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Realidade e representação na poesia de João Ricardo Lopes
reflexões à boca de cena de João Ricardo Lopes, quer pelo título quer por alguns dos seus
elementos constitutivos, poder-nos-ia levar a considerar, segundo um olhar apressado e desatento, que
estamos perante um livro de poesia tomando a dramaturgia como seu nó central e aglutinador.
Contudo, na minha leitura, este aceno interpretativo é marca de uma ambiguidade procurada que irá
funcionar como chave da real preocupação da obra, isto é, o território da teatralidade não é mais do
que um pré-texto daquilo que ao poeta se impõe de modo insofismável - o ser humano enquanto actor
social... com os seus desencantos, os seus rasgos de lucidez, as suas paixões.
Ao carácter abrupto do início da obra: abre-se o pano e eles existem (p. 8), segue-se um
desfilar de figurantes - qual corso atribulado e premonitório - que atravessa todo o palco-cidade onde
somos chamados a estar: os que vociferam de calças arregaçadas (p. 8), bobos e anões, cuspidores
de fogo/ a meretriz das sardas... (p. 12), um borrachão com a língua de fora, assim como os cães
vasculham a noite (p. 28). De imediato me agradou esta concepção do labor poético que tão bem
articula o esquadrinhar contínuo do mundo interior, que tem um dos seus pontos altos no poema O
actor olha-se ao espelho (p. 70):
não esperes tanto por mim
não tenho futuro
como passado não tive.
belo talvez seja
porém cru
não menos que estátua
nem melhor do que areia.
como toda a criatura
o que sou não sou.
as mãos ardem-me de frio
e talvez esteja já morto
ou longe de mais.
não esperes tanto por mim
não sabes quem esperas
2
(Este belíssimo solilóquio traz para o proscénio um dos mais interessantes temas de reflexão
sobre poesia: a relação do eu com o seu duplo) com um olhar atento e perscrutador do mundo exterior
- veja-se, por exemplo, um excerto do poema “no centro do palco” (p 56):
no centro do palco as lâmpadas e os adereços
descascam amorosamente batatas
limpam o ranho à filhota das tranças
a plateia está absoluta no encalço da cena
só respiração e alguma tosse medindo
a qualidade de representação.
(...)
uma diversão a vida, um estaleiro de pequenos poemas
( e quem precisa dos enormes?), uma pantomina.
e no fim as palmas, as palmas abundantes
o aceno imprescindível da multidão (sê-lo-á?)
bravos, euforia, teatro delicado
é isto a vida, isto sim, a poesia
Este equilíbrio, este subtil - e arguto - doseamento do interno e do externo, este relacionar que
adquire mesmo foros de miscigenação, é, no meu entender, um dos pontos altos da voz poética de
João Ricardo Lopes: viver é estar num palco de múltiplos cenários, viver é representar dados papéis
repletos de conflitos (não só inter-papeis, mas também intrapapel!), viver é esta incessante procura de
um Equilíbrio Instável (tomando agora de empréstimo - assumidamente - o título da peça de Edward
Albee, que Tony Richardson passaria exemplarmente para o cinema com a mítica Katharine Hepburn),
equilíbrio entre o dentro e o fora de nós, mas viver é, acima de tudo, a lucidez e a fidelidade: a nós
próprios, aos que nos amam ( porque no esboroado palco do hoje já só esses contam!), ao indizível
milagre de estarmos vivos neste espaço que nos foi concedido e de que urge cuidar. Quanto ao
exterior, ele irrompe em vários poemas deste livro:
(...)
este circo engraçado, colorido, oco por dentro
tanto como por fora - frágil sim, como na moleirinha
dos teus sonhos
3
(p. 10)
(...)
há entre nós esta cidade inteira
esta lâmina de silêncio que nos
atravessa ao meio...
(p. 30)
Este estado de alma do sujeito poético, que é simultaneamente desorientação e vontade de
resistir, perpassa toda a obra unindo-se a uma dicotomia que o autor expressa nas mais diversas
situações - a escuridão e a luminosidade:
com a boca às escuras, a minha saudade
ela apenas, escuta-a, escuta-a só
(p. 20)
A noite é para não dizer nada.
