[1] O documento discute o "trânsito de saberes", ou a disseminação e troca de conhecimentos especializados para o senso comum e vice-versa. [2] Profissionais de saúde e educação desempenham um papel importante como mediadores culturais nesse processo. [3] O encontro e troca entre saberes estimula o debate e a produção de novas representações sociais.
1) O documento discute se a Teologia pode ser considerada uma ciência.
2) A resposta depende de como ciência é definida e dos interesses em jogo. Uma compreensão da ciência como relação entre sujeito e realidade supera a noção de objetividade absoluta.
3) A Teologia, vinculada a uma comunidade, é essencialmente livre e pode contribuir como parceira de diálogo com outras ciências na formulação da ética e do sentido de totalidade.
Curriculo e posmodernidade bernadete gattibelluomosp
Este artigo discute as contraposições entre autores sobre a produção do conhecimento em contextos modernos ou pós-modernos e como isso afeta a pesquisa em educação. Mostra que não há consenso sobre o uso dos termos "pós-modernidade" e "pós-moderno" e argumenta que estamos em uma transição entre essas eras, não totalmente modernos ou pós-modernos. Discute também os desafios para a pesquisa educacional nesse período de transição.
Este documento discute as dificuldades de se implementar a interdisciplinaridade nos currículos escolares. Apesar de alguns resultados positivos, os movimentos interdisciplinares nas escolas brasileiras não atingiram o nível esperado, caracterizando-se na verdade como uma pluridisciplinaridade. Isso ocorre porque a organização disciplinar do conhecimento está profundamente enraizada e é constitutiva da própria modernidade e da escola moderna. A busca por currículos mais pluridisciplinares pode contribuir para o diálogo entre diferenças
1) O documento discute as relações familiares na pós-modernidade e suas implicações no atendimento psicopedagógico clínico.
2) A família na pós-modernidade apresenta identidades contraditórias e pluralidade de centros de poder, e o sujeito com problemas de aprendizagem faz parte desta dinâmica.
3) A escuta clínica da comunicação e linguagem estabelecida na família pode fornecer compreensão do significado do não-aprender nesta instituição.
Cidadania tecnocientífica: mídia, conhecimento e políticaYurij Castelfranchi
Este documento discute modelos de comunicação pública da ciência e tecnologia, destacando:
1) A importância de ir além do modelo de "déficit" que vê o público como passivo, focando no engajamento e co-construção do conhecimento.
2) A ciência "pós-acadêmica" que é produzida por múltiplos atores em contextos aplicados e é orientada não só por critérios científicos mas também sociais.
3) Fatores como confiança, risco percebido, moral
O documento discute a necessidade de uma ciência com consciência de si mesma e dos impactos sociais de seus avanços. Aborda como a especialização e o controle econômico da ciência levam à irresponsabilidade generalizada e como a razão fechada rejeita aspectos complexos da realidade. Defende um pensamento complexo que reconheça o irracional e dialogue com ele, ao invés de rejeitá-lo.
O documento discute os desafios da ciência moderna. A ciência trouxe avanços, mas também problemas como a fragmentação do conhecimento e o descolamento da ciência da realidade social. A ciência precisa se autoanalisar e promover a interdisciplinaridade para enfrentar esses problemas de forma ética.
Este documento discute a evolução da ciência ao longo do tempo, desde os primeiros tempos em que a religião dominava até a era moderna da experimentação. Também aborda os limites éticos da ciência e a necessidade de uma "ciência com consciência".
1) O documento discute se a Teologia pode ser considerada uma ciência.
2) A resposta depende de como ciência é definida e dos interesses em jogo. Uma compreensão da ciência como relação entre sujeito e realidade supera a noção de objetividade absoluta.
3) A Teologia, vinculada a uma comunidade, é essencialmente livre e pode contribuir como parceira de diálogo com outras ciências na formulação da ética e do sentido de totalidade.
Curriculo e posmodernidade bernadete gattibelluomosp
Este artigo discute as contraposições entre autores sobre a produção do conhecimento em contextos modernos ou pós-modernos e como isso afeta a pesquisa em educação. Mostra que não há consenso sobre o uso dos termos "pós-modernidade" e "pós-moderno" e argumenta que estamos em uma transição entre essas eras, não totalmente modernos ou pós-modernos. Discute também os desafios para a pesquisa educacional nesse período de transição.
Este documento discute as dificuldades de se implementar a interdisciplinaridade nos currículos escolares. Apesar de alguns resultados positivos, os movimentos interdisciplinares nas escolas brasileiras não atingiram o nível esperado, caracterizando-se na verdade como uma pluridisciplinaridade. Isso ocorre porque a organização disciplinar do conhecimento está profundamente enraizada e é constitutiva da própria modernidade e da escola moderna. A busca por currículos mais pluridisciplinares pode contribuir para o diálogo entre diferenças
1) O documento discute as relações familiares na pós-modernidade e suas implicações no atendimento psicopedagógico clínico.
2) A família na pós-modernidade apresenta identidades contraditórias e pluralidade de centros de poder, e o sujeito com problemas de aprendizagem faz parte desta dinâmica.
3) A escuta clínica da comunicação e linguagem estabelecida na família pode fornecer compreensão do significado do não-aprender nesta instituição.
Cidadania tecnocientífica: mídia, conhecimento e políticaYurij Castelfranchi
Este documento discute modelos de comunicação pública da ciência e tecnologia, destacando:
1) A importância de ir além do modelo de "déficit" que vê o público como passivo, focando no engajamento e co-construção do conhecimento.
2) A ciência "pós-acadêmica" que é produzida por múltiplos atores em contextos aplicados e é orientada não só por critérios científicos mas também sociais.
3) Fatores como confiança, risco percebido, moral
O documento discute a necessidade de uma ciência com consciência de si mesma e dos impactos sociais de seus avanços. Aborda como a especialização e o controle econômico da ciência levam à irresponsabilidade generalizada e como a razão fechada rejeita aspectos complexos da realidade. Defende um pensamento complexo que reconheça o irracional e dialogue com ele, ao invés de rejeitá-lo.
O documento discute os desafios da ciência moderna. A ciência trouxe avanços, mas também problemas como a fragmentação do conhecimento e o descolamento da ciência da realidade social. A ciência precisa se autoanalisar e promover a interdisciplinaridade para enfrentar esses problemas de forma ética.
Este documento discute a evolução da ciência ao longo do tempo, desde os primeiros tempos em que a religião dominava até a era moderna da experimentação. Também aborda os limites éticos da ciência e a necessidade de uma "ciência com consciência".
1. O documento discute como as teorias científicas atuais enfatizam que o conhecimento está ligado ao conhecedor e à cultura na qual está inserido.
2. O construtivismo é apresentado como uma concepção epistemológica que assume que o conhecimento é uma construção do sujeito cognoscente.
3. O autor reflete se o construtivismo representa uma continuidade ou ruptura com concepções anteriores sobre o conhecimento.
O documento discute a influência do magnetismo e do vitalismo no pensamento de Allan Kardec, fundador do Espiritismo. Apresenta uma introdução contextualizando a necessidade de compreender o Espiritismo à luz dos conhecimentos científicos e filosóficos da época de Kardec. Dividido em seções, aborda a origem, trajetória e bases teóricas do magnetismo, vitalismo e Espiritismo entre os séculos XVIII e XIX.
O documento discute a evolução da psicologia como ciência independente no século XIX. Apresenta os desafios enfrentados pela psicologia em estabelecer seu objeto e métodos próprios, já que conceitos psicológicos eram estudados por outras áreas. Também descreve as condições sócio-culturais necessárias para o surgimento da psicologia científica, como a experiência da subjetividade privada em sociedades de crise e a constituição do sujeito moderno na passagem do Renascimento para a Idade Moderna.
O documento discute os diferentes tipos de conhecimento humano, incluindo conhecimento popular, filosófico, religioso e científico. Ele explica as características de cada tipo de conhecimento e como eles diferem principalmente em termos de metodologia em vez de conteúdo. O documento também descreve a evolução histórica do método científico.
[1] Há uma inadequação crescente entre os saberes separados e fragmentados e as realidades cada vez mais complexas e interdisciplinares. [2] Morin defende uma reforma do pensamento que considere a complexidade do mundo através de uma abordagem transdisciplinar. [3] Isso é especialmente importante na educação, que deve questionar valores estabelecidos e propor novos saberes em substituição, sem causar traumas no sistema.
O documento discute os desafios da bioética no século 21 e as transformações necessárias na educação médica. Ele critica o modelo cartesiano e fragmentado que prioriza a técnica em detrimento do cuidado com o ser humano de forma integral. Defende uma abordagem interdisciplinar e humanista capaz de acolher o outro na sua totalidade.
O documento descreve as etapas do processo de construção do conhecimento, dividido em 5 níveis: 1) indiciação, 2) descrição, 3) nominação, 4) explicação e 5) definição. A indiciação marca a emergência de um novo objeto na consciência, enquanto a descrição estabelece relações entre as características do objeto. Cada nível interage com os demais e enriquece progressivamente o conhecimento.
