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AUGUSTO DE FRANCO

    RESISTA À TENTAÇÃO DE
    PERTENCER A UM GRUPO




Sobre as dificuldades de se atirar na correnteza quando é tão mais
fácil construir diques e ficar boiando na tranqüilidade da represa

     Publiquei este texto na Escola-de-Redes no dia 11/04/2011. Até
     hoje (26/09/2011) ele recebeu 62 comentários que vão
     publicados no final. Vale a pena ler o comentários para ter uma
     idéia dos fluxos de conversações na E=R. É a parte mais rica.

As reflexões expostas a seguir são sobre redes sociais
voluntariamente articuladas. Mais precisamente sobre a interação
entre pessoas em prol de objetivos comuns fora de organizações
hierárquicas ou do que chamo de grupos proprietários. Venho


                                 1
ruminando-as há algum tempo. A primeira versão dessas idéias
publiquei-a, ainda no início de 2009, no texto Cada um no seu
quadrado http://goo.gl/Sqcfp

Na mesma época expressei mais ou menos assim uma convicção que
estava se formando:

"- Não faça patotas, não construa igrejinhas".

O mundo girou, a luzitana rodou, e tal convicção somente
amadureceu. Então vou publicá-la antes que apodreça (sim,
conhecimento guardado costuma estragar).

Em geral as pessoas estão acostumadas a interagir em espaços
proprietários (fechados), não em redes (abertas). Não estão abertas
à interação com o que chamei de outro-imprevisível. Por isso fazem
escolas, erigem igrejas, urdem corporações e partidos e servem à
instituições hierárquicas (sejam sociais, estatais ou empresariais). E,
às vezes, seu quadradinho é um espaço proprietário virtual, um blog
ou uma página no Facebook.

Mesmo quando se aventuram a fazer redes, as pessoas, em geral,
organizam grupos proprietários, estabelecem contextos que separam
quem está dentro de quem está fora, criam sulcos que acabam
disciplinando a interação por meio de regras (muitas vezes tácitas,
mas não por isso menos efetivas), de um glossário próprio (pelo qual
ressignificam os termos que usam recorrentemente gerando algum
tipo de jargão) não importando para nada se esta "wikipedia" (ou
"contextopedia") privada está ou não publicada em um site aberto ou
fechado; enfim, fazem tudo para promover o seu grupo – às vezes
chamado de comunidade – à condição de instância mais estratégica
do que as demais (os outros ambientes em que interagem, inclusive
as midias sociais onde se registram). Este é um dos motivos pelos
quais sua interação nesses outros ambientes é, em geral, tão pouco
intensa ou tão pouco freqüente. Pudera! Seu tempo está tomado pelo
seu próprio grupo (seja uma organização da sociedade formal ou
informal, seja um órgão estatal, seja uma empresa).

E o mais interessante é que, muitas vezes, essas pessoas estão
convencidas intelectualmente de que devem se organizar em rede.


                                   2
Não raro denominam de redes suas organizações hierárquicas ou
seus grupos proprietários. Não estão – em sua maioria – mentindo ou
fazendo propaganda enganosa. Elas acreditam mesmo que suas
organizações sejam redes, desde que seus membros estejam
convencidos (ou “tenham consciência”) de que agora entramos na era
das redes (por algum motivo elas acham que consciência é algo
capaz de determinar comportamentos coletivos).

Chega a ser fascinante observar como essas pessoas não conseguem
viver fora do seu quadrado. E como racionalizam tal aprisionamento
lançando mão das mais variadas teorias sociológicas sobre grupos (a
sociologia vem aqui, não raro, como um socorro contra a política,
como uma proteção contra a experiência direta de uma política não-
autocrática). Ah! é difícil, como é difícil se atirar na correnteza
http://goo.gl/CJxs1 quando é tão mais fácil construir diques e ficar
boiando na tranqüilidade da represa!




Pois bem. Tudo isso - que já foi dito e repisado, por mim e por
outros, nos últimos dois anos - me leva agora a refletir sobre o
seguinte: se quiserem realmente tecer redes as pessoas não devem
se agregar a outras pessoas em grupos proprietários, comunidades


                                 3
exclusivas, inner circles, bunkers para se proteger do mundo exterior
ou outras formas de organização constituídas na base do “cada um
no seu quadrado”. Sim, pode parecer surpreendentemente
contraditório, à primeira vista, dizer o que vou dizer agora:

- Se você quer fazer redes, resista a tentação de pertencer a um
grupo.

Se você se deixa capturar por um grupo ou se põe a capturar outras
pessoas para um grupo (que seja considerado - ou funcione como, dá
no mesmo - o seu grupo), então você terá imensas dificuldades de
interagir em rede de modo mais distribuído do que centralizado. Se
você quer, porque acha que precisa, porque sente, às vezes
desesperadamente, a vontade de se juntar a outras pessoas para
executar algum projeto coletivo, compartilhar com elas suas idéias,
seus sonhos (e também suas ansiedades), somar esforços, apoiar e
receber apoio praticando a ajuda-mútua dentro de um campo de
cumplicidade, enfim, constituir um grupo e coesioná-lo a partir de
uma visão comum, de um “falar a mesma língua”, de uma sintonia
fina de sentimentos e emoções, então se prepare para fazer o mais
difícil: matar essa vontade!

Simplesmente mate essa vontade. Se preciso, vá para o deserto e
passe um tempo lá. Se você já está conectado a outras pessoas, por
que diabos quer também forçar uma clusterização que selecionará a
priori algumas conexões como mais fortes do que outras, alguns
caminhos como mais válidos do que outros, alguns planos feitos intra
muros (quer dizer, dentro daquele clusterzinho que foi urdido antes
da interação) como mais estratégicos do que outros?

Não há qualquer problema em se reunir com muitos grupos para
propósitos diversos, públicos ou privados, interagir em vários
aglomerados, atuar coletivamente em várias instâncias. O problema
só surge quando você faz tudo isso não a partir de você mesmo, mas
sempre a partir de um grupo que encara os demais ambientes
coletivos como campo de atuação (e uma atuação inevitavelmente
tática, mesmo quando você proteste o contrário) desse grupo.

Trabalhar em rede distribuída é diferente de trabalhar num grupo
proprietário, numa organização nuclear que compartilha uma visão


                                  4
comum e exige essa visão comum para continuar interagindo. Na
verdade, o problema está na construção de mundos baseados na
participação.

Portanto, se você quer experimentar redes (mais distribuídas do que
centralizadas), nada de grupo participativo, nada de chegar a algum
formato com base em participação. Redes não são ambientes de
participação http://goo.gl/ZQm8w e sim de interação. Não temos que
decidir o que todos farão em bloco. Vamos interagir e ver o que
acontece. O formato final de qualquer ação coletiva será sempre uma
combinação fractal, emergente, de certo modo inédita e imprevisível,
das contribuições de cada um.

Em outras palavras, se você quer fazer redes não pode esquecer
jamais uma coisa: você é uma pessoa. Paulo Brabo (2007), em um
texto que não me canso de citar http://goo.gl/ytbZg, escreveu assim:

“A primeira coisa a fazer, se você ainda não fez, é desiludir-se por
completo de todas as iniciativas comunitárias ou governamentais, por
mais bem intencionadas que sejam, e raramente são. Esqueça, meu
caro discípulo, o coletivo. A salvação não virá de ongs ou ogs, Gogues
ou Magogues, poderes ou potestades. A salvação não virá de igrejas,
assembléias, organizações de bairro, sindicatos, asilos, orfanatos ou
campanhas de assistência. As ongs têm a tremenda virtude de não
serem governamentais, mas contam com a imperdoável falha de
serem organizações. Repita comigo: as instituições não existem. Só
existem pessoas”.

É claro que é necessário entender o contexto confessional (ou
teologal) em que Brabo escreveu sua bela homilia herética e fixar-se
nas suas mensagens centrais: desiluda-se por completo das
iniciativas comunitárias, esqueça o coletivo, reconheça a imperdoável
falha das organizações (aquela que deriva do fato de serem
organizações) e convença-se de que as instituições não existem: só
existem pessoas.

Fale como uma pessoa. Seja uma pessoa. Não aja como se fosse um
grupo, um projeto, uma organização (nem mesmo tuite como se
fosse uma coletividade abstrata). Uma pessoa jurídica é uma pessoa
imaginária (ou seja, uma não-pessoa). A vida gastou 3,9 bilhões de


                                  5
anos e as coletividades humanas formadas pela convivência gastaram
uns 300 mil anos para constituírem essa tão surpreendente quanto
improvável realidade que somos (o humano, a pessoa: o encontro
fortuito do simbionte natural em evolução com o simbionte social em
prefiguração) e na hora em que vamos nos apresentar a alguém,
sobretudo a alguma coletividade, temos vergonha de dizer que somos
“apenas” uma pessoa e preferimos declarar que estamos
representando alguma dessas organizações vagabundas que, em
média, não conseguem sobreviver mais do que poucos anos e que,
além de tudo, são não-humanas, quando não desumanas.

Mas... atenção! Pessoa não é o mesmo que a abstração chamada
indivíduo. Redes sociais não são redes de indivíduos e sim de
pessoas. O conjunto dos pensionistas do previdência social não
constitui uma rede social, assim como não constitui uma rede social a
população de um país. O social, como sempre dizemos, não é a
coleção dos indivíduos e sim as configurações móveis geradas a partir
do que ocorre entre eles (que, então, deixam de ser indivíduos para
passar a ser pessoas). Quando interagimos, tornamo-nos pessoas.
Assim, pessoa já é rede http://goo.gl/pE0oM.

Se você não tem liberdade para interagir nos seus próprios termos,
como uma pessoa, se você diz: “vou consultar primeiro meu chefe ou
meus companheiros” antes de decidir sobre isso ou aquilo, então sua
porção-borg http://goo.gl/B7erl cresce e sua porção-social diminui.
Em outras palavras, sua porção-rebanho cresce e sua porção-pessoa
diminui. Em outras palavras, ainda: você perde um pouco daquela
qualidade da alma que chamamos de humanidade.

Se você se define como participante de qualquer grupo, quer dizer,
restringe suas possibilidades de interagir para se enquadrar nos
termos já estabelecidos por outrem (ou, até, por você mesmo, porém
antes da interação), então você terá muitas dificuldades de entender,
experimentar e atuar em rede (distribuída).

Toda realização em rede distribuída é um projeto que vai se
construindo à medida que avança, que vai se formando ao sabor de
fluzz http://goo.gl/NA5xt, que vai gerando ordem a partir – e no
ritmo – da interação. Em tal contexto é desnecessário, a rigor,



                                  6
combinar antes o script. É inútil – e freqüentemente
contraproducente – mobilizar energia para direcionar um grupo.

Se você quer fazer redes, nada de formar uma comunidade que vá
além do seu propósito específico e declarado (como se fosse um
comunidade de destino). Não existe „a‟ comunidade: existem
múltiplas, diversas, comunidades. Se você acha que existe aquela
comunidade que é „a‟ comunidade (porque é “a sua”, a escolhida, a
predestinável), é sinal de que você se deixou aprisionar por um grupo
(às vezes uma prisão que você mesmo engendrou). E aí não vão
tardar a surgir aquelas manifestações horríveis de pertencimento
exclusivo, de fidelidade... Mesmo que você aceite o direto de uma
pessoa de abandonar uma comunidade, isso não basta. É necessário
aceitar o direito de uma pessoa de pertencer a várias comunidades ao
mesmo tempo! Ou seja, é necessário desconstituir a cultura (ou
quebrar a linha de transmissão de comportamento) do “cada um no
seu quadrado”.

Você já notou que este direito não é reconhecido nas organizações
hierárquicas, mesmo nas privadas, como os partidos e as empresas?
Nas empresas esse direito só existe para os donos ou acionistas.
Quando lhe pagam um salário, é como se dissessem: “comprei você e
agora você é meu; nada de transar fora do meu quadrado”.

