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MARXISMO, EDUCAÇÃO E EMANCIPAÇÃO HUMANA
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O SURGIMENTO DA CRECHE: UMA CONSTRUÇÃO SOCIAL E
HISTÓRICA

Jucilene de Souza Ruiz
UNIDERP ANHANGUERA
RESUMO
Este estudo tem como objetivo analisar o surgimento da creche, enquanto construção
social e histórica, destacando o papel que essa instituição veio e vem desempenhando na
sociedade capitalista. Para seu desenvolvimento realizou-se pesquisa bibliográfica a
respeito do tema. A Creche surge no Brasil, no final do século XIX e, desde seu
surgimento, vem respondendo às necessidades sociais produzidas por um sistema
econômico, que se demonstra incapaz de atingir suas metas sem, por outro lado,
provocar profundas crises. Durante o final dos anos de 1970 e início dos anos de 1980,
o Brasil torna-se palco de reivindicações, entre elas: o direito à creche. A Constituição
Federal de 1988 reconheceu como dever do Estado a garantia de creches e pré-escolas
às crianças de zero a seis anos de idade. A creche é uma instituição de Educação
Infantil, que se propõe a cuidar e educar a criança de zero a três anos de idade, primeira
etapa da Educação Básica, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional n. 9394/96. Ao analisar o seu papel na sociedade capitalista, nota-se que sua
função está intrinsecamente atrelada aos seus interesses de lucro e de subordinação. A
Creche foi umas das instituições criadas, na busca constante de amenizar, mesmo de
forma paliativa, as necessidades que o próprio sistema capitalista produziu, mantendo
certo equilíbrio social e, ao mesmo tempo, revertendo aos seus interesses econômicos.
Se por um lado o atendimento à criança pequena está atrelado aos interesses burgueses,
historicamente só se torna constitucionalmente direito da criança e da família, após
muita pressão por parte da classe trabalhadora. As políticas sociais não existem somente
como uma imposição de cima, mas também como resultado dessas contradições,
presente na relação de classes.
Palavras-chave: Creche. Sociedade Capitalista. Educação Pública.

INTRODUÇÃO
Este artigo tem como proposta analisar o surgimento da creche numa perspectiva
histórica, apontando o papel que essa instituição veio e vem desempenhando na
sociedade capitalista. Teve como instrumento metodológico a pesquisa bibliográfica.
A Creche se apresenta hoje como uma instituição destinada aos cuidados e
educação da criança de 0 a 3 anos de idade, uma opção da família e um direito da
criança, firmado com a Constituição Federal de 1988. Creche e Pré-escola são
integrantes da Educação Infantil, primeira etapa da educação básica, definidas dessa
forma com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n. 9.394/96. Para
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entendermos sua atual configuração é fundamental analisarmos os aspectos da sua
história, no contexto do movimento da sociedade.

Fundamentos Históricos do Surgimento da Creche
As mudanças trazidas com o capitalismo, em que houve a passagem do modo de
produção doméstico para o fabril, provocaram toda uma reorganização da sociedade
para atender as novas exigências de produção, passa neste contexto a ser exigido
também uma nova organização familiar.
Antes as necessidades da família eram supridas por seus próprios membros,
predominava a fabricação domiciliar, pois tinham em suas mãos os meios de trabalho.
Com o novo modo de produção, o trabalhador foi separado dos meios de produção e só
pode ter acesso a eles vendendo sua força de trabalho a outros; a venda dessa força que
garante o mínimo necessário para a sua reprodução.
Segundo Braverman (1981), esse novo sistema de produção destrói as condições
sob as quais é possível levar a vida antiga, impedindo as antigas práticas de autoabastecimento das famílias, a renda proporcionada pelo trabalho é induzida ao consumo
dos meios de subsistências, fabricados pela própria indústria; terminando, dessa forma,
a função da família como uma empresa cooperativa. Por outro lado, a família teve que
se reorganizar frente às novas exigências do mundo do trabalho, principalmente no que
se refere aos cuidados com seus filhos, aqueles que ainda não eram inseridos como
força de trabalho.
Tozoni-Reis (2002) destacou que a unidade de trabalho deixou de ser a família
para ser o indivíduo, o contrato de trabalho já não abrangia mais o trabalho do grupo
familiar, e, com isso, a família foi se transformando. Entre as estratégias de
sobrevivência das famílias era o trabalho de todos os membros.
Porém foi na era do monopólio, que teve início nas últimas duas ou três décadas
do século XIX, que o modo capitalista de produção passou a receber a totalidade do
indivíduo, da família e das necessidades sociais. O capital monopolista abrange o
aumento de organizações monopolistas no seio de cada país, as empresas se aglomeram
em imensas unidades, a internacionalização do capital, a divisão internacional do
trabalho, o imperialismo, o mercado mundial e o movimento mundial do capital, bem
como as mudanças do poder estatal.
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Por força da simplificação do trabalho na indústria; da modernização dos
instrumentos de trabalho “mecanização e automação” e das formas de organização do
processo de produção, constroem-se as condições materiais para a entrada do trabalho
de mulheres e crianças nas fábricas, contingente bastante atrativo para um mercado que
pretende diminuir ao máximo os custos da produção.
A não necessidade de tanta força física para manusear as máquinas produziu
uma grande massa de força de trabalho masculina, que passou a ser dispensada pelas
indústrias e constituir-se em exército de reserva, além do mais a automação também
significou a diminuição do número de trabalhadores, que antes era necessário para se
realizar uma determinada tarefa.
O trabalho das crianças nas fábricas não perdurou por muito tempo, devido a
intensa pressão da classe trabalhadora, sobre a exploração do trabalho infantil. Com as
conquistas sociais dessa classe, o trabalho das crianças tornou-se, com o tempo, muito
caro e insatisfatório, para os objetivos capitalistas.
As crianças da fábrica são as primeiras a serem expulsas da produção. Como
seus pais estavam ocupados no trabalho fora do lar, muitas crianças vão para as ruas,
surgem, nesse momento, a condição material para o incentivo e criação de escolas, com
a função de ocupar essas crianças, mantendo certo equilíbrio social. “E como os seus
pais trabalhavam, poderia parecer que estavam sendo criadas as condições materiais
para a produção das crianças de rua” (ALVES, 2004, p.149).
Já o trabalho das mulheres perdurou principalmente por seu valor ser mais baixo,
em relação ao dos homens ou devido a sua concentração em ocupações inferiores. De
acordo com Braverman (1991), as escalas de pagamento inferior são reforçadas pelo
vasto número em que estão disponíveis para o capital. As mulheres passam a constituir
a reserva ideal de trabalho para as novas ocupações maciças.
Para Antunes (1999), o trabalho das mulheres era restrito às áreas mais
rotinizadas, onde é maior a intensidade e que exigem menores índices de qualificação e
onde são mais constantes as formas de trabalho temporário.
