O documento é uma carta de Sabugosa de Castro informando o fim do noivado com a senhorita devido a seus novos encargos como contabilista-chefe dos Armazéns Penalva, que não lhe deixarão tempo para deveres conjugais. Ele também informa que continuará trabalhando no varejo da manceba como vinha fazendo desde 1932.
2. Questão 01 - ENEM PPL 2019
Prezada senhorita,
Tenho a honra de comunicar a V. S. que resolvi, de acordo com o que foi conversado com seu
ilustre progenitor, o tabelião juramentado Francisco Guedes, estabelecido à Rua da Praia,
número 632, dar por encerrados nossos entendimentos de noivado. Como passei a ser o
contabilista-chefe dos Armazéns Penalva, conceituada firma desta praça, não me restará, em
face dos novos e pesados encargos, tempo útil para deveres conjugais.
Outrossim, participo que vou continuar trabalhando no varejo da manceba, como vinha
fazendo desde que me formei em contabilidade em 17 de maio de 1932, em solenidade
presidida pelo Exmo. Sr. Presidente do Estado e outras autoridades civis e militares, bem assim
como representantes da Associação dos Varejistas e da Sociedade Cultural e Recreativa José
de Alencar.
Sem mais, creia-me de V. S. patrício e admirador,
Sabugosa de Castro.
CARVALHO, J. C. Amor de contabilista. In: Porque Lulu Bergatim não atravessou o Rubicon. Rio de Janeiro: José
Olympio, 1971.
A exploração da variação linguística é um elemento que pode provocar situações cômicas.
Neste texto, o tom de humor decorre da incompatibilidade entre
a) o objeto de informar e a escolha do gênero textual.
b) a linguagem empregada e os papéis sociais dos interlocutores.
c) o emprego de expressões antigas e a temática desenvolvida no texto.
d) as formas de tratamento utilizadas e as exigências estruturais da carta.
e) o rigor quanto aos aspectos formais do texto e a profissão do remetente.
Questão 02 - ENEM 2016 (2a aplicação)
Da corrida de submarino à festa de aniversário no trem
Leitores fazem sugestões para o Museu das Invenções Cariocas
“Falar ‘caraca!’ a cada surpresa ou acontecimento que vemos, bons ou ruins, é invenção do
carioca, como também o ‘vacilão’”.
“Cariocas inventam um vocabulário próprio”. “Dizer ‘mermão” e “é mermo” para um amigo pode
até doer um pouco no ouvido, mas é tipicamente carioca”.
“Pedir um ‘choro’ ao garçom é invenção carioca.”
“Chamar um quase desconhecido de ‘querido’ é um carinho inventado pelo carioca para tratar
bem quem ainda não se conhece direito.”
“O ‘ele é um querido’ é uma forma mais feminina de elogiar quem já é conhecido.”
SANTOS, J. F. Disponível em: www.oglobo.globo.com. Acesso em: 6 mar. 2013 (adaptado).
3. Entre as sugestões apresentadas para o Museu das Invenções Cariocas, destaca-se o variado
repertório linguístico empregado pelos falantes cariocas nas diferentes situações específicas de
uso social.
A respeito desse repertório, atesta-se o(a)
a) desobediência à norma-padrão, requerida em ambientes urbanos.
b) inadequação linguística das expressões cariocas às situações sociais apresentadas.
c) reconhecimento da variação linguística, segundo o grau de escolaridade dos falantes.
d) identificação de usos linguísticos próprios da tradição cultural carioca.
e) variabilidade no linguajar carioca em razão da faixa etária dos falantes.
Questão 03 - ENEM PPL 2011
Foi sempre um gaúcho quebralhão, e despilchado sempre, por ser muito de mãos abertas. Se
numa mesa de primeira ganhava uma ponchada de balastracas, reunia a gurizada da casa, fazia
pi! pi! pi! como pra galinhas e semeava as moedas, rindo-se do formigueiro que a miuçada
formava, catando as pratas no terreiro. Gostava de sentar um laçaço num cachorro, mas desses
laçaços de apanhar da palheta à virilha, e puxado a valer, tanto que o bicho o tomava, de tanto
sentir dor, e lombeando-se, depois de disparar um pouco é que gritava, num caim! caim! caim!
de desespero.
