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O homem,
de Aluísio Azevedo
Manoel Neves
O HOMEM
aspecto historiográficos
1887
naturalismo	
estudo	de	um	caso	de	histeria	
origens do naturalismo
Thèrése	Raquin,	de	Émile	Zola	
Personagens	 dominados	 ao	 máximo	 por	 seus	 nervos	 e	 por	 seu	 sangue,	 desprovidos	 do	 livre	
arbítrio,	arrastados	a	cada	ato	de	sua	vida	pela	fatalidade	da	carne.
O HOMEM
o discurso naturalista
O HOMEM
o discurso naturalista
Trinta	a	trinta	e	cinco	anos.	Elegante,	louro,	meio	calvo,	barba	rente	espetando	no	queixo	de	
duas	pontas	de	saca-rolha...	quanto	ao	vil	metal,	não	Bnha	nem	pouco,	nem	muito;	era	pobre,	
pobre	como	o	país	onde	nascera;	mas	descendia	em	linha	reta	de	uma	família	portuguesa	muito	
ilustre	pelo	sangue,	e	em	cujos	primeiros	galhos	até	príncipes	apontavam.	Vivia	a	custo	de	um	
cavalo	igualmente	puro	no	sangue	e	na	raça,	com	o	qual	apostava	no	Prado.	
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O HOMEM
o discurso naturalista
Ora	aí	tem!	É	a	febre	histérica!	Classificou	logo	o	Dr.	Lobão.	E,	em	resposta	às	perguntas	do	
Conselheiro,	despejou	um	chorrilho	de	nomes	técnicos,	dizendo	que	‘Aquilo	não	podia	ser	febre	
Bfóide,	 nem	 Ter	 sua	 origem	 na	 flegmasia	 encefálica,	 nem	 tão	 pouco	 na	 alteração	 de	 algum	
órgão	esplâncnico,	porque	uma	meningite,	ou	uma	encefalite	ou	mesmo	a	febre	Bfoide	comum	
não	poderiam	chegar	àquele	grau,	porque	não	havia	doente	capaz	de	resisBr!	
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O HOMEM
o discurso naturalista
Rouquejava	gemidos	que	iam	se	transformando	num	pigarro	conVnuo;	as	suas	pupilas	estavam	
já	imóveis	e	veladas;	escorria-lhe	das	ventas	e	da	boca	aberta,	como	um	buraco	feito	na	cara,	
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O HOMEM
o discurso naturalista
–	Não	precisas	de	nobreza;	não	precisas	de	ciências;	não	precisas	de	dinheiro!	Então	de	que	
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–	 Um	 homem!	 Quanta	 desfarçatez!	 De	 que	 precisavas,	 grandíssima	 desavergonhada,	 era	 de	
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O HOMEM
o discurso naturalista
Foi	 um	 sucesso	 em	 todo	 o	 quarteirão	 a	 chegada	 desta	 velha	 relíquia	 dos	 bons	 tempos:	 os	
vizinhos	do	Luiz	assomaram	à	janela...	O	corBço	inteiro	agitou-se;	as	lavadeiras	abandonaram	as	
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que	a	cama	chegava,	degalgou	o	morro	e	precipitou-se	de	carreira	para	o	corBço,	nu	da	cintura	
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O HOMEM
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O HOMEM
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Criador	seu	ao	homem	vesículas	seminais,	e	ovário	à	mulher,	para	que	eles	se	correspondessem,	
e	se	amassem,	e	se	reproduzisse.	Só	nos	amando	assim,	como	agora	nos	amamos,	podemos	
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O HOMEM
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O HOMEM
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O HOMEM
o discurso poético
Venha	o	meu	amado	para	o	seu	jardim,	e	coma	o	fruto	das	suas	macieiras.	Eu	vim	para	o	meu	
jardim,	irmã	minha	esposa;	sequei	a	minha	mirra	aromáBca;	comi	o	fato	de	mel;	bebi	o	meu	
vinho	com	o	meu	leite.	Comei,	amigos,	e	bebei,	e	embriagai-vos,	caríssimos!	Eu	durmo	e	o	meu	
coração	vela;	eis	a	voz	do	meu	amado	que	bate,	dizendo:	–	Abre-me,	irmã	minha,	pomba	minha,	
imaculada	minha,	porque	sinto	a	cabeça	cheia	de	orvalho,	e	me	estão	correndo	pelos	anéis	do	
cabelo,	as	gotas	da	noite.	
o	diálogo	intertextual	com		Cantares,	de	Salomão,	rela5viza	o	discurso	cien>fico
O HOMEM
o discurso poético
Ele	 tomou	 Magdá	 nos	 braços	 e	 correu	 para	 a	 gruta,	 que	 em	 verdade,	 era	 muito	 perto	 dali.	
