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Atividade Económica
UFCD 4309
Carga Horária | 50 Horas
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Índice
1 | Introdução ..........................................................................................................4
2 | Introdução à Ciência Económica ..........................................................................6
2.1 | Atividade económica ...............................................................................................6
2.1.1 | Agentes económicos............................................................................................................9
2.1.2 | Circuitos económicos.........................................................................................................12
3 | Bens e serviços..................................................................................................14
3.1 | Noção e classificação .............................................................................................14
3.2 | Produção e processo produtivo..............................................................................17
3.3 | Sectores de atividade económica ...........................................................................17
4 | O mercado ........................................................................................................19
4.1 | Oferta e procura ....................................................................................................19
5 | Política Monetária ............................................................................................23
5.1 | EURO e Banco Central Europeu ..............................................................................24
5.2 | Inflação .................................................................................................................28
5.3 | Emprego................................................................................................................30
6 | Políticas económicas .........................................................................................31
6.1 | Orçamental e fiscal ................................................................................................31
7 | Produção de bens e serviços ..............................................................................33
7.1 | Bens – Noção e classificação...................................................................................33
7.2 | Produção de bens, serviços e processo produtivo ...................................................33
7.3 | Fatores de produção, noção e classificação.............................................................34
7.4 | Emprego................................................................................................................37
7.5. Combinação dos fatores de produção ......................................................................40
8 | Mercado e as leis da oferta e da procura ...........................................................41
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8.1 | Conceito de mercado .............................................................................................41
8.2 | Mercados de bens e serviços..................................................................................43
8.2.1 | Mercado de concorrência perfeita ....................................................................................43
8.2.2 | Mercado de concorrência imperfeita ................................................................................45
8.3 | Mercados de trabalho ......................................................................................46
8.4 | Mercados financeiros .......................................................................................47
8.5 | Procura individual e procura agregada..............................................................48
8.6 | Concorrência e o preço de equilíbrio.................................................................49
Bibliografia ............................................................................................................54
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1 | Introdução
Âmbito do manual
O presente manual foi concebido como instrumento de apoio ao módulo nº 4309 –
Atividade económica, de acordo com o Catálogo Nacional de Qualificações.
Objetivos
 Identificar o circuito económico e as funções dos vários agentes económicos.
 Relacionar o conceito económico de mercado e a formação dos preços em
economia aberta.
 Relacionar o conceito de inflação, o seu cálculo e a sua relação com o nível de
vida e o emprego.
Conteúdos programáticos
 Introdução à Ciência Económica
 Atividade económica
o Agentes económicos
o Circuitos económicos
 Bens e serviços
o Noção e classificação
o Produção e processo produtivo
o Setores de atividade económica
 O mercado
o Oferta e procura
 Política Monetária
o Euro e Banco Central Europeu
o Inflação
o Emprego
 Políticas económicas
o Orçamental e fiscal
 Produção de bens e serviços
o Bens – noção e classificação
o Produção de bens, serviços e processo produtivo
o Fatores de produção, noção e classificação
o Emprego
o Combinação dos fatores de produção
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 Mercado e as leis da oferta e da procura
o Conceito de mercado
o Mercados de bens e serviços
o Mercados de trabalho
o Mercados financeiros
o Procura individual e procura agregada
o Concorrência e o preço de equilíbrio
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2 | Introdução à Ciência Económica
2.1 | Atividade económica
Conceito: a atividade económica é o sistema consolidado de ações humanas
relacionadas com a produção, distribuição, troca e consumo de bens e serviços de um
país ou outra área.
Traduz-se no conjunto de operações que visam a produção de bens e serviços
suscetíveis de satisfazer as necessidades humanas com o objetivo final de produzir os
bens e serviços pretendidos pela população.
A medida mais abrangente do produto total de uma economia é o produto interno bruto
(PIB). O PIB é a quantificação do valor de todos os bens e serviços finais produzidos
num país durante determinado período de tempo, normalmente 1 ano.
A atividade económica divide-se em 3 atividades, a saber:
 A produção: a produção é a atividade onde os produtos são gerados através
de processos de transformação, como é o caso das matérias-primas, que depois
de transformadas dão origem a produtos acabados, prontos a ser
comercializados.
 A distribuição: engloba duas atividades. Os bens por um lado têm de ser
transportados desde o produtor até ao utilizador, que poderá ser o consumidor
final ou um outro agente que os possa usar como intermédios no processo de
fabrico de outros bens. O comércio permite que os bens sejam colocados à
disposição dos consumidores de forma prática e conveniente.
 A repartição de rendimentos: a venda dos bens gera rendimentos que são
distribuídos por todos os agentes participantes na atividade económica e revela
o contributo de cada um no processo produtivo.
Cada interveniente obtém os rendimentos de acordo com a sua participação na
atividade económica:
 Os trabalhadores são remunerados através dos salários.
 Os empresários recebem lucros.
 Os detentores do capital auferem juros.
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A utilização de rendimentos: os rendimentos distribuídos pelos agentes que participam
na atividade económica podem ter dois destinos: o consumo ou a poupança.
 O consumo consiste na utilização imediata de um rendimento na aquisição de
bens e serviços de modo a permitir a satisfação das necessidades imediatas.
 A poupança é a utilização do rendimento diferido no tempo, ou seja, quando os
agentes renunciam à possibilidade de o utilizar no momento presente para
poderem consumir no futuro.
A atividade económica gera riqueza através da extração, transformação e distribuição
de recursos naturais, bens e serviços, tendo como objetivo satisfazer as necessidades
humanas. É inseparável da evolução tecnológica, da história da civilização, da
organização social, da geografia e da ecologia do planeta Terra.
O problema económico
Embora toda a realidade pode ser encarada de um ponto de vista económico, nem toda
a realidade tem um problema económico. Só existe um problema económico quando
existe a necessidade de tomar uma decisão, e esta só aparece quando existe escassez
e escolha.
A escassez consiste na impossibilidade de os bens disponíveis satisfazerem as
necessidades presentes. A principal razão que causa a escassez é a existência de
necessidades humanas ilimitadas.
É importante notar que a escassez e a escolha estão ligadas. É a escassez que gera
alternativas. Se não houvesse escassez era possível ter todas as alternativas e, se se
pudesse ter todas as alternativas, não teria de haver uma escolha.
Daí a razão de haver escolha reside na escassez, ou seja, o facto de não ser possível
produzir tudo o que se deseja. Se é preciso escolher, isso significa que para satisfazer
uma necessidade é preciso sacrificar uma outra, ou seja, existe um custo.
Encontramo-nos perante uma situação contraditória: de um lado, a multiplicidade das
nossas necessidades, que são ilimitadas; do outro, a escassez dos recursos capazes
de as satisfazer. É aqui que reside o problema fundamental da economia.
Assim, a racionalidade económica consiste na gestão eficaz dos recursos de modo a
obter-se o máximo benefício.
O custo de oportunidade
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A economia pode ser definida como a ciência da escolha entre recursos limitados.
Assim, o custo da alternativa representa aquilo que tem de ser sacrificado para se obter
um bem ou benefício.
Representa o valor da melhor alternativa que é sacrificada em proveito de outra
atividade.
Exemplo: ao comprar um carro, o custo de oportunidade é ter o dinheiro no banco ou
fazer uma viagem.
Tipos
Os tipos ou setores da atividade económica correspondem a uma divisão das atividades
económicas de cada país, de acordo com a essência da tarefa em questão. Estão no
mesmo setor instituições que produzam bens ou prestem serviços de uma mesma
classe.
Tradicionalmente divide-se a economia de cada país em três setores:
 Primário - compreende as atividades ligadas à natureza: agricultura, silvicultura,
pescas, pecuária, caça ou indústrias extrativas;
 Secundário - engloba as atividades industriais transformadoras, a construção,
a produção de energia;
 Terciário (ou dos serviços) - engloba o comércio, o turismo, os transportes e
as atividades financeiras.
Vários autores propõem a individualização do ensino e da investigação do sector
terciário, formando estas duas atividades o setor quaternário. No entanto, esta
metodologia não tem sido grandemente seguida.
Existe uma relação entre o nível de desenvolvimento de um país e a distribuição da sua
população ativa pelos três setores. Quanto maior for a população ativa a trabalhar no
setor primário, mais atrasado economicamente deverá ser o país. À medida que ele se
vai desenvolvendo, a sua população vai sendo transferida para os setores industrial e
de serviços.
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2.1.1 | Agentes económicos
A sociedade é constituída por uma multiplicidade de agentes económicos. Cada agente
económico corresponde a uma série de indivíduos, entidades e/ou instituições para os
quais é possível reconhecer uma certa homogeneidade de comportamentos.
Os agentes económicos são indivíduos, instituições ou conjunto de instituições que,
através das suas decisões e ações, tomadas racionalmente, influenciam de alguma
forma a economia.
O primeiro agente económico a considerar é o agente famílias que podem ser encaradas
como o agente económico mais elementar, no sentido em que será a entidade
normalmente de menor dimensão a partilhar um mesmo orçamento; à partida, em
qualquer família há um conjunto de receitas e despesas que é gerido em conjunto e cuja
gestão tem impacto sobre o bem-estar da família no seu todo.
Às famílias é normalmente atribuído um duplo papel no sistema económico: a elas cabe
fornecer a força de trabalho que permitirá produzir bens e serviços; além disso, é o
agente a quem está associada a noção de consumo. As famílias consomem bens e
serviços para satisfazer necessidades.
O consumo realizado pelas famílias designa-se consumo final, no sentido em que se
opõe ao consumo intermédio; este não tem por fim satisfazer diretamente necessidades,
consistindo sim na utilização de determinados bens e serviços para produzir bens e
serviços adicionais.
Outro grupo com homogeneidade de comportamentos que podemos identificar na
economia é o agente empresas. As empresas são unidades institucionais cuja principal
função económica é a produção de bens e serviços comercializáveis, isto é, bens ou
serviços que podem ser transacionados nos mercados.
É também considerado agente económico o Estado, que tem por missão a provisão de
bens e serviços não comercializáveis, ou seja, bens e serviços que não são passíveis
de serem objeto de transação nos mercados e que, normalmente, satisfazem
necessidades coletivas.
Cabe também ao Estado contribuir para a justiça social por via de políticas de
redistribuição de rendimento. É ainda de salientar a particularidade de grande parte das
receitas do Estado serem fruto não da sua atividade produtiva, mas de contribuições
obrigatórias por parte de quem gera rendimento, ou seja, de impostos.
UFCD 4309 | Atividade Económica
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Por fim, pelo papel particular que desempenha no sistema económico, faz sentido
considerar como agente económico as instituições financeiras (bancos, seguradoras,
outras instituições de crédito). Estas funcionam como intermediários entre quem poupa
(as famílias) e quem necessita de recursos financeiros para financiar a atividade
produtiva (as empresas).
É relevante salientar que em termos de linguagem macroeconómica é clara a separação
entre os termos poupança e investimento – a poupança é realizada pelas famílias
(corresponde à parcela do seu rendimento disponível que não é dirigida a consumo no
momento presente) e o investimento é concretizado pelas empresas (será a aplicação
de recursos financeiros que lhes permite aumentar o seu capital, ou seja, os seus meios
de produção).
Há a possibilidade de se considerar um quinto agente económico, que seria o exterior
ou o resto do mundo. Como normalmente a contabilização da atividade económica se
faz para um espaço geográfico restrito (um país), a análise macroeconómica só fica
completa quando consideramos também as relações comerciais e financeiras que os
agentes económicos de um país estabelecem com os agentes económicos de outros
países.
Deste modo, o resto do mundo não será bem um agente económico, mas antes uma
forma agregada de considerar todos os agentes económicos residentes em todas as
localizações com as quais a economia doméstica estabelece relações.
Os agentes económicos são classificados de acordo com o critério funcional que se
baseia nas principais funções exercidas pelos agentes económicos na atividade
económica.
Funções
Famílias:
 Consumo: utilização de bens e serviços na satisfação de necessidades.
 Poupança: parte do rendimento que não é utilizada no consumo.
Empresas:
 Repartição dos rendimentos: distribuição das mais-valias geradas durante o
processo produtivo pelos diversos intervenientes nessa atividade, conforme a
sua participação no processo.
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 Produção: processo através do qual se obtém os bens e serviços.
 Distribuição: conjunto das operações que permitem encaminhar um produto da
fase final da fabricação para a fase do consumidor ou do utilizador.
Estado:
 Satisfação das necessidades coletivas da população (produção de B&S).
 Redistribuição dos rendimentos: ação que consiste em tornar possuidor de um
rendimento um determinado número de indivíduos que pela sua atividade ou
qualificação não o teria recebido espontaneamente (minimizar as desigualdades
económicas e sociais).
Resto do mundo:
 Conjunto dos agentes económicos não residentes que estabelecem relações
económicas com residentes.
Cada um dos agentes económicos utiliza os rendimentos recebidos para efetuar os seus
consumos ou constituindo uma poupança.
Os agentes económicos podem ser divididos em duas categorias, os micro-sujeitos,
unidades individuais de produção (empresa) ou de consumo (individuo/família), e os
macro-sujeitos que agregam todas as unidades individuais que exercem a mesma
função, no âmbito da atividade económica.
Nesta situação, quando falamos em Famílias ou em Empresas, queremos referir o
conjunto de todas as famílias e de todas as empresas de determinado país ou região.
À economia interessa o comportamento dos macro-sujeitos. Os agentes económicos
são as Famílias, cuja principal função na atividade económica é de consumir, as
Empresas cuja função principal é a produção de bens e serviços não financeiros, as
Instituições Financeiras que prestam serviços financeiros, como o financiamento aos
que pretendem produzir, adquirir algo e não o conseguem suportar por si, onde
depositamos as nossas poupanças, a Administração Pública (Estado), que garante a
satisfação das necessidades coletivas da população e o Resto do Mundo (Exterior) com
os quais trocamos bens, serviços e capitais, pois nenhum país sobrevive sozinho,
estabelecendo-se relações com os restantes países.
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2.1.2 | Circuitos económicos
Os agentes económicos encontram-se em permanente interação. É a esta interação
que corresponde o funcionamento do sistema económico. Uma forma simplificada de
representar as relações entre agentes é aquela que é conseguida através de um
esquema que se designa por circuito económico.
O circuito económico representa a atividade económica e a forma como se estabelecem
as relações entre os agentes económicos.
De acordo com as funções descritas para cada um dos agentes económicos é possível
representar cada par de relações através de um circuito económico do mesmo tipo.
Por uma questão de simplificação, considere-se apenas o circuito que se estabelece
entre famílias e empresas (Fig. 1). De acordo com as funções descritas para cada um
dos agentes económicos, é possível representar cada par de relações através de um
circuito económico do mesmo tipo.
Figura 1- Circuito económico
No esquema encontramos dois tipos de linhas. As linhas a cheio representam fluxos
reais, ou seja, quantidades concretas de bens e/ou serviços que são fornecidas por um
agente económico a outro.
No caso em apreço, as famílias fornecem o serviço ‘trabalho’ às empresas, e estas por
sua vez facultam às famílias os bens e serviços com que elas satisfazem as suas
necessidades.
UFCD 4309 | Atividade Económica
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As linhas a tracejado correspondem a fluxos monetários, os quais respeitam às
contrapartidas face aos fluxos reais.
Todo o bem ou serviço que é facultado por um agente económico a outro requer um
pagamento da parte de quem recebe o bem ou serviço a quem o disponibiliza; deste
modo, num circuito económico como o representado, a um fluxo real vai sempre
corresponder um fluxo monetário de sentido contrário.
Na prática, a informação fundamental que o circuito económico transmite é que as
relações entre agentes económicos não são, na economia complexa em que hoje
vivemos, passíveis de serem executadas por troca direta, de modo que encontramos
normalmente nas transações uma contrapartida financeira.
Eliminar os fluxos monetários do circuito económico significaria estabelecer o
extremamente forte pressuposto de que seria sempre possível encontrar uma
coincidência de vontades: quando um professor de economia quisesse comer um bife
teria de encontrar um talhante disposto a receber uma aula de economia.
Figura 2 - Circuito económico
UFCD 4309 | Atividade Económica
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3 | Bens e serviços
3.1 | Noção e classificação
Bens e serviços são tudo aquilo que contribui para o bem-estar dos indivíduos via
consumo (é tudo aquilo que uma vez produzido permite satisfazer necessidades).
Os serviços podem igualmente ser designados por bens não materiais (de um ponto de
vista económico, a distinção entre bens e serviços não é relevante: ambos são
produzidos e ambos são alvo de eventual consumo intermédio ou final).
Um bem é tudo aquilo que satisfaz uma necessidade humana, independentemente de
ser material (pão, roupa, automóvel), ou imaterial (concerto musical, ar, conhecimento).
Existem coisas que não satisfazem diretamente as necessidades humanas e, por isso,
estritamente não são bens, mas servem para o produzir (os recursos: bens intermédios
ou fatores).
De acordo com a sua natureza física, os bens são materiais ou imateriais (serviços).
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 Os bens materiais são coisas ou objetos com realidade material (esferográfica,
automóvel, laranja). Podem-se ver, tocar e sentir.
 Os serviços (bens imateriais) são atividades humanas cuja realidade, na maior
parte dos casos, se esgota no momento em que acabam de ser prestados. É o
caso dos serviços de transporte, de um espetáculo, de uma aula, de um
programa de televisão.
Os bens podem também ser classificados em bens livres e bens económicos.
Bens livres
Os bens livres são aqueles bens intangíveis, de livre acesso a todos e que não possuem
valor, (o ar, o mar, a luz do sol).
Os bens livres não possuem preço, isto é, tem preço zero. São aqueles que existem em
quantidade ilimitada e podem ser obtidos com pouco ou nenhum esforço humano, ou
seja, sua utilização não implica relações de ordem económica.
O ar é um bem livre, pois a terra oferece ar para todas as pessoas em quantidades
maiores do que as desejadas por todos os indivíduos.
Bens económicos
São aqueles bens que permitem satisfazer necessidades económicas, podendo tratar-
se de um objeto com suporte físico ou de um serviço. Os bens económicos são
relativamente escassos e supõe esforço humano na sua obtenção, por esse motivo,
possuem preço, ou seja, preço maior que zero.
Os bens económicos existem em quantidades limitadas, de tal forma que, para os obter,
é necessário gastar dinheiro (ao contrário, os bens livres são gratuitos).
Os bens económicos dividem-se em bens materiais e serviços. Bens materiais são
aqueles que como o próprio nome diz, são materiais e tangíveis (roupas, carros,
alimentos) e podem ser classificados em:
 Bens de consumo: são destinados à satisfação das necessidades humanas,
podendo ser duráveis, como no caso de imóveis, ou não-duráveis, como
gasolina, alimentos, bebidas, etc.
 Bens de capital: empregados para provocar o surgimento de novos bens, como
no caso de equipamentos, maquinarias, instalações, edifícios, etc.
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Por sua vez serviços são aqueles que possuem preço, porém são intangíveis, como por
exemplo: um serviço de advogado, uma consulta de médico, etc.
Os bens económicos podem-se ainda classificar de acordo com os seguintes critérios:
Quanto à função
 Bens de consumo – Aquele bem que destina ao consumo final, esta pronto a
ser consumido. ex: pão, manga.
 Bens de produção permitem, ao serem utilizados, ajudar na produção de
outros. São, portanto, bens de capital. Mas tal já não acontece com os bens de
consumo, que são usados para satisfazer imediatamente uma qualquer
necessidade. São aqueles bens utilizados na produção de outros, sofrem uma
alteração. ex: farinha, a laranja para a produção do sumo de laranja.
Quanto a sua duração
Quando se utilizam certos bens, eles deixam imediatamente de existir. A esses bens
chamam-se perecíveis ou não-duradouros. Pelo contrário, se forem duradouros,
persistem, mesmo após uma ou mais utilizações.
1. Bem duradouro: aquele que ao satisfazer uma necessidade não perde as suas
qualidades iniciais: uma casa, etc.
2. Bem não duradouro: aquele que ao satisfazer as suas necessidades perde as
suas qualidades iniciais: o combustível.
Quanto a sua relação com outros bens
Os bens mantêm entre si certo tipo de relações. Dois ou mais bens são substituíveis se
for indiferente para o consumidor consumir qualquer um deles. Serão, opostamente,
complementares, se uma dada necessidade só for satisfeita pela utilização simultânea
dos dois.
Serão, por último, economicamente independentes se não mantiverem entre si
nenhuma destas duas espécies de relações.
1. Bens complementares: são aqueles que se complementam, não se utilizam
sem a utilização de outros. ex: o carro e as rodas ou combustível.
2. Bens sucedâneos ou substituíveis: aqueles que se podem substituir para uma
satisfação idêntica: ex: margarina e a manteiga.
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3.2 | Produção e processo produtivo
A produção é a atividade económica que tem por objetivo a criação de bens e serviços
para satisfação das necessidades. Esta atividade é desempenhada pelas empresas ou
unidades produtivas.
A produção aparece de início como resultado de um trabalho produzido pelo homem.
Para se produzir um bem é necessário seguir uma sequência de etapas através das
quais as matérias-primas são transformadas em produtos finais. Esse conjunto de
etapas designa-se por processo produtivo.
O processo produtivo é a combinação de fatores de produção que proporciona a
obtenção de um dado produto final. Num processo produtivo são incorporados fatores
que, após a sua transformação, levam a um produto final (ou acabado). Está sempre
estritamente dependente da tecnologia ao dispor da empresa.
Em teoria microeconómica, utilizam-se vários tipos de funções de produção que
pretendem ilustrar a forma como os diferentes fatores se conjugam para se chegar a um
produto final (são apenas regras matemáticas simples, indicando que quantidade de
output se obterá, se se utilizarem quantidades específicas de vários inputs).