Com a entrada de toda a família no mercado de trabalho, principalmente a
mulher, a quem era destinada o cuidado dos filhos, cria-se uma nova necessidade
produzida pelo processo de acumulação capitalista: o provimento dos cuidados
necessários à sobrevivência das crianças pequenas.
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O nascimento da indústria moderna alterou profundamente a
estrutura social vigente, modificando os hábitos e costumes das
famílias. As mães operárias que não tinham com quem deixar
seus filhos utilizavam o trabalho das conhecidas mães
mercenárias. Essas, ao optarem pelo não trabalho nas fábricas,
vendiam seus serviços para abrigarem e cuidarem dos filhos de
outras mulheres (PASCHOAL e MACHADO, 2009, p.3).
Ainda de acordo com PASCHOAL e MACHADO (2009), a revolução industrial
fez com que toda a classe operária se submetesse ao regime da fábrica e das máquinas.
Desse modo, essa revolução possibilitou a entrada em massa da mulher no mercado de
trabalho, alterando a forma da família cuidar e educar seus filhos.
O ideal de mulher e mãe, totalmente disponível para responsabilizar-se pelos
cuidados com o lar e com a família, era característico das classes mais favorecidas,
numa época em a sociedade fechava as possibilidades de estudo e trabalho às mulheres.
Porém, deve ser levando em consideração que as mulheres das classes abastadas
destinavam-se, na maioria, a maternidade e as pobres, há muito tempo, ao trabalho.

“A preocupação com as crianças, filhas das mulheres inseridas
na esfera produtiva, remete-se ao final do século XIX, quando a
creche começou a ser pensada como uma instituição feita
somente para as mulheres que precisavam trabalhar e não
tinham condições de dedicar-se, em tempo integral, aos
cuidados com a prole no ambiente doméstico”(CIVILLETTI,
1991 apud BARBOSA, 2006, p.27).
Quando se criam condições materiais para a entrada de mulheres no mercado de
trabalho, cria-se também a necessidade de locais para a guarda e cuidados das crianças
pequenas. Essa necessidade historicamente não é respondida de imediato, o que
contribui para o aumento da taxa de mortalidade infantil, numa etapa da vida em que a
criança está mais vulnerável.
Paschoal e Machado (2009) apontam que as primeiras instituições na Europa e
Estados Unidos tinham como objetivos cuidar e proteger as crianças enquanto às mães
saíam para o trabalho. Desta maneira, sua origem e expansão como instituição de
cuidados à criança estão associadas à transformação da família, de extensa para nuclear.
A creche é um termo francês crèche equivale a manjedoura, presépio, foi uma
das designações usadas para referir-se ao atendimento de guarda e educação fora da
família a crianças pequenas.
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Século XVIII, no contexto da Revolução Industrial, registra-se as primeiras
iniciativas de atendimento à infância, em instituições de caráter filantrópico, arranjos
alternativos foram sendo culturalmente construídos ao longo da história.
A responsabilidade por esse atendimento ficava a cargo de entidades religiosas.
As idéias de abandono, pobreza, favor e caridade impregnam, assim, as formas precárias
de atendimento nesse período.

História da Creche no Brasil

No Brasil, a creche surge, no final do século XIX, decorrente do intenso
processo de industrialização e urbanização que o país estava vivendo.
Para Faria (1997), no Brasil a creche é constituída de forma peculiar, pois nos
países europeus ela foi proposta em função do trabalho industrial feminino. Assim, as
creches populares foram criadas com o objetivo de não só de atender as operárias
industriais, mas também os filhos das escravas que trabalhavam como empregadas
domésticas.
De acordo com Haddad (1993), durante muito tempo, a creche serviu à função
de combate à pobreza e à mortalidade infantil. Nas creches desenvolvia-se um trabalho
de cunho assistencial, pois a preocupação era apenas com a alimentação, higiene e
segurança física. No entanto, Kuhlmann Jr. (2004) afirmou que o assistencialismo foi
configurado como uma proposta educacional específica para as crianças das classes
populares.
Merisse (1997) destacou que a história do atendimento à infância corresponde
a uma fase exclusivamente filantrópica; uma segunda acrescenta-se uma preocupação e
uma orientação higiênico-sanitária e uma terceira de caráter marcadamente assistencial
e, finalmente, uma fase em que aparece uma dimensão educacional.
A filantropia surge como reposta do momento, iniciativas privadas como de
grupo religiosos e de voluntários promovem o atendimento aos filhos de mulheres
trabalhadoras e as crianças abandonadas; a orientação higiênico-sanitário na década de
1870, buscando diminuir os altos índices de mortalidade infantil; o assistencialismo
enfim é uma prática na qual a creche se manteve prisioneira durante muito tempo, as
ações no contexto das políticas públicas para a creche partem principalmente das áreas
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da assistência e da saúde, destinadas principalmente para atender as crianças
abandonadas e necessitadas.
Para Kramer (2006) as primeiras iniciativas no Brasil destinadas à criança
pequena partiram de higienistas e se dirigiram contra a alarmante taxa de mortalidade
infantil. Em sua maioria se preocupavam com questões de alimentação, higiene e
segurança física das crianças. Esse atendimento partia de grupos privados, como:
médicos, associações de damas beneficentes, etc.
Ressalta-se que o higienismo constitui-se num forte movimento ao longo do
século XIX e início do século XX. Diante dos altos índices de mortalidade infantil e das
precárias condições de saúde dos adultos, e tendo em vista a disseminação de novos
conhecimento e técnicas provenientes do avanço da ciência.
Iniciativas privadas apareceram no intuito de minimizar o índice de mortalidade
infantil, até mesmo recebiam auxílio do Estado e ofereciam um atendimento voltado às
questões de higiene, cuidados físicos e alimentação. Dessa forma, se pretendia com esse
atendimento amenizar as tensões e crises sociais, provocadas pelo próprio sistema
econômico.
A responsabilidade pela criação e manutenção de locais para os cuidados com as
crianças não era vista como uma questão social; culpa-se, literalmente, o indivíduo por
sua própria condição de vida e por sua incapacidade em prover os cuidados necessários
a sua prole.
Os interesses do capital são sustentavas por determinadas ideologias, no sentido
de sustentar e organizar estes interesses, em todos os campos da vida social: economia,
política, cultura, educação, entre outros. “No caso de crianças, é responsabilidade dos
pais, ou dos parentes, não do Estado, prover esses meios de subsistência até que as
crianças possam provê-los por si próprios [...]” (CHAVES, 2007, p.17).
Na dificuldade em obter ajuda familiar ou comunitária, as mães passaram a
pressionar o Estado e as empresas privadas para organizar e manter creches. A
intervenção do Estado, durante o governo Vargas, não significou ainda a
responsabilidade de prover esse atendimento; este criou uma resolução na Constituição
das Leis Trabalhistas (CLT), obrigando as empresas a manter berçários, no local de
trabalho.
