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R. Katál., Florianópolis, v. 14, n. 1, p. 86-94, jan./jun. 2011
O Banco Mundial e a educação superior brasileira na
primeira década do novo século
Kátia Regina de Souza Lima
Universidade Federal Fluminense (UFF)
Recebido em 07.06.2010.Aprovado em 20.01.2011.
ENSAIO
O Banco Mundial e a educação superior brasileira na primeira década do novo século
Resumo: O artigo analisa as políticas promovidas pelo Banco Mundial para a educação superior dos países periféricos nos anos 1990
e na primeira década do novo século. Considera que as diretrizes centrais destas políticas (diversificação das instituições de ensino
superior, dos cursos e das fontes de financiamento) foram implementadas no Brasil pelo governo Luís Inácio Lula da Silva através do
empresariamento da educação superior, das parcerias público-privadas na educação superior e dos contratos de gestão. Este processo
resultou na desconstrução da educação pública brasileira como um direito social e na estruturação de um tipo de universidade adequada
a atual etapa de acumulação do capital, particularmente em um país capitalista dependente como o Brasil.
Palavras-chave: Organismos internacionais. Educação superior. Universidades brasileiras.
The World Bank and Brazilian Higher Education in the First Decade of the New Century
Abstract: This article analyzes higher education policies promoted by the World Bank in peripheral countries in the 1990s and the first
decade of the new century. It found that the central guidelines of these policies (diversification of institutions of higher education,
schools and financing sources) were implemented in Brazil by the government of President Luís Inácio Lula da Silva. Higher education
has been treated as a business and placed in the hands of public-private partnerships in higher education through management contracts.
This process has led to the deconstruction of Brazilian public education as a social right and to the formation of a type of university
suitable to the current phase of capital accumulation, particularly in a dependent capitalist country such as Brazil.
Key words: International agencies. Higher education. Brazilian universities.
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Introdução
O presente artigo tem como objetivo analisar as
políticas promovidas pelo Banco Mundial (BM) e
como estas políticas interferiram na educação supe-
rior brasileira da metade da década de 1990 a pri-
meira década do novo século. Neste período, os go-
vernos Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio
Lula da Silva, em absoluta consonância com as polí-
ticas do BM, operaram um conjunto de reformulações
na política de educação superior a partir de dois ei-
xos centrais: a diversificação das instituições de en-
sino superior (IES) e dos cursos e a diversificação
das suas fontes de financiamento1
.
No primeiro item, analisaremos quatro dos princi-
pais documentos elaborados pelo BM neste período,
buscando apreender as diretrizes da reformulação do
Estado e da educação superior difundidas para os
países periféricos2
, especialmente o deslocamento
efetuado pelo Banco: da concepção de “educação
superior” para “educação terciária”.
A seguir, no item dois, apresentaremos as princi-
pais ações conduzidas pelo governo Lula da Silva,
demonstrando que essas ações estavam em confor-
midade com a política do BM para a “educação
terciária”, particularmente no que se refere: a) ao
estímulo ao empresariamento da educação superior;
b) à ampliação da privatização interna das universi-
dades públicas e c) ao estabelecimento de contratos
de gestão que alteram o financiamento e as diretri-
zes político-pedagógicas das universidades públicas,
especialmente das universidades federais.
Oartigoindica,porfim,comoesteintensoprocesso
de reformulação da educação superior brasileira efeti-
vaadesconstruçãodaeducaçãopúblicabrasileiracomo
um direito social. O direito à educação é reconfigurado
por meio da privatização em larga escala; do repasse
(direto e indireto) dos recursos públicos ao setor priva-
do,alémdeadoçãodalógicaempresarialcomomodelo
degestãonasinstituiçõeseducacionaispúblicas,privile-
giando a relação custo-benefício, a eficácia e a qualida-
de medidas pela relação com o mercado; de que são
importantes referências, a certificação e a fragmenta-
ção do ensino e dos conhecimentos; o aligeiramento da
formação profissional e a intensificação do trabalho
docente.Umprocessodereformulaçãoqueconfigurou
a educação como um campo de exploração lucrativa
para o capital em crise e aprofundou sua função políti-
ca, econômica e ideo-cultural de reprodução da con-
cepção burguesa de mundo.
O Banco Mundial e a educação superior na
década de 1990 e no início do novo século
Ao longo da década de 1990, desencadeou-se uma
ampliação do espaço privado nas atividades direta-
mente ligadas à produção econômica e também no
campo dos direitos sociais, conquistados pelas lutas
históricas da classe trabalhadora, o que gerou um
aprofundamento da mercantilização da educação,
particularmente da educação superior. Essa amplia-
ção foi realizada através de dois movimentos: a) a
expansão das instituições privadas, através da
liberalização dos “serviços educacionais”; b) a
privatização interna das universidades públicas, atra-
vés das fundações de direito privado, das cobranças
de taxas e mensalidades pelos cursos pagos e do es-
tabelecimento de parcerias entre as universidades
públicas e as empresas, redirecionando as atividades
de ensino, pesquisa e extensão.
Estes dois elementos estavam presentes no docu-
mento La enseñanza superior – las lecciones deri-
vadas de la experiencia, publicado em 1994 pelo BM
no qual foram apresentadas quatro estratégias para a
reforma da educação superior naAmérica Latina, Ásia
e Caribe. A primeira previa a diversificação das insti-
tuições de ensino superior e dos cursos, sob o pressu-
posto da necessidade de existência de universidades
públicas, privadas e de instituições não universitárias,
incluindo os cursos politécnicos, os cursos de curta
duração, os ciclos e o ensino a distância.
A diversificação das fontes de financiamento das
universidades públicas apresentou-se como a segun-
da estratégia. Para tanto, o BM defendeu a necessi-
dade de cobrança de matrículas e mensalidades para
os estudantes; o corte de verbas públicas para as
atividades consideradas “não relacionadas com a
educação” (alojamento/moradia estudantil e alimen-
tação/bandejão); assim como a utilização de verbas
privadas advindas de doações de empresas e das
associações dos ex-alunos, dos cursos de curta du-
ração, dos cursos pagos e da venda de “serviços edu-
cacionais”, como consultorias e pesquisas. Esses “ser-
viços” deveriam ser administrados através de con-
vênios firmados entre as universidades públicas e as
empresas, mediados pelas fundações de direito pri-
vado, concebidas como estruturas administrativamen-
te mais flexíveis (BANCO MUNDIAL, 1994).
A terceira estratégia definiu as funções do Esta-
do no sentido de construir um novo arcabouço políti-
co e jurídico que viabilizasse a implantação das dire-
trizes privatizantes da educação. Por fim, a quarta
estratégia, implantação de uma política de “qualifica-
ção” do ensino superior era concebida a partir do
eficiente atendimento aos setores privados:
Las instituciones a cargo de los programas
avanzados de enseñanza e investigación deberían
contar con la orientación de representantes de los
sectores productivos. La participación de los re-
presentantes del sector privado en los consejos de
administración de las instituciones de enseñanza
superior, públicas y privadas, puede contribuir a
O Banco Mundial e a educação superior brasileira na primeira década do novo século
88
R. Katál., Florianópolis, v. 14, n. 1, p. 86-94, jan./jun. 2011
Kátia Regina de Souza Lima
asegurar la pertinencia de los programas
académicos (BANCO MUNDIAL, 1994, p. 79).
Em 1997, o BM lançou um importante documento
que tratava, especificamente, da reformulação do pa-
pel do Estado nos países periféricos. Diferente da con-
cepção presente nos documentos datados do início da
década de 1990, o BM elaborou um conjunto de refle-
xões em relação ao fenômeno que identificava como
um “distanciamento entre o Estado e o povo”, gerado
pelalógicadoEstadomínimoedomercadocomogestor
da vida social, iniciando um processo de difusão de um
conjunto de noções que reivindicavam a construção
de um “estado mais próximo do povo”, um “estado em
um mundo em transformação”, temática específica do
Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial ela-
borado pelo BM em 1997.
O núcleo central do Relatório de 1997 se referia
à defesa de que “o Estado é fundamental para o pro-
cesso de desenvolvimento
econômico e social, porém
não enquanto agente direto do
crescimento, mas sim como
um sócio, elemento catalisa-
doreimpulsionadordestepro-
cesso” (BANCO MUNDIAL,
1997, p. 2). Criticando o mo-
nopólio estatal dos serviços
de infraestrutura e dos servi-
ços sociais, o BM defendeu
o papel do Estado: a) em
ações que promovam a segu-
rança pública (do combate à
violência às parcerias com os
empresários e trabalhadores
no financiamento do sistema
de seguridade social); b) na
elaboração de uma regula-
mentação eficaz que aprovei-
te as “forças do mercado” em
benefíciodos“benspúblicos”,
estimulando as parcerias pú-
blico-privadas; c) no incenti-
vo à política industrial, inclusive com subvenções
para o setor privado; d) na gestão eficaz da
privatização das empresas estatais; e) no estímulo
a maior “competência” no interior da administração
pública, através de um sistema de contratação por
mérito e de avaliação por produtividade e f) na for-
mulação de políticas que viabilizassem a participa-
ção dos empresários, dos sindicatos e dos usuários
na supervisão dos serviços da administração públi-
ca (BANCO MUNDIAL, 1997).
