SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 3
Baixar para ler offline
MUDANÇA NA CULTURA ORGANIZACIONAL


                                                        José Gilson Farias Cavalcanti


O fenômeno “mudança” tem estado presente em todos os debates já há muito tempo.
Não é de hoje que ouvimos falar e até percebemos que o mundo está mudando
aceleradamente.


A mudança, entendida como uma modificação ou transformação de um fenômeno, é
uma constante no processo histórico da existência humana. Portanto, é algo bastante
familiar ao homem porque lhe é intrínseco. Desde a concepção até a morte o ser
humano vivencia mudanças biológicas, psicológicas, sociais e espirituais. Essas
mudanças ora acontecem sem que as pessoas percebam, ora acontecem de forma
determinada, consciente. Poderíamos dizer que a vida é um processo contínuo de
mudanças. A mudança não representa um ponto final de chegada. Como dizia Heráclito
“Nada existe de mais permanente do que a mudança”. Por isso dizemos que o tema
mudanças não é, de nenhuma maneira, algo estranho às pessoas.


As mudanças acontecem de forma natural ou de modo planejado. A mudança planejada
é um imperativo na organização social do homem. E é através dessa organização social
que o homem consegue desenvolver sua potencialidade e satisfazer determinadas
necessidades.


Ao participar de grupos sociais, a pessoa vivencia a dialética dos movimentos de
afirmação da identidade individual e da integração com as outras pessoas, o que implica
em mudanças individuais e grupais. Ou seja, ao mesmo tempo em que deseja ser
reconhecida como a pessoa que é, quer, também, participar do grupo, integrar-se a ele e,
para isso, tem de conceder algo dessa individualidade.


As organizações lidam, essencialmente, com mudanças provocadas por necessidades
internas e/ou pela ambiência externa. Trabalhar essas mudanças constitui-se, hoje, num
grande desafio para tais organizações. Isso porque, atualmente, as mudanças se dão
numa velocidade muito acelera. Ainda que familiarizados com o processo de mudança
natural, temos dificuldade de perceber e nele nos engajar, em função de sua quantidade,
diversidade e rapidez.



As mudanças tendem a desestabilizar as pessoas. Para evitar a permanência nesse
estado, o que não seria saudável, produtivo nem econômico, as empresa planejam e
executam mudanças.
O princípio básico desse procedimento é o de que a mudança efetiva resulta uma
intervenção na cultura organizacional. Por definição, a cultura é resultante dos usos e
costumes baseados em leis, normas, crenças e valores que foram sendo elaborados e
sedimentados por todos que compõem o grupo. É uma construção coletiva que expressa
o modo de ser , a identidade do grupo. A cultura constitui uma sedimentação, ao longo
do tempo, desses costumes; é passível de mudança mas apresenta uma força de
manutenção e de perpetuação do que foi sendo construído. No entender de Fela
Moscovicci a cultura organizacional pode ser entendida como comportamentos
regulares observados da interação, linguagem e rituais; normas que se criam nos grupos
de trabalho; valores dominantes esposados pela organização; filosofia que orienta a
política da organização com relação a seus membros e/ou clientes e fornecedores;
“regras do jogo” para sobreviver na organização, para tornar-se um membro aceito;
clima ou sentimento que é transmitido pelo layout físico.


O mecanismo de produção cultural é desencadeado por um movimento individual que,
paradoxalmente, já está impregnado de um caldo cultural; todavia há algo novo, criado,
inventado ou intuído, fruto desse repertório social e que acompanha o individual, que é
expresso para o grupo. Quando esse algo tem força para agir no consciente ou no
inconsciente de parte significativa do grupo, tende a ser incorporado, transformando-se
em cultura.


