O documento apresenta os principais aspectos da teoria e da poesia simbolistas, destacando a busca da subjetividade, a valorização do inconsciente, a preferência por sugerir em vez de nomear e a concepção mística do mundo. Dois poemas de Cruz e Souza são analisados como exemplos do simbolismo, demonstrando temas como a elevação espiritual e a musicalidade na linguagem.

1. HISTÓRIA DA LITERATURA
Manoel Neves
SIMBOLISMO

2. TEORIA DA POESIA SIMBOLISTA

3. TEORIA DA POESIA SIMBOLISTA
poesia que visa a representar uma realidade subjetiva;
manifestações metafísicas e espirituais [poesia filosófica/religiosa];
busca da essência do ser humano [poesia filosófica/religiosa];
valorização do inconsciente e do subconsciente;
purificação do espírito.

4. SOUZA, Cruz e. Monja. Disponível em: http://jornaldepoesia.jor.br. Acesso: 01 jan. 2016.
Ó Lua, Lua triste, amargurada,
fantasma de brancuras vaporosas,
a tua nívea luz ciliciada
faz murchecer e congelar as rosas.
Nas floridas searas ondulosas,
cuja folhagem brilha fosforeada,
passam sombras angélicas, nivosas,
lua, Monja da cela constelada.
Filtros dormentes dão aos lagos quietos,
ao mar, ao campo, os sonhos mais secretos,
que vão pelo ar, noctâmbulos, pairando...
Então, ó Monja branca dos espaços,
parece que abres para mim os braços,
fria, de joelhos, trêmula, rezando...
lirismo amoroso: espiritualização do amor
Ó Lua, Lua triste, amargurada,
fantasma de brancuras vaporosas,
a tua nívea luz ciliciada
faz murchecer e congelar as rosas.
Nas floridas searas ondulosas,
cuja folhagem brilha fosforeada,
passam sombras angélicas, nivosas,
lua, Monja da cela constelada.
Filtros dormentes dão aos lagos quietos,
ao mar, ao campo, os sonhos mais secretos,
que vão pelo ar, noctâmbulos, pairando...
Então, ó Monja branca dos espaços,
parece que abres para mim os braços,
fria, de joelhos, trêmula, rezando...
lirismo filosófico: caráter religioso: lua/monja
Ó Lua, Lua triste, amargurada,
fantasma de brancuras vaporosas,
a tua nívea luz ciliciada
faz murchecer e congelar as rosas.
Nas floridas searas ondulosas,
cuja folhagem brilha fosforeada,
passam sombras angélicas, nivosas,
lua, Monja da cela constelada.
Filtros dormentes dão aos lagos quietos,
ao mar, ao campo, os sonhos mais secretos,
que vão pelo ar, noctâmbulos, pairando...
Então, ó Monja branca dos espaços,
parece que abres para mim os braços,
fria, de joelhos, trêmula, rezando...
branco: metáfora recorrente na obra de Cruz e Souza; aqui, remete à pureza e à elevação
Ó Lua, Lua triste, amargurada,
fantasma de brancuras vaporosas,
a tua nívea luz ciliciada
faz murchecer e congelar as rosas.
Nas floridas searas ondulosas,
cuja folhagem brilha fosforeada,
passam sombras angélicas, nivosas,
lua, Monja da cela constelada.
Filtros dormentes dão aos lagos quietos,
ao mar, ao campo, os sonhos mais secretos,
que vão pelo ar, noctâmbulos, pairando...
Então, ó Monja branca dos espaços,
parece que abres para mim os braços,
fria, de joelhos, trêmula, rezando...

5. ASPECTOS TEMÁTICOS

6. TEMAS DA POESIA SIMBOLISTA
valorização dos sentidos e das emoções;
correspondência simbólica entre o mundo visível e o das essências;
prefere-se sugerir a nomear;
concepção mística [espiritual] do mundo;
desejo de transcendência [elevação];
poetas nefelibatas [habitam as nuvens];
valorização do mundo pré-lógico.

7. SOUZA, Cruz e. Siderações. Disponível em: http://jornaldepoesia.jor.br. Acesso: 01 jan. 2016.
Para as Estrelas de cristais gelados
As ânsias e os desejos vão subindo,
Galgando azuis e siderais noivados
De nuvens brancas a amplidão vestindo...
Num cortejo de cânticos alados
Os arcanjos, as cítaras ferindo,
Passam, das vestes nos troféus prateados,
As asas de ouro finamente abrindo...
Dos etéreos turíbulos de neve
Claro incenso aromal, límpido e leve,
Ondas nevoentas de Visões levanta...
E as ânsias e os desejos infinitos
Vão com os arcanjos formulando ritos
Da Eternidade que nos Astros canta...
poesia filosófica: elevação: ânsia/desejo/cântico
Para as Estrelas de cristais gelados
As ânsias e os desejos vão subindo,
Galgando azuis e siderais noivados
De nuvens brancas a amplidão vestindo...
Num cortejo de cânticos alados
Os arcanjos, as cítaras ferindo,
Passam, das vestes nos troféus prateados,
As asas de ouro finamente abrindo...
Dos etéreos turíbulos de neve
Claro incenso aromal, límpido e leve,
Ondas nevoentas de Visões levanta...
E as ânsias e os desejos infinitos
Vão com os arcanjos formulando ritos
Da Eternidade que nos Astros canta...
o simbolismo prefere sugerir a nomear
metáfora [ânsia/desejo/cântico: preces] preferência por realidades vagas e imprecisas
Para as Estrelas de cristais gelados
As ânsias e os desejos vão subindo,
Galgando azuis e siderais noivados
De nuvens brancas a amplidão vestindo...
Num cortejo de cânticos alados
Os arcanjos, as cítaras ferindo,
Passam, das vestes nos troféus prateados,
As asas de ouro finamente abrindo...
Dos etéreos turíbulos de neve
Claro incenso aromal, límpido e leve,
Ondas nevoentas de Visões levanta...
E as ânsias e os desejos infinitos
Vão com os arcanjos formulando ritos
Da Eternidade que nos Astros canta...