Segundo Rosemberg (1989, p.128), as poucas conquistas trabalhistas expressas
na CLT obrigavam as empresas em que trabalhassem pelo menos trinta mulheres, com
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mais de dezesseis anos de idade, um local apropriado onde fosse permitido às
empregadas guardar sob vigilância e assistência, os seus filhos no período de
amamentação. Mesmo assim, em geral não eram cumpridos, devido os insuficientes
mecanismos de fiscalização. A punição para os faltosos era ridiculamente pequena. Essa
lei trabalhista protegia apenas a amamentação do bebê, não tendo qualquer conotação de
uma instituição voltada à educação da criança pequena.
É a partir de 1920 que a criança pobre passa a ser tutelada pelo Estado, através
da criação de dois códigos de menores de 1927 e 1979 e da criação de diversos órgãos
de amparo assistencial e jurídico: do Juizado de Menores em 1923, Departamento
Nacional da Criança e do Serviço de Assistência ao Menor (SAM) em 1941, Fundo das
Nações Unidades para a Infância (UNICEF) em 1946, Organização Mundial de
Educação Pré-escolar (OMEP) em 1953, Fundação Nacional do Bem Estar do Menor
(FUNABEM) em 1964.
Em 1930 foi criado o Ministério da Educação e Saúde, que só foi
desmembrado em 1953. Este Ministério criou em 1940 o Departamento Nacional da
Criança (DNCr), destinado a proteção materno-infantil, incluindo o atendimento ao préescolar e, além de outras atribuições, regulamentava o atendimento de crianças em
creche, através do estabelecimento de normas e funcionamento para essa instituição, ou
seja, exercia funções normativas.
Destaca-se que as iniciativas privadas continuaram, principalmente em 1941,
com a criação da Legião Brasileira de Assistência Social (LBA), para coordenar
diferentes serviços sociais, a qual se voltou a partir de 1946 para o atendimento da
maternidade e da infância, constituiu-se em um órgão de consulta do Estado.
Começaram a surgir centros de proteção à criança e às mães, como: creches, postos de
puericultura, hospitais infantis e maternidades, alguns criados e mantidos pela LBA.
A LBA foi transformada em Fundação destinada a prestar assistência à
maternidade, à infância e à adolescência. As ações da LBA eram voltadas para as
condições de vida da população carente, entre seus programas figuravam os de
complementação alimentar e a organização de creches.
“Cerca de vinte anos, a LBA se constituiu no órgão central de ação assistencial
dos governos que se sucederam, além de fornecer auxílio financeiro às entidades”
(MERISSE, 1997, p. 42). De acordo com Oliveira (2007), a LBA foi extinta
oficialmente em 1995, através da medida provisória promulgada no primeiro dia da
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gestão do então presidente Fernando Henrique Cardoso. Com a extinção da LBA, as
suas ações passaram a ser assumidas pela Secretaria de Assistência Social (SAS).
A expansão da rede de creches públicas no Brasil ocorreu de forma
intensificada, somente a partir de 1980, e esteve ligada a pressão dos movimentos
populares mais fortes em determinadas regiões da periferia, entre os movimentos
destacam-se: movimento Luta por Creches, a Pastoral do Menor, além das Sociedades
Amigos de Bairros. Rosemberg (1989) assinalou que era período pré-eleitoral, quando
se estabeleciam as eleições diretas para o governador, a promessa de construção de
Creches fazia-se presente na pauta das promessas eleitorais.
O discurso muito presente em relação à criação de Creches era o de que sua
instalação era muita cara, os custos de manutenção eram altos, por isso afirmava-se que
o melhor era incentivar a participação de setores privados, o Estado iria contribuir
apenas indiretamente através de convênios.
No final dos anos 1970 surgem as creches comunitárias, como uma forma de
organização popular; que lutavam pelo direito de creche. Essa idéia é apropriada pelo
Estado por ser uma alternativa de baixo custo, no intuito de aumentar o número de
crianças atendidas em creches.
A criação das chamadas creches comunitárias, creches domiciliares, mãe
crecheira, creche familiar, entre outras denominações, ambos referem-se a um mesmo
modo de guarda da criança pequena: uma mulher toma conta em sua própria casa,
mediante o pagamento, de filhos de outras famílias, enquanto os pais trabalham fora.
Porém, pela falta de estrutura das residências, do grande número de crianças atendidas e
a precariedade das condições higiênicas e materiais, muitas das crianças morriam nesses
ambientes.
As mulheres participavam intensamente de movimentos, a partir de 1975, com a
decretação pela ONU (Organização das Nações Unidas) do Ano Internacional da
mulher, vão surgindo também no país núcleos de organizações feministas, cujos
participantes provêm principalmente dos extratos médios da população.
No Brasil, o Movimento de Luta por Creches foi oficialmente criado em 1979,
como resolução do primeiro Congresso da Mulher Paulista. De acordo com Rosemberg
(1989), a base de sustentação desse movimento eram mulheres operárias, que
reivindicavam creches, para trabalharem fora por razões concretas, como o de aumentar
a renda familiar.
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Depois de muita pressão, o Estado começou a responder através da construção
de creches, cujas vagas eram destinadas às camadas da população de mais baixa renda,
para mulheres que trabalhavam. Criando-se, assim, um equipamento que tinha por
finalidade combater a miséria, e ao mesmo tempo liberar a força de trabalho.
Em decorrência da mobilização popular e política do final dos anos 70 e durante
os anos de 1980, em prol da mudança da ordem repressora para a institucionalização
democrática, que se possibilitou a conquista na Constituição de 1988, do
reconhecimento à educação em creches e pré-escolas, como direito da criança e dever
do Estado.
Nota-se que até meados do final dos anos setenta em termos de legislação pouco
se fez para que se garantisse o direito de acesso à creche, o Estado começa a responder à
necessidade de atendimento a creche, através de ações paliativas e provisórias.

A Creche e a Legislação Brasileira

Já na década de oitenta diferentes setores da sociedade uniram forças no sentido
de sensibilizar a sociedade sobre o direito da criança a uma educação de qualidade
desde o nascimento. A pressão desses setores sociais na Assembléia Constituinte
possibilitou incluir creche e pré-escola no sistema educativo.
A década de 1990 foi um período bastante rico para o aprofundamento das
discussões em torno da construção de uma política de educação infantil e de uma
proposta pedagógica para o trabalho educativo em creches e pré-escolas brasileiras.
Após a Constituição Federal de 1988 ter afirmado como dever o Estado garantir
a oferta de creche e a pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade. Tomou-se por
orientação que as instituições deveriam não apenas cuidar das crianças, mas desenvolver
um trabalho educacional.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) lei n. 9.396/96
caracteriza a Educação Infantil (creche e pré-escola) como primeira etapa da Educação
Básica. Segundo essa legislação, a creche deve atender as crianças de zero até três anos
de idade e a pré-escola, as crianças de 4 a 6 anos de idade.
