- ões produtoras de café do estado, em razão de um regime pluviométrico um pouco mais favorável e um percentu- al significativo de lavouras irrigadas. Zona da Mata – A produção es- timada de café para a safra 2014 é de 5.293 mil sacas na Zona da Mata mineira. Os levantamentos de campo apontam para um recuo da produção de 36,34%, equivalente a 3.022 mil sacas, quando comparada com a sa- fra anterior. A área em produção para a região está estimada em 284.582 hectares, decréscimo de 8,08% em relação à safra passada. A produtivi- dade média estimada é de 18,60 sc/ ha. Em relação ao levantamento an- terior, estima-se redução de 4,92% na produção, equivalente a 273.783 sa- cas de 60 kg. As primeiras estimativas apon- tavam para redução da produção nas lavouras situadas em altitudes mais baixas, mas com o andamento da co- lheita e com o beneficiamento do café, os produtores observaram que até mesmo as lavouras em altitudes mais elevadas foram bastante atingidas pe- los efeitos da seca, além das lavou- ras novas, pouco enraizadas. Os da- nos provocados pelo acentuado déficit hídrico estão relacionados com a má formação dos grãos e os cafés colhi- dos se apresentam na forma de con- chas, chochos, pequenos e com muitos defeitos, com catação acima da média e com grande percentual de “boias”. O rendimento é considerado mui- to baixo, sendo necessária uma quan- tidade maior de frutos para se obter uma saca de café beneficiado. Desta forma, a quebra observada foi maior do que a esperada. O recebimento de café nos armazéns se encerrou bem antes do que de costume e, apesar dos bons preços praticados, os produtores alegam que não haverá grandes lucros porque é baixo o volume de café. Nas regiões Norte de Minas, Jequitinhonha e Mucuri, a produ- ção é estimada em 762 mil sacas de café, com uma produtividade média de 20,87 sc/ha. Dessa forma, estima- -se uma redução de 1,93% na produ- ção da safra 2014 em relação à sa- fra 2013, contrariando as estimativas iniciais, em razão da forte estiagem e altas temperaturas ocorridas na re- gião ao longo dos primeiros meses de 2014, que deverão provocar perdas significativas nas lavoras. A três regiões citadas possuem 105 municípios produtores de café, perfazendo uma área de produção de 36.512 hectares, com produtivida- des variando entre sete a oitenta sc/ ha. Esta diferença de produtividade faz com que a variação percentual da região, quando da expansão dos da- dos da base amostral, os resultados se enquadram em patamares elevados de desvio padrão sob o ponto de vista da estatística. Cerca de 40% da área cultivada nestas regiões se referem a lavouras conduzidas com baixo nível tecnoló- gico, com pouca ou nenhuma utiliza- ção de insumos, localizadas fora da área de zoneamento agrícola do café e sem acesso aos benefícios do crédito e pesquisa. Em contrapartida, as áre- as restantes se caracterizam por la- vouras de elevado nível tecnológico, irrigadas e bem conduzidas, apresen- tando produtividade média bastante elevada.
