2. O que significa capital humano?
• Entendido como instrução, saúde,
treinamento prático – provocadores de
desenvolvimento econômico, como
investimento com taxa de retorno apreciável
pelo aumento da produtividade do
trabalhador
3. Para Frigotto (1984, p. 39)
• O conceito de capital humano, que constitui o
construtor básico da economia da educação,
vai encontrar campo próprio para seu
desenvolvimento no bojo das discussões sobre
os fatores explicativos do crescimento
econômico.
4. Cont. citação Frigotto
• A preocupação básica ao nível
macroeconômico é, então, a análise dos nexos
entre os avanços educacionais e o
desenvolvimento econômico do país.
5. Expressiva repercussão na América
Latina
• Onde a escola passou a ser vista como locus
prioritário da formação de mão-de-obra para
o mercado de trabalho, conforme De Vicenzi(
1983)
6. Teoria do Capital Humano
• Que entende a educação como investimento
capaz de provocar a mobilidade social
relacionado ao crescimento econômico,
inserta nos bojo das teorias do
desenvolvimento econômico, que pregam o
planejamento geral como instrumento de
desenvolvimento.
7. Origens da TCH para Frigotto,2015 p.
11 e 12
• A questão central que ocupava os dirigentes e
intelectuais do sistema capitalista após a
Segunda Guerra Mundial e a ampliação
geopolítica do socialismo com reflexo nas
regiões pobres era:
8. Cont. origens TCH
• qual seria a chave para diminuir a
desigualdade entre nações e entre grupos
sociais e indivíduos? Esta questão aguçou-se
com a revolução popular em Cuba que, em
1959, depôs o ditador Fulgêncio Batista e, em
seguida, sob a liderança de Fidel Castro e
Ernesto Che Guevara, instaurou o socialismo
9. No início da década de 1960, a equipe liderada pelo
economista Theodoro Schultz, nos Estados Unidos
• buscou responder a questão e formulou a
noção de capital humano. Este entendido
como o estoque de conhecimentos,
habilidades, atitudes, valores e níveis de
saúde que potenciariam a força de trabalho
das diferentes nações. Estas pesquisas lhe
valeram o Prêmio Nobel de Economia de
1978.
10. A tese básica sustentada por Schultz
(1962 e 1973)
• e que se tornou senso comum, foi a de que
aqueles países, ou famílias e indivíduos, que
investissem em educação acabariam tendo
um retorno igual ou maior que outros
investimentos produtivos. Por essa via se teria
a chave para diminuir a desigualdade entre
nações, grupos sociais e indivíduos.
11. Frigotto (Revista Contemporânea de Educação,
vol. 10, n. 20, julho/dezembro de 2015)
• Tratava-se de uma perspectiva do papel
integrador da educação escolar ao mundo do
emprego e de uma estratégia para evitar a
penetração do ideário socialista, em especial o
risco de sua expansão nos países de
capitalismo da periferia
12. Cont.
• É sob a égide da “teoria” do capital humano
que se traçam planos, diretrizes e estratégias
educacionais, especialmente para os países de
capitalismo dependente, e se afirma a ideia de
que a ascensão e a mobilidade social têm um
caminho garantido via escolaridade, mediante
empregos bem remunerados.
13. Essa perspectiva integradora da escola,
• paradoxalmente, caminhava numa direção
inversa das relações sociais capitalistas, com
concentração de capital e monopólio da
ciência e da técnica, aumento do desemprego
estrutural e ampliação do trabalho precário.
14. Instrumento de desenvolvimento
• Dentro disso se insere o planejamento social,
objetivando o desenvolvimento de RH
considerados de extrema importância na rota
e consecução do desenvolvimento econômico
15. Principais teóricos do capital humano
• Theodore Schultz, Edward Denison, Firederich
Edding, Gary Becker e outros partiam do
pressuposto de que a educação elevaria o
nível de desenvolvimento cognitivo e a
competência técnica dos indivíduos gerando
assim maior produtividade e consequente
melhoria de vida dos trabalhadores
16. Teses básicas da TCH
• determinadas frações burguesas operam
diretamente no setor de serviços
educacionais, explorando, diretamente, um
enorme contingente de trabalhadores da
educação, de indústrias editoriais e de
tecnologias (LEHER, Roberto. Universidade e
heteronomia cultural do capitalismo
dependente: um estudo a partir de Florestan
Fernandes. Rio de Janeiro: Consequência,
2018, p. 33)
17. Como afirma Frigotto (2010, p. 44)
a disseminação da teoria do capital humano foi
rápida nos países latino-americanos e de
Terceiro Mundo, mediante as organizações
internacionais (BID, BIRD, OIT, UNESCO, FMI,
USAID, UNICEF) e regionais [...], que
representam dominantemente a visão e os
interesses do capitalismo (FRIGOTTO,
Gaudêncio, Educação e a crise do capitalismo
real. 6ª ed. São Paulo: Cortez)
18. As organizações internacionais e regionais
desempenham um papel central na orientação de
políticas de reforma
• mediante a assistência técnica e financeira,
através de créditos condicionados. Entre eles,
o Banco Mundial promoveu reformas no
financiamento e na administração da
educação e deu impulso a propostas de
privatização que tendiam à formação de
mercados educativos, bem conhecidos hoje.