A manutenção de determinados traços culturais diz respeito à sua repetição,
transformando-se em referências para o posicionamento e para a ação do grupo.
Essa repetição leva à consolidação e à reprodução da cultura. Esses processos
(manutenção e reprodução) vão dar uma identidade cultural ao grupo com apelo à
adaptação e uma conformação ao que está estabelecido. Garante, para o indivíduo, a
paz, a tranqüilidade, a integração e a acomodação ao vigente; para o grupo, a
manutenção, a coesão, a existência, a possibilidade de continuidade com redução dos
conflitos. Os traços culturais tornam-se mais fortes à medida que, em algum nível ,
satisfazem necessidades, por vezes inconscientes , das pessoas. Essa força garante uma
proteção para a perpetuação da cultura. A tentativa de incorporação de algo novo
desencadeia, via de regra, uma reação porque representa uma desestabilização, uma
ameaça ao status quo. Quanto mais o traço cultural é aceito e compartilhado mais forte
se torna e, consequentemente, mais difícil será a sua mudança.


A intervenção na cultura organizacional para o estabelecimento de mudanças efetivas
requer, primeiramente, respeito à cultura vigente, compreensão de como foi produzida e
dos seus mecanismos de reprodução. Requer, ainda, um trabalho com as lideranças
formais e informais para que possam, num primeiro momento, conceituar a mudança
pretendida para, depois, conduzirem o processo. “As pessoas têm de ser lideradas por
elementos a quem elas ouvem, em quem acreditam, indivíduos que lhes mostrem
maneiras específicas de caminhar, de como começar”. (William Glasser)



Torna-se importante saber e expressar claramente para as pessoas e para os grupos que
necessidades poderão ser atendidas com a mudança desejada, quais os ganhos para as
pessoas e para a organização; o que se pretende mudar, o porquê , o para quê e como
proceder para administrar a transição.



Todos sabemos e dizemos que a mudança gera resistências. Só que repetimos isso sem
termos incorporado o verdadeiro significado dessa idéia. Ao sinal das primeiras
resistências rotulamos a pessoa de resistente. Isso quando não a rifamos do processo,
adotando um comportamento beligerante, por vezes resvalando para a postura de “uma
questão pessoal”. Trabalhar com mudanças é trabalhar com um processo muitas vezes
penoso e difícil que exigirá das lideranças um razoável entendimento dos subterrâneos
do comportamento humano. É preciso ter intimidade com mudanças; é preciso ter
vivido tal processo; é preciso ter, antes de tudo, estabelecido mudanças em si mesmo.
Ter passado por essas experiências é que dá um background para uma liderança
conduzir processos de transição a mudanças. Assim, há que se trabalhar as resistências.
Primeiramente, conhecendo-as nas suas diversas manifestações; depois, fazendo com
que a pessoa ou grupo tome consciência de suas resistências, contra o quê está
resistindo, as consequências para si, para o grupo e para a organização da existência
dessas resistências. Os medos e as ameaças sentidos precisam ter um canal de expressão
e contar com a compreensão das lideranças. Esse material expresso é riquíssimo e, se
bem trabalhado, propiciará uma queda ou diminuição das resistências e a confiança
começa a ser costurada; aos poucos, pessoas vão percebendo a necessidade das
mudanças propostas e tornam-se aliadas conscientes para a implantação destas.


Esse trabalho somente poderá ser bem desenvolvido se as lideranças tiverem, antes,
processado suas próprias resistências, medos, ameaças, ganhos . Quando as lideranças
estiverem convencidas de que as mudanças propostas são realmente boas para as
pessoas, para os grupos e para a organização é que poderão atuar de forma mais
transparente, verdadeira, ética e estarão mais energizadas para administrar processos de
transição à implantação de mudanças. A posse de “técnicas de condução de mudanças”
sem esse trabalho pessoal resultará, no máximo, em manipulação das pessoas e na
imposição de “mudanças”, que desmoronarão mais adiante; dificilmente em uma
mudança cultural.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Cultura e clima organizacional xerox lins 2010
Cultura e clima organizacional xerox lins 2010Cultura e clima organizacional xerox lins 2010
Cultura e clima organizacional xerox lins 2010Givanildo Ribas
 
03 bya faith com transform international kevin austin
03 bya faith com transform international   kevin austin03 bya faith com transform international   kevin austin
03 bya faith com transform international kevin austinjocumbh
 