O conceito de subjetividade nas teorias sócio-históricasJuliana Soares
Neste estudo são analisadas as
concepções de subjetividade de três autores que
se inserem no campo da psicologia sóciohistórica:
Fernando Gonzalez Rey, Odair Furtado
e Maria da Graça Marchina Gonçalves. A
pesquisa realizada, de natureza teórica, teve por
objetivo identificar semelhanças e diferenças que
estão na base do conceito de subjetividade
destes diferentes autores, ainda que se situem
em uma mesma corrente teórica, como forma de
demonstrar a necessidade de avanço na
conceituação desta categoria. Adotou-se como
procedimento o modelo de Thomas Kuhn para a
análise de paradigmas da ciência. Para tanto,
foram selecionados textos dos três autores, em
que se observava uma preocupação com a
definição do conceito de subjetividade e fez-se
uma leitura aprofundada, buscando em suas
concepções os quatro principais aspectos que
caracterizam um paradigma: generalizações
simbólicas, paradigma metafísico, exemplares e
valores. Como resultado, constatou-se o
compartilhamento de idéias na maioria dos
aspectos analisados, revelando que o avanço na
postulação da categoria subjetividade dentro da
perspectiva da psicologia histórico-cultural ou
sócio-histórica parece promissor, o que confere a
esta abordagem teórica lastro para a sustentação
das investigações sobre a subjetividade,
oferecendo possibilidades de explicação dos
fenômenos observados. Contudo, também
aparecem divergências entre os autores, o que
pode estar relacionado ao enfoque que cada um
tem dado às pesquisas que vem realizando.
Sobre a pesquisa ação na educação a11v1133Martha Hoppe
Este artigo discute a relação entre teoria e prática no contexto da pesquisa-ação na educação. Primeiro, aborda a produção do conhecimento no mundo moderno e a tensão entre sujeito e objeto. Em seguida, analisa diferentes perspectivas sobre a pesquisa-ação, destacando a importância da articulação entre reflexão e ação. Por fim, aponta riscos como a instrumentalização da teoria e o praticismo na educação.
Este documento apresenta uma introdução à psicologia como ciência independente de forma panorâmica e crítica. Inicialmente, explica que só no século XIX surgiram os primeiros projetos de psicologia como ciência autônoma, com objetos e métodos próprios. No entanto, muitos aspectos estudados pela psicologia já eram abordados por outras áreas, como a filosofia e ciências biológicas e sociais. Finalmente, discute que, apesar dos esforços para se firmar como ciência autônoma, a
O documento descreve a história da ciência da Idade Média até a atualidade em 3 frases:
1) Durante a Idade Média, a Igreja Católica exercia forte influência sobre o pensamento científico, reprimindo novas ideias que ameaçassem sua autoridade.
2) O Renascimento trouxe novos paradigmas que levaram a uma ruptura entre Ciência e Religião e ao homem se colocar no centro do Universo, buscando objetividade nas experiências.
3) No século XIX, surgiu
Aborda quatro tipos de conhecimento, empírico, filosófico, religioso e científico. Também são apresentadas as principais teorias como: racionalismo, criticismo, realismo, idealismo, dogmatismo e ceticismo.
A dissertação analisa como o sujeito contemporâneo busca novas modalidades de gozo por meio da internet e do sexo virtual. Discute como a cultura, o declínio da função paterna e o Discurso do Capitalista influenciam a subjetividade dos sujeitos e os levam a buscar gozo no consumo de objetos e nas redes virtuais. Aborda também como a sociedade do espetáculo e o narcisismo marcam a atualidade.
O documento discute a necessidade de uma nova abordagem interdisciplinar para estudar as relações entre natureza e sociedade de forma complexa. Ele destaca pré-condições para o desenvolvimento de uma ciência da complexidade, como a contextualização do conhecimento e a articulação de diferentes saberes, e os desafios da pesquisa interdisciplinar, como a coordenação de diversas disciplinas e a superação de limitações disciplinares fragmentadas.
O documento discute como a ciência se desenvolveu ao longo da história, inicialmente enfrentando oposição da Igreja Católica durante a Idade Média, mas depois florescendo durante o Renascimento. Também descreve o desenvolvimento das ciências sociais para estudar a sociedade e o homem, e como a realidade científica depende da percepção de cada cientista.
O documento descreve quatro principais tipos de conhecimento: filosófico, científico, religioso e popular. O conhecimento filosófico é especulativo e baseado em hipóteses, enquanto o científico é verificável através da experimentação. O conhecimento religioso apoia-se em doutrinas reveladas e é considerado infalível, e o popular é adquirido na vida cotidiana de forma não sistemática.
O documento discute o conhecimento, especificamente o conhecimento médico. Ele define conhecimento como um processo de apropriação de propriedades do objeto e também como o resultado desse processo. O conhecimento médico é entendido como uma modalidade de conhecimento científico sobre doenças, pacientes e tratamentos. O conhecimento médico deve ser o mais rigoroso em termos éticos e científicos devido à vulnerabilidade dos pacientes.
Filosofia e o surgimento da epistemologia ou teoria do conhecimentoDiego Ventura
Material de apoio para disciplina de Filosofia junto aos cursos de formação superior. Possuindo como tema: FILOSOFIA E O SURGIMENTO DA EPISTEMOLOGIA OU TEORIA DO CONHECIMENTO.
O documento discute diferentes tipos de conhecimento, incluindo conhecimento vulgar e científico. Ele também classifica as ciências em formais, naturais, factuais e sociais, e discute as características das ciências factuais como racionais, objetivas e baseadas em fatos.
1. Popper criticou a visão indutivista da ciência defendida pelo Círculo de Viena e propôs o critério da falseabilidade, onde teorias científicas são hipóteses que podem ser refutadas por observações.
2. Ele defendia que nenhuma teoria pode ser estabelecida de forma definitiva e que a ciência progride por conjecturas e refutações sucessivas.
3. Popper também criticou visões políticas autoritárias em obras como "A Sociedade Aberta e Seus Inimigos" e defendeu a
1) O documento introduz os fundamentos da sociologia aplicada às organizações, discutindo a evolução histórica da sociologia e seus principais conceitos.
2) Apresenta os diferentes tipos de conhecimento na sociologia, incluindo senso comum, senso crítico e conhecimento científico.
3) Discutem-se os modos de produção ao longo da história e seu papel na transformação das sociedades, como o modo de produção capitalista.
1) O documento discute os desafios da interdisciplinaridade no meio acadêmico, especialmente em relação à fragmentação do conhecimento em disciplinas separadas e as dificuldades de integrá-las.
2) Há três níveis de integração disciplinar discutidos: multidisciplinaridade envolve pesquisas separadas de diferentes campos; interdisciplinaridade cria novas abordagens através da integração conceitual e metodológica; transdisciplinaridade busca uma visão mais ampla que transcende fronteiras disciplinares
1. O documento discute como as teorias científicas atuais enfatizam que o conhecimento está ligado ao conhecedor e à cultura na qual está inserido.
2. O construtivismo é apresentado como uma concepção epistemológica que assume que o conhecimento é uma construção do sujeito cognoscente.
3. O autor reflete se o construtivismo representa uma continuidade ou ruptura com concepções anteriores sobre o conhecimento.
O documento discute a influência do magnetismo e do vitalismo no pensamento de Allan Kardec, fundador do Espiritismo. Apresenta uma introdução contextualizando a necessidade de compreender o Espiritismo à luz dos conhecimentos científicos e filosóficos da época de Kardec. Dividido em seções, aborda a origem, trajetória e bases teóricas do magnetismo, vitalismo e Espiritismo entre os séculos XVIII e XIX.
O documento discute a evolução da psicologia como ciência independente no século XIX. Apresenta os desafios enfrentados pela psicologia em estabelecer seu objeto e métodos próprios, já que conceitos psicológicos eram estudados por outras áreas. Também descreve as condições sócio-culturais necessárias para o surgimento da psicologia científica, como a experiência da subjetividade privada em sociedades de crise e a constituição do sujeito moderno na passagem do Renascimento para a Idade Moderna.
O documento discute os diferentes tipos de conhecimento humano, incluindo conhecimento popular, filosófico, religioso e científico. Ele explica as características de cada tipo de conhecimento e como eles diferem principalmente em termos de metodologia em vez de conteúdo. O documento também descreve a evolução histórica do método científico.
[1] Há uma inadequação crescente entre os saberes separados e fragmentados e as realidades cada vez mais complexas e interdisciplinares. [2] Morin defende uma reforma do pensamento que considere a complexidade do mundo através de uma abordagem transdisciplinar. [3] Isso é especialmente importante na educação, que deve questionar valores estabelecidos e propor novos saberes em substituição, sem causar traumas no sistema.
O documento discute os desafios da bioética no século 21 e as transformações necessárias na educação médica. Ele critica o modelo cartesiano e fragmentado que prioriza a técnica em detrimento do cuidado com o ser humano de forma integral. Defende uma abordagem interdisciplinar e humanista capaz de acolher o outro na sua totalidade.
O documento descreve as etapas do processo de construção do conhecimento, dividido em 5 níveis: 1) indiciação, 2) descrição, 3) nominação, 4) explicação e 5) definição. A indiciação marca a emergência de um novo objeto na consciência, enquanto a descrição estabelece relações entre as características do objeto. Cada nível interage com os demais e enriquece progressivamente o conhecimento.