19. TCH entrou no Brasil
• Na década de 1970, por meio dos economistas
formados nos Estados Unidos da América e
continuou sendo disseminada por outros
teóricos em vários tipos de eventos.
20. 2 economistas – Carlos Geraldo
Langoni e Cláudio de Moura Castro
• – destacaram-se na difusão desta “teoria” no
Brasil. Moura Castro fez o curso de mestrado na
Universidade de Yale e o doutorado na
Universidade de Vanderbilt, nos EUA, e Carlos
Geraldo Langoni, doutorado em Chicago. Castro é
quem inaugurou, sob esta perspectiva, o campo
disciplinar de Economia da Educação na pós-
graduação em Educação da Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ),
em 1973, e no curso de pós-graduação em
Educação do Instituto de Avançados em Educação
(IESAE), da Fundação Getúlio Vargas, em 1974.
21. Cont. Org. internacionais
• Essas organizações internacionais aprofundam
o enfoque da mercantilização da educação,
marcado por um crescente processo de
privatização, no que tange ao processo de
abertura de grupos econômicos na educação.
22. • O elemento de continuidade é garantido pelo
reforço que a educação tem de ser produtiva,
sendo preciso administrar melhor a escola, os
conteúdos e a formação de professores.
23. Tanto os acordos da Organização
Mundial do Comércio (OMC)
• como o aparecimento dos Tratados de Livre-
Comércio (TCL) na região, incluem a educação
como um serviço comercializável que deve
estar sujeito a condições de competição e a
regras de mercado.
24. • Nessa perspectiva, Feldfeber (2013) sustenta
que o mais importante serviço público que
jamais existiu, está sendo chamado a servir
mais e melhor à competição econômica, de
três maneiras:
25. FELDFEBER, Myriam. Internacionalização da educação, Tratados de Livre Comércio e
políticas educativas na América Latina. In: FERREIRA, Eliza Bartolozzi; OLIVEIRA, Dalila
Andrade. Crise da escola e Políticas educativas. Belo Horizonte, MG: Autêntica
Editora, 2013, p. 162 e 165
• “formando mais adequadamente o
trabalhador, educando e estimulando o
consumidor, e finalmente ele mesmo se
abrindo à conquista dos mercados” (p. 162).
Esses tratados, que se apresentam como
acordos, “são imposições dos países
desenvolvidos para os países em
desenvolvimento para que abram seus
mercados em troca de concessões marginais”
(FELDFEBER, 2013, p. 165).
26. Objetivo de contribuir para o capital
circular com mais liberdade
• Para Feldfeber (2013), são diversas as armadilhas
que a educação enfrenta no cenário atual. Por
um lado, temos a definição da noção de educação
pública e, por outro, o sentido da educação como
bem público. Segundo a autora, o fornecimento
da educação pública seria uma barreira para o
comércio em serviços, conforme o estabelecido
pelo Acordo Geral sobre o Comércio de Serviços
(AGCS).
•
27. Saviani (2013 SAVIANI, Dermeval. História das ideias
pedagógicas no Brasil. 4ª. ed. Campinas: Autores Associados,
2013
• ao analisar a educação nas últimas décadas,
diz que os fundamentos dessa orientação
educacional estão assentados em quatro
matrizes fundamentais:
• a) neoprodutivismo, que advém da teoria do
capital humano, em razão das transformações
produtivas (toyotismo) que configuram uma
espécie de pedagogia da exclusão;
28. Cont.matrizes fundamentais
• b) o neoescolanovismo, que acentua o foco do
aprender a aprender;
• c) o construtivismo, que enfatiza a atividade
do estudante e a chamada pedagogia das
competências;
• d) o neotecnicismo, que pode ser observado
na reforma do estado e na orientação
gerencial, da organização e administração
escolar.