ConsisBa	 numa	 grande	 rocha	 negra,	 toca	 encipoada	 de	 heras	 e	 parasitas	 com	 uma	 pequena	
fenda	que	mal	dava	passagem	a	uma	só	pessoa	de	cada	vez.	O	cavouqueiro	transpôs	a	brecha	e	
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O HOMEM
lendo o naturalismo
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Les	passions	et	les	affecBons	morales	tristes	sont	les	seules	qui	prédisposent	à	l’histérie.	
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O HOMEM
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plano	da	realidade	
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saber	estabelecido	pela	sociedade	patriarcal	
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O HOMEM
enredo, plano da realidade 01
Magdá	e	Fernando	são	criados	juntos	e	começam	a	se	interessar	um	pelo	outro;	o	Conselheiro	
Pinto	Marques	avisa	a	Fernando	que	ele	não	se	pode	casar	com	Magdá	porque	eles	são	irmãos;	
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frequentemente;	o	doutor	Lobão	sugere	o	casamento	como	cura	para	os	males	da	moça;	o	pai	dá	
festas	par	arrumar	pretendentes	para	Magdá;	ela,	no	entanto,	não	escolhe	pretendente	algum;	
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e	certa	viagem	que	fizera	à	Europa;	as	crises	se	intensificam	e	a	família	se	muda	para	uma	chácara,	
afastada	do	centro;	Magdá	conhece	um	trabalhador	braçal	[Luiz]	e	se	interessa	por	ele;	depois	de	
ser	conduzida	pedreira	abaixo	pelo	trabalhador,	começa	a	sonhar	ininterruptamente	com	ele;	a	
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consumida	pela	doença;	vive	apenas	para	os	sonhos;	convida	os	noivos	Rosinha	e	Luiz	para	uma
O HOMEM
enredo, plano da realidade 02
visita	em	sua	casa;	oferece-lhes	um	cálice	do	remédio	que	tomava	[contra	a	histeria];	os	jovens	
noivos	morrem	intoxicados;	Magdá	é	conduzida	para	a	clínica	de	alienados	do	doutor	Lobão.
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Magdá	lê	muito	a	Bíblia,	principalmente	o	“Cantares”	e	reza	a	oração	que	lhe	ensinara	a	Ba:	
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a	presença	da	“ilha”	[onde	vive	com	Luiz	e	Fernando];	no	plano	da	realidade,	é	recolhida	à	casa	
de	saúde	do	doutor	Lobão.
O HOMEM
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principiava	a	chegar	gente;	surgiam	homens	de	palito	na	boca,	o	colete	desabotoado	sobre	o	
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O HOMEM
aspectos temáticos
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O HOMEM
aspectos temáticos
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O HOMEM
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O HOMEM
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O HOMEM
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Magdá	precisa	copular	
sociedade	patriarcal	
a	mulher	nasceu	para	a	procriação	
espaço	da	ordem	
contenção	
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espaço	dos	sonhos	
Magdá	nega-se	a	seguir	o	script	predeterminado	
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O discurso naturalista e poético em O homem

  • 1. O homem, de Aluísio Azevedo Manoel Neves
  • 2. O HOMEM aspecto historiográficos 1887 naturalismo estudo de um caso de histeria origens do naturalismo Thèrése Raquin, de Émile Zola Personagens dominados ao máximo por seus nervos e por seu sangue, desprovidos do livre arbítrio, arrastados a cada ato de sua vida pela fatalidade da carne.