25 08-1022-56-47 adm-teleaula3_apresentacao
25 08-1022-56-47 adm-teleaula3_apresentacao25 08-1022-56-47 adm-teleaula3_apresentacao
25 08-1022-56-47 adm-teleaula3_apresentacaodigosdigos
 
Caderno de Inovação | Cultura da inovação - Número 23
Caderno de Inovação | Cultura da inovação - Número 23Caderno de Inovação | Cultura da inovação - Número 23
Caderno de Inovação | Cultura da inovação - Número 23FGV | Fundação Getulio Vargas
 
Dinâmica de grupo 4 adm
Dinâmica de grupo 4 admDinâmica de grupo 4 adm
Dinâmica de grupo 4 admBusao Coletivo
 
Aula 07 (1ºsem) 2013 comportamento humano nas organizações
Aula 07 (1ºsem) 2013   comportamento humano nas organizaçõesAula 07 (1ºsem) 2013   comportamento humano nas organizações
Aula 07 (1ºsem) 2013 comportamento humano nas organizaçõesadmunip2013
 
Comportamento Organizacional
Comportamento OrganizacionalComportamento Organizacional
Comportamento OrganizacionalAngelica McAfee
 

Mais procurados (14)

Grupos
GruposGrupos
Grupos
 
Cultura e clima organizacional xerox lins 2010
Cultura e clima organizacional xerox lins 2010Cultura e clima organizacional xerox lins 2010
Cultura e clima organizacional xerox lins 2010
 
03 bya faith com transform international kevin austin
03 bya faith com transform international   kevin austin03 bya faith com transform international   kevin austin
03 bya faith com transform international kevin austin
 
Dinâmica de grupo
Dinâmica de grupoDinâmica de grupo
Dinâmica de grupo
 
Indivã­duo e a_organizaã§ã£o[1]
Indivã­duo e a_organizaã§ã£o[1]Indivã­duo e a_organizaã§ã£o[1]
Indivã­duo e a_organizaã§ã£o[1]
 
25 08-1022-56-47 adm-teleaula3_apresentacao
25 08-1022-56-47 adm-teleaula3_apresentacao25 08-1022-56-47 adm-teleaula3_apresentacao
25 08-1022-56-47 adm-teleaula3_apresentacao
 
Caderno de Inovação | Cultura da inovação - Número 23
Caderno de Inovação | Cultura da inovação - Número 23Caderno de Inovação | Cultura da inovação - Número 23
Caderno de Inovação | Cultura da inovação - Número 23
 
Dinâmica de grupo 4 adm
Dinâmica de grupo 4 admDinâmica de grupo 4 adm
Dinâmica de grupo 4 adm
 
Aula 07 (1ºsem) 2013 comportamento humano nas organizações
Aula 07 (1ºsem) 2013   comportamento humano nas organizaçõesAula 07 (1ºsem) 2013   comportamento humano nas organizações
Aula 07 (1ºsem) 2013 comportamento humano nas organizações
 
Teoria estruturalista 2012_01
Teoria estruturalista 2012_01Teoria estruturalista 2012_01
Teoria estruturalista 2012_01
 
Comportamento Organizacional
Comportamento OrganizacionalComportamento Organizacional
Comportamento Organizacional
 
Oficinas em dinamica_de_grupo
Oficinas em dinamica_de_grupoOficinas em dinamica_de_grupo
Oficinas em dinamica_de_grupo
 
Um Ensaio sobre Liderança Corporativa
Um Ensaio sobre Liderança CorporativaUm Ensaio sobre Liderança Corporativa
Um Ensaio sobre Liderança Corporativa
 
O papel do ego para a civilização
O papel do ego para a civilizaçãoO papel do ego para a civilização
O papel do ego para a civilização
 

Semelhante a Mudança na cultura organizacional ii

Processos adm 1 organizacional
Processos adm 1 organizacionalProcessos adm 1 organizacional
Processos adm 1 organizacionalValdemir de Borba
 