29. Para Frigotto, 1984, p. 35-36 as bases
da Teoria do capital humano
• O conceito de capital humano surge como um
elemento explicativo do desenvolvimento e
equidade social, onde a educação aparece
como fator de desenvolvimento e distribuição
de capital. Para Shultz, a TCH advém da teoria
neoclássica do desenvolvimento econômico
30. A TCH
• tem suas bases teórico-metodológicas na
economia neoclássica, pois parte do pressuposto
de que o desenvolvimento das economias
nacionais em estágios inferiores se dá pelo
aumento necessário da desigualdade, em médio
prazo, o que possibilita o aumento crescente das
taxas de acumulação; e pela posterior
redistribuição da riqueza, em longo prazo, que
seria conseqüência natural do fortalecimento da
economia.
31. Dentro de tal perspectiva
• na medida em que o crescimento atingido
determinaria níveis mínimos de desemprego,
a produtividade aumentaria e haveria uma
crescente transferência dos níveis de baixa
renda do setor tradicional para os setores
modernos, produzindo salários mais elevados.
32. Continuação
• Assim, o desenvolvimento social se
consolidaria, naturalmente, em decorrência
da prosperidade econômica alcançada
33. Conti.
• nasce da necessidade da economia
neoclássica explicar satisfatoriamente o
crescimento econômico do mundo ocidental
nos períodos de estabilidade alcançada nas
décadas que se seguem a II Grande Guerra
Mundial.
34. De acordo com Bárbara Freitag(1986),
• Os fatores input da função crescimento –
capital e trabalho – não bastaram para
explicar o output registrado – taxa de
crescimento – nas décadas de 1950 e 1960 .
Dois autores se destacaram na busca do
“desvendamento” desse mistério: Becker e
Schultz
35. Cont. eles iluminaram
• as teorias sobre o capital humano que hoje
servem de fundamento para as formulações e
práticas na área educacional por parte de
diversos governos e organizações da
sociedade civil, na forma de investimento em
recursos humanos – especialmente em
formação/qualificação da força de trabalho.
Vejamos o eixo central de argumentação
desses teóricos.
36. Para Shultz
• Embora seja óbvio que as pessoas adquiram
capacidades úteis e conhecimentos, não é óbvio
que essas capacidades e esses conhecimentos
sejam uma forma de capital, que esse capital
seja, em parte substancial, um produto do
investimento deliberado, que têm-se
desenvolvido no seio das sociedades ocidentais a
um índice muito mais rápido do que o capital
convencional (não-humano), e que o seu
crescimento pode muito bem ser a característica
mais singular do sistema econômico.
37. • Observou-se amplamente que os aumentos
ocorridos na produção nacional têm sido
amplamente comparados aos acréscimos de
terra, de homens-hora e de capital físico
reproduzível. O investimento do capital
humano talvez seja a explicação mais
consentânea para esta assinalada diferença.
38. Os novos conceitos relacionados
• ao processo produtivo, à organização do
trabalho e à qualificação do trabalhador têm
uma estreita relação com a recomposição do
capital diante da atual crise de acumulação.
39. A integração, a qualidade e flexibilidade, os
conhecimentos gerais e a capacidade de abstração
rápida
• são elementos-chave para os saltos de
produtividade e competitividade tão
almejados pelo capital, em um contexto de
crise acirrada de competitividade
intercapitalista e de obstáculos sociais e
políticos às tradicionais formas de organização
da produção. É exatamente nesse ponto que
reside a atualidade da Teoria do Capital
Humano.
40. Alguns teóricos ditos marxistas
• também vêem na formação/qualificação da
força de trabalho a possibilidade de combate
ao desemprego e geração de renda. Entendem
a formação/qualificação como fator de
desenvolvimento da produtividade e da
qualidade da produção e, conseqüentemente,
de crescimento econômico.
41. Identificação com a concepção
burguesa
• na medida em que atribui ao progresso
técnico decorrente de maior qualificação da
força de trabalho uma aparente neutralidade
e sugere que o crescimento por ele gerado é
igualmente benéfico tanto para a classe
trabalhadora como para o empresariado.
42. Antagonismos das classes sociais
• Deixam de lado que são determinantes na
configuração das relações sociais, onde o
progresso técnico é tido como neutro e
autônomo e que deles precisamos para
avançar superando as desigualdades sociais