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FACULDADE UNIUBE
HAYRA CONCEIÇÃO GONÇALVES
O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
VITÓRIA
2013
HAYRA CONCEIÇÃO GONÇALVES
O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Monografia apresentada ao curso de Pedagogia
da Faculdade – UNIUBE como requisito para
obtenção do título de graduação.
VITÓRIA
2013
.
"Brincar com crianças não é perder tempo, é ganhá-
lo; se é triste ver meninos sem escola, mais triste
ainda é vê-los sentados enfileirados em salas sem
ar, com exercícios estéreis, sem valor para a
formação do homem."
Carlos Drummond de Andrade
RESUMO
A pesquisa “O Lúdico na Educação Infantil” faz uma breve abordagem sobre a
história da educação infantil, buscando compreender como as instituições infantis
foram implantadas no Brasil. Traz conceitos de lúdico expondo algumas concepções
de importantes filósofos da área da Educação e ressalta possibilidades de práticas
pedagógicas utilizando o lúdico. Com o objetivo de analisar a importância do Lúdico
na educação infantil, procura-se ressaltar o seu surgimento nesta etapa da
educação e se realmente é utilizado em sala de aula pelos educadores, defendendo
a idéia de que brincar é essencial para o desenvolvimento integral e o bem-estar da
criança. Para isso se tornou necessário buscar embasamento em teóricos
conceituados que defendem o assunto, analisando a prática pedagógica que o
professor deve utilizar, recorrendo também à pesquisa de campo para melhor
aprofundar o estudo.
Palavras- Chave: Lúdico. Formação do educador. Desenvolvimento da Criança.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 6
2 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INFANTIL E CONCEPÇÕES DE LÚDICO .............8
2.1 SURGIMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL ..........................................................8
2.1.1 Parâmetros sobre a Educação Infantil..............................................................12
2.2 CONCEPÇÕES DE LÚDICO...............................................................................13
2.3 SURGIMENTO DO BRINCAR EM FROEBEL.....................................................16
3 O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL.................................................................18
3.1 O LÚDICO NA FORMAÇÃO DO EDUCADOR....................................................20
3.2 A BRINCADEIRA NA VIDA E NA ESCOLA.........................................................22
3.3 PIAGET E O LÚDICO...........................................................................................23
3.3.1 Piaget e os Jogos de Exercícios.......................................................................24
3.3.2 Piaget e os Jogos Simbólicos............................................................................24
3.3.3 Piaget e os Jogos de Regras............................................................................24
3.4 VYGOTSKY E O LÚDICO....................................................................................25
4 O LÚDICO NA PRÁTICA........................................................................................26
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................30
REFERÊNCIAS..........................................................................................................31
ANEXOS....................................................................................................................33
6
1 INTRODUÇÃO
É muito importante que o professor da educação infantil esteja preparado para
atender as necessidades das crianças. Para isso, é necessário que ele pesquise
sobre o seu desenvolvimento, para realizar atividades adequadas a faixa etária
delas.
A educação infantil deve funcionar para a criança como um espaço de
desenvolvimento da autonomia, da criatividade, da participação e tudo que envolva o
exercício de sua cidadania. Dessa forma, torna-se necessário a utilização do lúdico
como um fator indispensável no processo de ensino-aprendizagem da criança, já
que ele contribui para o desenvolvimento desses aspectos, além de auxiliar no
processo de ensino e aprendizagem e estimular o contato com a realidade.
O lúdico é, de acordo com Oliveira (1985, p.74)
“(...) um recurso metodológico capaz de propiciar uma aprendizagem
espontânea e natural. Estimula a crítica, a criatividade, a sociabilização,
sendo, portanto, reconhecido como uma das atividades mais significativas –
senão a mais significativa – pelo seu conteúdo pedagógico social.”.
Trabalhar o lúdico na Educação Infantil é um grande desafio para os educadores
que buscam por meio desta atividade o melhor desenvolvimento de seu aluno, e
uma maior contribuição para o processo de ensino e aprendizagem.
Para melhor fundamentação do tema, foi utilizada a pesquisa bibliográfica, que de
acordo com Gil (2002, p.44) “[...] é desenvolvida com base em material já elaborado,
constituído principalmente de livros e artigos científicos”. E para o aprofundamento
das questões, foi desenvolvido um estudo de campo, que segundo Gil (2002, p. 53):
[...] no estudo de campo procura muito mais o aprofundamento das
questões propostas do que a distribuição das características da população
segundo determinadas variáveis. [...] no estudo de campo, estuda-se um
único grupo ou comunidade em termos de sua estrutura social, ou seja,
ressaltando a interação entre seres componentes.
O trabalho realizado foi dividido em três momentos: no primeiro foi abordado a
história da Educação Infantil, onde se procurou entender como foi o surgimento e os
7
avanços dessa importante etapa da educação, como também algumas concepções
de lúdico. No segundo momento discutiu o lúdico na Educação Infantil e na
formação do educador, bem como na visão de Piaget e Vygotsky, tentando mostrar
como que as brincadeiras influenciam no desenvolvimento da criança e também a
maneira em que é adequado para ser utilizado. No terceiro momento o lúdico na
prática, ou seja, a pesquisa de campo, que relata a visão de profissionais da área
mediante ao assunto.
Esse trabalho tem a finalidade de contribuir com os profissionais da área de
educação infantil, fazendo com que consigam tornar suas aulas mais dinâmicas e
atraentes, de maneira com que seus alunos aprendam de forma mais prazerosa. É
notável que em todo trabalho será analisado o valor que o brincar tem para a
criança, pois nesta oficina de sonhos e prazeres, os pequeninos manifestam seu
universo, seus desejos e suas vivências cotidianas.
8
2 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INFANTIL E CONCEPÇÕES DE
LÚDICO
A expansão da educação infantil tem ocorrido de maneira crescente nas últimas
décadas, sendo então um assunto de suma importância, o presente estudo aborda
como surgiu a Educação Infantil, bem como Concepções de lúdico.
2.1 SURGIMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL
Com a chegada da Revolução Industrial, surgiu nas empresas à necessidade de
mais mão de obra, assim as mulheres que até então trabalhavam apenas em casa,
assumiram compromissos de trabalho fora do lar, surgindo às instituições de
Educação Infantil para atender essas crianças. Até meados do século XVII não havia
uma instituição educativa própria para crianças de zero a seis anos. Isto se
evidencia em Craidy e Kaercher (2001, p. 15):
[...] as creches e pré-escolas surgiram a partir de mudanças econômicas,
políticas e sociais que ocorreram na sociedade: pela incorporação das
mulheres à força de trabalho assalariado, na organização das famílias, num
novo papel da mulher [...].
As primeiras instituições para atender crianças pequenas surgiram entre os séculos
XVIII e XIX. De acordo com Louzada (2000), as práticas pedagógicas
acompanhavam a concepção de infância que estava vigente na época e variava
conforme a classe social a qual a instituição se destinava. Para as crianças das
camadas populares, o trabalho era direcionado com uma concepção de educação
assistencialista e compensatória, enquanto para as crianças privilegiadas
socialmente, era um trabalho voltado para o desenvolvimento cognitivo.
No Brasil, o atendimento a crianças pequenas se iniciou com a chegada dos
jesuítas. Antes disso, no Brasil escravista, as crianças entre seis e doze anos já
exerciam pequenas atividades como auxiliares. A partir de doze anos eram vistas
como adultos, enquanto as crianças brancas, aos seis anos iniciavam seus estudos
de língua, gramática, matemática e boas maneiras. Para Costa (2006) os jesuítas
investiram na educação das crianças indígenas assim como órfãos portugueses
9
vindos da metrópole, objetivando instruí-los a doutrina jesuíta e fazer o
adestramento moral e espiritual.
No século XVII, o abandono de crianças acontecia com muita freqüência, pois,
[...] era grande a quantidade de bebês expostos, frutos de amores ilícitos,
principalmente de escravas com seus senhores. Após dar a luz, as mães
mandavam levar os bebês às portas de casas particulares, mas quase
sempre eles não eram aceitos e, quando eram recolhidos, já era muito
tarde, pois o recém nascido já se encontrava debilitado. (LOUZADA, 2000,
p. 16)
Segundo o autor supracitado, procurando solucionar essa situação, a partir do
século XVIII, as crianças rejeitadas pelas mães eram acolhidas pela Santa Casa de
Misericórdia ou pela Câmara Municipal. Devido ao grande número de crianças
abandonadas, em 1738, foi fundada no Rio de Janeiro a Roda e a Casa dos
Expostos, instaladas na Santa Casa de Misericórdia, a partir de doações feitas por
comerciantes ricos. Essas casas tinham registros das crianças que ali eram
enviadas, filhas de mulheres da elite, frutos de adultério, e filhas de escravas, que
não tinham recursos para criá-las.
De acordo com Ramon e Steyer (apud COSTA, 2006, p. 12) “o sistema assistencial
conhecido como ‘Asilo ou Roda dos Expostos’ [...] se constituía em um asilo para
crianças abandonadas enjeitadas”. Nesse asilo, a criança recebia atendimentos
referentes à alimentação, higiene e segurança física. As crianças que sobreviviam
ao período de mortalidade eram enviadas as criadeiras, ficando a seu domínio até
os sete anos, posteriormente ficavam disponíveis à doação. Os meninos que não
eram adotados eram levados ao Arsenal da Marinha e as meninas levadas ao
recolhimento das órfãs. Nesses locais as crianças trabalhavam até os quatorze anos
de idade em troca de alimentos e abrigo e após essa idade o trabalho era
remunerado.
Ainda conforme Ramon e Steyer (apud COSTA, 2006), é notável que até o início da
república, pouco era feito pela educação das crianças de zero a seis anos. Não
havia nenhuma legislação que regulamentasse essa educação, e nem alternativas
de atendimento educativo, especialmente para as crianças de famílias pobres.
Somente em 1889 foi criado no Rio de Janeiro o Instituto de Proteção e Assistência
10
à Infância do Brasil, de cunho assistencialista e em 1908, a primeira creche popular
para atender crianças de zero a seis anos, filhas de operários. Em 1909, foi
inaugurado o Jardim de Infância Campos Salles, também no Rio de Janeiro. Dez
anos depois, foi criado o Departamento da Criança no Brasil, cuja responsabilidade
era do Estado, porém foi mantido por doações.
Em 1922, de acordo com Possati (2008) ocorreu o marco do período moderno de
assistência a infância, quando Arthur Marcorvo Filho escreveu a primeira história de
proteção a infância no Brasil. É muito importante ressaltar que a partir desse ano,
ocorreram muitas mudanças sobre as instituições de ensino, pois se deixou de lado
a ideia de que era lugar para crianças pobres, e tornou-se importante etapa de
ensino para crianças de zero a seis anos. A partir de 1930, cresce o interesse das
autoridades pela causa da criança e surgem várias iniciativas particulares. As
políticas sociais se elevaram nacionalmente, assim como a centralização do poder
surgindo um estado de bem – estar social e um acelerado processo de urbanização
e industrialização.
Em 1940, foi fundado o Departamento Nacional da Criança, vinculado ao Ministério
da Educação e saúde Pública e no ano seguinte, o Serviço de Assistência a
Menores. Em 1946 foi criada a UNICEF e, em 1953, foi fundado o Comitê - Brasil da
Organização Mundial para Educação Pré – Escolar. Todos esses órgãos foram
criados com cunho assistencialista. (LOUZADA, 2000).
De acordo com Louzada (2000), outros órgãos foram surgindo, como a Campanha
Nacional de Alimentação Escolar, em 1955, a Legião Brasileira de Assistência, em
1974, que tinha finalidade em oferecer apoio financeiro e técnico às creches
brasileiras. Em 1975, foi criado a Coordenação de Educação Pré – Escolar vinculada
ao Ministério da Educação e Cultura. Conforme Costa (2006, p.13)
A modificação desse sistema assistencial envolve rever o papel do Estado
perante estas instituições, às concepções de desenvolvimento e educação
infantil e as inter – relações entre sociedade, a comunidade, a creche e a
família tendo como finalidade um novo processo de ensino aprendizagem
na educação infantil, onde a criança possa ser respeitada como sujeito,
tendo direito de vivenciar da melhor forma possível seu processo de
desenvolvimento.
11
O estado de bem – estar social não conseguiu atingir toda a população de uma
forma igualitária, gerando privilégios para alguns, reproduzindo o sistema de
desigualdades existentes na sociedade.
Segundo o autor supracitado, a partir de 1960 e meados de 1970, começa um
período de inovação políticas sociais nas áreas de educação, saúde, assistência
social, previdência, entre outros. Na educação, o nível básico torna-se obrigatório e
gratuito, como consta na Constituição Federal. Em 1970 cresce o índice de evasão
escolar e de repetência das crianças das classes pobres no ensino fundamental.
Com o intuito de diminuir esse índice, foi instituída a educação pré-escolar, chamada
de educação compensatória, para crianças de quatro a seis anos de idade. O
objetivo dessa educação era suprir as carências culturais que existiam nas famílias
pobres. A pré-escola, porém, não tinha caráter formal e os professores contratados
não possuíam uma formação pedagógica adequada, recebiam salário baixo e o
trabalho pedagógico não era eficiente. A mão-de-obra, em sua maioria, era
composta de voluntários, que desistiam rapidamente do trabalho.
Havia muita insatisfação com o atendimento oferecido nas pré-escolas. No geral, as
instituições públicas prestavam atendimento de caráter assistencialista, oferecendo
alimentação, higiene e assistência física, porém de forma precária, já as creches
particulares desenvolviam atividades educativas, voltadas para os aspectos
cognitivos, emocionais e sociais.