O reordenamento do papel do Estado, eixo
norteador da política do BM para a periferia do capi-
talismo, consolidou, ao longo da década de 1990 e no
início do novo século, um intenso processo de
privatização dos serviços públicos, incluindo a edu-
cação e, especialmente, a educação superior.
Em 1999, o BM lança outro documento Estraté-
gia para o setor educacional – documento estra-
tégico do Banco Mundial: a educação na Améri-
ca Latina e Caribe contendo avaliações quanto à
educação na região durante a década de 1990 e as
diretrizes a serem implementadas no século 21. No-
vamente, o BM reforçou o papel da educação como
estratégia de “alívio à pobreza”3
articulado à amplia-
ção do setor privado neste nível de ensino. O centro
desta política estava expresso na segurança do capi-
tal para atravessar, conquistar e submeter países e
regiõesamundializaçãofinanceira(CHESNAIS,1999);
na atualização da força de trabalho para responder
às novas demandas da divisão internacional do tra-
balho e no aprofundamento da privatização de seto-
res estratégicos dos países periféricos, como ener-
gia, telecomunicações e educação.
Nos últimos anos, elemen-
tos de continuidade e novas
expressões vêm à tona no que
tangeaaberturado“setoredu-
cacional” como opção de in-
vestimentos de grupos priva-
dos. O elemento de continui-
dade é garantido pelo reforço
à concepção de educação
como instrumento de prepara-
ção da força de trabalho para
omercadoetambémdedomi-
nação ideológica através da
visão burguesa de mundo. O
elementodenovidadeéocres-
centeempresariamentodaedu-
cação(NEVES,2002),operado
pelo BM em articulação com
aOrganizaçãoMundialdo Co-
mércio (OMC) a partir de três
aspectos importantes.
O primeiro diz respeito
à “globalização” crescente
dos sistemas educacionais na
América Latina; sendo cada vez mais significativos,
na região, os incentivos para que universidades pú-
blicas e privadas associem-se às universidades/insti-
tuições dos países centrais. Essa “globalização” dos
sistemas educacionais ocorre via formação de par-
cerias entre empresas educacionais com sede nos
Estados Unidos e Europa, além de polos espalhados
por várias regiões de interesse do capital. Estas par-
cerias viabilizam a venda de modelos pedagógicos, a
comercialização de programas de ensino e de livros
didáticos, especialmente para a formação e treina-
mento de professores em serviço, objetivando a con-
solidação de um caldo ideológico e político que legiti-
me e reproduza a lógica hegemônica4
.
O reordenamento do papel do
Estado, eixo norteador da
política do BM para a periferia
do capitalismo, consolidou, ao
longo da década de 1990 e no
início do novo século, um
intenso processo de
privatização dos serviços
públicos, incluindo a educação
e, especialmente, a educação
superior.
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R. Katál., Florianópolis, v. 14, n. 1, p. 86-94, jan./jun. 2011
O Banco Mundial e a educação superior brasileira na primeira década do novo século
O segundo refere-se à constituição das universi-
dades corporativas implementadas pelas empresas
para formação e (re)qualificação dos trabalhadores,
em seus locais de trabalho e com um conhecimento
dirigido para os seus interesses imediatos.
O terceiro se expressa no incentivo ao investi-
mento no ensino a distância, impulsionado pelas ino-
vações tecnológicas, através da venda de pacotes
tecnológicos e/ou implantação de universidades vir-
tuais, parceiras de universidades estadunidenses e
europeias. Neste projeto, estão articuladas as em-
presas dos países centrais, principalmente a IBM, a
Microsoft e as empresas da mídia, como TimeWarner
e os organismos internacionais.
Uma importante referência desta intensificação da
mercantilizaçãodaeducaçãosuperiornoiníciodonovo
século está expressa no documento do BM intitulado
Construir sociedades de conocimiento: nuevos
desafíos para la educación terciaria, publicado em
2002. Este documento operou um importante desloca-
mentodaconcepçãode“educaçãosuperior”para“edu-
cação terciária”. Esse deslocamento estava inscrito na
concepção do BM de que estamos na “sociedade do
conhecimento”, na medida em que este se constituiu
como fator primário da produção na economia mundi-
al5
.Nestesentido,oBMreivindicouoaprofundamento
da diversificação das instituições de ensino superior e
doscursosedasfontesdefinanciamento,considerando
que os governos dos países periféricos
Incrementen la diversificación institucional (aumen-
to del número de instituciones no universitarias y
privadas) para ampliar la cobertura sobre una base
financiera viable y para establecer un marco de
formación continua con múltiples puntos de acceso
y gran variedad de itinerarios formativos (BANCO
MUNDIAL,2002,p.27).
Este deslocamento evidenciou que a diversifica-
ção, eixo norteador das políticas do BM ao longo da
década de 1990, ganhou nova racionalidade, na me-
dida em que qualquer curso “pós-médio” (público ou
privado) era considerado de nível “terciário”, seja
através da emissão de diplomas, certificados ou ates-
tados de aproveitamento.
En los pasados dos decenios, muchos países han
experimentado una extraordinaria diversificación en
sus sectores de educación terciaria. La aparición de
diversas instituciones nuevas paralelas a las univer-
sidades tradicionales – ‘institutos técnicos para
estudios de corta duración, community colleges,
politécnicos, centros de educación terciaria popular
con programas bienales, centros de enseñanza a dis-
tancia y universidades abiertas’ – ha creado nuevas
oportunidades para satisfacer la demanda social
creciente. En América Latina, Asia y, más
recientemente, en Europa Oriental y África
subsahariana, esta tendencia se ha visto intensifica-
da por el ‘rápido crecimiento en el número y tamaño
de las instituciones privadas de educación terciária’
(BANCOMUNDIAL,2002,p.69,grifosnossos).
Nos marcos do “alargamento/intensificação” da
política de diversificação das IES e dos cursos e das
fontes de financiamento da educação superior, opera-
da pela concepção de “educação terciária”, defendida
e difundida pelo BM, é que será implementada,noBra-
sil, uma intensa reformulação da educação superior.
A Reformulação da educação superior bra-
sileira na primeira década do novo século
Essa intensa reformulação da educação superior
em nosso país ocorre a partir de um conjunto de leis,
decretos e medidas provisórias6
, como:
a) o Sistema Nacional de Avaliação do Ensino
Superior (Sinaes), Lei n. 10.861/2004;
b) o Decreto n. 5.205/2004, que regulamenta as
parcerias entre as universidades federais e as
fundações de direito privado, viabilizando a
captação de recursos privados para financiar
as atividades acadêmicas;
c) a Lei de Inovação Tecnológica n. 10.973/2004,
que trata do estabelecimento de parcerias en-
tre universidades públicas e empresas;
d) o Projeto de Lei n. 3.627/2004, que institui o
Sistema Especial de Reserva de Vagas;
e) os projetos de leis e decretos que tratam da
reformulação da educação profissional e
tecnológica;
f) o Projeto de Parceria Público-Privada (PPP),
Lei n. 11.079/2004, que abrange um vasto con-
junto de atividades governamentais;
g) o Programa Universidade para Todos (ProUni),
Lei n. 11.096/2005, que trata de “generosa”
ampliação de isenção fiscal para as institui-
ções privadas de ensino superior;
h) o Projeto de Lei n. 7.200/2006, que trata da
Reforma da Educação Superior e se encontra
no Congresso Nacional;
i) a política de educação superior a distância,
especialmente a partir da criação da Universi-
dadeAberta do Brasil, Decretos n. 5.800/2006
e 5.622/2005;
j) o Programa de Apoio a Planos de
Reestruturação e Expansão das Universida-
des Federais (Reuni), Decreto n. 6.096/2007,
e o Banco de Professor-Equivalente;
k) o “pacote da autonomia”, lançado em 2010 e
composto pela Medida Provisória 495/2010 e
pelos Decretos n. 7.232, 7.233 e 7.234/2010.
Esse “pacote” amplia a ação das fundações
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R. Katál., Florianópolis, v. 14, n. 1, p. 86-94, jan./jun. 2011
Kátia Regina de Souza Lima
de direito privado nas universidades federais;
retira das universidades a definição dos proje-
tos acadêmicos a serem financiados, transfe-
rindo essa prerrogativa para as fundações de
direito privado; legaliza a quebra do regime de
trabalho de Dedicação Exclusiva (DE); não
resolve a falta de técnico-administrativos, cri-
ando somente um mecanismo de realocação
de vagas entre as instituições federais de en-
sino superior (IFES); cria as condições para a
diferenciação dos orçamentos das IFES, de
acordo com índices de produtividade, intensi-
ficando ainda mais o trabalho docente e, por
fim, cria o Programa Nacional de Assistência
Estudantil (Pnaes), sem deixar claro de onde
sairão os recursos financeiros para realização
do Programa e
l) a Medida Provisória n. 520, de 31 de dezem-
bro de 2010, que autoriza a criação da Empre-
sa Brasileira de Serviços Hospitalares. Em-
bora estatal e vinculada ao Ministério da Edu-
cação (MEC), a nova entidade terá personali-
dade jurídica de direito privado, flexibilizando
a contratação de trabalhadores dos hospitais
universitários.