  • 46. 46 Terra & Cia Setembro 2014 D iariamente, mais de 2,25 bi- lhões de xícaras de café são consumidas no mundo, de acordo com a Organização Interna- cional do Café (OIC). Este consumo expressivo exigiu uma produção de mais de 8,7 milhões de toneladas em 2013. Por conta disso, um grupo de cientistas do Brasil, Espanha, Esta- dos Unidos e França se dedicou a se- quenciar o genoma da planta de café, um empreendimento inédito. O estu- do analisou a espécie Coffea canepho- ra ou robusta, que representa 30% da produção mundial. Pesquisas ajudam a melhorar sabor e aroma do café O resultado tem o potencial de reinventar o cafezinho a partir de mo- dificações genéticas que podem ajudar a melhorar ainda mais o sabor, o aroma e a produção da bebida. A contribuição brasileira foi feita pelo projeto Quali- café, que realiza estudos genéticos com o cafeeiro. Financiado em mais de R$ 1,3 milhão pela Financiadora de Estu- dos e Projetos (Finep), o projeto articu- lou 30 pesquisadores de diversas áreas do conhecimento, distribuídos em insti- tuições de todas as partes do País. As descobertas são essenciais para compreender a evolução dos ge- nes relacionados à cafeína do café, que ao contrário do que se imaginava, não possui um ancestral em comum com a do cacau ou a do chá. A cafeína, cita- da pelos pesquisadores como a princi- pal amiga química do ser humano, é utilizada pelo cafeeiro para se defen- der de insetos e potenciais concorren- tes. Para chegar a estas conclusões, es- tudiosos da Universidade de Barcelona (BadiRate) desenvolveram um softwa- re capaz de identificar quais genes se duplicam de forma recorrente em um genoma específico. Espécie Coffea canephora ou robusta representa 30% da produção mundial Organização Internacional do Café (OIC) estima que mais de 2,25 bilhões de xícaras de café são consumidas no mundo café
  • 47. Terra & Cia Setembro 2014 47 Para o gerente geral da Embrapa Café, Gabriel Bartholo, a evolução da cafeicultura brasileira demonstra que as ações de pesquisa, inovação e transferência de tecnologias contribuíram de fato para a modernização do setor lhões de hectares, a produção de 18,9 milhões de sacas de 60kg e a produ- tividade de 8,0 sacas/hectare, com o consumo per capita de 4,3kg de café. Passados 17 anos, de acordo com a Companhia Nacional de Abasteci- mento (Conab), houve redução da área de cultivo para 2 milhões de hectares, em 2013, e o País produziu 49,15 mi- lhões de sacas, com produtividade de 24,4 sacas/ha. Já o consumo per ca- pita, nesse mesmo período, aumen- tou para 6,4 kg. Em nível mundial, se- gundo a Organização Internacional do Café (OIC), em 1997 a produção foi de 99,7 milhões de sacas e o Brasil parti- cipou com 19% desse mercado. Brasil produz 30% do café consumido no mundo D e cada três xícaras de café consumidas no mun- do, uma é brasileira. O País é o maior produtor mundial, com 30% da fatia global, além de lide- rar o ranking de exportação do grão. O Brasil é o segun- do maior consumidor de café, atrás dos Estados Unidos. No entanto, especialistas afirmam que a liderança do Tio Sam está ameaçada. Essa posição brasileira é atribuída, em grande parte, à ação coordenada de centenas de pes- quisadores, técnicos e extensionistas das instituições in- tegrantes do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café, com atuação nas regiões cafeeiras. No Brasil, a evolução da cafeicultura tornou-se ex- pressiva a partir de 1997, em decorrência da criação do Consórcio Pesquisa Café, de acordo com o Informe Es- tatístico do Café, do Departamento do Café (DCaf), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A área de cultivo no referido ano era de 2,4 mi- De cada três xícaras de café consumidas no mundo, uma é brasileira MarcosSantos/USPImagens GustavoLima/CD café