Se você quer fazer redes, nada de alinhar visões. Na maioria das
organizações    burocráticas,    sejam    sociais,  empresariais    ou
governamentais, o tempo das pessoas é gasto em reuniões para
alinhamento (ou seja, agrupamentos forçados para discutir como
realizar melhor as diretivas estabelecidas por cima ou por fora da sua
interação). Mal saem de uma reunião os “colaboradores” (um
eufemismo empresarial para empregados, quer dizer, subordinados)
já entram em outra reunião. E assim passam o dia: entre o
computador, o banheiro, o café e as indefectíveis reuniões. Revela-se
óbvio o motivo de tais reuniões: são ambientes de direcionamento
voltados à reprodução de comportamentos, são campos de
adestramento, são artifícios para proteger as pessoas da experiência
de empreender http://goo.gl/6LWLa, de criar, de inovar.

Se você quer fazer redes, nada de virar escola http://goo.gl/RTKir,
nem mesmo escola de pensamento. As comunidades ditas de livre


                                  7
adesão, em sua maioria, são algum tipo de escola de pensamento, ou
de igreja, ou de corporação, ou de partido, ou de alguma coisa que
exija que você adote e professe uma visão coletivamente construída
para pertencer ao grupo e poder falar em seu nome. Mas se você
quer fazer redes, nada de criar coesões que separem os de dentro
dos de fora.

Estar em rede é sempre uma aposta: a aposta de que da nossa
interação desorganizada vai surgir algo interessante, não antes, no
ensaio (“a vida é beta”, como diz o Silvio Meira), mas sobretudo ali,
na hora exata em que ocorre, bottom up.




                                  8
Comentários
1 - Comentário de Ceila Santos em 11 abril 2011 às 9:57

    Hummmmmmmmmmmm identifiquei que estou presa... mas ao
    mesmo tempo achei que escrevia mais para as práticas empresariais,
    para indivíduos que estabelecem quem entra e quem tá fora, certo?
    Eu me identifico e ajo nas redes sociais como a mãe. Sinto que faço
    parte da blogosfera materna e seu texto me mostrou que estou presa
    a este pertencimento. Antes disso me sentia mais perdida pq
    perambulava por outras redes como de jornalistas, blogueiros e
    produtores culturais, mas não conhecia a rede de mães que era a
    razão de eu estar na rede. Agora que conheço sinto que pertenço... e
    pertencer dá um alivio danado. Talvez o alivio seja retrogrado...talvez!
    Mas fiquei com uma pulguinha atrás da orelha: a escola das redes é
    um grupo? Estamos aprisionados pela obsessão ao conhecimento das
    redes sociais, ou não?



2 - Comentário de Tarás Antônio Dilay em 11 abril 2011 às
10:04

    OK, concordo com sua linha de pensamento. Fiquei com uma dúvida:
    a partir do ingresso em uma rede pré-estabelecida como é a Escola de
    Redes, o Fecebook, o twitter, etc, não estou já aceitando uma
    conceituação e um código de postura já previamente estabelecido? A
    própria web já não é um processo hierarquizado de interação? Achei
    que o texto confundiu mais a minha cabeça do que esclareceu...
    Abraço



3 - Comentário de Augusto de Franco em 11 abril 2011 às
10:06

    A E=R não é um grupo, no sentido de grupo proprietário, Celia. São
    milhares de grupos. Como uma rede voluntariamente articulada, a
    Escola-de-Redes tem um propósito. Mas não é necessário professar
    algum ponto de vista particular sobre como realizar tal propósito para
    se conectar à ela.




                                    9
4 - Comentário de Ceila Santos em 11 abril 2011 às 10:16

    Então, a questão não está no pertencimento, mas no funcionamento
    do grupo. Ou seja, mesmo que eu pense diferente de vc, posso
    continuar pertencendo a Escola de redes. Deveria então resistir à
    tentação de estabelecer pontos de vistas comuns, "consensos" ou
    regras que determinam quem entra e quem está fora?
    fiquei confusa com seu feedback.
    P.S.: Meu nome é Ceila. E não célia. Tks



5 - Comentário de MARIA OTÁVIA LIMA EÇA D'ALMEIDA em
11 abril 2011 às 10:20

    Que presentaço de aniver, grata!



6 - Comentário de Gabriel Artur Marra e Rosa em 11 abril
2011 às 10:23

    Excelente!

    Sempre achei que a constituição de um grupo deveria seguir certo
    apriorismo de objetivos, interesses, etc. Agora percebo que esses
    interesses comuns existem, mas também estão presentes os
    interesses e desejos das pessoas que constituem esse grupo, essa
    rede. Talvez, seja a interação destes últimos o fator de inovação e de
    reconfiguração dos primeiros estabelecidos e partilhados. Nesse
    sentido, creio eu, o pertencimento varia de acordo com a necessidade
    e as possibilidades de cada pessoa, que se mesclam às demais
    conformando uma interação reativa e inovadora.



7 - Comentário de Daisy Grisolia em 11 abril 2011 às 10:33

    A Escola de Redes é uma rede de pessoas que se interessam por um
    determinado tema, o que não diz nada sobre o modo que elas
    entendem este tema. As pessoas se conectam, mais ou menos,
    interagem em graus variáveis ao longo do tempo, se agrupam e
    desagrupam, articulam-se para outros projetos ou não. Facebook,
    twitter e o próprio NING são ferramentas que permitem e em algumas
    situações facilitam que estas interações aconteçam. Lendo o texto é



                                   10
inevitável sentir um certo arrepio, típico de quem está prestes a se
    lançar num esporte radical, quando, por melhor que sejam os
    equipamentos, você percebe que está por sua conta e risco. Há um
    longo caminho a percorrer...



8 - Comentário de Carlos Boyle em 11 abril 2011 às 10:48

    Para posicionarme con respecto al "sujeto", "persona" e "individuo"
    voy a citar este texto de Michel Onfray:

    "Del sujeto podemos decir, desgraciadamente, que ha sido exacerbado
    en esta época y en estos lugares. Define al ser por la relación y la
    exterioridad, negándole una identidad propia que se le atribuye
    solamente por y en la sumisión, la subsunción a un principio
    trascendente, superándolo: la ley, el derecho, la necesidad o cualquier
    otra cosa que incita a hacer la economía de sí en provecho de uma
    entidad estructurado por su participación, su docilidad. El sujeto es
    siempre de algo o de alguien. De modo tal que siempre encontramos
    um sujeto menos sujeto que otro, en la medida en que, apoyado sobre
    el principio en cuestión, uno se siente incesantemente autorizado para
    someter a otro: el juez, el político, el docente, el prelado, el moralista,
    el ideólogo, todos aman tanto a los sujetos sometidos que temen o
    detestan al individuo, insumiso. El sujeto se define en relación con la
    institución que lo permite, de ahí la distinción entre los buenos y los
    malos sujetos, los brillantes y los mediocres, es decir: aquellos que
    consienten el principio de la sumisión y los otros. Con su preocupación
    por la conciencia que se rebela y no acepta, Antelme recuerda que un
    sujeto no se define por su conciencia libre sino por su entendimiento
    sometido, fabricado para consentir la obediencia.La persona tampoco
    me agrada. Aquí también la etimología, etrusca en este caso, recuerda
    que la palabra proviene de la máscara utilizada en la escena. Que el
    ser sea con relación a lo que se somete o por su modo de presentarse,
    no me convence, ni en uno ni en otro caso. La metáfora barroca del
    teatro, la vida como sueño o novela, la necesidad de la astucia o de la
    hipocresía, del juego social que presupone la persona del teatro,
    implican también el recurso al artificio: el ser para el otro no es el ser
    en su resplandor, ni en su miseria. El campo de concentración olvidó
    al hombre, celebró al sujeto, tornó improbable a l persona y puso de
    manifiesto al individuo. Las tres figuras de la sumisión funcionaron en
    la juridicidad, el humanismo y el personalismo. Quedan por formular
    las condiciones de posibilidad de un individualismo que no sea
    egoísmo Lejos de la red, de la estructura, de las formas exteriores que



                                     11
dibujan los contornos provenientes de lo social, la figura del individuo
    remite a la indivisibilidad, a la irreductibilidad Es lo que queda cuando
    se despoja al ser de todos sus oropeles sociales. Bajo las sucesivas
    capas que designan al sujeto, al hombre y la persona, encontramos el
    núcleo duro, entero, la mónada cuya identidad nada, salvo la muerte -
    y quizá ni eso-, puede quebrar. Unidad distinta en una serie jerárquica
    formada por géneros y especies, elemento indivisible, cuerpo
    organizado que vive su propia existencia, que no podría dividirse sin
    desaparecer, ser humano en cuanto identida biológica, entidad
    diferente de todas las otras, si no unidad de la qu se componen las
    sociedades: el individuo sigue siendo irreductiblement la piedra
    angular con la que se organiza el mundo."



9 - Comentário de Raulino Oliveira em 11 abril 2011 às 10:52

    Antes de irmos para o deserto seria interessante:
    - ver o que fazer com esta patota aqui.
    - seria o caso de nos espalharmos todos no FaceBook e no Twitter?
    - Vamos declarar morte ao Ning!?
    Abração Augusto



10 - Comentário de Carlos Boyle em 11 abril 2011 às 11:00

    Dicho esto creo que no existe un individuo como tal , como una bola
    irreductible un cuerpo con ideas coma tal, sino un cuerpo que se va
    individualizando y desindividualizando de acuerdo a los principios que
    resume Vega Redondo para la conformación de una red.

      1. Búsqueda: los individuos están en una búsqueda permanente de
         otros individuos a fin de poder procesar los Fluzz de la manera
         mas conveniente. Para eso tienen que interactuar y a partir de la
         interacción saldrá, se conformará una forma de organización que
         estará determinada por los Fluzz.

      2. Volatilidad. Esa búsqueda se desarrolla dentro de un medio que a
         veces permanece estable, proveyendo Fluzz constantes y
         parejos, en donde la organización de la red ( búsqueda) se
         estabiliza. Si el entorno es volatil tanto que varía en una gran
         magnitud, como en muchos pequeños cambios, la organización
         se adptará a esa volatilidad.




                                    12
3. Ante un gran cambio la red podrá quedar mas cerrada "en su
         cuadrado", o totalmente desintegrada.

    Esto significa que no hay UNA red distribuida, si es distribuida es
    justamente una gran red dispersamente vinculada que PULSA al ritmo
    de la volatilidad del medio y de la posibilidad de lo Fluzz, a veces la
    encontrarás totalmente cerrada sobre si misma, otras totalmente
    desvinculada.

    En realidad esto pasa porque es un fractal como vos decís. Es decir un
    patron de interlinkeo aprendido (tal vez por la historia, tal vez por la
    resiliencia) que reconfigura la red en función de sus disponibilidades y
    de sus necesidades.

    Pero el arbol fractal, siempre está.

    Me gusta como van madurando estas ideas.



11 - Comentário de Carlos Boyle em 11 abril 2011 às 11:06

    Esto de Onfray tal vez sea la clave:

    Quedan por formular las condiciones           de   posibilidad   de   un
    individualismo que no sea egoísmo.



12 - Comentário de jandira feijo em 11 abril 2011 às 11:11

    Augusto, teus textos sempre causam tsunamis e provocam em mim
    sentimentos contraditórios! E isto é maravilhoso. Ainda bem que não
    deixas o conhecimento mofar e estimulas novos horizontes.

    Concordo com o conselho para que resistamos à tentação de pertencer
    a um grupo, na verdade é assim que tento me construir diariamente
    e, bem ou mal, que tenho conseguido sobreviver com relativa
    coerência entre este jeito de olhar o mundo e me relacionar com as
    pessoas.

