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Para ilustrar, e a nos auxiliar a melhor compreender esse tema, fomos
buscar no livro Contos e Apólogos, o conto “A Lição do discernimento”,
ditado pelo Espírito Irmão X. (Momentos de Paz Maria da Luz).
Conta-nos assim o autor espiritual:
Finda a cena brutal, em que o povo pretendia lapidar a mulher infeliz, na
praça pública, Pedro, que seguia o Senhor de perto, interpelou-o,
zelosamente:
Mestre, desculpando os erros das mulheres que fogem ao ministério do lar,
não estaremos oferecendo apoio à devassidão? Abrir os braços no
espetáculo deprimente que acabamos de ver não será proteger o pecado?
Jesus meditou, meditou, e respondeu:
Simão, seremos sempre julgados pela medida com que julgarmos os nossos
semelhantes.
Sim, clamou o apóstolo, irritado; compreendo a caridade que nos deve
afastar dos juízos errôneos, mas por ventura conseguiremos viver sem
discernir? Uma pecadora, trazida ao apedrejamento, não perturbará a
tranquilidade das famílias? Não representará um quadro de lama para as
crianças e para os jovens? Não será uma excitação à prática do mal?
Ante as duas interrogações, o messias observou, sereno:
Quem poderá examinar agora o acontecimento, em toda a extensão dele?
Sabemos, acaso, quantas lágrimas terá vertido essa desventurada mulher até
a queda fatal no grande infortúnio?
Quem terá dado a esse pobre coração feminino o primeiro impulso para o
despenhadeiro? E quem sabe, Pedro, essa desditosa irmã terá sido arrastada
à loucura, atendendo a desesperadoras necessidades?
O discípulo, contudo, no propósito de exalçar a justiça, acrescentou:
De qualquer modo, a corrigenda é inadiável imperativo. Se ela nos merece
compaixão e bondade, há então, noutros setores, o culpado ou os culpados
que precisamos punir. Quem terá provocado a cena desagradável a que
assistimos? Geralmente, as mulheres desse naipe são reservadas e fogem à
multidão. Que motivos teriam trazido essa infeliz ao clamor da praça?
Jesus sorriu, complacente, e tornou:
Quem sabe a pobrezinha andaria à procura de assistência?
O pescador de Cafarnaum acentuou, contrariado:
O responsável devia expiar semelhante delito. Sou contra a desordem e na
gritaria que presenciamos estou convencido de que o cárcere e ao açoites
deveriam funcionar.
Nesse ponto do entendimento, velha mendiga que ouvia a conversação,
caminhando vagarosamente, quase junto deles, exclamou para Simão,
surpreendido:
Galileu bondoso, herdeiro da fé vitoriosa de nossos pais, graças sejam
dadas a Deus, nosso Poderoso Senhor!
A mulher apedrejada é filha de minha irmã paralítica e cega. Moramos nas
vizinhanças e vínhamos ao mercado em busca de alimento. Abeiravamo-
nos daqui, quando fomos assaltadas por um rapaz que, depois de repelido
por ela, em luta corpo a corpo, saiu a indicá-la ao povo para a lapidação,
simplesmente porque minha infeliz sobrinha, digna de melhor sorte, não
tem tido até hoje uma vida regular. Ambas estamos feridas e, com
dificuldade, tornaremos para a casa. Se é possível, galileu generoso,
restabelece a verdade e faze a justiça!
E onde está o miserável? Gritou Simão, enérgico, diante do Mestre, que o
seguia, bondoso.
Ali! Ali! Informou a velhinha, com o júbilo de uma criança reconduzida
repentinamente à alegria. E apontou uma casa de peregrinos, para onde o
apóstolo se dirigiu, acompanhado de Jesus que o observava, sereno. Por
trás de antiga porta, escondia-se um homem, trêmulo de vergonha. Pedro
avançou de punhos cerrados, mas, a breves segundos, estacou, pálido e
abatido. O autor da cena triste era Efraim, filho de Jafar, pupilo de sua
sogra e comensal de sua própria mesa. Seguira o Messias com piedosa
atitude, mas Pedro bem reconhecia agora que o irmão adotivo de sua
mulher guardava intenção diferente. Angustiado, em lágrimas de cólera e
amargura, Simão adiantou-se para o Cristo, à maneira do menino
necessitado de proteção, e bradou:
Mestre, Mestre! Que fazer?
Jesus, porém, acolheu-o amorosamente nos braços e murmurou:
Pedro, não julguemos para não sermos julgados. Aprendamos, contudo, a
discernir.