(p. 42)
é na sombra a mais possível das germinações
na penumbra, no poema
na esquina obscura de todo o palco
(p. 74)
Interessante é também o facto de João Ricardo Lopes não conceder à referida luminosidade
nenhum estatuto redentor, antes pelo contrário: todo a emergência do possível encontra-se constante e
ininterruptamente ameaçada:
"ruído"
4
tudo o que disse não disse.
luzes negrentas cevando os olhos
como se cedo fosse já tão tarde.
uma janela declina sobre nós
a pálpebra rude e silenciosa.
que tenha valido a pena. Tudo
(p 46)
Frente à lucidez com que se observa o palco e cujas variáveis nos têm sido mostradas, e
fundamentadas, nas últimas décadas; frente a esta representação fétida e de mau gosto esventrada à
saciedade por vários autores: o vazio e o consumismo (por Baudrillard, Lipovetsky, etc.), a ganância e
a perversa manipulação do outro, apenas para que a gratuita exibição de poder conste (por Singer,
Hirigoyen, etc.), enfim, frente a uma cidade esfacelada e à deriva, o eu poético resgata a ousadia da
espera e da reinvenção:
"Alquimicamente"
também eu possuo uma retorta enganadora.
transformar em ouro o teu coração de pedra
nunca foi fácil e o fracasso sacode-me o sono em
estremeções desalmados, sou eu quem te
chama e há um caminho de árvores entre nós.
és longínqua e ris de cada vez que me explode
a decepção e eu juro acabar assim, esfarrapado
vencido e sem ti. mas o poema renasce e eu
renasço devagar. um coração de ouro é coisa de
que não se desiste. Nem até à loucura, nem até ela
(p 60)
João Ricardo Lopes coloca a sua escrita no seio desse paradigma que é o do sentir e ser do
homem contemporâneo e acerca do qual tanto se tem escrito também nos últimos anos, veja-se. por
5
exemplo, "Les uns avec les autres - Quand l'individualisme crée du lien" de François de Singly. Nesta
poesia estamos perante um lirismo que respira e traduz, não só temas que são de todos os tempos,
mas também inquietações bem delineadas no hoje, aliás, e já que falei da obra de Singly, poderei
acrescentar que a situação de desacerto com o mundo em que se encontra o eu poético é atenuada
fortemente, mas jamais resolvida, pela presença da amada.
Contudo — e pormenor interessante — esta amada, tal como a peça do primeiro verso do livro,
surge abruptamente; as suas aparições são sempre da ordem do contingente e do ameaçado (cf. P.
14, o poema que dá o nome ao livro); a amada traz consigo algo de salvífico, todavia é sempre de uma
salvação possível de que se fala, jamais de uma salvação necessária: o poema "Ligústica" (p. 40)
traduz de forma magistral esta carência, já que, apesar da amada ser tão bela, a noite não cessa de
vigiar o poeta, de o procurar. Há, pois, uma falha essencial na alma desta voz, um espaço
impreenchido - e impreenchível -, uma clareira onde todo o mundo poderia caber, mas de onde a
sua poesia e a sua busca extravasam. Dizem os grandes estudiosos destes temas (e estou a lembrar-
me dessa figura enorme que foi Martine Broda) que esta busca fundamental (da Coisa) é a marca dos
grandes poetas, pois eu — qual eterno aprendiz como Sérgio! — encontrei-a nesta obra de João
Ricardo Lopes. E não apenas isso: a extrema poeticidade deste livro e a pertinente acuidade com que
se olha temas e subtemas acabam desembocando numa apurada estrutura concebida para enfatizar
os intentos originários do autor: à permanência do palco, à sucessão dos actos, às intermináveis
reflexões mesmo ali à boca de cena, terá corresponder a figura óbvia, e desalentadamente rotineira, da
continuidade da peça. Por tudo isto, à medida que o livro de vai aproximando do seu fim, ele aproxima-
se igualmente de um princípio - veja-se este excerto do penúltimo poema:
"Regressar"
regressar regressa-se de muita maneira
a casa, à noite, às vezes, nunca mais, para sempre.
mas igualmente a depois da casa, a nós próprios
ao toque da mobília, ao cheiro do sabonete
a outros tempos, à altura em que, a de novo agora
...
porque é assim a vida, porque infinita graça é a de
emendar a réplica, porque sim, porque assim é o
teatro do coração, porque redondo é o olhar
porque no fim é o princípio, porque, porque sim
6
(p. 104)
Neste vivenciar, simultaneamente usual e novo, de um quotidiano que, sendo de tantos, é
também de todos, o contra-regra endereça-nos o derradeiro poema deste itinerário poético: “Prólogo” -
é o último título da representação. Que prossiga, então, a realidade, essa miríade de cenas que vamos
atravessando... e que inexoravelmente nos atravessam também.