O conceito de subjetividade nas teorias sócio-históricasJuliana Soares
Neste estudo são analisadas as
concepções de subjetividade de três autores que
se inserem no campo da psicologia sóciohistórica:
Fernando Gonzalez Rey, Odair Furtado
e Maria da Graça Marchina Gonçalves. A
pesquisa realizada, de natureza teórica, teve por
objetivo identificar semelhanças e diferenças que
estão na base do conceito de subjetividade
destes diferentes autores, ainda que se situem
em uma mesma corrente teórica, como forma de
demonstrar a necessidade de avanço na
conceituação desta categoria. Adotou-se como
procedimento o modelo de Thomas Kuhn para a
análise de paradigmas da ciência. Para tanto,
foram selecionados textos dos três autores, em
que se observava uma preocupação com a
definição do conceito de subjetividade e fez-se
uma leitura aprofundada, buscando em suas
concepções os quatro principais aspectos que
caracterizam um paradigma: generalizações
simbólicas, paradigma metafísico, exemplares e
valores. Como resultado, constatou-se o
compartilhamento de idéias na maioria dos
aspectos analisados, revelando que o avanço na
postulação da categoria subjetividade dentro da
perspectiva da psicologia histórico-cultural ou
sócio-histórica parece promissor, o que confere a
esta abordagem teórica lastro para a sustentação
das investigações sobre a subjetividade,
oferecendo possibilidades de explicação dos
fenômenos observados. Contudo, também
aparecem divergências entre os autores, o que
pode estar relacionado ao enfoque que cada um
tem dado às pesquisas que vem realizando.
Sobre a pesquisa ação na educação a11v1133Martha Hoppe
Este artigo discute a relação entre teoria e prática no contexto da pesquisa-ação na educação. Primeiro, aborda a produção do conhecimento no mundo moderno e a tensão entre sujeito e objeto. Em seguida, analisa diferentes perspectivas sobre a pesquisa-ação, destacando a importância da articulação entre reflexão e ação. Por fim, aponta riscos como a instrumentalização da teoria e o praticismo na educação.
Este documento apresenta uma introdução à psicologia como ciência independente de forma panorâmica e crítica. Inicialmente, explica que só no século XIX surgiram os primeiros projetos de psicologia como ciência autônoma, com objetos e métodos próprios. No entanto, muitos aspectos estudados pela psicologia já eram abordados por outras áreas, como a filosofia e ciências biológicas e sociais. Finalmente, discute que, apesar dos esforços para se firmar como ciência autônoma, a
O documento descreve a história da ciência da Idade Média até a atualidade em 3 frases:
1) Durante a Idade Média, a Igreja Católica exercia forte influência sobre o pensamento científico, reprimindo novas ideias que ameaçassem sua autoridade.
2) O Renascimento trouxe novos paradigmas que levaram a uma ruptura entre Ciência e Religião e ao homem se colocar no centro do Universo, buscando objetividade nas experiências.
3) No século XIX, surgiu
Aborda quatro tipos de conhecimento, empírico, filosófico, religioso e científico. Também são apresentadas as principais teorias como: racionalismo, criticismo, realismo, idealismo, dogmatismo e ceticismo.
A dissertação analisa como o sujeito contemporâneo busca novas modalidades de gozo por meio da internet e do sexo virtual. Discute como a cultura, o declínio da função paterna e o Discurso do Capitalista influenciam a subjetividade dos sujeitos e os levam a buscar gozo no consumo de objetos e nas redes virtuais. Aborda também como a sociedade do espetáculo e o narcisismo marcam a atualidade.
O documento discute a necessidade de uma nova abordagem interdisciplinar para estudar as relações entre natureza e sociedade de forma complexa. Ele destaca pré-condições para o desenvolvimento de uma ciência da complexidade, como a contextualização do conhecimento e a articulação de diferentes saberes, e os desafios da pesquisa interdisciplinar, como a coordenação de diversas disciplinas e a superação de limitações disciplinares fragmentadas.
O documento discute como a ciência se desenvolveu ao longo da história, inicialmente enfrentando oposição da Igreja Católica durante a Idade Média, mas depois florescendo durante o Renascimento. Também descreve o desenvolvimento das ciências sociais para estudar a sociedade e o homem, e como a realidade científica depende da percepção de cada cientista.
O documento descreve quatro principais tipos de conhecimento: filosófico, científico, religioso e popular. O conhecimento filosófico é especulativo e baseado em hipóteses, enquanto o científico é verificável através da experimentação. O conhecimento religioso apoia-se em doutrinas reveladas e é considerado infalível, e o popular é adquirido na vida cotidiana de forma não sistemática.
O documento discute o conhecimento, especificamente o conhecimento médico. Ele define conhecimento como um processo de apropriação de propriedades do objeto e também como o resultado desse processo. O conhecimento médico é entendido como uma modalidade de conhecimento científico sobre doenças, pacientes e tratamentos. O conhecimento médico deve ser o mais rigoroso em termos éticos e científicos devido à vulnerabilidade dos pacientes.
Filosofia e o surgimento da epistemologia ou teoria do conhecimentoDiego Ventura
Material de apoio para disciplina de Filosofia junto aos cursos de formação superior. Possuindo como tema: FILOSOFIA E O SURGIMENTO DA EPISTEMOLOGIA OU TEORIA DO CONHECIMENTO.
O documento discute diferentes tipos de conhecimento, incluindo conhecimento vulgar e científico. Ele também classifica as ciências em formais, naturais, factuais e sociais, e discute as características das ciências factuais como racionais, objetivas e baseadas em fatos.
1. Popper criticou a visão indutivista da ciência defendida pelo Círculo de Viena e propôs o critério da falseabilidade, onde teorias científicas são hipóteses que podem ser refutadas por observações.
2. Ele defendia que nenhuma teoria pode ser estabelecida de forma definitiva e que a ciência progride por conjecturas e refutações sucessivas.
3. Popper também criticou visões políticas autoritárias em obras como "A Sociedade Aberta e Seus Inimigos" e defendeu a
1) O documento introduz os fundamentos da sociologia aplicada às organizações, discutindo a evolução histórica da sociologia e seus principais conceitos.
2) Apresenta os diferentes tipos de conhecimento na sociologia, incluindo senso comum, senso crítico e conhecimento científico.
3) Discutem-se os modos de produção ao longo da história e seu papel na transformação das sociedades, como o modo de produção capitalista.
1) O documento discute os desafios da interdisciplinaridade no meio acadêmico, especialmente em relação à fragmentação do conhecimento em disciplinas separadas e as dificuldades de integrá-las.
2) Há três níveis de integração disciplinar discutidos: multidisciplinaridade envolve pesquisas separadas de diferentes campos; interdisciplinaridade cria novas abordagens através da integração conceitual e metodológica; transdisciplinaridade busca uma visão mais ampla que transcende fronteiras disciplinares
1) A Educomunicação é um campo de pesquisa interdisciplinar que se diferencia tanto da Educação quanto da Comunicação, focando nas inter-relações entre os saberes dessas áreas.
2) A Educomunicação tem como objetivos alterar a realidade investigando as percepções e pensamentos das pessoas sobre si mesmas e o mundo, adotando uma metodologia que aguça contradições ao invés de buscar respostas definitivas.
3) A Educomunicação é um espaço de diálogo entre saberes que permite novas leituras e interpretações
O documento discute o papel da universidade na sociedade, abordando os conceitos de ensino, pesquisa e extensão. Defende que a universidade deve promover a cidadania mediante a produção e disseminação de conhecimentos de forma ética e responsável, levando em conta as necessidades e especificidades da sociedade da qual faz parte.
1) O documento discute as principais teorias e abordagens para o estudo científico da aprendizagem, incluindo behaviorismo, cognitivismo e aprendizagem situada.
2) É dado ênfase à perspectiva da aprendizagem situada, que considera a aprendizagem como indissociável do contexto social e cultural.
3) Várias teorias podem ser válidas e complementares para explicar a aprendizagem humana, embora a abordagem situada forneça um quadro mais abrangente.
1. O documento discute a importância da metodologia científica no ensino superior, destacando que ela ensina os estudantes a buscar respostas às suas dúvidas de forma rigorosa e sistemática.
2. A metodologia científica não é um simples conteúdo a ser decorado, mas sim uma ferramenta para que os estudantes possam realizar estudos e pesquisas em qualquer área do conhecimento.
3. Diferentes tipos de conhecimento são discutidos, incluindo o conhecimento empírico
Artigo comunicação científica uma revisão de seus elementos básicosJackeline Ferreira
1) O documento discute aspectos genéricos da ciência como conceituação, desenvolvimento e importância da informação.
2) Aborda a comunicação científica, distinguindo comunicação formal, informal, semiformal, superformal e eletrônica.
3) Explora os desafios em medir o crescimento da ciência usando indicadores como número de pesquisadores, verbas e produção científica.
Este documento apresenta um resumo sobre metodologia da pesquisa em 3 partes. A primeira parte discute diferentes tipos de conhecimento, incluindo conhecimento popular, filosófico, religioso, artístico e científico. A segunda parte define o que é fazer ciência, pesquisa, métodos e instrumentos. A terceira parte apresenta uma classificação e divisão da ciência em ciências formais, factuais, naturais e sociais.