    Entretanto, o que me angustia é como localizar onde estão os outros
    que assim também pensam e agem dentro de uma instituição tão
    arcaica quanto a área estatal (tão visceralmente embricada com as
    organizações   partidárias).  Atuo    num   ambiente    adversarial,


                                     13
hierárquico, centralizado, burocrático, anacrônico, onde não há espaço
    para relações verdadeiras, nem interesse institucional de mudar o
    status quo.

    Para cada aparente avanço, um alto preço. Não existe interação,
    portanto, não existe rede dentro destes espaços estatais.

    Aqui é mais do que cada um no seu quadrado; é cada um no seu
    curral, ou na sua jaula, e esta não é uma crítica à gestão de A ou de
    B, mas sim à estrutura secular. Mas, como onde existe vida existe
    relação e interação, posso presumir que nos dutos destas instituições
    governamentais deva existir algum oxigênio. Ou estou equivocada?

    Afirmas que "é necessário desconstituir a cultura (ou quebrar a linha
    de transmissão de comportamento) do “cada um no seu quadrado”.
    Ok, tenho certeza disso, mas como? Espero que o fluxo da vida gere o
    maremoto?



13 - Comentário de Augusto de Franco em 11 abril 2011 às
11:12

    Tarás e Ceila, talvez para entender o que pretendia dizer (ou
    aumentar ainda mais a confusão, o que não é ruim em princípio) seja
    preciso ler o textos linkados. Penso que se não entendermos a
    diferença entre interação e participação, o restante fica meio sem
    sentido. Então vou tornar a linkar aqui um texto que trata
    especificamente desta distinção:

    REDES SÃO AMBIENTES DE INTERAÇÃO, NÃO DE PARTICIPAÇÃO
    http://www.slideshare.net/augustodefranco/redes-so-ambientes-de-interao-no-de-
    participao

    Raulino, o bom da história é que não precisamos para nada ver o que
    fazer com esta patota aqui. Não é uma patota, como você já deve ter
    percebido. Abração também.

    Daisy, gostei imensamente de sua imagem: "Lendo o texto é
    inevitável sentir um certo arrepio, típico de quem está prestes a se
    lançar num esporte radical, quando, por melhor que sejam os
    equipamentos, você percebe que está por sua conta e risco".




                                        14
Boyle, concordo. As diferenças entre o que você disse e o texto são
    mais terminológicas do que conceituais. Um ser humano concreto é
    sempre uma unidade biológico-cultural, não um exemplar da espécie
    (biológica), nem somente uma particular configuração (cultural).
    Chamo de pessoa a esta unidade, que não é algo dado e sim em
    construção. Tornamo-nos pessoas à medida que interagimos com
    outros seres humanos. Daí que pessoa já é rede e o indivíduo, como
    tal, é uma abstração (não é um ser humano concreto, se for um
    exemplar da espécie é uma condição do humanizável, não uma
    consumação do humano).



14 - Comentário de jose de assis silva em 11 abril 2011 às
11:41

    Achei super bacana o texto de Augusto Franco. Acredito que é um
    bom material para se trabalhar numa sala de aula onde adolescentes
    se gabam por terem e fazerem parte de uma comunidade de 2000
    amigos. Disputam entre si quem tem mais amigos e se esquecem que
    na verdade, estão solitários e meio sem rumo, atirando para qualquer
    lado.



15 - Comentário de jaime fractal em 11 abril 2011 às 11:53

    'Se você quer fazer redes, resista a tentação de pertencer a um
    grupo'. Se vc entrar numa rede seja o mais aberto possível, não seja
    preconceituoso e não se ache o mais preparado de todos, entre para
    aprender e criar com os membros as condições e o conteúdo da rede.
    Nas redes não estamos numa competição, estamos numa
    pessoalização e em uma customização que satisfaz a maioria.



16 - Comentário de Cida em 11 abril 2011 às 12:30

    É de grande alívio o que escreveu. E entusiasmante!



17 - Comentário de Clara Pelaez Alvarez em 11 abril 2011 às
13:38

    Interessante o texto! Só fico me perguntando o seguinte:



                                  15
1. Somos seres sociais. Clusterização é fenômeno de rede. Parece-me
       que regras para clusterização, sobram! Esse "deve/não deve" ser
       assim me incomoda demais.

    2. A ER é uma "comunidade" (ou esse termo não se aplica aqui?) de
    estudo de redes, cujas regras foram delineadas por você, Augusto.
    Qual a diferença desta comunidade para outras? Pra mim não ficou
    claro!



18 - Comentário de jaime fractal em 11 abril 2011 às 14:50

    Concordo plenamente com:

    "Toda realização em rede distribuída é um projeto que vai se
    construindo à medida que avança, que vai se formando ao sabor de
    fluzz, que vai gerando ordem a partir – e no ritmo – da interação. Em
    tal contexto é desnecessário, a rigor, combinar antes o script. É inútil
    – e frequentemente contraproducente – mobilizar energia para
    direcionar um grupo".

    Estruturar e direcionar não adianta mesmo, mas treinar como interagir
    e conhecer as ferramentas das redes é fundamental, como um
    arqueiro zen precisa estar aberto e preparado para o que acontecer.



19 - Comentário de Augusto de Franco em 11 abril 2011 às
14:52

    Acho que dentro da E=R, Clara, se formam comunidades. Aliás, era
    este o propósito desde o início: a escola-não-escola que é esta rede
    deveria almejar a formação de múltiplas comunidades a partir de
    agendas compartilhadas, lembra? Isso de fato tem ocorrido, aqui e ali.

    O diabo é que as pessoas usam a palavra comunidade com vários
    sentidos. Há aquela grande comunidade (de que falava Althusius, que
    acabou se confundindo até com o conceito de nação), há a pequena
    comunidade vicinal de convivência de Dewey e, mais recentemente,
    qualquer grupo de aprendizagem, de prática ou de projeto é chamado
    também de comunidade (mesmo quando, claramente, é um grupo
    proprietário).




                                    16
Não delineei regras propriamente para a Escola-de-Redes e sim para
    iniciar esta plataforma que utilizamos, que exige isso porque, como
    sabemos, é uma plataforma p-based e não i-based (mais baseada em
    participação do que em interação). Então "o criador" (hehe, é assim
    que chama ou chamava o Ning) obriga você a optar: aceita a adesão
    de qualquer um ou tem que pedir para entrar? (Conquanto depois, o
    próprio Ning Team nos aconselhou a modificar o que era totalmente
    aberto, para evitar os programas invasores); aceita comentários (em
    que lugar? - e aí vem uma lista imensa)?; qualquer membro de um
    grupo pode enviar comentários para os outros membros do grupo?
    etc. etc. A lista de opções de administração é realmente extensa.

    É claro que numa plataforma p-based, que logo atingiu milhares de
    membros, não se pode - e não se deve - submeter tais decisões e
    outras (como as regras básicas de convivência sem as quais não
    sobreviveríamos, como, por exemplo, a proibição de fazer propaganda
    política ou de produtos e serviços comerciais) a nenhum tipo de
    consulta capaz de gerar artificialmente escassez. Se isso ocorresse
    teríamos que discutir antes, quais as condições, quem seria o colégio
    apto a se manifestar e cairíamos em um sem-número de armadilhas
    semelhantes. Parece que não haverá solução para isso enquanto não
    tivermos plataformas baseadas em interação. A participação, qualquer
    participação, obriga as pessoas a se conformarem em ambientes com
    regras já estabelecidas ex ante à interação (e disso não escapa este
    Ning da E=R).

    Mas o que o texto queria explicitar é que se não falamos em nosso
    próprio nome, seja onde for, nos nossos próprios termos e sim em
    nome de um coletivo mais estratégico, quer dizer, como
    "representantes" do nosso quadrado (constituído ex ante à interação),
    então temos dificuldades imensas de interagir com o outro-
    imprevisível.



20 - Comentário de Guaraciara de Lavor Lopes em 11 abril
2011 às 19:09

    Primeiramente, adoro os textos do Augusto porque eles sacodem, mas
    confesso que precisei imprimir o texto para entender melhor. Pois é,
    sem o papel não consigo ser minimamente inteligente. Se eu entendi,
    a questão é o rabo balançar o cachorro. A instituição é o rabo e o
    cachorro perde a identidade se ficar cotó. É a velha historia, quando a
    gente se apresenta logo perguntam de onde, de qual família (sim, isto


                                   17
ainda é comum) e a titulação. Minha resposta é geográfica: - de Volta
    Redonda e não tenho titulação porque não pertenço à nobreza.
    Acredito que a necessidade do pertencimento vem da construção de
    nossa identidade. Como somos identificados pelo outro e assim nos
    estruturamos, precisamos de um grupo. Realmente o grupo é
    necessário, mas a interação não precisa do grupo. Pra mim a
    interação surge quando algo ou alguém desperta meu interesse, se vai
    acontecer alguma coisa ou não, não importa. Valeu porque de algum
    modo cresci. E seu entendi corretamente o Augusto, vou enlaçando e
    esparramando minha rede na maior parte do meu tempo. Se não
    entendi nem um cadiqui, por favor, providenciem tradução simultânea



21 - Comentário de Augusto de Franco em 11 abril 2011 às
20:45

    Pois é, que bom que o post gerou bons comentários. O que pretendi
    dizer é simples e poderia talvez ser resumido naquela sentença inicial
    (de 2009): não faça patotas, não construa igrejinhas, articule redes.
    Não chame suas organizações hierárquicas ou seus grupos
    proprietários de redes (no sentido em que a palavra vem sendo
    entendida aqui, como redes mais distribuídas do que centralizadas).

    Sei que é difícil. Queremos nos proteger do outro, do concorrente,
    daquele que julgamos como adversário ou inimigo porque divide ou
    disputa (ou pode vir a dividir ou disputar) conosco alguma posição.
    Passei anos e anos amargando e chafurdando mesmo em ambientes
    deletérios, alguns dos quais compostos por pessoas que hoje ocupam
    as mais destacadas posições no topo das hierarquias mais altas da
    República... Lembro bem que dizia, fazendo piada de humor um tanto
    sinistro, que o mais difícil era aguentar a vontade de ir ao banheiro
    por horas a fio (sim, as reuniões demoravam uma eternidade), pois
    que do contrário corria-se o risco de alguém (não um inimigo, mas um
    companheiro) sentar no seu lugar... Era isso: todos eram
    potencialmente inimigos, todos disputavam. É claro que num ambiente
    assim (e a maioria dos ambientes hierárquicos são assim, mesmo
    quando queiramos vestir o manto da humildade, da compaixão, do
    amor ao próximo, como fazem os cardeais no seu colégio) alguém só
    sobrevive entrando em uma patota. Mais ou menos como ocorre nas
    prisões.

    Revoltei-me contra isso muito antes de entender a possibilidade de
    organização em rede distribuída. Quando descobri as redes, vi que era


                                   18
possível, sim, interagir sem pertencer, se conectar sem professar, se
    associar sem obedecer e sem mandar, atuar junto sem se deixar
    arrebanhar. Desde, é claro, que se aceite a lógica da abundância.

    Mas o fato é que, mesmo se não tivemos oportunidade de vivenciar
    essas manifestações de desumanidade em seu paroxismo,
    continuamos procurando proteção de um grupo para chamar de nosso
    (o que, no fundo, é uma proteção contra o mundo exterior). Não é
    nossa natureza gregária ou social, como se diz, que nos leva a isso e
    sim exatamente o contrário: são tendências anti-sociais (geradas por
    programas verticalizadores que rodam na rede social) que nos
    compelem a nos proteger do outro-imprevisível.

    Parodiando nosso amigo José Pacheco (no que diz em relação à escola
    tradicional), hoje posso declarar que estou nisso (articulação e
    animação de redes) por vingança.



22 - Comentário de Guilherme de Barros em 11 abril 2011 às
21:00

    Hmmmm... fica sempre minha dúvida se é possível construir algum
    sistema (rede) sem os padrões presentes em todos, TODOS os
    sistemas (redes) do universo conhecidos por nós:
    Centralidade - todo sistema tem um centro visível ou não, tangível ou
    intangível;

    Familiaridade - todos os sistemas se agrupam por afinidade formando
    sistemas menores (ao infinito) e maiores (ao infinito tb);

    Individuação - toda parte de qualquer sistema quer ser única e um
    universo ou sistema por si só.