Echos - Design for change 2019
Echos - Design for change 2019Echos - Design for change 2019
Echos - Design for change 2019Chico Adelano
 
Cultura Organizacional por Antonio Mamede
Cultura Organizacional por Antonio MamedeCultura Organizacional por Antonio Mamede
Cultura Organizacional por Antonio Mamedeantonioaugustomamede
 
Slide sharemudança e aprendizagem
Slide sharemudança e aprendizagemSlide sharemudança e aprendizagem
Slide sharemudança e aprendizagemPOSEADUP
 
O papel do serviço assistencial no atendimento integral
O papel do serviço assistencial no atendimento integralO papel do serviço assistencial no atendimento integral
O papel do serviço assistencial no atendimento integralUSE Jabaquara
 
Cultura Organizacional -Antonio Augusto do Canto Mamede
Cultura Organizacional -Antonio Augusto do Canto MamedeCultura Organizacional -Antonio Augusto do Canto Mamede
Cultura Organizacional -Antonio Augusto do Canto MamedeLuiz Aquino
 
CULTURA_E_CLIMA_ORGANIZACIONAL_APOSTILA.pdf
CULTURA_E_CLIMA_ORGANIZACIONAL_APOSTILA.pdfCULTURA_E_CLIMA_ORGANIZACIONAL_APOSTILA.pdf
CULTURA_E_CLIMA_ORGANIZACIONAL_APOSTILA.pdfjoaoantunes110
 
13 Reflexões sobre Cultura Organizacional Ok.pdf
13 Reflexões sobre Cultura Organizacional Ok.pdf13 Reflexões sobre Cultura Organizacional Ok.pdf
13 Reflexões sobre Cultura Organizacional Ok.pdfAntonioCandidoRodrig2
 
DO Unidade 4 - Ética nas Organizações e Cultura e Clima Organizacional
DO Unidade 4 - Ética nas Organizações e Cultura e Clima OrganizacionalDO Unidade 4 - Ética nas Organizações e Cultura e Clima Organizacional
DO Unidade 4 - Ética nas Organizações e Cultura e Clima OrganizacionalMilton Henrique do Couto Neto
 
Cultura organizacional
Cultura organizacionalCultura organizacional
Cultura organizacionalAntónio Costa
 
Relação de ajuda segundo Carkhuff
Relação de ajuda segundo CarkhuffRelação de ajuda segundo Carkhuff
Relação de ajuda segundo CarkhuffJoão Pereira
 
Um Ensaio sobre Liderança Corporativa
Um Ensaio sobre Liderança CorporativaUm Ensaio sobre Liderança Corporativa
Um Ensaio sobre Liderança CorporativaJean Zonato
 

Semelhante a Mudança na cultura organizacional ii (20)

Processos adm 1 organizacional
Processos adm 1 organizacionalProcessos adm 1 organizacional
Processos adm 1 organizacional
 
Echos - Design for change 2019
Echos - Design for change 2019Echos - Design for change 2019
Echos - Design for change 2019
 
Cultura Organizacional por Antonio Mamede
Cultura Organizacional por Antonio MamedeCultura Organizacional por Antonio Mamede
Cultura Organizacional por Antonio Mamede
 
Aula 3 - Gestão da Mudança
Aula 3 - Gestão da MudançaAula 3 - Gestão da Mudança
Aula 3 - Gestão da Mudança
 
Slide sharemudança e aprendizagem
Slide sharemudança e aprendizagemSlide sharemudança e aprendizagem
Slide sharemudança e aprendizagem
 
MUDANÇA ORGANIZACIONAL
MUDANÇA ORGANIZACIONALMUDANÇA ORGANIZACIONAL
MUDANÇA ORGANIZACIONAL
 
O papel do serviço assistencial no atendimento integral
O papel do serviço assistencial no atendimento integralO papel do serviço assistencial no atendimento integral
O papel do serviço assistencial no atendimento integral
 