O documento discute diferentes tipos de conhecimento e métodos científicos. Apresenta conhecimento empírico, filosófico, teológico e científico, e métodos como dedutivo, indutivo e hipotético-dedutivo. Também classifica as ciências em formais vs empíricas, e estas em naturais vs sociais.
O documento discute a evolução do paradigma científico dominante nos últimos 20 anos e a consolidação de um novo paradigma sócio-epistemológico. Boaventura de Sousa Santos afirma que as principais mudanças foram: 1) o deslocamento do discurso epistemológico da física para as ciências da vida; 2) o surgimento de novas fracturas entre paradigmas; 3) o reconhecimento do caráter parcial do conhecimento científico. Defende que o novo paradigma emergente promove o diá
O documento discute os diferentes tipos de conhecimento, incluindo mítico, religioso, senso comum, científico e filosófico. Ele explica como cada um é adquirido e validado, com conhecimento mítico baseado em narrativas, religioso na fé, senso comum na crença popular, científico no método científico e filosófico na reflexão. O documento também discute a importância do conhecimento para a humanidade.
O documento discute os diferentes tipos de conhecimento, incluindo mítico, religioso, senso comum, científico e filosófico. Ele explica como cada um é adquirido e validado, com conhecimento mítico baseado em narrativas, religioso na fé, senso comum na crença popular, científico no método científico e filosófico na reflexão. O documento também discute a importância do conhecimento para a humanidade.
O documento discute a epistemologia evolutiva de Stephen Toulmin. Ele argumenta que a compreensão humana está nos conceitos e que a mudança conceitual ocorre de forma evolutiva, assim como a evolução das espécies. As disciplinas científicas são entidades históricas em evolução, não seres eternos, e a ciência progride através da evolução dos conceitos, teorias, disciplinas e fóruns institucionais.
1. O documento discute a história dos signos e como eles foram estudados desde a Grécia Antiga, com filósofos como Platão e Aristóteles estabelecendo as bases para o estudo semiótico.
2. Ao longo dos séculos, vários pensadores contribuíram para o desenvolvimento da semiótica, incluindo a Escola Estóica, Epicuro e Santo Agostinho.
3. Atualmente, a semiótica é aplicada em diversas áreas como medicina, psicanálise e comunicação para entender como signos carregam
- O documento discute diferentes formas de conhecimento, incluindo conhecimento mítico, senso comum, filosófico, religioso, e científico.
- A ciência é definida como uma maneira sistemática de conhecer e explicar o universo físico e social através de métodos como observação objetiva e teste de hipóteses.
- As ciências sociais são importantes para compreender a sociedade humana e como ela muda ao longo do tempo.
O documento discute a origem e conceitos de interdisciplinaridade. Começa explicando como o conhecimento era unificado na antiguidade grega e depois se fragmentou. Apresenta diferentes definições de multidisciplinaridade, pluridisciplinaridade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade. Argumenta que a interdisciplinaridade visa superar a visão fragmentada do conhecimento, integrando estudos complementares de diferentes especialistas.
O documento discute a importância da interdisciplinaridade no desenvolvimento da ciência. Apresenta como a especialização das disciplinas levou à fragmentação do conhecimento, mas que a interdisciplinaridade permite uma visão mais ampla através da junção de diferentes perspectivas. Também exemplifica como áreas como as ciências cognitivas se beneficiaram de abordagens interdisciplinares, permitindo novas formas de entender e explicar os processos mentais.
O documento fornece informações sobre extensão universitária, definindo-a como um processo educativo que envolve ações científicas, culturais e artísticas voltadas para a integração entre a universidade e a sociedade. A extensão deve promover a socialização do conhecimento e uma relação dialética entre a universidade e a comunidade. Ela é obrigatória por lei e pode incluir atividades de estágio curricular.
1) O professor Patrick Charaudeau discute como a análise do discurso é uma área interdisciplinar que estuda a linguagem humana em sociedade e as relações de poder.
2) Três principais objetos de estudo da análise do discurso são o discurso midiático, o discurso político e o discurso científico.
3) Charaudeau argumenta que conceber o sujeito como mero portador de ideias da sociedade é limitado e que é importante estudar a agência e identidades plurais do sujeito contemporâneo
O documento discute a evolução dos paradigmas científicos ao longo da história, desde o paradigma religioso da Idade Média até o paradigma sistêmico contemporâneo. Descreve as principais características de cada paradigma, incluindo a natureza da verdade, do conhecimento e dos métodos de aquisição do conhecimento. O paradigma sistêmico enfatiza que a verdade é contextual e parcial, o conhecimento é construído socialmente e depende do observador, e o método é dialógico e baseado na
Semelhante a O trânsito_de_saberes_final.doc_ (20)
Álcoois: compostos que contêm um grupo hidroxila (-OH) ligado a um átomo de carbono saturado.
Aldeídos: possuem o grupo carbonila (C=O) no final de uma cadeia carbônica.
Cetonas: também contêm o grupo carbonila, mas no meio da cadeia carbônica.
Ácidos carboxílicos: caracterizados pelo grupo carboxila (-COOH).
Éteres: compostos com um átomo de oxigênio ligando duas cadeias carbônicas.
Ésteres: derivados dos ácidos carboxílicos, onde o hidrogênio do grupo carboxila é substituído por um radical alquila ou arila.
Aminas: contêm o grupo amino (-NH2) ligado a um ou mais átomos de carbono.
Esses são apenas alguns exemplos. Existem muitos outros grupos funcionais que definem as propriedades químicas e físicas dos compostos orgânicas.
Telepsiquismo Utilize seu poder extrassensorial para atrair prosperidade (Jos...fran0410
Joseph Murphy ensina como re-apropriar do pode da mente.
Cada ser humano é fruto dos pensamentos e sentimentos que cria, cultiva e coloca em pratica todos os dias.
Ótima leitura!
1. 1
O TRÂNSITO DE SABERES: OLHAR SOBRE A PRODUÇÃO BRASILEIRA
Angela Arruda – UFRJ, Brasil
A escolha deste tema foi facilitada pelo convite dos Prof. Jorge Correia Jesuino e Paula Castro para
discutir com alunos da pós graduação de Psicologia do ISCTE. Agradeço aos colegas a
oportunidade, que contribuiu para a sistematização de algumas das questões que vou abordar.
Meu propósito aqui é jogar um olhar, limitado, sobre uma parte da produção brasileira, que
trabalha com representações sociais elaboradas a partir de algum saber que se dissemina fora da
sua esfera de origem. Para iniciar, vou tentar esclarecer o que é isto e o que nós, profissionais da
saúde e da educação, temos a ver com isto. Em seguida, farei uma breve contextualização da
produção brasileira para poder finalmente expor e discutir o recorte que escolhi para trazer aqui.
Quando os saberes se encontram
Os encontros de saberes podem ser considerados como um objeto de estudo da Teoria das
Representações Sociais desde o princípio, já que a teoria se inicia com a curiosidade de Moscovici
quanto ao encontro entre o saber especializado que é a psicanálise e o saber leigo da população
que ele pesquisou. O que resultou desta investigação, todos sabem, é uma teoria sobre o trânsito
de um saber originado em um tipo de universo, presidido por regras de produção e difusão do
conhecimento, por determinado script da comunicação estabelecido no âmbito deste saber - que
funcionam como salvaguarda do próprio saber e garantia da sua qualidade e legitimidade - para
um outro tipo de universo,cujas trocas são bem mais livres e cuja produção de saber não foi
sempre vista com muitos bons olhos – o senso comum.
Este desenvolvimento teórico inaugurado por Moscovici (1961) tinha alguns grandes
pressupostos, dos quais destaco dois. Um, que o saber dos leigos, profano, e o saber
especializado, canônico, são dois estilos que se diferenciam, mas não se hierarquizam, porque
cada um tem sua própria finalidade, que lhe é peculiar, e ambos são perfeitamente adequados
aos seus objetivos. Tanto a ciência, por exemplo, funciona para desenvolver conhecimentos
generalizados e generalizantes sobre a realidade quanto o senso comum funciona para lidar com
o dia a dia. O que está embutido nesse pressuposto é a idéia de que o senso comum possui uma
lógica própria, e como dizia Geertz (1989), é uma forma de conhecimento complexa e
compreensiva, um sistema cultural, dotado de razoável eficácia no trato dos problemas do
cotidiano. Nisto reside o seu interesse: colocar-se como mais um sistema e uma fonte de saber
2. 2
entre outras possíveis, racional em sua própria cosmologia, como dizem Wagner e Hayes (2005,
p.9) e portanto, dono de uma reflexão que merece ser compreendida e aceita.
Outro pressuposto é o de que nas sociedades contemporâneas, a profusão de funções,
especialidades e novidades que circulam estabelece um fluxo de informações que está em
constante movimento, atravessando os diferentes grupos e segmentos, que se aproximam e se
apropriam de algumas delas a partir das próprias características de grupo, de suas crenças e
afetos, social e historicamente instituídos, e assim constroem representações sociais.