LOPES NETO, J. S. Contrabandista. In: SALES, H. (org). Antologia de contos brasileiros. Rio de Janeiro: Ediouro,
2001 (adaptado).
A língua falada no Brasil apresenta vasta diversidade, que se manifesta de acordo com o lugar, a
faixa etária, a classe social, entre outros elementos. No fragmento do texto literário, a variação
linguística destaca-se
a) por inovar na organização das estruturas sintáticas.
b) pelo uso de vocabulário marcadamente regionalista.
c) por distinguir, no diálogo, a origem social dos falantes.
d) por adotar uma grafia típica do padrão culto, na escrita.
e) pelo entrelaçamento de falas de crianças e adultos.
4. Questão 04 - ENEM 2011
Motivadas ou não historicamente, normas prestigiadas ou estigmatizadas pela comunidade
sobrepõem-se ao longo do território, seja numa relação de oposição, seja de
complementaridade, sem, contudo, anular a interseção de usos configuram uma norma nacional
distinta da do português eu europeu. Ao focalizar essa questão, que opõe não só as normas de
português de Portugal às novas do português brasileiro, mas também as chamadas normas
cultas locais às populares ou vernáculas, deve-se insistir na ideia de que essas normas se
consolidam em diferentes momentos da nossa história e que só a partir do século XVIII se pode
começar a pensar na bifurcação das variantes continentais, ora em consequência de mudanças
ocorridas no Brasil, ora em Portugal, ora, ainda, em ambos os territórios.
CALLOU, D. Gramática, variação e normas. In: VIEIRA, S. R.; BRANDÃO, S. (orgs). Ensino de gramática: descrição e
uso. São Paulo: Contexto, 2007 (adaptado).
O português do Brasil não é uma língua uniforme. A variação linguística é um fenômeno natural,
ao qual todas as línguas estão sujeitas. Ao considerar as variedades linguísticas, o texto mostra
que as normas podem ser aprovadas ou condenadas socialmente, chamando a atenção do leitor
para a
a) desconsideração da existência das normas populares pelos falantes da norma culta.
b) difusão do português de Portugal em todas as regiões do Brasil só a partir do século
XVIII.
c) existência de usos da língua que caracterizam uma norma nacional do Brasil, distinta da
de Portugal.
d) inexistência de normas cultas e populares ou vernáculas em um determinado país.
e) necessidade de se rejeitar a ideia de que os usos frequentes de uma língua devem ser
aceitos.
Questão 05 - ENEM 2010 (2a aplicação)
Quando vou a São Paulo, ano na rua ou vou ao mercado, apuro o ouvido; não espero só o
sotaque geral dos nordestinos, onipresentes, mas para conferir a pronúncia de cada um; os
paulistas pensam que todo nordestino fala igual; contudo as variações são mais numerosas que
as notas de uma escala musical. Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí têm no
falar de seus nativos muito mais variedades do que se imagina. E a gente se goza uns dos outros,
imita o vizinho, e todo mundo ri, porque parece impossível que um praiano de beira-mar não
chegue sequer perto de um sertanejo de Quixeramobim. O pessoal do Cariri, então, até se
orgulha do falar deles. Têm uns tês doces, quase um the; já nós, ásperos sertanejos, fazemos um
duro au ou eu de todos os terminais em al ou el - carnavau, Raqueu… Já os paraibanos trocam o l
pelo r. José Américo só me chamava, afetuosamente, de Raquer.
Queiroz, R. O Estado de São Paulo. 9 maio 1998 (fragmento adaptado).
5. Raquel de Queiroz comenta, em seu texto, um tipo de variação linguística que se percebe no
falar de pessoas de diferentes regiões. As características regionais exploradas no texto
manifestam-se
a) na fonologia.
b) no uso do léxico.
c) no grau de formalidade.
d) na organização sintática.
e) na estruturação morfológica.
Gabarito
1. B
2. D
3. B
4. C
5. A