Portfólio Digital - Ultimatom Cursos & Palestras
Portfólio Digital - Ultimatom Cursos & PalestrasPortfólio Digital - Ultimatom Cursos & Palestras
Portfólio Digital - Ultimatom Cursos & Palestras
 
Cultura Organizacional -Antonio Augusto do Canto Mamede
Cultura Organizacional -Antonio Augusto do Canto MamedeCultura Organizacional -Antonio Augusto do Canto Mamede
Cultura Organizacional -Antonio Augusto do Canto Mamede
 
Administração de Recursos Humanos
Administração de Recursos HumanosAdministração de Recursos Humanos
Administração de Recursos Humanos
 
Aula 04 recursos humano
Aula 04 recursos humanoAula 04 recursos humano
Aula 04 recursos humano
 
CULTURA_E_CLIMA_ORGANIZACIONAL_APOSTILA.pdf
CULTURA_E_CLIMA_ORGANIZACIONAL_APOSTILA.pdfCULTURA_E_CLIMA_ORGANIZACIONAL_APOSTILA.pdf
CULTURA_E_CLIMA_ORGANIZACIONAL_APOSTILA.pdf
 
13 Reflexões sobre Cultura Organizacional Ok.pdf
13 Reflexões sobre Cultura Organizacional Ok.pdf13 Reflexões sobre Cultura Organizacional Ok.pdf
13 Reflexões sobre Cultura Organizacional Ok.pdf
 
Aula 01 recursos humano
Aula 01 recursos humanoAula 01 recursos humano
Aula 01 recursos humano
 
DO Unidade 4 - Ética nas Organizações e Cultura e Clima Organizacional
DO Unidade 4 - Ética nas Organizações e Cultura e Clima OrganizacionalDO Unidade 4 - Ética nas Organizações e Cultura e Clima Organizacional
DO Unidade 4 - Ética nas Organizações e Cultura e Clima Organizacional
 
Cultura organizacional
Cultura organizacionalCultura organizacional
Cultura organizacional
 
Cultura organizacional
Cultura organizacionalCultura organizacional
Cultura organizacional
 
Relação de ajuda segundo Carkhuff
Relação de ajuda segundo CarkhuffRelação de ajuda segundo Carkhuff
Relação de ajuda segundo Carkhuff
 
Clima organizacional_USTM
Clima organizacional_USTMClima organizacional_USTM
Clima organizacional_USTM
 
Um Ensaio sobre Liderança Corporativa
Um Ensaio sobre Liderança CorporativaUm Ensaio sobre Liderança Corporativa
Um Ensaio sobre Liderança Corporativa
 

Mais de gilfaca158

Autodedesenvolviento~1
Autodedesenvolviento~1Autodedesenvolviento~1
Autodedesenvolviento~1gilfaca158
 
Didática e mediação [modo de compatibilidade]
Didática e mediação [modo de compatibilidade]Didática e mediação [modo de compatibilidade]
Didática e mediação [modo de compatibilidade]gilfaca158
 
Exemplos de situação problema [modo de compatibilidade]
Exemplos de situação problema [modo de compatibilidade]Exemplos de situação problema [modo de compatibilidade]
Exemplos de situação problema [modo de compatibilidade]gilfaca158
 
Roteiro de aula pr03-01-07 f2r12 de17-12-10
Roteiro de aula   pr03-01-07 f2r12 de17-12-10Roteiro de aula   pr03-01-07 f2r12 de17-12-10
Roteiro de aula pr03-01-07 f2r12 de17-12-10gilfaca158
 
O papel do professor no processo de ensino e de aprendizagem
O papel do professor no processo de ensino e de aprendizagemO papel do professor no processo de ensino e de aprendizagem
O papel do professor no processo de ensino e de aprendizagemgilfaca158
 
Introdução às metodologias de ensino com base em competência [modo de compati...
Introdução às metodologias de ensino com base em competência [modo de compati...Introdução às metodologias de ensino com base em competência [modo de compati...
Introdução às metodologias de ensino com base em competência [modo de compati...gilfaca158
 