Lisboa, 21 de Maio de 2011
Victor Oliveira Mateus

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Crítica ao livro «Reflexões à Boca de Cena / Onstage Reflections» de João Ricardo Lopes

  • 1. 1 Realidade e representação na poesia de João Ricardo Lopes reflexões à boca de cena de João Ricardo Lopes, quer pelo título quer por alguns dos seus elementos constitutivos, poder-nos-ia levar a considerar, segundo um olhar apressado e desatento, que estamos perante um livro de poesia tomando a dramaturgia como seu nó central e aglutinador. Contudo, na minha leitura, este aceno interpretativo é marca de uma ambiguidade procurada que irá funcionar como chave da real preocupação da obra, isto é, o território da teatralidade não é mais do que um pré-texto daquilo que ao poeta se impõe de modo insofismável - o ser humano enquanto actor social... com os seus desencantos, os seus rasgos de lucidez, as suas paixões. Ao carácter abrupto do início da obra: abre-se o pano e eles existem (p. 8), segue-se um desfilar de figurantes - qual corso atribulado e premonitório - que atravessa todo o palco-cidade onde somos chamados a estar: os que vociferam de calças arregaçadas (p. 8), bobos e anões, cuspidores de fogo/ a meretriz das sardas... (p. 12), um borrachão com a língua de fora, assim como os cães vasculham a noite (p. 28). De imediato me agradou esta concepção do labor poético que tão bem articula o esquadrinhar contínuo do mundo interior, que tem um dos seus pontos altos no poema O actor olha-se ao espelho (p. 70): não esperes tanto por mim não tenho futuro como passado não tive. belo talvez seja porém cru não menos que estátua nem melhor do que areia. como toda a criatura o que sou não sou. as mãos ardem-me de frio e talvez esteja já morto ou longe de mais. não esperes tanto por mim não sabes quem esperas
  • 2. 2 (Este belíssimo solilóquio traz para o proscénio um dos mais interessantes temas de reflexão sobre poesia: a relação do eu com o seu duplo) com um olhar atento e perscrutador do mundo exterior - veja-se, por exemplo, um excerto do poema “no centro do palco” (p 56): no centro do palco as lâmpadas e os adereços descascam amorosamente batatas limpam o ranho à filhota das tranças a plateia está absoluta no encalço da cena só respiração e alguma tosse medindo a qualidade de representação. (...) uma diversão a vida, um estaleiro de pequenos poemas ( e quem precisa dos enormes?), uma pantomina. e no fim as palmas, as palmas abundantes o aceno imprescindível da multidão (sê-lo-á?) bravos, euforia, teatro delicado é isto a vida, isto sim, a poesia Este equilíbrio, este subtil - e arguto - doseamento do interno e do externo, este relacionar que adquire mesmo foros de miscigenação, é, no meu entender, um dos pontos altos da voz poética de João Ricardo Lopes: viver é estar num palco de múltiplos cenários, viver é representar dados papéis repletos de conflitos (não só inter-papeis, mas também intrapapel!), viver é esta incessante procura de um Equilíbrio Instável (tomando agora de empréstimo - assumidamente - o título da peça de Edward Albee, que Tony Richardson passaria exemplarmente para o cinema com a mítica Katharine Hepburn), equilíbrio entre o dentro e o fora de nós, mas viver é, acima de tudo, a lucidez e a fidelidade: a nós próprios, aos que nos amam ( porque no esboroado palco do hoje já só esses contam!), ao indizível milagre de estarmos vivos neste espaço que nos foi concedido e de que urge cuidar. Quanto ao exterior, ele irrompe em vários poemas deste livro: (...) este circo engraçado, colorido, oco por dentro tanto como por fora - frágil sim, como na moleirinha dos teus sonhos
  • 3. 3 (p. 10) (...) há entre nós esta cidade inteira esta lâmina de silêncio que nos atravessa ao meio... (p. 30) Este estado de alma do sujeito poético, que é simultaneamente desorientação e vontade de resistir, perpassa toda a obra unindo-se a uma dicotomia que o autor expressa nas mais diversas situações - a escuridão e a luminosidade: com a boca às escuras, a minha saudade ela apenas, escuta-a, escuta-a só (p. 20) A noite é para não dizer nada. (p. 42) é na sombra a mais possível das germinações na penumbra, no poema na esquina obscura de todo o palco (p. 74) Interessante é também o facto de João Ricardo Lopes não conceder à referida luminosidade nenhum estatuto redentor, antes pelo contrário: todo a emergência do possível encontra-se constante e ininterruptamente ameaçada: "ruído"