  • 48. 48 Terra & Cia Setembro 2014 No ano passado, como a produ- ção mundial evoluiu para 145,2 mi- lhões de sacas e, a brasileira, para 49,15 milhões de sacas, a participação do Brasil subiu para 34% do mercado mundial, com redução de aproximada- mente 20% da área de cultivo. Contri- buíram para essa evolução, nesses 17 anos, cerca de mil projetos desenvolvi- dos no âmbito do Consórcio Pesquisa Café que geraram tecnologias, conhe- cimentos básicos, produtos e processos que beneficiaram direta e indiretamen- te o agronegócio “Cafés do Brasil”. Para o gerente geral da Embra- pa Café, Gabriel Bartholo, a evolução da cafeicultura brasileira demonstra que as ações de pesquisa, inovação e transferência de tecnologias contribu- íram de fato para a modernização da cafeicultura nacional. “O segredo des- ses resultados está na parceria e no atendimento às necessidades tecnoló- gicas do setor produtivo e dos demais elos do agronegócio café. Além disso, os projetos de pesquisa do Consórcio são elaborados com base em prospec- ções de demandas dos diversos seg- mentos da cadeia do agronegócio café com a participação das instituições consorciadas e parceiras”. Bertholo afirma que todas as pesquisas, direta e indiretamente, consideram, em seu desenvolvimen- to, aspectos essenciais, como qualida- de do produto, sustentabilidade, bai- xo custo, transferência e adoção das tecnologias, conjunto de fatores que realça a ação do Consórcio e man- tém o Brasil como país de referência e excelência na produção e exporta- ção de café. “Além disso, essa evolu- ção da cafeicultura brasileira também deve ser atribuída aos mais de 300 mil produtores de café do Brasil e de- mais entidades ligadas ao setor, que têm adotado as tecnologias geradas e sinalizado a necessidade de novas pes- quisas”, conclui. O Consórcio Pesquisa Café foi criado em 1997 (DOU de 14-3-97) por dez instituições fundadoras liga- das à pesquisa, ensino e extensão com o objetivo de promover e desenvolver tecnologias para todos os elos do agro- negócio café com sustentabilidade ambiental, econômica e social. Para isso, o Consórcio conta atualmente com 101 instituições consorciadas e parceiras nas regiões produtoras. SebastiãoGarcia O Brasil é o maior produtor mundial de café, com 30% da fatia global, além de liderar o ranking de exportação do grão café
  • 49. Terra & Cia Setembro 2014 49
  • 50. 50 Terra & Cia Setembro 2014 Brasil deve exportar até 2,7 mi t/mês até dezembro A Associação Nacional dos Ex- portadores de Cereais (Anec) estima que o Brasil deverá exportar entre 2 milhões e 2,7 mi- lhões de toneladas de milho por mês até o fim de 2014. O volume deveria ser de pelo menos 3,4 milhões de to- neladas para alcançar a projeção fei- ta pela Companhia Nacional de Abas- tecimento (Conab) de 21 milhões de toneladas do grão até o fim do ano comercial 2014/15, em 31 de janei- ro. Desde 1º de fevereiro até meados de setembro deste ano, o Brasil havia embarcado 7,28 milhões de toneladas de milho. Nas safras de inverno e verão de 2013/14, o Brasil colheu 79,9 milhões de toneladas do grão, volu- me apenas 2% inferior ao recorde de 2012/13. O desempenho, no entanto, esbarra na limitação do mercado do- méstico em absorver uma quantidade suficiente deste milho. Por conta dis- so, o Brasil precisaria repetir, no últi- mo quadrimestre deste ano comercial, a performance de exportações seme- lhante à alcançada no mesmo perío- do de 2013, quando o mundo ainda se recuperava de uma quebra de sa- fra nos EUA, maior produtor e expor- tador global. De acordo com relatório do Ce- pea, órgão de pesquisa da Universi- dade de São Paulo (USP), esse cená- rio preocupa os comercializadores, já que, “com o fim da colheita, os silos estão cheios, compradores estão abas- tecidos e a demanda externa apresen- ta ritmo muito lento”. A oferta global de milho no momento é ampla. O mun- do deverá terminar a safra 2014/15 com um dos maiores estoques de pas- sagem dos últimos anos, com a ajuda
  • 51. Terra & Cia Setembro 2014 51 de duas safras recordes consecutivas nos Estados Unidos. Nas primeiras três semanas de setembro, o Brasil exportou 121 mil toneladas por dia do cereal. O volume ficou abaixo do registrado no mesmo período do ano passado, de 164 mil toneladas/dia. Analistas afirmam, no entanto, que é possível haver aumen- to do fluxo de exportações nos próxi- mos meses por conta da competitivi- dade do milho nacional no mercado. O grão brasileiro, por enquanto, está mais barato que o norte-americano e a taxa de câmbio tem favorecido. milho Silagem de alta qualidade ainda é desafio no campo A silagem está entre as alter- nativas mais eficientes para produção de carne e