    Pretender que um conjunto de pessoas possa exisitir sem constituir
    'tecido' (igrejinha, patotinha, etc) é o mesmo que querer que haja um
    fígado sem células ou células (úteis) que não façam parte de um
    tecido qualquer. Tudo se encadeia no universo para servir e ser útil
    em um sistema sempre mais complexo que a parte.

    Agora, se as células de um fígado formam um câncer, esse problema
    não é do fígado como idéia original, e sim das células que não sabem
    trabalhar de maneira harmoniosa.




                                  19
23 - Comentário de Augusto de Franco em 12 abril 2011 às
6:00

    Não é fácil mesmo aceitar o fluxo, Guilherme. São seis mil anos de
    inseminação de uma metafísica como esta que você expõe abaixo.
    Tenho para mim - seguindo as especulações do matemático Ralph
    Abraham - que isso começou em uma calma tarde sábado, em algum
    momento da pré-história sumeriana.

    E tão influente foi essa metafísica que até hoje, seis mil anos depois,
    ainda continuamos ignorando as descobertas científicas ou mentindo
    em nome da ciência.

    Vamos ver.

    Centralidade. Não há qualquer evidência de que todo sistema tenha
    um centro. Em termos topológicos, nenhum sistema distribuído tem
    centro. Qual é o centro da vida (a capa biosférica que envolve o
    planeta Terra)? Qual é o chefe do cérebro? Quem é o comandante de
    um bando de pássaros que voam em formação delta (seguindo sua
    metafísica diríamos que é aquele que está no vértice, conquanto a
    ciência já tenha desmascarado isso: não existe aquele, eles se
    revezam e a formação visa apenas diminuir a resistência do ar ao
    deslocando do bando)? Existe mesmo uma rainha nas colmeias e nos
    formigueiros (ou isso foi apenas uma projeção dos nossos padrões
    societários: veja as descobertas de Deborah Gordon)?

    Familiaridade. Tudo que interage tende a clusterizar, mas isso nada
    tem a ver com afinidade (tal como usamos este conceito em nossa
    sociedade). Não ocorre por efeito de alguma imanência, como supõem
    os esquemas míticos de interpretação do mundo. A própria origem da
    palavra 'familiaridade' é reveladora da tentativa de transposição não-
    hermenêutica de padrões da sociedade hierárquica para outras esferas
    da realidade.

    Individuação. Não é bem que toda parte de qualquer sistema queira
    ser única. Na maioria dos casos elas não podem "querer" nada (posto
    que não têm vontade, suas características intrínsecas não podem
    explicar o comportamento dos emaranhados onde existem como tais).
    Nossas observações - da cibernética à matemática do caos e dos
    sistemas complexos - revelam outros padrões que remetem a
    conceitos como holon e fractal.




                                   20
Um conjunto de pessoas em interação constitui, sim, sempre, um
tecido. Mas isso não é a mesma coisa que patota, igreja, grupo
proprietário. Os exemplos que você cita refutam suas premissas. O
fígado, como parte de um organismo, tem um padrão de rede. Toda a
vida - organismos, partes de organismos e ecossistemas - se organiza
em rede (como disse nossa querida bióloga Lynn Margulis, "a vida não
se apossa do globo pelo combate e sim pela formação de redes" e vale
a pena ler aqui na E-R o post A vida como rede fractal de seres
interdependentes). Tudo que é sustentável tem o padrão de rede.
Por último, a hipótese do câncer como resultado de uma ignorância
das células hepáticas que, como você aventa, "não sabem trabalhar
de maneira harmoniosa". Que coisa, heim Guilherme? Este é
exatamente o mesmo schema mítico da queda dos anjos. Tudo estava
planejado pelo grande arquiteto para ser justo e perfeito... mas aí
houve a queda. Alguns seres da hierarquia se corromperam e o mal foi
introduzido no mundo. Veja que é o mesmo padrão de pensamento
que urdiu a idéia do pecado original. Sobre isso tuitei outro dia que o
problema não é a queda dos anjos e sim os anjos.




Ao entender fluzz - que foi a maneira que encontrei para falar do
fluxo, quer dizer, da ordem que surge continuamente a partir da
interação - entendemos que não existe uma ordem preexistente, que
o universo se cria a medida que se desenvolve.

Para quem teve sua consciência colonizada por idéias feita para
escravos (sim, é disso que se trata), é realmente muito duro descobrir


                               21
que estar interligado a tudo é estar realmente só, como um viajante
    dos multiversos...



24 - Comentário de CARLOS EDUARDO DE OLIVEIRA PRAES
em 12 abril 2011 às 6:59

    Fascinante! Grupos funcionam como padrão e padrão tende a nos
    aprisionar no passado, redes abertas possibilitam achar o desvio
    padrão, o diferente, ai tudo começa a ficar bonito e projeta futuro.
    Seres humanos possuem um dos mecanismos cerebrais como
    reptiliano e por muitas vezes somos acometidos pelo efeito neurônio
    espelho ou efeito manada, isto é, se 10% de um grupo caminha para
    uma direção ou tem uma opinião os outros 90% seguem o mesmo
    sem questionar, como vimos no artigo, isto aprisiona, redes ao
    contrário os vetores são tantos que exercemos nosso livre arbítrio e
    não caímos na cilada do efeito manada.



25 - Comentário de Angela Regina Pilon Vivarelli em 12 abril
2011 às 9:49




    Isso! Vamos sair...



                                  22
26 - Comentário de jaime fractal em 12 abril 2011 às 10:00

    Já saí do quadrado e agora estou vendo redondo! É isso?



27 - Comentário de Cida em 12 abril 2011 às 10:06

    Angela Regina Pilon Vivarelli

    Vc é uma é uma excelente intérprete. Traduziu objetivamente. Grata.



28 - Comentário de Augusto de Franco em 12 abril 2011 às
11:02

    É isso, Angela, mas não basta ver redondo: tem que sair rolando feito
    uma bola!



29 - Comentário de jaime fractal em 12 abril 2011 às 11:07

    É sair redondo e não descer redondo que nem a cerveja! Ou descer
    rolando que nem uma bola!



30 - Comentário de Angela Regina Pilon Vivarelli em 13 abril
2011 às 8:31

    “O Teorema de Von Foerster sobre a Conexão e a Organização:
    Aplicações Semânticas", de Benny Shanon e Henri Atlan:

    "Quanto mais (rigidamente) conectados forem os elementos de um
    sistema, menos influência terão sobre o sistema como um todo.
    (...)
    Quanto mais (rigidas) forem as conexões, maior grau de "alienação"
    do todo apresentará cada elemento do sistema."



31 - Comentário de jaime fractal em 13 abril 2011 às 8:53

    Angela, se rigidez significar formalidade e seguimento de padrões já
    definidos acho que é perfeito esse teorema sobre ligação/conexão.


                                    23
Rigidez leva a alienação e a menos influência e movimentação no
    grupo.



32 - Comentário de Guaraciara de Lavor Lopes em 13 abril
2011 às 11:09

    Angela, além de interprete você me ajudou a dar palavras a percepção
    de minhas vivências ao me apresentar o teorema. Tenha uma
    excelente tarde



33 - Comentário de Angela Regina Pilon Vivarelli em 13 abril
2011 às 16:19

    Pensando...

    "Em 1976, no que foi chamada a "conjectura de von Foerster", este
    ciberneticista sugeria um tipo de relações aparentemente paradoxal
    entre o comportamento global de um sistema de elementos
    interconectados e o comportamento individual de cada um destes
    elementos. Quanto mais "trivial" – ou seja, predeterminado e
    previsível, por "unívoco" (ou seja, atuante sempre da mesma
    maneira) no estado do sistema – fosse o comportamento individual,
    mais fraca seria sua influência no comportamento global. De forma
    metafórica, os indivíduos "trivializados" se sentem, então, "excluídos"
    pelo comportamento global do grupo, uma vez que não há
    reconhecimento de sua especificidade pelo sistema; ao contrário,
    quanto menos "trivial", ou seja, predeterminado, for o comportamento
    do indivíduo, tanto maior a influência que ele exerce sobre o grupo e
    menos se sente "excluído"

    Ler mais em: http://goo.gl/a5Z5N



34 - Comentário de Sérgio Luis Langer em 13 abril 2011 às
18:55

    As conexões formuladas e produzidas devem acima de tudo, inferir-se
    como complementares e m sua integridade. Integridade, esta, nutrida
    e fomentada pela responsabilização ética e conectiva de uma




                                   24
preocupação maior... a coletividade parceira de uma consciência do
    amadurecimento social.

    Todos temos capacidade para dissociarmos pensamentos, atos,
    questionamentos e observações sobre a vivência compartilhada dos
    anseios da humanidade; porém, os grupismos e amiguismos nunca
    serão diferenciais para com a conquista benemérita do conhecimento.
    A aplicação das idéias capacitadas a promoverem uma análise
    comportamental torna reflexiva a expressividade das nossas
    preocupações solidárias.

    Sempre estivemos embasados no desenvolvimento evolutivo de
    relações. Um universo interrelacionado com as dinâmicas de
    transformação, tradução e transcrição de condutas segundo princípios
    particulares de formação ... intencionais e regidos pela nossa vontade,
    interesse e comprometimento para com a valorização da vida (coletiva
    e prioritária de nossos semelhantes), em todas as suas instâncias,
    tendo nela uma unidade de significado e propósito pelo qual existimos.



35 - Comentário de Carlos Nepomuceno em 14 abril 2011 às
4:54

    Augusto, gosto de quem me desequilibra e você faz isso.

    Rompe e provoca. Bom.

    Entendo a idéia das igrejas e gosto de chamar esse movimento de
    "conhecimento líquido", ou fluxo, como você escreveu mais adiante
    nos comentários. Porém, não acho que a questão está no grupo se
    formar em sim, mas nas paredes que criamos em torno deles.

    Lembro de participar de grupos de poesia que quando chegavam a um
    ponto de não mais querer criticar os poetas "isso é bom dentro do seu
    projeto poético" era hora de sair, pois perdia-se o que foi-se buscar: a
    opinião sincera.

    Assim, a tendência por grupos e por estarmos com pessoas que nos
    dão significado não acredito que vamos perder, porém, concordo
    contigo que se fechar nisso é algo que deve ser evitado, pois acaba
    nos levando a um ponto de saturação.

    Grupos sim, mutantes e sem fronteiras, líquidos...


                                    25
Que dizes?

    abraços,

    Nepô.



36 - Comentário de jaime fractal em 14 abril 2011 às 9:59

    O que me motiva entrar em um grupo não é somente o assunto ou
    tema que foi estabelecido mas tb a possibilidade de conhecer os
    membros e fazer contatos. Cada membro é uma possibilidade e
    embora muitos possam ser bem parecidos a diferenciação se faz no
    contato e nas relações sociais que são feitas.



37 - Comentário de Ceila Santos em 14 abril 2011 às 10:58

    Nossa, Augusto, acabei de ler o link indicado (obrigada!!!!) e agora
    realmente pirei...Vou ter insônia com a minha consciência por um bom
    período ou por vidas...Exagero?

    Não sei. Mas o fato é que não consegui me agarrar em nada e deu
    pânico de cair na roda porque ela começou a fazer sentido. Entendi
    que o pertencimento ao grupo no sentido de defender a posse do que
    ele representa nos coloca numa posição de luta. ou seja, eu quando
    assumo o lugar de mãe histórico (ou seja, acredito na luta e vivo na
    prática para atingir seu ápice comigo mesma), cujas características
    são estabelecidas por um ideal assumo uma atitude de defesa com o
    restante da humanidade. Não há interação verdadeira, mas defesa do
    lugar que represento. Quando tomo consciência disso posso até
    acreditar no idealismo de mãe, mas posso interagir de forma aberta
    sem a obrigação de seguir aquele modelo. UAU! É fantástico,
    extremamente inseguro, mas de uma fraternidade tamanha...