Objetivos, convivência história e estrutura do senai [modo de compatibilidade]
Objetivos, convivência história e estrutura do senai [modo de compatibilidade]Objetivos, convivência história e estrutura do senai [modo de compatibilidade]
Objetivos, convivência história e estrutura do senai [modo de compatibilidade]gilfaca158
 
As práticas de poder e estrutura de caráter na gestão de recursos humanos
As práticas de poder e estrutura de caráter na gestão de recursos humanosAs práticas de poder e estrutura de caráter na gestão de recursos humanos
As práticas de poder e estrutura de caráter na gestão de recursos humanosgilfaca158
 
O valor da educação em si 2 [modo de compatibilidade]
O valor da educação em si 2 [modo de compatibilidade]O valor da educação em si 2 [modo de compatibilidade]
O valor da educação em si 2 [modo de compatibilidade]gilfaca158
 
Educação profissional [modo de compatibilidade]
Educação profissional [modo de compatibilidade]Educação profissional [modo de compatibilidade]
Educação profissional [modo de compatibilidade]gilfaca158
 
Texto novo a temática do ciúme - 14 - 08 - 2009
Texto novo   a temática do ciúme - 14 - 08 - 2009Texto novo   a temática do ciúme - 14 - 08 - 2009
Texto novo a temática do ciúme - 14 - 08 - 2009gilfaca158
 
Algumas considerações na abordagem da análise bioenergética
Algumas considerações na abordagem da análise bioenergéticaAlgumas considerações na abordagem da análise bioenergética
Algumas considerações na abordagem da análise bioenergéticagilfaca158
 

Mais de gilfaca158 (14)

Autodedesenvolviento~1
Autodedesenvolviento~1Autodedesenvolviento~1
Autodedesenvolviento~1
 
Didática e mediação [modo de compatibilidade]
Didática e mediação [modo de compatibilidade]Didática e mediação [modo de compatibilidade]
Didática e mediação [modo de compatibilidade]
 
Exemplos de situação problema [modo de compatibilidade]
Exemplos de situação problema [modo de compatibilidade]Exemplos de situação problema [modo de compatibilidade]
Exemplos de situação problema [modo de compatibilidade]
 
Roteiro de aula pr03-01-07 f2r12 de17-12-10
Roteiro de aula   pr03-01-07 f2r12 de17-12-10Roteiro de aula   pr03-01-07 f2r12 de17-12-10
Roteiro de aula pr03-01-07 f2r12 de17-12-10
 
O papel do professor no processo de ensino e de aprendizagem
O papel do professor no processo de ensino e de aprendizagemO papel do professor no processo de ensino e de aprendizagem
O papel do professor no processo de ensino e de aprendizagem
 
Introdução às metodologias de ensino com base em competência [modo de compati...
Introdução às metodologias de ensino com base em competência [modo de compati...Introdução às metodologias de ensino com base em competência [modo de compati...
Introdução às metodologias de ensino com base em competência [modo de compati...
 
Objetivos, convivência história e estrutura do senai [modo de compatibilidade]
Objetivos, convivência história e estrutura do senai [modo de compatibilidade]Objetivos, convivência história e estrutura do senai [modo de compatibilidade]
Objetivos, convivência história e estrutura do senai [modo de compatibilidade]
 
As práticas de poder e estrutura de caráter na gestão de recursos humanos
As práticas de poder e estrutura de caráter na gestão de recursos humanosAs práticas de poder e estrutura de caráter na gestão de recursos humanos
As práticas de poder e estrutura de caráter na gestão de recursos humanos
 
O valor da educação em si 2 [modo de compatibilidade]
O valor da educação em si 2 [modo de compatibilidade]O valor da educação em si 2 [modo de compatibilidade]
O valor da educação em si 2 [modo de compatibilidade]
 
Educação profissional [modo de compatibilidade]
Educação profissional [modo de compatibilidade]Educação profissional [modo de compatibilidade]
Educação profissional [modo de compatibilidade]
 