leite no País, entretanto, produzir uma sila- gem de alta qualidade e garantir a melhor eficiência dos animais ainda é um grande desafio no campo. Isso acontece porque a maioria dos híbri- dos de milho disponíveis no mercado brasileiro não é adequada para a pro- dução de silagem, comprometendo o resultado em campo. De acordo com o professor da Universidade Federal de Lavras (UFLA), Marcos Neves Perei- ra, a cultivar deve possuir grãos ma- cios de textura farinácea, para produ- zir um alimento eficiente. “O amido é a razão da utiliza- ção do milho. A prolamina do milho se chama zeína e é ela quem vai de- finir a dureza do grão. Grãos moles têm baixo teor de prolamina, por isso, quando ensilados, melhora a qualida- de da silagem. Isso acontece porque a degradação da prolamina continua durante a armazenagem, quebrando a dureza do grão. É importante deixar claro que milho colhido antes do pon- to ideal não converte em produção de leite, além disso, cerca de 80% do mi-
  • 52. 52 Terra & Cia Setembro 2014 lho disponível no mercado brasileiro é duro”, afirmou o pesquisador, durante workshop promovido pela Sementes Santa Helena, em Uberlândia, MG. O especialista aponta como prin- cipal tendência mundial para a pro- dução de silagem de alta qualida- de a combinação de fibra longa com grãos danificados. “A silagem com fi- bra longa e grão bem triturado é o fu- turo. O mundo inteiro quer fazer isso, pois aumenta a eficiência na produ- ção de leite”, disse Pereira. Ele ain- da destacou a importância de adaptar a produção de silagem de acordo com a realidade de cada propriedade para garantir resultados. “O primeiro pas- so é avaliar o maquinário do produtor para depois definir o ponto de corte do milho, pois, se a máquina for ruim não é possível fazer a colheita tardia. Neste caso, é mais eficiente optar pela colheita precoce porque o milho ma- duro não quebra em maquina ruim. E quanto maior a partícula, mais difí- cil é para o animal digerir”, explica. Márcio Pelegrini: “É importante lembrar sempre que a silagem é um alimento. E grande parte das perdas de silagem no País acontece por causa do ponto de colheita errado” milho Diante deste quadro, o engenhei- ro agrônomo e consultor independen- te, Márcio Pelegrini, elege a escolha da cultivar, a tecnologia empregada na produção e o ponto de colheita adequa- do entre os pontos fundamentais para a produção de uma silagem eficiente na conversão alimentar do rebanho. “É importante lembrar sempre que a sila- gem é um alimento. E grande parte das perdas de silagem no País acontece por causa do ponto de colheita errado”. O I Workshop de Silagem em Uberlândia reuniu 85 participan- tes, entre produtores de carne e lei- te, empresários, engenheiros agrôno- mos, técnicos e produtores. De acordo com o diretor da Agromais, de Capi- nópolis, MG, Miguel Nisrala, o en- contro foi importante para divulgação das pesquisas em silagem. “Foi uma maneira de colocar em prática as in- formações extraídas de anos de pes- quisas”. O balanço também foi positi- vo para o diretor da Polivet, de Bom Jesus, GO, Wanderlei Borges. “Foi de grande aprendizado. Tivemos in- formações sobre qualidade de semen- tes e silagem, além de um momen- to para troca de experiências entre produtores”. Já o engenheiro agrônomo da Cooproleite, Estevão Romeu Rabelo Neto, destacou a importância de es- colher o híbrido correto para a produ- ção de silagem. “É muito importan- te conhecer de perto as características mais importantes para a produção de uma silagem de alta qualidade e ver as principais tendências mundiais. Para se ter uma ideia, na última sa- fra, tivemos uma alta produção de vo- lumoso associada com alta qualidade de silagem. O custo da silagem é alto, por isso exige um bom planejamento e escolha correta do material”. Divulgação Divulgação Marcos Neves Pereira: “A silagem com fibra longa e grão bem triturado é o futuro. O mundo inteiro quer fazer isso, pois aumenta a eficiência na produção de leite”