Tudo isso é bem conhecido de todos nós. Contudo, embora estes pressupostos continuem
vigentes de forma geral, a teoria avançou, a sociedade prosseguiu o seu caminho vertiginoso e
fragmentário, e hoje, quando as novidades chovem sobre nós não só a partir da ciência, mas de
muitos outros universos, observamos que vários deles também são profundamente reificados, ao
apresentarem características ditadas por uma regulamentação da produção e difusão do saber,
das condutas dos interlocutores e do estilo de comunicação. É o caso, por exemplo, do mundo do
Direito, ou da Teologia, por exemplo. O que leva a crer que todo universo normativo tende a
constituir um saber especializado cuja comunicação interna é bastante regulamentada e cuja
difusão – em particular, o trânsito para o leigo - dispara o engendramento de representações
sociais. Fica, então, evidente que as formas de comunicação são peça-chave na natureza dos
estilos de saber, e portanto, da diferenciação entre eles, e que muitas representações sociais são
fruto do encontro de saberes de estilos diferentes, fruto, portanto, da comunicação entre eles.
Base e desdobramento destes dois pressupostos é que vivemos numa sociedade pensante, em
que o pensar é uma forma do ser e do viver, incessante, fazendo conviverem pertenças e
perspectivas diversas. O pensar social acontece na comunicação. Quando e onde a sociedade
pensa? A toda hora e em todo lugar. Nas filas de banco ou de ônibus, nas conversas de bar ou de
corredor, nos grupos de encontro de todo tipo, nos debates de toda ordem. Os cartazes dos
corredores dos espaços públicos, os grafitti da cidade, bem como os quadros de avisos, dão
notícia de parte da circulação dessa produção pensante. Os meios de comunicação integram o
processo, bem entendido. Mas ele também acontece nas salas de aula, nos congressos, nos
próprios espaços balizados pelas regras reificantes da comunicação especializada.
Esses universos, apesar de marcados por estilos peculiares, portanto, não são perfeitamente
estanques. Alguns são mais normativos que outros, mas dificilmente, ainda que formatados por
uma rígida regulamentação, estão imunes ao pensamento leigo. Da mesma forma, o universo
3. 3
consensual se veste cada vez mais de retalhos do pensamento reificado, fruto do trânsito
incessante dos outros tipos de pensamento nas nossas sociedades.
Wagner e Hayes (2005) afirmam que o conhecimento especial está ligado a pré-requisitos sociais,
como o desempenho de certos papéis, de natureza especializada. Mesmo se hoje é fácil o acesso
à informação produzida por este universo, por meio das bibliotecas universitárias, o
conhecimento especializado permanece privilégio de alguns, porque depende menos da
informação do que do domínio de padrões de pensamento e capacidades necessárias para
adquirir tal conhecimento, obtidas na freqüentação de instituições especiais. Contudo, mesmo os
representantes destes conhecimentos também tem um pé em cada esfera da vida: a exclusiva e a
cotidiana, no convívio com a família, em seu ambiente privado. Como conseqüência, o
pensamento e o conhecimento que eles possuem sobre a “realidade” pode provir desses dois
espaços. Assim, para Tardif e Raymond (apud Lima, 2008), ao lado do que aprenderam em sua
formação, o que a maior parte dos professores sabe sobre ensino, como ensinar e sobre os seus
papéis, vem de sua própria história de vida, principalmente de sua socialização enquanto alunos.
Trata-se de uma sabedoria que complementa e reveste o saber formal, oriunda da experiência.
Ao mesmo tempo, com o desenvolvimento da comunicação eletrônica, a apropriação de fatias do
conhecimento especializado ficou tão facilitada que certos grupos e indivíduos tornam-se quase-
especialistas de temas que lhes dizem respeito. É o caso das vítimas de alguns tipos de afecção,
que estudam o que os atinge para melhor lidar com a situação, passando a dominar uma parte
dos conhecimentos especializados relativos ao problema. Às vezes eles também se organizam
para obter melhores condições de tratamento e respeito à sua enfermidade. São os chamados
“novos pacientes”, ou impacientes, como se vê entre os portadores de certas doenças crônicas ou
fatais. Herzlich (1969), no seu clássico estudo sobre representações da saúde e da doença já
prognosticava este novo personagem no cenário da saúde ao identificar a representação social
que ela denominou de “a doença como ofício”. Trata-se de doença geralmente crônica ou fatal,
durante a qual o paciente se transforma em aprendiz do próprio organismo e do que o acomete, e
termina por estabelecer novas formas de conviver com a sua situação a partir da disposição de
buscar o conhecimento, no esforço por melhorar. Esta luta cotidiana por dominar a doença a
partir do conhecimento transforma-a em ofício, no qual o paciente adquire um novo saber,
ingressa em novos diálogos e espaços, transformando a própria identidade. O caso dos
movimentos gay e sua luta com relação ao SIDA é exemplar de como um grupo pode tornar a
doença uma bandeira e incorporar esta bandeira à sua identidade.
4. 4
Neste torvelinho de pensares, o encontro, a troca, funcionam como estímulo ao debate,
provocação para criar e fermento do pensamento social, ao recolocarem em pauta a elaboração
das informações, perfazendo ou não uma comunicação bem sucedida. A comunicação instiga,
exercita e veicula a produção de representações sociais e o encontro de saberes.
Este é o nosso cenário profissional. Nós, profissionais de saúde e da educação - professores,
médicos, enfermeiros, dentistas, assistentes sociais, psicólogos e tantos outros - somos
mediadores culturais, habitamos o entre-lugar pelo qual transitam, com a nossa ajuda, saberes de
um universo para outro. Ou de um plano a outro. Somos profissionais do trânsito de saberes.
Nele, também nós temos um pé em cada lado, também precisamos adquirir conhecimentos
especializados, estar em dia com o que se fala, elaborar este conhecimento. E passá-lo adiante de
forma eficaz, em alguma medida: na sala de aula, no consultório, no atendimento.
Fazer transitar conhecimentos de um plano a outro é operação instigante e delicada. O entre-
lugar como espaço da difusão do saber, é também o da sua transformação, que atinge ao mesmo
tempo os saberes pré-existentes. Nós, profissionais do trânsito de saberes, vivemos às voltas com
a necessidade de fazer circular esses saberes, torná-los efetivos, e para isso também precisamos
apropriar-nos deles. O entre-lugar é um espaço de circulação e criação por excelência, porque é o
espaço dos problemas, da mobilização resolutiva, da urgência colocada pelo real. Para responder
ao apelo da necessidade, nem sempre o trânsito é de mão única, nem sempre a origem é uma só.
O trânsito é o movimento durante o qual ocorre alguma mudança, que se configura no encontro
de saberes, quando o saber que acolhe se modifica tanto quanto o saber que aporta. Ele é o
processo pelo qual o conhecimento se transfere de um plano a outro.
Os sentidos do trânsito
A passagem de um plano a outro pode ocorrer em mais de um sentido. Pode ir da ciência, da
técnica, da especialização à conversação informal, como no caso clássico da psicanálise, estudado
por Moscovici(1961); dos princípios, da teoria, à aplicação, como no uso das normas de
biossegurança pelos dentistas em contato com pacientes possivelmente ‘de risco’. Pode ser a
passagem de uma visão generalizada, amplamente compartilhada, a uma mais restrita, de menor
extensão, como a transformação de representações hegemônicas em outras. Pode ser ainda da
visão particular de um grupo para a sua ampliação a audiências maiores, com a passagem de
representações polêmicas, típicas de minorias ativas, a outras, que expandem a adesão a tal
5. 5
visão, podendo até converter-se em representações hegemônicas – aquelas que atravessam todo
um conjunto mais amplo, que pode ser uma nação (Moscovici, 1988) . A importância da questão
ambiental no mundo atual, por exemplo, de início pregada apenas por uns poucos ‘iluminados’,
hoje se tornou uma preocupação global. Voltarei a esses aspectos mais adiante.
Abaixo apresento estes sentidos do trânsito que acabo de enunciar, e na sequência vou
desenvolver a proposta com exemplos da produção brasileira.
Tipos de
representação
Ciência-técnica à senso
comum = Represent soc.
Repres. hegemônica
à outras
Represent. polêmica
à outras à
repres.hegemônica
ELIMINAR
CASAS VAZIAS
ELIMINAR CASAS VAZIAS ELIMINAR CASAS
VAZIAS
ELIMINAR CASAS
VAZIAS
ELIMINAR
CASAS VAZIAS
ELIMINAR CASAS VAZIAS ELIMINAR CASAS
VAZIAS
ELIMINAR CASAS
VAZIAS
ELIMINAR
CASAS VAZIAS
ELIMINAR CASAS VAZIAS ELIMINAR CASAS
VAZIAS
ELIMINAR CASAS
VAZIAS
Antes de iniciar a apresentação do material, convém contextualizar resumidamente essa
produção brasileira e suas características, o que facilitará, espero, o entendimento deste tipo de
produção. Peço desculpas aos colegas brasileiros que já conhecem esta contextualização, que se
dirige em especial a nossos amigos de fora do Brasil.
Contexto da produção brasileira
A Psicologia, em particular a Psicologia Social, no Brasil, como na maior parte da América Latina, e
na Europa, passa por um período de dificuldades e efervescência a partir dos anos 60. Na década
seguinte, quando parte do continente se encontrava sob regimes autoritários, insatisfações e
novos olhares começaram a se manifestar. No fim dos anos 70, eles eram minoritários e se
expressavam sob formas propositivas, chegando a gerar algumas novas institucionalidades para a
disciplina, numericamente reduzidas na época: cursos de pós graduação com orientação para o
trabalho com a comunidade, teorização influenciada pela perspectiva marxista. Este conjunto de
6. 6
novidades redundava em uma focalização nos problemas locais, na questão social em nossos
países, e na busca de ferramentas mais adequadas para lidar com eles do que aquelas que a
psicologia social clássica fornecera até então. Esta fase de questionamento das formas de
produção do conhecimento da área e procura de novos caminhos ficou conhecida como a crise da
psicologia social.