    Acho que tô despertando pra esse netweaving, mas como tenho
    cabeça de papel (sou jornalista) e uso muita ferramenta da turma do
    software não consigo desligar toda essa questão cultural da prática de
    produzir conteúdo. Ainda produzo e penso no conteúdo muito como a
    academia (universidade) em busca dos "donos de conhecimento"
    (biografia/referências) e isso é se fechar em gueto?




                                   26
Qual sua visão sobre o interagir na hora de produzir conteúdo em
    ferramentas como blog que funciona ainda no regime da escassez?



38 - Comentário de Augusto de Franco em 14 abril 2011 às
14:24

    Carlos Nepomuceno, a fronteira é apenas o resultado da interação
    entre o que está "dentro" e o que está "fora". Se você muda a
    estrutura que separa, muda o que foi separado. Assim, o que é
    contido por uma membrana é diferente do que é contido por uma
    parede (opaca). A chave não é o tipo de parede que criamos e sim o
    modo como nos organizamos: a parede é conseqüência.

    Ceila, ainda é assim mesmo. Mas cada vez mais o conhecimento é
    relação social, sem dono, e fica distribuído na rede.



39 - Comentário de Guaraciara de Lavor Lopes em 14 abril
2011 às 14:53

    Lembrei demais do Augusto, agora a pouco. Viagem Sabará/Carmo de
    Minas, duração sete horas. Passando por Olimpio Noronha e sem ver
    sinalização pergunto a um senhorzinho sentado na calçada: - Como
    faço para chegar a Carmo de Minas. Resposta imediata: - Quando
    acabar a rua, tem um trevo. Corta o trevo e segue o “fruxo”. Tem erro
    não dona.

    Seguindo o fluxo, cheguei sem erro.



40 - Comentário de jaime fractal em 15 abril 2011 às 15:23

    Guaraciara, dessa vez vc teve sorte com o famoso 'sinhozinho
    mineiro', num é sempre assim naum!



41 - Comentário de Nei Grando em 17 abril 2011 às 15:24

    Quando estamos nos grupos, nas redes, o melhor que temos a
    compartilhar é nós mesmos, inteiros com nossos reais pensamentos,
    reflexões, sentimentos, paixões, buscas, mas sempre com o propósito



                                  27
de contribuir, de edificar e sempre considerando e respeitando o
    outro.



42 - Comentário de Nei Grando em 17 abril 2011 às 15:27

    Augusto, parabéns pelo artigo! Seus pensamentos me chamaram a
    refletir, muito obrigado! @neigrando



43 - Comentário de Maria Rita Marques de Oliveira em 18
abril 2011 às 0:18

    Não falo aqui com conhecimento de causa, falo de certa forma
    encorajada pelo dito aqui que a escola de um pensamento não seria
    desejada. Li o texto e vários comentários em meio a "turbulências" e
    "calmarias" não me sinto confortável concordando ou discordando
    dessa linha de pensamento. Em que medida o autor dessas idéias não
    é ele próprio um centro? Pode não estar interessado em ser o centro
    e, muito menos sinta-se conectado a um outro. Me parece que ao
    "tornar-se pessoa" paradoxalmente, se corre o risco de virar centro.
    Talvez não seja nada disso, eu precise apenas rever o meu conceito de
    centro/hierarquia.



44 - Comentário de jaime fractal em 18 abril 2011 às 12:54

    Maria Rita, na vida real às vezes falo muito, proponho idéias e acabo
    virando o centro, o que eu não gosto nem um pouco porque isso traz
    muita responsabilidade. O Augusto, mesmo que não deseje acaba
    virando o centro porque é o gestor aqui da escola de rede e tb teórico
    e divulgador de conhecimento das teorias e práticas das redes sociais.
    Se um determinado membro acaba virando o centro porque os
    membros do grupo voluntariamente desejam não vejo mal algum e de
    forma alguma impede que os membros se tornem pessoas e
    desenvolvam os seus egos. Uma estrutura hierárquica em que os
    membros são obrigados a obedecer involuntariamente isso sim
    sempre foi um grande problema. Abraço!




                                   28
45 - Comentário de Augusto de Franco em 18 abril 2011 às
15:14

    Penso que é mais ou menos como disse o Jaime, Maria Rita. Ninguém
    centraliza a rede porque expõe suas idéias. A centralização é um
    condicionamento de fluxos, quando se obriga esses fluxos a passar por
    determinados caminhos (porque outros caminhos foram suprimidos ou
    obstruídos). Leia o texto O poder nas redes sociais para entender esse
    ponto de vista. No texto indicado os conceitos de 'poder' e 'hierarquia'
    são apresentados do ponto de vista da topologia das redes.



46 - Comentário de Angela Regina Pilon Vivarelli em 19 abril
2011 às 8:05

    Penso que a centralização nas redes é como um caleidoscópio... Não é
    mesmo bonito isso? Veja no Youtube: http://goo.gl/15a3C



47 - Comentário de Douglas Rocha Liberato em 24 abril 2011
às 13:06

    Nós temos um ego, temos um comportamento egóico e somos
    cobrados por uma sociedade coletiva e inconscientemente egóica.
    Assim, "vale" o que a comunidade ou a sociedade diz e quer e não
    aquilo que cada um gostaria. Assim é, não que devesse ser. Quando
    cada pessoa estrutura seu ego, lá pelo seu terceiro ou quarto ano de
    vida, de modo simples, podemos dizer que ela vai descobrindo
    comportamentos, crenças e maneiras de se relacionar que a fazem se
    sentir aceita diante dos outros. Aceita e aprovada. Ou quase. Tudo vai
    caminhando, até que um dia surgem as "redes" sociais. Então, como
    bem escreveu o Augusto, formaliza-se as relações, quem tem mais
    amigos no Orkut ou Facebook, é tido como mais querido, é legal,
    gente boa, e desperta a inveja de outros, enquanto sustenta um
    orgulho, que contrapõe a sua baixa auto-estima. Então, as pessoas
    passam a acreditar que precisam pertencer a algo, uma comunidade,
    um grupo, um clube, e quando vemos, elas fizeram esses mesmos
    lugares pertencerem a elas. Ou pensam que pertencem, isso as faz
    sentir-se distintas do "resto" da humanidade, dá sentido à vida e valor
    a ela como membro da sociedade. Grandes e perigosas ilusões do ego,
    as quais por termos crescidos e sido condicionadas a elas, não as
    percebemos,      tomamo-las     como     verdadeiras,  necessárias    e



                                    29
fundamentais. Então surgem os Paulo Brabo da vida para nos ajudar a
    acordar, sair do sonambulismo social e viver como pessoas e não
    somente indivíduos. Eis um grande exercício, parar de tentar
    pertencer a qualquer coisa que seja, para descondicionar e poder
    perceber que você pertence à única coisa real em relação a você, que
    pertencemos todos à uma raça, uma espécie, a qual por vários
    motivos mais sublimes chamamos de humanidade. Já pertencemos.
    Agora é só compartilhar, sem medo de ficar sem, de perder, sem
    medo de não ser ou de não valer o que pensa que precisa valer para
    ser. Já somos o que pensamos que precisamos ser. Desiludamo-nos
    de nós. Fique bem.



48 - Comentário de Daisy Grisolia em 22 junho 2011 às
16:22

    Existe um ego e existe um self que é muito mais que um ponto de luz
    chamado ego.



49 - Comentário de CLARICE COPSTEIN em 22 junho 2011 às
16:32

    Gentem!!!!

    Após a leitura de todo texto sugerindo e justificando inteligentemente
    a mudança de paradigmas o que mais me chocou foi o seguinte:
    tentem entrar como se não fossem pertencentes à escola de redes;
    mudem de navegador, não façam login; e o que surge como se fizesse
    ainda parte do texto...

    Comentar | “Você precisa ser um membro de Escola de Redes
    para adicionar comentários!” | Entrar em Escola de Redes

    Contracensos da vida!!

    Adorei o texto e já vinha me questionando sobre esse mundinho
    fechado de pertencimento que estamos envolvidos...

    att, Clarice




                                   30
50 - Comentário de Augusto de Franco em 22 junho 2011 às
17:53

    Não precisa se registrar nesta plataforma para ler qualquer texto aqui.
    Também não é necessário qualquer registro para baixar mais de 800
    textos.

    Mas usamos uma plataforma Ning que exige o registro para fazer
    comentários. Ning ainda é uma plataforma p-based (baseada em
    participação) (e não i-based, baseada em interação) e não podemos
    desativar suas funcionalidades, vamos dizer assim, orientadas para a
    participação, que exigem algum grau de pertencimento.

    A despeito disso, qualquer pessoa pode se registrar (não gasta nem 5
    minutos) e, depois, cancelar o seu registro. E pode escrever o que
    quiser. E pode entrar de novo. E pode sair novamente. E pode
    escrever de novo. Essa foi a maneira que encontramos de contornar
    as fronteiras. Ademais, os comentários aqui são abertos, não-
    mediados.

    O contrasenso que você aponta, Clarice, não é da vida, nem do
    pessoal da Escola-de-Redes e sim do caráter da plataforma (que não
    fomos nós que desenhamos e não temos outra melhor para colocar no
    lugar). Estamos tentando estimular a criação de plataformas i-based,
    que não farão tais exigências. Veja uma discussão sobre isso no Grupo
    PENSANDO UMA PLATAFORMA DE NETWEAVING http://goo.gl/PCpOI

    Abraços.



51 - Comentário de UBIRAJARA THEODORO SCHIER em 22
junho 2011 às 21:17

    Muito bom artigo... de fato é mesmo difícil nos livrarmos dos dogmas
    que nos prendem à estruturas hierárquicas... acredito que a solução
    para isso é poder se sentir livre em um ambiente em que todos se
    sintam naturalmente motivados a fazer alguma coisa, não para
    alguém, mas fazer pelo simples prazer de fazer... "- Se você quer
    fazer redes, resista a tentação de pertencer a um grupo." - me lembra
    o verso 36 do Tao Te King (Lao Tzu): "para comprimir algo, é preciso
    deixar que se expanda bem; para enfraquecer, deves deixar que se
    fortaleça bem".



                                   31
Mas é o desafio... vamos lá!



52 - Comentário de Paulo Marins Gomes em 23 junho 2011
às 0:29

    Augusto, só não lhe chamo de "caro           Augusto"   porque   seria
    redundância e puxassaquismo hehehehe.

    Tenho algumas dúvidas expressáveis (outras ainda estou remoendo):

    Sobre o que você disse: "É inútil – e frequentemente
    contraproducente – mobilizar energia para direcionar um grupo."
    concordo perfeitamente, mas isso não se aplica também às RDLs?
    Quanto à questão: "por algum motivo elas acham que consciência é
    algo capaz de determinar comportamentos coletivos" entendo que
    esse é um conceito fundamental na sua teoria das redes. Mas ainda
    não consegui entender como pode a consciência não ter relação com o
    comportamento. Afinal, o objetivo desse texto "Resista à tentação de
    pertencer a um grupo" não é uma tentativa de conscientização?"

    E só mais uma coisa: "se você diz: 'vou consultar primeiro meu chefe
    ou meus companheiros' antes de decidir sobre isso ou aquilo, então
    sua porção-borg cresce e sua porção-social diminui". Acho que você se
    referiu ao consultar no sentido de "pedir permissão", não no sentido
    de se aconselhar, neh?

    Abraço!



53 - Comentário de Flavio Gut em 23 junho 2011 às 3:38

    Eu gostei, está me fazendo pensar. Destaco especialmente esse final:

    Estar em rede é sempre uma aposta: a aposta de que da nossa
    interação desorganizada vai surgir algo interessante, não antes, no
    ensaio (“a vida é beta”, como diz o Silvio Meira), mas sobretudo ali,
    na hora exata em que ocorre, bottom up.