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  • 54. 54 Terra & Cia Setembro 2014 Potencial do milho de 2ª safra é avaliado em MT A Fundação Rio Verde avaliou, na segunda safra de 2014, o potencial produtivo de 56 híbridos de milho comercializados em Mato Grosso. Os resultados ob- tidos de cada material oferecem pa- râmetros e orientações ao produtor na tomada de decisões para a próxi- ma safra. “Os híbridos são avaliados em dois níveis de tecnologia e os en- saios experimentais seguem os proce- dimentos estatísticos recomendados. Este trabalho está no 11º ano de ava- liações com um número satisfatório de híbridos analisados”, disse o agrô- nomo Fabio Pittelkow. O eixo produtivo, que engloba os municípios do entorno da BR 163 em MT, é um dos maiores produtores de Fundação Rio Verde avaliou o potencial produtivo de 56 híbridos de milho de 2ª safra comercializados em Mato Grosso milho milho em segunda safra do Brasil. “A informação gerada é importante para o produtor no momento da escolha do híbrido que será plantado na próxima safra agrícola, além disso, ele tem a possibilidade de analisar um material que tem potencial para ser utilizado futuramente em uma área maior do que a utilizada experimentalmente”, afirmou o agrônomo da Fundação. De acordo com o responsável pelo departamento de Fitotecnia e Nutrição de Plantas da Fundação, Ro- drigo Pengo, nos ensaios com os híbri- dos em dois níveis de tecnologia foram obtidas variações de produtividade de 81 a 119 sacas por hectare com o em- prego de média tecnologia e de 84,2 a 132,8 sacas por hectare com o empre- go de alta tecnologia. “Os ensaios fo- ram semeados nas mesmas condições e estavam lado a lado no campo expe- rimental, ou seja, tiveram as mesmas condições ambientais durante todo o ciclo da cultura”, explicou. O Boletim Técnico n° 319, divul- gado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), mostra que a produtividade média da safra 2013/14 no médio norte de Mato Grosso foi de 85,8 sacas por hectare. “Esse resultado demonstra a importância da avaliação constan- te do potencial produtivo dos híbridos disponíveis para compra na região vi- sando sempre uma melhor relação custo/benefício ao produtor rural”, complementou o agrônomo.
  • 55. Terra & Cia Setembro 2014 55
  • 56. 56 Terra & Cia Setembro 2014 trigo Brusone preocupa produtores do RS A brusone, doença que causa queda no rendimento em fun- ção dos grãos deformados e de baixo peso específico, tem preocu- pado produtores de trigo do Rio Gran- de do Sul e Santa Catarina. A incidên- cia da doença aumentou em algumas regiões dos dois estados por conta do clima quente e úmido. Epidemias de brusone acontecem em anos chu- vosos, quando a alta umidade e tem- peraturas entre 25 e 28ºC coincidem com a fase de espigamento do trigo. Este cenário é típico de regiões de tri- go no Centro-Oeste (GO e MG), Nor- te do Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo. Nas regiões mais frias do Rio Grande do Sul e de Santa Catari- na, a brusone ocorre, eventualmen- te, em microclimas mais favoráveis, sem causar danos significativos. Os primeiros registros nesta safra foram na Região Noroeste do Rio Grande do Sul, onde as lavouras estavam mais adiantadas. Para auxiliar produto- res e cooperativas catarinenses e gaú- chos, a Embrapa Trigo enviou uma equipe de técnicos que está realizan- do um levantamento em lavouras com sintomas de doença, nas diferentes re- giões produtoras, para avaliar a dis- persão da brusone. Apesar de causadas por patóge- nos diferentes, brusone (Magnaporthe oryzae) e giberela (Gibberella zeae) possuem muitas semelhanças. Ambas são causadas por fungos que atacam as espigas, sob condições de clima úmido e quente; não existem cultiva- res totalmente resistentes; e os fungi- cidas em uso têm demonstrado baixa eficiência no controle. Todos os fato- res listados contribuem para a dificul- dade de diagnóstico e controle destas doenças. Giberela ou Brusone? Uma das orientações para fazer a distinção é que o fungo da brusone ataca a rá- quis, ficando restrito nas proximida- des do ponto de infecção, impedindo o enchimento dos grãos acima do local de penetração do patógeno. No caso de giberela, observa-se o progresso da cor escura na ráquis em direção à par- te inferior da espiga. Controle - A brusone do tri- go é uma doença restrita às lavouras da América do Sul, onde conta com um grande número de hospedeiros do fungo que se dispersa através do ven- to e pode atacar mais