As funções mais utilizadas são a de Cobb-Douglas (do tipo Q=m.Ka.Lb.Tc) e a de
Leontief (do tipo Q=min(a.K,b.L)) - em que Q representa a quantidade produzida; K, L e
T representam os três fatores classicamente considerados (trabalho, capital e terra,
respetivamente); e m, a, b e c representam valores numéricos positivos, isto é, valores
reais.
3.3 | Sectores de atividade económica
A classificação da atividade económica em três sectores é devida ao economista
australiano Colin Clark nos anos 40. Um sector compreende então o conjunto das
empresas que têm a mesma atividade principal, tendo cada empresa uma única
atividade principal.
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Figura 3 - Sectores de atividade económica
A economia de um país pode ser dividida em setores (primário, secundário e terciário)
de acordo com os produtos produzidos, modos de produção e recursos utilizados. Estes
setores económicos podem mostrar o grau de desenvolvimento económico de um país
ou região.
O setor primário está relacionado à produção através da exploração de recursos da
natureza. São exemplos de atividades económicas do setor primário a agricultura, a
mineração, a pesca, pecuária e caça. É o setor primário que fornece a matéria-prima
para a indústria de transformação.
Este setor da economia é muito vulnerável, pois depende muito dos fenômenos da
natureza como, por exemplo, do clima.
A produção e exportação de matérias-primas não gera grande riqueza para os países
com economias baseadas neste setor económico, na medida em que possuem baixo
valor acrescentado ao contrário do que ocorre, por exemplo, com os produtos industriais
(um computador ou um mercedes).
O sector secundário diz respeito às atividades industriais considerado em sentido lato
(energia, industrias agroalimentares, industria de bens de produção e de bens de
consumo, construção e obras públicas).
Sector
primário
Sector
terciário
Sector
secundário
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É o setor da economia que transforma as matérias-primas (produzidas pelo setor
primário) em produtos industriais (roupas, máquinas, automóveis, alimentos
industrializados, eletrónicos, casas, etc.).
Por haver conhecimento tecnológico agregado aos produtos do setor secundário, o lucro
obtido na comercialização é significativo. Países com elevado nível de desenvolvimento
possuem uma significativa base económica concentrada no setor secundário. A
exportação destes produtos também gera riquezas para as indústrias destes países.
O sector terciário inclui todas as atividades que não estão classificadas nos dois outros
sectores.
Os serviços são produtos não matérias prestadas a terceiros para satisfazer
determinadas necessidades. Como atividades económicas deste setor, refere-se o
comércio, a educação, a saúde, as telecomunicações, os serviços de informática, os
seguros, o transporte, os serviços de limpeza, os serviços de alimentação, o turismo,
serviços bancários e administrativos, etc.
Este setor é marcante nos países de elevado desenvolvimento económico. Quanto mais
rica é uma região, maior é a presença de atividades do setor terciário. Com o processo
de globalização, iniciado no século XX, o terciário foi o setor da economia que mais se
desenvolveu no mundo.
Distingue-se hoje, por vezes, um subconjunto do sector terciário chamado “sector
quaternário”, incluindo o conjunto dos serviços ligados à informação e à comunicação
(imprensa, informática, publicidade, etc.).
Existe uma relação entre o nível de desenvolvimento de um país e a distribuição da sua
população ativa pelos três setores. De facto, quanto maior for a população ativa a
trabalhar no setor primário, mais atrasado economicamente deverá ser o país. À medida
que ele se vai desenvolvendo, a sua população vai sendo transferida para os setores
industrial e de serviços. Em Portugal, essa tem sido a tendência já desde há vários anos.
4 | O mercado
4.1 | Oferta e procura
A oferta e procura são fundamentais para o entendimento correto do funcionamento do
sistema de mercado onde cada mercadoria e cada serviço tem um preço.
UFCD 4309 | Atividade Económica
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À medida que os compradores tentam adquirir mais de um bem, os vendedores
aumentam o preço. Se por outro lado houver muitos a vender o mesmo produto (laranjas
ou telemóveis) há excesso de oferta e os vendedores, para se verem livres dos stocks
do bem, diminuirão o seu preço.
A lei da oferta e da procura traduz-se sinteticamente no seguinte: quando o preço de
um bem aumenta, mantendo-se tudo o resto constante, os compradores tendem a
consumir menos desse bem e, de forma similar, quando o preço de um bem diminui,
mantendo-se tudo o resto constante, a quantidade procurada desse bem aumenta.
Através da oferta e procura se demonstra como as preferências dos consumidores
determinam a procura dos bens, enquanto que os custos das empresas são a base da
oferta. Do equilíbrio entre a oferta e a procura resulta o preço e a quantidade
transacionada de cada bem.
A procura designa a quantidade de bens, serviços ou capitais que os compradores
estão dispostos a adquirir a um determinado preço, num dado período, tendo em conta
os seus rendimentos e as suas preferências. A procura e o consumo são duas
realidades distintas que não se confundem. Enquanto a procura reflete a intenção de
compra face a determinado preço, o consumo traduz-se numa despesa que já foi
efetuada pelo comprador.
Para cada bem existe uma procura individual e uma procura agregada. A procura
individual é a quantidade desse bem que um consumidor está disposto a adquirir a um
determinado preço. A procura agregada (ou global) é a soma de todas as procuras
individuais. A procura é uma função decrescente em relação ao preço, quer isto dizer
que quando o preço de um bem se eleva, a quantidade procurada desse bem diminui.
Pelo contrário, quando desce o preço aumenta a quantidade procurada. São duas as
razões normalmente apontadas para este fato:
 Quando o preço de um bem aumenta, este é substituído por outros produtos
similares. Por exemplo, quando aumenta o preço da carne de vaca os
consumidores tendem a comprar mais carne de frango. Este efeito é
denominado de efeito de substituição. É o efeito substituição.
 Quando o preço de um bem sobe, os consumidores ficam com menos
rendimento disponível pelo que consomem menos quantidade desse bem e dos
outros bens. Por exemplo, se o preço da gasolina duplica os consumidores ficam
com menos rendimento e diminuem o consumo de gasolina e de outros bens.
UFCD 4309 | Atividade Económica
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Da mesma forma, se tudo o resto se mantiver constante, baixando o preço do bem A, o
consumidor fica com maior poder de compra, ou seja, é como se o seu rendimento
tivesse aumentado. Este efeito é denominado de efeito rendimento.
A oferta consiste na quantidade de bens e serviços que os vendedores estão dispostos
a vender por um determinado preço, num dado período de tempo.
Assim, o conjunto da produção de sapatos de um país pode não constituir a oferta real
dos produtores, porque estes podem decidir não vender, destruir ou guardar uma parte
dessa produção, se considerarem que não vão ser convenientemente remunerados.
Logo, só a quantidade de bens que os vendedores estão na disposição de vender é que
constitui a oferta. Tal como a procura, a oferta é função do preço de mercado. Significa
isto que as quantidades oferecidas dependem dos níveis de preços. Com efeito, a oferta
aumenta sempre que sobem os preços e diminui sempre que os preços descem.
Assim, a oferta é uma função crescente em relação ao preço.
Mas, não é apenas o preço do bem que influencia o nível da oferta desse bem. Com
efeito, outros fatores podem ter influência, nomeadamente os custos dos fatores de
produção, a tecnologia, os preços dos bens complementares e dos bens substituíveis,
etc.
Preço de equilíbrio
Todo o produto objeto de troca no mercado é sujeito a uma oferta e a uma procura,
variável segundo o nível de preços. Deste modo, onde a procura e a oferta se encontra
obtemos o preço de equilíbrio.
Este preço é aquele em que a oferta iguala a procura, ou seja, aquele preço em que as
intenções dos produtores (oferta) e as intenções dos compradores (procura) são iguais.
Este preço é aquele em que a quantidade oferecida é igual à quantidade procurada, isto
é, aquele em que as vontades dos compradores e dos vendedores se harmonizam.
Fatores que influenciam a procura
 Rendimento médio: com o aumento do rendimento médio os indivíduos tendem
a comprar mais de quase tudo, mesmo que os preços não se alterem.
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 Dimensão do mercado: medida pela população influencia de forma nítida a
curva da procura. Mais indivíduos conduzem a um maior consumo.
 Preços de bens relacionados: a procura de um dado bem tende a diminuir
(aumentar) quando diminui (aumenta) o preço de bens substitutos.
 Preferências: as preferências (gostos) dos consumidores representam uma
variedade de influências culturais e históricas e afetam a curva da procura.
 Influências específicas: a procura de determinados bens é influenciada por
fatores específicos como seja a venda de chapéus-de-chuva em dias chuvosos.
Fatores que influenciam a oferta
 Tecnologia: o progresso tecnológico consiste nas alterações que diminuem a
quantidade dos fatores necessários para a mesma quantidade de produto.
 Preço dos fatores de produção: quando o preço dos fatores de produção
diminui a o custo de produção é menor e a oferta aumenta.
 Preços de bens relacionados: a oferta de um dado bem tende a aumentar
(diminuir) quando diminui (aumenta) o preço de bens substitutos.
 Política do governo: os impostos e as políticas salariais podem fazer aumentar
custo dos fatores de produção levando à contração da oferta.
 Influências específicas: a oferta de determinados bens é influenciada por
fatores específicos como seja o clima na agricultura.
Equilíbrio
O equilíbrio de mercado ocorre no preço a que a quantidade procurada é igual à
quantidade oferecida.
Num mercado concorrencial, este equilíbrio resulta da intersecção das curvas da oferta
e da procura e nele não há tendência para o preço descer ou subir.
O preço de equilíbrio é também designado por preço de fecho do mercado. Isto significa
que todas as ordens de compra foram satisfeitas e a produção toda vendida, ou seja,
fecharam-se as posições de compra e de venda.
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5 | Política Monetária
A política monetária consiste no conjunto de medidas que os Estados aplicam para
controlar a oferta de moeda, a fim de atingirem os objetivos desejados.
Os objetivos associados à política monetária são:
i. Um nível de produção próximo do produto potencial (correspondente à taxa
natural de desemprego).
ii. Ausência de inflação: o controlo do nível geral dos preços - preços estáveis.
iii. Eficiência económica.
iv. Uma balança de pagamentos equilibrada (equilíbrio nas receitas e pagamentos
internacionais).
v. Uma distribuição do rendimento desejada pela comunidade.
Os instrumentos utilizados pela política monetária são o controlo da quantidade de
moeda em circulação e a taxa de juro e, por vezes, a imposição de algumas condições
de concessão de crédito para regular a despesa do sector privado:
i. A taxa de redesconto.
ii. A taxa de reserva de caixa.
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iii. As operações de mercado aberto.
iv. Plafonds de crédito.
A taxa de juro pode ser utilizada para controlar o nível geral dos preços. A taxa de juro
que o Banco Central paga e cobra aos bancos comerciais condiciona as respetivas
taxas praticadas pelos bancos comerciais, quer junto dos particulares, quer junto das
empresas.
Assim se o banco central subir a taxa de juro das operações passivas, está a promover
a poupança e retirar liquidez do mercado. Se pelo contrário, a taxa de juro das
operações ativas baixar, está a incentivar a liquidez do mercado.
Através delas os governos podem influenciar os níveis da despesa total, quer seja
através da manipulação do nível do consumo particular, quer através do consumo
público, do investimento privado e público e ainda das relações com o exterior.
Também, através delas o governo pode influenciar os níveis de preços, os níveis das
taxas de inflação, os níveis de empregabilidade, a taxa de crescimento e o nível de
crescimento do produto.
5.1 | EURO e Banco Central Europeu
Moeda comum a 18 dos 28 Estados-Membros da União Europeia, que em conjunto
formam a zona euro, o euro é a prova mais tangível da integração europeia. As suas
vantagens são óbvias para qualquer pessoa que viaje para o estrangeiro ou faça
compras pela Internet em sítios estabelecidos noutros países da UE.
A introdução do euro em 1999 representou um passo muito importante no processo da
integração europeia e constitui também um dos seus maiores êxitos: cerca de 330
milhões de cidadãos da União Europeia utilizam-no atualmente como moeda e usufruem
de vantagens que continuarão a aumentar à medida que outros países da União
Europeia forem adotando a moeda única.
Quando o euro foi introduzido, tornou-se a nova moeda oficial de 11 Estados-Membros,
substituindo, em duas fases, as antigas moedas nacionais – como o marco alemão, o
franco francês e o escudo português.
Foi inicialmente utilizado como moeda virtual nas operações de pagamento que não
envolviam notas e moedas, bem como para fins contabilísticos, enquanto as antigas
moedas continuavam a ser utilizadas nas operações de pagamento em numerário e a
UFCD 4309 | Atividade Económica
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ser consideradas subdivisões do euro. Posteriormente, em 1 de Janeiro de 2002, o euro
foi introduzido fisicamente sob a forma de notas e moedas.
O euro não é a moeda de todos os Estados-Membros. Dois países, a Dinamarca e o
Reino Unido, acordaram uma opção de exclusão no Tratado, que os dispensa de
participar na zona euro, enquanto os restantes (muitos dos novos Estados-Membros e
a Suécia) ainda não preenchem as condições estabelecidas para a adoção da moeda
única. Quando preencherem, substituirão as suas moedas nacionais pelo euro.
Atualmente, o euro é a moeda oficial de 19 dos 28 países da UE: Áustria, Bélgica,
Chipre, Estónia, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Irlanda, Itália, Letónia, Lituânia,
Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Portugal, Eslováquia, Eslovénia e Espanha.
O objetivo da plena realização da União Económica e Monetária e da adoção de uma
moeda única só foi consagrado, em 1992, no Tratado de Maastricht (Tratado da União
Europeia), que estabelece as normas para a introdução da moeda única, determina os
objetivos da União Económica Monetária e as responsabilidades de cada protagonista,
bem como as condições que os Estados-Membros devem preencher para poderem
adotar o euro.
Estas condições são conhecidas como "critérios de convergência" (ou «critérios de
Maastricht») e incluem a estabilidade de preços, com um nível de inflação baixo, a
estabilidade das taxas de câmbio e a solidez das finanças públicas.
Quando o euro se tornou realidade, a política monetária passou a ser da
responsabilidade do Banco Central Europeu (BCE), entidade independente criada para
esse efeito, e dos bancos centrais nacionais dos Estados-Membros que tinham adotado
o euro. Em conjunto, constituem o Eurosistema.
Para além de facilitar as viagens, uma moeda única é um elemento muito positivo do
ponto de vista económico e político. O quadro em que é gerido o euro faz desta moeda
uma moeda estável, com um baixo nível da inflação e taxas de juro baixas, contribuindo
para a solidez das finanças públicas. Uma moeda única é também um complemento
lógico do mercado único, cuja eficácia aumenta.
A utilização de uma moeda única aumenta a transparência dos preços, elimina os custos
de câmbio da moeda, melhora o funcionamento da economia europeia, facilita o
comércio internacional e confere à União Europeia uma voz mais forte nos fóruns
internacionais. A dimensão e a força da zona euro protegem-na dos choques
UFCD 4309 | Atividade Económica
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económicos externos, como a subida inesperada do preço do petróleo ou a perturbação
dos mercados cambiais.
Por último, mas não menos importante, há que mencionar o facto de o euro dar aos
cidadãos da União Europeia um símbolo tangível da sua identidade europeia, da qual
podem sentir-se cada vez mais orgulhosos à medida que a zona euro cresce e multiplica
essas vantagens para os seus membros acuais e futuros.
A política orçamental (impostos e despesas) continua a ser da competência dos
governos nacionais, embora estes possam aderir a normas comuns de finanças
públicas contempladas no Pacto de Estabilidade e Crescimento.
Os governos nacionais também conservam a plena responsabilidade das suas políticas
estruturais (emprego, pensões e mercado de capitais), embora tenham concordado em
coordená-las a fim de alcançarem objetivos comuns de estabilidade, crescimento e
emprego.
O Banco Central Europeu
O Banco Central Europeu (BCE), sedeado em Frankfurt, é responsável pela gestão do
euro e da política monetária da União Europeia. Goza de personalidade jurídica e de
total independência face às instituições nacionais e europeias. O BCE assegura o bom
funcionamento da União Económica e Monetária, administrando o Sistema Europeu de
Bancos Centrais (SEBC).
O Banco Central conquistou o estatuto de instituição da União Europeia em 1998.
O BCE é administrado por três órgãos:
 O Conselho do BCE: o Conselho do BCE é composto pelos membros da
Comissão Executiva e pelos governadores dos bancos centrais nacionais dos
Estados-Membros que adotaram o euro. O Conselho do BCE é o principal órgão
de decisão do BCE. É responsável por definir as orientações e tomar as decisões
necessárias ao cumprimento das missões do BCE. A sua principal função
consiste, nomeadamente, em definir a política monetária da zona do euro. Para
o efeito, o Conselho do BCE pode, por exemplo, fixar a taxa de juro à qual os
bancos comerciais podem obter fundos junto do respetivo banco central.
 A Comissão Executiva: a Comissão Executiva é composta pelo Presidente e
pelo Vice-Presidente do BCE, bem como por quatro vogais. São nomeados pelo
Conselho Europeu. A Comissão Executiva assegura a aplicação da política
UFCD 4309 | Atividade Económica
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monetária, definida pelo Conselho do BCE. Para tal, a Comissão Executiva dá
as instruções necessárias aos bancos centrais nacionais. Além disso, prepara
as reuniões do Conselho do BCE e ocupa-se da gestão corrente do Banco.
 O Conselho Geral: o Conselho Geral é composto pelo Presidente e pelo Vice-
Presidente do BCE, bem como pelos Governadores dos bancos centrais do
conjunto dos Estados-Membros da União. O Conselho Geral reúne, por
conseguinte, os Governadores dos bancos centrais, tanto dos Estados-Membros
que introduziram o euro como dos que ainda não o fizeram. O Conselho Geral é
considerado o terceiro órgão de decisão do BCE, apesar do seu poder de
decisão ser menor. Em especial, a sua missão é contribuir para as funções
consultivas do BCE. Além disso, também é responsável por compilar
informações estatísticas, elaborar relatórios de atividades, etc.
A principal competência do BCE é assegurar o funcionamento do Sistema Europeu
de Bancos Centrais (SEBC), cooperando com os bancos centrais nacionais dos
Estados-Membros (Banco de Portugal, Banco de Itália; Banco de Irlanda, etc.). Contudo,
é o BCE que define as condições mediante as quais os bancos centrais nacionais estão
autorizados a intervir.
Assim, no âmbito do SEBC, as funções monetárias do BCE e dos bancos centrais
nacionais são, em especial:
 A emissão de notas e moedas. O BCE é a única entidade habilitada a autorizar
a emissão de notas de banco na “zona do euro”. Os Estados-Membros podem
emitir moedas, mas é o BCE que deve autorizar, antecipadamente, a quantidade
da emissão.
 A abertura de contas junto do BCE e dos bancos centrais nacionais para as
instituições de crédito, organismos públicos e outros intervenientes no mercado.
 As operações de “open market”, ou seja, quando o BCE ou os bancos centrais
nacionais intervêm nos mercados de capitais, por exemplo, concedendo ou
contraindo empréstimos;
 As operações de crédito, com as instituições de crédito ou outros intervenientes
no mercado;
 A imposição às instituições de crédito sedeadas nos Estados-Membros de
constituir reservas obrigatórias junto do BCE ou dos bancos centrais nacionais;
 O estabelecimento de regulamentos de modo a garantir a eficácia e solidez dos
sistemas de pagamentos e de compensação;
UFCD 4309 | Atividade Económica
28
 As relações internacionais com os bancos centrais e as instituições de crédito
de países terceiros e as organizações internacionais.
Os principais instrumentos de política monetária utilizados pelo Banco Central são:
i. A taxa de reservas obrigatórias: quando a taxa de reservas obrigatórias baixa,
os bancos podem expandir os seus empréstimos e aumentar os seus depósitos,
e vice-versa.
ii. A taxa de redesconto: taxa de juros cobrada pelo Banco Central aos bancos
comerciais, pelos empréstimos que lhes faz, redescontando-lhe títulos que eles
previamente tinham descontado aos seus clientes. São empréstimos de
curtíssimos prazos.
iii. As operações de mercado aberto ("open market "): a compra e venda de títulos
da dívida pública. O Banco Central vende ou compra títulos do Estado com o
propósito de alterar o volume de reservas dos bancos.
5.2 | Inflação
Numa economia de mercado, os preços dos bens e serviços podem sempre mudar.
Alguns preços sobem, outros descem. Fala-se de inflação quando se verifica um
aumento geral dos preços dos bens e serviços e não quando apenas os preços de
artigos específicos sobem. A inflação faz com que se compra menos com um euro: um
euro vale menos do que anteriormente.
A maioria dos países propõem-se como objetivo uma inflação anual à volta dos 2 a 3
por cento. Um teor baixo de inflação é benéfico para a economia, estimula o consumidor
a adquirir bens e serviços. Uma subida significa sobretudo que se tem de pagar mais
pelo mesmo produto.
Além disso uma inflação baixa torna mais interessante contrair um empréstimo porque
os juros também são baixos nos períodos de uma inflação baixa. Manter a inflação baixa
é um objetivo importante de governos e bancos centrais devido aos efeitos benéficos
para a economia.
No caso de uma inflação alta pode acontecer que a população perde a confiança na sua
unidade monetária e economia e esse país tornar-se assim menos interessante para
investidores estrangeiros. Uma alta da inflação faz-se geralmente acompanhar de
decrescimento económico. Quando a inflação sobe muito, o banco central do país
UFCD 4309 | Atividade Económica
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intervém, muitas vezes, subindo as suas taxas de juros e desmoralizando desse modo
o excesso de circulação de dinheiro.
O contrário de inflação é a deflação. Havendo deflação há uma descida do nível geral
de preços. Após algum tempo podem adquirir-se cada vez mais bens pela mesma
quantidade de dinheiro.
A deflação é inimiga do crescimento económico porque há a possibilidade de o
consumidor adiar a aquisição de bens por esperar que estes num futuro próximo se
tornem mais baratos. Nos períodos de deflação, os bancos centrais e governos baixam
as taxas de juros para estimular a economia.