Este vasto conjunto de ações pode ser agrupado
em quatro nucleações básicas: 1) o fortalecimento
do empresariamento da educação superior; 2) a
implementação das parcerias público-privadas na
educação superior; 3) a operacionalização dos con-
tratos de gestão, eixos condutores da reforma
neoliberal do Estado brasileiro, de Bresser-Cardoso
a Paulo Bernardo-Lula da Silva e 4) a garantia a
coesão social em torno das reformas estruturais rea-
lizadas pelos governos Cardoso e Lula da Silva.
O fortalecimento do empresariamento da educa-
ção superior ocorreu por diversas ações: pelo aumen-
to do número de IES privadas e pela privatização in-
terna das universidades públicas. Segundo informa-
ções, disponibilizadas no Censo 2002, ao final do go-
verno Cardoso, o ingresso em IES públicas somava
320.354,enquantonasIESprivadassomava1.090.854
(BRASIL, 2002). Caracterizando um acesso via diver-
sificação das IES, direcionado especialmente às IES
privadas não universitárias e que “não” precisam, por
determinação legal, implementar políticas de pesquisa
e extensão. Esta expansão via instituições privadas de
ensino é identificada nos seguintes termos por Olivei-
ra, Dourado eAmaral (2006, p. 16):
Dados do MEC/Inep/Seec, do Censo das Institui-
ções de Ensino Superior de 2002, mostram que o
sistemapossui1.637instituições;dessas,162(9,9%)
são universidades, 77 (4,7%) são centros universi-
tários, 105 (6,4%) são faculdades integradas, 1.240
(75,7%) são faculdades, escolas e institutos e 53
(3,2%) são centros de educação tecnológica.
Em relação ao segundo mecanismo (privatização
interna das IES públicas), o governo Cardoso realizou
um profundo reordenamento interno das universida-
des públicas, particularmente as federais. Esse pro-
cesso ocorreu através de um arcabouço jurídico que
permitiu: a venda de “serviços educacionais”, como os
cursos pagos, especialmente os cursos de pós-gradua-
ção lato sensu; o estabelecimento de parcerias entre
as universidades federais e as empresas para realiza-
ção de consultorias e assessorias viabilizadas pelas
fundações de direito privado; a concepção de política
de extensão universitária como venda de cursos de
curta duração; a criação de mestrados profis-
sionalizantes, em parcerias com empresas públicas e
privadas, considerados como cursos autofinanciáveis,
isto é, cursos pagos, entre outros mecanismos internos
de privatização, analisados por vários pesquisadores
(SGUISSARD;SILVAJR.,1999;SILVAJR.,2002;MAN-
CEBO,2004;LIMA,2007).
Essa lógica não será alterada no governo Lula da
Silva e a quantidade de leis, decretos e medidas pro-
visórias comprova a prioridade em relação à
reformulação da educação superior, conduzida, a par-
tir de 2003, seja pela regulamentação das parcerias
entre as universidades federais e as fundações de
direito privado, seja pela possibilidade de cobrança
de cursos e venda de “serviços educacionais” pelas
IES públicas, seja pela Lei de Inovação Tecnológica,
que viabiliza o trabalho docente nas empresas priva-
das e a ação destas empresas nas IES públicas, ou
pelo aumento efetivo do número de IES privadas.
O estímulo à privatização da educação superior
e das “instituições de ensino” (centros universitári-
os e faculdades isoladas) não será, portanto, altera-
do no governo Lula da Silva, conforme demonstram
os dados do Censo da Educação Superior de 2008.
Se em 2002 (final do governo Cardoso) do total de
1.637 IES, 195 eram públicas e 1.442, privadas, em
2008, do total de 2.251 IES, 235 eram públicas e
2.016 eram IES privadas. Em relação à organiza-
ção acadêmica, em 2002 o número de instituições
estava assim distribuído: de 1.637 IES, 162 eram
universidades, 77 centros universitários e 1.398 fa-
culdades isoladas. Em 2008, de 2.252 IES, 183 eram
universidades, 124 centros universitários e 1.945
eram faculdades isoladas (BRASIL, 2008).Ainda que
apresentasse alterações em relação ao número de
IES públicas, especialmente em relação às univer-
sidades, permaneceu a execução da política do BM:
diversificação das IES e dos cursos e das suas fon-
tes de financiamento.
A intensificação da privatização da educação su-
perior é visível quando analisamos os dados referen-
tes à criação dos Cursos de Graduação em Serviço
Social (tabela 1) no primeiro governo Lula da Silva
elencados nos estudos de Pereira (2007).
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R. Katál., Florianópolis, v. 14, n. 1, p. 86-94, jan./jun. 2011
O Banco Mundial e a educação superior brasileira na primeira década do novo século
Segundo Pereira (2007, p. 2), “até abril de 2008,
existiam no Brasil 286 cursos de Serviço Social. Da
totalidade dos cursos de Serviço Social existentes no
país,160(55,9%)foramautorizadosafuncionarapartir
doanode2003”.Destacaqueesta“explosão”denovos
cursos “privados” em Serviço Social ocorreu, nesse
período, em instituições não universitárias, restritas às
atividades de ensino, conforme os dados da tabela 2.
Os estudos da autora demonstram que dos 160
Cursos de Serviço Social criados no referido período,
12 estão em IES públicas e 148 em IES privadas.
Desses 148 Cursos em IES privadas, 57 estão em IES
universitárias e 91 em IES não universitárias. Estes
dados revelam que no período acima indicado foi
mantida a política de ampliação do número de IES/
cursos privados e de estímulo a IES não universitárias
que não precisam realizar pesquisa e são caracteriza-
das, em sua maioria, como “instituições de ensino”.
A segunda nucleação temática trata da
implementação das parcerias público-privadas (PPP)
na educação superior. As PPP serão expressas atra-
vés de várias ações realizadas pelo governo Lula da
Silva, a contar da criação do ProUni, que garante
isenção fiscal para o setor privado em troca de “va-
gas públicas” nas IES privadas7
até a Lei de Inova-
ção Tecnológica, que viabiliza as parcerias entre as
IES públicas e as empresas.
No mesmo sentido de mercantilização do conhe-
cimento, em 2007, o MEC anunciou a Lei de Incen-
tivo Fiscal à Pesquisa, Lei n. 11.487/2007 divulgada
pela Capes (BRASIL, 2007, online) subordinando ain-
da mais a pesquisa e os programas de pós-gradua-
ção à concepção mercadológica da educação e do
conhecimento:
Tabela 2 – Cursos de Serviço Social distribuídos segundo natureza jurídica e organização
acadêmica
Tabela 1 – Criação dos Cursos de Graduação em Serviço Social no Brasil
Com a Lei de Incentivo Fiscal à Pesquisa, as uni-
versidades enviarão projetos desenvolvidos em
seus campi a uma comissão tripartite, formada pe-
los ministérios da Educação, Indústria e Comércio
e Ciência e Tecnologia. Os projetos aprovados fa-
rão parte de um catálogo que será distribuído à
iniciativa privada. As empresas que se interessa-
rem por projetos do catálogo poderão doar entre
17% e 85% do valor do plano – e terão essa doação
abatida de impostos (Imposto de Renda e Contri-
buição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL). Essa
porcentagem doada será convertida para a univer-
sidade em participação na propriedade intelectual
do projeto, e o que faltar para 100% vai se tornar
propriedade intelectual da empresa. Por exemplo:
para um projeto aprovado pela comissão tripartite
no valor de R$ 100 mil, uma empresa doa R$ 75 mil,
75% da patente será da universidade que gerou o
projeto, e os outros 25% da propriedade intelectual
serão da empresa que doou os recursos.
A terceira nucleação temática trata da
operacionalização dos contratos de gestão, eixos con-
dutores da reforma neoliberal do Estado brasileiro, de
Bresser-Cardoso a Paulo Bernardo-Lula da Silva.
Uma referência importante e atual desta
operacionalização é o Programa deApoio a Planos de
Reestruturação e Expansão das Universidades Fede-
rais (Reuni). O Reuni foi apresentado através de De-
creto presidencial n. 6.096/2007 e tem como objetivos:
aumentar o número de estudantes de graduação nas
universidades federais; aumentar o número de alunos
por professor em cada sala de aula da graduação; di-
versificar as modalidades dos cursos de graduação,
Fonte: tabela elaborada pela autora, com base nos dados do INEP (BRASIL, 2007) e da pesquisa de Pereira (2007).
Fonte: tabela organizada por Pereira (2007).
Privado
47
44
122
213
Período
1930-1994
1995-2002
2003-2006
Total
%
63,5
89,8
94,6
84,5
Público
27
05
07
39
%
36,5
10,2
5,4
15,5
Total
74
49
129
252
Organização acadêmica
IES universitárias
IES não universitárias
Total
IES públicas
10
02
12
%
83,3
16,7
100,0
IES privadas
57
91
148
%
38,5
61,5
100,0
92 Kátia Regina de Souza Lima
R. Katál., Florianópolis, v. 14, n. 1, p. 86-94, jan./jun. 2011
através da flexibilização dos currículos, da educação a
distância, da criação dos cursos de curta duração e
dos ciclos (básico e profissional); incentivar a criação
de um novo sistema de títulos; elevar a taxa de con-
clusão dos cursos de graduação para 90% e estimular
a mobilidade estudantil entre as instituições de ensino.