de 50 espécies de Poaceas. Neste ano, a doença já ti- nha sido identificada em lavouras de aveia e azevém do RS no começo da safra de inverno, nos meses de abril e maio, o que contribuiu para a forma- ção do inóculo. Na cultura do trigo, períodos de alta umidade relativa e temperaturas altas coincidindo com a fase do espi- gamento favoreceram a ocorrência de brusone. Uma das características desta doença é variação de intensida- Esporulação do fungo Magnaporthe grisea (brusone) em espiga de trigo. Doença, mais comum em ambientes de clima quente e úmido, causa queda no rendimento em função dos grãos deformados e de baixo peso específico
  • 57. Terra & Cia Setembro 2014 57 de entre lavouras, devido a diferenças de época de semeadura ou ainda con- dições climáticas muito específicas da localização do cultivo. No momento, a Embrapa Trigo está conduzindo uma série de ações subsidiadas por dois macro projetos de pesquisa: “Variação genética e de virulência de Magnaporthe oryzae do trigo e de poáceas invasoras” e “Es- tratégias integradas de caracteri- zação da resistência de trigo à bru- sone”. Além da seleção genética, a pesquisa busca alternativas mais efi- cientes de controle químico, estraté- gias de manejo da cultura, controle de hospedeiros, entre outros. No controle químico, os traba- lhos realizados indicaram que os fun- gicidas com maior eficiência para controlar a doença foram aqueles for- mulados com a mistura de estrobiluri- na + triazol, quando aplicados duas vezes, no início do espigamento e cer- ca de 15 dias depois. Ainda assim, os produtos em uso têm demostrado bai- xa eficiência no controle. Mais infor- mações sobre o controle químico de giberela e de brusone na série de pu- blicações “Eficiência de fungicidas para o controle da brusone do trigo: resultados dos ensaios cooperativos”. Uma ferramenta de avaliação de risco de ocorrência de epidemias de- nominada SISALERT foi desenvol- vida pela Embrapa Trigo juntamente com a Universidade de Passo Fundo. O SISALERT é uma plataforma que coleta dados meteorológicos observa- dos e de prognóstico de curto prazo para simular tanto o risco de epide- mias de brusone como o de giberela. Conhecer, de forma antecipada, o ris- co de ocorrência das epidemias pode auxiliar a tomada de decisão sobre o uso de fungicidas. trigo EmbrapaTrigo EmbrapaTrigo Na ação da giberela do trigo (Gibberella zeae), observa-se o progresso da cor escura na ráquis em direção à parte inferior da espiga
  • 58. 58 Terra & Cia Setembro 2014 Marcela Servano A influência da tecnologia no marketing do agronegócio foi tema central da palestra do engenheiro mecânico e consultor Nel- son Marinelli Filho para um público de 30 pessoas ligadas ao agribusiness, re- alizada dia 1º de outubro, no Centro de Eventos do Hotel Taiwan, em Ribei- rão Preto, SP. O encontro foi organi- zado pela empresa AgroComm Brasil. O evento reuniu profissionais que atuam em empresas e instituições como Ceise Br, TGM, Caldema, Ser- química, Ind Reunidas Colombo, E- -Machine, PwC, AMI Brasil, Asher, Band, Unimage e Active Com. Usan- do a metodologia Inbound, conhecido como marketing de entrada, Nelson falou sobre as mudanças que as novas tecnologias estão trazendo para a Ges- tão de Marketing das empresas. Marinelli explicou como as em- presas, principalmente as que traba- lham com agronegócio, podem utilizar essas novas tecnologias para melhorar a comunicação com os clientes. “Hoje, o consumidor, além de ser bem atendi- do, quer estar em contato com a em- presa para saber em quais projetos, sejam sociais ou pessoais, ela deve in- vestir, por exemplo, se trabalha com sustentabilidade. O cliente está cada vez mais exigente”. Durante a palestra foram mos- trados os erros mais comuns que mui- tas vezes são cometidos em uma gestão de marketing e como treinamento In- bound, oferecido pela AgroComm Bra- sil, pode ajudar nesse processo. Os par- ticipantes ficaram entusiasmados com projeto. De acordo com o que foi apre- sentado, a metodologia Inbound é mui- to clara e busca despertar o interes- se das pessoas, dos clientes. Para que a empresa consiga chamar a atenção do cliente, ela precisa chegar ao lead, ou seja, precisa ter informações sobre quem é, o que quer, quando