Acuda mamãe
Acuda  mamãeAcuda  mamãe
Acuda mamãe
 
Texto novo a temática do ciúme - 14 - 08 - 2009
Texto novo   a temática do ciúme - 14 - 08 - 2009Texto novo   a temática do ciúme - 14 - 08 - 2009
Texto novo a temática do ciúme - 14 - 08 - 2009
 
Algumas considerações na abordagem da análise bioenergética
Algumas considerações na abordagem da análise bioenergéticaAlgumas considerações na abordagem da análise bioenergética
Algumas considerações na abordagem da análise bioenergética
 
Acuda mamãe
Acuda  mamãeAcuda  mamãe
Acuda mamãe
 

Mudança na cultura organizacional ii

  • 1. MUDANÇA NA CULTURA ORGANIZACIONAL José Gilson Farias Cavalcanti O fenômeno “mudança” tem estado presente em todos os debates já há muito tempo. Não é de hoje que ouvimos falar e até percebemos que o mundo está mudando aceleradamente. A mudança, entendida como uma modificação ou transformação de um fenômeno, é uma constante no processo histórico da existência humana. Portanto, é algo bastante familiar ao homem porque lhe é intrínseco. Desde a concepção até a morte o ser humano vivencia mudanças biológicas, psicológicas, sociais e espirituais. Essas mudanças ora acontecem sem que as pessoas percebam, ora acontecem de forma determinada, consciente. Poderíamos dizer que a vida é um processo contínuo de mudanças. A mudança não representa um ponto final de chegada. Como dizia Heráclito “Nada existe de mais permanente do que a mudança”. Por isso dizemos que o tema mudanças não é, de nenhuma maneira, algo estranho às pessoas. As mudanças acontecem de forma natural ou de modo planejado. A mudança planejada é um imperativo na organização social do homem. E é através dessa organização social que o homem consegue desenvolver sua potencialidade e satisfazer determinadas necessidades. Ao participar de grupos sociais, a pessoa vivencia a dialética dos movimentos de afirmação da identidade individual e da integração com as outras pessoas, o que implica em mudanças individuais e grupais. Ou seja, ao mesmo tempo em que deseja ser reconhecida como a pessoa que é, quer, também, participar do grupo, integrar-se a ele e, para isso, tem de conceder algo dessa individualidade. As organizações lidam, essencialmente, com mudanças provocadas por necessidades internas e/ou pela ambiência externa. Trabalhar essas mudanças constitui-se, hoje, num grande desafio para tais organizações. Isso porque, atualmente, as mudanças se dão numa velocidade muito acelera. Ainda que familiarizados com o processo de mudança natural, temos dificuldade de perceber e nele nos engajar, em função de sua quantidade, diversidade e rapidez. As mudanças tendem a desestabilizar as pessoas. Para evitar a permanência nesse estado, o que não seria saudável, produtivo nem econômico, as empresa planejam e executam mudanças.
  • 2. O princípio básico desse procedimento é o de que a mudança efetiva resulta uma intervenção na cultura organizacional. Por definição, a cultura é resultante dos usos e costumes baseados em leis, normas, crenças e valores que foram sendo elaborados e sedimentados por todos que compõem o grupo. É uma construção coletiva que expressa o modo de ser , a identidade do grupo. A cultura constitui uma sedimentação, ao longo do tempo, desses costumes; é passível de mudança mas apresenta uma força de manutenção e de perpetuação do que foi sendo construído. No entender de Fela Moscovicci a cultura organizacional pode ser entendida como comportamentos regulares observados da interação, linguagem e rituais; normas que se criam nos grupos de trabalho; valores dominantes esposados pela organização; filosofia que orienta a política da organização com relação a seus membros e/ou clientes e fornecedores; “regras do jogo” para sobreviver na organização, para tornar-se um membro aceito; clima ou sentimento que é transmitido pelo layout físico. O mecanismo de produção cultural é desencadeado por um movimento individual que, paradoxalmente, já está impregnado de um caldo cultural; todavia há algo novo, criado, inventado ou intuído, fruto desse repertório social e que acompanha o individual, que é expresso para o grupo. Quando esse algo tem força para agir no consciente