Este documento descreve uma pesquisa sobre famílias homoparentais em Portugal. A pesquisa usará entrevistas para caracterizar as famílias, explorar suas experiências de parentalidade e fatores de proteção, e entender como lidam com a opressão social. O objetivo é melhor compreender as experiências dessas famílias e fatores que promovem seu desenvolvimento saudável.
Resumo: Na nossa sociedade a deficiência é compreendida como uma diferença que representa desvantagens sociais e, neste sentido, costuma-se generalizar as limitações impostas por ela a vários aspectos da vida, incluindo a sexualidade. Compreendemos por sexualidade um conceito amplo que engloba, além do sexo, os sentimentos, afetos, concepções de gênero, entre outras manifestações relacionadas, que correspondem a diferentes formas de expressão humana e envolvem representações, emoções, desejos, erotismo, sentimentos de afeição e amor, etc. Todos nós, deficientes ou não, estamos sujeitos a sofrer discriminação, pois ela é predominante na nossa sociedade, mas a condição da deficiência multiplica a discriminação. Se a questão da sexualidade freqüentemente é tratada enquanto um tabu em nossa sociedade, esse assunto ainda se polemiza mais quando discutimos as manifestações da sexualidade em pessoas com deficiência. Sobretudo para os autistas, as manifestações amorosas e as sexuais eram inaceitáveis até pouco tempo atrás porque se julgava que estas pessoas, muitas vezes, eram assexuadas e, portanto, estas suas capacidades foram subestimadas e foram infantilizadas. Infelizmente, ainda a mídia retrata de forma especulativa, cômica, estereotipada e pouco esclarecida exemplos de algumas pessoas autistas. E a intenção não é das piores, não apresentar o amor e os sentimentos seria equivalente a uma tentativa de protegê-los de se frustrarem emocionalmente, adquirem doenças sexualmente transmissíveis, etc. Infelizmente, no Brasil, o deficiente e suas necessidades ainda são freqüentemente ignorados, posto que a evolução da sociedade não fosse suficiente para afastar a exclusão e as dificuldades experimentadas. Então, numa sociedade na qual se busca o arquétipo do homem ideal, a pessoa deficiente é ignorada e excluída, e resta ser confinada na própria família ou em uma instituição, na qual partem da premissa "o que os olhos não vêem o coração não sente". Um dos temas a que muitas vezes são afastados as pessoas deficientes é o amor e a sexualidade.Neste curso, será focado o autista diagnosticado com a Síndrome de Asperger e associado a esse tema os relacionamentos amorosos e a sexualidade que são tidos como um tabu para essas pessoas. Neste mini-curso seu proponente chamará atenção para os insidiosos mecanismos que não permitem que a qualidade de vida no que concerne ao amadurecimento emocional dos autistas seja realizada.
Trabalho realizado na disciplina de Psicologia da Eucação na UFU
Créditos de:
Leandro Fuzaro
Nayara Luchini Xavier
Paula Santana
Caroline Rodrigues Estevão
Ana Luiza Rocha Azevedo Neves
Resumo: Na nossa sociedade a deficiência é compreendida como uma diferença que representa desvantagens sociais e, neste sentido, costuma-se generalizar as limitações impostas por ela a vários aspectos da vida, incluindo a sexualidade. Compreendemos por sexualidade um conceito amplo que engloba, além do sexo, os sentimentos, afetos, concepções de gênero, entre outras manifestações relacionadas, que correspondem a diferentes formas de expressão humana e envolvem representações, emoções, desejos, erotismo, sentimentos de afeição e amor, etc. Todos nós, deficientes ou não, estamos sujeitos a sofrer discriminação, pois ela é predominante na nossa sociedade, mas a condição da deficiência multiplica a discriminação. Se a questão da sexualidade freqüentemente é tratada enquanto um tabu em nossa sociedade, esse assunto ainda se polemiza mais quando discutimos as manifestações da sexualidade em pessoas com deficiência. Sobretudo para os autistas, as manifestações amorosas e as sexuais eram inaceitáveis até pouco tempo atrás porque se julgava que estas pessoas, muitas vezes, eram assexuadas e, portanto, estas suas capacidades foram subestimadas e foram infantilizadas. Infelizmente, ainda a mídia retrata de forma especulativa, cômica, estereotipada e pouco esclarecida exemplos de algumas pessoas autistas. E a intenção não é das piores, não apresentar o amor e os sentimentos seria equivalente a uma tentativa de protegê-los de se frustrarem emocionalmente, adquirem doenças sexualmente transmissíveis, etc. Infelizmente, no Brasil, o deficiente e suas necessidades ainda são freqüentemente ignorados, posto que a evolução da sociedade não fosse suficiente para afastar a exclusão e as dificuldades experimentadas. Então, numa sociedade na qual se busca o arquétipo do homem ideal, a pessoa deficiente é ignorada e excluída, e resta ser confinada na própria família ou em uma instituição, na qual partem da premissa "o que os olhos não vêem o coração não sente". Um dos temas a que muitas vezes são afastados as pessoas deficientes é o amor e a sexualidade.Neste curso, será focado o autista diagnosticado com a Síndrome de Asperger e associado a esse tema os relacionamentos amorosos e a sexualidade que são tidos como um tabu para essas pessoas. Neste mini-curso seu proponente chamará atenção para os insidiosos mecanismos que não permitem que a qualidade de vida no que concerne ao amadurecimento emocional dos autistas seja realizada.