quer, onde quer e como o cliente que determinado produto ou serviço. O diretor de Marketing da Cal- dema, Alexandre Martinelli, elogiou a metodologia dizendo que “realmente é preciso dar atenção a este novo clien- te, que não está apenas interessado no básico”. Martinelli também destacou a importância deste tipo de consultoria ser oferecida no interior, uma vez que é mais comuns nas capitais. Flavia Carille de Araujo França e Letícia Sartori Sebastião, assisten- tes de Marketing do Grupo Serquími- ca, também participaram do encontro. Para elas, a palestra foi interessante por mostrar claramente a bola da vez do marketing no Brasil. “Como esta metodologia já está sendo usada nos Es- tados Unidos e em países da Europa, as empresas brasileiras também precisa- rão buscar soluções em marketing como esta que foi apresentada”, finalizam. Palestrante – Nelson Marinelli Filho possui graduação em Engenha- ria Mecânica pela Universidade de São Paulo - USP (1994), mestrado em Engenharia Mecânica (USP - 1997) e doutorado em Engenharia Mecânica (USP - 2002). Tem experiência na área de engenharia, com ênfase em proces- sos de fabricação e seleção econômica, atuando principalmente com processos de fabricação mecânica, acoustic emis- sion, dressing of grinding wheels, grin- ding e instrumentação. A influência da tecnologia no marketing do agronegócio Nelson Marinelli Filho apresentou a palestra “Metodologia Inbound: A influência da tecnologia no marketing do agronegócio” Flavia Carille de Araujo França e Letícia Sartori Sebastião, assistentes de Marketing do Grupo Serquímica, também participaram do encontro mkt inbound AleCarolo AleCarolo
  • 59. Terra & Cia Setembro 2014 59 mds tunidade para a pedologia brasileira que tem, pela frente, um enorme ter- ritório a ser mapeado”. Mapeamento digital - Desde os anos 1960 a pedologia (estudo do solo no campo) tem a pedometria, pa- lavra derivada das gregas pedos (solo) e metron (medida) como importan- te aliada. A partir daquela época, a união entre a observação do solo na natureza e a aplicação de modelos matemáticos evoluiu muito ao unir o conhecimento prático do pedológo com os dados estatísticos e numéricos da pedologia quantitativa desenvolvi- dos nos laboratórios. Atualmente, a pedologia é uma ciência que depende das abordagens quantitativas e quali- tativas o que exige a participação de profissionais de diferentes áreas do conhecimento. A partir da década de 1980, com o advento da geoestatística, as informações sobre o solo foram se tor- Brasil conta com mapa digital de solos AleCarolo nando mais precisas, passando a aju- dar de maneira mais incisiva na toma- da de decisão. Naquela época, surgiu o mapeamento digital de solos (MDS) unindo geologia, geomorfologia e os fatores que influenciam na formação do solo: clima, organismos, relevo, material de origem e tempo. Graças a ele existe a possibilidade de integrar o conhecimento tácito dos pedólogos sobre as relações solo-paisagem, e a automatização de processos via ma- peamento digital de propriedades e classes de solos. O MDS tem grande importância para responder à demanda de infor- mações no desenvolvimento das ativi- dades humanas. Entre elas, o mane- jo de solos na agricultura, a execução de zoneamentos ambientais, manejo da água na paisagem e o planejamen- to de uso da terra. Em países com me- nor extensão territorial, como a Di- namarca, o solo já está totalmente O Programa Agricultura de Bai- xa Emissão de Carbono (ABC) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) será um dos beneficiados imediatos pelo mapa digital de carbono orgânico dos solos brasileiros, recém-lançado pela Embrapa. A publicação une mo- delagem matemática e conhecimen- tos levantados em campo para ajudar em diversos programas de conserva- ção de recursos naturais. O programa ABC poderá utilizá-lo para direcionar práticas de redução de emissão de ga- ses de efeito estufa. O novo sistema tem a vanta- gem de utilizar informações ambien- tais disponíveis como dados a respei- to de solo, relevo, material de origem, clima, associando-os a métodos ma- temáticos estatísticos para inferir in- formações em locais não medidos. De acordo com a pesquisadora Maria de Lourdes Mendonça Santos, da