Ainda conforme Louzada (2000) foi somente após 1970 que as crianças brasileiras
começaram a ser vista com mais atenção. As instituições para crianças de zero a
seis anos começaram a ser reconhecidas como lugares onde se oferecia educação
e cuidados coletivos. Surgem outros órgãos de amparo e assistência à criança,
como a Coordenação de Educação Pré-Escolar (COEPRE) em 1975, vinculada ao
Ministério da Educação e Cultura, que também lançou e coordenou o Programa
Nacional de Educação Pré-Escolar em 1981. Em 1987 a COEPRE foi extinta,
passando a coordenação do Programa Nacional de Educação Pré-Escolar para a
Secretaria de Ensino Básico do MEC.
12
Após muitas lutas e conquistas, a educação para criança pequena é incluída na
política educacional, seguindo uma concepção pedagógica e não mais
assistencialista, passando a ser um dever do Estado e um direito da criança.
Kramer (1995) nos coloca que com o passar do tempo, a Educação Infantil vem
conquistando novos espaços e vencendo barreiras gradativamente, mas ainda é
necessário avançar mais.
Muitas mudanças já ocorreram e, a mais importante, foi o espaço que a criança
conquistou na sociedade. Entretanto ainda assim, a educação está longe de ser um
exemplo, o Brasil está em débito com a população, pois muitas crianças ainda não
conseguem atendimento, e mesmo aquelas que conseguem, têm muitas vezes
atendimento ineficiente, com funções assistencialistas compensatórias.
2.1.1 Parâmetros sobre a Educação Infantil
Como consta no Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (1998) a
educação infantil é a primeira etapa da educação básica e destina-se ao
atendimento de crianças de zero a seis anos. A criança deve ser vista como um ser
com capacidades afetivas, cognitivas e sociais. Assim, ela adquire segurança para
se expressar e se socializar com diferentes grupos de pessoas.
De acordo com o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (1998) as
instituições de educação infantil têm como propósito o desenvolvimento integral de
crianças até seis anos de idade, oportunizando através de atividades lúdicas o bem
estar físico afetivo – social e intelectual.
Possati (2008) coloca que com a construção da LDB 9394/96, que reconheceu como
direito da criança o acesso à educação infantil em creches e pré-escolas, a criança
que antes era considerada um objeto de tutela, passou a ser vista como um sujeito
de direitos.
13
De acordo com a LDB nº 9394/96 (BRASIL, 1996), seção II:
Art. 29 - A Educação Infantil primeira etapa a educação básica, tem como
finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em
seu aspecto físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação
da família e da comunidade.
Art. 30 - A Educação Infantil será oferecida em:
I – Creches ou entidades equivalentes, para crianças de até 03 anos de
idade.
II – Pré-escolas para crianças de 04 a 06 anos de idade.
Art. 31 - Na Educação Infantil a avaliação far-se-á mediante
acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de
promoção, mesmo para o acesso ao Ensino Fundamental.
Com essa lei, a criança conquistou na sociedade, um espaço somente seu, onde ela
pode agir espontaneamente e se desenvolver e, dessa forma, interagir com a
sociedade a sua volta.
É importante destacar que recentes medidas legais modificaram o atendimento das
crianças da pré-escola, pois os alunos com seis anos de idade agora devem
obrigatoriamente estar matriculados no primeiro ano do Ensino Fundamental.
2.2 CONCEPÇÕES DE LÚDICO
A palavra lúdico vem do latim ludus e significa brincar. Fazem parte desse brincar os
jogos, brinquedos e brincadeiras. A ludicidade não deve ser encarada apenas como
diversão, já que, de acordo com Santos (1999, p. 20)
Brincar ajuda a criança no seu desenvolvimento físico, afetivo, intelectual e
social, pois, através das atividades lúdicas, a criança forma conceitos,
relaciona idéias, estabelece relação lógica, desenvolve a expressão oral e
corporal, reforça habilidades sociais, reduz a agressividade, integra-se na
sociedade e constrói seu próprio conhecimento.
Portanto, o lúdico é fundamental para o desenvolvimento da criança, pois tem a
função de oportunizar a aprendizagem do indivíduo, seu saber, seu conhecimento e
sua compreensão de mundo.
14
Visto como um tema que carrega bagagem de valor, o lúdico tornou-se assunto de
discussão entre vários autores. Dentre eles Friedman (1999), Santos (2000) e
Kshimoto (2000). Segundo Friedman (1999, p. 12)
Brincadeira refere-se basicamente a ação de brincar, ao comportamento
espontâneo que resulta de uma atividade não estruturada. O jogo é
entendido como uma brincadeira que envolve regras. E o brinquedo é
utilizado para designar o sentido de objeto de brincar.
Santos (2000, p. 21 e 22) conceitua:
Brinquedo como um objeto, suporte da brincadeira, supõe relação íntima
com a criança, seu nível de desenvolvimento e indeterminação quanto ao
uso, ou seja, a ausência de um sistema de regras que organize sua
utilização. Para a autora, brinquedo e brincadeira aparecem com
significados opostos e contraditórios: a brincadeira é vista ora como ação
livre, ora como atividade supervisionada pelo adulto. O jogo apresenta
significado distinto uma vez que pode ser entendido desde movimentos que
a criança realiza nos primeiros anos de vida agitando objetos que estão ao
seu alcance, até atividades mais ou menos complexas.
De acordo com Kishimoto (2000, p. 13)
Brinquedo supõe uma relação íntima com a criança e uma indeterminação
quanto ao seu uso, ou seja, a ausência de um sistema de regras que
organizam a sua utilização. A brincadeira filiada ao folclore, incorpora a
mentalidade popular expressando sobre sua oralidade. E o jogo pode ser
entendido de maneira diferente por cada um, esse entendimento vai
depender da linguagem de cada contexto social.
Percebe-se que todos os autores acima partem do princípio da necessidade e do
prazer; indo a origem da palavra. Não denomina como passatempo, mas sim como
próprio ser da criança.
Para Antunes (2005) o jogo não está ligado à competição, mas sim ao divertimento,
ao prazer. Este tem como objetivo principal estimular o crescimento e a
aprendizagem. O brinquedo supõe uma relação com a criança, sem o uso de regras
fixas; o uso deste auxilia no desenvolvimento da criatividade e da imaginação.
Houve um tempo em que se buscava a oposição entre o brincar e o
aprender e, por isso, o “lugar das brincadeiras” não se confundia com a sala
de aula que era o “lugar das aprendizagens”. Felizmente estamos
superando esse obstáculo e não está longe o momento em que a
construção do EU e de saberes estarão inteiramente juntos como em saltos
no jogo de amarelinha, sempre em busca do melhor.
(ANTUNES, 2005, p. 7)
15
Na concepção de Gonçalves (2003), a criança concebe o lúdico como forma de
prazer e auto descoberta, já que enquanto brinca, ela consegue expressar seus
sentimentos e pontos de vista, desenvolve seu pensamento, aprende a respeitar o
outro e viver em comunidade.
O lúdico influência de forma significativa o desenvolvimento da criança, pois sua
utilização é uma ferramenta essencial para a aprendizagem, já que propõe estímulo
ao interesse do educando, desenvolve níveis distintos na sua vivência pessoal e
social, desenvolve e enriquece a sua personalidade e leva ao professor a condição
de condutor, estimulador e avaliador da aprendizagem.
O lúdico deve ser utilizado somente quando se pretende alcançar um objetivo e
quando há um rigoroso e cuidadoso planejamento. Isso se evidência em Santos
(2000, p. 40)
[...] o jogo só tem validade se usado na hora certa, e essa hora é
determinada pelo seu caráter desafiador, pelo interesse do aluno e pelo
objetivo proposto. Jamais deve ser introduzido antes que o aluno revele
maturidade para superar seu desafio, e nunca quando o aluno revelar
cansaço pela atividade ou tédio por seus resultados.
A escolha do jogo/ brincadeira deverá estar sempre condicionada aos objetivos que
o professor almeja atingir. Além disso, a brincadeira deve propiciar, antes de tudo,
um momento de prazer tanto para o aluno quanto para o educador.
Com a preocupação em alfabetizar, o lúdico vem perdendo seu espaço na sala de
aula. Infelizmente, educadores não se dão conta de que este é essencial para que a
criança tenha uma infância feliz e saudável, então o brincar se restringe, muitas
vezes, em ouvir histórias e cantar músicas.
O lúdico é indispensável para o processo de ensino aprendizagem da criança, pois
através do mesmo a criança desenvolve o aspecto social, ao se relacionar com
diferentes grupos de crianças; o educacional, a partir do jogo ocorre o
desenvolvimento da aprendizagem; e o psicológico, por meio das brincadeiras a
criança expressa suas emoções e tudo o que vivencia no seu dia a dia.
16
2.3 O SURGIMENTO DO BRINCAR EM FROEBEL
Froebel (apud ANGOTTI, 2003) pode der considerado o pedagogo da infância, pois
o seu amor pelas crianças, o fez dedicar-se a conhecê-las, em seus interesses,
condições e necessidades e assim adequar a educação a elas. Em 1837, criou o
Kindergarten (Jardim de Infância), onde as crianças eram consideradas plantinhas
de um jardim, cujo jardineiro seria o professor. Passou então a dedicar-se à
fundação de jardins de infância, à formação de professores e à elaboração de
métodos e equipamentos para as instalações.
Conforme Angotti (2003), no Jardim de Infância froebeliano as classes integravam
crianças de 3 a 6 anos de idade, para que as crianças mais velhas pudessem
auxiliar as mais novas. Sua metodologia era voltada para a linguagem oral afetiva,
com atividades lúdicas organizadas do mais simples para o mais complexo.
Para Froebel (apud Angotti, 2003, p.28) “o Kindergarten é a base para o
adestramento manual, porque usa o trabalho manual como um meio de desenvolver
a ideia da criança”. Pois a criança froebeliana é vista como um ser com potencial, a
semente do futuro. Para o pedagogo a infância é fase primordial na vida do homem
e da humanidade, pois nessa fase, a criança deve ser como uma semente bem
cuidada para se fortalecer, descobrir suas potencialidades e essência.
Ao valorizar a infância e criar os jardins de infância, Froebel se preocupou também
com o ambiente infantil, este deveria oferecer condições que possibilitasse o
desenvolvimento das crianças, assim como sua integração social.
Através de observações e estudos realizados sobre o desenvolvimento infantil,
Froebel criou materiais que pudessem auxiliar no desenvolvimento da criança.
Dentre esses materiais, destacam-se os dons. O primeiro dom era a bola, o segundo
o cubo e o terceiro o cilindro. Os dons foram criados por ele com o objetivo de
desenvolver as atividades através dos jogos.
17
Além do jogo, criou ainda as ocupações, entre elas estão à tecelagem, dobradura e
recorte. Essas eram oferecidas para que a criança pudesse desenvolver a
capacidade de concentração, conhecimento e enriquecimento da linguagem.
Com os materiais criados por ele, a criança era levada a desenvolver a mesma
atividade por várias vezes, pois a repetição poderia levá-la a perfeição. Após essa
realização, a criança poderia desenvolver atividades espontâneas confeccionando
produtos criativos e originais. Observando a pedagogia de Froebel, nota-se que é no
brincar que a criança encontra diferentes formas de expressão. O brinquedo é
representação do interior infantil.
Para Froebel (apud Angotti, 2003, p. 18 e 19), o brinquedo:
Dá alegria, liberdade, satisfação, repouso interno e externo, paz com o
mundo. Uma criança que brinca integralmente, por determinação de sua
própria atividade, perseverando até que a fadiga física a impeça, será
certamente um homem completo e determinado, capaz de auto-sacrifício
para a promoção do bem estar de si mesmo e dos outros (...). O brinquedo
espontâneo da criança revela a vida interior futura do homem. Os
brinquedos da infância são os germes de toda vida posterior.
Froebel foi o primeiro educador a utilizar o brinquedo em atividades na escola, pois
acreditava ser um instrumento importantíssimo para alcançar resultados satisfatórios
no processo educacional. Conseguia perceber na atividade lúdica, o significado
funcional, ele estava convencido de que a alegria do jogo levaria a criança a aceitar
o trabalho de forma mais tranqüila.
18
3 O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Discutir o tema educação infantil requer do pesquisador um olhar em todos os eixos
de aprendizagem deste nível de ensino, porém em nossos estudos optamos nos
deter apenas nas atividades lúdicas. Para tal, voltamos nosso olhar exclusivamente
no lúdico na educação infantil.
O lúdico é primordial para o desenvolvimento da criança, pois ele é um facilitador da
aprendizagem, além de auxiliar no desenvolvimento físico, intelectual e social,
também é responsável pela conquista da independência, criticidade e da autocrítica.
De acordo com Gonzaga Junior (apud SOARES, 2005, p. 22) “[...] a criança procura
o jogo como necessidade e não como distração. É pelo jogo que a criança se revela,
sua vocação, suas habilidades, o seu caráter, tudo o que ela faz, torna-se visível
pelo jogo e pelos brinquedos que ela executa.”