                                   32
54 - Comentário de Augusto de Franco em 23 junho 2011 às
6:46

    Caro Paulo, hehe.

    1) Sim, penso que isso também acontece com as chamadas Redes de
       Desenvolvimento local. Esta é uma das razões pelas quais estamos
       propondo uma modificação radical nas metodologias de indução do
       desenvolvimento local. Leia este texto e você entenderá as razões:
       DESENVOLVIMENTO LOCAL http://goo.gl/Xwlsv

    2) O conceito de "conscientização" foi um daqueles equívocos do
    pensamento do século 20, se é possível falar assim. Estava baseado
    na idéia de que a transferência de um certo conteúdo de um emissor
    para um receptor pudesse transfundir consciência. E que tal
    consciência tomada a partir da apreensão de um conteúdo poderia
    levar a mudança de comportamento. Foi assim que, como escrevi em
    Fluzz, "líderes, condutores, reformadores, sempre apelaram para
    nossa consciência, acreditando que a mudança se daria quando
    alcançássemos determinada visão..."

    No entanto, a descoberta da fenomenologia da interação revelou que o
    comportamento coletivo não depende de "termos consciência
    (individual) do que está se passando. Ao viver a vida da rede, apenas
    vivemos a convivência: não precisamos mais tentar capturá-la e
    introjetá-la, circunscrevê-la ou mandalizá-la para conferir-lhe a
    condição de totalidade, erigindo um grande poder interior de
    confirmação para nos completar da falta dos outros e nos orientar nos
    relacionamentos com eles. Tal necessidade havia enquanto podia
    haver a ilusão da existência do indivíduo separado de outros
    indivíduos; ou quando um (ainda) não era muitos. Toda consciência é
    consciência da separação, inclusive a consciência da unidade, da
    totalidade, ou da unidade na totalidade, é uma resposta à separação.
    No abismo em que estamos despencando ao entrar em fluzz, não há
    propriamente isso que chamávamos de consciência".

    3) Sim, a a frase que você cita se refere a submissão da pessoa a
    algum coletivo proprietário que passa a sobredeterminar suas
    escolhas. A pessoa deixa de ser uma pessoa e passa a ser um
    representante da organização.




                                  33
55 - Comentário de ROBERTA GARCIA RIBEIRO em 23 junho
2011 às 13:22

    Demais o texto, augusto!

    Para ser um indivíduo precisamos de pertencimento, mas para ser
    pessoa nada é preciso, só a realização daquilo que é.

    Abraços,



56 - Comentário de Maria Otávia d'Almeida em 23 junho
2011 às 15:04

    Uma rosa é uma rosa, ela simplesmente é! Um fenômeno que
    independe do observador, segundo Kierkegaard e Perls. Quizá um dia
    consigamos isso com pessoas...



57 - Comentário de Sérgio Luis Langer em 24 junho 2011 às
1:18

    Vivemos, segundo uma concepção de desenvolvimento volúvel e um
    tanto, mecanicamente, pragmática, reconhecida como a Sociedade do
    Acesso. O economista Jeremy Rifkin (o qual tenho em suas idéias e
    pensamentos, uma identificação e referência), é muito preciso quando
    define a velocidade da transformação ecossocioeconômica à qual
    deparamo-nos.

    A interação de comportamentos e a integridade ética de uma conduta
    devem ser o instrumento que rege a partilha do significado e
    importância de nossa presença nas tomadas de decisões sobre o meio
    no qual estamos inseridos, onde o nosso próximo é uma extensão da
    própria existência e alma... "as necessidades de um, devem ser
    compartilhadas por todos".

    Essa sensação de preocupação, causando o enfrentamento dinâmico
    para com a realidade é motivadora da responsabilização e
    compreensão pela qual observa-se que o conjunto de oportunidades,
    possibilidades, respeito e consideração para com a inclusão ...
    dimensiona a solidez do grupo; a definição de seus propósitos, e, a




                                  34
clareza para assegurar-se uma comunicação sensível, complementar e
    pertencente à coletividade.

    A individualidade é restritiva dos direitos existenciais e harmônicos da
    qualificação por um desenvolvimento almejado. Assim sendo, uma
    consciência compromissada, tange o limiar de uma estratégia
    sincrônica de potencialidades que afloram segundo a valorização desta
    postura, como unidade a ser formada na essência de uma conquista
    chamada conhecimento (o qual somente, poucos têm capacidade para
    adquiri-lo, por méritos estendidos quanto à dedicação pessoal,
    considerada para com os valores da vida)... cuja coragem, é
    determinada à obrigação para transformarmos angústias e medos
    (entre a exclusão e a indiferença) em um novo momento a ser,
    suavemente, trilhado como sendo: a reavaliação de paradigmas
    educacionais provenientes da visão humana voltada à um crescimento
    agressivo de imposição manifestada pela arrogância do individualismo.

    Para isso faz-se necessário considerar que a plenitude do crescimento,
    pautado em um processo de desenvolvimento justo, há de ser
    permeável para com a identidade interpretativa das adversidades da
    vida; uma vez que, o compartilhamento de experiências agrega
    valores fadados à responsabilidade de nossos atos para com nossos
    semelhantes e o futuro das gerações que ansiamos preparar.

    Um abraço.



58 - Comentário de Stefano Carnevalli em 26 junho 2011 às
23:03

    Tudo isso faz muito sentido. Compartilho. Só não sei ainda como lidar
    no dia a dia, no trabalho, onde tudo está voltado para ser grupos pré
    definidos, formatados, com pessoas que "passam o dia: entre o
    computador, o banheiro, o café e as indefectíveis reuniões".



59 - Comentário de Vanildo Silva Oliveira em 27 junho 2011
às 17:12

    Concordo plenamente com o comentário do Stefano. Os objetivos
    profissionais nem sempre proporcionam esta abertura de pensamento.
    O fato é que existe a necessidade de se criar grupos nas chamadas



                                    35
mídias sociais para que determinada marca         faça   suas   ações,
    convertendo em resultado. Simples como fogo...



60 - Comentário de Ana Valéria Haddad em 3 julho 2011 às
8:52

    A nossa necessidade de pertencer advém da dificuldade brutal que
    temos de vivenciar o espaço vazio que existe entre "mim" e o outro, e
    que insistimos em preencher, buscando a participação em grupos, que
    nos dá a sensação ilusória de estar construindo pontes para preencher
    este vazio. Pois é justamente a manutenção deste vazio que nos
    mantém na integralidade, e nos possibilita contribuir, integrar-nos.



61 - Comentário de Maria Otávia d'Almeida em 3 julho 2011
às 10:44

    E é um vazio pouco visitado, pois "as igrejas", "os grupos" estão aí
    para impedir...



62 - Comentário de Caleb Salomão Pereira em 22 agosto
2011

    A superação do conceito de "indivíduo" para uma introjeção dos
    valores contidos na idéia de "pessoa" (como rede!) parecem ecoar
    certos conceitos de Emanuel Lèvinas... É muito bom ler um texto tão
    provocativo!



O texto continua aberto a comentários no link abaixo:


http://goo.gl/d7SpG
                                 FIM?




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Resista à tentação de pertencer a grupo