Tudo isto no prazo de cinco anos.
Para cada universidade federal que aderir a este
“termo de pactuação de metas”, ou seja, um contrato
de gestão com o MEC, o governo “promete” um acrés-
cimo de recursos limitado a vinte por cento das despe-
sas de custeio e pessoal. Entretanto, uma análise cui-
dadosa do parágrafo terceiro do artigo 3º e do artigo 7º
do Decreto de criação do Reuni deixa claro em que
termos ocorrerá esta “expansão”, pois “o atendimento
aos planos é condicionado à capacidade orçamentária
e operacional do MEC” e “as despesas decorrentes
deste processo devem estar circunscritas às dotações
orçamentárias consignadas anualmente ao MEC”.
A análise do Reuni evidencia de que forma e com
que conteúdo está ocorrendo a expansão do acesso
à educação superior. Trata-se do tripé: aligeiramento
da formação profissional (cursos de curta duração,
ciclos, exame de proficiência, cursos a distância);
aprofundamento da intensificação do trabalho docen-
te (relação professor/aluno, ênfase das atividades
acadêmicas no ensino de graduação) e pavimenta-
ção do caminho para transformação das universida-
des federais em “instituições de ensino terciário”,
quebrando a indissociabilidade entre ensino, pesqui-
sa e extensão e decretando, efetivamente, o fim da
autonomia universitária, na medida em que a alocação
das verbas públicas está condicionada à adesão ao
contrato de gestão/Reuni (LIMA, 2008).
A reestruturação e expansão operada pelo Reuni
resulta, assim, na intensificação do trabalho docente
em sua dupla face na graduação: o aumento do nú-
mero de alunos em cada sala, somado ao aumento
do número de cursos e da relação professor/aluno,
está conformando a figura do “professor do ensino
terciário”, aquele que – pela quantidade de trabalho
na graduação – não desenvolve ou desenvolve com
muitas limitações um projeto de pesquisa e/ou exten-
são; um professor que não publica ou publica “pou-
co” (segundo as exigências da Capes e do CNPq),
pois não tem tempo para escrever; que não participa
de eventos científicos nacionais e/ou internacionais
porque não tem verba pública disponibilizada para
garantir esta participação. É um processo difícil de
ser rompido: o professor não é considerado “produti-
vo” porque está alocado na graduação, não atua em
programas de pós-graduação, não pesquisa e não
publica. Ao mesmo tempo, ele não consegue sair do
papel de “professor do ensino terciário” na medida
em que é avaliado como “improdutivo” pelos órgãos
superiores das universidades (pró-reitorias) e/ou pe-
los órgãos de fomento8
(LIMA, 2010).
A quarta nucleação temática expressa o objetivo
das reformas e políticas da educação superior em
curso no Brasil: a garantia da coesão social em torno
das reformas estruturais (previdênciária, tributária,
sindical e trabalhista), realizadas pelo governo Lula
da Silva em absoluta consonância com as políticas
dos organismos internacionais do capital. Nesse sen-
tido, a desconstrução da educação superior pública
brasileira é apresentada como “democratização” do
acesso à educação para os segmentos mais
pauperizados da população. O ProUni, o Fundo de
Financiamento ao Estudante do Ensino Superior
(FIES), o ensino a distância, o projeto Escola na Fá-
brica, as “universidades” tecnológicas, os cursos
sequenciais, os cursos de curta duração e o Reuni
constituem importantes referências da política de
ampliação de acesso à educação utilizada pelo Go-
verno Federal para legitimar suas ações por intermé-
dio de uma eficiente operação ideológica que as re-
veste de um ilusório verniz democrático-popular.
A título de consideração final
A análise dos documentos do BM e das políticas
executadas pelos governos Cardoso e Lula da Silva
demonstra que está em curso um intenso processo
de reforma neoliberal do Estado e da educação su-
perior no Brasil. Não se trata de uma “imposição”
dos organismos internacionais ou da subordinação do
Brasil às determinações vindas “de fora”, ainda que
o mecanismo das condicionalidades esteja presente
nos acordos firmados entre os governos brasileiros e
o BM, mas de um “compartilhamento” da concep-
ção de educação como “ensino terciário”.
O que se evidencia, na primeira década do século
21, é a estruturação de um tipo de universidade ade-
quada à atual etapa de acumulação do capital, parti-
cularmente em um país capitalista dependente como
o Brasil. Uma estruturação que transita da priva-
tização direta, passando pelo novo modelo de gestão,
introduzido pelo padrão gerencial e coroado com a
quebra de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e
extensão e a mercantilização do conhecimento. Um
processo que configurou a educação superior como
um campo de exploração lucrativa para o capital em
crise e aprofundou sua função política, econômica e
ideo-cultural de reprodução da concepção burguesa
de mundo.
Referências
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lecciones derivadas de la experiencia. Washington, 1994.
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em: 9abr. 2010.
93O Banco Mundial e a educação superior brasileira na primeira década do novo século
R. Katál., Florianópolis, v. 14, n. 1, p. 86-94, jan./jun. 2011
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em: <http://www.bancomundial.org.br/index.php/content/
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Brasil de FHC. São Paulo: Xamã, 2002.
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conceituação neoliberal. 232 p.Tese (Doutorado em Ciência
Política) – Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de
Janeiro, 2008.
Notas
1 Uma análise cuidadosa dos documentos do BM demonstra
quesuaspolíticasnãotratamda“educação”(aindaqueeste
seja o termo utilizado), mas de um “ensino” massificado,
concebido como transmissão de informações, treinamento,
instrução e capacitação, absolutamente desarticulado da
pesquisa e da produção do conhecimento crítico e
referenciado nas lutas históricas da classe trabalhadora.
2 Utilizaremos neste artigo o conceito de países periféricos
como contraposição à noção de “países em desen-
volvimento”utilizadapeloBM,porconsiderarmosessanoção
uma das importantes estratégias de ocultamento de um dos
elementos constitutivos do capitalismo: a lei desigual do
desenvolvimentodaeconomiamundial.
94 Kátia Regina de Souza Lima
R. Katál., Florianópolis, v. 14, n. 1, p. 86-94, jan./jun. 2011
3 Para aprofundar a análise crítica sobre o uso da categoria
pobrezanaspolíticasdoBM,consultarUgá(2008).
4 Vale conferir a condução deste processo através doAcordo
deBolonha.IndicoespecialmenteostextosdeRosa(2007)
sobre o significado político e pedagógico deste “Acordo”.
5 Para aprofundar a análise crítica da noção “sociedade da
informação/conhecimento”,consultarLima(2007).
6 Todos esses documentos relacionados, e os demais
indicados ao longo do texto (leis, decretos e medidas
provisórias) estão disponíveis em: <http://www.-
planalto.gov.br/legislação>.
7 Uma interessante análise sobre o significado do ProUni é
desenvolvidaemMancebo(2004a).
8 Aoutrafacedestaintensificaçãodotrabalhodocenteocorre
pelo “produtivismo acadêmico”: professores que além de
atuarem na graduação, atuam nos programas de pós-
graduação e têm “metas de produção” a serem atingidas,
como o número de livros, capítulos de livros, artigos,
participaçãoemeventosnacionaiseinternacionais.OReuni
opera a primeira face da intensificação acima indicada e as
políticas de pesquisa e pós-graduação operam a outra face
desta intensificação do trabalho docente. Uma importante
análise crítica da intensificação do trabalho docente,
implementadapelaspolíticasdepós-graduaçãoepesquisaé
realizadaporSguissardeSilvaJr.(2009).
Kátia Regina de Souza Lima
katiaslima@globo.com
Doutorado em Educação pela Universidade Federal
Fluminense (UFF)
Professora adjunta da Escola de Serviço Social e do
Programa de Pós-Graduação em Educação da UFF
UFF – Escola de Serviço Social e Programa de
Pós-Graduação em Educação
Campus do Gragoatá s/n
Blocos E 5° andar
Bairro São Domingos
Niterói – Rio de Janeiro
CEP: 24210-350

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O Banco Mundial e a educação superior brasileira

  • 1. 86 R. Katál., Florianópolis, v. 14, n. 1, p. 86-94, jan./jun. 2011 O Banco Mundial e a educação superior brasileira na primeira década do novo século Kátia Regina de Souza Lima Universidade Federal Fluminense (UFF) Recebido em 07.06.2010.Aprovado em 20.01.2011. ENSAIO O Banco Mundial e a educação superior brasileira na primeira década do novo século Resumo: O artigo analisa as políticas promovidas pelo Banco Mundial para a educação superior dos países periféricos nos anos 1990 e na primeira década do novo século. Considera que as diretrizes centrais destas políticas (diversificação das instituições de ensino superior, dos cursos e das fontes de financiamento) foram implementadas no Brasil pelo governo Luís Inácio Lula da Silva através do empresariamento da educação superior, das parcerias público-privadas na educação superior e dos contratos de gestão. Este processo resultou na desconstrução da educação pública brasileira como um direito social e na estruturação de um tipo de universidade adequada a atual etapa de acumulação do capital, particularmente em um país capitalista dependente como o Brasil. Palavras-chave: Organismos internacionais. Educação superior. Universidades brasileiras. The World Bank and Brazilian Higher Education in the First Decade of the New Century Abstract: This article analyzes higher education policies promoted by the World Bank in peripheral countries in the 1990s and the first decade of the new century. It found that the central guidelines of these policies (diversification of institutions of higher education, schools and financing sources) were implemented in Brazil by the government of President Luís Inácio Lula da Silva. Higher education has been treated as a business and placed in the hands of public-private partnerships in higher education through management contracts. This process has led to the deconstruction of Brazilian public education as a social right and to the formation of a type of university suitable to the current phase of capital accumulation, particularly in a dependent capitalist country such as Brazil. Key words: International agencies. Higher education. Brazilian universities.