Atualmente novas definições foram postas para a faixa etária da criança a ser
atendida pela pré-escola, regulamentadas através da lei n. 11.114/2005, que altera o
artigo 6º da LDB de 1996, estabelecendo o “Dever dos pais ou responsáveis efetuar a
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matrícula dos menores, a partir dos seis anos de idade, no Ensino Fundamental”, e da lei
n. 11.2274/2006, que altera o artigo 32 da LDB, determinando “O Ensino Fundamental
obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6
(seis) anos de idade [...].” Desse modo, a creche continua a atender crianças de até 3
anos de idade e a pré-escola de 4 e 5 anos de idade.
Cabe ressaltarmos que a creche ainda era oferecida pelas secretarias de
Assistência Social e só passa a fazer parte do setor da Educação, com a promulgação da
LDBEN. Esta lei passa a reconhecer a creche como uma instituição também educativa,
essa concepção opõe-se à tradicional visão da creche destinada ao atendimento da
criança pobre com funções assistencialista, presente desde o seu surgimento.
A Constituição federal de 1988 e a LDBEN atribuem a educação infantil à
responsabilidade aos municípios, que, por sua vez, devem aplicar pelo menos 25% da
receita de impostos na manutenção e desenvolvimento de ensino.
A partir da Constituição Federal de 1988 e, após a aprovação da LDBEN muitos
documentos foram criados como, por exemplo: “Subsídios para o credenciamento e
funcionamento das instituições de educação infantil” (BRASIL, 1998), “Referencial
Curricular Nacional para a Educação Infantil” (BRASIL, 1998), no sentindo de regular
o funcionamento das instituições de educação infantil e com a proposta de garantir
qualidade no interior dos centros de educação infantil.
Verifica-se um grande avanço no que diz respeito aos direitos da criança
pequena, ao observarmos essas legislações, mesmo a educação infantil não sendo uma
etapa obrigatória, é um direito da criança e tem o objetivo de proporcionar condições
para o seu desenvolvimento infantil.
Para Harvey (1992), a intervenção do Estado é necessária para compensar as
falhas do mercado, tais como os danos ao ambiente natural e social. Para Mészáros
(2003), o envolvimento direto ou indireto do Estado corresponde em Salvaguardar a
continuidade do modo de reprodução do metabolismo social do capital.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Ao analisar a creche numa perspectiva história, nota-se que seu surgimento
esteve atrelado à mudança do processo produtivo, consequentemente gerando mudanças
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sociais, que por sua vez, exigiam a criação de uma instituição que atendesse às crianças
pequenas.
Dessa forma, a creche tornou-se um mecanismo para amenizar, mesmo de forma
paliativa, as necessidades produzidas por surgimento de uma nova organização familiar,
impulsionada pelo estabelecimento de uma nova organização econômica, social e
política.
O papel do Estado é fundamental na sociedade capitalista, ao mesmo tempo em
que o viabiliza, cria políticas para amenizar as crises sociais, pois sabemos a
incapacidade do sistema de se reproduzir, sem destruir o ambiente natural e as
condições de vida do ser humano.
Mesmo sabendo que o atendimento à criança pequena está atrelado aos
interesses burgueses, historicamente só se afirmou enquanto direito da criança e da
família, após muita pressão por parte da classe trabalhadora, e volto a afirmar que as
políticas sociais não existem somente como uma imposição de cima, mas também como
resultado desse jogo de forças, presente na relação de classes.
Esse estudo de forma alguma pretende finalizar a discussão aqui proposta, mas
espero ter contribuído para a construção desse objeto na sua historicidade.

REFERÊNCIAS
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Grande, MS: Editora da UFMS; Campinas/SP: Editora Autores Associados, 2004.
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do trabalho. São Paulo: Boitempo, 1999.
ANTUNES, Ricardo. A Desertificação Neoliberal no Brasil: (COLLOR, FHC E
LULA). 2. ed. São Paulo: Autores associados, 2005.
BARBOSA, Ana Paula Tatabiba. O que os olhos não vêem...Práticas e Política em
Educação Infantil no Rio de Janeiro. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal
Fluminense, RJ, 2006.
BRAVERMAN, Harry. Trabalho e capital monopolista. A degradação do trabalho no
século XX. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1981.
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_______. Lei n.º 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional. LDBEN, 1996 Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação
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CHAVES; Eduardo O. C. O Liberalismo na política, Economia e Sociedade e suas
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FARIA, Sonimar Carvalho. História e políticas de educação infantil. In: FAZOLO,
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HADDAD, Lenira. A creche em busca de identidade. 2. ed. São Paulo: Loyola, 1993.
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KRAMER, Sonia. A política do Pré-Escolar no Brasil. A arte do disfarce. 8. ed. Rio
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MÉSZÁROS, Istvám. O século XXI. Socialismo ou Barbárie? São Paulo: Boitempo,
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TOZONI-REIS, M. F. de C. Infância, escola e pobreza: ficção e realidade. São Paulo:
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O surgimento da creche

  • 1. V ENCONTRO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO E MARXISMO MARXISMO, EDUCAÇÃO E EMANCIPAÇÃO HUMANA 11, 12, 13 E 14 de abril de 2011 – UFSC – Florianópolis – SC - Brasil O SURGIMENTO DA CRECHE: UMA CONSTRUÇÃO SOCIAL E HISTÓRICA Jucilene de Souza Ruiz UNIDERP ANHANGUERA RESUMO Este estudo tem como objetivo analisar o surgimento da creche, enquanto construção social e histórica, destacando o papel que essa instituição veio e vem desempenhando na sociedade capitalista. Para seu desenvolvimento realizou-se pesquisa bibliográfica a respeito do tema. A Creche surge no Brasil, no final do século XIX e, desde seu surgimento, vem respondendo às necessidades sociais produzidas por um sistema econômico, que se demonstra incapaz de atingir suas metas sem, por outro lado, provocar profundas crises. Durante o final dos anos de 1970 e início dos anos de 1980, o Brasil torna-se palco de reivindicações, entre elas: o direito à creche. A Constituição Federal de 1988 reconheceu como dever do Estado a garantia de creches e pré-escolas às crianças de zero a seis anos de idade. A creche é uma instituição de Educação Infantil, que se propõe a cuidar e