A etapa que se segue, para uma parte da área, é marcada pelo interesse no simbólico e na
consciência, pela abertura para novas referências teóricas, renovação dos objetos de estudo, das
populações estudadas, que passam a incluir grupos e segmentos geralmente marginalizados ou
desfavorecidos de alguma forma. Há também uma maior incorporação das questões contextuais e
macroestruturais nos trabalhos da disciplina, facilitando o diálogo interdisciplinar. A situação
política no continente, na década de 80, começava a se distender, facilitando as trocas abertas
entre perspectivas críticas, o que repercutia na produção do conhecimento.
O início dos anos 80 apresentava, desta forma, um panorama que, embora ainda formatado pelo
paradigma dominante, oferecia um espaço propício à discussão de novas alternativas conceituais
e metodológicas, e é em 1982 que a Teoria das Representações Sociais desembarca oficialmente
na América Latina, pela Venezuela, a convite de Maria Auxiliadora Banchs, chegando ao Brasil em
seguida, numa visita de Denise Jodelet.
A vinda de Denise se pautou pela interdisciplinaridade. Convidada para trabalhar na montagem
de um projeto da UFPb1
sobre representações sociais da Saúde, em Campina Grande (Paraiba), ela
discutiu com profissionais da saúde mental, antropólogos e sociólogos. Em João Pessoa, trabalhou
com a Pós Graduação em Educação da UFPb. Em São Paulo, com a Pós Graduação em Psicologia
Social da PUC2
de São Paulo, com Silvia Lane, pioneira da psicologia social crítica brasileira dos
anos 70 e 80. A chegada da Teoria se fazia, portanto, atravessando os campos disciplinares.
Apesar da relativa abertura existente, contudo, o campo ainda era dominado pelo paradigma
experimentalista na área; como na Europa, os obstáculos epistemológicos se fizeram sentir. Por
sua vez, a imensidão do país, a dispersão dos pesquisadores familiarizados com a teoria,
concorreram para a demora da sua identificação como referente teórico importante para os
objetivos que a vertente crítica da psicologia social perseguia. Assim, não é de estranhar que ela
ganhasse espaço na saúde e na educação ao mesmo tempo e talvez com mais presença que na
própria psicologia social. Com efeito, nos países latinoamericanos, a tradição do acúmulo de
1
Universidade Federal da Paraiba
2
Pontifícia Universidade Católica
7. 7
problemas que atingem a maior parte da população está sempre cobrando soluções, e a teoria
das representações sociais apareceria como uma contribuição na busca delas nos anos 90.
No terceiro milênio, já se pode falar em um campo consolidado. Alguns marcos balizam esta
condição. A II Conferência Internacional sobre Representações Sociais ocorrida no Rio de Janeiro
em 1994 e a primeira Jornada Internacional sobre Representações Sociais em Natal, em 1998, que
recebeu as lideranças européias e latinoamericanas do campo foram dois deles. Daí em diante as
Jornadas, que também passaram a ser denominadas de Conferências Brasileiras sobre
representações sociais, se sucedem de dois em dois anos, a cada vez em um estado de uma região
diferente da federação. A última ocorreu em Brasília, em 2007, com cerca de mil inscritos.
A consolidação deste campo passa também por uma profusão de publicações, pela introdução do
tópico no programa de disciplinas de Psicologia Social na formação em Psicologia, pela presença
de disciplinas e linhas de pesquisa sobre representações sociais em programas de pós graduação,
pela existência de grupos de trabalho sobre elas na Associação Nacional de Pós Graduação em
Psicologia (ANPEPP). O Brasil abriga hoje também dois centros internacionais de pesquisa em
representações sociais, o primeiro em Educação, na Fundação Carlos Chagas, em São Paulo, e o
segundo na Psicologia Social, na Universidade de Brasília.
Outras áreas se aproximam também da Teoria, como Arquitetura, Direito e Odontologia, por
exemplo. Os encontros do campo contam com a participação de profissionais de múltiplas
disciplinas – historiadores, antropólogos, jornalistas, lingüistas, juristas, músicos, comprovando
sua tradição de passar fronteiras e de ferramenta heurística. Isto explica as características do que
vou apresentar em seguida, e o interesse pelo trânsito de saberes.
Debate e encontro de saberes na produção brasileira
O que passo a apresentar não pretende refletir de forma exaustiva nem sistemática a produção
brasileira, hoje já com proporções consideráveis. Trata-se de um recorte, inicialmente apoiado no
Scielo, ou seja, recorrendo a textos publicados em revistas bem qualificadas. Ao pedido de
localizar trabalhos publicados (em periódicos) sobre representações sociais responderam 276
produções. Foram selecionadas aquelas que trabalhassem com o trânsito e encontro de saberes
na perspectiva da teoria das representações sociais, e vou mostrar aqui as que melhor ilustram as
linhas que identifiquei para aquele trânsito. Também foram incluídos alguns artigos aceitos para
publicação oriundos de dissertações de mestrado de pós graduações aprovadas na área da Saúde
que respondiam aos mesmos critérios, e outros, que não constavam destas fontes, como
8. 8
capítulos de livros, que ilustrassem rubricas não atendidas pelo resto do material. Este conjunto
de materiais contém apenas trabalhos de a partir do ano 2000.
Os grandes focos deste material foram questões relativas a crianças e adolescentes, à AIDS, à
saúde mental e à saúde bucal, sugerindo que são temas a respeito dos quais ocorrem trânsitos de
saberes intensos. Estes temas às vezes se sobrepõem, como quando se estudam SIDA e
adolescência, ou observância terapêutica com crianças, o que significa dirigir-se às mães. A Saúde,
portanto, foi a área que mais apareceu para ilustrar o trânsito de saberes, com autores que são
médicos, dentistas, psicólogos e advogados. A seguir, a proposta anterior, agora desdobrada em
um quadro com exemplos de cada alternativa que ele oferece.
Neste quadro, as linhas apresentam os planos de saberes que se encontram e as colunas, os tipos
ou sistemas de representações que se transformam. Este conjunto de elementos tenta combinar
o trânsito dos saberes entre planos diferentes de conhecimento com a criação ou a mudança das
representações que ele provoca. A proposta assume, portanto, que o trânsito pode ocorrer em
sentidos diversos, e que também o sistema ou tipo de representação social que é acionado por
este trânsito, além de dinâmico, pode ser cumulativo com outro, não se encerrando
obrigatoriamente apenas em uma das colunas do quadro. A pesquisa de Li (2004 ) sobre a entrada
da China na era do mercado, que colocou lado a lado o interesse por viver bem, ligado ao
consumo e ao individualismo, e a filosofia do despojamento e primazia do coletivo características
da cultura milenar chinesa, dá exemplo da sobreposição de representações hegemônicas e
polêmicas, ambas em trânsito para a mudança.
Ciência-técnica à senso
comum
Repr. Hegemônica
à outras
Repr. polêmica à hegemônica
Especializado +
leigo
• Desnutrição. infantil
para mães
• Loucura, depres.
• Campanha contra o
câncer
• Vacina infantil para mães
9. 9
Especializado +
especializado
• Saúde do adolesc
• SIDA,
soropositividade
para dentistas
• Meio ambiente
para gestores
• Brasil para jovens
• Meio ambiente para m
ambientalistas
Leigo + leigo • Meio ambiente para m
ambientalistas
Os dois primeiros exemplos (1ª linha do quadro) conjugam a questão da observância e do público
infantil, e foram estudos a partir do depoimento das mães. Um, sobre a RS da desnutrição por
mães de crianças de baixo peso, se refere ao trânsito da ciência para o senso comum, com a
passagem do conhecimento especializado para o leigo. Tem um desfecho original, como será
mostrado. Outro, sobre a RS da vacina pelas mães, embora possa ser considerado do mesmo
sentido, acrescenta a ele a confirmação da passagem de uma representação polêmica a
hegemônica.
A pesquisa sobre representações sociais da desnutrição infantil para mães de crianças com baixo
peso (Hein, 2005; 1ª linha, 1ª coluna do quadro) teve como contexto o serviço público de saúde
num bairro do Rio de Janeiro que tentava aumentar captação e observância no tratamento da
desnutrição infantil (DI). Uma discussão inicial com os profissionais, a observação participante e
entrevistas com as mães, que se negavam a aceitar a denominação de desnutridos para seus
filhos, revelou a necessidade de aproximar-se destas. Elas constituíram dois grupos pesquisados,
o das que já haviam recebido alta clínica para seus filhos, tendo sido acompanhadas pelos
serviços de saúde durante vários anos, e o das que haviam chegado lá há menos de um ano. Os
resultados da pesquisa mostraram que para elas, a DI era associada ao descuido da mãe, falta de
recursos, morte; e objetivada em imagens esquálidas que aparecem nos media, necessidade de
acompanhamento médico. Já o baixo peso era visto como menos grave, razão subjacente à
decisão do grupo de intitular-se como grupo de mães de crianças com baixo peso. Ficou evidente
a divergência de visão das mães e dos profissionais e a diferença entre maior e menor vivência do
problema por parte delas. Um dos resultados positivos foi a mudança de representações sociais:
as mães, no decorrer do processo de investigação (sobre o qual foram consultadas e discutiram
10. 10
passo a passo), sentiram-se valorizadas e tornaram-se multiplicadoras, aumentando a captação; a
psicóloga autora estimulou e participou do aprendizado das mulheres, que resgataram e
transmitiram ao grupo velhos conhecimentos de nutrição herdados de suas mães, coroando assim
um encontro de saberes com trânsito de mão dupla.