  • 3. O HOMEM o discurso naturalista
  • 4. O HOMEM o discurso naturalista Trinta a trinta e cinco anos. Elegante, louro, meio calvo, barba rente espetando no queixo de duas pontas de saca-rolha... quanto ao vil metal, não Bnha nem pouco, nem muito; era pobre, pobre como o país onde nascera; mas descendia em linha reta de uma família portuguesa muito ilustre pelo sangue, e em cujos primeiros galhos até príncipes apontavam. Vivia a custo de um cavalo igualmente puro no sangue e na raça, com o qual apostava no Prado. obje5vidade na descrição dos 5pos humanos, tendendo à caricatura
  • 5. O HOMEM o discurso naturalista Ora aí tem! É a febre histérica! Classificou logo o Dr. Lobão. E, em resposta às perguntas do Conselheiro, despejou um chorrilho de nomes técnicos, dizendo que ‘Aquilo não podia ser febre Bfóide, nem Ter sua origem na flegmasia encefálica, nem tão pouco na alteração de algum órgão esplâncnico, porque uma meningite, ou uma encefalite ou mesmo a febre Bfoide comum não poderiam chegar àquele grau, porque não havia doente capaz de resisBr! predileção pelas teorias pseudocien>ficas
  • 6. O HOMEM o discurso naturalista Rouquejava gemidos que iam se transformando num pigarro conVnuo; as suas pupilas estavam já imóveis e veladas; escorria-lhe das ventas e da boca aberta, como um buraco feito na cara, uma grossa mucosidade esverdinhada e fedenBnosa. aspectos grotescos, sórdidos e repugnantes
  • 7. O HOMEM o discurso naturalista – Não precisas de nobreza; não precisas de ciências; não precisas de dinheiro! Então de que diabo precisas tu? – De um homem... – Um homem! Quanta desfarçatez! De que precisavas, grandíssima desavergonhada, era de uma boa carga de pau, para te apagar o fogo do rabo! o ser humano é escravo de sua natureza, de seus ins5ntos
  • 8. O HOMEM o discurso naturalista Foi um sucesso em todo o quarteirão a chegada desta velha relíquia dos bons tempos: os vizinhos do Luiz assomaram à janela... O corBço inteiro agitou-se; as lavadeiras abandonaram as Bnas e os coradouros e vieram ruidosamente ao portão da estalagem, com os braços nus, saias arrepolhadas no quadril, mostrando pernas sem meias e grossos pés meBdos em tamancos; a pequenada descalça acompanhava os carregadores numa grande algazarra... Luiz, lá do alto da pedreira, onde estava trabalhando a essas horas, mal compreendeu pelo movimento da rua, que a cama chegava, degalgou o morro e precipitou-se de carreira para o corBço, nu da cintura para cima, muito suado e coberto do pó branco da pedreira. observação de grupos sociais, mormente de classe baixa
  • 9. O HOMEM o discurso naturalista Faz lásBma que um organismo tão rico e tão bom para procriar, se sacrifique desse modo! Enfim – ainda não é tarde; mas se ela não casar quanto antes – hum hum! Não respondo pelo resto. determinismo
  • 10. O HOMEM o discurso naturalista Sim, Magdá, tudo o que vem das suas mãos de pai traz o germe do amor, que é a vida. A própria terra nada mais é do que um grande ovo, que ele incuba com a calentura do seu amor eterno! O Criador seu ao homem vesículas seminais, e ovário à mulher, para que eles se correspondessem, e se amassem, e se reproduzisse. Só nos amando assim, como agora nos amamos, podemos glorificá-lo, porque o amor é a perpetuidade de sua obra. o homem é uma máquina guiada por leis Esico-químicas
  • 11. O HOMEM o discurso naturalista Respondeu a criada a fungar forte, como um animal que procura descobrir alguma coisa pelo faro. zoomorfismo
  • 12. O HOMEM o discurso poético