  • 4. 4 tudo o que disse não disse. luzes negrentas cevando os olhos como se cedo fosse já tão tarde. uma janela declina sobre nós a pálpebra rude e silenciosa. que tenha valido a pena. Tudo (p 46) Frente à lucidez com que se observa o palco e cujas variáveis nos têm sido mostradas, e fundamentadas, nas últimas décadas; frente a esta representação fétida e de mau gosto esventrada à saciedade por vários autores: o vazio e o consumismo (por Baudrillard, Lipovetsky, etc.), a ganância e a perversa manipulação do outro, apenas para que a gratuita exibição de poder conste (por Singer, Hirigoyen, etc.), enfim, frente a uma cidade esfacelada e à deriva, o eu poético resgata a ousadia da espera e da reinvenção: "Alquimicamente" também eu possuo uma retorta enganadora. transformar em ouro o teu coração de pedra nunca foi fácil e o fracasso sacode-me o sono em estremeções desalmados, sou eu quem te chama e há um caminho de árvores entre nós. és longínqua e ris de cada vez que me explode a decepção e eu juro acabar assim, esfarrapado vencido e sem ti. mas o poema renasce e eu renasço devagar. um coração de ouro é coisa de que não se desiste. Nem até à loucura, nem até ela (p 60) João Ricardo Lopes coloca a sua escrita no seio desse paradigma que é o do sentir e ser do homem contemporâneo e acerca do qual tanto se tem escrito também nos últimos anos, veja-se. por
  • 5. 5 exemplo, "Les uns avec les autres - Quand l'individualisme crée du lien" de François de Singly. Nesta poesia estamos perante um lirismo que respira e traduz, não só temas que são de todos os tempos, mas também inquietações bem delineadas no hoje, aliás, e já que falei da obra de Singly, poderei acrescentar que a situação de desacerto com o mundo em que se encontra o eu poético é atenuada fortemente, mas jamais resolvida, pela presença da amada. Contudo — e pormenor interessante — esta amada, tal como a peça do primeiro verso do livro, surge abruptamente; as suas aparições são sempre da ordem do contingente e do ameaçado (cf. P. 14, o poema que dá o nome ao livro); a amada traz consigo algo de salvífico, todavia é sempre de uma salvação possível de que se fala, jamais de uma salvação necessária: o poema "Ligústica" (p. 40) traduz de forma magistral esta carência, já que, apesar da amada ser tão bela, a noite não cessa de vigiar o poeta, de o procurar. Há, pois, uma falha essencial na alma desta voz, um espaço impreenchido - e impreenchível -, uma clareira onde todo o mundo poderia caber, mas de onde a sua poesia e a sua busca extravasam. Dizem os grandes estudiosos destes temas (e estou a lembrar- me dessa figura enorme que foi Martine Broda) que esta busca fundamental (da Coisa) é a marca dos grandes poetas, pois eu — qual eterno aprendiz como Sérgio! — encontrei-a nesta obra de João Ricardo Lopes. E não apenas isso: a extrema poeticidade deste livro e a pertinente acuidade com que se olha temas e subtemas acabam desembocando numa apurada estrutura concebida para enfatizar os intentos originários do autor: à permanência do palco, à sucessão dos actos, às intermináveis reflexões mesmo ali à boca de cena, terá corresponder a figura óbvia, e desalentadamente rotineira, da continuidade da peça. Por tudo isto, à medida que o livro de vai aproximando do seu fim, ele aproxima- se igualmente de um princípio - veja-se este excerto do penúltimo poema: "Regressar" regressar regressa-se de muita maneira a casa, à noite, às vezes, nunca mais, para sempre. mas igualmente a depois da casa, a nós próprios ao toque da mobília, ao cheiro do sabonete a outros tempos, à altura em que, a de novo agora ... porque é assim a vida, porque infinita graça é a de emendar a réplica, porque sim, porque assim é o teatro do coração, porque redondo é o olhar porque no fim é o princípio, porque, porque sim
  • 6. 6 (p. 104) Neste vivenciar, simultaneamente usual e novo, de um quotidiano que, sendo de tantos, é também de todos, o contra-regra endereça-nos o derradeiro poema deste itinerário poético: “Prólogo” - é o último título da representação. Que prossiga, então, a realidade, essa miríade de cenas que vamos atravessando... e que inexoravelmente nos atravessam também. Lisboa, 21 de Maio de 2011 Victor Oliveira Mateus