  • 2. 87 R. Katál., Florianópolis, v. 14, n. 1, p. 86-94, jan./jun. 2011 Introdução O presente artigo tem como objetivo analisar as políticas promovidas pelo Banco Mundial (BM) e como estas políticas interferiram na educação supe- rior brasileira da metade da década de 1990 a pri- meira década do novo século. Neste período, os go- vernos Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, em absoluta consonância com as polí- ticas do BM, operaram um conjunto de reformulações na política de educação superior a partir de dois ei- xos centrais: a diversificação das instituições de en- sino superior (IES) e dos cursos e a diversificação das suas fontes de financiamento1 . No primeiro item, analisaremos quatro dos princi- pais documentos elaborados pelo BM neste período, buscando apreender as diretrizes da reformulação do Estado e da educação superior difundidas para os países periféricos2 , especialmente o deslocamento efetuado pelo Banco: da concepção de “educação superior” para “educação terciária”. A seguir, no item dois, apresentaremos as princi- pais ações conduzidas pelo governo Lula da Silva, demonstrando que essas ações estavam em confor- midade com a política do BM para a “educação terciária”, particularmente no que se refere: a) ao estímulo ao empresariamento da educação superior; b) à ampliação da privatização interna das universi- dades públicas e c) ao estabelecimento de contratos de gestão que alteram o financiamento e as diretri- zes político-pedagógicas das universidades públicas, especialmente das universidades federais. Oartigoindica,porfim,comoesteintensoprocesso de reformulação da educação superior brasileira efeti- vaadesconstruçãodaeducaçãopúblicabrasileiracomo um direito social. O direito à educação é reconfigurado por meio da privatização em larga escala; do repasse (direto e indireto) dos recursos públicos ao setor priva- do,alémdeadoçãodalógicaempresarialcomomodelo degestãonasinstituiçõeseducacionaispúblicas,privile- giando a relação custo-benefício, a eficácia e a qualida- de medidas pela relação com o mercado; de que são importantes referências, a certificação e a fragmenta- ção do ensino e dos conhecimentos; o aligeiramento da formação profissional e a intensificação do trabalho docente.Umprocessodereformulaçãoqueconfigurou a educação como um campo de exploração lucrativa para o capital em crise e aprofundou sua função políti- ca, econômica e ideo-cultural de reprodução da con- cepção burguesa de mundo. O Banco Mundial e a educação superior na década de 1990 e no início do novo século Ao longo da década de 1990, desencadeou-se uma ampliação do espaço privado nas atividades direta- mente ligadas à produção econômica e também no campo dos direitos sociais, conquistados pelas lutas históricas da classe trabalhadora, o que gerou um aprofundamento da mercantilização da educação, particularmente da educação superior. Essa amplia- ção foi realizada através de dois movimentos: a) a expansão das instituições privadas, através da liberalização dos “serviços educacionais”; b) a privatização interna das universidades públicas, atra- vés das fundações de direito privado, das cobranças de taxas e mensalidades pelos cursos pagos e do es- tabelecimento de parcerias entre as universidades públicas e as empresas, redirecionando as atividades de ensino, pesquisa e extensão. Estes dois elementos estavam presentes no docu- mento La enseñanza superior – las lecciones deri- vadas de la experiencia, publicado em 1994 pelo BM no qual foram apresentadas quatro estratégias para a reforma da educação superior naAmérica Latina, Ásia e Caribe. A primeira previa a diversificação das insti- tuições de ensino superior e dos cursos, sob o pressu- posto da necessidade de existência de universidades públicas, privadas e de instituições não universitárias, incluindo os cursos politécnicos, os cursos de curta duração, os ciclos e o ensino a distância. A diversificação das fontes de financiamento das universidades públicas apresentou-se como a segun- da estratégia. Para tanto, o BM defendeu a necessi- dade de cobrança de matrículas e mensalidades para os estudantes; o corte de verbas públicas para as atividades consideradas “não relacionadas com a educação” (alojamento/moradia estudantil e alimen- tação/bandejão); assim como a utilização de verbas privadas advindas de doações de empresas e das associações dos ex-alunos, dos cursos de curta du- ração, dos cursos pagos e da venda de “serviços edu- cacionais”, como consultorias e pesquisas. Esses “ser- viços” deveriam ser administrados através de con- vênios firmados entre as universidades públicas e as empresas, mediados pelas fundações de direito pri- vado, concebidas como estruturas administrativamen- te mais flexíveis (BANCO MUNDIAL, 1994). A terceira estratégia definiu as funções do Esta- do no sentido de construir um novo arcabouço políti- co e jurídico que viabilizasse a implantação das dire- trizes privatizantes da educação. Por fim, a quarta estratégia, implantação de uma política de “qualifica- ção” do ensino superior era concebida a partir do eficiente atendimento aos setores privados: Las instituciones a cargo de los programas avanzados de enseñanza e investigación deberían contar con la orientación de representantes de los sectores productivos. La participación de los re- presentantes del sector privado en los consejos de administración de las instituciones de enseñanza superior, públicas y privadas, puede contribuir a O Banco Mundial e a educação superior brasileira na primeira década do novo século
  • 3. 88 R. Katál., Florianópolis, v. 14, n. 1, p. 86-94, jan./jun. 2011 Kátia Regina de Souza Lima asegurar la pertinencia de los programas académicos (BANCO MUNDIAL, 1994, p. 79). Em 1997, o BM lançou um importante documento que tratava, especificamente, da reformulação do pa- pel do Estado nos países periféricos. Diferente da con- cepção presente nos documentos datados do início da década de 1990, o BM elaborou um conjunto de refle- xões em relação ao fenômeno que identificava como um “distanciamento entre o Estado e o povo”, gerado pelalógicadoEstadomínimoedomercadocomogestor da vida social, iniciando um processo de difusão de um conjunto de noções que reivindicavam a construção de um “estado mais próximo do povo”, um “estado em um mundo em transformação”, temática específica do Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial ela- borado pelo BM em 1997. O núcleo central do Relatório de 1997 se referia à defesa de que “o Estado é fundamental para o pro- cesso de desenvolvimento econômico e social, porém não enquanto agente direto do crescimento, mas sim como um sócio, elemento catalisa- doreimpulsionadordestepro- cesso” (BANCO MUNDIAL, 1997, p. 2). Criticando o mo- nopólio estatal dos serviços de infraestrutura e dos servi- ços sociais, o BM defendeu o papel do Estado: a) em ações que promovam a segu- rança pública (do combate à violência às parcerias com os empresários e trabalhadores no financiamento do sistema de seguridade social); b) na elaboração de uma regula- mentação eficaz que aprovei- te as “forças do mercado” em benefíciodos“benspúblicos”, estimulando as parcerias pú- blico-privadas; c) no incenti- vo à política industrial, inclusive com subvenções para o setor privado; d) na gestão eficaz da privatização das empresas estatais; e) no estímulo a maior “competência” no interior da administração pública, através de um sistema de contratação por mérito e de avaliação por produtividade e f) na for- mulação de políticas que viabilizassem a participa- ção dos empresários, dos sindicatos e dos usuários na supervisão dos serviços da administração públi- ca (BANCO MUNDIAL, 1997). O reordenamento do papel do Estado, eixo norteador da política do BM para a periferia do capi- talismo, consolidou, ao longo da década de 1990 e no início do novo século, um intenso processo de privatização dos serviços públicos, incluindo a edu- cação e, especialmente, a educação superior. Em 1999, o BM lança outro documento Estraté- gia para o setor educacional – documento estra- tégico do Banco Mundial: a educação na Améri- ca Latina e Caribe contendo avaliações quanto à educação na região durante a década de 1990 e as diretrizes a serem implementadas no século 21. No- vamente, o BM reforçou o papel da educação como estratégia de “alívio à pobreza”3 articulado à amplia- ção do setor privado neste nível de ensino. O centro desta política estava expresso na segurança do capi- tal para atravessar, conquistar e submeter países e regiõesamundializaçãofinanceira(CHESNAIS,1999); na atualização da força de trabalho para responder às novas demandas da divisão internacional do tra- balho e no aprofundamento da privatização de seto- res estratégicos dos países periféricos, como ener- gia, telecomunicações e educação. Nos últimos anos, elemen- tos de continuidade e novas expressões vêm à tona no que tangeaaberturado“setoredu- cacional” como opção de in- vestimentos de grupos priva- dos. O elemento de continui- dade é garantido pelo reforço à concepção de educação como instrumento de prepara- ção da força de trabalho para omercadoetambémdedomi- nação ideológica através da visão burguesa de mundo. O elementodenovidadeéocres- centeempresariamentodaedu- cação(NEVES,2002),operado pelo BM em articulação com aOrganizaçãoMundialdo Co- mércio (OMC) a partir de três aspectos importantes. O primeiro diz respeito à “globalização” crescente dos sistemas educacionais na América Latina; sendo cada vez mais significativos, na região, os incentivos para que universidades pú- blicas e privadas associem-se às universidades/insti- tuições dos países centrais. Essa “globalização” dos sistemas educacionais ocorre via formação de par- cerias entre empresas educacionais com sede nos Estados Unidos e Europa, além de polos espalhados por várias regiões de interesse do capital. Estas par- cerias viabilizam a venda de modelos pedagógicos, a comercialização de programas de ensino e de livros didáticos, especialmente para a formação e treina- mento de professores em serviço, objetivando a con- solidação de um caldo ideológico e político que legiti- me e reproduza a lógica hegemônica4 . O reordenamento do papel do Estado, eixo norteador da política do BM para a periferia do capitalismo, consolidou, ao longo da década de 1990 e no início do novo século, um intenso processo de privatização dos serviços públicos, incluindo a educação e, especialmente, a educação superior.