Uma pesquisa sobre a representação social da vacinação infantil para as mães (Pugliesi 2007, 1ª
linha, 3ª coluna do quadro), após mais de 30 anos do Programa Nacional de Vacinação infantil,
que obtem há vários anos significativa observância das mães ao calendário vacinal, procedeu à
observação sistemática numa sala de vacinação dos serviços públicos de saúde do Rio de Janeiro,
aplicou questionário e evocação livre sobre VACINA a mães nulíparas e multíparas frequentadoras
daqueles serviços. O núcleo central encontrado foi composto pelos termos prevenção e proteção;
a periferia: bom, cuidado, responsabilidade. O questionário afirmou a força da prevenção – num
contexto histórico diverso do de 1904 (a Revolta da Vacina, em que a população reagiu à
imposição da mesma pelos serviços sanitários da cidade), as mães já falam do hábito de vacinar
que passa de geração a geração, como uma tradição, confirmando a mudança da representação
hegemônica: verificou-se a sintonia com o discurso da Epidemiologia, uma visão ativa e
consciente dos benefícios da imunização, que substituiu possíveis desconhecimentos ou
resistências
Estas duas pesquisas mostram processos bem sucedidos de trânsito de saberes. Numa, ele ocorre
praticamente durante o período de duração do trabalho, pouco mais de dois anos, e constituiu
uma verdadeira mão dupla, em que o olhar da teoria das representações operou uma
modificação na pesquisadora, facilitado pela sua sensibilidade, o tipo de pesquisa adotado (grupo
de discussão, participação das mulheres em decisões), o fato de que as mães tiveram que passar a
ser entrevistadas em suas casas. A pesquisa em si constituiu um laboratório que provocou
mudanças. A outra, mostra o processo exitoso da passagem de uma representação polêmica a
hegemônica num período mais longo, em torno de meio século, mostrando também o sucesso da
difusão de noções da epidemiologia, em sintonia com a disposição das mães para a prevenção e a
promoção da saúde de seus filhos.
Outras duas pesquisas (2ª linha do quadro, 1ª. coluna), ambas de médicas do Programa de Saúde
do Adolescente do Rio de Janeiro, funcionaram como diagnóstico para trabalhar problemas na
implementação do Programa, mostrando a dificuldade no trânsito do saber especializado para a
aplicação junto à população, e entre os dois universos.
11. 11
Conhecer a representação social da saúde do adolescente para ele e para os profissionais de
saúde, foi o objetivo da coordenadora do Programa de Saúde do Adolescente no Rio de Janeiro,
com o interesse de torná-lo mais efetivo, mais procurado pelos adolescentes (Branco, 2003). A
primeira parte se dirigiu aos profissionais de saúde. Saúde para os profissionais de unidades
envolvidas com o programa se expressava por meio de uma única palavra que compunha o núcleo
central: informação. A segunda parte do projeto se dirigiu aos adolescentes (Cromack, no prelo).
Saúde para os adolescentes de escolas das mesmas regiões se manifesta em um núcleo central
que reúne alimentação, hospital, importante, médico. Houve diferenças entre os adolescentes: o
núcleo central dos mais jovens:doença, felicidade, vida, e dos mais velhos: sistema de saúde
deficiente. A discrepância entre as representações dos dois grupos permitia problematizar o
atendimento que o programa oferecia. O retorno dos resultados aos profissionais, numa rodada
de oficinas em todo o Programa foi uma contribuição interessante, ao abrir espaço para o debate
sobre o descompasso entre as expectativas dos adolescentes e a visão dos profissionais, e a
melhor forma de os profissionais desempenharem seu papel no Programa, funcionando
efetivamente como agentes do debate de saberes.
As pesquisas envolvendo as representações sociais de SIDA são muito numerosas. As que vou
resumir são de dois tipos. A primeira, relativa a adolescentes, trata do trânsito do saber
especializado para o público adolescente. As duas outras descortinam uma nova preocupação de
um setor da saúde. Referem-se a dentistas e a sua relação com a prevenção e o cuidado a
pacientes HIV positivos. Aqui, se trata da aplicação por especialistas de um saber especializado,
ou seja, do trânsito da teoria à prática.
A primeira delas (Camargo et al. 2007; 2ª linha, 1ª coluna do quadro) investiga a representação
social de adolescentes de Florianópolis (Santa Catarina), sobre SIDA e a relação desta
representação com o conhecimento científico de estudantes de uma escola pública de
Florianópolis sobre o tema. O núcleo central, repetindo elementos já encontrados em estudos
anteriores - doença,morte, medo, sofrimento e preconceito – acrescenta mais dois novos itens:
prevenção e responsabilidade. Um questionário e um teste sobre conhecimento científico
mostraram que mais da metade dos estudantes (55%) não foi considerada bem informada
cientificamente quanto ao HIV/SIDA. A força da prevenção da SIDA, com características
pragmáticas, pode ser verificada, com maior ênfase na dimensão afetiva da RS do que no
conhecimento biomédico e científico sobre a doença
12. 12
As duas pesquisas de dentistas sobre problemas dos profissionais para atenderem soropositivos
para SIDA focalizaram o atendimento odontológico e as RS em torno de SIDA (Ragon, 2005;
Rodrigues, 2005, 2ª. linha, 1ª. coluna do quadro). Em ambas verificou-se a existência de
informação sobre a prevenção, dificuldade de incorporar conhecimentos sobre biossegurança e
SIDA, bem como práticas diferentes do discurso. Crenças e valores, temor, preconceito frente ao
paciente soropositivo apareceram, apesar de pouco contato dos dentistas com ele. A ênfase na
complexidade dos fatores envolvidos no conhecimento da questão e a necessidade de ir além da
dimensão racional mostrou-se importante para entendê-la e provocar mudança
Estas três pesquisas, portanto, colocam em pauta a questão dos afetos que SIDA desperta,
sublinhando a necessidade de levar em conta esta dimensão quando se lida com um problema
que mobiliza fantasmas, o medo do contágio e da morte. A informação, portanto, pode não ser
suficiente para lidar com questões que afetam as pessoas, e o saber especializado sofre um curto
circuito quando chega o momento da sua aplicação.
Mais duas pesquisas sobre o trânsito de um saber especializado para o público focalizam a saúde
mental. Uma, sobre a loucura, outra sobre a depressão, ambas com pessoas diagnosticadas com
transtornos psíquicos. A primeira (Brito, 2004, 1ª linha e 1ª coluna do quadro), realizada no Ceará
junto a familiares destas pessoas, verifica a produção das RS com fragmentos conceituais do
conhecimento científico veiculados pelo meio social; a presença de explicações míticas, espirituais
ou cósmicas revela dificuldade de dar sentido e o apelo a elementos do arcabouço cultural para
isso (por exemplo, a loucura devida à força da lua). A pesquisa, que adotou procedimentos
etnográficos, reconhece convergências com o trabalho de Jodelet.
A segunda pesquisa (Barros, 2006, 1ª linha e 1ª coluna do quadro) trabalha com a RS da
sintomatologia da depressão entre adolescentes de escolas particular e pública de João Pessoa
(Paraiba), portadores de depressão. Detecta que as RS não estão baseadas apenas no
conhecimento científico, nas comunicações informais, mas também no conjunto de problemas
práticos que estes jovens encontram no âmbito sociocultural, como o preconceito, as dificuldades
para lidar com suas condições de vida precárias, e o quanto isto os desconcerta em relação à sua
pertença e à identidade grupal. Estes aspectos se repartem diferentemente entre os dois tipos de
escola estudados: na escola particular aparecem elementos da Psicologia (causas afetivas,
psicológicas) e na escola pública, da Psicologia Social (inibições sociais, econômicas)
13. 13
Ainda no mesmo sentido – do especializado para o leigo -, uma outra pesquisa analisa campanhas
de saúde, destinadas a atingir o grande público (Ramos, 2007). Frente a um contexto de alta
mortalidade por câncer no Brasil, pouco avanço na prevenção, e da força da RS vinculada à morte,
foram feitas entrevistas com universitários sobre 7 slogans de campanhas. Detectou-se, a partir
delas, que os slogans são definidos com base no impacto (a morte), não na mobilização para a
prevenção; são eficazes para chocar, e em conseqüência, mobilizam defesas e resistência ao
impacto. Trata-se, portanto de uma mobilização defensiva. As campanhas apelam para a
autoestima, colocam o problema no plano individual. A ligação à fatalidade e a visão do câncer
como problema individual tornam a prevenção mais sujeita a obstáculos individuais, defesas
psíquicas. Em conclusão, RS do câncer, autoestima, relações indivíduo-coletividade, discursos de
gênero e caráter ideológico dos slogans são elementos psicossociais importantes a serem levados
em conta na elaboração de campanhas.