8. ASPECTOS FORMAIS

9. ELEMENTOS FORMAIS DA POESIA SIMBOLISTA
musicalidade [figuras fonéticas + vocabulário que faz referência à música]
sinestesia [concretização da teoria das correspondências: mistura de sensações];
linguagem vaga e imprecisa [não mostra, apenas sugere];
maiúsculas alegorizantes [símbolo/personificação].

10. SOUZA, Cruz e. Antífona. Disponível em: http://jornaldepoesia.jor.br. Acesso: 01 jan. 2016. Fragmento.
Ó Formas alvas, brancas, Formas claras
De luares, de neves, de neblinas!...
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incensos dos turíbulos das aras... [...]
Indefiníveis músicas supremas,
Harmonias da Cor e do Perfume...
Horas do Ocaso, trêmulas, extremas,
Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume...
Visões, salmos e cânticos serenos,
Surdinas de órgãos flébeis, soluçantes...
Dormências de volúpicos venenos
Sutis e suaves, mórbidos, radiantes...
Infinitos espíritos dispersos,
Inefáveis, edênicos, aéreos,
Fecundai o Mistério destes versos
Com a chama ideal de todos os mistérios.
poema metalinguístico
Ó Formas alvas, brancas, Formas claras
De luares, de neves, de neblinas!...
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incensos dos turíbulos das aras... [...]
Indefiníveis músicas supremas,
Harmonias da Cor e do Perfume...
Horas do Ocaso, trêmulas, extremas,
Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume...
Visões, salmos e cânticos serenos,
Surdinas de órgãos flébeis, soluçantes...
Dormências de volúpicos venenos
Sutis e suaves, mórbidos, radiantes...
Infinitos espíritos dispersos,
Inefáveis, edênicos, aéreos,
Fecundai o Mistério destes versos
Com a chama ideal de todos os mistérios.
poema metafísico/filosófico
Ó Formas alvas, brancas, Formas claras
De luares, de neves, de neblinas!...
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incensos dos turíbulos das aras... [...]
Indefiníveis músicas supremas,
Harmonias da Cor e do Perfume...
Horas do Ocaso, trêmulas, extremas,
Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume...
Visões, salmos e cânticos serenos,
Surdinas de órgãos flébeis, soluçantes...
Dormências de volúpicos venenos
Sutis e suaves, mórbidos, radiantes...
Infinitos espíritos dispersos,
Inefáveis, edênicos, aéreos,
Fecundai o Mistério destes versos
Com a chama ideal de todos os mistérios.
forte musicalidade
Ó Formas alvas, brancas, Formas claras
De luares, de neves, de neblinas!...
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incensos dos turíbulos das aras... [...]
Indefiníveis músicas supremas,
Harmonias da Cor e do Perfume...
Horas do Ocaso, trêmulas, extremas,
Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume...
Visões, salmos e cânticos serenos,
Surdinas de órgãos flébeis, soluçantes...
Dormências de volúpicos venenos
Sutis e suaves, mórbidos, radiantes...
Infinitos espíritos dispersos,
Inefáveis, edênicos, aéreos,
Fecundai o Mistério destes versos
Com a chama ideal de todos os mistérios.
uso de símbolo/maiúsculas alegorizantes
Ó Formas alvas, brancas, Formas claras
De luares, de neves, de neblinas!...
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incensos dos turíbulos das aras... [...]
Indefiníveis músicas supremas,
Harmonias da Cor e do Perfume...
Horas do Ocaso, trêmulas, extremas,
Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume...
Visões, salmos e cânticos serenos,
Surdinas de órgãos flébeis, soluçantes...
Dormências de volúpicos venenos
Sutis e suaves, mórbidos, radiantes...
Infinitos espíritos dispersos,
Inefáveis, edênicos, aéreos,
Fecundai o Mistério destes versos
Com a chama ideal de todos os mistérios.
sinestesia
Ó Formas alvas, brancas, Formas claras
De luares, de neves, de neblinas!...
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incensos dos turíbulos das aras... [...]
Indefiníveis músicas supremas,
Harmonias da Cor e do Perfume...
Horas do Ocaso, trêmulas, extremas,
Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume...
Visões, salmos e cânticos serenos,
Surdinas de órgãos flébeis, soluçantes...
Dormências de volúpicos venenos
Sutis e suaves, mórbidos, radiantes...
Infinitos espíritos dispersos,
Inefáveis, edênicos, aéreos,
Fecundai o Mistério destes versos
Com a chama ideal de todos os mistérios.
manifesto da poesia simbolista