Trabalho realizado na disciplina de Psicologia da Eucação na UFU
Créditos de:
Leandro Fuzaro
Nayara Luchini Xavier
Paula Santana
Caroline Rodrigues Estevão
Ana Luiza Rocha Azevedo Neves
Trabalho apresentado no 6º Encontro de Formação Continuada dos Professores do Município de Carapicuíba, São Paulo.
RESUMO
O presente estudo pretende discutir a relação entre as famílias homoparentais e a instituição escolar. Almejamos saber se as escolas e os profissionais da educação estão preparados para lidar com a família homoparental e como o currículo escolar contemplam os diferentes arranjos familiares. Foi realizado um estudo de campo, de cunho qualitativo conforme Gil (2008), coletando dados através da realização de entrevistas com três famílias homoparentais e, também, com profissionais da educação (diretora de uma escola, coordenadora pedagógica e professores), que atuam em instituição escolar na qual ocorreram casos de homoparentalidade. Constou-se que, mesmo com todas as mudanças sociais iniciadas no século XX, a escola ainda trabalha com o modelo de família nuclear como única formação familiar possível e aceitável e, mesmo com o pluralismo curricular, as famílias homoparentais ainda permanecem invisíveis no cotidiano escolar e os profissionais da educação sentem-se desconfortáveis em tratar do tema.
Apresentação feita durante um seminário para adolescentes da Igreja Batista da Praia do Canto. Objetivo: diminuir os preconceitos já enraizados na igreja e desmistificar a homossexualidade.
Apresentação do GTOS (Grupo de Trabalho em Orientação Sexual) na formação para Professor@s de Biblioteca e Mediador@s de Leitura do Programa Manuel Bandeira de Formação de Leitores (Prefeitura do Recife).
"It's like we have a sword hanging over our heads": Planned lesbian-parented families dealing with social oppression in Portugal.
Presented at the International Convention on Psychological Science, Amsterdam, March 2015
Heterosexuals’ attitudes toward same-sex parenting: The case of Portugal
Homoparentalidade: que familias que experiencias?
1. “Homoparentalidade
Que famílias, que
experiências?”
Pedro Alexandre Costa, MSc
Bolsa de Doutoramento financiada pela FCT
Orientada por Prof. Dr. Henrique Pereira e Prof. Dra. Isabel Leal
Em colaboração com Prof. Dra. Fiona Tasker, Birkbeck-Universidade Londres
2. (Homo) Parentalidade
O prefixo HOMO
Estudos conduzidos
maioritariamente:
-Estados Unidos
-Reino Unido
-Holanda
-Bélgica
-Espanha.
Parentalidade por:
1 ou 2 mães lésbicas (ou bissexuais)
1 ou 2 gays (ou bissexuais)
Países onde famílias
homoparentais são
legalmente
reconhecidas.
3. Números ‘oficiais’…
• Censos Americanos
33% casais de duas mulheres com pelo menos uma
criança menor de 18 anos;
22% casais de dois homens com pelo menos uma criança
menor de 18 anos;
163.879 famílias de pais gays ou mães lésbicas.
• Censos Americanos
270 mil crianças com dois pais / duas mães;
540 mil crianças com um pai gay ou uma mãe lésbica.
4. Números comunitários…
• EUA (1994):
1 em cada 5 lésbicas são mães
1 em cada 9 gays são pais
• Portugal (2011, 2012):
8%-10% casais do mesmo sexo com crianças
3% mulheres lésbicas / homens gays com filhos
5. Diversidade de arranjos
familiares
Famílias mães lésbicas
• Pós-separação ou
reconstituídas
• Inseminação artificial
• Adoção
Famílias pais gays
• Pós-separação ou
reconstituídas
• Gestação de
substituição
• Adoção
• Doação privada de
esperma
6. Conclusões da Literatura I
Desenvolvimento Infantil
Sem diferenças em áreas fundamentais:
• Desenvolvimento emocional (auto-estima, bem-estar,
ajustamento psicológico);
• Ajustamento comportamental (incidência de
problemáticas comportamentais);
• Funcionamento cognitivo (desenvolvimento
intelectual e resultados académicos);
• Identidade de género e Identidade sexual
7. Conclusões da Literatura II
Competências parentais
Sem diferenças ao nível de:
• Ajustamento psicológico (bem-estar geral, incidência
de problemas de saúde mental ou físico);
• Investimento parental (desejo de parentalidade,
capacidade de estabelecer relações seguras);
• Ajustamento relacional (níveis de comunicação e
suporte do casal, satisfação diádica).