  • 4. 89 R. Katál., Florianópolis, v. 14, n. 1, p. 86-94, jan./jun. 2011 O Banco Mundial e a educação superior brasileira na primeira década do novo século O segundo refere-se à constituição das universi- dades corporativas implementadas pelas empresas para formação e (re)qualificação dos trabalhadores, em seus locais de trabalho e com um conhecimento dirigido para os seus interesses imediatos. O terceiro se expressa no incentivo ao investi- mento no ensino a distância, impulsionado pelas ino- vações tecnológicas, através da venda de pacotes tecnológicos e/ou implantação de universidades vir- tuais, parceiras de universidades estadunidenses e europeias. Neste projeto, estão articuladas as em- presas dos países centrais, principalmente a IBM, a Microsoft e as empresas da mídia, como TimeWarner e os organismos internacionais. Uma importante referência desta intensificação da mercantilizaçãodaeducaçãosuperiornoiníciodonovo século está expressa no documento do BM intitulado Construir sociedades de conocimiento: nuevos desafíos para la educación terciaria, publicado em 2002. Este documento operou um importante desloca- mentodaconcepçãode“educaçãosuperior”para“edu- cação terciária”. Esse deslocamento estava inscrito na concepção do BM de que estamos na “sociedade do conhecimento”, na medida em que este se constituiu como fator primário da produção na economia mundi- al5 .Nestesentido,oBMreivindicouoaprofundamento da diversificação das instituições de ensino superior e doscursosedasfontesdefinanciamento,considerando que os governos dos países periféricos Incrementen la diversificación institucional (aumen- to del número de instituciones no universitarias y privadas) para ampliar la cobertura sobre una base financiera viable y para establecer un marco de formación continua con múltiples puntos de acceso y gran variedad de itinerarios formativos (BANCO MUNDIAL,2002,p.27). Este deslocamento evidenciou que a diversifica- ção, eixo norteador das políticas do BM ao longo da década de 1990, ganhou nova racionalidade, na me- dida em que qualquer curso “pós-médio” (público ou privado) era considerado de nível “terciário”, seja através da emissão de diplomas, certificados ou ates- tados de aproveitamento. En los pasados dos decenios, muchos países han experimentado una extraordinaria diversificación en sus sectores de educación terciaria. La aparición de diversas instituciones nuevas paralelas a las univer- sidades tradicionales – ‘institutos técnicos para estudios de corta duración, community colleges, politécnicos, centros de educación terciaria popular con programas bienales, centros de enseñanza a dis- tancia y universidades abiertas’ – ha creado nuevas oportunidades para satisfacer la demanda social creciente. En América Latina, Asia y, más recientemente, en Europa Oriental y África subsahariana, esta tendencia se ha visto intensifica- da por el ‘rápido crecimiento en el número y tamaño de las instituciones privadas de educación terciária’ (BANCOMUNDIAL,2002,p.69,grifosnossos). Nos marcos do “alargamento/intensificação” da política de diversificação das IES e dos cursos e das fontes de financiamento da educação superior, opera- da pela concepção de “educação terciária”, defendida e difundida pelo BM, é que será implementada,noBra- sil, uma intensa reformulação da educação superior. A Reformulação da educação superior bra- sileira na primeira década do novo século Essa intensa reformulação da educação superior em nosso país ocorre a partir de um conjunto de leis, decretos e medidas provisórias6 , como: a) o Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior (Sinaes), Lei n. 10.861/2004; b) o Decreto n. 5.205/2004, que regulamenta as parcerias entre as universidades federais e as fundações de direito privado, viabilizando a captação de recursos privados para financiar as atividades acadêmicas; c) a Lei de Inovação Tecnológica n. 10.973/2004, que trata do estabelecimento de parcerias en- tre universidades públicas e empresas; d) o Projeto de Lei n. 3.627/2004, que institui o Sistema Especial de Reserva de Vagas; e) os projetos de leis e decretos que tratam da reformulação da educação profissional e tecnológica; f) o Projeto de Parceria Público-Privada (PPP), Lei n. 11.079/2004, que abrange um vasto con- junto de atividades governamentais; g) o Programa Universidade para Todos (ProUni), Lei n. 11.096/2005, que trata de “generosa” ampliação de isenção fiscal para as institui- ções privadas de ensino superior; h) o Projeto de Lei n. 7.200/2006, que trata da Reforma da Educação Superior e se encontra no Congresso Nacional; i) a política de educação superior a distância, especialmente a partir da criação da Universi- dadeAberta do Brasil, Decretos n. 5.800/2006 e 5.622/2005; j) o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universida- des Federais (Reuni), Decreto n. 6.096/2007, e o Banco de Professor-Equivalente; k) o “pacote da autonomia”, lançado em 2010 e composto pela Medida Provisória 495/2010 e pelos Decretos n. 7.232, 7.233 e 7.234/2010. Esse “pacote” amplia a ação das fundações
  • 5. 90 R. Katál., Florianópolis, v. 14, n. 1, p. 86-94, jan./jun. 2011 Kátia Regina de Souza Lima de direito privado nas universidades federais; retira das universidades a definição dos proje- tos acadêmicos a serem financiados, transfe- rindo essa prerrogativa para as fundações de direito privado; legaliza a quebra do regime de trabalho de Dedicação Exclusiva (DE); não resolve a falta de técnico-administrativos, cri- ando somente um mecanismo de realocação de vagas entre as instituições federais de en- sino superior (IFES); cria as condições para a diferenciação dos orçamentos das IFES, de acordo com índices de produtividade, intensi- ficando ainda mais o trabalho docente e, por fim, cria o Programa Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes), sem deixar claro de onde sairão os recursos financeiros para realização do Programa e l) a Medida Provisória n. 520, de 31 de dezem- bro de 2010, que autoriza a criação da Empre- sa Brasileira de Serviços Hospitalares. Em- bora estatal e vinculada ao Ministério da Edu- cação (MEC), a nova entidade terá personali- dade jurídica de direito privado, flexibilizando a contratação de trabalhadores dos hospitais universitários. Este vasto conjunto de ações pode ser agrupado em quatro nucleações básicas: 1) o fortalecimento do empresariamento da educação superior; 2) a implementação das parcerias público-privadas na educação superior; 3) a operacionalização dos con- tratos de gestão, eixos condutores da reforma neoliberal do Estado brasileiro, de Bresser-Cardoso a Paulo Bernardo-Lula da Silva e 4) a garantia a coesão social em torno das reformas estruturais rea- lizadas pelos governos Cardoso e Lula da Silva. O fortalecimento do empresariamento da educa- ção superior ocorreu por diversas ações: pelo aumen- to do número de IES privadas e pela privatização in- terna das universidades públicas. Segundo informa- ções, disponibilizadas no Censo 2002, ao final do go- verno Cardoso, o ingresso em IES públicas somava 320.354,enquantonasIESprivadassomava1.090.854 (BRASIL, 2002). Caracterizando um acesso via diver- sificação das IES, direcionado especialmente às IES privadas não universitárias e que “não” precisam, por determinação legal, implementar políticas de pesquisa e extensão. Esta expansão via instituições privadas de ensino é identificada nos seguintes termos por Olivei- ra, Dourado eAmaral (2006, p. 16): Dados do MEC/Inep/Seec, do Censo das Institui- ções de Ensino Superior de 2002, mostram que o sistemapossui1.637instituições;dessas,162(9,9%) são universidades, 77 (4,7%) são centros universi- tários, 105 (6,4%) são faculdades integradas, 1.240 (75,7%) são faculdades, escolas e institutos e 53 (3,2%) são centros de educação tecnológica. Em relação ao segundo mecanismo (privatização interna das IES públicas), o governo Cardoso realizou um profundo reordenamento interno das universida- des públicas, particularmente as federais. Esse pro- cesso ocorreu através de um arcabouço jurídico que permitiu: a venda de “serviços educacionais”, como os cursos pagos, especialmente os cursos de pós-gradua- ção lato sensu; o estabelecimento de parcerias entre as universidades federais e as empresas para realiza- ção de consultorias e assessorias viabilizadas pelas fundações de direito privado; a concepção de política de extensão universitária como venda de cursos de curta duração; a criação de mestrados profis- sionalizantes, em parcerias com empresas públicas e privadas, considerados como cursos autofinanciáveis, isto é, cursos pagos, entre outros mecanismos internos de privatização, analisados por vários pesquisadores (SGUISSARD;SILVAJR.,1999;SILVAJR.,2002;MAN- CEBO,2004;LIMA,2007). Essa lógica não será alterada no governo Lula da Silva e a quantidade de leis, decretos e medidas pro- visórias comprova a prioridade em relação à reformulação da educação superior, conduzida, a par- tir de 2003, seja pela regulamentação das parcerias entre as universidades federais e as fundações de direito privado, seja pela possibilidade de cobrança de cursos e venda de “serviços educacionais” pelas IES públicas, seja pela Lei de Inovação Tecnológica, que viabiliza o trabalho docente nas empresas priva- das e a ação destas empresas nas IES públicas, ou pelo aumento efetivo do número de IES privadas. O estímulo à privatização da educação superior e das “instituições de ensino” (centros universitári- os e faculdades isoladas) não será, portanto, altera- do no governo Lula da Silva, conforme demonstram os dados do Censo da Educação Superior de 2008. Se em 2002 (final do governo Cardoso) do total de 1.637 IES, 195 eram públicas e 1.442, privadas, em 2008, do total de 2.251 IES, 235 eram públicas e 2.016 eram IES privadas. Em relação à organiza- ção acadêmica, em 2002 o número de instituições estava assim distribuído: de 1.637 IES, 162 eram universidades, 77 centros universitários e 1.398 fa- culdades isoladas. Em 2008, de 2.252 IES, 183 eram universidades, 124 centros universitários e 1.945 eram faculdades isoladas (BRASIL, 2008).Ainda que apresentasse alterações em relação ao número de IES públicas, especialmente em relação às univer- sidades, permaneceu a execução da política do BM: diversificação das IES e dos cursos e das suas fon- tes de financiamento. A intensificação da privatização da educação su- perior é visível quando analisamos os dados referen- tes à criação dos Cursos de Graduação em Serviço Social (tabela 1) no primeiro governo Lula da Silva elencados nos estudos de Pereira (2007).