Repete-se aqui a forte presença dos afetos e de uma antiga representação hegemônica do câncer,
confirmando a necessidade de considerar outras dimensões para além do estritamente racional, e
ao mesmo tempo a visão crítica do modelo individualizante de saúde (cf. texto de Luisa Lima
sobre a presença do grupo como facilitador para a dissolução do estresse, neste volume)
Voltando ao trânsito do saber especializado entre especialistas, trago agora uma outra pesquisa,
que ilustra a retomada e a modificação de uma representação hegemônica.
Trata-se de um recorte e uma comparação entre duas pesquisas de uma série histórica (1992 e
1997) sobre meio ambiente por lideranças ambientalistas de seis segmentos sociais. Enfocou-se
os fatores culturais que facilitariam ou dificultariam consciência ambiental na sociedade brasileira
(Arruda, 2000). Os gestores ambientalistas retomam e retrabalham representações hegemônicas
da natureza, numa dupla elaboração: a exuberância e a abundância tanto podem sensibilizar, pelo
sentimento estético e o bem estar que provoca, quanto levar ao descaso, pela sensação de que
não importa o mau uso, uma vez que é inesgotável. As características do ‘brasileiro’ em relação ao
meio ambiente também são vistas por ângulos diferentes: a positivação das tradições indígenas e
africanas, respeitosas do meio ambiente, e a negatividade da herança colonial portuguesa,
predadora dos recursos naturais. Desta forma, a velha representação do Brasil como país de
natureza inesgotável está em processo de mudança, apresentando novas cores mas guardando
ainda algo do seu peso e caráter anterior. Este grupo constitui uma minoria ativa que dissemina a
semente para a modificação da representação hegemônica .
14. 14
Refletindo sobre o processo
Passo agora ao próprio trânsito que redunda no encontro de saberes, tentando pensá-lo como
processo psicossocial que se constitui de outros processos psicossociais. Um deles já foi
mencionado, é a comunicação. A comunicação é veículo e resultado deste trânsito, e para nossos
objetivos profissionais, ela importa para que esse trânsito se faça de forma a produzir um diálogo
criativo e construtivo. A TRS apresenta elementos que podem ser úteis.
Para que a comunicação aconteça como uma negociação produtiva, podemos pensar em mais de
um ângulo da questão. Um, o do próprio saber em trânsito. É preciso que aquilo que transita
encontre seu ancoradouro – ou seja, que ele ache um nicho no pensamento do grupo que ele está
a visitar, o que significa dizer que o grupo consiga acomodá-lo em algum lugar do seu repertório
de idéias e imagens. É preciso que este objeto ofereça figurabilidade para ser objetivado pelo
grupo. A substituição do termo ‘lepra’ por ‘hanseníase’, por exemplo, devido a uma
recomendação internacional de 1976 e à ação de minorias ativas, acabou vingando e modificando
todo um imaginário. As conseqüências positivas para a população atingida e para os serviços de
saúde hoje já são tangíveis (Oliveira, 2003). Um trabalho sobre representações sociais dos dois
termos para uma população que tem contato com o fenômeno indica a mudança de sentidos num
caso e noutro: a lepra guardando a marca fantasmática da morte e uma dissociação com relação
ao humano, que constrói o outro, portador da enfermidade, como alteridade radical, da qual se
quer distância,como mostrou Jodelet (1998 e 2005) enquanto a hanseníase aparece como mais
um item do repertório médico, uma doença passível de tratamento e cura.
O grupo é outro ângulo da questão. A ancoragem e a figurabilidade têm a ver com formas de
compatibilidade ou a possibilidade de interseção de repertórios, daí a importância de conhecer as
condições de produção das representações sociais, como tão bem explicou Jodelet (2001):
explorar as múltiplas inserções do interlocutor, os variados contextos, segundo Jesuino (2000) de
vai brotar a representação social que elabora o novo, promovendo seu movimento de um
universo para outro. O trabalho de Gervais e Jovchelovitch (1998) sobre a representação da saúde
para a comunidade chinesa que vive na Inglaterra trouxe uma interessante contribuição para o
entendimento da pouca freqüentação dos serviços de saúde por aquela comunidade. O olhar
antropológico, a aproximação à cultura daquele grupo e as formas como ela se modificava de uma
geração para outra em contato com o novo país de morada confirmam a vocação da TRS para
figurar como uma antropologia do mundo contemporâneo.
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O levantamento de representações sociais, neste sentido, pode fazer parte de um trabalho
diagnóstico (no sentido psicossociológico, não psicopatológico, claro) para intervenções em
planejamento.
Ainda quanto à construção da representação que será a via de passagem do novo a um outro
espaço que não o da sua criação, a entrada em cena da dimensão afetiva tem definitiva
incidência. Não só porque sempre está em pauta a avaliação da novidade, a atitude dos sujeitos,
mas porque os afetos perseguem todos os processos elaborativos, influenciam todos eles,
infletindo-os, trazendo interferências imprevistas, agrado ou medos, prazer ou angústias,
imaginários que desenharão o contorno do objeto (Arruda, 2007). Se pensarmos em outros
processos psicossociais que importam nessas circunstâncias, como a influência social - do grupo
ou de alguns personagens -, o peso das minorias ativas ao insistirem sobre seu ponto de vista,
logo ressalta a presença do afetivo.
Também não se pode esquecer que a produção de representações sociais implica também uma
negociação, ou várias negociações. Negociação de significados, de sentidos, de influências e
afetos, negociação entre medos e desejos, entre possibilidades de representar. Negociação entre
grupos e suas maneiras de ver, suas lutas por espaço igualmente. Negociações do indivíduo com o
grupo e seu acervo afetivo-nocional. As circunstâncias em que os saberes circulam e se ancoram
no universo de pensamento pré-existente, bem como a configuração política que envolve a
incorporação da novidade e a memória de experiências assemelháveis não podem, portanto, ser
esquecidas. Tudo isto faz parte do que nós, profissionais do trânsito de saberes, podemos
pesquisar para levar a bom termo nossa função de mediadores culturais.
Derivadas e conseqüências ...
Por fim, algumas derivadas e consequências do debate de saberes são conhecidas por nós. Os
problemas de comunicação, muitas vezes originados na incompreensão do universo de sentidos
que o interlocutor traz consigo, produzem o descompasso na comunicação. Este seria a
defasagem que gera a incomunicação. Um bom exemplo se encontra em Knauth (1997) que
discute como o atendimento médico a mulheres de baixa renda visando a prevenção do SIDA.,
pode se tornar contraproducente. A anamnese realizada pelo médico contém perguntas
consideradas por elas como ofensivas (se mantinham relações extra-conjugais, se usavam
camisinha etc.). As mulheres se sentiam humilhadas pelo profissional, ao serem associadas a
um(a) Outro(a) do(a) qual querem se demarcar, e a partir daí, tudo que ele lhes recomendasse
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perdia o valor. A comunicação entre planos diferentes pode então redundar em processos de
diferenciação e alterização que afastam os interlocutores em lugar de aproximá-los, esterilizando
o processo de trocas e seu objetivo.
Outra possibilidade é que o trânsito não se complete, e não aconteça a elaboração da
representação, caso já discutido por Celso Sá (1998), e que pode indicar que aquele objeto ainda
não está estruturado como uma representação para aquele grupo, seja porque que não tem a
relevância que se pensava para ele, seja porque não lhe foi apresentado sob a melhor forma para
o objetivo que se busca, seja porque o processo de elaboração ainda está em seu início. No
extremo oposto temos os processos de conversão, como o que apareceu na pesquisa sobre a RS
da desnutrição pelas mães de crianças de baixo peso, em que a psicóloga consegue convergir para
o olhar da sua clientela, e passa a compreender e compartilhar dos seus saberes.
Também pode ocorrer a mudança da representação, portanto, e convém lembrar que, quando se
trata de representações hegemônicas, que têm um enraizamento antigo e amplo, geralmente de
várias gerações, ela tende a ocorrer seja por uma mudança radical da situação ou das práticas,
seja no longo prazo. Por último, também acontece a aproximação de saberes e o diálogo
construtivo, bem negociado, como vimos em alguns exemplos.
À guisa de síntese
O debate ocorre, portanto, entre saberes diversificados e em sentidos diferentes. No caso do
encontro de saberes especializados com os leigos, podem acontecer a resistência, o confronto de
lógicas diferentes; a modificação do saber difundido, do outro saber, a hibridação de saberes,a
mudança das RS. Processos psicossociais intervêm neste encontro e a importância das dimensões
presentes na elaboração do saber, inclusive a afetiva, é inegável. Entender o
encontro/debate/elaboração deste saber implica a compreensão das diferenças, a facilitação do
diálogo e é a base para mudança das RS
Espero que este curto panorama de pesquisas e reflexões sobre este aspecto da produção
brasileira tenha mostrado algumas características desta e possa contribuir de alguma forma para
os colegas vislumbrarem o interesse da Teoria das Representações Sociais para nós, que além de
profissionais do trânsito de saberes somos também profissionais envolvidos com os problemas
locais e com as transformações globais e suas conseqüências.
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