Quando a criança brinca, ela aprende, e todo aprendizado adquirido por ela será
necessário para o processo educacional, pois por meio dessas atividades, ela
conhece melhor a si mesma, além de melhor relacionar-se com outras pessoas,
vivenciar experiências de vida e socializar-se. O Referencial Curricular Nacional para
Educação Infantil apresenta que
Amadurecem também algumas competências para a vida coletiva, através
da interação e da utilização e experiência de regras e papéis sociais. É
sabido, enfim que ao brincar as crianças exploram, perguntam e refletem
sobre as formas culturais nas quais vivem[...] (SECRETARIA ENSINO
FUNDAMENTAL, 1998, P. 7)
Mesmo diante das funções citadas e o debate relacionado ao amadurecimento e as
diferentes formas de aprender através das atividades e fazer do lúdico, isto ainda
não se faz presente em todos os espaços da Educação Infantil.
É possível notar que cada vez mais o lúdico vem perdendo seu espaço dentro da
sala de aula. Muitos educadores não percebem que este é essencial para que a
criança cresça feliz e saudável. Muitas vezes os professores da Educação Infantil
esquecem que seus alunos são apenas crianças, e não adultos em miniatura. Pois
19
ao desconsiderar a infância retira-se também o brincar. Então o lúdico fica no
esquecimento na realização da prática pedagógica, o que poderá gerar grandes
prejuízos ao desenvolvimento infantil.
De acordo com Soares (2005) é notável que há educadores demasiadamente
preocupados apenas com os conteúdos a serem ministrados, não percebem que a
lousa cheia não é suficiente para motivá-los a aprender, e que a aprendizagem não
deve ficar presa a conteúdos, pois o ato de brincar aproxima o professor de seus
alunos, desenvolvendo uma relação afetiva, porque brincar é um ato de afeto.
De acordo com o autor supracitado, quando a criança é impedida de brincar, as
chances dela se tornar um adulto dissimulado, egoísta, isolado, pouco criativo e
deprimido são enormes. Com a brincadeira a criança desenvolve sua capacidade de
elaborar seu próprio conhecimento, sua imaginação, criatividade, espontaneidade e
inteligência.
Sabe-se que o brincar é inerente ao humano, mas, ainda existem professores que
não considera tal fato. Existem professores que brincam, mas não com o entusiasmo
que deveria haver, pois ao fazer com simples atividade, não compreende seu valor
educativo e formativo. Monteiro (apud Soares, 2005, p. 56) ressalta que “[...] nada
que a gente faça sem entusiasmo funciona. Aqueles pais que ficam ao lado das
crianças fingindo que brincam e pensando no seu trabalho estão perdendo seu
tempo [...]”, porque quando o adulto brinca com a criança, ele deve se entregar
totalmente àquele momento.
O professor que não reconhece a importância que o lúdico tem para o
desenvolvimento de seu aluno pode estar comprometendo sua prática docente com
o fracasso. O brincar sem nenhum objetivo não tem valor algum. Pais e educadores
devem saber que o incentivo às atividades lúdicas são fundamentais antes mesmo
de a criança entrar na escola.
O direito de liberdade compreende os seguintes aspectos “[...] Brincar, praticar
esportes e divertir-se [...]” (SOARES, 2005, p. 23), ou seja, cada vez mais cedo à
brincadeira vem perdendo espaço na vida da criança, ao ser destituído do lúdico a
20
criança vai perdendo sua ingenuidade da infância e assume responsabilidade de
adulto. Por isso se faz necessário lembrar que brincar deve ser prioridade na vida de
qualquer criança.
3.1 O LÚDICO NA FORMAÇÃO DO EDUCADOR
Educar não é somente repassar conhecimentos ou mostrar apenas o caminho que o
professor considera mais certo, antes de tudo é
[...] ajudar a pessoa a tomar consciência de si mesma, dos outros e da
sociedade. [...] é oferecer várias ferramentas para que a pessoa possa
escolher entre muitos caminhos, aquele que for compatível com seus
valores, sua visão de mundo e com as circunstancias adversas que cada
um irá encontrar. Educar é preparar para a vida. (SANTOS, 1999. p. 11-12)
Sendo assim, devido às transformações ocorridas na sociedade, às necessidades
das crianças também se modificaram. Dessa forma, é de suma importância que o
professor esteja preparado para atender essas novas necessidades, o que, de
acordo com Santos (1999, p.112) o professor deve ser “[...] um ser extremamente
ativo, dinâmico, curioso, construtor do seu conhecimento, possuidor de uma lógica
infantil [...] um cidadão”. Isso envolve conhecer o que é criança, seu
desenvolvimento e suas necessidades.
Através dessas transformações na sociedade, é possível associar uma visão
positiva do uso do lúdico com a aprendizagem e o desenvolvimento da criança.
Ainda de acordo com Santos (1999, p. 112)
[...] estudos e pesquisas realizadas na área da Educação Infantil sinalizam a
criança como uma criatura que apresenta características e especificidade
próprias e que encontra nas atividades lúdicas uma forma de mostrar sua
criatividade, sua emoção, seu descontentamento, sua maneira de pensar e
agir.
Os educadores infantis precisam ter consciência da importância do brincar e devem
usar o lúdico em sua prática pedagógica, e junto com a criança, construir novos
conhecimentos.
21
Para Gonçalves (2003) as brincadeiras podem ser utilizadas pelo educador como
uma ferramenta para estimular a criança a aumentar seus conhecimentos e avançar
do ponto em que se encontra em sua aprendizagem.
Desta forma as escolas precisam compreender que o brincar deve ser levado a sério
e que para isso, é necessário que os educadores estejam preparados para lidar com
o lúdico. É importante incluir a ludicidade nos cursos de formação do educador
infantil, pois de acordo com Santos (1999, p. 21) “[...] quanto mais vivências lúdicas
forem proporcionadas nos currículos acadêmicos, mais preparado o educador estará
para trabalhar com a criança.”
De acordo com o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (1998, p.
41)
O trabalho direto com crianças pequenas exige que o professor tenha uma
competência polivalente. Ser polivalente significa que ao professor cabe
trabalhar com conteúdos de naturezas diversas que abrangem desde
cuidados básicos essenciais até conhecimentos específicos provenientes
das diversas áreas do conhecimento. Este caráter polivalente demanda, por
sua vez, uma formação bastante ampla do profissional que deve tornar-se,
ele também, um aprendiz, refletindo constantemente sobre sua prática,
debatendo com seus pares, dialogando com as famílias e a comunidade e
buscando informações necessárias para o trabalho que desenvolve. São
instrumentos essenciais para a reflexão sobre a prática direta com as
crianças a observação, o registro, o planejamento e a avaliação.
O educador deve permanecer em constante formação, buscando metodologias
dinâmicas, um pensar reflexivo da prática docente, estimulando o intelecto de uma
forma criativa e integrada na vida social com desenvolvimento autônomo.
Santos (1999, p. 14) ressalta que:
A formação lúdica deve possibilitar ao futuro educador conhecer-se como
pessoa, saber de suas possibilidades e limitações, desbloquear suas
resistências e ter uma visão clara sobre a importância do jogo e do
brinquedo para a vida da criança, do jovem e do adulto.
Para que o aprendizado através do lúdico se torne mais significativo, é importante
que o educador infantil também goste de desenvolvê-lo com as crianças. Gonçalves
(2003) aponta que é necessário a criança brincar com o adulto, pois é um desafio e,
além disso, ele pode esclarecer dúvidas ou possibilitar novas formas de conduzir um
22
jogo ou brinquedo. É importante também que o educador fique sempre por perto
quando solicitado, porém, tomando cuidado para não invadir a brincadeira. Portanto
“[...] fazendo dessa ocasião momentos para reelaborar suas hipóteses e definir
novas propostas de trabalho que estimulem à atividade mental e psicomotora, a
criatividade, a capacidade critica de opinião.” (GONÇALVES, 2003, p. 23).
Já Moyles (2002) nos coloca que o professor deve proporcionar situações de brincar
que atendam à necessidades de aprendizagem na criança e que seu papel é de
mediador, porém outra função que deve assumir com mais relevância é o de
observador e avaliador, para tentar diagnosticar o que a criança aprendeu.
É importante que o professor esteja atento quanto aos aspectos da aprendizagem e
do desenvolvimento da criança, sabendo selecionar os jogos, brinquedos e as
brincadeiras de acordo com o desenvolvimento da criança e também levando em
consideração os objetivos que deseja atingir com tais brinquedos.
3.2 A BRINCADEIRA NA VIDA E NA ESCOLA
O brincar se faz presente na escola de maneiras bastante diversas. Assim são
várias as concepções deste na prática pedagógica. Para Fontana e Cruz (1997, p.
119) existe uma concepção que se traduz na frase “criança vai à escola para
aprender, e não para se divertir”. Partindo desse ponto de vista a brincadeira é
entendida como diversão pelos profissionais que compartilham dessa opinião.
Existe outra concepção, ainda de acordo com as autoras, na qual brincando a
criança aprende. Nesta, utiliza-se métodos educacionais que valorizam a brincadeira
como um recurso didático importante para o trabalho pedagógico.
Diante disso, os professores devem cuidar para que a brincadeira não perca seu
valor lúdico, e que esteja voltada somente para uso didático tradicional, pois usada
desta forma o brincar perde o seu sentido fazendo com que os alunos percam o
interesse rapidamente. Fontana e Cruz (1997, p. 139) citam que “[...] isso se dá
quando, em vez de aprender brincando, a criança é levada a usar o brinquedo para
aprender”.
23
Dessa forma é necessário um novo sentido para o trabalho pedagógico, pois de
acordo com Fontana e Cruz (1997) o professor não deve conhecer a criança apenas
para trabalhar com ela, mas também para aprender com a mesma. Pois a
brincadeira possibilita ao professor conhecer o seu aluno, a realidade vivenciada por
ele.
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (SECRETARIA DE
ENSINO FUNDAMENTAL, 1998, p.27, 28, 29), cita que:
A brincadeira favorece a auto-estima das crianças, auxiliando-as a superar
progressivamente suas aquisições de forma criativa. Brincar contribui,
assim, para a interiorização de determinados modelos de adulto, no âmbito
de grupos sociais diversos. (p. 27).
Nas brincadeiras, as crianças transformam os conhecimentos que já
possuíam anteriormente em conceitos gerais com os quais brincam. [...]
seus conhecimentos provém da imitação de alguém ou algo conhecido, de
uma experiência vivida na família ou em outros ambientes, de um relato de
um colega ou de um adulto, de cenas assistidas na televisão [...]. É no ato
de brincar que a criança estabelece os diferentes vínculos entre as
características do papel assumido, suas competências e as relações que
possuem com outros papéis, tomando consciência disto e generalizando
para outras situações. (p. 27 e 28).
Por meio das brincadeiras os professores podem observar e constituir uma
visão dos processos de desenvolvimento das crianças em conjunto e de
cada uma em particular [...]. (p. 29).
Portanto, o professor deve saber que as ações da criança são realizadas de acordo
com o que ela presencia no seu dia a dia. Então a brincadeira é uma imitação da
realidade vivenciada por ela.
3.3 PIAGET E O LÚDICO
Piaget acreditava que o lúdico é de grande importância para o desenvolvimento da
criança já que é através deste que ela adquire conhecimentos que poderiam facilitar
sua ação no mundo a sua volta. Para Piaget (apud FONTANA E CRUZ, 1997) a
brincadeira é uma assimilação do real, ou seja, uma atividade que transforma o real.
24
3.3.1 Piaget e os Jogos de Exercícios
O primeiro jogo citado por Piaget (apud FONTANA E CRUZ, 1997) é o jogo de
exercício. Esses começam desde o nascimento e é fundamental para a ampliação
de novos esquemas, por meio de seus movimentos e suas percepções. Tem como
principal finalidade o prazer de permitir o prazer do indíviduo. Um exemplo do jogo
de exercício é a criança fazer um carrinho rolar quando o recebe de um adulto.
3.3.2 Piaget e os Jogos Simbólicos
Inicia-se através da linguagem, por volta dos dois anos estendendo-se até os sete
anos. A palavra símbolo significa representação de um objeto que não está presente
e, é representado por outro de forma fictícia. A realidade pode ser apresentada, a
partir de sua imagem mental, e vem satisfazer uma vontade pessoal, pois não existe
restrição para sua imaginação. Por exemplo: fazer com que uma boneca fale e coma
é uma brincadeira de faz de conta.
Algumas brincadeiras desenvolvidas pela criança retratam suas vivências, como por
exemplo, polícia e ladrão. O professor que não entende a ação dos alunos acaba
por reprimi-lo. Muitas vezes através destas brincadeiras, o aluno está procurando
meios de aliviar suas tensões. (FONTANA E CRUZ, 1997).
3.3.3 Piaget e os Jogos de Regras
Os jogos de regras aparecem por volta dos sete anos. Nesta fase, o interesse da
criança de interagir com outras crianças é maior. Segundo Piaget (apud
MARANHÃO, apud SOARES, 2003, p. 29): “O sujeito só se dá uma regra porque
conhece regras por outras vias e interioriza assim uma conduta social”. O jogo em
grupo torna-se necessidade na vida do ser humano. As regras são colocadas para
serem respeitadas. A partir disso a criança percebe seu papel na vida social.
25
Os jogos de regras são classificados em dois tipos: os de natureza transmitida, onde
as regras são transmitidas de geração para geração. E os de natureza espontânea,
onde as regras são decididas no momento do jogo, pelos próprios participantes.
(SOARES, 2003).
3.4 VYGOTSKY E O LÚDICO
Os estudos realizados por Vygotsky (apud SOARES, 2003) são voltados para o
social e experiências sociais e culturais. A brincadeira é vista por ele como uma
atividade social, já que através dela a criança entende a realidade da qual faz parte,
além de obter elementos necessários para a construção de sua personalidade.