educar a criança de zero a três anos de idade, primeira etapa da Educação Básica, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n. 9394/96. Ao analisar o seu papel na sociedade capitalista, nota-se que sua função está intrinsecamente atrelada aos seus interesses de lucro e de subordinação. A Creche foi umas das instituições criadas, na busca constante de amenizar, mesmo de forma paliativa, as necessidades que o próprio sistema capitalista produziu, mantendo certo equilíbrio social e, ao mesmo tempo, revertendo aos seus interesses econômicos. Se por um lado o atendimento à criança pequena está atrelado aos interesses burgueses, historicamente só se torna constitucionalmente direito da criança e da família, após muita pressão por parte da classe trabalhadora. As políticas sociais não existem somente como uma imposição de cima, mas também como resultado dessas contradições, presente na relação de classes. Palavras-chave: Creche. Sociedade Capitalista. Educação Pública. INTRODUÇÃO Este artigo tem como proposta analisar o surgimento da creche numa perspectiva histórica, apontando o papel que essa instituição veio e vem desempenhando na sociedade capitalista. Teve como instrumento metodológico a pesquisa bibliográfica. A Creche se apresenta hoje como uma instituição destinada aos cuidados e educação da criança de 0 a 3 anos de idade, uma opção da família e um direito da criança, firmado com a Constituição Federal de 1988. Creche e Pré-escola são integrantes da Educação Infantil, primeira etapa da educação básica, definidas dessa forma com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n. 9.394/96. Para
  • 2. V ENCONTRO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO E MARXISMO MARXISMO, EDUCAÇÃO E EMANCIPAÇÃO HUMANA 11, 12, 13 E 14 de abril de 2011 – UFSC – Florianópolis – SC - Brasil 2 entendermos sua atual configuração é fundamental analisarmos os aspectos da sua história, no contexto do movimento da sociedade. Fundamentos Históricos do Surgimento da Creche As mudanças trazidas com o capitalismo, em que houve a passagem do modo de produção doméstico para o fabril, provocaram toda uma reorganização da sociedade para atender as novas exigências de produção, passa neste contexto a ser exigido também uma nova organização familiar. Antes as necessidades da família eram supridas por seus próprios membros, predominava a fabricação domiciliar, pois tinham em suas mãos os meios de trabalho. Com o novo modo de produção, o trabalhador foi separado dos meios de produção e só pode ter acesso a eles vendendo sua força de trabalho a outros; a venda dessa força que garante o mínimo necessário para a sua reprodução. Segundo Braverman (1981), esse novo sistema de produção destrói as condições sob as quais é possível levar a vida antiga, impedindo as antigas práticas de autoabastecimento das famílias, a renda proporcionada pelo trabalho é induzida ao consumo dos meios de subsistências, fabricados pela própria indústria; terminando, dessa forma, a função da família como uma empresa cooperativa. Por outro lado, a família teve que se reorganizar frente às novas exigências do mundo do trabalho, principalmente no que se refere aos cuidados com seus filhos, aqueles que ainda não eram inseridos como força de trabalho. Tozoni-Reis (2002) destacou que a unidade de trabalho deixou de ser a família para ser o indivíduo, o contrato de trabalho já não abrangia mais o trabalho do grupo familiar, e, com isso, a família foi se transformando. Entre as estratégias de sobrevivência das famílias era o trabalho de todos os membros. Porém foi na era do monopólio, que teve início nas últimas duas ou três décadas do século XIX, que o modo capitalista de produção passou a receber a totalidade do indivíduo, da família e das necessidades sociais. O capital monopolista abrange o aumento de organizações monopolistas no seio de cada país, as empresas se aglomeram em imensas unidades, a internacionalização do capital, a divisão internacional do trabalho, o imperialismo, o mercado mundial e o movimento mundial do capital, bem como as mudanças do poder estatal.
  • 3. V ENCONTRO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO E MARXISMO MARXISMO, EDUCAÇÃO E EMANCIPAÇÃO HUMANA 11, 12, 13 E 14 de abril de 2011 – UFSC – Florianópolis – SC - Brasil 3 Por força da simplificação do trabalho na indústria; da modernização dos instrumentos de trabalho “mecanização e automação” e das formas de organização do processo de produção, constroem-se as condições materiais para a entrada do trabalho de mulheres e crianças nas fábricas, contingente bastante atrativo para um mercado que pretende diminuir ao máximo os custos da produção. A não necessidade de tanta força física para manusear as máquinas produziu uma grande massa de força de trabalho masculina, que passou a ser dispensada pelas indústrias e constituir-se em exército de reserva, além do mais a automação também significou a diminuição do número de trabalhadores, que antes era necessário para se realizar uma determinada tarefa. O trabalho das crianças nas fábricas não perdurou por muito tempo, devido a intensa pressão da classe trabalhadora, sobre a exploração do trabalho infantil. Com as conquistas sociais dessa classe, o trabalho das crianças tornou-se, com o tempo, muito caro e insatisfatório, para os objetivos capitalistas. As crianças da fábrica são as primeiras a serem expulsas da produção. Como seus pais estavam ocupados no trabalho fora do lar, muitas crianças vão para as ruas, surgem, nesse momento, a condição material para o incentivo e criação de escolas, com a função de ocupar essas crianças, mantendo certo equilíbrio social. “E como os seus pais trabalhavam, poderia parecer que estavam sendo criadas as condições materiais para a produção das crianças de rua” (ALVES, 2004, p.149). Já o trabalho das mulheres perdurou principalmente por seu valor ser mais baixo, em relação ao dos homens ou devido a sua concentração em ocupações inferiores. De acordo com Braverman (1991), as escalas de pagamento inferior são reforçadas pelo vasto número em que estão disponíveis para o capital. As mulheres passam a constituir a reserva ideal de trabalho para as novas ocupações maciças. Para Antunes (1999), o trabalho das mulheres era restrito às áreas mais rotinizadas, onde é maior a intensidade e que exigem menores índices de qualificação e onde são mais constantes as formas de trabalho temporário. Com a entrada de toda a família no mercado de trabalho, principalmente a mulher, a quem era destinada o cuidado dos filhos, cria-se uma nova necessidade produzida pelo processo de acumulação capitalista: o provimento dos cuidados necessários à sobrevivência das crianças pequenas.