Há vários tipos de inflação. Ela será cíclica se for a que tipicamente ocorre nos períodos
de expansão da economia, mas será histórica se for devida a uma dada conjuntura e,
portanto, puramente ocasional. Por outro lado, haverá hiperinflação se as subidas de
preços forem muito elevadas e inflação rastejante se forem pequenas.
Mesmo na inexistência de inflação, pode haver condições para o surgimento, mas não
ocorrer porque estão a ser tomadas medidas adequadas para a combater. Nestas
circunstâncias, diz-se que existe inflação fechada (ou contida).
A taxa de inflação anual da zona euro fixou-se nos 1,6% em dezembro de 2018. Em
fevereiro de 2019 baixou para 1,5% (Eurostat).
Existem três grandes causas da inflação:
i. A massa monetária em circulação: a inflação monetária é devida à massa
monetária em excesso em circulação na economia provocada por excessos de
criação de moeda. Quando o Estado investe em grandes obras públicas ou
aumenta os salários da função pública, haverá mais dinheiro no bolso das
pessoas que, assim, tenderão a consumir mais, o que leva a um aumento geral
dos preços.
ii. A procura: a existência de uma procura superior à oferta também faz elevar os
preços. Se a procura aumentar e a oferta (interna ou externa) não acompanhar
esse aumento, o nível de preços irá necessariamente subir. Na hipótese de
haver desemprego, há a possibilidade de a oferta conseguir acompanhar o
incremento da procura pelo integral aproveitamento da capacidade produtiva e,
como tal, de não haver aumento dos preços. No entanto, se houver pleno
emprego, a oferta será rígida e haverá inevitavelmente inflação. O pleno
emprego constitui, portanto, a barreira da inflação.
UFCD 4309 | Atividade Económica
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iii. Os custos: se os custos de produção aumentam e as empresas pretendem
manter as suas margens de lucro, os preços dos produtos finais terão
necessariamente que aumentar também. Isto é válido para um aumento de
qualquer custo, embora o caso mais frequente seja o de aumento dos custos
salariais. O preço do produto final só não aumentará, havendo aumentos
salariais, se a produtividade do fator trabalho também aumentar e na mesma
proporção.
5.3 | Emprego
Nas últimas décadas os governos têm procurado a contribuição da política monetária
para elevar o nível de atividade e de emprego da economia em curto prazo. Trata-se de
promover uma política monetária expansionista, o que pode ser feito utilizando-se vários
instrumentos:
 Aumentar as emissões de moeda, na exata medida das necessidades dos
agentes económicos, para não gerar inflação;
 Diminuir a taxa de fundos de reserva, ou seja, diminuir a percentagem dos
depósitos que os bancos comerciais devem reter à ordem do Banco Central, o
que permitirá elevar o crédito bancário;
 Recomprar títulos públicos no mercado, ou seja, "trocar papel por moeda", o que
elevará a quantidade de moeda disponível no mercado;
 Diminuir a regulamentação no mercado de crédito, principalmente nos limites
impostos aos prazos de empréstimos, ou no montante do crédito direto ao
consumidor etc.
Tais medidas causam impactos diretos sobre o nível de produto e rendimento da
economia. Quanto maior for a moeda em circulação e disponibilidade de crédito, menor
será a taxa de juro de mercado e maior será a procura de bens e serviços.
Por esta via, o aumento da procura agregada conduz ao aumento da procura de
emprego para fazer face ao maior nível de procura de bens e serviços.
Apesar de um desemprego em nível agregado, alguns setores ou ramos de atividade
podem estar operando à plena capacidade. Nesses setores, o estímulo ao aumento da
procura agregada, por meio de políticas monetárias ou fiscais expansionistas,
provocaria apenas aumento do nível de preços, e não da produção e emprego.
UFCD 4309 | Atividade Económica
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Contudo, é oportuno salientar que a expansão monetária embora possa levar ao
aumento temporário do PIB e do emprego, inevitavelmente levará ao aumento geral dos
preços, abrindo-se novo ciclo de desemprego.
Figura 4 - Taxa de desemprego
6 | Políticas económicas
Uma política económica visa modificar e melhorar um certo estado económico-social.
Em síntese estas políticas pretendem:
i. Garantir uma melhor afetação dos recursos disponíveis de forma a melhorar o
nível de qualidade de vida de todos os cidadãos.
ii. Regulamentar a atividade económica, de forma a evitar ou minimizar os efeitos
da ocorrência de desequilíbrios, como o caso do desemprego ou da inflação.
iii. Intervir na repartição do rendimento de forma a reduzir as desigualdades
económicas e sociais e garantir a justiça e a equidade social.
6.1 | Orçamental e fiscal
A política orçamental diz respeito à despesa pública e aos impostos.
UFCD 4309 | Atividade Económica
32
A despesa pública compreende as compras do Estado (estradas, tanques, salários da
função pública, etc.) e as transferências do Estado que ampliam os rendimentos de
determinados grupos (subsídio de desemprego e pensões dos reformados, etc.).
Os impostos afetam a globalidade da economia de dois modos. Por um lado,
influenciam o rendimento disponível das famílias, com impacto no consumo e na
poupança privada. Por outro lado, os impostos afetam os preços dos bens e dos fatores
de produção e, por isso, influenciam os incentivos dos consumidores e das empresas.
Em teoria, os recursos arrecadados pelos governos são revertidos para o bem comum,
para investimentos (tais como infraestrutura: estradas, portos e aeroportos) e custeio de
bens e serviços públicos, como saúde, segurança e educação. Mas não há vinculação
entre receitas de impostos e determinada finalidade - ao contrário do que ocorre com as
taxas e a contribuição de melhoria, cujas receitas são vinculadas à prestação de
determinado serviço ou realização de determinada obra. Embora a lei obrigue os
governos a destinarem parcelas mínimas da arrecadação a certos serviços públicos –
em especial de educação e saúde -, o pagamento de impostos não confere ao
contribuinte qualquer garantia de contrapartida.
A política fiscal é a política de receitas e despesas do governo. Envolve a definição e
a aplicação da carga tributária exercida sobre os agentes económicos, bem como a
definição dos gastos do governo, que tem como base os tributos captados.
Na prática traduz-se em o governo criar ou alterar a carga tributária com o objetivo de
acelerar ou frear o ritmo económico. A política fiscal de variação de impostos
normalmente traz os retornos desejáveis a curto prazo.
A política fiscal inclui a aplicação de taxas progressivas (paga mais quem mais recebe)
que se destinam a promover a justiça social. O Estado aplica esta política quando, por
exemplo, decide aumentar ou diminuir determinado imposto, podendo este incidir de
igual modo sobre todos os cidadãos ou incidir de uma forma progressiva de acordo
como os diferentes escalões de rendimento.
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7 | Produção de bens e serviços
7.1 | Bens – Noção e classificação
É considerado como bem tudo aquilo que é utilizado na satisfação direta ou indireta de
uma necessidade humana.
Os bens podem existir em quantidades ilimitadas, não sendo necessária dinheiro para
os obter (sol, ar, água do mar, etc.), sendo por isso designados por bens livres.
Por outro lado, existem bens que são limitados face às necessidades existentes ou que
não apresentam características necessárias à satisfação imediata das necessidades,
sendo por isso submetidos a processos de transformação para se tornarem aptos ao
consumo e à satisfação de necessidades. Assim, os bens escassos e resultantes de
processos de transformação são designados por bens económicos.
Os bens subdividem-se, em função do seu custo, em bens livres e bens económicos.
Os bens económicos podem ser classificados quanto à sua natureza, função, duração
ou relações que estabelecem entre si.
De acordo com a sua natureza física, os bens são materiais ou imateriais (serviços).
7.2 | Produção de bens, serviços e processo produtivo
Num sentido corrente, a produção designa a atividade económica que consiste em criar
bens e serviços. A produção aparece de início como resultado de um trabalho produzido
pelo homem.
UFCD 4309 | Atividade Económica
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Mas o economista reserva uma definição mais precisa para a noção de produção –
como o trabalho e o capital –, que as unidades produtivas utilizam em proporções
variáveis, criando assim nova riqueza na economia.
Há dois elementos distintos que permitem definir a produção. O facto de os bens
produzidos se transacionar num mercado e o facto de eles serem resultado de um
trabalho remunerado.
O INSEE1
e a Contabilidade Nacional dão a seguinte definição de produção: é a
“atividade economicamente, socialmente organizada, que consiste em criar bens e
serviços que se transacionam habitualmente no mercado, ou obtidos a partir de fatores
de produção (especialmente o trabalho e as máquinas igualmente transacionáveis no
mercado)”.
7.3 | Fatores de produção, noção e classificação
Fatores de produção são os bens necessários à realização de um dado produto final.
São os elementos que tornam possível a existência de produção. Os fatores de
produção são limitados e escassos, ou seja, não existem em quantidade suficiente para
produzir todos os bens desejados pela sociedade.
Classicamente, a teoria económica considera três fatores de produção: o capital, o
trabalho e os recursos naturais ou terra. Modernamente, somaram-se-lhes outros, como
a tecnologia, o conhecimento e a organização empresarial.
Para realizar a atividade produtiva, o Homem necessita de dispensar energia física e
intelectual (trabalho), de assegurar a utilização de diversas formas de riqueza na
obtenção de novas riquezas (capital), não esquecendo as matérias-primas (os recursos
naturais).
Existem fatores de produção fixos e variáveis. Os primeiros são aqueles cuja quantidade
utilizada não se pode alterar. Já no caso dos últimos, a sua utilização pode ser
livremente alterada. É esta distinção que define o importante conceito económico de
período de reação das empresas.
De facto, uma empresa pode reagir a alterações da procura do seu produto de duas
formas: adotando um comportamento de período curto (alterando as quantidades
1
Institut National de la Statistique et des Études Économiques
UFCD 4309 | Atividade Económica
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utilizadas de alguns fatores, mas mantendo as de outros) ou de período longo (se alterar
as quantidades de todos os fatores).
Logo, e por definição, a longo prazo, todos os fatores são variáveis (a empresa tem
tempo para alterar as suas quantidades, se assim o entender), enquanto que a curto
prazo coexistem fixos e variáveis (não existe a possibilidade anterior, já que o lapso de
tempo é demasiado pequeno para que tal seja conseguido).
Trabalho
Corresponde a todo esforço humano, físico ou mental, despendido na produção de bens
e serviços, como por exemplo, o serviço prestado de um médico, do operário da
construção civil, a supervisão de um gerente de banco, o trabalho de um agricultor no
campo.
Por outras palavras, é a capacidade do Homem desempenhar uma tarefa que se
concretiza na transformação de objetos de trabalho através da utilização de
determinados meios de trabalho. Em sentido lato, o trabalho é toda a atividade humana
que leva à produção de bens e serviços e pela qual se aufere uma remuneração.
O trabalho pode assumir diversas formas, tendo em conta as características das
funções desempenhadas no processo produtivo, consoante o tipo de esforço
predominantemente desenvolvido e a natureza das funções desempenhadas. Assim,
podemos distinguir:
 Trabalho direto: o trabalhador transforma as matérias-primas em produtos
acabados, utilizando para tal os meios de trabalho, está a realizar uma atividade
que exige o contacto direto com as matérias-primas e realiza-se, sobretudo, nas
oficinas e nos campos;
 Trabalho indireto: existem atividades que não exigem o contacto do trabalhador
com as matérias-primas, como acontece com a generalidade das atividades
comerciais, administrativas e de prestação de serviços;
 Trabalho não qualificado: para a execução deste trabalho não são requeridos
conhecimentos ou técnicas especiais. Por exemplo, o trabalho executado pelo
porteiro ou servente de pedreiro pode ser executado por qualquer indivíduo, não
exigindo para esse efeito qualquer qualificação ou preparação específica, são
trabalhos simples;
 Trabalho qualificado: para a sua execução são necessários conhecimentos
específicos. Por exemplo, o trabalho executado na indústria, serviços, etc., a
UFCD 4309 | Atividade Económica
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generalidade das tarefas que os indivíduos desempenham exige preparação
escolar ou profissional prévia;
 Trabalho físico: aquele em que predomina o esforço direto do Homem. No
entanto o Homem pode utilizar quer máquinas, quer ferramentas e utensílios. No
primeiro caso consideraremos que se trata de trabalho mecânico, como por
exemplo, o trabalho de um tratorista, de um serralheiro, mecânico, etc. No
segundo caso tratar-se-á de trabalho manual, como por exemplo, o trabalho de
um jardineiro ou de um pedreiro de construção civil;
 Trabalho intelectual: é aquele em que o esforço desenvolvido é
predominantemente intelectual. Teremos como exemplo, entre outros, o trabalho
dos médicos, dos advogados, dos professores, dos programadores, etc.
 Trabalho de execução: é aquele que consiste, em grande parte, na aplicação
de conhecimentos ou técnicas já adquiridas, como por exemplo, o trabalho do
empregado de escritório, do vendedor, etc.
 Trabalho de invenção: é o trabalho de carácter investigativo ou de pesquisa
nos vários domínios do saber, por exemplo, o trabalho do investigador científico,
etc.
 Trabalho de direção: é a atividade desenvolvida que consiste em orientar e
coordenar grupos de trabalhadores. Por exemplo, as atividades desenvolvidas
pelos gestores, pelos chefes de departamento, etc.
O fator trabalho num país corresponde ao conjunto da população em condições para
participar no processo produtivo. Este conjunto da população residente recebe o nome
de população ativa. Ao conjunto de indivíduos excluído por o conjunto acima
apresentado dá-se o nome de população inativa, ou seja, a parte da população que não
faz parte do processo produtivo.
A população ativa é constituída por todos os indivíduos com capacidade produtiva e
que, em simultâneo, apresentam idades inferiores aos 65 anos e iguais ou superiores
aos 15 anos de idade.
Nesta sequência, a taxa de atividade dá-nos a relação percentual entre a população
ativa e a população total anual.
Capital técnico
No sentido vulgar, o termo capital pode ser utilizado como sinónimo de património ou
riqueza, ou seja, um conjunto de bens que um indivíduo ou um grupo de indivíduos
possui.
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37
No entanto, em sentido económico, nem todo o património constitui capital. Com efeito,
o conceito económico de capital abrange apenas o conjunto de bens (riqueza) que são
utilizados na atividade produtiva, isto é, aqueles que se destinam à obtenção de novas
riquezas.
Assim, quando o património não é utilizado na atividade produtiva, ele constitui apenas
riqueza. Se por exemplo uma indústria adquire um andar para habitação própria, esta
será considerada riqueza ou património. No entanto, se o mesmo indivíduo adquirir um
andar para instalar os escritórios da sua empresa, então, neste caso, será considerado
capital.
São várias as aceções do termo capital. É constituído por tudo o que participa no
processo produtivo com exceção dos recursos naturais e do trabalho.
 Capital Circulante: Constituída por Meios de produção não duradouros
(matérias primas e matérias subsidiárias que desaparecem por que são
incorporadas nos produtos acabados).
 Capital Fixo: Constituída por Meios de produção duradouros utilizados várias
vezes e que permitem a realização do processo produtivo por vários períodos,
mas que sofrem um natural desgaste devido ao uso e ao clima. Ex: Edifícios e
equipamentos.
 Capital Humano: designa o conjunto das capacidades economicamente
produtivas de um individuo, nomeadamente a sua instrução e formação.
 Capital Natural: referente aos recursos naturais disponíveis e utilizados no
processo produtivo.
Recursos Naturais Renováveis
Os recursos naturais ou reservas naturais constituem a base sobre a qual se exercem
as atividades dos demais recursos, pois se encontram na origem de todo o processo de
produção.
Compreende todos recursos da natureza, como florestas, recursos minerais e hídricos,
energia solar, ventos, marés, a gravidade da Terra, que são utilizados na produção de
bens económicos.
7.4 | Emprego
Conceito: O emprego é uma ocupação, uma profissão ou um ofício remunerado. Dá-
se o nome de taxa de emprego à razão entre a população ocupada e a população
UFCD 4309 | Atividade Económica
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economicamente ativa (que está em condições de fazer parte do mercado laboral). O
índice mais habitual, porém, é a taxa de desemprego (a quantidade de desempregados
sobre a população economicamente ativa).
A taxa de emprego permite saber qual é a percentagem de trabalhadores que têm
efetivamente emprego. Por exemplo: se a taxa de emprego de um país for de 84%,
significa que 84 em cada 100 pessoas economicamente ativas têm emprego. As
restantes 16 pessoas, por sua vez, estão desocupadas ou paradas; a taxa de
desemprego do país seria, portanto de 16%.
Estas estatísticas nunca são precisas. Um sujeito pode fazer parte da população
economicamente ativa e não ter trabalho porque não anda à procura do mesmo ou
simplesmente porque não lhe interessa trabalhar. Esse indivíduo será considerado
como um desempregado apesar de talvez existir a oferta de trabalho suficiente para
fazer parte do mercado.
A taxa de emprego também pode estar associada à noção de pleno emprego, um
conceito económico que supõe que todas as pessoas em idade laboral produtiva que
desejam trabalhar têm emprego. A procura de trabalho é, portanto, igual à oferta, o que
se reflete numa taxa de emprego de 100% e uma taxa de desemprego de 0.
Ter um emprego não só constitui o principal recurso com que conta a maioria das
pessoas para suprir suas necessidades materiais como também lhes permite plena
integração social. Por isso, a maior parte dos países reconhece o direito ao trabalho
como um dos direitos fundamentais dos cidadãos.
Emprego é a função e a condição das pessoas que trabalham, em caráter temporário
ou permanente, em qualquer tipo de atividade econômica, remunerada ou não. As
possibilidades de emprego que os sistemas económicos podem oferecer em certo
período relacionam-se com a capacidade de produção da economia, com as políticas
de utilização dessa capacidade e com a tecnologia empregada na produção.
Os economistas clássicos entendiam que o estado de pleno emprego dos fatores de
produção (entre eles o trabalho) era normal, estando a economia sempre em equilíbrio.
John Stuart Mill dizia: "Se pudermos duplicar as forças produtoras de um país,
duplicaremos a oferta de bens em todos os mercados, mas ao mesmo tempo
duplicaremos o poder aquisitivo para esses bens." Dentro dessa linha de ideias, o
aparecimento de desempregados em certas épocas era explicado como a resultante de
um desajustamento temporário. O ajustamento (ocupação da força de trabalho
UFCD 4309 | Atividade Económica
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desempregada) ocorreria quando os trabalhadores decidissem aceitar voluntariamente
os salários mais baixos oferecidos pelos empresários
População ativa: diz respeito ao conjunto de habitantes de um determinado país que
se encontra a exercer uma profissão remunerada ou que procura emprego. É
constituída pelos empregados, desempregados e pessoas que se encontram a prestar
serviço militar.
Quando há desemprego, significa dizer que os recursos humanos disponíveis não
estão a ser bem utilizados, portanto, há uma falha de mercado na alocação destes
recursos. O mesmo acontece com o fenómeno da inflação.
O desemprego é considerado um dos problemas mais graves da sociedade atual.
Constitui um encargo para a sociedade e tende a provocar a subida dos preços uma
vez que os desempregados não contribuem para a produção mas continuam a
consumir.
Este facto torna os bens mais escassos e por consequência aumenta o seu valor de
troca. O desemprego facilita o surgimento do mercado negro de trabalho na medida em
que os desempregados apesar de subsidiados baixam os seus rendimentos e as
empresas pouco escrupulosas na ânsia de reduzir os seus encargos sociais aliciam os
desempregados a trabalhar em situação ilegal.
Os instrumentos das políticas de combate ao desemprego são de diversa ordem:
 Aumento da escolaridade e a sua adaptação às necessidades reais da economia
 A formação profissional contínua.
 Incentivo às empresas: concessão de subsídios, isenções fiscais, bonificações
bancárias, etc.
 Fomento de obras públicas.
 Diminuição da idade da reforma.
O Estado Português promove políticas ativas de empregabilidade através da
implementação de medidas de prevenção e ativação para desempregados e de inclusão
social.
As medidas de prevenção e ativação para desempregados visam:
 Fomentar a formação profissional dos jovens através de estágios profissionais.
 Fomentar a formação profissional dos jovens, através de estágios profissionais.
UFCD 4309 | Atividade Económica
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 Apoiar a criação do próprio emprego.
Paralelamente, têm vindo a ser implementadas medidas de promoção de aprendizagens
ao longo da vida com vista a combater o desemprego de longa duração e desemprego
tecnológico e medidas de combate à desigualdade de oportunidades de que as
mulheres são vítimas quanto ao acesso ao emprego e compatibilização com a vida do
lar.
7.5. Combinação dos fatores de produção
A combinação dos fatores produtivos é utilizada para encontrar um ponto de equilíbrio
entre as quantidades produzidas e as quantidades vendidas, pelo que, quando a
procura diminui também a produção terá de diminuir, para isso, ajustar-se-á os fatores
produtivos (eventualmente, dispensando trabalhadores, isto é, modificando uma das
variáveis dos fatores de produção), fazendo assim uma análise de curto prazo. Quando
se ajustam todas a variáveis de produção estamos a efetuar uma análise de longo prazo.
A relação técnica representativa da combinação dos fatores de produção – recursos
naturais, trabalho e capital – e o nível de produção designa-se por função de produção.
F = f (L,K,T)
F – Nível de produção (quantidade produzida de um bem)
L – Quantidade de trabalho utilizado no processo produtivo
K – Quantidade de capital utilizado no processo produtivo
T – Quantidade de recursos naturais utilizados no processo produtivo
Produtividade
Define-se produtividade como a relação entre uma certa medida de output e outra
medida de input. A produtividade é um indicador que ilustra a eficiência de um dado
sistema produtivo.
A produtividade, é assim, uma medida entre as entradas e as saídas, entre benefícios
e custos, entre eficácia e eficiência. Se entendermos por eficácia o “fazer as coisas
certas” e por eficiência “fazer as coisas bem”, entendermos a produtividade trata de
“fazer as coisas bem”.