Brincando a criança se desenvolve socialmente, desperta habilidades que lhe serão
úteis para viver em seu grupo social, além de ser de suma importância para o
desenvolvimento de seu pensamento abstrato, pois a partir do jogo a criança cria e
reproduz situações em sua imaginação.
Quando a criança brinca, está manifestando a cultura que inicialmente foi transmitida
por seus pais. As ações de uma criança estão relacionadas com suas necessidades
e motivações, quando ela utiliza o brinquedo está realizando suas necessidades.
Muitos conceitos são aprendidos com a ludicidade, sendo a escola um grupo social
que deve estimular a troca de experiências.
26
4 APRESENTAÇÃO DOS DADOS: O LÚDICO NA PRÁTICA
Para desenvolver o presente estudo recorreu-se à pesquisa exploratória, o que de
acordo com Gil (2002, p. 41):
Estas pesquisas têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o
problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses.
Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o
aprimoramento das idéias ou a descoberta de instituições. Seu
planejamento é, portanto, bastante flexível de modo que possibilite a
consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado. Na
maioria dos casos, essas pesquisas envolvem: (a) levantamento
bibliográfico; (b) entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas
com o problema pesquisado; e (c) análise de exemplos que “estimulem a
compreensão”.
Para aprofundamento das questões, foi desenvolvido um estudo de campo, que
segundo Gil (2002, p. 53):
[...] no estudo de campo procura muito mais o aprofundamento das
questões propostas do que a distribuição das características da população
segundo determinadas variáveis. Como conseqüência, o planejamento do
estudo de campo apresenta maior flexibilidade, podendo ocorrer mesmo
que seus objetivos sejam reformulados ao longo da pesquisa [...] no estudo
de campo, estuda-se um único grupo ou comunidade em termos de sua
estrutura social, ou seja, ressaltando a interação entre seres componentes.
Dessa forma, o estudo de campo tende a utilizar muito mais técnicas de
observação do que de interrogação.
O estudo de campo foi realizado através de uma análise qualitativa, que de acordo
com Gil (2002), é uma maneira menos formal e mais simples de expor a pesquisa
realizada, podendo ser definida como uma seqüência de atividades, envolvendo a
redução de dados, a categorização desses dados, sua interpretação e a redação de
relatório.
O estudo foi realizado em uma escola municipal de Vitória. Contribuíram com a
pesquisa 10 professoras atuantes na Educação Infantil, sendo esta a quantidade de
questionários distribuídos, tendo voltado nove. O questionário foi composto por cinco
perguntas. Vale ressaltar que as professoras participantes da pesquisa tiveram boa
vontade em colaborar.
Para relato de entrevistas, denominaremos as professoras por letras em ordem
alfabética de A a I.
27
Um dos questionamentos foi sobre o tempo planejado para as atividades lúdicas na
sala de aula, e todas as educadoras foram unânimes respondendo que existe tempo
reservado para o lúdico nos planejamentos. A professora F (2013): “Sim,
diariamente as atividades desenvolvidas na sala de aula com as crianças
apresentam caráter lúdico, visto que se tratando da educação infantil a melhor
maneira de se desenvolver a aprendizagem é utilizando o lúdico”.
O relato da professora nos permite pensar que de acordo com Gonzaga Junior
(apud SOARES, 2005, p. 22) “[...] a criança procura o jogo como necessidade e não
como distração. É pelo jogo que a criança se revela, sua vocação, suas habilidades,
o seu caráter, tudo o que ela faz, torna-se visível pelo jogo e pelos brinquedos que
ela executa.”
Desta forma, podemos perceber a necessidade do lúdico estar sempre presente no
planejamento dos educadores, pois o envolvimento de crianças com as atividades
lúdicas facilita e desenvolve a aprendizagem da criança, proporcionando mais prazer
ao aprender.
Ao abordar sobre o valor do lúdico para o processo de ensino-aprendizado da
criança, as professoras entrevistadas concordam que por meio do brincar pode-se
ensinar várias coisas, mas o mais importante é a criança poder se descobrir e assim
se socializar. O que percebe então é a sustentação do lúdico no cotidiano escolar.
Diante da questão sobre o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
(1998), se este é conhecido pelos profissionais da área de educação, muitos o têm
como suporte. Por isso um dos questionamentos foi se o texto sobre brincar
presente no mesmo tem sido “base” para a prática do lúdico. A maioria das
educadoras respondeu positivamente.
Dentre as respostas destacam a professora H (2013). Que apresenta sua idéia da
seguinte forma: “Sim, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
oferece subsídios práticos e teóricos, o professor deve adequá-lo a sua clientela,
oferecendo dessa forma caminhos para um bom trabalho docente”.
28
Já a professora C (2013), também parte do mesmo princípio : “Entendo o brincar
como ferramenta vital para alcançar um excelente nível de desenvolvimento social,
físico e motor na vida dos meus alunos”.
Os relatos acima podem ser constados no Referencial Curricular Nacional para a
Educação Infantil que brincando as crianças:
Amadurecem também algumas competências para a vida coletiva, através
da interação e da utilização e experiência de regras e papéis sociais. É
sabido, enfim que ao brincar as crianças exploram, perguntam e refletem
sobre as formas culturais nas quais vivem [...] (SECRETARIA DE ENSINO
FUNDAMENTAL, 1998, P. 7).
Sabe-se que brincar é muito importante para o processo de desenvolvimento e
aprendizado da criança, pois quando brinca, ela aprende, passa a se conhecer
melhor e assim se relacionar agradavelmente com outras pessoas.
Sabendo da importância do lúdico para o processo educativo da criança, viu-se a
necessidade de saber se no curso de graduação as docentes estudaram sobre o
uso do lúdico na sala de aula, sendo todas as respostas afirmativas. Isto é
observado na fala da professora A (2013): “Estudo bastante sobre o uso do lúdico
na sala de aula, os professores entendem a necessidade cada vez crescente de se
trabalhar o lúdico, transmitem a nós universitários ideias sobre esse tema e
incentivam a busca cada vez mais.”
Para a professora B (2013): “Estudei sim e foi muito significativo para a minha
formação. Pude compreender melhor a verdadeira importância da utilização do
lúdico principalmente para as crianças da educação infantil”.
Sobre o lúdico na formação do educador, Santos (1999, p. 14) ressalta que:
A formação lúdica deve possibilitar ao futuro educador conhecer-se como
pessoa, saber de suas possibilidades e limitações, desbloquear suas
resistências e ter uma visão clara sobre a importância do jogo e do
brinquedo para a vida da criança, do jovem e do adulto.
É de suma importância que os cursos de graduação ofereçam aos seus alunos uma
formação lúdica, pois é essencial que esses conheçam o verdadeiro valor do brincar
para o educando, a criança que é impedida de brincar, pode futuramente sofrer
29
conseqüências, tais como se tornarem adultos egoístas, dissimulados e de difícil
socialização.
Percebendo que o lúdico está realmente presente no cotidiano das educadoras,
questionou-se sobre como o mesmo aparece nas atividades, às ideias de se
trabalhar com o brincar foram bastante diversificadas. A resposta que mais se
destacou, foi a da professora H:
“Com uma filosofia diferenciada de educação as atividades realizadas na
escola, busca sempre trazer atividades em que a criança possa
experimentar. Pois se acredita que o lúdico e o brincar são indispensáveis á
saúde física, emocional e intelectual da criança. O lúdico é um momento de
auto expressão e auto realização. Algumas atividades lúdicas traduzem o
real para a realidade infantil”.
De acordo com Santos (1999, p. 112)
[...] estudos e pesquisas realizadas na área da Educação Infantil sinalizam a
criança como criatura que apresenta características e especificidades
próprias e que encontra nas atividades lúdicas uma forma de mostrar sua
criatividade, sua emoção, seu descontentamento, sua maneira de pensar e
agir.
Diante disso, percebe-se a necessidade do lúdico estar presente nas atividades
dadas pelo professor, pois a partir deste, a criança é capaz de construir novos
conhecimentos.
Mesmo diante da importância do lúdico, na prática a realidade é bem diferente, o
tempo reservado as atividades lúdicas é restrito à hora do recreio, dentro da sala de
aula o objetivo é fazer com que as crianças aprendam, mesmo que para isso seja
necessário utilizar métodos mais tradicionais.
Felizmente, hoje muitos educadores já conseguem perceber que o lúdico contribui
para o processo de ensino – aprendizagem, pois através deste o ato de aprender se
torna mais prazeroso e significativo.
30
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O lúdico é de suma importância para o desenvolvimento social, cognitivo e
emocional da criança, além de desenvolver suas atitudes de autonomia,
solidariedade, respeito e autoconfiança. O ato de brincar propicia de maneira mais
agradável estes aspectos que são essenciais para a vida de todos os educandos.
Muitos professores não reconhecem o valor das brincadeiras para a criança, pois
possuem uma visão tanto quanto “ultrapassada” de que brincar não é algo tão
importante para tomar um espaço maior em sua prática docente. Esses profissionais
são aqueles que contribuem para que no futuro seus alunos se tornem adultos
egoístas, deprimidos, pouco criativos, isolados, etc.
Brincando as crianças se sentem estimuladas, o que contribui para o seu processo
de desenvolvimento, tornando-a mais participativa e sujeita a uma melhor
socialização. A criança que tem liberdade para brincar, desenvolve sua capacidade
de imaginar, criar, conhecer.
Além de contribuir para o desenvolvimento dos aspectos já citados, as brincadeiras
permitem ao educador um conhecimento maior das vivências de cada criança sendo
também uma maneira de aproximar as pessoas, independente de suas diferenças.
É importante ressaltar que se cada educador fizer a sua parte, eles estarão
contribuindo para que seus alunos tornem-se adultos mais equilibrados e dinâmicos.
Sendo assim, esses profissionais devem buscar meios para ensinar de forma que
proporcione prazer.
Hoje a Educação Infantil é considerada de suma importância na formação das
crianças. Através dela o indivíduo tem maiores chances de se desenvolver. Para que
isso aconteça, é necessário o envolvimento da sociedade, dos profissionais que nela
atuam, das famílias atendidas e também do Estado, que precisa articular políticas
visando melhorar a qualidade da Educação Infantil ofertada à população.
31
REFERÊNCIAS
ANGOTTI, Maristela. O Trabalho Docente na Pré-escola- Revisando Teorias,
Descortinando Práticas. São Paulo: Pioneira, 2003.
ANTUNES, Celso. O Jogo na Educação Infantil – Falar e Dizer/ Olhar e Ver/
Escutar e Ouvir. Rio de Janeiro: Vozes, 2005.
ARANHA, Maria Lucia de Arruda. História da Educação. São Paulo: Moderna,
1996.
BRASIL. Lei nº 9394/96 de 20/12/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB). Brasília (DF): Diário Oficial da União, nº 248 de 23/12/1996.
COSTA, Andréa Maria Soares da. O Lúdico e a Prática Docente: um recurso
facilitador no processo ensino-aprendizagem. 2006. 56f. Especialização (Pós-
Graduação em Pedagogia) – Programa Pós-Graduação em Pedagogia, Faculdade
de Vila Velha, Vila Velha, 2006.
CRAIDY, Carmem; KAERCHER, Gládis E. Educação Infantil: pra que te quero?
Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.
FONTANA, Roseli; CRUZ, Nazaré. Psicologia e Trabalho Pedagógico. São Paulo:
Atual, 1997.
FRIEDMANN, Adriana. Brincar: Crescer e Aprender – O Resgate do Jogo Infantil.
São Paulo: Moderna, 1999.
GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisas. 4 ed. São Paulo:
Atlas, 2002.
GONÇALVES, Célia Mara Lopes. Brincar e Educar: é (im) possível a integração
entre a brincadeira e a educação no cotidiano da educação infantil? 2003. 45f.
Especialização (Pós-Graduação em Pedagogia) – Programa Pós-Graduação em
Pedagogia, Faculdade de Vila Velha, Vila Velha, 2003.
KRAMER, Sonia. Com a Pré-Escola nas Mãos: uma alternativa curricular para a
educação infantil. São Paulo: Ática, 1995.
LOUZADA, Ana Maria. Educação Infantil: teoria e prática. Vila Velha: CAEPE,
2000.
MOYLES, Janet R. Só Brincar?: o papel do brincar na educação infantil. Porto
Alegre: Artmed, 2002.
MONARCHA, Carlos (org). Educação da Infância Brasileira 1875-1983. São Paulo:
Autores Associados, 2001.
OLIVEIRA, V. M. O que é Educação física. São Paulo: Brasiliense, 1985.
32
POSSATI, Janiny Maria. O Desenvolvimento da Criança na Educação Infantil.
Faculdade de Vila Velha, 2008.
SECRETARIA DE ENSINO FUNDAMENTAL.Referencial Curricular Nacional para a
Educação Infantil/ Ministério da Educação e do Desporte, Secretaria de Educação
Fundamental. Brasília: MEC/ SEF, 1998.
SANTOS, Santa Marli Pires dos (org). O Lúdico na Formação do Educador. 3. ed.
Petrópolis: Vozes, 1999.
SANTOS, Santa Marli Pires dos (org). Brinquedoteca: A criança, o adulto e o
lúdico. 4 ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2000.
SOARES, Aline Reis. A Importância da Atividade Lúdica para o
Desenvolvimento da Criança e para o trabalho Psicopedagogo. 2005. 84f.
Especialização (Pós-Graduação em Pedagogia) – Programa Pós-Graduação em
Pedagogia, Faculdade de Vila Velha, Vila Velha, 2005.
KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação. 4ed.
São Paulo: Cortez, 2000.