  • 4. V ENCONTRO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO E MARXISMO MARXISMO, EDUCAÇÃO E EMANCIPAÇÃO HUMANA 11, 12, 13 E 14 de abril de 2011 – UFSC – Florianópolis – SC - Brasil 4 O nascimento da indústria moderna alterou profundamente a estrutura social vigente, modificando os hábitos e costumes das famílias. As mães operárias que não tinham com quem deixar seus filhos utilizavam o trabalho das conhecidas mães mercenárias. Essas, ao optarem pelo não trabalho nas fábricas, vendiam seus serviços para abrigarem e cuidarem dos filhos de outras mulheres (PASCHOAL e MACHADO, 2009, p.3). Ainda de acordo com PASCHOAL e MACHADO (2009), a revolução industrial fez com que toda a classe operária se submetesse ao regime da fábrica e das máquinas. Desse modo, essa revolução possibilitou a entrada em massa da mulher no mercado de trabalho, alterando a forma da família cuidar e educar seus filhos. O ideal de mulher e mãe, totalmente disponível para responsabilizar-se pelos cuidados com o lar e com a família, era característico das classes mais favorecidas, numa época em a sociedade fechava as possibilidades de estudo e trabalho às mulheres. Porém, deve ser levando em consideração que as mulheres das classes abastadas destinavam-se, na maioria, a maternidade e as pobres, há muito tempo, ao trabalho. “A preocupação com as crianças, filhas das mulheres inseridas na esfera produtiva, remete-se ao final do século XIX, quando a creche começou a ser pensada como uma instituição feita somente para as mulheres que precisavam trabalhar e não tinham condições de dedicar-se, em tempo integral, aos cuidados com a prole no ambiente doméstico”(CIVILLETTI, 1991 apud BARBOSA, 2006, p.27). Quando se criam condições materiais para a entrada de mulheres no mercado de trabalho, cria-se também a necessidade de locais para a guarda e cuidados das crianças pequenas. Essa necessidade historicamente não é respondida de imediato, o que contribui para o aumento da taxa de mortalidade infantil, numa etapa da vida em que a criança está mais vulnerável. Paschoal e Machado (2009) apontam que as primeiras instituições na Europa e Estados Unidos tinham como objetivos cuidar e proteger as crianças enquanto às mães saíam para o trabalho. Desta maneira, sua origem e expansão como instituição de cuidados à criança estão associadas à transformação da família, de extensa para nuclear. A creche é um termo francês crèche equivale a manjedoura, presépio, foi uma das designações usadas para referir-se ao atendimento de guarda e educação fora da família a crianças pequenas.
  • 5. V ENCONTRO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO E MARXISMO MARXISMO, EDUCAÇÃO E EMANCIPAÇÃO HUMANA 11, 12, 13 E 14 de abril de 2011 – UFSC – Florianópolis – SC - Brasil 5 Século XVIII, no contexto da Revolução Industrial, registra-se as primeiras iniciativas de atendimento à infância, em instituições de caráter filantrópico, arranjos alternativos foram sendo culturalmente construídos ao longo da história. A responsabilidade por esse atendimento ficava a cargo de entidades religiosas. As idéias de abandono, pobreza, favor e caridade impregnam, assim, as formas precárias de atendimento nesse período. História da Creche no Brasil No Brasil, a creche surge, no final do século XIX, decorrente do intenso processo de industrialização e urbanização que o país estava vivendo. Para Faria (1997), no Brasil a creche é constituída de forma peculiar, pois nos países europeus ela foi proposta em função do trabalho industrial feminino. Assim, as creches populares foram criadas com o objetivo de não só de atender as operárias industriais, mas também os filhos das escravas que trabalhavam como empregadas domésticas. De acordo com Haddad (1993), durante muito tempo, a creche serviu à função de combate à pobreza e à mortalidade infantil. Nas creches desenvolvia-se um trabalho de cunho assistencial, pois a preocupação era apenas com a alimentação, higiene e segurança física. No entanto, Kuhlmann Jr. (2004) afirmou que o assistencialismo foi configurado como uma proposta educacional específica para as crianças das classes populares. Merisse (1997) destacou que a história do atendimento à infância corresponde a uma fase exclusivamente filantrópica; uma segunda acrescenta-se uma preocupação e uma orientação higiênico-sanitária e uma terceira de caráter marcadamente assistencial e, finalmente, uma fase em que aparece uma dimensão educacional. A filantropia surge como reposta do momento, iniciativas privadas como de grupo religiosos e de voluntários promovem o atendimento aos filhos de mulheres trabalhadoras e as crianças abandonadas; a orientação higiênico-sanitário na década de 1870, buscando diminuir os altos índices de mortalidade infantil; o assistencialismo enfim é uma prática na qual a creche se manteve prisioneira durante muito tempo, as ações no contexto das políticas públicas para a creche partem principalmente das áreas
  • 6. V ENCONTRO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO E MARXISMO MARXISMO, EDUCAÇÃO E EMANCIPAÇÃO HUMANA 11, 12, 13 E 14 de abril de 2011 – UFSC – Florianópolis – SC - Brasil 6 da assistência e da saúde, destinadas principalmente para atender as crianças abandonadas e necessitadas. Para Kramer (2006) as primeiras iniciativas no Brasil destinadas à criança pequena partiram de higienistas e se dirigiram contra a alarmante taxa de mortalidade infantil. Em sua maioria se preocupavam com questões de alimentação, higiene e segurança física das crianças. Esse atendimento partia de grupos privados, como: médicos, associações de damas beneficentes, etc. Ressalta-se que o higienismo constitui-se num forte movimento ao longo do século XIX e início do século XX. Diante dos altos índices de mortalidade infantil e das precárias condições de saúde dos adultos, e tendo em vista a disseminação de novos conhecimento e técnicas provenientes do avanço da ciência. Iniciativas privadas apareceram no intuito de minimizar o índice de mortalidade infantil, até mesmo recebiam auxílio do Estado e ofereciam um atendimento voltado às questões de higiene, cuidados físicos e alimentação. Dessa forma, se pretendia com esse atendimento amenizar as tensões e crises sociais, provocadas pelo próprio sistema econômico. A responsabilidade pela criação e manutenção de locais para os cuidados com as crianças não era vista como uma questão social; culpa-se, literalmente, o indivíduo por sua própria condição de vida e por sua incapacidade em prover os cuidados necessários a sua prole. Os interesses do capital são sustentavas por determinadas ideologias, no sentido de sustentar e organizar estes interesses, em todos os campos da vida social: economia, política, cultura, educação, entre outros. “No caso de crianças, é responsabilidade dos pais, ou dos parentes, não do Estado, prover esses meios de subsistência até que as crianças possam provê-los por si próprios [...]” (CHAVES, 2007, p.17). Na dificuldade em obter ajuda familiar ou comunitária, as mães passaram a pressionar o Estado e as empresas privadas para organizar e manter creches. A intervenção do Estado, durante o governo Vargas, não significou ainda a responsabilidade de prover esse atendimento; este criou uma resolução na Constituição das Leis Trabalhistas (CLT), obrigando as empresas a manter berçários, no local de trabalho. Segundo Rosemberg (1989, p.128), as poucas conquistas trabalhistas expressas na CLT obrigavam as empresas em que trabalhassem pelo menos trinta mulheres, com