Em- brapa Solos, pioneira nos trabalhos sobre mapeamento de solos no Brasil, um levantamento similar custaria mi- lhões de reais e anos de trabalho se executado pelas técnicas tradicionais. “No mapeamento digital de so- los (MDS) usamos modelos matemá- ticos e estatísticos para, com base nas informações de solos existentes, pre- dizer outras que não foram medidas, mas que estão correlacionadas atra- vés das variáveis ambientais que de- terminam a formação dos solos”, diz a pesquisadora, que considera o ma- peamento digital uma ferramenta base para a tomada de decisão sobre este recurso natural. Para o professor Alexandre Ten Caten, da Universida- de Federal de Santa Catarina, “não há dúvida que o MDS oferece um vas- to campo para a pesquisa e uma opor- Bagaço de cana é matéria prima para geração de bioenergia. Segundo especialistas Brasil precisa investir no conhecimento maior dos seus solos sob pena de ficar para trás em alguns desafios globais, como a segurança alimentar, a produção de bionergia, as mudanças climáticas e a própria sustentabilidade da agricultura brasileira
  • 60. 60 Terra & Cia Setembro 2014 mapeado em ótima escala de detalha- mento (1:5.000 ou maior). Mas não só os países de menor extensão inves- tem no tema. Os Estados Unidos, por exemplo, com extensão territorial se- melhante a do Brasil, possuem um de- talhamento de seus solos da ordem de 1:10.000. “É urgente que nosso País in- vista no conhecimento maior de seus solos sob pena de ficar para trás em alguns desafios globais, como a segu- rança alimentar, a produção de bio- nergia, as mudanças climáticas e a própria sustentabilidade da agricultu- ra brasileira. Não se pode planejar o uso da terra, realizar zoneamentos e definir políticas públicas para a agri- cultura, sem o conhecimento atuali- zado do recurso solo, que juntamen- te com a água, devem fazer parte da agenda brasileira de prioridades para o setor produtivo e ambiental” diz Maria de Lourdes. A afirmativa é confirmada pelo professor Alexandre Ten Caten. “A informação espacial sobre classes e propriedades de solos não está dispo- nível para a maioria das localidades do Brasil. O mapeamento digital, por meio das tecnologias ligadas à geoin- formação, pode potencializar nossa capacidade em conhecer a distribui- ção espacial dos solos por possibilitar que um volume maior de informações sobre os fatores de formação do solo seja processado de forma rápida e au- tomatizada”, diz ele. Éder Martins, pesquisador da Embrapa Cerrados, no Distrito Fede- ral, aponta que para o futuro do MDS no Brasil, “é necessário desenvolver pesquisas com abrangência nacional. É fundamental o estudo de ferramen- tas metodológicas e a contínua for- mação de recursos humanos capazes de aplicar o MDS nas questões nacio- nais. Um dos desafios, por exemplo, é o desenvolvimento de manejos do solo que permitam a captura de gases de efeito estufa, e para isso é imprescin- dível o conhecimento do comporta- mento do carbono em solos, o que o MDS pode responder”. No País, o principal fórum de debates sobre o assunto está na Rede Brasileira de Pesquisa em Mapea- mento Digital de Solos (Rede MDS), coordenada pela Embrapa, no âmbito do CNPq. O objetivo dessa Rede é jun- tar os interessados no tema, a fim de avançar a pesquisa no assunto e ela- borar projetos em parceria, com am- pla abrangência para o mapeamento dos solos. Atualmente, a Rede MDS conta com setenta membros de vin- te instituições de ensino, pesquisa e extensão rural nas cinco regiões do Brasil. No exterior, o consórcio Global- SoilMap.net é o ponto de encontro dos estudiosos do assunto. Formada em 2009, a rede tem Lourdes Men- donça no grupo coordenando as ações na América Latina e Caribe. Partici- pam também do consórcio instituições como a Universidade de Columbia (Estados Unidos), o Instituto Nacio- nal de Pesquisa Agronômica (INRA- -França) e a Universidade de Sydney (Austrália). O consórcio alavancou as inicia- tivas no tema de forma global, pro- pondo avanços metodológicos, espe- cificações técnicas e a harmonização de métodos, buscando produzir um mds Pedólogo é aquele que estuda a gênese, distribuição, taxonomia e as características dos solos, ou seja um especialista em pedologia