UFCD 4309 | Atividade Económica
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O trabalho é a componente mais importante da produtividade, mas o seu melhor
desempenho está associado também á utilização de outros recursos do sistema
produtivo.
A produtividade do trabalho constitui a medida mais corrente da produtividade. E
verifica-se que para uma mesma intensidade de trabalho este indicador é tanto maior
quanto melhor a organização da empresa, quanto mais modernos os equipamentos,
quanto mais evoluídas as tecnologias utilizadas em toda a cadeia de valor.
A produtividade mede a eficiência da utilização da utilização dos fatores de produção.
Para o efeito podemos calcular a produtividade média dos fatores de produção em
termos físicos e monetários.
A produtividade total representa a produção média dos fatores de produção utilizados
no processo produtivo. Com o cálculo da produtividade total procura-se pôr em
evidência os resultados da intervenção de todos os fatores de produção, os resultados
médios da produção, ou seja, mede a eficácia de cada combinação dos fatores de
produção.
8 | Mercado e as leis da oferta e da procura
8.1 | Conceito de mercado
Em todas as cidades existe frequentemente um mercado, no qual se compram (se se
for cliente) e se vendem (se se for comerciante) produtos de consumo. Nesta aceção
primitiva, a palavra mercado diz respeito a um lugar determinado onde os agentes
económicos realizam as suas transações.
Na sua aceção económica não existe a conotação geográfica. Aqui o mercado
representa qualquer situação de encontro entre vendedores, os que oferecem, e os
consumidores, os que procuram. Deste encontro resultará a definição do preço e da
quantidade a transacionar do bem ou do serviço.
O mecanismo de mercado compatibiliza a oferta de um bem com a respetiva procura
através do preço. Em cada momento a quantidade de um certo bem que os
consumidores estão dispostos a comprar depende, em princípio, do preço pelo qual ele
pode ser adquirido, assim, quanto maior for o preço de um produto, menor será a
UFCD 4309 | Atividade Económica
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quantidade procurada e vice-versa. Quanto mais baixo for o preço de um produto, menor
será a quantidade oferecida desse produto no mercado e vice-versa.
O ponto de equilíbrio surge quando o preço torna compatíveis as vontades expressas
pelos consumidores e pelos produtores, pode-se dizer também que há um preço de
equilíbrio.
Quaisquer que sejam as razões que influenciam a procura e a oferta de um bem, o
mecanismo de mercado assegura, por sucessivas correções, o aquele equilíbrio. A
alteração por exemplo nos gostos dos consumidores provoca desequilíbrio.
O mecanismo de mercado depois atuará como corretor até que se obtém um novo
equilíbrio no mercado de certo bem. Deste modo, pode concluir-se que através das
flutuações de preços se estabelece, em cada momento, um equilíbrio entre a quantidade
oferecida e a quantidade procurada de um bem sujeito ao mecanismo de mercado.
O preço torna-se, portanto, o fator fundamental ao funcionamento de uma economia de
mercado sem que aconteçam, a longo prazo, distorções entre o que se pretende
consumir e o que se produz.
O papel do mercado não se limita à determinação do preço de equilíbrio. A atividade
económica nunca se interrompe, e os preços modificam-se sem cessar. A procura de
um produto superior à sua oferta não apenas provoca uma alta dos preços, mas também
um conjunto de fenómenos económicos interligados.
O “sinal” foi dado, os produtores irão produzir mais, talvez contratar mais trabalhadores
ou adquirir novas máquinas (na esperança de gastos mais elevados), isto é, investindo.
Este fenómeno terá repercussões noutros mercados (de capitais se a empresa pede
emprestado para financiar o investimento, e o mercado do emprego), e todo o sistema
económico altera-se.
A exclusiva regulação da atividade económica pelo mercado constitui uma certa forma
de conceber o funcionamento da economia. Esta é então considerada como um
conjunto de mercados que asseguram o correto funcionamento da economia, sem a
presença do Estado.
Existe economia de mercado ou sistema de livre iniciativa quando os agentes
económicos agem de forma livre, com pouca ou nenhuma intervenção dos governos
mediante tabelamento dos preços ou restrições à produção.
UFCD 4309 | Atividade Económica
43
É, portanto, um mercado idealizado, onde todas as ações económicas e individuais
respeitam a transferência de dinheiro, bens e serviços voluntariamente. Contudo, o
cumprimento de contratos voluntários é obrigatório. A propriedade privada é protegida
pela lei e ninguém pode ser forçado a trabalhar para terceiros.
Diferentemente do que ocorre na economia planificada ou economia de estado, onde
a produção económica é dirigida pelo Estado, na Economia de mercado a maior parte
da produção económica é gerada pela iniciativa privada. Indústria, comércio e prestação
de serviços são controlados por cidadãos particulares, ou seja, são empresas do setor
privado que detêm a maior parcela dos meios de produção.
Existem dois tipos de mercados: de concorrência perfeita e de concorrência imperfeita.
8.2 | Mercados de bens e serviços
A macroeconomia observa a economia por quatro mercados:
 Mercado de bens e serviços
 Mercado de trabalho
 Mercado monetário e de títulos
 Mercado de divisas
Através do mercado de bens e serviços tenta responder como se comporta o nível de
atividades através da análise de todos os bens produzidos pela economia durante um
determinado período de tempo e determina-se o chamado produto nacional. O preço
desses produtos representa uma média de todos os preços produzidos é o chamado
nível geral de preços.
As diferentes estruturas de mercado estão condicionadas por três variáveis principais:
número de firmas produtoras no mercado; diferenciação do produto; existência de
barreiras à entrada de novas empresas.
No mercado de bens e serviços, as formas e mercado, segundo essas três
características, são as seguintes: concorrência perfeita, monopólio, concorrência
monopolística (ou imperfeita) e oligopólio.
8.2.1 | Mercado de concorrência perfeita
Designa uma estrutura de mercado em que os vendedores e os compradores são
suficientemente numerosos para que nenhum deles possa exercer uma influência
UFCD 4309 | Atividade Económica
44
significativa sobre os preços. Só os mecanismos de mercado determinam o preço de
equilíbrio que se impõem a todos.
Existe liberdade de entrada no mercado, ou seja, uma empresa que queira produzir um
bem poderá fazê-lo mesmo que outras empresas já o façam.
Existe livre concorrência entre os produtores e os consumidores pois nenhuma das
empresas pode impor quaisquer condições de venda ao consumidor e livre concorrência
do lado dos consumidores pelo que nenhum pode mudar o preço do produto das
unidades de produção, o preço dos bens depende do livre jogo da oferta e da procura
no mercado, o Estado também não pode alterar os preços ou qualquer outra entidade
do mesmo género.
Outra característica deste tipo de mercado é a transparência: os produtores deverão
poder conhecer os ramos e sectores da atividade económica mais lucrativos para
poderem mobilizar os fatores de produção para essas atividades. A informação dos
agentes económicos, em particular acerca da qualidade dos produtos é total.
A mobilidade dos fatores de produção: o mecanismo de mercado pressupõe a fácil
reconversão e deslocalização dos fatores produtivos, capital e força de trabalho, para
os sectores que mais oportunidades lucrativas ofereçam aos produtores.
A concorrência é pura quando existe atomicidade (os compradores e os vendedores
são numerosos, ao ponto de não poderem por si só influenciar os preços), existência de
muitos produtores a oferecer o produto e de muitos consumidores a procurá-lo, não se
verificando, deste modo, a possibilidade de um só agente económico provocar
alterações significativas no mercado.
Ainda a homogeneidade dos produtos transacionados (são idênticos e substituíveis
entre si – permitem satisfazer as mesmas necessidades) e verifica-se o princípio da livre
entrada no mercado, ou seja, não existe nenhum entrave ou barreira à entrada de novas
empresas no mercado.
Em conclusão, as empresas, ao concorrerem entre si, provocam a descida do preço dos
produtos e a melhoria da sua qualidade, dado que são obrigadas a inovar os seus
processos de fabrico, no sentido de diminuir os custos de produção. Nesta situação, o
consumidor beneficia da concorrência entre as empresas, pois pode comprar bens a um
preço mais baixo e de melhor qualidade.
UFCD 4309 | Atividade Económica
45
Quando pelo menos uma dentre elas não se verificar, a concorrência é considerada
imperfeita.
8.2.2 | Mercado de concorrência imperfeita
O monopólio e o oligopólio são as duas principais formas de concorrência imperfeita.
Mercado monopolístico: existem muitas unidades de produção pequenas, mas que
produzem bens não homogéneos. Sempre que existe alguma alteração do produto,
dando a cada produtor um certo poder para fixar o preço do seu bem existe uma
concorrência monopolística. Marcas, modelos, embalagens, conteúdo, preços.
Quando um só vendedor propõe um certo produto, trata-se de um monopólio (o
monopólio é bilateral se houver também um único comprador). Uma empresa que é
única no mercado pode fixar ela própria o seu preço.
Este preço é superior àquele que resultaria da livre concorrência no seu próprio
mercado, mas não pode subir sem limite. Com efeito, existe um limite para o poder de
monopólio: a procura do consumidor, que baixará se o preço aumentar.
A existência de monopólios explica-se pela presença de custos fixos elevados
(infraestruturas dispendiosas, despesas de investigação exorbitantes) e por imposição
do Estado mediante a restrição do número de licenças concedidas (telecomunicações,
fornecedores de energia) e outras barreiras legais.
Mercado de oligopólio: nestes mercados existem poucas unidades de grande
dimensão a produzir o mesmo produto (RTP, SIC e TVI, Galp e Repsol, Boing e Airbus).
Neste caso, o preço é acordado entre as várias unidades produtoras que se dividem
entre regiões e clientes.
Cada vendedor pode influenciar o preço e cada um deles decide tendo em conta o que
farão os outros. Para evitar conflitos, as empresas em situação oligopolística procuram
entender-se (cartel). Estes acordos, contudo, são ilícitos e interditos pela política da
concorrência.
Tipos de mercado e poder sobre a fixação dos preços: na concorrência perfeita os
preços resultam da interação entre a oferta e a procura- a empresa não tem poder para
afixar os preços).
UFCD 4309 | Atividade Económica
46
Na concorrência imperfeita os preços dependem do poder que a empresa tiver no
mercado. No mercado de concorrência monopolística o consumidor tem pouco poder, e
o monopólio total poder. Oligopólio, algum poder.
8.3 | Mercados de trabalho
Segundo a Teoria do Capital humano, o progresso é alavancado pelo investimento em
pessoas, representado pelo conjunto de competências que as pessoas adquirem
através da educação, formação e da própria experiência profissional. A ideia central é
de que investimento em educação é o grande instrumento que dar oportunidade de
mobilidade ocupacional, e consequentemente, de aumento salarial.
Em contraponto, a Teoria da Segmentação, ao invés de dar ênfase ao papel da
educação na explicação dos diferenciais de salários, desloca o foco da questão para o
local onde o salário dos trabalhadores é gerado: o mercado de trabalho. A existência da
descontinuidade é conhecida como segmentação do mercado de trabalho.
O mercado de trabalho representa uma agregação de todos os tipos de trabalhos
existentes na economia. Neste mercado, determinamos como se estabelece a taxa
salarial e o nível de emprego.
Fundamentalmente, o mercado de trabalho é segmentado por ação das empresas e
pelas suas estratégias, existindo um dualismo de mercado, a saber:
• Um mercado mais propício à qualidade do emprego, estabilização e
formação dos seus trabalhadores, oferecendo boas condições de
trabalho e possibilidades de desenvolvimento de carreira, que
corresponde muitas vezes ao núcleo duro das empresas – mercado ou
sector primário.
• Um outro tipo de mercado, o mercado secundário onde as possibilidades
de qualidade do emprego são menores e onde as formas de inserção são
caracterizadas por uma maior mobilidade externa.
No mercado primário, a determinação dos salários não depende tanto da produtividade
dos trabalhadores como de certos “procedimentos habituais” das firmas do sector que,
em geral, servem dois propósitos: de um lado, os trabalhadores estão protegidos contra
a insegurança e, de outro, os empregadores compram uma certa quantidade de
proteção contra greves, interrupções do processo produtivo, bem como uma espécie de
lealdade dos trabalhadores para com a empresa empregadora.
UFCD 4309 | Atividade Económica
47
No mercado secundário, os salários relativamente baixos desestimulam a adoção de
técnicas poupadoras de mão-de-obra, há estagnação tecnológica, baixa produtividade
e mercados estagnados.
Portanto, a tendência dos salários no primário é de crescerem, enquanto no secundário
é de permaneceram estagnados.
Componentes do mercado de trabalho
O mercado de trabalho é a relação entre a oferta e a procura de trabalho. A oferta de
trabalho representa a procura de emprego, por seu lado, a procura de trabalho constitui
a oferta de emprego.
O mercado de trabalho existente num determinado país compõe-se pelo conjunto de
indivíduos economicamente ativos, empregados ou não, cujo valor profissional está
sujeito à lei da oferta e da procura, com base nas suas qualificações (experiência
profissional, habilitações literárias, conhecimentos técnicos, características pessoais,
etc.).
No entanto, existem outros fatores que, não dependendo diretamente do indivíduo,
afetam o seu valor profissional e as suas possibilidades perante o mercado de trabalho,
tais como as novas formas de trabalho, as necessidades das empresas em matéria de
recursos humanos ou o excesso de mão-de-obra qualificada em algumas áreas
profissionais ou de formação.
8.4 | Mercados financeiros
Existem três grandes tipos de mercados financeiros: o mercado monetário (financeiro a
curto prazo), o mercado de capitais (que se distingue em relação ao primeiro quanto
aos prazos de vencimento, já que este é de longo prazo) e, por último, o mercado
cambial (onde se confrontam a procura e a oferta de divisas).
No mercado monetário, vocacionado para aplicações de excedentes de tesouraria e
para o financiamento de ruturas financeiras de curto prazo, transacionam-se títulos com
um prazo de vencimento até um ano. O principal segmento do mercado monetário são
os mercados interbancários, onde participam o Banco de Portugal e outras instituições
de crédito. Estes mercados são constituídos por:
UFCD 4309 | Atividade Económica
48
• Mercado Monetário Interbancário (MMI), em que instituições financeiras
cedem liquidez entre si por períodos de tempo variáveis. Não há
emissões de títulos;
• Mercado de Operações de Intervenção, onde o Banco de Portugal e as
instituições financeiras transacionam títulos para levar a cabo a política
monetária previamente definida pelas autoridades monetárias: massa
monetária em circulação e taxas de juro.
Por seu lado, no mercado de capitais têm lugar operações sobre títulos cujo prazo de
vencimento é superior a um ano. Este mercado encontra-se vocacionado para
financiamentos e investimentos de médio e longo prazo, através da emissão de títulos
mobiliários, como ações, obrigações, títulos de participação, etc.
O mercado de capitais tem importantes funções económicas, das quais se destacam a
mobilização das poupanças dos particulares e das empresas e o alargamento do leque
de opções de financiamento dos investimentos produtivos das empresas.
O mercado de capitais subdivide-se em mercado primário (onde são colocadas as novas
emissões de títulos) e secundário (onde se transacionam títulos emitidos e subscritos
em períodos anteriores, dando assim liquidez ao mercado primário). A este último (onde
se recompram e revendem os novos títulos) chama-se habitualmente Bolsa de Valores.
Por fim, no mercado cambial (ou de câmbios) confronta-se a procura e a oferta de
divisas (moeda estrangeira). A taxa de câmbio é o preço de uma moeda expresso em
unidades de outra moeda.
8.5 | Procura individual e procura agregada
A procura de um determinado produto é definida como o agregado ou conjunto das
intenções de aquisição desse produto por parte dos consumidores.
A lei da procura relaciona a quantidade procurada de um produto com o respetivo preço,
e pode ser enunciada da seguinte forma: a quantidade procurada de um bem aumenta
quando o preço desce, e desce quando o preço aumenta.
Para cada bem existe uma procura individual e uma procura agregada. A procura
individual é a quantidade desse bem que um consumidor está disposto a adquirir a um
determinado preço.
A procura agregada (ou global) é a soma de todas as procuras individuais.
UFCD 4309 | Atividade Económica
49
Ex: A quantidade procurada pelo mercado não depende só dos preços da cerveja
sagres, mas dos preços de outras marcas de cerveja, das cervejas sem álcool, do
rendimento e das preferências dos consumidores.
Não se confunde procura com aquisição. A procura traduz apenas as intenções de
aquisição. Para um dado preço existe uma quantidade procurada, mas essa procura só
se traduzirá em aquisições se existir quantidade suficiente de bens no mercado,
equivalente ou superior à quantidade procurada. No caso de não existirem bens em
quantidade suficiente, parte da procura ficará por satisfazer.
Este comportamento da quantidade procurada, variando inversamente ao preço, é
bastante intuitivo: podemos aceitar com facilidade que o aumento do preço de um
produto se traduza numa diminuição da procura desse produto. Este comportamento
dos consumidores pode ser explicado tanto pelo "efeito rendimento" como pelo "efeito
substituição".
8.6 | Concorrência e o preço de equilíbrio
Para que se verifique a concorrência perfeita deve ser preenchido um conjunto de
condições, sendo as principais as seguintes:
• Atomização do mercado, ou seja, que exista um grande número de
consumidores e um grande número de produtores, e que nenhum deles
tenha dimensão suficiente para influenciar o mercado;
• Transparência do mercado, no sentido de que todos os consumidores
e todos os produtores devem ter um conhecimento perfeito de todos os
preços; é por este motivo que a legislação obriga à afixação dos preços
dos produtos, nas montras dos estabelecimentos, nas bancas do peixe,
etc.
• Mobilidade dos fatores de produção; o mecanismo de mercado
pressupõe a fácil reconversão e deslocalização dos fatores produtivos,
capital e força de trabalho, para os setores que mais oportunidades
lucrativas ofereçam aos produtores.
• Homogeneidade dos produtos; no caso de não existir homogeneidade,
ou seja, no caso dos produtos serem diferenciados, o funcionamento do
mercado aproxima-se duma situação de monopólio, onde cada produtor
tende a ser o "monopolista" do seu próprio produto.
UFCD 4309 | Atividade Económica
50
Um exemplo desta diferenciação, ou falta de homogeneidade, encontra-se nas calças
de ganga (jeans) que, embora basicamente semelhantes, são objeto de diferenciação
por meio de características secundárias ou da "marca", permitindo a existência de
preços muito diferenciados e impedindo que haja uma concorrência perfeita; esta
tendência para a diferenciação mais ou menos artificial dos produtos é uma
característica das economias modernas.
Quando se verificam condições de concorrência perfeita, o preço de mercado tende a
situar-se no ponto onde a oferta é igual à procura. Este preço toma a designação de
preço de equilíbrio.
Conforme podemos ver na figura seguinte, o preço de equilíbrio corresponde ao ponto
onde a curva da procura se cruza com a curva da oferta:
Equilíbrio significa estabilidade, e o preço de equilíbrio representa, de facto, um ponto
de estabilidade do mercado.
Poderemos compreender melhor este conceito de estabilidade se procurarmos saber o
que é que se passa se o preço de mercado (aquele que efetivamente ocorre no mercado
num dado momento) não for um preço de equilíbrio.
UFCD 4309 | Atividade Económica
51
Vejamos o caso da figura seguinte, onde o preço P1 se encontra acima do preço de
equilíbrio. Para este preço não existe igualdade entre oferta e procura. O que acontece
é que a oferta é superior à procura.
E o motivo é fácil de compreender: a um preço mais elevado, os produtores estão
dispostos a vender mais, mas os consumidores estão dispostos a comprar menos.
Nesta situação de oferta superior à procura vão ficar muitos bens para vender pelo que
se trata de uma situação insustentável. O resultado é que o preço tenderá a descer para
o ponto de equilíbrio.
Equilíbrio significa estabilidade, e o preço de equilíbrio representa, de facto, um ponto
de estabilidade do mercado.
Poderemos compreender melhor este conceito de estabilidade se procurarmos saber o
que é que se passa se o preço de mercado (aquele que efetivamente ocorre no mercado
num dado momento) não for um preço de equilíbrio.
Vejamos o caso da figura seguinte, onde o preço P1 se encontra acima do preço de
equilíbrio. Para este preço não existe igualdade entre oferta e procura. O que acontece
é que a oferta é superior à procura.
E o motivo é fácil de compreender: a um preço mais elevado, os produtores estão
dispostos a vender mais, mas os consumidores estão dispostos a comprar menos.
Nesta situação de oferta superior à procura vão ficar muitos bens para vender pelo que
se trata de uma situação insustentável. O resultado é que o preço tenderá a descer para
o ponto de equilíbrio.
UFCD 4309 | Atividade Económica
52
Vejamos agora a hipótese do preço de mercado se situar abaixo do preço de equilíbrio,
situação representada na figura seguinte.
Neste caso a procura é superior à oferta, precisamente porque o preço é aliciante para
os consumidores, mas indesejável para os produtores. Trata-se de uma situação
insustentável, porque rapidamente os produtos se esgotarão no mercado. O preço
tenderá agora a subir para o ponto de equilíbrio.
Contudo o preço de equilíbrio não é sempre o mesmo: ele pode modificar-se em
resposta a deslocações das curvas da oferta e da procura, deslocações cujas causas já
analisámos noutra parte deste capítulo.
Vejamos o caso da figura seguinte, em que a curva da oferta sofre uma deslocação de
para a direita, de S para S1. Isto determina a fixação de um novo preço de equilíbrio,
P1, que se situa abaixo do preço de equilíbrio anterior.
UFCD 4309 | Atividade Económica
53
Se a curva da oferta se deslocar para a esquerda, o novo preço de equilíbrio estará
acima do anterior, conforme se pode ver na figura seguinte, onde a curva da oferta se
desloca de S para S2.