33
ANEXOS
Hayra conceição Gonçalves, aluna do curso de Pedagogia da faculdade UNIUBEe
Pesquisa, propõem realizar um trabalho monográfico de pesquisa com professores
de Educação Infantil. Cuja finalidade é saber o espaço que o lúdico ocupa na prática
desses docentes. Gostaríamos de contar com sua ajuda respondendo as perguntas
abaixo.
Desde já agradecemos.
Questionário destinado a professores
Nome: _______________________________________________
1. Você tem planejado o tempo das atividades lúdicas na sala de aula? Justifique.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_______________________________________________________
2. O que é possível ensinar com as atividades lúdicas na Educação Infantil? Faça
uma justificativa ao responder.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_______________________________________________________
34
3. O texto do RCNEI sobre o brincar, tem sido “base” nas suas práticas com o
lúdico? Justifique.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_______________________________________________________
4. Em seu curso de graduação você estudou o uso do lúdico na sala de aula?
Justifique.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________
5. De que maneira o lúdico aparece nas atividades da escola?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

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Monografia o ludico hay 2013 (1)

  • 1. FACULDADE UNIUBE HAYRA CONCEIÇÃO GONÇALVES O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL VITÓRIA 2013
  • 2. HAYRA CONCEIÇÃO GONÇALVES O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL Monografia apresentada ao curso de Pedagogia da Faculdade – UNIUBE como requisito para obtenção do título de graduação. VITÓRIA 2013
  • 3. . "Brincar com crianças não é perder tempo, é ganhá- lo; se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem." Carlos Drummond de Andrade
  • 4. RESUMO A pesquisa “O Lúdico na Educação Infantil” faz uma breve abordagem sobre a história da educação infantil, buscando compreender como as instituições infantis foram implantadas no Brasil. Traz conceitos de lúdico expondo algumas concepções de importantes filósofos da área da Educação e ressalta possibilidades de práticas pedagógicas utilizando o lúdico. Com o objetivo de analisar a importância do Lúdico na educação infantil, procura-se ressaltar o seu surgimento nesta etapa da educação e se realmente é utilizado em sala de aula pelos educadores, defendendo a idéia de que brincar é essencial para o desenvolvimento integral e o bem-estar da criança. Para isso se tornou necessário buscar embasamento em teóricos conceituados que defendem o assunto, analisando a prática pedagógica que o professor deve utilizar, recorrendo também à pesquisa de campo para melhor aprofundar o estudo. Palavras- Chave: Lúdico. Formação do educador. Desenvolvimento da Criança.
  • 5. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 6 2 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INFANTIL E CONCEPÇÕES DE LÚDICO .............8 2.1 SURGIMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL ..........................................................8 2.1.1 Parâmetros sobre a Educação Infantil..............................................................12 2.2 CONCEPÇÕES DE LÚDICO...............................................................................13 2.3 SURGIMENTO DO BRINCAR EM FROEBEL.....................................................16 3 O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL.................................................................18 3.1 O LÚDICO NA FORMAÇÃO DO EDUCADOR....................................................20 3.2 A BRINCADEIRA NA VIDA E NA ESCOLA.........................................................22 3.3 PIAGET E O LÚDICO...........................................................................................23 3.3.1 Piaget e os Jogos de Exercícios.......................................................................24 3.3.2 Piaget e os Jogos Simbólicos............................................................................24 3.3.3 Piaget e os Jogos de Regras............................................................................24 3.4 VYGOTSKY E O LÚDICO....................................................................................25 4 O LÚDICO NA PRÁTICA........................................................................................26 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................30 REFERÊNCIAS..........................................................................................................31 ANEXOS....................................................................................................................33
  • 6. 6 1 INTRODUÇÃO É muito importante que o professor da educação infantil esteja preparado para atender as necessidades das crianças. Para isso, é necessário que ele pesquise sobre o seu desenvolvimento, para realizar atividades adequadas a faixa etária delas. A educação infantil deve funcionar para a criança como um espaço de desenvolvimento da autonomia, da criatividade, da participação e tudo que envolva o exercício de sua cidadania. Dessa forma, torna-se necessário a utilização do lúdico como um fator indispensável no processo de ensino-aprendizagem da criança, já que ele contribui para o desenvolvimento desses aspectos, além de auxiliar no processo de ensino e aprendizagem e estimular o contato com a realidade. O lúdico é, de acordo com Oliveira (1985, p.74) “(...) um recurso metodológico capaz de propiciar uma aprendizagem espontânea e natural. Estimula a crítica, a criatividade, a sociabilização, sendo, portanto, reconhecido como uma das atividades mais significativas – senão a mais significativa – pelo seu conteúdo pedagógico social.”. Trabalhar o lúdico na Educação Infantil é um grande desafio para os educadores que buscam por meio desta atividade o melhor desenvolvimento de seu aluno, e uma maior contribuição para o processo de ensino e aprendizagem. Para melhor fundamentação do tema, foi utilizada a pesquisa bibliográfica, que de acordo com Gil (2002, p.44) “[...] é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”. E para o aprofundamento das questões, foi desenvolvido um estudo de campo, que segundo Gil (2002, p. 53): [...] no estudo de campo procura muito mais o aprofundamento das questões propostas do que a distribuição das características da população segundo determinadas variáveis. [...] no estudo de campo, estuda-se um único grupo ou comunidade em termos de sua estrutura social, ou seja, ressaltando a interação entre seres componentes. O trabalho realizado foi dividido em três momentos: no primeiro foi abordado a história da Educação Infantil, onde se procurou entender como foi o surgimento e os
  • 7. 7 avanços dessa importante etapa da educação, como também algumas concepções de lúdico. No segundo momento discutiu o lúdico na Educação Infantil e na formação do educador, bem como na visão de Piaget e Vygotsky, tentando mostrar como que as brincadeiras influenciam no desenvolvimento da criança e também a maneira em que é adequado para ser utilizado. No terceiro momento o lúdico na prática, ou seja, a pesquisa de campo, que relata a visão de profissionais da área mediante ao assunto. Esse trabalho tem a finalidade de contribuir com os profissionais da área de educação infantil, fazendo com que consigam tornar suas aulas mais dinâmicas e atraentes, de maneira com que seus alunos aprendam de forma mais prazerosa. É notável que em todo trabalho será analisado o valor que o brincar tem para a criança, pois nesta oficina de sonhos e prazeres, os pequeninos manifestam seu universo, seus desejos e suas vivências cotidianas.
  • 8. 8 2 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INFANTIL E CONCEPÇÕES DE LÚDICO A expansão da educação infantil tem ocorrido de maneira crescente nas últimas décadas, sendo então um assunto de suma importância, o presente estudo aborda como surgiu a Educação Infantil, bem como Concepções de lúdico. 2.1 SURGIMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Com a chegada da Revolução Industrial, surgiu nas empresas à necessidade de mais mão de obra, assim as mulheres que até então trabalhavam apenas em casa, assumiram compromissos de trabalho fora do lar, surgindo às instituições de Educação Infantil para atender essas crianças. Até meados do século XVII não havia uma instituição educativa própria para crianças de zero a seis anos. Isto se evidencia em Craidy e Kaercher (2001, p. 15): [...] as creches e pré-escolas surgiram a partir de mudanças econômicas, políticas e sociais que ocorreram na sociedade: pela incorporação das mulheres à força de trabalho assalariado, na organização das famílias, num novo papel da mulher [...]. As primeiras instituições para atender crianças pequenas surgiram entre os séculos XVIII e XIX. De acordo com Louzada (2000), as práticas pedagógicas acompanhavam a concepção de infância que estava vigente na época e variava conforme a classe social a qual a instituição se destinava. Para as crianças das camadas populares, o trabalho era direcionado com uma concepção de educação assistencialista e compensatória, enquanto para as crianças privilegiadas socialmente, era um trabalho voltado para o desenvolvimento cognitivo. No Brasil, o atendimento a crianças pequenas se iniciou com a chegada dos jesuítas. Antes disso, no Brasil escravista, as crianças entre seis e doze anos já exerciam pequenas atividades como auxiliares. A partir de doze anos eram vistas como adultos, enquanto as crianças brancas, aos seis anos iniciavam seus estudos de língua, gramática, matemática e boas maneiras. Para Costa (2006) os jesuítas investiram na educação das crianças indígenas assim como órfãos portugueses
  • 9. 9 vindos da metrópole, objetivando instruí-los a doutrina jesuíta e fazer o adestramento moral e espiritual. No século XVII, o abandono de crianças acontecia com muita freqüência, pois, [...] era grande a quantidade de bebês expostos, frutos de amores ilícitos, principalmente de escravas com seus senhores. Após dar a luz, as mães mandavam levar os bebês às portas de casas particulares, mas quase sempre eles não eram aceitos e, quando eram recolhidos, já era muito tarde, pois o recém nascido já se encontrava debilitado. (LOUZADA, 2000, p. 16) Segundo o autor supracitado, procurando solucionar essa situação, a partir do século XVIII, as crianças rejeitadas pelas mães eram acolhidas pela Santa Casa de Misericórdia ou pela Câmara Municipal. Devido ao grande número de crianças abandonadas, em 1738, foi fundada no Rio de Janeiro a Roda e a Casa dos Expostos, instaladas na Santa Casa de Misericórdia, a partir de doações feitas por comerciantes ricos. Essas casas tinham registros das crianças que ali eram enviadas, filhas de mulheres da elite, frutos de adultério, e filhas de escravas, que não tinham recursos para criá-las. De acordo com Ramon e Steyer (apud COSTA, 2006, p. 12) “o sistema assistencial conhecido como ‘Asilo ou Roda dos Expostos’ [...] se constituía em um asilo para crianças abandonadas enjeitadas”. Nesse asilo, a criança recebia atendimentos referentes à alimentação, higiene e segurança física. As crianças que sobreviviam ao período de mortalidade eram enviadas as criadeiras, ficando a seu domínio até os sete anos, posteriormente ficavam disponíveis à doação. Os meninos que não eram adotados eram levados ao Arsenal da Marinha e as meninas levadas ao recolhimento das órfãs. Nesses locais as crianças trabalhavam até os quatorze anos de idade em troca de alimentos e abrigo e após essa idade o trabalho era remunerado. Ainda conforme Ramon e Steyer (apud COSTA, 2006), é notável que até o início da república, pouco era feito pela educação das crianças de zero a seis anos. Não havia nenhuma legislação que regulamentasse essa educação, e nem alternativas de atendimento educativo, especialmente para as crianças de famílias pobres. Somente em 1889 foi criado no Rio de Janeiro o Instituto de Proteção e Assistência
  • 10. 10 à Infância do Brasil, de cunho assistencialista e em 1908, a primeira creche popular para atender crianças de zero a seis anos, filhas de operários. Em 1909, foi inaugurado o Jardim de Infância Campos Salles, também no Rio de Janeiro. Dez anos depois, foi criado o Departamento da Criança no Brasil, cuja responsabilidade era do Estado, porém foi mantido por doações. Em 1922, de acordo com Possati (2008) ocorreu o marco do período moderno de assistência a infância, quando Arthur Marcorvo Filho escreveu a primeira história de proteção a infância no Brasil. É muito importante ressaltar que a partir desse ano, ocorreram muitas mudanças sobre as instituições de ensino, pois se deixou de lado a ideia de que era lugar para crianças pobres, e tornou-se importante etapa de ensino para crianças de zero a seis anos. A partir de 1930, cresce o interesse das autoridades pela causa da criança e surgem várias iniciativas particulares. As políticas sociais se elevaram nacionalmente, assim como a centralização do poder surgindo um estado de bem – estar social e um acelerado processo de urbanização e industrialização. Em 1940, foi fundado o Departamento Nacional da Criança, vinculado ao Ministério da Educação e saúde Pública e no ano seguinte, o Serviço de Assistência a Menores. Em 1946 foi criada a UNICEF e, em 1953, foi fundado o Comitê - Brasil da Organização Mundial para Educação Pré – Escolar. Todos esses órgãos foram criados com cunho assistencialista. (LOUZADA, 2000). De acordo com Louzada (2000), outros órgãos foram surgindo, como a Campanha Nacional de Alimentação Escolar, em 1955, a Legião Brasileira de Assistência, em 1974, que tinha finalidade em oferecer apoio financeiro e técnico às creches brasileiras. Em 1975, foi criado a Coordenação de Educação Pré – Escolar vinculada ao Ministério da Educação e Cultura. Conforme Costa (2006, p.13) A modificação desse sistema assistencial envolve rever o papel do Estado perante estas instituições, às concepções de desenvolvimento e educação infantil e as inter – relações entre sociedade, a comunidade, a creche e a família tendo como finalidade um novo processo de ensino aprendizagem na educação infantil, onde a criança possa ser respeitada como sujeito, tendo direito de vivenciar da melhor forma possível seu processo de desenvolvimento.