  • 7. V ENCONTRO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO E MARXISMO MARXISMO, EDUCAÇÃO E EMANCIPAÇÃO HUMANA 11, 12, 13 E 14 de abril de 2011 – UFSC – Florianópolis – SC - Brasil 7 mais de dezesseis anos de idade, um local apropriado onde fosse permitido às empregadas guardar sob vigilância e assistência, os seus filhos no período de amamentação. Mesmo assim, em geral não eram cumpridos, devido os insuficientes mecanismos de fiscalização. A punição para os faltosos era ridiculamente pequena. Essa lei trabalhista protegia apenas a amamentação do bebê, não tendo qualquer conotação de uma instituição voltada à educação da criança pequena. É a partir de 1920 que a criança pobre passa a ser tutelada pelo Estado, através da criação de dois códigos de menores de 1927 e 1979 e da criação de diversos órgãos de amparo assistencial e jurídico: do Juizado de Menores em 1923, Departamento Nacional da Criança e do Serviço de Assistência ao Menor (SAM) em 1941, Fundo das Nações Unidades para a Infância (UNICEF) em 1946, Organização Mundial de Educação Pré-escolar (OMEP) em 1953, Fundação Nacional do Bem Estar do Menor (FUNABEM) em 1964. Em 1930 foi criado o Ministério da Educação e Saúde, que só foi desmembrado em 1953. Este Ministério criou em 1940 o Departamento Nacional da Criança (DNCr), destinado a proteção materno-infantil, incluindo o atendimento ao préescolar e, além de outras atribuições, regulamentava o atendimento de crianças em creche, através do estabelecimento de normas e funcionamento para essa instituição, ou seja, exercia funções normativas. Destaca-se que as iniciativas privadas continuaram, principalmente em 1941, com a criação da Legião Brasileira de Assistência Social (LBA), para coordenar diferentes serviços sociais, a qual se voltou a partir de 1946 para o atendimento da maternidade e da infância, constituiu-se em um órgão de consulta do Estado. Começaram a surgir centros de proteção à criança e às mães, como: creches, postos de puericultura, hospitais infantis e maternidades, alguns criados e mantidos pela LBA. A LBA foi transformada em Fundação destinada a prestar assistência à maternidade, à infância e à adolescência. As ações da LBA eram voltadas para as condições de vida da população carente, entre seus programas figuravam os de complementação alimentar e a organização de creches. “Cerca de vinte anos, a LBA se constituiu no órgão central de ação assistencial dos governos que se sucederam, além de fornecer auxílio financeiro às entidades” (MERISSE, 1997, p. 42). De acordo com Oliveira (2007), a LBA foi extinta oficialmente em 1995, através da medida provisória promulgada no primeiro dia da
  • 8. V ENCONTRO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO E MARXISMO MARXISMO, EDUCAÇÃO E EMANCIPAÇÃO HUMANA 11, 12, 13 E 14 de abril de 2011 – UFSC – Florianópolis – SC - Brasil 8 gestão do então presidente Fernando Henrique Cardoso. Com a extinção da LBA, as suas ações passaram a ser assumidas pela Secretaria de Assistência Social (SAS). A expansão da rede de creches públicas no Brasil ocorreu de forma intensificada, somente a partir de 1980, e esteve ligada a pressão dos movimentos populares mais fortes em determinadas regiões da periferia, entre os movimentos destacam-se: movimento Luta por Creches, a Pastoral do Menor, além das Sociedades Amigos de Bairros. Rosemberg (1989) assinalou que era período pré-eleitoral, quando se estabeleciam as eleições diretas para o governador, a promessa de construção de Creches fazia-se presente na pauta das promessas eleitorais. O discurso muito presente em relação à criação de Creches era o de que sua instalação era muita cara, os custos de manutenção eram altos, por isso afirmava-se que o melhor era incentivar a participação de setores privados, o Estado iria contribuir apenas indiretamente através de convênios. No final dos anos 1970 surgem as creches comunitárias, como uma forma de organização popular; que lutavam pelo direito de creche. Essa idéia é apropriada pelo Estado por ser uma alternativa de baixo custo, no intuito de aumentar o número de crianças atendidas em creches. A criação das chamadas creches comunitárias, creches domiciliares, mãe crecheira, creche familiar, entre outras denominações, ambos referem-se a um mesmo modo de guarda da criança pequena: uma mulher toma conta em sua própria casa, mediante o pagamento, de filhos de outras famílias, enquanto os pais trabalham fora. Porém, pela falta de estrutura das residências, do grande número de crianças atendidas e a precariedade das condições higiênicas e materiais, muitas das crianças morriam nesses ambientes. As mulheres participavam intensamente de movimentos, a partir de 1975, com a decretação pela ONU (Organização das Nações Unidas) do Ano Internacional da mulher, vão surgindo também no país núcleos de organizações feministas, cujos participantes provêm principalmente dos extratos médios da população. No Brasil, o Movimento de Luta por Creches foi oficialmente criado em 1979, como resolução do primeiro Congresso da Mulher Paulista. De acordo com Rosemberg (1989), a base de sustentação desse movimento eram mulheres operárias, que reivindicavam creches, para trabalharem fora por razões concretas, como o de aumentar a renda familiar.
  • 9. V ENCONTRO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO E MARXISMO MARXISMO, EDUCAÇÃO E EMANCIPAÇÃO HUMANA 11, 12, 13 E 14 de abril de 2011 – UFSC – Florianópolis – SC - Brasil 9 Depois de muita pressão, o Estado começou a responder através da construção de creches, cujas vagas eram destinadas às camadas da população de mais baixa renda, para mulheres que trabalhavam. Criando-se, assim, um equipamento que tinha por finalidade combater a miséria, e ao mesmo tempo liberar a força de trabalho. Em decorrência da mobilização popular e política do final dos anos 70 e durante os anos de 1980, em prol da mudança da ordem repressora para a institucionalização democrática, que se possibilitou a conquista na Constituição de 1988, do reconhecimento à educação em creches e pré-escolas, como direito da criança e dever do Estado. Nota-se que até meados do final dos anos setenta em termos de legislação pouco se fez para que se garantisse o direito de acesso à creche, o Estado começa a responder à necessidade de atendimento a creche, através de ações paliativas e provisórias. A Creche e a Legislação Brasileira Já na década de oitenta diferentes setores da sociedade uniram forças no sentido de sensibilizar a sociedade sobre o direito da criança a uma educação de qualidade desde o nascimento. A pressão desses setores sociais na Assembléia Constituinte possibilitou incluir creche e pré-escola no sistema educativo. A década de 1990 foi um período bastante rico para o aprofundamento das discussões em torno da construção de uma política de educação infantil e de uma proposta pedagógica para o trabalho educativo em creches e pré-escolas brasileiras. Após a Constituição Federal de 1988 ter afirmado como dever o Estado garantir a oferta de creche e a pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade. Tomou-se por orientação que as instituições deveriam não apenas cuidar das crianças, mas desenvolver um trabalho educacional. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) lei n. 9.396/96 caracteriza a Educação Infantil (creche e pré-escola) como primeira etapa da Educação Básica. Segundo essa legislação, a creche deve atender as crianças de zero até três anos de idade e a pré-escola, as crianças de 4 a 6 anos de idade. Atualmente novas definições foram postas para a faixa etária da criança a ser atendida pela pré-escola, regulamentadas através da lei n. 11.114/2005, que altera o artigo 6º da LDB de 1996, estabelecendo o “Dever dos pais ou responsáveis efetuar a