  • 6. 91 R. Katál., Florianópolis, v. 14, n. 1, p. 86-94, jan./jun. 2011 O Banco Mundial e a educação superior brasileira na primeira década do novo século Segundo Pereira (2007, p. 2), “até abril de 2008, existiam no Brasil 286 cursos de Serviço Social. Da totalidade dos cursos de Serviço Social existentes no país,160(55,9%)foramautorizadosafuncionarapartir doanode2003”.Destacaqueesta“explosão”denovos cursos “privados” em Serviço Social ocorreu, nesse período, em instituições não universitárias, restritas às atividades de ensino, conforme os dados da tabela 2. Os estudos da autora demonstram que dos 160 Cursos de Serviço Social criados no referido período, 12 estão em IES públicas e 148 em IES privadas. Desses 148 Cursos em IES privadas, 57 estão em IES universitárias e 91 em IES não universitárias. Estes dados revelam que no período acima indicado foi mantida a política de ampliação do número de IES/ cursos privados e de estímulo a IES não universitárias que não precisam realizar pesquisa e são caracteriza- das, em sua maioria, como “instituições de ensino”. A segunda nucleação temática trata da implementação das parcerias público-privadas (PPP) na educação superior. As PPP serão expressas atra- vés de várias ações realizadas pelo governo Lula da Silva, a contar da criação do ProUni, que garante isenção fiscal para o setor privado em troca de “va- gas públicas” nas IES privadas7 até a Lei de Inova- ção Tecnológica, que viabiliza as parcerias entre as IES públicas e as empresas. No mesmo sentido de mercantilização do conhe- cimento, em 2007, o MEC anunciou a Lei de Incen- tivo Fiscal à Pesquisa, Lei n. 11.487/2007 divulgada pela Capes (BRASIL, 2007, online) subordinando ain- da mais a pesquisa e os programas de pós-gradua- ção à concepção mercadológica da educação e do conhecimento: Tabela 2 – Cursos de Serviço Social distribuídos segundo natureza jurídica e organização acadêmica Tabela 1 – Criação dos Cursos de Graduação em Serviço Social no Brasil Com a Lei de Incentivo Fiscal à Pesquisa, as uni- versidades enviarão projetos desenvolvidos em seus campi a uma comissão tripartite, formada pe- los ministérios da Educação, Indústria e Comércio e Ciência e Tecnologia. Os projetos aprovados fa- rão parte de um catálogo que será distribuído à iniciativa privada. As empresas que se interessa- rem por projetos do catálogo poderão doar entre 17% e 85% do valor do plano – e terão essa doação abatida de impostos (Imposto de Renda e Contri- buição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL). Essa porcentagem doada será convertida para a univer- sidade em participação na propriedade intelectual do projeto, e o que faltar para 100% vai se tornar propriedade intelectual da empresa. Por exemplo: para um projeto aprovado pela comissão tripartite no valor de R$ 100 mil, uma empresa doa R$ 75 mil, 75% da patente será da universidade que gerou o projeto, e os outros 25% da propriedade intelectual serão da empresa que doou os recursos. A terceira nucleação temática trata da operacionalização dos contratos de gestão, eixos con- dutores da reforma neoliberal do Estado brasileiro, de Bresser-Cardoso a Paulo Bernardo-Lula da Silva. Uma referência importante e atual desta operacionalização é o Programa deApoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Fede- rais (Reuni). O Reuni foi apresentado através de De- creto presidencial n. 6.096/2007 e tem como objetivos: aumentar o número de estudantes de graduação nas universidades federais; aumentar o número de alunos por professor em cada sala de aula da graduação; di- versificar as modalidades dos cursos de graduação, Fonte: tabela elaborada pela autora, com base nos dados do INEP (BRASIL, 2007) e da pesquisa de Pereira (2007). Fonte: tabela organizada por Pereira (2007). Privado 47 44 122 213 Período 1930-1994 1995-2002 2003-2006 Total % 63,5 89,8 94,6 84,5 Público 27 05 07 39 % 36,5 10,2 5,4 15,5 Total 74 49 129 252 Organização acadêmica IES universitárias IES não universitárias Total IES públicas 10 02 12 % 83,3 16,7 100,0 IES privadas 57 91 148 % 38,5 61,5 100,0
  • 7. 92 Kátia Regina de Souza Lima R. Katál., Florianópolis, v. 14, n. 1, p. 86-94, jan./jun. 2011 através da flexibilização dos currículos, da educação a distância, da criação dos cursos de curta duração e dos ciclos (básico e profissional); incentivar a criação de um novo sistema de títulos; elevar a taxa de con- clusão dos cursos de graduação para 90% e estimular a mobilidade estudantil entre as instituições de ensino. Tudo isto no prazo de cinco anos. Para cada universidade federal que aderir a este “termo de pactuação de metas”, ou seja, um contrato de gestão com o MEC, o governo “promete” um acrés- cimo de recursos limitado a vinte por cento das despe- sas de custeio e pessoal. Entretanto, uma análise cui- dadosa do parágrafo terceiro do artigo 3º e do artigo 7º do Decreto de criação do Reuni deixa claro em que termos ocorrerá esta “expansão”, pois “o atendimento aos planos é condicionado à capacidade orçamentária e operacional do MEC” e “as despesas decorrentes deste processo devem estar circunscritas às dotações orçamentárias consignadas anualmente ao MEC”. A análise do Reuni evidencia de que forma e com que conteúdo está ocorrendo a expansão do acesso à educação superior. Trata-se do tripé: aligeiramento da formação profissional (cursos de curta duração, ciclos, exame de proficiência, cursos a distância); aprofundamento da intensificação do trabalho docen- te (relação professor/aluno, ênfase das atividades acadêmicas no ensino de graduação) e pavimenta- ção do caminho para transformação das universida- des federais em “instituições de ensino terciário”, quebrando a indissociabilidade entre ensino, pesqui- sa e extensão e decretando, efetivamente, o fim da autonomia universitária, na medida em que a alocação das verbas públicas está condicionada à adesão ao contrato de gestão/Reuni (LIMA, 2008). A reestruturação e expansão operada pelo Reuni resulta, assim, na intensificação do trabalho docente em sua dupla face na graduação: o aumento do nú- mero de alunos em cada sala, somado ao aumento do número de cursos e da relação professor/aluno, está conformando a figura do “professor do ensino terciário”, aquele que – pela quantidade de trabalho na graduação – não desenvolve ou desenvolve com muitas limitações um projeto de pesquisa e/ou exten- são; um professor que não publica ou publica “pou- co” (segundo as exigências da Capes e do CNPq), pois não tem tempo para escrever; que não participa de eventos científicos nacionais e/ou internacionais porque não tem verba pública disponibilizada para garantir esta participação. É um processo difícil de ser rompido: o professor não é considerado “produti- vo” porque está alocado na graduação, não atua em programas de pós-graduação, não pesquisa e não publica. Ao mesmo tempo, ele não consegue sair do papel de “professor do ensino terciário” na medida em que é avaliado como “improdutivo” pelos órgãos superiores das universidades (pró-reitorias) e/ou pe- los órgãos de fomento8 (LIMA, 2010). A quarta nucleação temática expressa o objetivo das reformas e políticas da educação superior em curso no Brasil: a garantia da coesão social em torno das reformas estruturais (previdênciária, tributária, sindical e trabalhista), realizadas pelo governo Lula da Silva em absoluta consonância com as políticas dos organismos internacionais do capital. Nesse sen- tido, a desconstrução da educação superior pública brasileira é apresentada como “democratização” do acesso à educação para os segmentos mais pauperizados da população. O ProUni, o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES), o ensino a distância, o projeto Escola na Fá- brica, as “universidades” tecnológicas, os cursos sequenciais, os cursos de curta