  • 1. AUGUSTO DE FRANCO RESISTA À TENTAÇÃO DE PERTENCER A UM GRUPO Sobre as dificuldades de se atirar na correnteza quando é tão mais fácil construir diques e ficar boiando na tranqüilidade da represa Publiquei este texto na Escola-de-Redes no dia 11/04/2011. Até hoje (26/09/2011) ele recebeu 62 comentários que vão publicados no final. Vale a pena ler o comentários para ter uma idéia dos fluxos de conversações na E=R. É a parte mais rica. As reflexões expostas a seguir são sobre redes sociais voluntariamente articuladas. Mais precisamente sobre a interação entre pessoas em prol de objetivos comuns fora de organizações hierárquicas ou do que chamo de grupos proprietários. Venho 1
  • 2. ruminando-as há algum tempo. A primeira versão dessas idéias publiquei-a, ainda no início de 2009, no texto Cada um no seu quadrado http://goo.gl/Sqcfp Na mesma época expressei mais ou menos assim uma convicção que estava se formando: "- Não faça patotas, não construa igrejinhas". O mundo girou, a luzitana rodou, e tal convicção somente amadureceu. Então vou publicá-la antes que apodreça (sim, conhecimento guardado costuma estragar). Em geral as pessoas estão acostumadas a interagir em espaços proprietários (fechados), não em redes (abertas). Não estão abertas à interação com o que chamei de outro-imprevisível. Por isso fazem escolas, erigem igrejas, urdem corporações e partidos e servem à instituições hierárquicas (sejam sociais, estatais ou empresariais). E, às vezes, seu quadradinho é um espaço proprietário virtual, um blog ou uma página no Facebook. Mesmo quando se aventuram a fazer redes, as pessoas, em geral, organizam grupos proprietários, estabelecem contextos que separam quem está dentro de quem está fora, criam sulcos que acabam disciplinando a interação por meio de regras (muitas vezes tácitas, mas não por isso menos efetivas), de um glossário próprio (pelo qual ressignificam os termos que usam recorrentemente gerando algum tipo de jargão) não importando para nada se esta "wikipedia" (ou "contextopedia") privada está ou não publicada em um site aberto ou fechado; enfim, fazem tudo para promover o seu grupo – às vezes chamado de comunidade – à condição de instância mais estratégica do que as demais (os outros ambientes em que interagem, inclusive as midias sociais onde se registram). Este é um dos motivos pelos quais sua interação nesses outros ambientes é, em geral, tão pouco intensa ou tão pouco freqüente. Pudera! Seu tempo está tomado pelo seu próprio grupo (seja uma organização da sociedade formal ou informal, seja um órgão estatal, seja uma empresa). E o mais interessante é que, muitas vezes, essas pessoas estão convencidas intelectualmente de que devem se organizar em rede. 2
  • 3. Não raro denominam de redes suas organizações hierárquicas ou seus grupos proprietários. Não estão – em sua maioria – mentindo ou fazendo propaganda enganosa. Elas acreditam mesmo que suas organizações sejam redes, desde que seus membros estejam convencidos (ou “tenham consciência”) de que agora entramos na era das redes (por algum motivo elas acham que consciência é algo capaz de determinar comportamentos coletivos). Chega a ser fascinante observar como essas pessoas não conseguem viver fora do seu quadrado. E como racionalizam tal aprisionamento lançando mão das mais variadas teorias sociológicas sobre grupos (a sociologia vem aqui, não raro, como um socorro contra a política, como uma proteção contra a experiência direta de uma política não- autocrática). Ah! é difícil, como é difícil se atirar na correnteza http://goo.gl/CJxs1 quando é tão mais fácil construir diques e ficar boiando na tranqüilidade da represa! Pois bem. Tudo isso - que já foi dito e repisado, por mim e por outros, nos últimos dois anos - me leva agora a refletir sobre o seguinte: se quiserem realmente tecer redes as pessoas não devem se agregar a outras pessoas em grupos proprietários, comunidades 3
  • 4. exclusivas, inner circles, bunkers para se proteger do mundo exterior ou outras formas de organização constituídas na base do “cada um no seu quadrado”. Sim, pode parecer surpreendentemente contraditório, à primeira vista, dizer o que vou dizer agora: - Se você quer fazer redes, resista a tentação de pertencer a um grupo. Se você se deixa capturar por um grupo ou se põe a capturar outras pessoas para um grupo (que seja considerado - ou funcione como, dá no mesmo - o seu grupo), então você terá imensas dificuldades de interagir em rede de modo mais distribuído do que centralizado. Se você quer, porque acha que precisa, porque sente, às vezes desesperadamente, a vontade de se juntar a outras pessoas para executar algum projeto coletivo, compartilhar com elas suas idéias, seus sonhos (e também suas ansiedades), somar esforços, apoiar e receber apoio praticando a ajuda-mútua dentro de um campo de cumplicidade, enfim, constituir um grupo e coesioná-lo a partir de uma visão comum, de um “falar a mesma língua”, de uma sintonia fina de sentimentos e emoções, então se prepare para fazer o mais difícil: matar essa vontade! Simplesmente mate essa vontade. Se preciso, vá para o deserto e passe um tempo lá. Se você já está conectado a outras pessoas, por que diabos quer também forçar uma clusterização que selecionará a priori algumas conexões como mais fortes do que outras, alguns caminhos como mais válidos do que outros, alguns planos feitos intra muros (quer dizer, dentro daquele clusterzinho que foi urdido antes da interação) como mais estratégicos do que outros? Não há qualquer problema em se reunir com muitos grupos para propósitos diversos, públicos ou privados, interagir em vários aglomerados, atuar coletivamente em várias instâncias. O problema só surge quando você faz tudo isso não a partir de você mesmo, mas sempre a partir de um grupo que encara os demais ambientes coletivos como campo de atuação (e uma atuação inevitavelmente tática, mesmo quando você proteste o contrário) desse grupo. Trabalhar em rede distribuída é diferente de trabalhar num grupo proprietário, numa organização nuclear que compartilha uma visão 4
  • 5. comum e exige essa visão comum para continuar interagindo. Na verdade, o problema está na construção de mundos baseados na participação. Portanto, se você quer experimentar redes (mais distribuídas do que centralizadas), nada de grupo participativo, nada de chegar a algum formato com base em participação. Redes não são ambientes de participação http://goo.gl/ZQm8w e sim de interação. Não temos que decidir o que todos farão em bloco. Vamos interagir e ver o que acontece. O formato final de qualquer ação coletiva será sempre uma combinação fractal, emergente, de certo modo inédita e imprevisível, das contribuições de cada um. Em outras palavras, se você quer fazer redes não pode esquecer jamais uma coisa: você é uma pessoa. Paulo Brabo (2007), em um texto que não me canso de citar http://goo.gl/ytbZg, escreveu assim: “A primeira coisa a fazer, se você ainda não fez, é desiludir-se por completo de todas as iniciativas comunitárias ou governamentais, por mais bem intencionadas que sejam, e raramente são. Esqueça, meu caro discípulo, o coletivo. A salvação não virá de ongs ou ogs, Gogues ou Magogues, poderes ou potestades. A salvação não virá de igrejas, assembléias, organizações de bairro, sindicatos, asilos, orfanatos ou campanhas de assistência. As ongs têm a tremenda virtude de não serem governamentais, mas contam com a imperdoável falha de serem organizações. Repita comigo: as instituições não existem. Só existem pessoas”. É claro que é necessário entender o contexto confessional (ou teologal) em que Brabo escreveu sua bela homilia herética e fixar-se nas suas mensagens centrais: desiluda-se por completo das iniciativas comunitárias, esqueça o coletivo, reconheça a imperdoável falha das organizações (aquela que deriva do fato de serem organizações) e convença-se de que as instituições não existem: só existem pessoas. Fale como uma pessoa. Seja uma pessoa. Não aja como se fosse um grupo, um projeto, uma organização (nem mesmo tuite como se fosse uma coletividade abstrata). Uma pessoa jurídica é uma pessoa imaginária (ou seja, uma não-pessoa). A vida gastou 3,9 bilhões de 5
  • 6. anos e as coletividades humanas formadas pela convivência gastaram uns 300 mil anos para constituírem essa tão surpreendente quanto improvável realidade que somos (o humano, a pessoa: o encontro fortuito do simbionte natural em evolução com o simbionte social em prefiguração) e na hora em que vamos nos apresentar a alguém, sobretudo a alguma coletividade, temos vergonha de dizer que somos “apenas” uma pessoa e preferimos declarar que estamos representando alguma dessas organizações vagabundas que, em média, não conseguem sobreviver mais do que poucos anos e que, além de tudo, são não-humanas, quando não desumanas. Mas... atenção! Pessoa não é o mesmo que a abstração chamada indivíduo. Redes sociais não são redes de indivíduos e sim de pessoas. O conjunto dos pensionistas do previdência social não constitui uma rede social, assim como não constitui uma rede social a população de um país. O social, como sempre dizemos, não é a coleção dos indivíduos e sim as configurações móveis geradas a partir do que ocorre entre eles (que, então, deixam de ser indivíduos para passar a ser pessoas). Quando interagimos, tornamo-nos pessoas. Assim, pessoa já é rede http://goo.gl/pE0oM. Se você não tem liberdade para interagir nos seus próprios termos, como uma pessoa, se você diz: “vou consultar primeiro meu chefe ou meus companheiros” antes de decidir sobre isso ou aquilo, então sua porção-borg http://goo.gl/B7erl cresce e sua porção-social diminui. Em outras palavras, sua porção-rebanho cresce e sua porção-pessoa diminui. Em outras palavras, ainda: você perde um pouco daquela qualidade da alma que chamamos de humanidade. Se você se define como participante de qualquer grupo, quer dizer, restringe suas possibilidades de interagir para se enquadrar nos termos já estabelecidos por outrem (ou, até, por você mesmo, porém antes da interação), então você terá muitas dificuldades de entender, experimentar e atuar em rede (distribuída). Toda realização em rede distribuída é um projeto que vai se construindo à medida que avança, que vai se formando ao sabor de fluzz http://goo.gl/NA5xt, que vai gerando ordem a partir – e no ritmo – da interação. Em tal contexto é desnecessário, a rigor, 6
  • 7. combinar antes o script. É inútil – e freqüentemente contraproducente – mobilizar energia para direcionar um grupo. Se você quer fazer redes, nada de formar uma comunidade que vá além do seu propósito específico e declarado (como se fosse um comunidade de destino). Não existe „a‟ comunidade: existem múltiplas, diversas, comunidades. Se você acha que existe aquela comunidade que é „a‟ comunidade (porque é “a sua”, a escolhida, a predestinável), é sinal de que você se deixou aprisionar por um grupo (às vezes uma prisão que você mesmo engendrou). E aí não vão tardar a surgir aquelas manifestações horríveis de pertencimento exclusivo, de fidelidade... Mesmo que você aceite o direto de uma pessoa de abandonar uma comunidade, isso não basta. É necessário aceitar o direito de uma pessoa de pertencer a várias comunidades ao mesmo tempo! Ou seja, é necessário desconstituir a cultura (ou quebrar a linha de transmissão de comportamento) do “cada um no seu quadrado”. Você já notou que este direito não é reconhecido nas organizações hierárquicas, mesmo nas privadas, como os partidos e as empresas? Nas empresas esse direito só existe para os donos ou acionistas. Quando lhe pagam um salário, é como se dissessem: “comprei você e agora você é meu; nada de transar fora do meu quadrado”. Se você quer fazer redes, nada de alinhar visões. Na maioria das organizações burocráticas, sejam sociais, empresariais ou governamentais, o tempo das pessoas é gasto em reuniões para alinhamento (ou seja, agrupamentos forçados para discutir como realizar melhor as diretivas estabelecidas por cima ou por fora da sua interação). Mal saem de uma reunião os “colaboradores” (um eufemismo empresarial para empregados, quer dizer, subordinados) já entram em outra reunião. E assim passam o dia: entre o computador, o banheiro, o café e as indefectíveis reuniões. Revela-se óbvio o motivo de tais reuniões: são ambientes de direcionamento voltados à reprodução de comportamentos, são campos de adestramento, são artifícios para proteger as pessoas da experiência de empreender http://goo.gl/6LWLa, de criar, de inovar. Se você quer fazer redes, nada de virar escola http://goo.gl/RTKir, nem mesmo escola de pensamento. As comunidades ditas de livre 7
  • 8. adesão, em sua maioria, são algum tipo de escola de pensamento, ou de igreja, ou de corporação, ou de partido, ou de alguma coisa que exija que você adote e professe uma visão coletivamente construída para pertencer ao grupo e poder falar em seu nome. Mas se você quer fazer redes, nada de criar coesões que separem os de dentro dos de fora. Estar em rede é sempre uma aposta: a aposta de que da nossa interação desorganizada vai surgir algo interessante, não antes, no ensaio (“a vida é beta”, como diz o Silvio Meira), mas sobretudo ali, na hora exata em que ocorre, bottom up. 8
  • 9. Comentários 1 - Comentário de Ceila Santos em 11 abril 2011 às 9:57 Hummmmmmmmmmmm identifiquei que estou presa... mas ao mesmo tempo achei que escrevia mais para as práticas empresariais, para indivíduos que estabelecem quem entra e quem tá fora, certo? Eu me identifico e ajo nas redes sociais como a mãe. Sinto que faço parte da blogosfera materna e seu texto me mostrou que estou presa a este pertencimento. Antes disso me sentia mais perdida pq perambulava por outras redes como de jornalistas, blogueiros e produtores culturais, mas não conhecia a rede de mães que era a razão de eu estar na rede. Agora que conheço sinto que pertenço... e pertencer dá um alivio danado. Talvez o alivio seja retrogrado...talvez! Mas fiquei com uma pulguinha atrás da orelha: a escola das redes é um grupo? Estamos aprisionados pela obsessão ao conhecimento das redes sociais, ou não? 2 - Comentário de Tarás Antônio Dilay em 11 abril 2011 às 10:04 OK, concordo com sua linha de pensamento. Fiquei com uma dúvida: a partir do ingresso em uma rede pré-estabelecida como é a Escola de Redes, o Fecebook, o twitter, etc, não estou já aceitando uma conceituação e um código de postura já previamente estabelecido? A própria web já não é um processo hierarquizado de interação? Achei que o texto confundiu mais a minha cabeça do que esclareceu... Abraço 3 - Comentário de Augusto de Franco em 11 abril 2011 às 10:06 A E=R não é um grupo, no sentido de grupo proprietário, Celia. São milhares de grupos. Como uma rede voluntariamente articulada, a Escola-de-Redes tem um propósito. Mas não é necessário professar algum ponto de vista particular sobre como realizar tal propósito para se conectar à ela. 9