ou no inconsciente de parte significativa do grupo, tende a ser incorporado, transformando-se em cultura. A manutenção de determinados traços culturais diz respeito à sua repetição, transformando-se em referências para o posicionamento e para a ação do grupo. Essa repetição leva à consolidação e à reprodução da cultura. Esses processos (manutenção e reprodução) vão dar uma identidade cultural ao grupo com apelo à adaptação e uma conformação ao que está estabelecido. Garante, para o indivíduo, a paz, a tranqüilidade, a integração e a acomodação ao vigente; para o grupo, a manutenção, a coesão, a existência, a possibilidade de continuidade com redução dos conflitos. Os traços culturais tornam-se mais fortes à medida que, em algum nível , satisfazem necessidades, por vezes inconscientes , das pessoas. Essa força garante uma proteção para a perpetuação da cultura. A tentativa de incorporação de algo novo desencadeia, via de regra, uma reação porque representa uma desestabilização, uma ameaça ao status quo. Quanto mais o traço cultural é aceito e compartilhado mais forte se torna e, consequentemente, mais difícil será a sua mudança. A intervenção na cultura organizacional para o estabelecimento de mudanças efetivas requer, primeiramente, respeito à cultura vigente, compreensão de como foi produzida e dos seus mecanismos de reprodução. Requer, ainda, um trabalho com as lideranças formais e informais para que possam, num primeiro momento, conceituar a mudança pretendida para, depois, conduzirem o processo. “As pessoas têm de ser lideradas por elementos a quem elas ouvem, em quem acreditam, indivíduos que lhes mostrem maneiras específicas de caminhar, de como começar”. (William Glasser) Torna-se importante saber e expressar claramente para as pessoas e para os grupos que necessidades poderão ser atendidas com a mudança desejada, quais os ganhos para as
  • 3. pessoas e para a organização; o que se pretende mudar, o porquê , o para quê e como proceder para administrar a transição. Todos sabemos e dizemos que a mudança gera resistências. Só que repetimos isso sem termos incorporado o verdadeiro significado dessa idéia. Ao sinal das primeiras resistências rotulamos a pessoa de resistente. Isso quando não a rifamos do processo, adotando um comportamento beligerante, por vezes resvalando para a postura de “uma questão pessoal”. Trabalhar com mudanças é trabalhar com um processo muitas vezes penoso e difícil que exigirá das lideranças um razoável entendimento dos subterrâneos do comportamento humano. É preciso ter intimidade com mudanças; é preciso ter vivido tal processo; é preciso ter, antes de tudo, estabelecido mudanças em si mesmo. Ter passado por essas experiências é que dá um background para uma liderança conduzir processos de transição a mudanças. Assim, há que se trabalhar as resistências. Primeiramente, conhecendo-as nas suas diversas manifestações; depois, fazendo com que a pessoa ou grupo tome consciência de suas resistências, contra o quê está resistindo, as consequências para si, para o grupo e para a organização da existência dessas resistências. Os medos e as ameaças sentidos precisam ter um canal de expressão e contar com a compreensão das lideranças. Esse material expresso é riquíssimo e, se bem trabalhado, propiciará uma queda ou diminuição das resistências e a confiança começa a ser costurada; aos poucos, pessoas vão percebendo a necessidade das mudanças propostas e tornam-se aliadas conscientes para a implantação destas. Esse trabalho somente poderá ser bem desenvolvido se as lideranças tiverem, antes, processado suas próprias resistências, medos, ameaças, ganhos . Quando as lideranças estiverem convencidas de que as mudanças propostas são realmente boas para as pessoas, para os grupos e para a organização é que poderão atuar de forma mais transparente, verdadeira, ética e estarão mais energizadas para administrar processos de transição à implantação de mudanças. A posse de “técnicas de condução de mudanças” sem esse trabalho pessoal resultará, no máximo, em manipulação das pessoas e na imposição de “mudanças”, que desmoronarão mais adiante; dificilmente em uma mudança cultural.