duração e o Reuni constituem importantes referências da política de ampliação de acesso à educação utilizada pelo Go- verno Federal para legitimar suas ações por intermé- dio de uma eficiente operação ideológica que as re- veste de um ilusório verniz democrático-popular. A título de consideração final A análise dos documentos do BM e das políticas executadas pelos governos Cardoso e Lula da Silva demonstra que está em curso um intenso processo de reforma neoliberal do Estado e da educação su- perior no Brasil. Não se trata de uma “imposição” dos organismos internacionais ou da subordinação do Brasil às determinações vindas “de fora”, ainda que o mecanismo das condicionalidades esteja presente nos acordos firmados entre os governos brasileiros e o BM, mas de um “compartilhamento” da concep- ção de educação como “ensino terciário”. O que se evidencia, na primeira década do século 21, é a estruturação de um tipo de universidade ade- quada à atual etapa de acumulação do capital, parti- cularmente em um país capitalista dependente como o Brasil. Uma estruturação que transita da priva- tização direta, passando pelo novo modelo de gestão, introduzido pelo padrão gerencial e coroado com a quebra de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão e a mercantilização do conhecimento. Um processo que configurou a educação superior como um campo de exploração lucrativa para o capital em crise e aprofundou sua função política, econômica e ideo-cultural de reprodução da concepção burguesa de mundo. 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  • 8. 93O Banco Mundial e a educação superior brasileira na primeira década do novo século R. Katál., Florianópolis, v. 14, n. 1, p. 86-94, jan./jun. 2011 ______. Relatório sobre o desenvolvimento mundial. O Estado em um mundo em transformação. 1997. Disponível em: <http://www.bancomundial.org.br/index.php/content/ view_folder/94.html>.Acesso em: 12 abr. 2010. ______. Documento estratégico do Banco Mundial. A educação na América Latina e Caribe. 1999. Disponível em: <http://www.bancomundial.org.br>.Acesso em:8 abr. 2010. ______. Construir sociedades de conocimiento: nuevos desafíos para la educación terciaria. 2002. Disponível em: <http://siteresources.worldbank.org/EDUCATION/ Resources/278200-1099079877269/547664- 1099079956815/CKS-spanish.pdf>. Acesso em: 27 abr. 2010. BRASIL. Capes – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Haddad apresenta parcerias público-privadas para delegação americana. 2007. Disponível em: <http://www.capes.gov.br/servicos/ salaimprensa/noticias/noticia_0763.html>.Acesso em: 12 abr.2009. ______. INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. Censo da Educação Superior Brasileira. Resumo Técnico, 2002. Disponível em: <http:// www.inep.gov.br/download/superior/censo/ tabelas_resumo_tec_.xls>.Acesso em: 15 dez. 2009. ______. INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais . Censo da Educação Superior. 2008. Disponível em: <http://www.inep.gov.br/download/censo/ 2008/resumo_tecnico_2008_15_12_09.pdf>.Acesso 6 em: abr.2010. CHESNAIS, F. Mundialização financeira e vulnerabilidade sistêmica. In: ______. (Coord.) A mundialização finan- ceira: gênese, custos e riscos. São Paulo: Xamã, 1999. LIMA, K. Contrarreforma na educação superior: de FHC a Lula. São Paulo: Xamã, 2007. ______. Reuni e banco de professor equivalente: novas ofensivas da contrarreforma da educação superior brasileira no governo Lula da Silva. Revista Universidade e Sociedade, Brasília:ANDES/SN, n. 41, p. 69-78, 2008. ______. O novo rosto da educação superior pública. Re- vista Classe, Aduff/Seção Sindical, ano 2, n. 3, p. 18-24, 2010. MANCEBO, D. Reforma universitária: reflexões sobre a privatização e a mercantilização do conhecimento. 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/es/v25n88/ a10v2588.pdf>. Acesso em: 4 maio 2009. ______. Universidade para todos: a privatização em ques- tão. 2004a. Disponível em: <http://www.anped.org.br/ reformauniversitaria4.doc>.Acesso em: 12 mar. 2010. NEVES,L.(Org.). Oempresariamentodaeducação.Novos contornos do ensino superior no Brasil dos anos 1990. São Paulo: Xamã, 2002. OLIVEIRA, J. F; DOURADO, L. F; AMARAL, N. C. Desafios e perspectivas de uma política para as Instituições Federais de Ensino Superior (IFES). Brasília: MEC/INEP, 2006, p. 9-49. (Série Documental, v. 23). PEREIRA, L. D. Mercantilização do ensino superior e formação profissional em Serviço Social: uma análise da direção social e das condições de formação profissional dos assistentes sociais brasileiros. Niterói: ESS/UFF, 2007. (Projeto de Pesquisa). ROSA, R. N. Ensino superior em crise. 2007. Disponível em: <http://pararbolonha.blogspot.com/2007/02/o-ensino- superior-em-crise-por-rui.html>.Acesso em: 21 abr. 2010. SGUISSARD, V.; SILVA JR, J. dos R. Novas faces da educação superior no Brasil. Reforma do Estado e mudança na produção. Bragança Paulista: Edusf, 1999. ______. Trabalho intensificado nas federais. Pós- graduação e produtivismo acadêmico. São Paulo: Xamã, 2009. SILVAJR., J. dos R. Reforma do Estado e da educação no Brasil de FHC. São Paulo: Xamã, 2002. UGÁ, V. D. A questão social como pobreza: crítica à conceituação neoliberal. 232 p.Tese (Doutorado em Ciência Política) – Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro, 2008. Notas 1 Uma análise cuidadosa dos documentos do BM demonstra quesuaspolíticasnãotratamda“educação”(aindaqueeste seja o termo utilizado), mas de um “ensino” massificado, concebido como transmissão de informações, treinamento, instrução e capacitação, absolutamente desarticulado da pesquisa e da produção do conhecimento crítico e referenciado nas lutas históricas da classe trabalhadora. 2 Utilizaremos neste artigo o conceito de países periféricos como contraposição à noção de “países em desen- volvimento”utilizadapeloBM,porconsiderarmosessanoção uma das importantes estratégias de ocultamento de um dos elementos constitutivos do capitalismo: a lei desigual do desenvolvimentodaeconomiamundial.
  • 9. 94 Kátia Regina de Souza Lima R. Katál., Florianópolis, v. 14, n. 1, p. 86-94, jan./jun. 2011 3 Para aprofundar a análise crítica sobre o uso da categoria pobrezanaspolíticasdoBM,consultarUgá(2008). 4 Vale conferir a condução deste processo através doAcordo deBolonha.IndicoespecialmenteostextosdeRosa(2007) sobre o significado político e pedagógico deste “Acordo”. 5 Para aprofundar a análise crítica da noção “sociedade da informação/conhecimento”,consultarLima(2007). 6 Todos esses documentos relacionados, e os demais indicados ao longo do texto (leis, decretos e medidas provisórias) estão disponíveis em: <http://www.- planalto.gov.br/legislação>. 7 Uma interessante análise sobre o significado do ProUni é desenvolvidaemMancebo(2004a). 8 Aoutrafacedestaintensificaçãodotrabalhodocenteocorre pelo “produtivismo acadêmico”: professores que além de atuarem na graduação, atuam nos programas de pós- graduação e têm “metas de produção” a serem atingidas, como o número de livros, capítulos de livros, artigos, participaçãoemeventosnacionaiseinternacionais.OReuni opera a primeira face da intensificação acima indicada e as políticas de pesquisa e pós-graduação operam a outra face desta intensificação do trabalho docente. Uma importante análise crítica da intensificação do trabalho docente, implementadapelaspolíticasdepós-graduaçãoepesquisaé realizadaporSguissardeSilvaJr.(2009). Kátia Regina de Souza Lima katiaslima@globo.com Doutorado em Educação pela Universidade Federal Fluminense (UFF) Professora adjunta da Escola de Serviço Social e do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFF UFF – Escola de Serviço Social e Programa de Pós-Graduação em Educação Campus do Gragoatá s/n Blocos E 5° andar Bairro São Domingos Niterói – Rio de Janeiro CEP: 24210-350