  • 13. O HOMEM o discurso poético Venha o meu amado para o seu jardim, e coma o fruto das suas macieiras. Eu vim para o meu jardim, irmã minha esposa; sequei a minha mirra aromáBca; comi o fato de mel; bebi o meu vinho com o meu leite. Comei, amigos, e bebei, e embriagai-vos, caríssimos! Eu durmo e o meu coração vela; eis a voz do meu amado que bate, dizendo: – Abre-me, irmã minha, pomba minha, imaculada minha, porque sinto a cabeça cheia de orvalho, e me estão correndo pelos anéis do cabelo, as gotas da noite. o diálogo intertextual com Cantares, de Salomão, rela5viza o discurso cien>fico
  • 14. O HOMEM o discurso poético Ele tomou Magdá nos braços e correu para a gruta, que em verdade, era muito perto dali. ConsisBa numa grande rocha negra, toca encipoada de heras e parasitas com uma pequena fenda que mal dava passagem a uma só pessoa de cada vez. O cavouqueiro transpôs a brecha e em seguida fez entrar a companheira. uso de metáforas de cunho eró5co
  • 15. O HOMEM lendo o naturalismo as epígrafes Les passions et les affecBons morales tristes sont les seules qui prédisposent à l’histérie. L’alienaBon est, à bien considérer, une douler; la malher est au fond du plus grand nombre de vésanies. Tu a amar-me e eu a amar-te:/ Não sei qual será mais firme!/ Eu como o sol a buscar-te;/ Tu como sombra a fugir-me. Le sommeil est une façon d’exister tout aussi réele et plus générale qu’aucune autre. os temas antecipados paixão histeria loucura discurso amoroso fantasia [sonho]
  • 16. O HOMEM aspectos gerais breve comentário sobre o enredo a críBca aponta duas fontes intertextuais que corroboraram para a composição do romance Thèrese Raquin, de Émile Zola Um mâle, de Camile Lamonier discursos presentes na obra duas vozes se encontram e se relaBvizam na obra de Azevedo o discurso naturalista o discurso poéBco plano da realidade cienBficismo e determinismo saber estabelecido pela sociedade patriarcal plano da alucinação intertextualidade com o texto bíblico relaBvização do discurso cienBficista
  • 17. O HOMEM enredo, plano da realidade 01 Magdá e Fernando são criados juntos e começam a se interessar um pelo outro; o Conselheiro Pinto Marques avisa a Fernando que ele não se pode casar com Magdá porque eles são irmãos; Fernando se afasta de Magdá, que conBnua esperando o pedido de casamento após a formatura; Fernando se forma e não pede a mão de Magdá; esta tem uma crise de nervos, depois da qual o pai diz que ela não poderia se casar com Fernando porque era irmã dele; Magdá parece aceitar a realidade; Fernando viaja para a Europa e morre por lá; a filha do Conselheiro começa a ter crises frequentemente; o doutor Lobão sugere o casamento como cura para os males da moça; o pai dá festas par arrumar pretendentes para Magdá; ela, no entanto, não escolhe pretendente algum; a jovem acaba por buscar refúgio na religião; para tanto, corroboram a Ba velha, irmã de Marques, e certa viagem que fizera à Europa; as crises se intensificam e a família se muda para uma chácara, afastada do centro; Magdá conhece um trabalhador braçal [Luiz] e se interessa por ele; depois de ser conduzida pedreira abaixo pelo trabalhador, começa a sonhar ininterruptamente com ele; a protagonista começa a confundir alucinação e realidade; decrépita, alimenta-se mal e vai sendo consumida pela doença; vive apenas para os sonhos; convida os noivos Rosinha e Luiz para uma
  • 18. O HOMEM enredo, plano da realidade 02 visita em sua casa; oferece-lhes um cálice do remédio que tomava [contra a histeria]; os jovens noivos morrem intoxicados; Magdá é conduzida para a clínica de alienados do doutor Lobão.