8. Paradigmas de Investigação
1) Sem diferenças entre famílias hetero e
homoparentais;
2) Famílias homoparentais diferentes e desviantes;
3) Maternidade lésbica diferente e transformativa;
4) Famílias homoparentais diferentes
devido aos efeitos da opressão social.
9. Principais Formas de Opressão
Social
• Legais: Dificuldades de acesso a diferentes
formas de união e de parentalidade;
• Médicas: Permeabilidade dos preconceitos na
prática clínica; obstáculos às mães/pais sociais;
• Psicológicas: Gestão do segredo familiar,
suporte social e integração comunitária,
experiências de discriminação (internalização do
estigma);
• Escola: Escola pública menos interventiva,
menos tolerante, mais permeável à influência
religiosa;
• Sociedade: Das mais subtis à discriminação
10. A resposta depende do que se
pergunta…
De
“Que tipo de problemas têm as crianças
devido ao heterossexismo e opressão
social?”
A
“Como é que as crianças e as famílias se
mantêm estáveis e saudáveis apesar do
heterossexismo e opressão social com que
são confrontadas?”
11. Variáveis
negativas
Variáveis
positivas
Variáveis
mediadoras
Desenvolvimento
• Efeitos da HI pais Infantil
• Não revelação
da orientação
sexual
• Expectativas de
estigmatização
• Experiências reais
de discriminação
• Relacionamento
pais-filhos
• Ajustamento
conjugal
• Dificuldades
associadas à filiação
• Desejo de
parentalidade
1) Mecanismos de
Coping
Intrafamiliar
• Falar sobre OS e
antecipação de
incidentes
• Estratégias de
divulgação
2) Fatores de
Proteção
Extrafamiliar
• Suporte social
• Inserção na
Comunidade
LGBT
• Discussão aberta
sobre temática LGBT
Ajustamento
Comportamental
Auto-estima
Aceitação social /
pares
Ajustamento
Psicológico
12. O presente estudo
Metodologia qualitativa através de
entrevista semiestruturada
Temas:
• Constituição familiar
• Experiências de parentalidade
• Suporte social
• Opressão social
• Fatores de proteção
13. Objetivos
1) Caracterizar as famílias homoparentais em
Portugal: vias para a parentalidade e
constituição familiar.
2) Explorar as experiências específicas das
famílias homoparentais: desejo e experiências
de parentalidade, gestão da opressão social e
fatores de proteção.
14. Um exemplo… (I)
Casal de duas mulheres de 38 e 39 anos, com uma
filha de 3 anos, planeada, concebida por
inseminação artificial através de dador conhecido
Quais são as experiências de opressão social?
“A minha principal preocupação tem a ver com o facto de
eu não ser, de facto, ou melhor sou de facto mas não sou
de lei, eu sou mãe de facto mas não sou mãe de lei. E isso
implica que a Inês não tem direito à minha figura parental
não é. E isso assusta bastante porque imaginemos que
acontece alguma coisa e é preciso eu decidir no momento,
e eu não passo de uma estranha não é, para um hospital
não passo de uma estranha”
15. Um exemplo… (II)
Quais são as estratégias para lidar com as experiências de
opressão?
1) Integração comunitária e suporte social:
“Gosto de gostar de pessoas, e de ter amigos e portanto essa parte é
importante. E depois são pessoas que tem muitas coisas em comum
connosco, nomeadamente um desejo de parentalidade tão forte que à
partida, mesmo sendo lésbicas ou gays, deram-se ao trabalho de
ultrapassarem todos os obstáculos para concretizar o desejo de
parentalidade. (…) E depois gosto de conversar sobre a troca de
experiências exatamente por isso, porque também queremos preparar a
Inês e queremos saber com o que contamos, e é bom ouvir as
experiências, por um lado isto por nós, e depois por outro lado apesar
de ela ser muito pequenina mas é óbvio que é bom também para ela ter
exatamente a mesma coisa não é, pares no futuro a quem, que já
tenham passado por isso ou que ela possa ajudar a passar por alguma
dificuldade, por algum problema.”
16. Um exemplo… (III)
2) Abertura e normalização da configuração familiar:
“Eu (…) acho que o caminho para que haja
problemas é exatamente o tratar da família, da
constituição da família, como se fosse um
problema. Não é? Não… não há nada como
explicar, e falar, e conversar, e dizer tudo, e ser
claro, e estar disponível para esclarecer
dúvidas, sejam internas ou externas o que for,
mas… sempre com as cartas na mesa. Sem
fantasmas.”