REFLEXÃO:
Discernimento não é uma habilidade comum na vida humana. O homem se
precipita quase sempre no julgamento dos eventos que observa. Julga pelas
aparências, pelos sintomas, sem se preocupar em dilatar sua percepção ou
com a análise das ocorrências, buscando encontrar os fatos, as explicações
ou as justificativas desses eventos. Mestre em julgar seu semelhante, o
homem precipita-se no erro e com frequência comete injustiças com
aqueles que não as merecem.
Transformam em verdugo aquele que nada mais é do que vítima das
circunstâncias e em vítima outros que não passam de perseguidores
injustificados. Enquanto a justiça de Deus é a misericórdia, a compreensão
e a oportunidade de se refazer caminhos, a justiça dos homens é plena de
julgamentos e condenações, lapidando o pecador diante das contingências
que parecem demonstrar sua culpa. Por isto Jesus nos deixou clara a lição
da misericórdia; não julgueis, para não serdes julgados. Da mesma forma
que julgardes, sereis julgados. O discernimento é o melhor companheiro
diante dos fatos da vida que nos induzem ao julgamento inútil e
precipitado.
Discernimento é a capacidade de separar as causas dos efeitos, os fatos das
aparências, e que nos leva a aplicar a indulgência no lugar da condenação, a
oportunidade ao invés da impiedade. A verdadeira justiça dos homens é
falha, imperfeita, imprópria. A justiça do Pai é imutável. O discernimento é
a habilidade que nos ajuda a evitar precipitações e quedas e nos ensina a
confiar mais na justiça de Deus, e nos impede de julgar os eventos pela
maneira aparente de ser. O discernimento nos convida a manter o
equilíbrio, a paz na consciência, a compreensão para as fraquezas,
enfermidades e ignorância do mundo. O discernimento é o grande aliado
daquele que deseja aprender com a justiça de Deus, amando ao próximo
como a si mesmo.
Bondade e compaixão, compreensão e entendimento não fazem parte dos
códigos humanos que sempre tendem a se alinhar com a Lei de Talião: olho
por olho, dente por dente. Dessa forma, aqueles que se tornam justiceiros
não conseguem livrar-se do peso que carregam, da consciência da injustiça
e da responsabilidade pelo desamor e pela falta de caridade para com
aqueles que erram. Existem ditados populares cheios de sabedoria e que
auxiliam na observação correta dos fatos e nos aconselham a dilatação do
ponto de vista, frente aos eventos que nos parecem errados, nocivos ou
impróprios: “Nem tudo o que reluz é ouro e nem tudo o que balança cai”.
A diferença está entre o que é e o que parece ser.
Nossa imperfeição sempre nos leva a julgar ou considerar as evidências
pelo que parecem ser, pois os sintomas, as aparências são sempre a base do
julgamento. Mas sempre existe o oculto embaixo das aparências. Muito nos
preocupamos mais em parecermos ser virtuosos do que sermos de fato
dotados de virtude. Aos olhos da evolução espiritual, buscar ser não agrega
necessariamente valor à nossa evolução, quando não vem ao encontro das
ações benéficas que modificam e elevam o Espírito. Viver de aparências
adia a aquisição de conquistas e realizações mais sublimes, roubando
oportunidades de crescimento espiritual. A análise dessa estória nos faz
pensar em outro ditado popular que diz: “Pimenta nos olhos dos outros é
refresco”.
Sempre que nos adiantamos e nos tornamos os defensores da justiça, e
buscamos fazer a lei para com os aparentes delinquentes ou infratores,
pensemos primeiro no que faríamos se diante de nós estivesse, por
exemplo, nosso filho ou nosso irmão, ou se aquele ali diante de nós
fôssemos nós mesmos? O que desejaríamos então? É claro que compaixão,
piedade, novas oportunidades, não é verdade? Qual o pai que condenaria
seu filho ou seu melhor amigo? Qual de nós se sentiria feliz sendo
condenado? A Lei de Deus funciona assim para conosco. Nos é dada a
liberdade de escolha e em qualquer caminho escolhido haverá sempre uma
lição dolorosa ou um aprendizado mais brando. Mas sempre haverá
aprendizado.
Deus, portanto, não julga, não condena, apenas submete o aprendiz às
consequências de suas ações e lhe dá sempre novas oportunidades para
refazer os caminhos.
Muita Paz!
Meu Blog: http://espiritual-espiritual.blogspot.com.br
Com estudos comentados de O Livro dos Espíritos, de O Livro dos
Médiuns, e de O Evangelho Segundo o Espiritismo.