  • 19. O HOMEM enredo, plano da alucinação Magdá lê muito a Bíblia, principalmente o “Cantares” e reza a oração que lhe ensinara a Ba: Jesus, filho de Maria, príncipe dos céus e rei na terra, senhor dos homens, amado meu, esposo de minha alma, vale-me tu, que és a minha salvação e o meu amor! Esconde-me, querido, com o teu manto, que o leão me cerca! Protege-me contra mim mesma! Esconjura o bicho imundo que habita minha carne e suja minha alma! Salva-me! Não me deixes cair em pecado de luxúria, que eu sinto já as línguas do inferno me lambendo as carnes do meu corpo e enfiando-se pelas minhas veias! ... Amado de meu coração, espero-te esta noite no meu sonho, deitada de ventre para cima, com os peitos bem abertos, para que tu me penetres até no fundo de minhas entranhas e me ilumines toda por dentro com a luz do teu espírito! depois de ter sido conduzida por Luiz, nos braços, após ter desmaiado no alto da pedreira, a filha do Conselheiro Pinto Marques começa a ter sonhos eróBcos com o trabalhador; nos primeiros sonhos, a protagonista consegue disBnguir a realidade da alucinação; entretanto, à medida que a histeria avança, os dois planos se fundem na cabeça de Magdá; em sua existência duplicada, a filha do Conselheiro tem um filho com Luiz; já debilitada pela doença, Magdá acaba por preferir o mundo dos sonhos; depois de, no plano da realidade, matar Luiz e Rosinha, a protagonista alucina a presença da “ilha” [onde vive com Luiz e Fernando]; no plano da realidade, é recolhida à casa de saúde do doutor Lobão.
  • 20. O HOMEM aspectos temáticos a representação da mulher 01. representante da elite que vive um delírio eró5co com um representante da plebe; [o vampirismo presente num dos sonhos aponta para a exploração das classes populares] 02. a protagonista pertence a uma família patriarcal, aristocrá5ca; [criada pelo pai, orientada intelectualmente pelo irmão e tutelada pelo doutor Lobão] 03. Magdá tem orgulho de classe e trata com desprezo os represententes das classes baixas: principiava a chegar gente; surgiam homens de palito na boca, o colete desabotoado sobre o ventre; calcinhas brancas, curtas e malfeitas, mostrando botas empoeiradas; gorduras feias dos climas abrasados; hidroceles obscenas; chapéus altos ensalitrados de suor. Mulheres da Cidade Nova, com umas caras reluzentes, vermelhas como se acabassem de ser esbofeteadas; portuguesas monstruosas, com umas ancas que pediam palmadas, os pés túrgidos em sapatos de pano preto sem feiBo. “Uma gente impossível!” Magda via-os a todos, um por um, enjoada, com o narizinho torcido e cheia de uma secreta vontade de chicoteá-los
  • 21. O HOMEM aspectos temáticos papeis destinados à mulher 01. mesmo na Ilha, os modelos da sociedade patriarcal se reproduzem [móveis, maternidade]; 02. a protagonista é um nega5vo da feminilidade ideal; [rejeita pretendentes, não se casa, não procria, inscreve em seu corpo os sintomas da loucura] 03. reflete o papel histórico da mulher na sociedade [loucura em oposição à razão (pai e pelo médico); destrói o objeto de desejo da outra] 04. nega-se a encenar o papel que a sociedade des5na às mulheres [mergulha no sonho e ali vive intensamente o delírio de uma plenitude eróBca].
  • 22. O HOMEM aspectos temáticos lendo o título desejo, carência Jesus Cristo concreBzado na figura de Luiz presenBficado no Cristo de marfim e nos sonhos
  • 23. O HOMEM aspectos temáticos o substrato religioso Magdá o nome da protagonista funciona como emblema do pecado e do arrependimento a formação da personagem foi educada por freiras num colégio interno + lições da Ba Camila + viagem à Europa o Cristo de marfim sexualizado nos delírios de Magdá; é um dos duplos de Fernando [amor ideal da protagonista] an5clericalismo o doutor Lobão criBca veementemente a beaBce de Tia Camila
  • 24. O HOMEM aspectos temáticos fontes intertextuais “Cantares”, de Salomão história de Abelardo e Heloísa Pietá os elementos poéBcos presentes na linguagem dos sonhos de Magdá são análogos ao discurso bíblico Abelardo tem um filho com a filha do cônego Fulbert e, por isso, foi castrado; há inúmeras referências a estátuas, dentre as quais a de Pietá e a de um homem forte com um cachorro
  • 25. O HOMEM aspectos temáticos o discurso cienBficista o discurso poéBco Doutor Lobão discurso ultrapassado Magdá precisa copular sociedade patriarcal a mulher nasceu para a procriação espaço da ordem contenção Magdá espaço dos sonhos Magdá nega-se a seguir o script predeterminado críBca ao patriarcalismo revelação do desejo da mulher espaço do prazer e da realização eróBca transbordamento
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