  • 11. 11 O estado de bem – estar social não conseguiu atingir toda a população de uma forma igualitária, gerando privilégios para alguns, reproduzindo o sistema de desigualdades existentes na sociedade. Segundo o autor supracitado, a partir de 1960 e meados de 1970, começa um período de inovação políticas sociais nas áreas de educação, saúde, assistência social, previdência, entre outros. Na educação, o nível básico torna-se obrigatório e gratuito, como consta na Constituição Federal. Em 1970 cresce o índice de evasão escolar e de repetência das crianças das classes pobres no ensino fundamental. Com o intuito de diminuir esse índice, foi instituída a educação pré-escolar, chamada de educação compensatória, para crianças de quatro a seis anos de idade. O objetivo dessa educação era suprir as carências culturais que existiam nas famílias pobres. A pré-escola, porém, não tinha caráter formal e os professores contratados não possuíam uma formação pedagógica adequada, recebiam salário baixo e o trabalho pedagógico não era eficiente. A mão-de-obra, em sua maioria, era composta de voluntários, que desistiam rapidamente do trabalho. Havia muita insatisfação com o atendimento oferecido nas pré-escolas. No geral, as instituições públicas prestavam atendimento de caráter assistencialista, oferecendo alimentação, higiene e assistência física, porém de forma precária, já as creches particulares desenvolviam atividades educativas, voltadas para os aspectos cognitivos, emocionais e sociais. Ainda conforme Louzada (2000) foi somente após 1970 que as crianças brasileiras começaram a ser vista com mais atenção. As instituições para crianças de zero a seis anos começaram a ser reconhecidas como lugares onde se oferecia educação e cuidados coletivos. Surgem outros órgãos de amparo e assistência à criança, como a Coordenação de Educação Pré-Escolar (COEPRE) em 1975, vinculada ao Ministério da Educação e Cultura, que também lançou e coordenou o Programa Nacional de Educação Pré-Escolar em 1981. Em 1987 a COEPRE foi extinta, passando a coordenação do Programa Nacional de Educação Pré-Escolar para a Secretaria de Ensino Básico do MEC.
  • 12. 12 Após muitas lutas e conquistas, a educação para criança pequena é incluída na política educacional, seguindo uma concepção pedagógica e não mais assistencialista, passando a ser um dever do Estado e um direito da criança. Kramer (1995) nos coloca que com o passar do tempo, a Educação Infantil vem conquistando novos espaços e vencendo barreiras gradativamente, mas ainda é necessário avançar mais. Muitas mudanças já ocorreram e, a mais importante, foi o espaço que a criança conquistou na sociedade. Entretanto ainda assim, a educação está longe de ser um exemplo, o Brasil está em débito com a população, pois muitas crianças ainda não conseguem atendimento, e mesmo aquelas que conseguem, têm muitas vezes atendimento ineficiente, com funções assistencialistas compensatórias. 2.1.1 Parâmetros sobre a Educação Infantil Como consta no Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (1998) a educação infantil é a primeira etapa da educação básica e destina-se ao atendimento de crianças de zero a seis anos. A criança deve ser vista como um ser com capacidades afetivas, cognitivas e sociais. Assim, ela adquire segurança para se expressar e se socializar com diferentes grupos de pessoas. De acordo com o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (1998) as instituições de educação infantil têm como propósito o desenvolvimento integral de crianças até seis anos de idade, oportunizando através de atividades lúdicas o bem estar físico afetivo – social e intelectual. Possati (2008) coloca que com a construção da LDB 9394/96, que reconheceu como direito da criança o acesso à educação infantil em creches e pré-escolas, a criança que antes era considerada um objeto de tutela, passou a ser vista como um sujeito de direitos.
  • 13. 13 De acordo com a LDB nº 9394/96 (BRASIL, 1996), seção II: Art. 29 - A Educação Infantil primeira etapa a educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seu aspecto físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. Art. 30 - A Educação Infantil será oferecida em: I – Creches ou entidades equivalentes, para crianças de até 03 anos de idade. II – Pré-escolas para crianças de 04 a 06 anos de idade. Art. 31 - Na Educação Infantil a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao Ensino Fundamental. Com essa lei, a criança conquistou na sociedade, um espaço somente seu, onde ela pode agir espontaneamente e se desenvolver e, dessa forma, interagir com a sociedade a sua volta. É importante destacar que recentes medidas legais modificaram o atendimento das crianças da pré-escola, pois os alunos com seis anos de idade agora devem obrigatoriamente estar matriculados no primeiro ano do Ensino Fundamental. 2.2 CONCEPÇÕES DE LÚDICO A palavra lúdico vem do latim ludus e significa brincar. Fazem parte desse brincar os jogos, brinquedos e brincadeiras. A ludicidade não deve ser encarada apenas como diversão, já que, de acordo com Santos (1999, p. 20) Brincar ajuda a criança no seu desenvolvimento físico, afetivo, intelectual e social, pois, através das atividades lúdicas, a criança forma conceitos, relaciona idéias, estabelece relação lógica, desenvolve a expressão oral e corporal, reforça habilidades sociais, reduz a agressividade, integra-se na sociedade e constrói seu próprio conhecimento. Portanto, o lúdico é fundamental para o desenvolvimento da criança, pois tem a função de oportunizar a aprendizagem do indivíduo, seu saber, seu conhecimento e sua compreensão de mundo.
  • 14. 14 Visto como um tema que carrega bagagem de valor, o lúdico tornou-se assunto de discussão entre vários autores. Dentre eles Friedman (1999), Santos (2000) e Kshimoto (2000). Segundo Friedman (1999, p. 12) Brincadeira refere-se basicamente a ação de brincar, ao comportamento espontâneo que resulta de uma atividade não estruturada. O jogo é entendido como uma brincadeira que envolve regras. E o brinquedo é utilizado para designar o sentido de objeto de brincar. Santos (2000, p. 21 e 22) conceitua: Brinquedo como um objeto, suporte da brincadeira, supõe relação íntima com a criança, seu nível de desenvolvimento e indeterminação quanto ao uso, ou seja, a ausência de um sistema de regras que organize sua utilização. Para a autora, brinquedo e brincadeira aparecem com significados opostos e contraditórios: a brincadeira é vista ora como ação livre, ora como atividade supervisionada pelo adulto. O jogo apresenta significado distinto uma vez que pode ser entendido desde movimentos que a criança realiza nos primeiros anos de vida agitando objetos que estão ao seu alcance, até atividades mais ou menos complexas. De acordo com Kishimoto (2000, p. 13) Brinquedo supõe uma relação íntima com a criança e uma indeterminação quanto ao seu uso, ou seja, a ausência de um sistema de regras que organizam a sua utilização. A brincadeira filiada ao folclore, incorpora a mentalidade popular expressando sobre sua oralidade. E o jogo pode ser entendido de maneira diferente por cada um, esse entendimento vai depender da linguagem de cada contexto social. Percebe-se que todos os autores acima partem do princípio da necessidade e do prazer; indo a origem da palavra. Não denomina como passatempo, mas sim como próprio ser da criança. Para Antunes (2005) o jogo não está ligado à competição, mas sim ao divertimento, ao prazer. Este tem como objetivo principal estimular o crescimento e a aprendizagem. O brinquedo supõe uma relação com a criança, sem o uso de regras fixas; o uso deste auxilia no desenvolvimento da criatividade e da imaginação. Houve um tempo em que se buscava a oposição entre o brincar e o aprender e, por isso, o “lugar das brincadeiras” não se confundia com a sala de aula que era o “lugar das aprendizagens”. Felizmente estamos superando esse obstáculo e não está longe o momento em que a construção do EU e de saberes estarão inteiramente juntos como em saltos no jogo de amarelinha, sempre em busca do melhor. (ANTUNES, 2005, p. 7)
  • 15. 15 Na concepção de Gonçalves (2003), a criança concebe o lúdico como forma de prazer e auto descoberta, já que enquanto brinca, ela consegue expressar seus sentimentos e pontos de vista, desenvolve seu pensamento, aprende a respeitar o outro e viver em comunidade. O lúdico influência de forma significativa o desenvolvimento da criança, pois sua utilização é uma ferramenta essencial para a aprendizagem, já que propõe estímulo ao interesse do educando, desenvolve níveis distintos na sua vivência pessoal e social, desenvolve e enriquece a sua personalidade e leva ao professor a condição de condutor, estimulador e avaliador da aprendizagem. O lúdico deve ser utilizado somente quando se pretende alcançar um objetivo e quando há um rigoroso e cuidadoso planejamento. Isso se evidência em Santos (2000, p. 40) [...] o jogo só tem validade se usado na hora certa, e essa hora é determinada pelo seu caráter desafiador, pelo interesse do aluno e pelo objetivo proposto. Jamais deve ser introduzido antes que o aluno revele maturidade para superar seu desafio, e nunca quando o aluno revelar cansaço pela atividade ou tédio por seus resultados. A escolha do jogo/ brincadeira deverá estar sempre condicionada aos objetivos que o professor almeja atingir. Além disso, a brincadeira deve propiciar, antes de tudo, um momento de prazer tanto para o aluno quanto para o educador. Com a preocupação em alfabetizar, o lúdico vem perdendo seu espaço na sala de aula. Infelizmente, educadores não se dão conta de que este é essencial para que a criança tenha uma infância feliz e saudável, então o brincar se restringe, muitas vezes, em ouvir histórias e cantar músicas. O lúdico é indispensável para o processo de ensino aprendizagem da criança, pois através do mesmo a criança desenvolve o aspecto social, ao se relacionar com diferentes grupos de crianças; o educacional, a partir do jogo ocorre o desenvolvimento da aprendizagem; e o psicológico, por meio das brincadeiras a criança expressa suas emoções e tudo o que vivencia no seu dia a dia.
  • 16. 16 2.3 O SURGIMENTO DO BRINCAR EM FROEBEL Froebel (apud ANGOTTI, 2003) pode der considerado o pedagogo da infância, pois o seu amor pelas crianças, o fez dedicar-se a conhecê-las, em seus interesses, condições e necessidades e assim adequar a educação a elas. Em 1837, criou o Kindergarten (Jardim de Infância), onde as crianças eram consideradas plantinhas de um jardim, cujo jardineiro seria o professor. Passou então a dedicar-se à fundação de jardins de infância, à formação de professores e à elaboração de métodos e equipamentos para as instalações. Conforme Angotti (2003), no Jardim de Infância froebeliano as classes integravam crianças de 3 a 6 anos de idade, para que as crianças mais velhas pudessem auxiliar as mais novas. Sua metodologia era voltada para a linguagem oral afetiva, com atividades lúdicas organizadas do mais simples para o mais complexo. Para Froebel (apud Angotti, 2003, p.28) “o Kindergarten é a base para o adestramento manual, porque usa o trabalho manual como um meio de desenvolver a ideia da criança”. Pois a criança froebeliana é vista como um ser com potencial, a semente do futuro. Para o pedagogo a infância é fase primordial na vida do homem e da humanidade, pois nessa fase, a criança deve ser como uma semente bem cuidada para se fortalecer, descobrir suas potencialidades e essência. Ao valorizar a infância e criar os jardins de infância, Froebel se preocupou também com o ambiente infantil, este deveria oferecer condições que possibilitasse o desenvolvimento das crianças, assim como sua integração social. Através de observações e estudos realizados sobre o desenvolvimento infantil, Froebel criou materiais que pudessem auxiliar no desenvolvimento da criança. Dentre esses materiais, destacam-se os dons. O primeiro dom era a bola, o segundo o cubo e o terceiro o cilindro. Os dons foram criados por ele com o objetivo de desenvolver as atividades através dos jogos.
  • 17. 17 Além do jogo, criou ainda as ocupações, entre elas estão à tecelagem, dobradura e recorte. Essas eram oferecidas para que a criança pudesse desenvolver a capacidade de concentração, conhecimento e enriquecimento da linguagem. Com os materiais criados por ele, a criança era levada a desenvolver a mesma atividade por várias vezes, pois a repetição poderia levá-la a perfeição. Após essa realização, a criança poderia desenvolver atividades espontâneas confeccionando produtos criativos e originais. Observando a pedagogia de Froebel, nota-se que é no brincar que a criança encontra diferentes formas de expressão. O brinquedo é representação do interior infantil. Para Froebel (apud Angotti, 2003, p. 18 e 19), o brinquedo: Dá alegria, liberdade, satisfação, repouso interno e externo, paz com o mundo. Uma criança que brinca integralmente, por determinação de sua própria atividade, perseverando até que a fadiga física a impeça, será certamente um homem completo e determinado, capaz de auto-sacrifício para a promoção do bem estar de si mesmo e dos outros (...). O brinquedo espontâneo da criança revela a vida interior futura do homem. Os brinquedos da infância são os germes de toda vida posterior. Froebel foi o primeiro educador a utilizar o brinquedo em atividades na escola, pois acreditava ser um instrumento importantíssimo para alcançar resultados satisfatórios no processo educacional. Conseguia perceber na atividade lúdica, o significado funcional, ele estava convencido de que a alegria do jogo levaria a criança a aceitar o trabalho de forma mais tranqüila.