Vejamos agora o que acontece com as deslocações da curva da procura. A deslocação
da curva da procura para a direita, de D para D1, representada na figura seguinte,
traduz-se por uma subida do preço de equilíbrio.
UFCD 4309 | Atividade Económica
54
No caso da curva da procura se deslocar para a esquerda, de D para D2, o resultado
será a descida do preço de equilíbrio, conforme se pode ver na figura seguinte.
Bibliografia
Gomes, Rita; Silva, Fernando, Economia – Módulos 1 a 4, Manual nível 3 - Ensino
UFCD 4309 | Atividade Económica
55
profissional, Porto Editora, 2010
Neves, João César, O meu livro de economia, Texto Editores, 2009
Sites Consultados
Banco Central Europeu
http://www.ecb.europa.eu
Universidade Aberta
Apontamentos “Introdução à Economia”
http://sebentaua.blogspot.pt/

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Atividade Económica: Introdução à Ciência Econômica

  • 2. UFCD 4309 | Atividade Económica 2 Índice 1 | Introdução ..........................................................................................................4 2 | Introdução à Ciência Económica ..........................................................................6 2.1 | Atividade económica ...............................................................................................6 2.1.1 | Agentes económicos............................................................................................................9 2.1.2 | Circuitos económicos.........................................................................................................12 3 | Bens e serviços..................................................................................................14 3.1 | Noção e classificação .............................................................................................14 3.2 | Produção e processo produtivo..............................................................................17 3.3 | Sectores de atividade económica ...........................................................................17 4 | O mercado ........................................................................................................19 4.1 | Oferta e procura ....................................................................................................19 5 | Política Monetária ............................................................................................23 5.1 | EURO e Banco Central Europeu ..............................................................................24 5.2 | Inflação .................................................................................................................28 5.3 | Emprego................................................................................................................30 6 | Políticas económicas .........................................................................................31 6.1 | Orçamental e fiscal ................................................................................................31 7 | Produção de bens e serviços ..............................................................................33 7.1 | Bens – Noção e classificação...................................................................................33 7.2 | Produção de bens, serviços e processo produtivo ...................................................33 7.3 | Fatores de produção, noção e classificação.............................................................34 7.4 | Emprego................................................................................................................37 7.5. Combinação dos fatores de produção ......................................................................40 8 | Mercado e as leis da oferta e da procura ...........................................................41
  • 3. UFCD 4309 | Atividade Económica 3 8.1 | Conceito de mercado .............................................................................................41 8.2 | Mercados de bens e serviços..................................................................................43 8.2.1 | Mercado de concorrência perfeita ....................................................................................43 8.2.2 | Mercado de concorrência imperfeita ................................................................................45 8.3 | Mercados de trabalho ......................................................................................46 8.4 | Mercados financeiros .......................................................................................47 8.5 | Procura individual e procura agregada..............................................................48 8.6 | Concorrência e o preço de equilíbrio.................................................................49 Bibliografia ............................................................................................................54
  • 4. UFCD 4309 | Atividade Económica 4 1 | Introdução Âmbito do manual O presente manual foi concebido como instrumento de apoio ao módulo nº 4309 – Atividade económica, de acordo com o Catálogo Nacional de Qualificações. Objetivos  Identificar o circuito económico e as funções dos vários agentes económicos.  Relacionar o conceito económico de mercado e a formação dos preços em economia aberta.  Relacionar o conceito de inflação, o seu cálculo e a sua relação com o nível de vida e o emprego. Conteúdos programáticos  Introdução à Ciência Económica  Atividade económica o Agentes económicos o Circuitos económicos  Bens e serviços o Noção e classificação o Produção e processo produtivo o Setores de atividade económica  O mercado o Oferta e procura  Política Monetária o Euro e Banco Central Europeu o Inflação o Emprego  Políticas económicas o Orçamental e fiscal  Produção de bens e serviços o Bens – noção e classificação o Produção de bens, serviços e processo produtivo o Fatores de produção, noção e classificação o Emprego o Combinação dos fatores de produção
  • 5. UFCD 4309 | Atividade Económica 5  Mercado e as leis da oferta e da procura o Conceito de mercado o Mercados de bens e serviços o Mercados de trabalho o Mercados financeiros o Procura individual e procura agregada o Concorrência e o preço de equilíbrio
  • 6. UFCD 4309 | Atividade Económica 6 2 | Introdução à Ciência Económica 2.1 | Atividade económica Conceito: a atividade económica é o sistema consolidado de ações humanas relacionadas com a produção, distribuição, troca e consumo de bens e serviços de um país ou outra área. Traduz-se no conjunto de operações que visam a produção de bens e serviços suscetíveis de satisfazer as necessidades humanas com o objetivo final de produzir os bens e serviços pretendidos pela população. A medida mais abrangente do produto total de uma economia é o produto interno bruto (PIB). O PIB é a quantificação do valor de todos os bens e serviços finais produzidos num país durante determinado período de tempo, normalmente 1 ano. A atividade económica divide-se em 3 atividades, a saber:  A produção: a produção é a atividade onde os produtos são gerados através de processos de transformação, como é o caso das matérias-primas, que depois de transformadas dão origem a produtos acabados, prontos a ser comercializados.  A distribuição: engloba duas atividades. Os bens por um lado têm de ser transportados desde o produtor até ao utilizador, que poderá ser o consumidor final ou um outro agente que os possa usar como intermédios no processo de fabrico de outros bens. O comércio permite que os bens sejam colocados à disposição dos consumidores de forma prática e conveniente.  A repartição de rendimentos: a venda dos bens gera rendimentos que são distribuídos por todos os agentes participantes na atividade económica e revela o contributo de cada um no processo produtivo. Cada interveniente obtém os rendimentos de acordo com a sua participação na atividade económica:  Os trabalhadores são remunerados através dos salários.  Os empresários recebem lucros.  Os detentores do capital auferem juros.
  • 7. UFCD 4309 | Atividade Económica 7 A utilização de rendimentos: os rendimentos distribuídos pelos agentes que participam na atividade económica podem ter dois destinos: o consumo ou a poupança.  O consumo consiste na utilização imediata de um rendimento na aquisição de bens e serviços de modo a permitir a satisfação das necessidades imediatas.  A poupança é a utilização do rendimento diferido no tempo, ou seja, quando os agentes renunciam à possibilidade de o utilizar no momento presente para poderem consumir no futuro. A atividade económica gera riqueza através da extração, transformação e distribuição de recursos naturais, bens e serviços, tendo como objetivo satisfazer as necessidades humanas. É inseparável da evolução tecnológica, da história da civilização, da organização social, da geografia e da ecologia do planeta Terra. O problema económico Embora toda a realidade pode ser encarada de um ponto de vista económico, nem toda a realidade tem um problema económico. Só existe um problema económico quando existe a necessidade de tomar uma decisão, e esta só aparece quando existe escassez e escolha. A escassez consiste na impossibilidade de os bens disponíveis satisfazerem as necessidades presentes. A principal razão que causa a escassez é a existência de necessidades humanas ilimitadas. É importante notar que a escassez e a escolha estão ligadas. É a escassez que gera alternativas. Se não houvesse escassez era possível ter todas as alternativas e, se se pudesse ter todas as alternativas, não teria de haver uma escolha. Daí a razão de haver escolha reside na escassez, ou seja, o facto de não ser possível produzir tudo o que se deseja. Se é preciso escolher, isso significa que para satisfazer uma necessidade é preciso sacrificar uma outra, ou seja, existe um custo. Encontramo-nos perante uma situação contraditória: de um lado, a multiplicidade das nossas necessidades, que são ilimitadas; do outro, a escassez dos recursos capazes de as satisfazer. É aqui que reside o problema fundamental da economia. Assim, a racionalidade económica consiste na gestão eficaz dos recursos de modo a obter-se o máximo benefício. O custo de oportunidade
  • 8. UFCD 4309 | Atividade Económica 8 A economia pode ser definida como a ciência da escolha entre recursos limitados. Assim, o custo da alternativa representa aquilo que tem de ser sacrificado para se obter um bem ou benefício. Representa o valor da melhor alternativa que é sacrificada em proveito de outra atividade. Exemplo: ao comprar um carro, o custo de oportunidade é ter o dinheiro no banco ou fazer uma viagem. Tipos Os tipos ou setores da atividade económica correspondem a uma divisão das atividades económicas de cada país, de acordo com a essência da tarefa em questão. Estão no mesmo setor instituições que produzam bens ou prestem serviços de uma mesma classe. Tradicionalmente divide-se a economia de cada país em três setores:  Primário - compreende as atividades ligadas à natureza: agricultura, silvicultura, pescas, pecuária, caça ou indústrias extrativas;  Secundário - engloba as atividades industriais transformadoras, a construção, a produção de energia;  Terciário (ou dos serviços) - engloba o comércio, o turismo, os transportes e as atividades financeiras. Vários autores propõem a individualização do ensino e da investigação do sector terciário, formando estas duas atividades o setor quaternário. No entanto, esta metodologia não tem sido grandemente seguida. Existe uma relação entre o nível de desenvolvimento de um país e a distribuição da sua população ativa pelos três setores. Quanto maior for a população ativa a trabalhar no setor primário, mais atrasado economicamente deverá ser o país. À medida que ele se vai desenvolvendo, a sua população vai sendo transferida para os setores industrial e de serviços.
  • 9. UFCD 4309 | Atividade Económica 9 2.1.1 | Agentes económicos A sociedade é constituída por uma multiplicidade de agentes económicos. Cada agente económico corresponde a uma série de indivíduos, entidades e/ou instituições para os quais é possível reconhecer uma certa homogeneidade de comportamentos. Os agentes económicos são indivíduos, instituições ou conjunto de instituições que, através das suas decisões e ações, tomadas racionalmente, influenciam de alguma forma a economia. O primeiro agente económico a considerar é o agente famílias que podem ser encaradas como o agente económico mais elementar, no sentido em que será a entidade normalmente de menor dimensão a partilhar um mesmo orçamento; à partida, em qualquer família há um conjunto de receitas e despesas que é gerido em conjunto e cuja gestão tem impacto sobre o bem-estar da família no seu todo. Às famílias é normalmente atribuído um duplo papel no sistema económico: a elas cabe fornecer a força de trabalho que permitirá produzir bens e serviços; além disso, é o agente a quem está associada a noção de consumo. As famílias consomem bens e serviços para satisfazer necessidades. O consumo realizado pelas famílias designa-se consumo final, no sentido em que se opõe ao consumo intermédio; este não tem por fim satisfazer diretamente necessidades, consistindo sim na utilização de determinados bens e serviços para produzir bens e serviços adicionais. Outro grupo com homogeneidade de comportamentos que podemos identificar na economia é o agente empresas. As empresas são unidades institucionais cuja principal função económica é a produção de bens e serviços comercializáveis, isto é, bens ou serviços que podem ser transacionados nos mercados. É também considerado agente económico o Estado, que tem por missão a provisão de bens e serviços não comercializáveis, ou seja, bens e serviços que não são passíveis de serem objeto de transação nos mercados e que, normalmente, satisfazem necessidades coletivas. Cabe também ao Estado contribuir para a justiça social por via de políticas de redistribuição de rendimento. É ainda de salientar a particularidade de grande parte das receitas do Estado serem fruto não da sua atividade produtiva, mas de contribuições obrigatórias por parte de quem gera rendimento, ou seja, de impostos.
  • 10. UFCD 4309 | Atividade Económica 10 Por fim, pelo papel particular que desempenha no sistema económico, faz sentido considerar como agente económico as instituições financeiras (bancos, seguradoras, outras instituições de crédito). Estas funcionam como intermediários entre quem poupa (as famílias) e quem necessita de recursos financeiros para financiar a atividade produtiva (as empresas). É relevante salientar que em termos de linguagem macroeconómica é clara a separação entre os termos poupança e investimento – a poupança é realizada pelas famílias (corresponde à parcela do seu rendimento disponível que não é dirigida a consumo no momento presente) e o investimento é concretizado pelas empresas (será a aplicação de recursos financeiros que lhes permite aumentar o seu capital, ou seja, os seus meios de produção). Há a possibilidade de se considerar um quinto agente económico, que seria o exterior ou o resto do mundo. Como normalmente a contabilização da atividade económica se faz para um espaço geográfico restrito (um país), a análise macroeconómica só fica completa quando consideramos também as relações comerciais e financeiras que os agentes económicos de um país estabelecem com os agentes económicos de outros países. Deste modo, o resto do mundo não será bem um agente económico, mas antes uma forma agregada de considerar todos os agentes económicos residentes em todas as localizações com as quais a economia doméstica estabelece relações. Os agentes económicos são classificados de acordo com o critério funcional que se baseia nas principais funções exercidas pelos agentes económicos na atividade económica. Funções Famílias:  Consumo: utilização de bens e serviços na satisfação de necessidades.  Poupança: parte do rendimento que não é utilizada no consumo. Empresas:  Repartição dos rendimentos: distribuição das mais-valias geradas durante o processo produtivo pelos diversos intervenientes nessa atividade, conforme a sua participação no processo.
  • 11. UFCD 4309 | Atividade Económica 11  Produção: processo através do qual se obtém os bens e serviços.  Distribuição: conjunto das operações que permitem encaminhar um produto da fase final da fabricação para a fase do consumidor ou do utilizador. Estado:  Satisfação das necessidades coletivas da população (produção de B&S).  Redistribuição dos rendimentos: ação que consiste em tornar possuidor de um rendimento um determinado número de indivíduos que pela sua atividade ou qualificação não o teria recebido espontaneamente (minimizar as desigualdades económicas e sociais). Resto do mundo:  Conjunto dos agentes económicos não residentes que estabelecem relações económicas com residentes. Cada um dos agentes económicos utiliza os rendimentos recebidos para efetuar os seus consumos ou constituindo uma poupança. Os agentes económicos podem ser divididos em duas categorias, os micro-sujeitos, unidades individuais de produção (empresa) ou de consumo (individuo/família), e os macro-sujeitos que agregam todas as unidades individuais que exercem a mesma função, no âmbito da atividade económica. Nesta situação, quando falamos em Famílias ou em Empresas, queremos referir o conjunto de todas as famílias e de todas as empresas de determinado país ou região. À economia interessa o comportamento dos macro-sujeitos. Os agentes económicos são as Famílias, cuja principal função na atividade económica é de consumir, as Empresas cuja função principal é a produção de bens e serviços não financeiros, as Instituições Financeiras que prestam serviços financeiros, como o financiamento aos que pretendem produzir, adquirir algo e não o conseguem suportar por si, onde depositamos as nossas poupanças, a Administração Pública (Estado), que garante a satisfação das necessidades coletivas da população e o Resto do Mundo (Exterior) com os quais trocamos bens, serviços e capitais, pois nenhum país sobrevive sozinho, estabelecendo-se relações com os restantes países.
  • 12. UFCD 4309 | Atividade Económica 12 2.1.2 | Circuitos económicos Os agentes económicos encontram-se em permanente interação. É a esta interação que corresponde o funcionamento do sistema económico. Uma forma simplificada de representar as relações entre agentes é aquela que é conseguida através de um esquema que se designa por circuito económico. O circuito económico representa a atividade económica e a forma como se estabelecem as relações entre os agentes económicos. De acordo com as funções descritas para cada um dos agentes económicos é possível representar cada par de relações através de um circuito económico do mesmo tipo. Por uma questão de simplificação, considere-se apenas o circuito que se estabelece entre famílias e empresas (Fig. 1). De acordo com as funções descritas para cada um dos agentes económicos, é possível representar cada par de relações através de um circuito económico do mesmo tipo. Figura 1- Circuito económico No esquema encontramos dois tipos de linhas. As linhas a cheio representam fluxos reais, ou seja, quantidades concretas de bens e/ou serviços que são fornecidas por um agente económico a outro. No caso em apreço, as famílias fornecem o serviço ‘trabalho’ às empresas, e estas por sua vez facultam às famílias os bens e serviços com que elas satisfazem as suas necessidades.
  • 13. UFCD 4309 | Atividade Económica 13 As linhas a tracejado correspondem a fluxos monetários, os quais respeitam às contrapartidas face aos fluxos reais. Todo o bem ou serviço que é facultado por um agente económico a outro requer um pagamento da parte de quem recebe o bem ou serviço a quem o disponibiliza; deste modo, num circuito económico como o representado, a um fluxo real vai sempre corresponder um fluxo monetário de sentido contrário. Na prática, a informação fundamental que o circuito económico transmite é que as relações entre agentes económicos não são, na economia complexa em que hoje vivemos, passíveis de serem executadas por troca direta, de modo que encontramos normalmente nas transações uma contrapartida financeira. Eliminar os fluxos monetários do circuito económico significaria estabelecer o extremamente forte pressuposto de que seria sempre possível encontrar uma coincidência de vontades: quando um professor de economia quisesse comer um bife teria de encontrar um talhante disposto a receber uma aula de economia. Figura 2 - Circuito económico
  • 14. UFCD 4309 | Atividade Económica 14 3 | Bens e serviços 3.1 | Noção e classificação Bens e serviços são tudo aquilo que contribui para o bem-estar dos indivíduos via consumo (é tudo aquilo que uma vez produzido permite satisfazer necessidades). Os serviços podem igualmente ser designados por bens não materiais (de um ponto de vista económico, a distinção entre bens e serviços não é relevante: ambos são produzidos e ambos são alvo de eventual consumo intermédio ou final). Um bem é tudo aquilo que satisfaz uma necessidade humana, independentemente de ser material (pão, roupa, automóvel), ou imaterial (concerto musical, ar, conhecimento). Existem coisas que não satisfazem diretamente as necessidades humanas e, por isso, estritamente não são bens, mas servem para o produzir (os recursos: bens intermédios ou fatores). De acordo com a sua natureza física, os bens são materiais ou imateriais (serviços).
  • 15. UFCD 4309 | Atividade Económica 15  Os bens materiais são coisas ou objetos com realidade material (esferográfica, automóvel, laranja). Podem-se ver, tocar e sentir.  Os serviços (bens imateriais) são atividades humanas cuja realidade, na maior parte dos casos, se esgota no momento em que acabam de ser prestados. É o caso dos serviços de transporte, de um espetáculo, de uma aula, de um programa de televisão. Os bens podem também ser classificados em bens livres e bens económicos. Bens livres Os bens livres são aqueles bens intangíveis, de livre acesso a todos e que não possuem valor, (o ar, o mar, a luz do sol). Os bens livres não possuem preço, isto é, tem preço zero. São aqueles que existem em quantidade ilimitada e podem ser obtidos com pouco ou nenhum esforço humano, ou seja, sua utilização não implica relações de ordem económica. O ar é um bem livre, pois a terra oferece ar para todas as pessoas em quantidades maiores do que as desejadas por todos os indivíduos. Bens económicos São aqueles bens que permitem satisfazer necessidades económicas, podendo tratar- se de um objeto com suporte físico ou de um serviço. Os bens económicos são relativamente escassos e supõe esforço humano na sua obtenção, por esse motivo, possuem preço, ou seja, preço maior que zero. Os bens económicos existem em quantidades limitadas, de tal forma que, para os obter, é necessário gastar dinheiro (ao contrário, os bens livres são gratuitos). Os bens económicos dividem-se em bens materiais e serviços. Bens materiais são aqueles que como o próprio nome diz, são materiais e tangíveis (roupas, carros, alimentos) e podem ser classificados em:  Bens de consumo: são destinados à satisfação das necessidades humanas, podendo ser duráveis, como no caso de imóveis, ou não-duráveis, como gasolina, alimentos, bebidas, etc.  Bens de capital: empregados para provocar o surgimento de novos bens, como no caso de equipamentos, maquinarias, instalações, edifícios, etc.
  • 16. UFCD 4309 | Atividade Económica 16 Por sua vez serviços são aqueles que possuem preço, porém são intangíveis, como por exemplo: um serviço de advogado, uma consulta de médico, etc. Os bens económicos podem-se ainda classificar de acordo com os seguintes critérios: Quanto à função  Bens de consumo – Aquele bem que destina ao consumo final, esta pronto a ser consumido. ex: pão, manga.  Bens de produção permitem, ao serem utilizados, ajudar na produção de outros. São, portanto, bens de capital. Mas tal já não acontece com os bens de consumo, que são usados para satisfazer imediatamente uma qualquer necessidade. São aqueles bens utilizados na produção de outros, sofrem uma alteração. ex: farinha, a laranja para a produção do sumo de laranja. Quanto a sua duração Quando se utilizam certos bens, eles deixam imediatamente de existir. A esses bens chamam-se perecíveis ou não-duradouros. Pelo contrário, se forem duradouros, persistem, mesmo após uma ou mais utilizações. 1. Bem duradouro: aquele que ao satisfazer uma necessidade não perde as suas qualidades iniciais: uma casa, etc. 2. Bem não duradouro: aquele que ao satisfazer as suas necessidades perde as suas qualidades iniciais: o combustível. Quanto a sua relação com outros bens Os bens mantêm entre si certo tipo de relações. Dois ou mais bens são substituíveis se for indiferente para o consumidor consumir qualquer um deles. Serão, opostamente, complementares, se uma dada necessidade só for satisfeita pela utilização simultânea dos dois. Serão, por último, economicamente independentes se não mantiverem entre si nenhuma destas duas espécies de relações. 1. Bens complementares: são aqueles que se complementam, não se utilizam sem a utilização de outros. ex: o carro e as rodas ou combustível. 2. Bens sucedâneos ou substituíveis: aqueles que se podem substituir para uma satisfação idêntica: ex: margarina e a manteiga.