  • 10. V ENCONTRO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO E MARXISMO MARXISMO, EDUCAÇÃO E EMANCIPAÇÃO HUMANA 11, 12, 13 E 14 de abril de 2011 – UFSC – Florianópolis – SC - Brasil 10 matrícula dos menores, a partir dos seis anos de idade, no Ensino Fundamental”, e da lei n. 11.2274/2006, que altera o artigo 32 da LDB, determinando “O Ensino Fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade [...].” Desse modo, a creche continua a atender crianças de até 3 anos de idade e a pré-escola de 4 e 5 anos de idade. Cabe ressaltarmos que a creche ainda era oferecida pelas secretarias de Assistência Social e só passa a fazer parte do setor da Educação, com a promulgação da LDBEN. Esta lei passa a reconhecer a creche como uma instituição também educativa, essa concepção opõe-se à tradicional visão da creche destinada ao atendimento da criança pobre com funções assistencialista, presente desde o seu surgimento. A Constituição federal de 1988 e a LDBEN atribuem a educação infantil à responsabilidade aos municípios, que, por sua vez, devem aplicar pelo menos 25% da receita de impostos na manutenção e desenvolvimento de ensino. A partir da Constituição Federal de 1988 e, após a aprovação da LDBEN muitos documentos foram criados como, por exemplo: “Subsídios para o credenciamento e funcionamento das instituições de educação infantil” (BRASIL, 1998), “Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil” (BRASIL, 1998), no sentindo de regular o funcionamento das instituições de educação infantil e com a proposta de garantir qualidade no interior dos centros de educação infantil. Verifica-se um grande avanço no que diz respeito aos direitos da criança pequena, ao observarmos essas legislações, mesmo a educação infantil não sendo uma etapa obrigatória, é um direito da criança e tem o objetivo de proporcionar condições para o seu desenvolvimento infantil. Para Harvey (1992), a intervenção do Estado é necessária para compensar as falhas do mercado, tais como os danos ao ambiente natural e social. Para Mészáros (2003), o envolvimento direto ou indireto do Estado corresponde em Salvaguardar a continuidade do modo de reprodução do metabolismo social do capital. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Ao analisar a creche numa perspectiva história, nota-se que seu surgimento esteve atrelado à mudança do processo produtivo, consequentemente gerando mudanças
  • 11. V ENCONTRO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO E MARXISMO MARXISMO, EDUCAÇÃO E EMANCIPAÇÃO HUMANA 11, 12, 13 E 14 de abril de 2011 – UFSC – Florianópolis – SC - Brasil 11 sociais, que por sua vez, exigiam a criação de uma instituição que atendesse às crianças pequenas. Dessa forma, a creche tornou-se um mecanismo para amenizar, mesmo de forma paliativa, as necessidades produzidas por surgimento de uma nova organização familiar, impulsionada pelo estabelecimento de uma nova organização econômica, social e política. O papel do Estado é fundamental na sociedade capitalista, ao mesmo tempo em que o viabiliza, cria políticas para amenizar as crises sociais, pois sabemos a incapacidade do sistema de se reproduzir, sem destruir o ambiente natural e as condições de vida do ser humano. Mesmo sabendo que o atendimento à criança pequena está atrelado aos interesses burgueses, historicamente só se afirmou enquanto direito da criança e da família, após muita pressão por parte da classe trabalhadora, e volto a afirmar que as políticas sociais não existem somente como uma imposição de cima, mas também como resultado desse jogo de forças, presente na relação de classes. Esse estudo de forma alguma pretende finalizar a discussão aqui proposta, mas espero ter contribuído para a construção desse objeto na sua historicidade. REFERÊNCIAS ALVES, Gilberto Luis. A produção da escola pública contemporânea. 2. ed. Campo Grande, MS: Editora da UFMS; Campinas/SP: Editora Autores Associados, 2004. ANTUNES, Ricardo. Os sentidos do trabalho: Ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho. São Paulo: Boitempo, 1999. ANTUNES, Ricardo. A Desertificação Neoliberal no Brasil: (COLLOR, FHC E LULA). 2. ed. São Paulo: Autores associados, 2005. BARBOSA, Ana Paula Tatabiba. O que os olhos não vêem...Práticas e Política em Educação Infantil no Rio de Janeiro. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal Fluminense, RJ, 2006. BRAVERMAN, Harry. Trabalho e capital monopolista. A degradação do trabalho no século XX. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1981. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federal do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Imprensa Oficial. Brasília, DF, 1988.
  • 12. V ENCONTRO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO E MARXISMO MARXISMO, EDUCAÇÃO E EMANCIPAÇÃO HUMANA 11, 12, 13 E 14 de abril de 2011 – UFSC – Florianópolis – SC - Brasil 12 _______. Lei n.º 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. LDBEN, 1996 Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 1996. _______. Lei n. 11.114 de 16 de maio de 2005. Dispõe sobre o início do ensino fundamental aos seis anos de idade. CHAVES; Eduardo O. C. O Liberalismo na política, Economia e Sociedade e suas implicações para a Educação: uma defesa. IN: LOMBARDI, José Claudinei; SANFELICE, Luís José. Liberalismo e educação em debate. São Paulo: autores associados, HISTEDBR, 2007. FARIA, Sonimar Carvalho. História e políticas de educação infantil. In: FAZOLO, Eliane et al. Educação Infantil em Curso. Rio de Janeiro: Ravil, 1997. HADDAD, Lenira. A creche em busca de identidade. 2. ed. São Paulo: Loyola, 1993. HARVEY, David. Condição pós-moderna. São Paulo: Loyola, 1992. KRAMER, Sonia. A política do Pré-Escolar no Brasil. A arte do disfarce. 8. ed. Rio de Janeiro: Cortez, 2006. MERISSE, A. Origens das instituições de atendimento à criança pequena: o caso das creches. In: MERISSE, A. et al. Lugares da Infância. São Paulo: Arte e Ciência, 1997. MÉSZÁROS, István. A Educação para Além do Capital. São Paulo: Boitempo, 2005. MÉSZÁROS, Istvám. O século XXI. Socialismo ou Barbárie? São Paulo: Boitempo, 2003. PASCHOAL, Jaqueline Delgado; MACHADO, Maria Cristina Gomes. A historia da educação infantil no Brasil: avanços, retrocessos e desafios dessa modalidade educacional. Revista HISTEDBR On-line, Campinas, n.33, 2009. ROSEMBERG, Fúlvia. Temas em Destaque. Creche. São Paulo: Cortez, 1989. TOZONI-REIS, M. F. de C. Infância, escola e pobreza: ficção e realidade. São Paulo: Autores Associados, 2002.