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A lição do discernimento

  • 1.
  • 2. Para ilustrar, e a nos auxiliar a melhor compreender esse tema, fomos buscar no livro Contos e Apólogos, o conto “A Lição do discernimento”, ditado pelo Espírito Irmão X. (Momentos de Paz Maria da Luz). Conta-nos assim o autor espiritual: Finda a cena brutal, em que o povo pretendia lapidar a mulher infeliz, na praça pública, Pedro, que seguia o Senhor de perto, interpelou-o, zelosamente: Mestre, desculpando os erros das mulheres que fogem ao ministério do lar, não estaremos oferecendo apoio à devassidão? Abrir os braços no espetáculo deprimente que acabamos de ver não será proteger o pecado? Jesus meditou, meditou, e respondeu:
  • 3. Simão, seremos sempre julgados pela medida com que julgarmos os nossos semelhantes. Sim, clamou o apóstolo, irritado; compreendo a caridade que nos deve afastar dos juízos errôneos, mas por ventura conseguiremos viver sem discernir? Uma pecadora, trazida ao apedrejamento, não perturbará a tranquilidade das famílias? Não representará um quadro de lama para as crianças e para os jovens? Não será uma excitação à prática do mal? Ante as duas interrogações, o messias observou, sereno: Quem poderá examinar agora o acontecimento, em toda a extensão dele? Sabemos, acaso, quantas lágrimas terá vertido essa desventurada mulher até a queda fatal no grande infortúnio?
  • 4. Quem terá dado a esse pobre coração feminino o primeiro impulso para o despenhadeiro? E quem sabe, Pedro, essa desditosa irmã terá sido arrastada à loucura, atendendo a desesperadoras necessidades? O discípulo, contudo, no propósito de exalçar a justiça, acrescentou: De qualquer modo, a corrigenda é inadiável imperativo. Se ela nos merece compaixão e bondade, há então, noutros setores, o culpado ou os culpados que precisamos punir. Quem terá provocado a cena desagradável a que assistimos? Geralmente, as mulheres desse naipe são reservadas e fogem à multidão. Que motivos teriam trazido essa infeliz ao clamor da praça? Jesus sorriu, complacente, e tornou:
  • 5. Quem sabe a pobrezinha andaria à procura de assistência? O pescador de Cafarnaum acentuou, contrariado: O responsável devia expiar semelhante delito. Sou contra a desordem e na gritaria que presenciamos estou convencido de que o cárcere e ao açoites deveriam funcionar. Nesse ponto do entendimento, velha mendiga que ouvia a conversação, caminhando vagarosamente, quase junto deles, exclamou para Simão, surpreendido: Galileu bondoso, herdeiro da fé vitoriosa de nossos pais, graças sejam dadas a Deus, nosso Poderoso Senhor!
  • 6. A mulher apedrejada é filha de minha irmã paralítica e cega. Moramos nas vizinhanças e vínhamos ao mercado em busca de alimento. Abeiravamo- nos daqui, quando fomos assaltadas por um rapaz que, depois de repelido por ela, em luta corpo a corpo, saiu a indicá-la ao povo para a lapidação, simplesmente porque minha infeliz sobrinha, digna de melhor sorte, não tem tido até hoje uma vida regular. Ambas estamos feridas e, com dificuldade, tornaremos para a casa. Se é possível, galileu generoso, restabelece a verdade e faze a justiça! E onde está o miserável? Gritou Simão, enérgico, diante do Mestre, que o seguia, bondoso.
  • 7. Ali! Ali! Informou a velhinha, com o júbilo de uma criança reconduzida repentinamente à alegria. E apontou uma casa de peregrinos, para onde o apóstolo se dirigiu, acompanhado de Jesus que o observava, sereno. Por trás de antiga porta, escondia-se um homem, trêmulo de vergonha. Pedro avançou de punhos cerrados, mas, a breves segundos, estacou, pálido e abatido. O autor da cena triste era Efraim, filho de Jafar, pupilo de sua sogra e comensal de sua própria mesa. Seguira o Messias com piedosa atitude, mas Pedro bem reconhecia agora que o irmão adotivo de sua mulher guardava intenção diferente. Angustiado, em lágrimas de cólera e amargura, Simão adiantou-se para o Cristo, à maneira do menino necessitado de proteção, e bradou:
  • 8. Mestre, Mestre! Que fazer? Jesus, porém, acolheu-o amorosamente nos braços e murmurou: Pedro, não julguemos para não sermos julgados. Aprendamos, contudo, a discernir. REFLEXÃO: Discernimento não é uma habilidade comum na vida humana. O homem se precipita quase sempre no julgamento dos eventos que observa. Julga pelas aparências, pelos sintomas, sem se preocupar em dilatar sua percepção ou com a análise das ocorrências, buscando encontrar os fatos, as explicações ou as justificativas desses eventos. Mestre em julgar seu semelhante, o homem precipita-se no erro e com frequência comete injustiças com aqueles que não as merecem.