  • 17. UFCD 4309 | Atividade Económica 17 3.2 | Produção e processo produtivo A produção é a atividade económica que tem por objetivo a criação de bens e serviços para satisfação das necessidades. Esta atividade é desempenhada pelas empresas ou unidades produtivas. A produção aparece de início como resultado de um trabalho produzido pelo homem. Para se produzir um bem é necessário seguir uma sequência de etapas através das quais as matérias-primas são transformadas em produtos finais. Esse conjunto de etapas designa-se por processo produtivo. O processo produtivo é a combinação de fatores de produção que proporciona a obtenção de um dado produto final. Num processo produtivo são incorporados fatores que, após a sua transformação, levam a um produto final (ou acabado). Está sempre estritamente dependente da tecnologia ao dispor da empresa. Em teoria microeconómica, utilizam-se vários tipos de funções de produção que pretendem ilustrar a forma como os diferentes fatores se conjugam para se chegar a um produto final (são apenas regras matemáticas simples, indicando que quantidade de output se obterá, se se utilizarem quantidades específicas de vários inputs). As funções mais utilizadas são a de Cobb-Douglas (do tipo Q=m.Ka.Lb.Tc) e a de Leontief (do tipo Q=min(a.K,b.L)) - em que Q representa a quantidade produzida; K, L e T representam os três fatores classicamente considerados (trabalho, capital e terra, respetivamente); e m, a, b e c representam valores numéricos positivos, isto é, valores reais. 3.3 | Sectores de atividade económica A classificação da atividade económica em três sectores é devida ao economista australiano Colin Clark nos anos 40. Um sector compreende então o conjunto das empresas que têm a mesma atividade principal, tendo cada empresa uma única atividade principal.
  • 18. UFCD 4309 | Atividade Económica 18 Figura 3 - Sectores de atividade económica A economia de um país pode ser dividida em setores (primário, secundário e terciário) de acordo com os produtos produzidos, modos de produção e recursos utilizados. Estes setores económicos podem mostrar o grau de desenvolvimento económico de um país ou região. O setor primário está relacionado à produção através da exploração de recursos da natureza. São exemplos de atividades económicas do setor primário a agricultura, a mineração, a pesca, pecuária e caça. É o setor primário que fornece a matéria-prima para a indústria de transformação. Este setor da economia é muito vulnerável, pois depende muito dos fenômenos da natureza como, por exemplo, do clima. A produção e exportação de matérias-primas não gera grande riqueza para os países com economias baseadas neste setor económico, na medida em que possuem baixo valor acrescentado ao contrário do que ocorre, por exemplo, com os produtos industriais (um computador ou um mercedes). O sector secundário diz respeito às atividades industriais considerado em sentido lato (energia, industrias agroalimentares, industria de bens de produção e de bens de consumo, construção e obras públicas). Sector primário Sector terciário Sector secundário
  • 19. UFCD 4309 | Atividade Económica 19 É o setor da economia que transforma as matérias-primas (produzidas pelo setor primário) em produtos industriais (roupas, máquinas, automóveis, alimentos industrializados, eletrónicos, casas, etc.). Por haver conhecimento tecnológico agregado aos produtos do setor secundário, o lucro obtido na comercialização é significativo. Países com elevado nível de desenvolvimento possuem uma significativa base económica concentrada no setor secundário. A exportação destes produtos também gera riquezas para as indústrias destes países. O sector terciário inclui todas as atividades que não estão classificadas nos dois outros sectores. Os serviços são produtos não matérias prestadas a terceiros para satisfazer determinadas necessidades. Como atividades económicas deste setor, refere-se o comércio, a educação, a saúde, as telecomunicações, os serviços de informática, os seguros, o transporte, os serviços de limpeza, os serviços de alimentação, o turismo, serviços bancários e administrativos, etc. Este setor é marcante nos países de elevado desenvolvimento económico. Quanto mais rica é uma região, maior é a presença de atividades do setor terciário. Com o processo de globalização, iniciado no século XX, o terciário foi o setor da economia que mais se desenvolveu no mundo. Distingue-se hoje, por vezes, um subconjunto do sector terciário chamado “sector quaternário”, incluindo o conjunto dos serviços ligados à informação e à comunicação (imprensa, informática, publicidade, etc.). Existe uma relação entre o nível de desenvolvimento de um país e a distribuição da sua população ativa pelos três setores. De facto, quanto maior for a população ativa a trabalhar no setor primário, mais atrasado economicamente deverá ser o país. À medida que ele se vai desenvolvendo, a sua população vai sendo transferida para os setores industrial e de serviços. Em Portugal, essa tem sido a tendência já desde há vários anos. 4 | O mercado 4.1 | Oferta e procura A oferta e procura são fundamentais para o entendimento correto do funcionamento do sistema de mercado onde cada mercadoria e cada serviço tem um preço.
  • 20. UFCD 4309 | Atividade Económica 20 À medida que os compradores tentam adquirir mais de um bem, os vendedores aumentam o preço. Se por outro lado houver muitos a vender o mesmo produto (laranjas ou telemóveis) há excesso de oferta e os vendedores, para se verem livres dos stocks do bem, diminuirão o seu preço. A lei da oferta e da procura traduz-se sinteticamente no seguinte: quando o preço de um bem aumenta, mantendo-se tudo o resto constante, os compradores tendem a consumir menos desse bem e, de forma similar, quando o preço de um bem diminui, mantendo-se tudo o resto constante, a quantidade procurada desse bem aumenta. Através da oferta e procura se demonstra como as preferências dos consumidores determinam a procura dos bens, enquanto que os custos das empresas são a base da oferta. Do equilíbrio entre a oferta e a procura resulta o preço e a quantidade transacionada de cada bem. A procura designa a quantidade de bens, serviços ou capitais que os compradores estão dispostos a adquirir a um determinado preço, num dado período, tendo em conta os seus rendimentos e as suas preferências. A procura e o consumo são duas realidades distintas que não se confundem. Enquanto a procura reflete a intenção de compra face a determinado preço, o consumo traduz-se numa despesa que já foi efetuada pelo comprador. Para cada bem existe uma procura individual e uma procura agregada. A procura individual é a quantidade desse bem que um consumidor está disposto a adquirir a um determinado preço. A procura agregada (ou global) é a soma de todas as procuras individuais. A procura é uma função decrescente em relação ao preço, quer isto dizer que quando o preço de um bem se eleva, a quantidade procurada desse bem diminui. Pelo contrário, quando desce o preço aumenta a quantidade procurada. São duas as razões normalmente apontadas para este fato:  Quando o preço de um bem aumenta, este é substituído por outros produtos similares. Por exemplo, quando aumenta o preço da carne de vaca os consumidores tendem a comprar mais carne de frango. Este efeito é denominado de efeito de substituição. É o efeito substituição.  Quando o preço de um bem sobe, os consumidores ficam com menos rendimento disponível pelo que consomem menos quantidade desse bem e dos outros bens. Por exemplo, se o preço da gasolina duplica os consumidores ficam com menos rendimento e diminuem o consumo de gasolina e de outros bens.
  • 21. UFCD 4309 | Atividade Económica 21 Da mesma forma, se tudo o resto se mantiver constante, baixando o preço do bem A, o consumidor fica com maior poder de compra, ou seja, é como se o seu rendimento tivesse aumentado. Este efeito é denominado de efeito rendimento. A oferta consiste na quantidade de bens e serviços que os vendedores estão dispostos a vender por um determinado preço, num dado período de tempo. Assim, o conjunto da produção de sapatos de um país pode não constituir a oferta real dos produtores, porque estes podem decidir não vender, destruir ou guardar uma parte dessa produção, se considerarem que não vão ser convenientemente remunerados. Logo, só a quantidade de bens que os vendedores estão na disposição de vender é que constitui a oferta. Tal como a procura, a oferta é função do preço de mercado. Significa isto que as quantidades oferecidas dependem dos níveis de preços. Com efeito, a oferta aumenta sempre que sobem os preços e diminui sempre que os preços descem. Assim, a oferta é uma função crescente em relação ao preço. Mas, não é apenas o preço do bem que influencia o nível da oferta desse bem. Com efeito, outros fatores podem ter influência, nomeadamente os custos dos fatores de produção, a tecnologia, os preços dos bens complementares e dos bens substituíveis, etc. Preço de equilíbrio Todo o produto objeto de troca no mercado é sujeito a uma oferta e a uma procura, variável segundo o nível de preços. Deste modo, onde a procura e a oferta se encontra obtemos o preço de equilíbrio. Este preço é aquele em que a oferta iguala a procura, ou seja, aquele preço em que as intenções dos produtores (oferta) e as intenções dos compradores (procura) são iguais. Este preço é aquele em que a quantidade oferecida é igual à quantidade procurada, isto é, aquele em que as vontades dos compradores e dos vendedores se harmonizam. Fatores que influenciam a procura  Rendimento médio: com o aumento do rendimento médio os indivíduos tendem a comprar mais de quase tudo, mesmo que os preços não se alterem.
  • 22. UFCD 4309 | Atividade Económica 22  Dimensão do mercado: medida pela população influencia de forma nítida a curva da procura. Mais indivíduos conduzem a um maior consumo.  Preços de bens relacionados: a procura de um dado bem tende a diminuir (aumentar) quando diminui (aumenta) o preço de bens substitutos.  Preferências: as preferências (gostos) dos consumidores representam uma variedade de influências culturais e históricas e afetam a curva da procura.  Influências específicas: a procura de determinados bens é influenciada por fatores específicos como seja a venda de chapéus-de-chuva em dias chuvosos. Fatores que influenciam a oferta  Tecnologia: o progresso tecnológico consiste nas alterações que diminuem a quantidade dos fatores necessários para a mesma quantidade de produto.  Preço dos fatores de produção: quando o preço dos fatores de produção diminui a o custo de produção é menor e a oferta aumenta.  Preços de bens relacionados: a oferta de um dado bem tende a aumentar (diminuir) quando diminui (aumenta) o preço de bens substitutos.  Política do governo: os impostos e as políticas salariais podem fazer aumentar custo dos fatores de produção levando à contração da oferta.  Influências específicas: a oferta de determinados bens é influenciada por fatores específicos como seja o clima na agricultura. Equilíbrio O equilíbrio de mercado ocorre no preço a que a quantidade procurada é igual à quantidade oferecida. Num mercado concorrencial, este equilíbrio resulta da intersecção das curvas da oferta e da procura e nele não há tendência para o preço descer ou subir. O preço de equilíbrio é também designado por preço de fecho do mercado. Isto significa que todas as ordens de compra foram satisfeitas e a produção toda vendida, ou seja, fecharam-se as posições de compra e de venda.
  • 23. UFCD 4309 | Atividade Económica 23 5 | Política Monetária A política monetária consiste no conjunto de medidas que os Estados aplicam para controlar a oferta de moeda, a fim de atingirem os objetivos desejados. Os objetivos associados à política monetária são: i. Um nível de produção próximo do produto potencial (correspondente à taxa natural de desemprego). ii. Ausência de inflação: o controlo do nível geral dos preços - preços estáveis. iii. Eficiência económica. iv. Uma balança de pagamentos equilibrada (equilíbrio nas receitas e pagamentos internacionais). v. Uma distribuição do rendimento desejada pela comunidade. Os instrumentos utilizados pela política monetária são o controlo da quantidade de moeda em circulação e a taxa de juro e, por vezes, a imposição de algumas condições de concessão de crédito para regular a despesa do sector privado: i. A taxa de redesconto. ii. A taxa de reserva de caixa.
  • 24. UFCD 4309 | Atividade Económica 24 iii. As operações de mercado aberto. iv. Plafonds de crédito. A taxa de juro pode ser utilizada para controlar o nível geral dos preços. A taxa de juro que o Banco Central paga e cobra aos bancos comerciais condiciona as respetivas taxas praticadas pelos bancos comerciais, quer junto dos particulares, quer junto das empresas. Assim se o banco central subir a taxa de juro das operações passivas, está a promover a poupança e retirar liquidez do mercado. Se pelo contrário, a taxa de juro das operações ativas baixar, está a incentivar a liquidez do mercado. Através delas os governos podem influenciar os níveis da despesa total, quer seja através da manipulação do nível do consumo particular, quer através do consumo público, do investimento privado e público e ainda das relações com o exterior. Também, através delas o governo pode influenciar os níveis de preços, os níveis das taxas de inflação, os níveis de empregabilidade, a taxa de crescimento e o nível de crescimento do produto. 5.1 | EURO e Banco Central Europeu Moeda comum a 18 dos 28 Estados-Membros da União Europeia, que em conjunto formam a zona euro, o euro é a prova mais tangível da integração europeia. As suas vantagens são óbvias para qualquer pessoa que viaje para o estrangeiro ou faça compras pela Internet em sítios estabelecidos noutros países da UE. A introdução do euro em 1999 representou um passo muito importante no processo da integração europeia e constitui também um dos seus maiores êxitos: cerca de 330 milhões de cidadãos da União Europeia utilizam-no atualmente como moeda e usufruem de vantagens que continuarão a aumentar à medida que outros países da União Europeia forem adotando a moeda única. Quando o euro foi introduzido, tornou-se a nova moeda oficial de 11 Estados-Membros, substituindo, em duas fases, as antigas moedas nacionais – como o marco alemão, o franco francês e o escudo português. Foi inicialmente utilizado como moeda virtual nas operações de pagamento que não envolviam notas e moedas, bem como para fins contabilísticos, enquanto as antigas moedas continuavam a ser utilizadas nas operações de pagamento em numerário e a
  • 25. UFCD 4309 | Atividade Económica 25 ser consideradas subdivisões do euro. Posteriormente, em 1 de Janeiro de 2002, o euro foi introduzido fisicamente sob a forma de notas e moedas. O euro não é a moeda de todos os Estados-Membros. Dois países, a Dinamarca e o Reino Unido, acordaram uma opção de exclusão no Tratado, que os dispensa de participar na zona euro, enquanto os restantes (muitos dos novos Estados-Membros e a Suécia) ainda não preenchem as condições estabelecidas para a adoção da moeda única. Quando preencherem, substituirão as suas moedas nacionais pelo euro. Atualmente, o euro é a moeda oficial de 19 dos 28 países da UE: Áustria, Bélgica, Chipre, Estónia, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Irlanda, Itália, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Portugal, Eslováquia, Eslovénia e Espanha. O objetivo da plena realização da União Económica e Monetária e da adoção de uma moeda única só foi consagrado, em 1992, no Tratado de Maastricht (Tratado da União Europeia), que estabelece as normas para a introdução da moeda única, determina os objetivos da União Económica Monetária e as responsabilidades de cada protagonista, bem como as condições que os Estados-Membros devem preencher para poderem adotar o euro. Estas condições são conhecidas como "critérios de convergência" (ou «critérios de Maastricht») e incluem a estabilidade de preços, com um nível de inflação baixo, a estabilidade das taxas de câmbio e a solidez das finanças públicas. Quando o euro se tornou realidade, a política monetária passou a ser da responsabilidade do Banco Central Europeu (BCE), entidade independente criada para esse efeito, e dos bancos centrais nacionais dos Estados-Membros que tinham adotado o euro. Em conjunto, constituem o Eurosistema. Para além de facilitar as viagens, uma moeda única é um elemento muito positivo do ponto de vista económico e político. O quadro em que é gerido o euro faz desta moeda uma moeda estável, com um baixo nível da inflação e taxas de juro baixas, contribuindo para a solidez das finanças públicas. Uma moeda única é também um complemento lógico do mercado único, cuja eficácia aumenta. A utilização de uma moeda única aumenta a transparência dos preços, elimina os custos de câmbio da moeda, melhora o funcionamento da economia europeia, facilita o comércio internacional e confere à União Europeia uma voz mais forte nos fóruns internacionais. A dimensão e a força da zona euro protegem-na dos choques
  • 26. UFCD 4309 | Atividade Económica 26 económicos externos, como a subida inesperada do preço do petróleo ou a perturbação dos mercados cambiais. Por último, mas não menos importante, há que mencionar o facto de o euro dar aos cidadãos da União Europeia um símbolo tangível da sua identidade europeia, da qual podem sentir-se cada vez mais orgulhosos à medida que a zona euro cresce e multiplica essas vantagens para os seus membros acuais e futuros. A política orçamental (impostos e despesas) continua a ser da competência dos governos nacionais, embora estes possam aderir a normas comuns de finanças públicas contempladas no Pacto de Estabilidade e Crescimento. Os governos nacionais também conservam a plena responsabilidade das suas políticas estruturais (emprego, pensões e mercado de capitais), embora tenham concordado em coordená-las a fim de alcançarem objetivos comuns de estabilidade, crescimento e emprego. O Banco Central Europeu O Banco Central Europeu (BCE), sedeado em Frankfurt, é responsável pela gestão do euro e da política monetária da União Europeia. Goza de personalidade jurídica e de total independência face às instituições nacionais e europeias. O BCE assegura o bom funcionamento da União Económica e Monetária, administrando o Sistema Europeu de Bancos Centrais (SEBC). O Banco Central conquistou o estatuto de instituição da União Europeia em 1998. O BCE é administrado por três órgãos:  O Conselho do BCE: o Conselho do BCE é composto pelos membros da Comissão Executiva e pelos governadores dos bancos centrais nacionais dos Estados-Membros que adotaram o euro. O Conselho do BCE é o principal órgão de decisão do BCE. É responsável por definir as orientações e tomar as decisões necessárias ao cumprimento das missões do BCE. A sua principal função consiste, nomeadamente, em definir a política monetária da zona do euro. Para o efeito, o Conselho do BCE pode, por exemplo, fixar a taxa de juro à qual os bancos comerciais podem obter fundos junto do respetivo banco central.  A Comissão Executiva: a Comissão Executiva é composta pelo Presidente e pelo Vice-Presidente do BCE, bem como por quatro vogais. São nomeados pelo Conselho Europeu. A Comissão Executiva assegura a aplicação da política
  • 27. UFCD 4309 | Atividade Económica 27 monetária, definida pelo Conselho do BCE. Para tal, a Comissão Executiva dá as instruções necessárias aos bancos centrais nacionais. Além disso, prepara as reuniões do Conselho do BCE e ocupa-se da gestão corrente do Banco.  O Conselho Geral: o Conselho Geral é composto pelo Presidente e pelo Vice- Presidente do BCE, bem como pelos Governadores dos bancos centrais do conjunto dos Estados-Membros da União. O Conselho Geral reúne, por conseguinte, os Governadores dos bancos centrais, tanto dos Estados-Membros que introduziram o euro como dos que ainda não o fizeram. O Conselho Geral é considerado o terceiro órgão de decisão do BCE, apesar do seu poder de decisão ser menor. Em especial, a sua missão é contribuir para as funções consultivas do BCE. Além disso, também é responsável por compilar informações estatísticas, elaborar relatórios de atividades, etc. A principal competência do BCE é assegurar o funcionamento do Sistema Europeu de Bancos Centrais (SEBC), cooperando com os bancos centrais nacionais dos Estados-Membros (Banco de Portugal, Banco de Itália; Banco de Irlanda, etc.). Contudo, é o BCE que define as condições mediante as quais os bancos centrais nacionais estão autorizados a intervir. Assim, no âmbito do SEBC, as funções monetárias do BCE e dos bancos centrais nacionais são, em especial:  A emissão de notas e moedas. O BCE é a única entidade habilitada a autorizar a emissão de notas de banco na “zona do euro”. Os Estados-Membros podem emitir moedas, mas é o BCE que deve autorizar, antecipadamente, a quantidade da emissão.  A abertura de contas junto do BCE e dos bancos centrais nacionais para as instituições de crédito, organismos públicos e outros intervenientes no mercado.  As operações de “open market”, ou seja, quando o BCE ou os bancos centrais nacionais intervêm nos mercados de capitais, por exemplo, concedendo ou contraindo empréstimos;  As operações de crédito, com as instituições de crédito ou outros intervenientes no mercado;  A imposição às instituições de crédito sedeadas nos Estados-Membros de constituir reservas obrigatórias junto do BCE ou dos bancos centrais nacionais;  O estabelecimento de regulamentos de modo a garantir a eficácia e solidez dos sistemas de pagamentos e de compensação;
  • 28. UFCD 4309 | Atividade Económica 28  As relações internacionais com os bancos centrais e as instituições de crédito de países terceiros e as organizações internacionais. Os principais instrumentos de política monetária utilizados pelo Banco Central são: i. A taxa de reservas obrigatórias: quando a taxa de reservas obrigatórias baixa, os bancos podem expandir os seus empréstimos e aumentar os seus depósitos, e vice-versa. ii. A taxa de redesconto: taxa de juros cobrada pelo Banco Central aos bancos comerciais, pelos empréstimos que lhes faz, redescontando-lhe títulos que eles previamente tinham descontado aos seus clientes. São empréstimos de curtíssimos prazos. iii. As operações de mercado aberto ("open market "): a compra e venda de títulos da dívida pública. O Banco Central vende ou compra títulos do Estado com o propósito de alterar o volume de reservas dos bancos. 5.2 | Inflação Numa economia de mercado, os preços dos bens e serviços podem sempre mudar. Alguns preços sobem, outros descem. Fala-se de inflação quando se verifica um aumento geral dos preços dos bens e serviços e não quando apenas os preços de artigos específicos sobem. A inflação faz com que se compra menos com um euro: um euro vale menos do que anteriormente. A maioria dos países propõem-se como objetivo uma inflação anual à volta dos 2 a 3 por cento. Um teor baixo de inflação é benéfico para a economia, estimula o consumidor a adquirir bens e serviços. Uma subida significa sobretudo que se tem de pagar mais pelo mesmo produto. Além disso uma inflação baixa torna mais interessante contrair um empréstimo porque os juros também são baixos nos períodos de uma inflação baixa. Manter a inflação baixa é um objetivo importante de governos e bancos centrais devido aos efeitos benéficos para a economia. No caso de uma inflação alta pode acontecer que a população perde a confiança na sua unidade monetária e economia e esse país tornar-se assim menos interessante para investidores estrangeiros. Uma alta da inflação faz-se geralmente acompanhar de decrescimento económico. Quando a inflação sobe muito, o banco central do país
  • 29. UFCD 4309 | Atividade Económica 29 intervém, muitas vezes, subindo as suas taxas de juros e desmoralizando desse modo o excesso de circulação de dinheiro. O contrário de inflação é a deflação. Havendo deflação há uma descida do nível geral de preços. Após algum tempo podem adquirir-se cada vez mais bens pela mesma quantidade de dinheiro. A deflação é inimiga do crescimento económico porque há a possibilidade de o consumidor adiar a aquisição de bens por esperar que estes num futuro próximo se tornem mais baratos. Nos períodos de deflação, os bancos centrais e governos baixam as taxas de juros para estimular a economia. Há vários tipos de inflação. Ela será cíclica se for a que tipicamente ocorre nos períodos de expansão da economia, mas será histórica se for devida a uma dada conjuntura e, portanto, puramente ocasional. Por outro lado, haverá hiperinflação se as subidas de preços forem muito elevadas e inflação rastejante se forem pequenas. Mesmo na inexistência de inflação, pode haver condições para o surgimento, mas não ocorrer porque estão a ser tomadas medidas adequadas para a combater. Nestas circunstâncias, diz-se que existe inflação fechada (ou contida). A taxa de inflação anual da zona euro fixou-se nos 1,6% em dezembro de 2018. Em fevereiro de 2019 baixou para 1,5% (Eurostat). Existem três grandes causas da inflação: i. A massa monetária em circulação: a inflação monetária é devida à massa monetária em excesso em circulação na economia provocada por excessos de criação de moeda. Quando o Estado investe em grandes obras públicas ou aumenta os salários da função pública, haverá mais dinheiro no bolso das pessoas que, assim, tenderão a consumir mais, o que leva a um aumento geral dos preços. ii. A procura: a existência de uma procura superior à oferta também faz elevar os preços. Se a procura aumentar e a oferta (interna ou externa) não acompanhar esse aumento, o nível de preços irá necessariamente subir. Na hipótese de haver desemprego, há a possibilidade de a oferta conseguir acompanhar o incremento da procura pelo integral aproveitamento da capacidade produtiva e, como tal, de não haver aumento dos preços. No entanto, se houver pleno emprego, a oferta será rígida e haverá inevitavelmente inflação. O pleno emprego constitui, portanto, a barreira da inflação.