  • 18. 18 3 O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL Discutir o tema educação infantil requer do pesquisador um olhar em todos os eixos de aprendizagem deste nível de ensino, porém em nossos estudos optamos nos deter apenas nas atividades lúdicas. Para tal, voltamos nosso olhar exclusivamente no lúdico na educação infantil. O lúdico é primordial para o desenvolvimento da criança, pois ele é um facilitador da aprendizagem, além de auxiliar no desenvolvimento físico, intelectual e social, também é responsável pela conquista da independência, criticidade e da autocrítica. De acordo com Gonzaga Junior (apud SOARES, 2005, p. 22) “[...] a criança procura o jogo como necessidade e não como distração. É pelo jogo que a criança se revela, sua vocação, suas habilidades, o seu caráter, tudo o que ela faz, torna-se visível pelo jogo e pelos brinquedos que ela executa.” Quando a criança brinca, ela aprende, e todo aprendizado adquirido por ela será necessário para o processo educacional, pois por meio dessas atividades, ela conhece melhor a si mesma, além de melhor relacionar-se com outras pessoas, vivenciar experiências de vida e socializar-se. O Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil apresenta que Amadurecem também algumas competências para a vida coletiva, através da interação e da utilização e experiência de regras e papéis sociais. É sabido, enfim que ao brincar as crianças exploram, perguntam e refletem sobre as formas culturais nas quais vivem[...] (SECRETARIA ENSINO FUNDAMENTAL, 1998, P. 7) Mesmo diante das funções citadas e o debate relacionado ao amadurecimento e as diferentes formas de aprender através das atividades e fazer do lúdico, isto ainda não se faz presente em todos os espaços da Educação Infantil. É possível notar que cada vez mais o lúdico vem perdendo seu espaço dentro da sala de aula. Muitos educadores não percebem que este é essencial para que a criança cresça feliz e saudável. Muitas vezes os professores da Educação Infantil esquecem que seus alunos são apenas crianças, e não adultos em miniatura. Pois
  • 19. 19 ao desconsiderar a infância retira-se também o brincar. Então o lúdico fica no esquecimento na realização da prática pedagógica, o que poderá gerar grandes prejuízos ao desenvolvimento infantil. De acordo com Soares (2005) é notável que há educadores demasiadamente preocupados apenas com os conteúdos a serem ministrados, não percebem que a lousa cheia não é suficiente para motivá-los a aprender, e que a aprendizagem não deve ficar presa a conteúdos, pois o ato de brincar aproxima o professor de seus alunos, desenvolvendo uma relação afetiva, porque brincar é um ato de afeto. De acordo com o autor supracitado, quando a criança é impedida de brincar, as chances dela se tornar um adulto dissimulado, egoísta, isolado, pouco criativo e deprimido são enormes. Com a brincadeira a criança desenvolve sua capacidade de elaborar seu próprio conhecimento, sua imaginação, criatividade, espontaneidade e inteligência. Sabe-se que o brincar é inerente ao humano, mas, ainda existem professores que não considera tal fato. Existem professores que brincam, mas não com o entusiasmo que deveria haver, pois ao fazer com simples atividade, não compreende seu valor educativo e formativo. Monteiro (apud Soares, 2005, p. 56) ressalta que “[...] nada que a gente faça sem entusiasmo funciona. Aqueles pais que ficam ao lado das crianças fingindo que brincam e pensando no seu trabalho estão perdendo seu tempo [...]”, porque quando o adulto brinca com a criança, ele deve se entregar totalmente àquele momento. O professor que não reconhece a importância que o lúdico tem para o desenvolvimento de seu aluno pode estar comprometendo sua prática docente com o fracasso. O brincar sem nenhum objetivo não tem valor algum. Pais e educadores devem saber que o incentivo às atividades lúdicas são fundamentais antes mesmo de a criança entrar na escola. O direito de liberdade compreende os seguintes aspectos “[...] Brincar, praticar esportes e divertir-se [...]” (SOARES, 2005, p. 23), ou seja, cada vez mais cedo à brincadeira vem perdendo espaço na vida da criança, ao ser destituído do lúdico a
  • 20. 20 criança vai perdendo sua ingenuidade da infância e assume responsabilidade de adulto. Por isso se faz necessário lembrar que brincar deve ser prioridade na vida de qualquer criança. 3.1 O LÚDICO NA FORMAÇÃO DO EDUCADOR Educar não é somente repassar conhecimentos ou mostrar apenas o caminho que o professor considera mais certo, antes de tudo é [...] ajudar a pessoa a tomar consciência de si mesma, dos outros e da sociedade. [...] é oferecer várias ferramentas para que a pessoa possa escolher entre muitos caminhos, aquele que for compatível com seus valores, sua visão de mundo e com as circunstancias adversas que cada um irá encontrar. Educar é preparar para a vida. (SANTOS, 1999. p. 11-12) Sendo assim, devido às transformações ocorridas na sociedade, às necessidades das crianças também se modificaram. Dessa forma, é de suma importância que o professor esteja preparado para atender essas novas necessidades, o que, de acordo com Santos (1999, p.112) o professor deve ser “[...] um ser extremamente ativo, dinâmico, curioso, construtor do seu conhecimento, possuidor de uma lógica infantil [...] um cidadão”. Isso envolve conhecer o que é criança, seu desenvolvimento e suas necessidades. Através dessas transformações na sociedade, é possível associar uma visão positiva do uso do lúdico com a aprendizagem e o desenvolvimento da criança. Ainda de acordo com Santos (1999, p. 112) [...] estudos e pesquisas realizadas na área da Educação Infantil sinalizam a criança como uma criatura que apresenta características e especificidade próprias e que encontra nas atividades lúdicas uma forma de mostrar sua criatividade, sua emoção, seu descontentamento, sua maneira de pensar e agir. Os educadores infantis precisam ter consciência da importância do brincar e devem usar o lúdico em sua prática pedagógica, e junto com a criança, construir novos conhecimentos.
  • 21. 21 Para Gonçalves (2003) as brincadeiras podem ser utilizadas pelo educador como uma ferramenta para estimular a criança a aumentar seus conhecimentos e avançar do ponto em que se encontra em sua aprendizagem. Desta forma as escolas precisam compreender que o brincar deve ser levado a sério e que para isso, é necessário que os educadores estejam preparados para lidar com o lúdico. É importante incluir a ludicidade nos cursos de formação do educador infantil, pois de acordo com Santos (1999, p. 21) “[...] quanto mais vivências lúdicas forem proporcionadas nos currículos acadêmicos, mais preparado o educador estará para trabalhar com a criança.” De acordo com o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (1998, p. 41) O trabalho direto com crianças pequenas exige que o professor tenha uma competência polivalente. Ser polivalente significa que ao professor cabe trabalhar com conteúdos de naturezas diversas que abrangem desde cuidados básicos essenciais até conhecimentos específicos provenientes das diversas áreas do conhecimento. Este caráter polivalente demanda, por sua vez, uma formação bastante ampla do profissional que deve tornar-se, ele também, um aprendiz, refletindo constantemente sobre sua prática, debatendo com seus pares, dialogando com as famílias e a comunidade e buscando informações necessárias para o trabalho que desenvolve. São instrumentos essenciais para a reflexão sobre a prática direta com as crianças a observação, o registro, o planejamento e a avaliação. O educador deve permanecer em constante formação, buscando metodologias dinâmicas, um pensar reflexivo da prática docente, estimulando o intelecto de uma forma criativa e integrada na vida social com desenvolvimento autônomo. Santos (1999, p. 14) ressalta que: A formação lúdica deve possibilitar ao futuro educador conhecer-se como pessoa, saber de suas possibilidades e limitações, desbloquear suas resistências e ter uma visão clara sobre a importância do jogo e do brinquedo para a vida da criança, do jovem e do adulto. Para que o aprendizado através do lúdico se torne mais significativo, é importante que o educador infantil também goste de desenvolvê-lo com as crianças. Gonçalves (2003) aponta que é necessário a criança brincar com o adulto, pois é um desafio e, além disso, ele pode esclarecer dúvidas ou possibilitar novas formas de conduzir um
  • 22. 22 jogo ou brinquedo. É importante também que o educador fique sempre por perto quando solicitado, porém, tomando cuidado para não invadir a brincadeira. Portanto “[...] fazendo dessa ocasião momentos para reelaborar suas hipóteses e definir novas propostas de trabalho que estimulem à atividade mental e psicomotora, a criatividade, a capacidade critica de opinião.” (GONÇALVES, 2003, p. 23). Já Moyles (2002) nos coloca que o professor deve proporcionar situações de brincar que atendam à necessidades de aprendizagem na criança e que seu papel é de mediador, porém outra função que deve assumir com mais relevância é o de observador e avaliador, para tentar diagnosticar o que a criança aprendeu. É importante que o professor esteja atento quanto aos aspectos da aprendizagem e do desenvolvimento da criança, sabendo selecionar os jogos, brinquedos e as brincadeiras de acordo com o desenvolvimento da criança e também levando em consideração os objetivos que deseja atingir com tais brinquedos. 3.2 A BRINCADEIRA NA VIDA E NA ESCOLA O brincar se faz presente na escola de maneiras bastante diversas. Assim são várias as concepções deste na prática pedagógica. Para Fontana e Cruz (1997, p. 119) existe uma concepção que se traduz na frase “criança vai à escola para aprender, e não para se divertir”. Partindo desse ponto de vista a brincadeira é entendida como diversão pelos profissionais que compartilham dessa opinião. Existe outra concepção, ainda de acordo com as autoras, na qual brincando a criança aprende. Nesta, utiliza-se métodos educacionais que valorizam a brincadeira como um recurso didático importante para o trabalho pedagógico. Diante disso, os professores devem cuidar para que a brincadeira não perca seu valor lúdico, e que esteja voltada somente para uso didático tradicional, pois usada desta forma o brincar perde o seu sentido fazendo com que os alunos percam o interesse rapidamente. Fontana e Cruz (1997, p. 139) citam que “[...] isso se dá quando, em vez de aprender brincando, a criança é levada a usar o brinquedo para aprender”.
  • 23. 23 Dessa forma é necessário um novo sentido para o trabalho pedagógico, pois de acordo com Fontana e Cruz (1997) o professor não deve conhecer a criança apenas para trabalhar com ela, mas também para aprender com a mesma. Pois a brincadeira possibilita ao professor conhecer o seu aluno, a realidade vivenciada por ele. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (SECRETARIA DE ENSINO FUNDAMENTAL, 1998, p.27, 28, 29), cita que: A brincadeira favorece a auto-estima das crianças, auxiliando-as a superar progressivamente suas aquisições de forma criativa. Brincar contribui, assim, para a interiorização de determinados modelos de adulto, no âmbito de grupos sociais diversos. (p. 27). Nas brincadeiras, as crianças transformam os conhecimentos que já possuíam anteriormente em conceitos gerais com os quais brincam. [...] seus conhecimentos provém da imitação de alguém ou algo conhecido, de uma experiência vivida na família ou em outros ambientes, de um relato de um colega ou de um adulto, de cenas assistidas na televisão [...]. É no ato de brincar que a criança estabelece os diferentes vínculos entre as características do papel assumido, suas competências e as relações que possuem com outros papéis, tomando consciência disto e generalizando para outras situações. (p. 27 e 28). Por meio das brincadeiras os professores podem observar e constituir uma visão dos processos de desenvolvimento das crianças em conjunto e de cada uma em particular [...]. (p. 29). Portanto, o professor deve saber que as ações da criança são realizadas de acordo com o que ela presencia no seu dia a dia. Então a brincadeira é uma imitação da realidade vivenciada por ela. 3.3 PIAGET E O LÚDICO Piaget acreditava que o lúdico é de grande importância para o desenvolvimento da criança já que é através deste que ela adquire conhecimentos que poderiam facilitar sua ação no mundo a sua volta. Para Piaget (apud FONTANA E CRUZ, 1997) a brincadeira é uma assimilação do real, ou seja, uma atividade que transforma o real.
  • 24. 24 3.3.1 Piaget e os Jogos de Exercícios O primeiro jogo citado por Piaget (apud FONTANA E CRUZ, 1997) é o jogo de exercício. Esses começam desde o nascimento e é fundamental para a ampliação de novos esquemas, por meio de seus movimentos e suas percepções. Tem como principal finalidade o prazer de permitir o prazer do indíviduo. Um exemplo do jogo de exercício é a criança fazer um carrinho rolar quando o recebe de um adulto. 3.3.2 Piaget e os Jogos Simbólicos Inicia-se através da linguagem, por volta dos dois anos estendendo-se até os sete anos. A palavra símbolo significa representação de um objeto que não está presente e, é representado por outro de forma fictícia. A realidade pode ser apresentada, a partir de sua imagem mental, e vem satisfazer uma vontade pessoal, pois não existe restrição para sua imaginação. Por exemplo: fazer com que uma boneca fale e coma é uma brincadeira de faz de conta. Algumas brincadeiras desenvolvidas pela criança retratam suas vivências, como por exemplo, polícia e ladrão. O professor que não entende a ação dos alunos acaba por reprimi-lo. Muitas vezes através destas brincadeiras, o aluno está procurando meios de aliviar suas tensões. (FONTANA E CRUZ, 1997). 3.3.3 Piaget e os Jogos de Regras Os jogos de regras aparecem por volta dos sete anos. Nesta fase, o interesse da criança de interagir com outras crianças é maior. Segundo Piaget (apud MARANHÃO, apud SOARES, 2003, p. 29): “O sujeito só se dá uma regra porque conhece regras por outras vias e interioriza assim uma conduta social”. O jogo em grupo torna-se necessidade na vida do ser humano. As regras são colocadas para serem respeitadas. A partir disso a criança percebe seu papel na vida social.
  • 25. 25 Os jogos de regras são classificados em dois tipos: os de natureza transmitida, onde as regras são transmitidas de geração para geração. E os de natureza espontânea, onde as regras são decididas no momento do jogo, pelos próprios participantes. (SOARES, 2003). 3.4 VYGOTSKY E O LÚDICO Os estudos realizados por Vygotsky (apud SOARES, 2003) são voltados para o social e experiências sociais e culturais. A brincadeira é vista por ele como uma atividade social, já que através dela a criança entende a realidade da qual faz parte, além de obter elementos necessários para a construção de sua personalidade. Brincando a criança se desenvolve socialmente, desperta habilidades que lhe serão úteis para viver em seu grupo social, além de ser de suma importância para o desenvolvimento de seu pensamento abstrato, pois a partir do jogo a criança cria e reproduz situações em sua imaginação. Quando a criança brinca, está manifestando a cultura que inicialmente foi transmitida por seus pais. As ações de uma criança estão relacionadas com suas necessidades e motivações, quando ela utiliza o brinquedo está realizando suas necessidades. Muitos conceitos são aprendidos com a ludicidade, sendo a escola um grupo social que deve estimular a troca de experiências.