  • 9. Transformam em verdugo aquele que nada mais é do que vítima das circunstâncias e em vítima outros que não passam de perseguidores injustificados. Enquanto a justiça de Deus é a misericórdia, a compreensão e a oportunidade de se refazer caminhos, a justiça dos homens é plena de julgamentos e condenações, lapidando o pecador diante das contingências que parecem demonstrar sua culpa. Por isto Jesus nos deixou clara a lição da misericórdia; não julgueis, para não serdes julgados. Da mesma forma que julgardes, sereis julgados. O discernimento é o melhor companheiro diante dos fatos da vida que nos induzem ao julgamento inútil e precipitado.
  • 10. Discernimento é a capacidade de separar as causas dos efeitos, os fatos das aparências, e que nos leva a aplicar a indulgência no lugar da condenação, a oportunidade ao invés da impiedade. A verdadeira justiça dos homens é falha, imperfeita, imprópria. A justiça do Pai é imutável. O discernimento é a habilidade que nos ajuda a evitar precipitações e quedas e nos ensina a confiar mais na justiça de Deus, e nos impede de julgar os eventos pela maneira aparente de ser. O discernimento nos convida a manter o equilíbrio, a paz na consciência, a compreensão para as fraquezas, enfermidades e ignorância do mundo. O discernimento é o grande aliado daquele que deseja aprender com a justiça de Deus, amando ao próximo como a si mesmo.
  • 11. Bondade e compaixão, compreensão e entendimento não fazem parte dos códigos humanos que sempre tendem a se alinhar com a Lei de Talião: olho por olho, dente por dente. Dessa forma, aqueles que se tornam justiceiros não conseguem livrar-se do peso que carregam, da consciência da injustiça e da responsabilidade pelo desamor e pela falta de caridade para com aqueles que erram. Existem ditados populares cheios de sabedoria e que auxiliam na observação correta dos fatos e nos aconselham a dilatação do ponto de vista, frente aos eventos que nos parecem errados, nocivos ou impróprios: “Nem tudo o que reluz é ouro e nem tudo o que balança cai”. A diferença está entre o que é e o que parece ser.
  • 12. Nossa imperfeição sempre nos leva a julgar ou considerar as evidências pelo que parecem ser, pois os sintomas, as aparências são sempre a base do julgamento. Mas sempre existe o oculto embaixo das aparências. Muito nos preocupamos mais em parecermos ser virtuosos do que sermos de fato dotados de virtude. Aos olhos da evolução espiritual, buscar ser não agrega necessariamente valor à nossa evolução, quando não vem ao encontro das ações benéficas que modificam e elevam o Espírito. Viver de aparências adia a aquisição de conquistas e realizações mais sublimes, roubando oportunidades de crescimento espiritual. A análise dessa estória nos faz pensar em outro ditado popular que diz: “Pimenta nos olhos dos outros é refresco”.
  • 13. Sempre que nos adiantamos e nos tornamos os defensores da justiça, e buscamos fazer a lei para com os aparentes delinquentes ou infratores, pensemos primeiro no que faríamos se diante de nós estivesse, por exemplo, nosso filho ou nosso irmão, ou se aquele ali diante de nós fôssemos nós mesmos? O que desejaríamos então? É claro que compaixão, piedade, novas oportunidades, não é verdade? Qual o pai que condenaria seu filho ou seu melhor amigo? Qual de nós se sentiria feliz sendo condenado? A Lei de Deus funciona assim para conosco. Nos é dada a liberdade de escolha e em qualquer caminho escolhido haverá sempre uma lição dolorosa ou um aprendizado mais brando. Mas sempre haverá aprendizado.
  • 14. Deus, portanto, não julga, não condena, apenas submete o aprendiz às consequências de suas ações e lhe dá sempre novas oportunidades para refazer os caminhos. Muita Paz! Meu Blog: http://espiritual-espiritual.blogspot.com.br Com estudos comentados de O Livro dos Espíritos, de O Livro dos Médiuns, e de O Evangelho Segundo o Espiritismo.