  • 30. UFCD 4309 | Atividade Económica 30 iii. Os custos: se os custos de produção aumentam e as empresas pretendem manter as suas margens de lucro, os preços dos produtos finais terão necessariamente que aumentar também. Isto é válido para um aumento de qualquer custo, embora o caso mais frequente seja o de aumento dos custos salariais. O preço do produto final só não aumentará, havendo aumentos salariais, se a produtividade do fator trabalho também aumentar e na mesma proporção. 5.3 | Emprego Nas últimas décadas os governos têm procurado a contribuição da política monetária para elevar o nível de atividade e de emprego da economia em curto prazo. Trata-se de promover uma política monetária expansionista, o que pode ser feito utilizando-se vários instrumentos:  Aumentar as emissões de moeda, na exata medida das necessidades dos agentes económicos, para não gerar inflação;  Diminuir a taxa de fundos de reserva, ou seja, diminuir a percentagem dos depósitos que os bancos comerciais devem reter à ordem do Banco Central, o que permitirá elevar o crédito bancário;  Recomprar títulos públicos no mercado, ou seja, "trocar papel por moeda", o que elevará a quantidade de moeda disponível no mercado;  Diminuir a regulamentação no mercado de crédito, principalmente nos limites impostos aos prazos de empréstimos, ou no montante do crédito direto ao consumidor etc. Tais medidas causam impactos diretos sobre o nível de produto e rendimento da economia. Quanto maior for a moeda em circulação e disponibilidade de crédito, menor será a taxa de juro de mercado e maior será a procura de bens e serviços. Por esta via, o aumento da procura agregada conduz ao aumento da procura de emprego para fazer face ao maior nível de procura de bens e serviços. Apesar de um desemprego em nível agregado, alguns setores ou ramos de atividade podem estar operando à plena capacidade. Nesses setores, o estímulo ao aumento da procura agregada, por meio de políticas monetárias ou fiscais expansionistas, provocaria apenas aumento do nível de preços, e não da produção e emprego.
  • 31. UFCD 4309 | Atividade Económica 31 Contudo, é oportuno salientar que a expansão monetária embora possa levar ao aumento temporário do PIB e do emprego, inevitavelmente levará ao aumento geral dos preços, abrindo-se novo ciclo de desemprego. Figura 4 - Taxa de desemprego 6 | Políticas económicas Uma política económica visa modificar e melhorar um certo estado económico-social. Em síntese estas políticas pretendem: i. Garantir uma melhor afetação dos recursos disponíveis de forma a melhorar o nível de qualidade de vida de todos os cidadãos. ii. Regulamentar a atividade económica, de forma a evitar ou minimizar os efeitos da ocorrência de desequilíbrios, como o caso do desemprego ou da inflação. iii. Intervir na repartição do rendimento de forma a reduzir as desigualdades económicas e sociais e garantir a justiça e a equidade social. 6.1 | Orçamental e fiscal A política orçamental diz respeito à despesa pública e aos impostos.
  • 32. UFCD 4309 | Atividade Económica 32 A despesa pública compreende as compras do Estado (estradas, tanques, salários da função pública, etc.) e as transferências do Estado que ampliam os rendimentos de determinados grupos (subsídio de desemprego e pensões dos reformados, etc.). Os impostos afetam a globalidade da economia de dois modos. Por um lado, influenciam o rendimento disponível das famílias, com impacto no consumo e na poupança privada. Por outro lado, os impostos afetam os preços dos bens e dos fatores de produção e, por isso, influenciam os incentivos dos consumidores e das empresas. Em teoria, os recursos arrecadados pelos governos são revertidos para o bem comum, para investimentos (tais como infraestrutura: estradas, portos e aeroportos) e custeio de bens e serviços públicos, como saúde, segurança e educação. Mas não há vinculação entre receitas de impostos e determinada finalidade - ao contrário do que ocorre com as taxas e a contribuição de melhoria, cujas receitas são vinculadas à prestação de determinado serviço ou realização de determinada obra. Embora a lei obrigue os governos a destinarem parcelas mínimas da arrecadação a certos serviços públicos – em especial de educação e saúde -, o pagamento de impostos não confere ao contribuinte qualquer garantia de contrapartida. A política fiscal é a política de receitas e despesas do governo. Envolve a definição e a aplicação da carga tributária exercida sobre os agentes económicos, bem como a definição dos gastos do governo, que tem como base os tributos captados. Na prática traduz-se em o governo criar ou alterar a carga tributária com o objetivo de acelerar ou frear o ritmo económico. A política fiscal de variação de impostos normalmente traz os retornos desejáveis a curto prazo. A política fiscal inclui a aplicação de taxas progressivas (paga mais quem mais recebe) que se destinam a promover a justiça social. O Estado aplica esta política quando, por exemplo, decide aumentar ou diminuir determinado imposto, podendo este incidir de igual modo sobre todos os cidadãos ou incidir de uma forma progressiva de acordo como os diferentes escalões de rendimento.
  • 33. UFCD 4309 | Atividade Económica 33 7 | Produção de bens e serviços 7.1 | Bens – Noção e classificação É considerado como bem tudo aquilo que é utilizado na satisfação direta ou indireta de uma necessidade humana. Os bens podem existir em quantidades ilimitadas, não sendo necessária dinheiro para os obter (sol, ar, água do mar, etc.), sendo por isso designados por bens livres. Por outro lado, existem bens que são limitados face às necessidades existentes ou que não apresentam características necessárias à satisfação imediata das necessidades, sendo por isso submetidos a processos de transformação para se tornarem aptos ao consumo e à satisfação de necessidades. Assim, os bens escassos e resultantes de processos de transformação são designados por bens económicos. Os bens subdividem-se, em função do seu custo, em bens livres e bens económicos. Os bens económicos podem ser classificados quanto à sua natureza, função, duração ou relações que estabelecem entre si. De acordo com a sua natureza física, os bens são materiais ou imateriais (serviços). 7.2 | Produção de bens, serviços e processo produtivo Num sentido corrente, a produção designa a atividade económica que consiste em criar bens e serviços. A produção aparece de início como resultado de um trabalho produzido pelo homem.
  • 34. UFCD 4309 | Atividade Económica 34 Mas o economista reserva uma definição mais precisa para a noção de produção – como o trabalho e o capital –, que as unidades produtivas utilizam em proporções variáveis, criando assim nova riqueza na economia. Há dois elementos distintos que permitem definir a produção. O facto de os bens produzidos se transacionar num mercado e o facto de eles serem resultado de um trabalho remunerado. O INSEE1 e a Contabilidade Nacional dão a seguinte definição de produção: é a “atividade economicamente, socialmente organizada, que consiste em criar bens e serviços que se transacionam habitualmente no mercado, ou obtidos a partir de fatores de produção (especialmente o trabalho e as máquinas igualmente transacionáveis no mercado)”. 7.3 | Fatores de produção, noção e classificação Fatores de produção são os bens necessários à realização de um dado produto final. São os elementos que tornam possível a existência de produção. Os fatores de produção são limitados e escassos, ou seja, não existem em quantidade suficiente para produzir todos os bens desejados pela sociedade. Classicamente, a teoria económica considera três fatores de produção: o capital, o trabalho e os recursos naturais ou terra. Modernamente, somaram-se-lhes outros, como a tecnologia, o conhecimento e a organização empresarial. Para realizar a atividade produtiva, o Homem necessita de dispensar energia física e intelectual (trabalho), de assegurar a utilização de diversas formas de riqueza na obtenção de novas riquezas (capital), não esquecendo as matérias-primas (os recursos naturais). Existem fatores de produção fixos e variáveis. Os primeiros são aqueles cuja quantidade utilizada não se pode alterar. Já no caso dos últimos, a sua utilização pode ser livremente alterada. É esta distinção que define o importante conceito económico de período de reação das empresas. De facto, uma empresa pode reagir a alterações da procura do seu produto de duas formas: adotando um comportamento de período curto (alterando as quantidades 1 Institut National de la Statistique et des Études Économiques
  • 35. UFCD 4309 | Atividade Económica 35 utilizadas de alguns fatores, mas mantendo as de outros) ou de período longo (se alterar as quantidades de todos os fatores). Logo, e por definição, a longo prazo, todos os fatores são variáveis (a empresa tem tempo para alterar as suas quantidades, se assim o entender), enquanto que a curto prazo coexistem fixos e variáveis (não existe a possibilidade anterior, já que o lapso de tempo é demasiado pequeno para que tal seja conseguido). Trabalho Corresponde a todo esforço humano, físico ou mental, despendido na produção de bens e serviços, como por exemplo, o serviço prestado de um médico, do operário da construção civil, a supervisão de um gerente de banco, o trabalho de um agricultor no campo. Por outras palavras, é a capacidade do Homem desempenhar uma tarefa que se concretiza na transformação de objetos de trabalho através da utilização de determinados meios de trabalho. Em sentido lato, o trabalho é toda a atividade humana que leva à produção de bens e serviços e pela qual se aufere uma remuneração. O trabalho pode assumir diversas formas, tendo em conta as características das funções desempenhadas no processo produtivo, consoante o tipo de esforço predominantemente desenvolvido e a natureza das funções desempenhadas. Assim, podemos distinguir:  Trabalho direto: o trabalhador transforma as matérias-primas em produtos acabados, utilizando para tal os meios de trabalho, está a realizar uma atividade que exige o contacto direto com as matérias-primas e realiza-se, sobretudo, nas oficinas e nos campos;  Trabalho indireto: existem atividades que não exigem o contacto do trabalhador com as matérias-primas, como acontece com a generalidade das atividades comerciais, administrativas e de prestação de serviços;  Trabalho não qualificado: para a execução deste trabalho não são requeridos conhecimentos ou técnicas especiais. Por exemplo, o trabalho executado pelo porteiro ou servente de pedreiro pode ser executado por qualquer indivíduo, não exigindo para esse efeito qualquer qualificação ou preparação específica, são trabalhos simples;  Trabalho qualificado: para a sua execução são necessários conhecimentos específicos. Por exemplo, o trabalho executado na indústria, serviços, etc., a
  • 36. UFCD 4309 | Atividade Económica 36 generalidade das tarefas que os indivíduos desempenham exige preparação escolar ou profissional prévia;  Trabalho físico: aquele em que predomina o esforço direto do Homem. No entanto o Homem pode utilizar quer máquinas, quer ferramentas e utensílios. No primeiro caso consideraremos que se trata de trabalho mecânico, como por exemplo, o trabalho de um tratorista, de um serralheiro, mecânico, etc. No segundo caso tratar-se-á de trabalho manual, como por exemplo, o trabalho de um jardineiro ou de um pedreiro de construção civil;  Trabalho intelectual: é aquele em que o esforço desenvolvido é predominantemente intelectual. Teremos como exemplo, entre outros, o trabalho dos médicos, dos advogados, dos professores, dos programadores, etc.  Trabalho de execução: é aquele que consiste, em grande parte, na aplicação de conhecimentos ou técnicas já adquiridas, como por exemplo, o trabalho do empregado de escritório, do vendedor, etc.  Trabalho de invenção: é o trabalho de carácter investigativo ou de pesquisa nos vários domínios do saber, por exemplo, o trabalho do investigador científico, etc.  Trabalho de direção: é a atividade desenvolvida que consiste em orientar e coordenar grupos de trabalhadores. Por exemplo, as atividades desenvolvidas pelos gestores, pelos chefes de departamento, etc. O fator trabalho num país corresponde ao conjunto da população em condições para participar no processo produtivo. Este conjunto da população residente recebe o nome de população ativa. Ao conjunto de indivíduos excluído por o conjunto acima apresentado dá-se o nome de população inativa, ou seja, a parte da população que não faz parte do processo produtivo. A população ativa é constituída por todos os indivíduos com capacidade produtiva e que, em simultâneo, apresentam idades inferiores aos 65 anos e iguais ou superiores aos 15 anos de idade. Nesta sequência, a taxa de atividade dá-nos a relação percentual entre a população ativa e a população total anual. Capital técnico No sentido vulgar, o termo capital pode ser utilizado como sinónimo de património ou riqueza, ou seja, um conjunto de bens que um indivíduo ou um grupo de indivíduos possui.
  • 37. UFCD 4309 | Atividade Económica 37 No entanto, em sentido económico, nem todo o património constitui capital. Com efeito, o conceito económico de capital abrange apenas o conjunto de bens (riqueza) que são utilizados na atividade produtiva, isto é, aqueles que se destinam à obtenção de novas riquezas. Assim, quando o património não é utilizado na atividade produtiva, ele constitui apenas riqueza. Se por exemplo uma indústria adquire um andar para habitação própria, esta será considerada riqueza ou património. No entanto, se o mesmo indivíduo adquirir um andar para instalar os escritórios da sua empresa, então, neste caso, será considerado capital. São várias as aceções do termo capital. É constituído por tudo o que participa no processo produtivo com exceção dos recursos naturais e do trabalho.  Capital Circulante: Constituída por Meios de produção não duradouros (matérias primas e matérias subsidiárias que desaparecem por que são incorporadas nos produtos acabados).  Capital Fixo: Constituída por Meios de produção duradouros utilizados várias vezes e que permitem a realização do processo produtivo por vários períodos, mas que sofrem um natural desgaste devido ao uso e ao clima. Ex: Edifícios e equipamentos.  Capital Humano: designa o conjunto das capacidades economicamente produtivas de um individuo, nomeadamente a sua instrução e formação.  Capital Natural: referente aos recursos naturais disponíveis e utilizados no processo produtivo. Recursos Naturais Renováveis Os recursos naturais ou reservas naturais constituem a base sobre a qual se exercem as atividades dos demais recursos, pois se encontram na origem de todo o processo de produção. Compreende todos recursos da natureza, como florestas, recursos minerais e hídricos, energia solar, ventos, marés, a gravidade da Terra, que são utilizados na produção de bens económicos. 7.4 | Emprego Conceito: O emprego é uma ocupação, uma profissão ou um ofício remunerado. Dá- se o nome de taxa de emprego à razão entre a população ocupada e a população
  • 38. UFCD 4309 | Atividade Económica 38 economicamente ativa (que está em condições de fazer parte do mercado laboral). O índice mais habitual, porém, é a taxa de desemprego (a quantidade de desempregados sobre a população economicamente ativa). A taxa de emprego permite saber qual é a percentagem de trabalhadores que têm efetivamente emprego. Por exemplo: se a taxa de emprego de um país for de 84%, significa que 84 em cada 100 pessoas economicamente ativas têm emprego. As restantes 16 pessoas, por sua vez, estão desocupadas ou paradas; a taxa de desemprego do país seria, portanto de 16%. Estas estatísticas nunca são precisas. Um sujeito pode fazer parte da população economicamente ativa e não ter trabalho porque não anda à procura do mesmo ou simplesmente porque não lhe interessa trabalhar. Esse indivíduo será considerado como um desempregado apesar de talvez existir a oferta de trabalho suficiente para fazer parte do mercado. A taxa de emprego também pode estar associada à noção de pleno emprego, um conceito económico que supõe que todas as pessoas em idade laboral produtiva que desejam trabalhar têm emprego. A procura de trabalho é, portanto, igual à oferta, o que se reflete numa taxa de emprego de 100% e uma taxa de desemprego de 0. Ter um emprego não só constitui o principal recurso com que conta a maioria das pessoas para suprir suas necessidades materiais como também lhes permite plena integração social. Por isso, a maior parte dos países reconhece o direito ao trabalho como um dos direitos fundamentais dos cidadãos. Emprego é a função e a condição das pessoas que trabalham, em caráter temporário ou permanente, em qualquer tipo de atividade econômica, remunerada ou não. As possibilidades de emprego que os sistemas económicos podem oferecer em certo período relacionam-se com a capacidade de produção da economia, com as políticas de utilização dessa capacidade e com a tecnologia empregada na produção. Os economistas clássicos entendiam que o estado de pleno emprego dos fatores de produção (entre eles o trabalho) era normal, estando a economia sempre em equilíbrio. John Stuart Mill dizia: "Se pudermos duplicar as forças produtoras de um país, duplicaremos a oferta de bens em todos os mercados, mas ao mesmo tempo duplicaremos o poder aquisitivo para esses bens." Dentro dessa linha de ideias, o aparecimento de desempregados em certas épocas era explicado como a resultante de um desajustamento temporário. O ajustamento (ocupação da força de trabalho
  • 39. UFCD 4309 | Atividade Económica 39 desempregada) ocorreria quando os trabalhadores decidissem aceitar voluntariamente os salários mais baixos oferecidos pelos empresários População ativa: diz respeito ao conjunto de habitantes de um determinado país que se encontra a exercer uma profissão remunerada ou que procura emprego. É constituída pelos empregados, desempregados e pessoas que se encontram a prestar serviço militar. Quando há desemprego, significa dizer que os recursos humanos disponíveis não estão a ser bem utilizados, portanto, há uma falha de mercado na alocação destes recursos. O mesmo acontece com o fenómeno da inflação. O desemprego é considerado um dos problemas mais graves da sociedade atual. Constitui um encargo para a sociedade e tende a provocar a subida dos preços uma vez que os desempregados não contribuem para a produção mas continuam a consumir. Este facto torna os bens mais escassos e por consequência aumenta o seu valor de troca. O desemprego facilita o surgimento do mercado negro de trabalho na medida em que os desempregados apesar de subsidiados baixam os seus rendimentos e as empresas pouco escrupulosas na ânsia de reduzir os seus encargos sociais aliciam os desempregados a trabalhar em situação ilegal. Os instrumentos das políticas de combate ao desemprego são de diversa ordem:  Aumento da escolaridade e a sua adaptação às necessidades reais da economia  A formação profissional contínua.  Incentivo às empresas: concessão de subsídios, isenções fiscais, bonificações bancárias, etc.  Fomento de obras públicas.  Diminuição da idade da reforma. O Estado Português promove políticas ativas de empregabilidade através da implementação de medidas de prevenção e ativação para desempregados e de inclusão social. As medidas de prevenção e ativação para desempregados visam:  Fomentar a formação profissional dos jovens através de estágios profissionais.  Fomentar a formação profissional dos jovens, através de estágios profissionais.
  • 40. UFCD 4309 | Atividade Económica 40  Apoiar a criação do próprio emprego. Paralelamente, têm vindo a ser implementadas medidas de promoção de aprendizagens ao longo da vida com vista a combater o desemprego de longa duração e desemprego tecnológico e medidas de combate à desigualdade de oportunidades de que as mulheres são vítimas quanto ao acesso ao emprego e compatibilização com a vida do lar. 7.5. Combinação dos fatores de produção A combinação dos fatores produtivos é utilizada para encontrar um ponto de equilíbrio entre as quantidades produzidas e as quantidades vendidas, pelo que, quando a procura diminui também a produção terá de diminuir, para isso, ajustar-se-á os fatores produtivos (eventualmente, dispensando trabalhadores, isto é, modificando uma das variáveis dos fatores de produção), fazendo assim uma análise de curto prazo. Quando se ajustam todas a variáveis de produção estamos a efetuar uma análise de longo prazo. A relação técnica representativa da combinação dos fatores de produção – recursos naturais, trabalho e capital – e o nível de produção designa-se por função de produção. F = f (L,K,T) F – Nível de produção (quantidade produzida de um bem) L – Quantidade de trabalho utilizado no processo produtivo K – Quantidade de capital utilizado no processo produtivo T – Quantidade de recursos naturais utilizados no processo produtivo Produtividade Define-se produtividade como a relação entre uma certa medida de output e outra medida de input. A produtividade é um indicador que ilustra a eficiência de um dado sistema produtivo. A produtividade, é assim, uma medida entre as entradas e as saídas, entre benefícios e custos, entre eficácia e eficiência. Se entendermos por eficácia o “fazer as coisas certas” e por eficiência “fazer as coisas bem”, entendermos a produtividade trata de “fazer as coisas bem”.