  • 26. 26 4 APRESENTAÇÃO DOS DADOS: O LÚDICO NA PRÁTICA Para desenvolver o presente estudo recorreu-se à pesquisa exploratória, o que de acordo com Gil (2002, p. 41): Estas pesquisas têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento das idéias ou a descoberta de instituições. Seu planejamento é, portanto, bastante flexível de modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado. Na maioria dos casos, essas pesquisas envolvem: (a) levantamento bibliográfico; (b) entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; e (c) análise de exemplos que “estimulem a compreensão”. Para aprofundamento das questões, foi desenvolvido um estudo de campo, que segundo Gil (2002, p. 53): [...] no estudo de campo procura muito mais o aprofundamento das questões propostas do que a distribuição das características da população segundo determinadas variáveis. Como conseqüência, o planejamento do estudo de campo apresenta maior flexibilidade, podendo ocorrer mesmo que seus objetivos sejam reformulados ao longo da pesquisa [...] no estudo de campo, estuda-se um único grupo ou comunidade em termos de sua estrutura social, ou seja, ressaltando a interação entre seres componentes. Dessa forma, o estudo de campo tende a utilizar muito mais técnicas de observação do que de interrogação. O estudo de campo foi realizado através de uma análise qualitativa, que de acordo com Gil (2002), é uma maneira menos formal e mais simples de expor a pesquisa realizada, podendo ser definida como uma seqüência de atividades, envolvendo a redução de dados, a categorização desses dados, sua interpretação e a redação de relatório. O estudo foi realizado em uma escola municipal de Vitória. Contribuíram com a pesquisa 10 professoras atuantes na Educação Infantil, sendo esta a quantidade de questionários distribuídos, tendo voltado nove. O questionário foi composto por cinco perguntas. Vale ressaltar que as professoras participantes da pesquisa tiveram boa vontade em colaborar. Para relato de entrevistas, denominaremos as professoras por letras em ordem alfabética de A a I.
  • 27. 27 Um dos questionamentos foi sobre o tempo planejado para as atividades lúdicas na sala de aula, e todas as educadoras foram unânimes respondendo que existe tempo reservado para o lúdico nos planejamentos. A professora F (2013): “Sim, diariamente as atividades desenvolvidas na sala de aula com as crianças apresentam caráter lúdico, visto que se tratando da educação infantil a melhor maneira de se desenvolver a aprendizagem é utilizando o lúdico”. O relato da professora nos permite pensar que de acordo com Gonzaga Junior (apud SOARES, 2005, p. 22) “[...] a criança procura o jogo como necessidade e não como distração. É pelo jogo que a criança se revela, sua vocação, suas habilidades, o seu caráter, tudo o que ela faz, torna-se visível pelo jogo e pelos brinquedos que ela executa.” Desta forma, podemos perceber a necessidade do lúdico estar sempre presente no planejamento dos educadores, pois o envolvimento de crianças com as atividades lúdicas facilita e desenvolve a aprendizagem da criança, proporcionando mais prazer ao aprender. Ao abordar sobre o valor do lúdico para o processo de ensino-aprendizado da criança, as professoras entrevistadas concordam que por meio do brincar pode-se ensinar várias coisas, mas o mais importante é a criança poder se descobrir e assim se socializar. O que percebe então é a sustentação do lúdico no cotidiano escolar. Diante da questão sobre o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998), se este é conhecido pelos profissionais da área de educação, muitos o têm como suporte. Por isso um dos questionamentos foi se o texto sobre brincar presente no mesmo tem sido “base” para a prática do lúdico. A maioria das educadoras respondeu positivamente. Dentre as respostas destacam a professora H (2013). Que apresenta sua idéia da seguinte forma: “Sim, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil oferece subsídios práticos e teóricos, o professor deve adequá-lo a sua clientela, oferecendo dessa forma caminhos para um bom trabalho docente”.
  • 28. 28 Já a professora C (2013), também parte do mesmo princípio : “Entendo o brincar como ferramenta vital para alcançar um excelente nível de desenvolvimento social, físico e motor na vida dos meus alunos”. Os relatos acima podem ser constados no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil que brincando as crianças: Amadurecem também algumas competências para a vida coletiva, através da interação e da utilização e experiência de regras e papéis sociais. É sabido, enfim que ao brincar as crianças exploram, perguntam e refletem sobre as formas culturais nas quais vivem [...] (SECRETARIA DE ENSINO FUNDAMENTAL, 1998, P. 7). Sabe-se que brincar é muito importante para o processo de desenvolvimento e aprendizado da criança, pois quando brinca, ela aprende, passa a se conhecer melhor e assim se relacionar agradavelmente com outras pessoas. Sabendo da importância do lúdico para o processo educativo da criança, viu-se a necessidade de saber se no curso de graduação as docentes estudaram sobre o uso do lúdico na sala de aula, sendo todas as respostas afirmativas. Isto é observado na fala da professora A (2013): “Estudo bastante sobre o uso do lúdico na sala de aula, os professores entendem a necessidade cada vez crescente de se trabalhar o lúdico, transmitem a nós universitários ideias sobre esse tema e incentivam a busca cada vez mais.” Para a professora B (2013): “Estudei sim e foi muito significativo para a minha formação. Pude compreender melhor a verdadeira importância da utilização do lúdico principalmente para as crianças da educação infantil”. Sobre o lúdico na formação do educador, Santos (1999, p. 14) ressalta que: A formação lúdica deve possibilitar ao futuro educador conhecer-se como pessoa, saber de suas possibilidades e limitações, desbloquear suas resistências e ter uma visão clara sobre a importância do jogo e do brinquedo para a vida da criança, do jovem e do adulto. É de suma importância que os cursos de graduação ofereçam aos seus alunos uma formação lúdica, pois é essencial que esses conheçam o verdadeiro valor do brincar para o educando, a criança que é impedida de brincar, pode futuramente sofrer
  • 29. 29 conseqüências, tais como se tornarem adultos egoístas, dissimulados e de difícil socialização. Percebendo que o lúdico está realmente presente no cotidiano das educadoras, questionou-se sobre como o mesmo aparece nas atividades, às ideias de se trabalhar com o brincar foram bastante diversificadas. A resposta que mais se destacou, foi a da professora H: “Com uma filosofia diferenciada de educação as atividades realizadas na escola, busca sempre trazer atividades em que a criança possa experimentar. Pois se acredita que o lúdico e o brincar são indispensáveis á saúde física, emocional e intelectual da criança. O lúdico é um momento de auto expressão e auto realização. Algumas atividades lúdicas traduzem o real para a realidade infantil”. De acordo com Santos (1999, p. 112) [...] estudos e pesquisas realizadas na área da Educação Infantil sinalizam a criança como criatura que apresenta características e especificidades próprias e que encontra nas atividades lúdicas uma forma de mostrar sua criatividade, sua emoção, seu descontentamento, sua maneira de pensar e agir. Diante disso, percebe-se a necessidade do lúdico estar presente nas atividades dadas pelo professor, pois a partir deste, a criança é capaz de construir novos conhecimentos. Mesmo diante da importância do lúdico, na prática a realidade é bem diferente, o tempo reservado as atividades lúdicas é restrito à hora do recreio, dentro da sala de aula o objetivo é fazer com que as crianças aprendam, mesmo que para isso seja necessário utilizar métodos mais tradicionais. Felizmente, hoje muitos educadores já conseguem perceber que o lúdico contribui para o processo de ensino – aprendizagem, pois através deste o ato de aprender se torna mais prazeroso e significativo.
  • 30. 30 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O lúdico é de suma importância para o desenvolvimento social, cognitivo e emocional da criança, além de desenvolver suas atitudes de autonomia, solidariedade, respeito e autoconfiança. O ato de brincar propicia de maneira mais agradável estes aspectos que são essenciais para a vida de todos os educandos. Muitos professores não reconhecem o valor das brincadeiras para a criança, pois possuem uma visão tanto quanto “ultrapassada” de que brincar não é algo tão importante para tomar um espaço maior em sua prática docente. Esses profissionais são aqueles que contribuem para que no futuro seus alunos se tornem adultos egoístas, deprimidos, pouco criativos, isolados, etc. Brincando as crianças se sentem estimuladas, o que contribui para o seu processo de desenvolvimento, tornando-a mais participativa e sujeita a uma melhor socialização. A criança que tem liberdade para brincar, desenvolve sua capacidade de imaginar, criar, conhecer. Além de contribuir para o desenvolvimento dos aspectos já citados, as brincadeiras permitem ao educador um conhecimento maior das vivências de cada criança sendo também uma maneira de aproximar as pessoas, independente de suas diferenças. É importante ressaltar que se cada educador fizer a sua parte, eles estarão contribuindo para que seus alunos tornem-se adultos mais equilibrados e dinâmicos. Sendo assim, esses profissionais devem buscar meios para ensinar de forma que proporcione prazer. Hoje a Educação Infantil é considerada de suma importância na formação das crianças. Através dela o indivíduo tem maiores chances de se desenvolver. Para que isso aconteça, é necessário o envolvimento da sociedade, dos profissionais que nela atuam, das famílias atendidas e também do Estado, que precisa articular políticas visando melhorar a qualidade da Educação Infantil ofertada à população.
  • 31. 31 REFERÊNCIAS ANGOTTI, Maristela. O Trabalho Docente na Pré-escola- Revisando Teorias, Descortinando Práticas. São Paulo: Pioneira, 2003. ANTUNES, Celso. O Jogo na Educação Infantil – Falar e Dizer/ Olhar e Ver/ Escutar e Ouvir. Rio de Janeiro: Vozes, 2005. ARANHA, Maria Lucia de Arruda. História da Educação. São Paulo: Moderna, 1996. BRASIL. Lei nº 9394/96 de 20/12/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Brasília (DF): Diário Oficial da União, nº 248 de 23/12/1996. COSTA, Andréa Maria Soares da. O Lúdico e a Prática Docente: um recurso facilitador no processo ensino-aprendizagem. 2006. 56f. Especialização (Pós- Graduação em Pedagogia) – Programa Pós-Graduação em Pedagogia, Faculdade de Vila Velha, Vila Velha, 2006. CRAIDY, Carmem; KAERCHER, Gládis E. Educação Infantil: pra que te quero? Porto Alegre: Artmed Editora, 2001. FONTANA, Roseli; CRUZ, Nazaré. Psicologia e Trabalho Pedagógico. São Paulo: Atual, 1997. FRIEDMANN, Adriana. Brincar: Crescer e Aprender – O Resgate do Jogo Infantil. São Paulo: Moderna, 1999. GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisas. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2002. GONÇALVES, Célia Mara Lopes. Brincar e Educar: é (im) possível a integração entre a brincadeira e a educação no cotidiano da educação infantil? 2003. 45f. Especialização (Pós-Graduação em Pedagogia) – Programa Pós-Graduação em Pedagogia, Faculdade de Vila Velha, Vila Velha, 2003. KRAMER, Sonia. Com a Pré-Escola nas Mãos: uma alternativa curricular para a educação infantil. São Paulo: Ática, 1995. LOUZADA, Ana Maria. Educação Infantil: teoria e prática. Vila Velha: CAEPE, 2000. MOYLES, Janet R. Só Brincar?: o papel do brincar na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2002. MONARCHA, Carlos (org). Educação da Infância Brasileira 1875-1983. São Paulo: Autores Associados, 2001. OLIVEIRA, V. M. O que é Educação física. São Paulo: Brasiliense, 1985.
  • 32. 32 POSSATI, Janiny Maria. O Desenvolvimento da Criança na Educação Infantil. Faculdade de Vila Velha, 2008. SECRETARIA DE ENSINO FUNDAMENTAL.Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil/ Ministério da Educação e do Desporte, Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/ SEF, 1998. SANTOS, Santa Marli Pires dos (org). O Lúdico na Formação do Educador. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 1999. SANTOS, Santa Marli Pires dos (org). Brinquedoteca: A criança, o adulto e o lúdico. 4 ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2000. SOARES, Aline Reis. A Importância da Atividade Lúdica para o Desenvolvimento da Criança e para o trabalho Psicopedagogo. 2005. 84f. Especialização (Pós-Graduação em Pedagogia) – Programa Pós-Graduação em Pedagogia, Faculdade de Vila Velha, Vila Velha, 2005. KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação. 4ed. São Paulo: Cortez, 2000.
  • 33. 33 ANEXOS Hayra conceição Gonçalves, aluna do curso de Pedagogia da faculdade UNIUBEe Pesquisa, propõem realizar um trabalho monográfico de pesquisa com professores de Educação Infantil. Cuja finalidade é saber o espaço que o lúdico ocupa na prática desses docentes. Gostaríamos de contar com sua ajuda respondendo as perguntas abaixo. Desde já agradecemos. Questionário destinado a professores Nome: _______________________________________________ 1. Você tem planejado o tempo das atividades lúdicas na sala de aula? Justifique. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ _______________________________________________________ 2. O que é possível ensinar com as atividades lúdicas na Educação Infantil? Faça uma justificativa ao responder. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ _______________________________________________________
  • 34. 34 3. O texto do RCNEI sobre o brincar, tem sido “base” nas suas práticas com o lúdico? Justifique. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ _______________________________________________________ 4. Em seu curso de graduação você estudou o uso do lúdico na sala de aula? Justifique. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ _________________________________________________________ 5. De que maneira o lúdico aparece nas atividades da escola? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________