  • 41. UFCD 4309 | Atividade Económica 41 O trabalho é a componente mais importante da produtividade, mas o seu melhor desempenho está associado também á utilização de outros recursos do sistema produtivo. A produtividade do trabalho constitui a medida mais corrente da produtividade. E verifica-se que para uma mesma intensidade de trabalho este indicador é tanto maior quanto melhor a organização da empresa, quanto mais modernos os equipamentos, quanto mais evoluídas as tecnologias utilizadas em toda a cadeia de valor. A produtividade mede a eficiência da utilização da utilização dos fatores de produção. Para o efeito podemos calcular a produtividade média dos fatores de produção em termos físicos e monetários. A produtividade total representa a produção média dos fatores de produção utilizados no processo produtivo. Com o cálculo da produtividade total procura-se pôr em evidência os resultados da intervenção de todos os fatores de produção, os resultados médios da produção, ou seja, mede a eficácia de cada combinação dos fatores de produção. 8 | Mercado e as leis da oferta e da procura 8.1 | Conceito de mercado Em todas as cidades existe frequentemente um mercado, no qual se compram (se se for cliente) e se vendem (se se for comerciante) produtos de consumo. Nesta aceção primitiva, a palavra mercado diz respeito a um lugar determinado onde os agentes económicos realizam as suas transações. Na sua aceção económica não existe a conotação geográfica. Aqui o mercado representa qualquer situação de encontro entre vendedores, os que oferecem, e os consumidores, os que procuram. Deste encontro resultará a definição do preço e da quantidade a transacionar do bem ou do serviço. O mecanismo de mercado compatibiliza a oferta de um bem com a respetiva procura através do preço. Em cada momento a quantidade de um certo bem que os consumidores estão dispostos a comprar depende, em princípio, do preço pelo qual ele pode ser adquirido, assim, quanto maior for o preço de um produto, menor será a
  • 42. UFCD 4309 | Atividade Económica 42 quantidade procurada e vice-versa. Quanto mais baixo for o preço de um produto, menor será a quantidade oferecida desse produto no mercado e vice-versa. O ponto de equilíbrio surge quando o preço torna compatíveis as vontades expressas pelos consumidores e pelos produtores, pode-se dizer também que há um preço de equilíbrio. Quaisquer que sejam as razões que influenciam a procura e a oferta de um bem, o mecanismo de mercado assegura, por sucessivas correções, o aquele equilíbrio. A alteração por exemplo nos gostos dos consumidores provoca desequilíbrio. O mecanismo de mercado depois atuará como corretor até que se obtém um novo equilíbrio no mercado de certo bem. Deste modo, pode concluir-se que através das flutuações de preços se estabelece, em cada momento, um equilíbrio entre a quantidade oferecida e a quantidade procurada de um bem sujeito ao mecanismo de mercado. O preço torna-se, portanto, o fator fundamental ao funcionamento de uma economia de mercado sem que aconteçam, a longo prazo, distorções entre o que se pretende consumir e o que se produz. O papel do mercado não se limita à determinação do preço de equilíbrio. A atividade económica nunca se interrompe, e os preços modificam-se sem cessar. A procura de um produto superior à sua oferta não apenas provoca uma alta dos preços, mas também um conjunto de fenómenos económicos interligados. O “sinal” foi dado, os produtores irão produzir mais, talvez contratar mais trabalhadores ou adquirir novas máquinas (na esperança de gastos mais elevados), isto é, investindo. Este fenómeno terá repercussões noutros mercados (de capitais se a empresa pede emprestado para financiar o investimento, e o mercado do emprego), e todo o sistema económico altera-se. A exclusiva regulação da atividade económica pelo mercado constitui uma certa forma de conceber o funcionamento da economia. Esta é então considerada como um conjunto de mercados que asseguram o correto funcionamento da economia, sem a presença do Estado. Existe economia de mercado ou sistema de livre iniciativa quando os agentes económicos agem de forma livre, com pouca ou nenhuma intervenção dos governos mediante tabelamento dos preços ou restrições à produção.
  • 43. UFCD 4309 | Atividade Económica 43 É, portanto, um mercado idealizado, onde todas as ações económicas e individuais respeitam a transferência de dinheiro, bens e serviços voluntariamente. Contudo, o cumprimento de contratos voluntários é obrigatório. A propriedade privada é protegida pela lei e ninguém pode ser forçado a trabalhar para terceiros. Diferentemente do que ocorre na economia planificada ou economia de estado, onde a produção económica é dirigida pelo Estado, na Economia de mercado a maior parte da produção económica é gerada pela iniciativa privada. Indústria, comércio e prestação de serviços são controlados por cidadãos particulares, ou seja, são empresas do setor privado que detêm a maior parcela dos meios de produção. Existem dois tipos de mercados: de concorrência perfeita e de concorrência imperfeita. 8.2 | Mercados de bens e serviços A macroeconomia observa a economia por quatro mercados:  Mercado de bens e serviços  Mercado de trabalho  Mercado monetário e de títulos  Mercado de divisas Através do mercado de bens e serviços tenta responder como se comporta o nível de atividades através da análise de todos os bens produzidos pela economia durante um determinado período de tempo e determina-se o chamado produto nacional. O preço desses produtos representa uma média de todos os preços produzidos é o chamado nível geral de preços. As diferentes estruturas de mercado estão condicionadas por três variáveis principais: número de firmas produtoras no mercado; diferenciação do produto; existência de barreiras à entrada de novas empresas. No mercado de bens e serviços, as formas e mercado, segundo essas três características, são as seguintes: concorrência perfeita, monopólio, concorrência monopolística (ou imperfeita) e oligopólio. 8.2.1 | Mercado de concorrência perfeita Designa uma estrutura de mercado em que os vendedores e os compradores são suficientemente numerosos para que nenhum deles possa exercer uma influência
  • 44. UFCD 4309 | Atividade Económica 44 significativa sobre os preços. Só os mecanismos de mercado determinam o preço de equilíbrio que se impõem a todos. Existe liberdade de entrada no mercado, ou seja, uma empresa que queira produzir um bem poderá fazê-lo mesmo que outras empresas já o façam. Existe livre concorrência entre os produtores e os consumidores pois nenhuma das empresas pode impor quaisquer condições de venda ao consumidor e livre concorrência do lado dos consumidores pelo que nenhum pode mudar o preço do produto das unidades de produção, o preço dos bens depende do livre jogo da oferta e da procura no mercado, o Estado também não pode alterar os preços ou qualquer outra entidade do mesmo género. Outra característica deste tipo de mercado é a transparência: os produtores deverão poder conhecer os ramos e sectores da atividade económica mais lucrativos para poderem mobilizar os fatores de produção para essas atividades. A informação dos agentes económicos, em particular acerca da qualidade dos produtos é total. A mobilidade dos fatores de produção: o mecanismo de mercado pressupõe a fácil reconversão e deslocalização dos fatores produtivos, capital e força de trabalho, para os sectores que mais oportunidades lucrativas ofereçam aos produtores. A concorrência é pura quando existe atomicidade (os compradores e os vendedores são numerosos, ao ponto de não poderem por si só influenciar os preços), existência de muitos produtores a oferecer o produto e de muitos consumidores a procurá-lo, não se verificando, deste modo, a possibilidade de um só agente económico provocar alterações significativas no mercado. Ainda a homogeneidade dos produtos transacionados (são idênticos e substituíveis entre si – permitem satisfazer as mesmas necessidades) e verifica-se o princípio da livre entrada no mercado, ou seja, não existe nenhum entrave ou barreira à entrada de novas empresas no mercado. Em conclusão, as empresas, ao concorrerem entre si, provocam a descida do preço dos produtos e a melhoria da sua qualidade, dado que são obrigadas a inovar os seus processos de fabrico, no sentido de diminuir os custos de produção. Nesta situação, o consumidor beneficia da concorrência entre as empresas, pois pode comprar bens a um preço mais baixo e de melhor qualidade.
  • 45. UFCD 4309 | Atividade Económica 45 Quando pelo menos uma dentre elas não se verificar, a concorrência é considerada imperfeita. 8.2.2 | Mercado de concorrência imperfeita O monopólio e o oligopólio são as duas principais formas de concorrência imperfeita. Mercado monopolístico: existem muitas unidades de produção pequenas, mas que produzem bens não homogéneos. Sempre que existe alguma alteração do produto, dando a cada produtor um certo poder para fixar o preço do seu bem existe uma concorrência monopolística. Marcas, modelos, embalagens, conteúdo, preços. Quando um só vendedor propõe um certo produto, trata-se de um monopólio (o monopólio é bilateral se houver também um único comprador). Uma empresa que é única no mercado pode fixar ela própria o seu preço. Este preço é superior àquele que resultaria da livre concorrência no seu próprio mercado, mas não pode subir sem limite. Com efeito, existe um limite para o poder de monopólio: a procura do consumidor, que baixará se o preço aumentar. A existência de monopólios explica-se pela presença de custos fixos elevados (infraestruturas dispendiosas, despesas de investigação exorbitantes) e por imposição do Estado mediante a restrição do número de licenças concedidas (telecomunicações, fornecedores de energia) e outras barreiras legais. Mercado de oligopólio: nestes mercados existem poucas unidades de grande dimensão a produzir o mesmo produto (RTP, SIC e TVI, Galp e Repsol, Boing e Airbus). Neste caso, o preço é acordado entre as várias unidades produtoras que se dividem entre regiões e clientes. Cada vendedor pode influenciar o preço e cada um deles decide tendo em conta o que farão os outros. Para evitar conflitos, as empresas em situação oligopolística procuram entender-se (cartel). Estes acordos, contudo, são ilícitos e interditos pela política da concorrência. Tipos de mercado e poder sobre a fixação dos preços: na concorrência perfeita os preços resultam da interação entre a oferta e a procura- a empresa não tem poder para afixar os preços).
  • 46. UFCD 4309 | Atividade Económica 46 Na concorrência imperfeita os preços dependem do poder que a empresa tiver no mercado. No mercado de concorrência monopolística o consumidor tem pouco poder, e o monopólio total poder. Oligopólio, algum poder. 8.3 | Mercados de trabalho Segundo a Teoria do Capital humano, o progresso é alavancado pelo investimento em pessoas, representado pelo conjunto de competências que as pessoas adquirem através da educação, formação e da própria experiência profissional. A ideia central é de que investimento em educação é o grande instrumento que dar oportunidade de mobilidade ocupacional, e consequentemente, de aumento salarial. Em contraponto, a Teoria da Segmentação, ao invés de dar ênfase ao papel da educação na explicação dos diferenciais de salários, desloca o foco da questão para o local onde o salário dos trabalhadores é gerado: o mercado de trabalho. A existência da descontinuidade é conhecida como segmentação do mercado de trabalho. O mercado de trabalho representa uma agregação de todos os tipos de trabalhos existentes na economia. Neste mercado, determinamos como se estabelece a taxa salarial e o nível de emprego. Fundamentalmente, o mercado de trabalho é segmentado por ação das empresas e pelas suas estratégias, existindo um dualismo de mercado, a saber: • Um mercado mais propício à qualidade do emprego, estabilização e formação dos seus trabalhadores, oferecendo boas condições de trabalho e possibilidades de desenvolvimento de carreira, que corresponde muitas vezes ao núcleo duro das empresas – mercado ou sector primário. • Um outro tipo de mercado, o mercado secundário onde as possibilidades de qualidade do emprego são menores e onde as formas de inserção são caracterizadas por uma maior mobilidade externa. No mercado primário, a determinação dos salários não depende tanto da produtividade dos trabalhadores como de certos “procedimentos habituais” das firmas do sector que, em geral, servem dois propósitos: de um lado, os trabalhadores estão protegidos contra a insegurança e, de outro, os empregadores compram uma certa quantidade de proteção contra greves, interrupções do processo produtivo, bem como uma espécie de lealdade dos trabalhadores para com a empresa empregadora.
  • 47. UFCD 4309 | Atividade Económica 47 No mercado secundário, os salários relativamente baixos desestimulam a adoção de técnicas poupadoras de mão-de-obra, há estagnação tecnológica, baixa produtividade e mercados estagnados. Portanto, a tendência dos salários no primário é de crescerem, enquanto no secundário é de permaneceram estagnados. Componentes do mercado de trabalho O mercado de trabalho é a relação entre a oferta e a procura de trabalho. A oferta de trabalho representa a procura de emprego, por seu lado, a procura de trabalho constitui a oferta de emprego. O mercado de trabalho existente num determinado país compõe-se pelo conjunto de indivíduos economicamente ativos, empregados ou não, cujo valor profissional está sujeito à lei da oferta e da procura, com base nas suas qualificações (experiência profissional, habilitações literárias, conhecimentos técnicos, características pessoais, etc.). No entanto, existem outros fatores que, não dependendo diretamente do indivíduo, afetam o seu valor profissional e as suas possibilidades perante o mercado de trabalho, tais como as novas formas de trabalho, as necessidades das empresas em matéria de recursos humanos ou o excesso de mão-de-obra qualificada em algumas áreas profissionais ou de formação. 8.4 | Mercados financeiros Existem três grandes tipos de mercados financeiros: o mercado monetário (financeiro a curto prazo), o mercado de capitais (que se distingue em relação ao primeiro quanto aos prazos de vencimento, já que este é de longo prazo) e, por último, o mercado cambial (onde se confrontam a procura e a oferta de divisas). No mercado monetário, vocacionado para aplicações de excedentes de tesouraria e para o financiamento de ruturas financeiras de curto prazo, transacionam-se títulos com um prazo de vencimento até um ano. O principal segmento do mercado monetário são os mercados interbancários, onde participam o Banco de Portugal e outras instituições de crédito. Estes mercados são constituídos por:
  • 48. UFCD 4309 | Atividade Económica 48 • Mercado Monetário Interbancário (MMI), em que instituições financeiras cedem liquidez entre si por períodos de tempo variáveis. Não há emissões de títulos; • Mercado de Operações de Intervenção, onde o Banco de Portugal e as instituições financeiras transacionam títulos para levar a cabo a política monetária previamente definida pelas autoridades monetárias: massa monetária em circulação e taxas de juro. Por seu lado, no mercado de capitais têm lugar operações sobre títulos cujo prazo de vencimento é superior a um ano. Este mercado encontra-se vocacionado para financiamentos e investimentos de médio e longo prazo, através da emissão de títulos mobiliários, como ações, obrigações, títulos de participação, etc. O mercado de capitais tem importantes funções económicas, das quais se destacam a mobilização das poupanças dos particulares e das empresas e o alargamento do leque de opções de financiamento dos investimentos produtivos das empresas. O mercado de capitais subdivide-se em mercado primário (onde são colocadas as novas emissões de títulos) e secundário (onde se transacionam títulos emitidos e subscritos em períodos anteriores, dando assim liquidez ao mercado primário). A este último (onde se recompram e revendem os novos títulos) chama-se habitualmente Bolsa de Valores. Por fim, no mercado cambial (ou de câmbios) confronta-se a procura e a oferta de divisas (moeda estrangeira). A taxa de câmbio é o preço de uma moeda expresso em unidades de outra moeda. 8.5 | Procura individual e procura agregada A procura de um determinado produto é definida como o agregado ou conjunto das intenções de aquisição desse produto por parte dos consumidores. A lei da procura relaciona a quantidade procurada de um produto com o respetivo preço, e pode ser enunciada da seguinte forma: a quantidade procurada de um bem aumenta quando o preço desce, e desce quando o preço aumenta. Para cada bem existe uma procura individual e uma procura agregada. A procura individual é a quantidade desse bem que um consumidor está disposto a adquirir a um determinado preço. A procura agregada (ou global) é a soma de todas as procuras individuais.
  • 49. UFCD 4309 | Atividade Económica 49 Ex: A quantidade procurada pelo mercado não depende só dos preços da cerveja sagres, mas dos preços de outras marcas de cerveja, das cervejas sem álcool, do rendimento e das preferências dos consumidores. Não se confunde procura com aquisição. A procura traduz apenas as intenções de aquisição. Para um dado preço existe uma quantidade procurada, mas essa procura só se traduzirá em aquisições se existir quantidade suficiente de bens no mercado, equivalente ou superior à quantidade procurada. No caso de não existirem bens em quantidade suficiente, parte da procura ficará por satisfazer. Este comportamento da quantidade procurada, variando inversamente ao preço, é bastante intuitivo: podemos aceitar com facilidade que o aumento do preço de um produto se traduza numa diminuição da procura desse produto. Este comportamento dos consumidores pode ser explicado tanto pelo "efeito rendimento" como pelo "efeito substituição". 8.6 | Concorrência e o preço de equilíbrio Para que se verifique a concorrência perfeita deve ser preenchido um conjunto de condições, sendo as principais as seguintes: • Atomização do mercado, ou seja, que exista um grande número de consumidores e um grande número de produtores, e que nenhum deles tenha dimensão suficiente para influenciar o mercado; • Transparência do mercado, no sentido de que todos os consumidores e todos os produtores devem ter um conhecimento perfeito de todos os preços; é por este motivo que a legislação obriga à afixação dos preços dos produtos, nas montras dos estabelecimentos, nas bancas do peixe, etc. • Mobilidade dos fatores de produção; o mecanismo de mercado pressupõe a fácil reconversão e deslocalização dos fatores produtivos, capital e força de trabalho, para os setores que mais oportunidades lucrativas ofereçam aos produtores. • Homogeneidade dos produtos; no caso de não existir homogeneidade, ou seja, no caso dos produtos serem diferenciados, o funcionamento do mercado aproxima-se duma situação de monopólio, onde cada produtor tende a ser o "monopolista" do seu próprio produto.
  • 50. UFCD 4309 | Atividade Económica 50 Um exemplo desta diferenciação, ou falta de homogeneidade, encontra-se nas calças de ganga (jeans) que, embora basicamente semelhantes, são objeto de diferenciação por meio de características secundárias ou da "marca", permitindo a existência de preços muito diferenciados e impedindo que haja uma concorrência perfeita; esta tendência para a diferenciação mais ou menos artificial dos produtos é uma característica das economias modernas. Quando se verificam condições de concorrência perfeita, o preço de mercado tende a situar-se no ponto onde a oferta é igual à procura. Este preço toma a designação de preço de equilíbrio. Conforme podemos ver na figura seguinte, o preço de equilíbrio corresponde ao ponto onde a curva da procura se cruza com a curva da oferta: Equilíbrio significa estabilidade, e o preço de equilíbrio representa, de facto, um ponto de estabilidade do mercado. Poderemos compreender melhor este conceito de estabilidade se procurarmos saber o que é que se passa se o preço de mercado (aquele que efetivamente ocorre no mercado num dado momento) não for um preço de equilíbrio.
  • 51. UFCD 4309 | Atividade Económica 51 Vejamos o caso da figura seguinte, onde o preço P1 se encontra acima do preço de equilíbrio. Para este preço não existe igualdade entre oferta e procura. O que acontece é que a oferta é superior à procura. E o motivo é fácil de compreender: a um preço mais elevado, os produtores estão dispostos a vender mais, mas os consumidores estão dispostos a comprar menos. Nesta situação de oferta superior à procura vão ficar muitos bens para vender pelo que se trata de uma situação insustentável. O resultado é que o preço tenderá a descer para o ponto de equilíbrio. Equilíbrio significa estabilidade, e o preço de equilíbrio representa, de facto, um ponto de estabilidade do mercado. Poderemos compreender melhor este conceito de estabilidade se procurarmos saber o que é que se passa se o preço de mercado (aquele que efetivamente ocorre no mercado num dado momento) não for um preço de equilíbrio. Vejamos o caso da figura seguinte, onde o preço P1 se encontra acima do preço de equilíbrio. Para este preço não existe igualdade entre oferta e procura. O que acontece é que a oferta é superior à procura. E o motivo é fácil de compreender: a um preço mais elevado, os produtores estão dispostos a vender mais, mas os consumidores estão dispostos a comprar menos. Nesta situação de oferta superior à procura vão ficar muitos bens para vender pelo que se trata de uma situação insustentável. O resultado é que o preço tenderá a descer para o ponto de equilíbrio.
  • 52. UFCD 4309 | Atividade Económica 52 Vejamos agora a hipótese do preço de mercado se situar abaixo do preço de equilíbrio, situação representada na figura seguinte. Neste caso a procura é superior à oferta, precisamente porque o preço é aliciante para os consumidores, mas indesejável para os produtores. Trata-se de uma situação insustentável, porque rapidamente os produtos se esgotarão no mercado. O preço tenderá agora a subir para o ponto de equilíbrio. Contudo o preço de equilíbrio não é sempre o mesmo: ele pode modificar-se em resposta a deslocações das curvas da oferta e da procura, deslocações cujas causas já analisámos noutra parte deste capítulo. Vejamos o caso da figura seguinte, em que a curva da oferta sofre uma deslocação de para a direita, de S para S1. Isto determina a fixação de um novo preço de equilíbrio, P1, que se situa abaixo do preço de equilíbrio anterior.
  • 53. UFCD 4309 | Atividade Económica 53 Se a curva da oferta se deslocar para a esquerda, o novo preço de equilíbrio estará acima do anterior, conforme se pode ver na figura seguinte, onde a curva da oferta se desloca de S para S2. Vejamos agora o que acontece com as deslocações da curva da procura. A deslocação da curva da procura para a direita, de D para D1, representada na figura seguinte, traduz-se por uma subida do preço de equilíbrio.
  • 54. UFCD 4309 | Atividade Económica 54 No caso da curva da procura se deslocar para a esquerda, de D para D2, o resultado será a descida do preço de equilíbrio, conforme se pode ver na figura seguinte. Bibliografia Gomes, Rita; Silva, Fernando, Economia – Módulos 1 a 4, Manual nível 3 - Ensino
  • 55. UFCD 4309 | Atividade Económica 55 profissional, Porto Editora, 2010 Neves, João César, O meu livro de economia, Texto Editores, 2009 Sites Consultados Banco Central Europeu http://www.ecb.europa.eu Universidade Aberta Apontamentos “Introdução à Economia” http://sebentaua.blogspot.pt/