  • 10. 4 - Comentário de Ceila Santos em 11 abril 2011 às 10:16 Então, a questão não está no pertencimento, mas no funcionamento do grupo. Ou seja, mesmo que eu pense diferente de vc, posso continuar pertencendo a Escola de redes. Deveria então resistir à tentação de estabelecer pontos de vistas comuns, "consensos" ou regras que determinam quem entra e quem está fora? fiquei confusa com seu feedback. P.S.: Meu nome é Ceila. E não célia. Tks 5 - Comentário de MARIA OTÁVIA LIMA EÇA D'ALMEIDA em 11 abril 2011 às 10:20 Que presentaço de aniver, grata! 6 - Comentário de Gabriel Artur Marra e Rosa em 11 abril 2011 às 10:23 Excelente! Sempre achei que a constituição de um grupo deveria seguir certo apriorismo de objetivos, interesses, etc. Agora percebo que esses interesses comuns existem, mas também estão presentes os interesses e desejos das pessoas que constituem esse grupo, essa rede. Talvez, seja a interação destes últimos o fator de inovação e de reconfiguração dos primeiros estabelecidos e partilhados. Nesse sentido, creio eu, o pertencimento varia de acordo com a necessidade e as possibilidades de cada pessoa, que se mesclam às demais conformando uma interação reativa e inovadora. 7 - Comentário de Daisy Grisolia em 11 abril 2011 às 10:33 A Escola de Redes é uma rede de pessoas que se interessam por um determinado tema, o que não diz nada sobre o modo que elas entendem este tema. As pessoas se conectam, mais ou menos, interagem em graus variáveis ao longo do tempo, se agrupam e desagrupam, articulam-se para outros projetos ou não. Facebook, twitter e o próprio NING são ferramentas que permitem e em algumas situações facilitam que estas interações aconteçam. Lendo o texto é 10
  • 11. inevitável sentir um certo arrepio, típico de quem está prestes a se lançar num esporte radical, quando, por melhor que sejam os equipamentos, você percebe que está por sua conta e risco. Há um longo caminho a percorrer... 8 - Comentário de Carlos Boyle em 11 abril 2011 às 10:48 Para posicionarme con respecto al "sujeto", "persona" e "individuo" voy a citar este texto de Michel Onfray: "Del sujeto podemos decir, desgraciadamente, que ha sido exacerbado en esta época y en estos lugares. Define al ser por la relación y la exterioridad, negándole una identidad propia que se le atribuye solamente por y en la sumisión, la subsunción a un principio trascendente, superándolo: la ley, el derecho, la necesidad o cualquier otra cosa que incita a hacer la economía de sí en provecho de uma entidad estructurado por su participación, su docilidad. El sujeto es siempre de algo o de alguien. De modo tal que siempre encontramos um sujeto menos sujeto que otro, en la medida en que, apoyado sobre el principio en cuestión, uno se siente incesantemente autorizado para someter a otro: el juez, el político, el docente, el prelado, el moralista, el ideólogo, todos aman tanto a los sujetos sometidos que temen o detestan al individuo, insumiso. El sujeto se define en relación con la institución que lo permite, de ahí la distinción entre los buenos y los malos sujetos, los brillantes y los mediocres, es decir: aquellos que consienten el principio de la sumisión y los otros. Con su preocupación por la conciencia que se rebela y no acepta, Antelme recuerda que un sujeto no se define por su conciencia libre sino por su entendimiento sometido, fabricado para consentir la obediencia.La persona tampoco me agrada. Aquí también la etimología, etrusca en este caso, recuerda que la palabra proviene de la máscara utilizada en la escena. Que el ser sea con relación a lo que se somete o por su modo de presentarse, no me convence, ni en uno ni en otro caso. La metáfora barroca del teatro, la vida como sueño o novela, la necesidad de la astucia o de la hipocresía, del juego social que presupone la persona del teatro, implican también el recurso al artificio: el ser para el otro no es el ser en su resplandor, ni en su miseria. El campo de concentración olvidó al hombre, celebró al sujeto, tornó improbable a l persona y puso de manifiesto al individuo. Las tres figuras de la sumisión funcionaron en la juridicidad, el humanismo y el personalismo. Quedan por formular las condiciones de posibilidad de un individualismo que no sea egoísmo Lejos de la red, de la estructura, de las formas exteriores que 11
  • 12. dibujan los contornos provenientes de lo social, la figura del individuo remite a la indivisibilidad, a la irreductibilidad Es lo que queda cuando se despoja al ser de todos sus oropeles sociales. Bajo las sucesivas capas que designan al sujeto, al hombre y la persona, encontramos el núcleo duro, entero, la mónada cuya identidad nada, salvo la muerte - y quizá ni eso-, puede quebrar. Unidad distinta en una serie jerárquica formada por géneros y especies, elemento indivisible, cuerpo organizado que vive su propia existencia, que no podría dividirse sin desaparecer, ser humano en cuanto identida biológica, entidad diferente de todas las otras, si no unidad de la qu se componen las sociedades: el individuo sigue siendo irreductiblement la piedra angular con la que se organiza el mundo." 9 - Comentário de Raulino Oliveira em 11 abril 2011 às 10:52 Antes de irmos para o deserto seria interessante: - ver o que fazer com esta patota aqui. - seria o caso de nos espalharmos todos no FaceBook e no Twitter? - Vamos declarar morte ao Ning!? Abração Augusto 10 - Comentário de Carlos Boyle em 11 abril 2011 às 11:00 Dicho esto creo que no existe un individuo como tal , como una bola irreductible un cuerpo con ideas coma tal, sino un cuerpo que se va individualizando y desindividualizando de acuerdo a los principios que resume Vega Redondo para la conformación de una red. 1. Búsqueda: los individuos están en una búsqueda permanente de otros individuos a fin de poder procesar los Fluzz de la manera mas conveniente. Para eso tienen que interactuar y a partir de la interacción saldrá, se conformará una forma de organización que estará determinada por los Fluzz. 2. Volatilidad. Esa búsqueda se desarrolla dentro de un medio que a veces permanece estable, proveyendo Fluzz constantes y parejos, en donde la organización de la red ( búsqueda) se estabiliza. Si el entorno es volatil tanto que varía en una gran magnitud, como en muchos pequeños cambios, la organización se adptará a esa volatilidad. 12
  • 13. 3. Ante un gran cambio la red podrá quedar mas cerrada "en su cuadrado", o totalmente desintegrada. Esto significa que no hay UNA red distribuida, si es distribuida es justamente una gran red dispersamente vinculada que PULSA al ritmo de la volatilidad del medio y de la posibilidad de lo Fluzz, a veces la encontrarás totalmente cerrada sobre si misma, otras totalmente desvinculada. En realidad esto pasa porque es un fractal como vos decís. Es decir un patron de interlinkeo aprendido (tal vez por la historia, tal vez por la resiliencia) que reconfigura la red en función de sus disponibilidades y de sus necesidades. Pero el arbol fractal, siempre está. Me gusta como van madurando estas ideas. 11 - Comentário de Carlos Boyle em 11 abril 2011 às 11:06 Esto de Onfray tal vez sea la clave: Quedan por formular las condiciones de posibilidad de un individualismo que no sea egoísmo. 12 - Comentário de jandira feijo em 11 abril 2011 às 11:11 Augusto, teus textos sempre causam tsunamis e provocam em mim sentimentos contraditórios! E isto é maravilhoso. Ainda bem que não deixas o conhecimento mofar e estimulas novos horizontes. Concordo com o conselho para que resistamos à tentação de pertencer a um grupo, na verdade é assim que tento me construir diariamente e, bem ou mal, que tenho conseguido sobreviver com relativa coerência entre este jeito de olhar o mundo e me relacionar com as pessoas. Entretanto, o que me angustia é como localizar onde estão os outros que assim também pensam e agem dentro de uma instituição tão arcaica quanto a área estatal (tão visceralmente embricada com as organizações partidárias). Atuo num ambiente adversarial, 13
  • 14. hierárquico, centralizado, burocrático, anacrônico, onde não há espaço para relações verdadeiras, nem interesse institucional de mudar o status quo. Para cada aparente avanço, um alto preço. Não existe interação, portanto, não existe rede dentro destes espaços estatais. Aqui é mais do que cada um no seu quadrado; é cada um no seu curral, ou na sua jaula, e esta não é uma crítica à gestão de A ou de B, mas sim à estrutura secular. Mas, como onde existe vida existe relação e interação, posso presumir que nos dutos destas instituições governamentais deva existir algum oxigênio. Ou estou equivocada? Afirmas que "é necessário desconstituir a cultura (ou quebrar a linha de transmissão de comportamento) do “cada um no seu quadrado”. Ok, tenho certeza disso, mas como? Espero que o fluxo da vida gere o maremoto? 13 - Comentário de Augusto de Franco em 11 abril 2011 às 11:12 Tarás e Ceila, talvez para entender o que pretendia dizer (ou aumentar ainda mais a confusão, o que não é ruim em princípio) seja preciso ler o textos linkados. Penso que se não entendermos a diferença entre interação e participação, o restante fica meio sem sentido. Então vou tornar a linkar aqui um texto que trata especificamente desta distinção: REDES SÃO AMBIENTES DE INTERAÇÃO, NÃO DE PARTICIPAÇÃO http://www.slideshare.net/augustodefranco/redes-so-ambientes-de-interao-no-de- participao Raulino, o bom da história é que não precisamos para nada ver o que fazer com esta patota aqui. Não é uma patota, como você já deve ter percebido. Abração também. Daisy, gostei imensamente de sua imagem: "Lendo o texto é inevitável sentir um certo arrepio, típico de quem está prestes a se lançar num esporte radical, quando, por melhor que sejam os equipamentos, você percebe que está por sua conta e risco". 14
  • 15. Boyle, concordo. As diferenças entre o que você disse e o texto são mais terminológicas do que conceituais. Um ser humano concreto é sempre uma unidade biológico-cultural, não um exemplar da espécie (biológica), nem somente uma particular configuração (cultural). Chamo de pessoa a esta unidade, que não é algo dado e sim em construção. Tornamo-nos pessoas à medida que interagimos com outros seres humanos. Daí que pessoa já é rede e o indivíduo, como tal, é uma abstração (não é um ser humano concreto, se for um exemplar da espécie é uma condição do humanizável, não uma consumação do humano). 14 - Comentário de jose de assis silva em 11 abril 2011 às 11:41 Achei super bacana o texto de Augusto Franco. Acredito que é um bom material para se trabalhar numa sala de aula onde adolescentes se gabam por terem e fazerem parte de uma comunidade de 2000 amigos. Disputam entre si quem tem mais amigos e se esquecem que na verdade, estão solitários e meio sem rumo, atirando para qualquer lado. 15 - Comentário de jaime fractal em 11 abril 2011 às 11:53 'Se você quer fazer redes, resista a tentação de pertencer a um grupo'. Se vc entrar numa rede seja o mais aberto possível, não seja preconceituoso e não se ache o mais preparado de todos, entre para aprender e criar com os membros as condições e o conteúdo da rede. Nas redes não estamos numa competição, estamos numa pessoalização e em uma customização que satisfaz a maioria. 16 - Comentário de Cida em 11 abril 2011 às 12:30 É de grande alívio o que escreveu. E entusiasmante! 17 - Comentário de Clara Pelaez Alvarez em 11 abril 2011 às 13:38 Interessante o texto! Só fico me perguntando o seguinte: 15
  • 16. 1. Somos seres sociais. Clusterização é fenômeno de rede. Parece-me que regras para clusterização, sobram! Esse "deve/não deve" ser assim me incomoda demais. 2. A ER é uma "comunidade" (ou esse termo não se aplica aqui?) de estudo de redes, cujas regras foram delineadas por você, Augusto. Qual a diferença desta comunidade para outras? Pra mim não ficou claro! 18 - Comentário de jaime fractal em 11 abril 2011 às 14:50 Concordo plenamente com: "Toda realização em rede distribuída é um projeto que vai se construindo à medida que avança, que vai se formando ao sabor de fluzz, que vai gerando ordem a partir – e no ritmo – da interação. Em tal contexto é desnecessário, a rigor, combinar antes o script. É inútil – e frequentemente contraproducente – mobilizar energia para direcionar um grupo". Estruturar e direcionar não adianta mesmo, mas treinar como interagir e conhecer as ferramentas das redes é fundamental, como um arqueiro zen precisa estar aberto e preparado para o que acontecer. 19 - Comentário de Augusto de Franco em 11 abril 2011 às 14:52 Acho que dentro da E=R, Clara, se formam comunidades. Aliás, era este o propósito desde o início: a escola-não-escola que é esta rede deveria almejar a formação de múltiplas comunidades a partir de agendas compartilhadas, lembra? Isso de fato tem ocorrido, aqui e ali. O diabo é que as pessoas usam a palavra comunidade com vários sentidos. Há aquela grande comunidade (de que falava Althusius, que acabou se confundindo até com o conceito de nação), há a pequena comunidade vicinal de convivência de Dewey e, mais recentemente, qualquer grupo de aprendizagem, de prática ou de projeto é chamado também de comunidade (mesmo quando, claramente, é um grupo proprietário). 16
  • 17. Não delineei regras propriamente para a Escola-de-Redes e sim para iniciar esta plataforma que utilizamos, que exige isso porque, como sabemos, é uma plataforma p-based e não i-based (mais baseada em participação do que em interação). Então "o criador" (hehe, é assim que chama ou chamava o Ning) obriga você a optar: aceita a adesão de qualquer um ou tem que pedir para entrar? (Conquanto depois, o próprio Ning Team nos aconselhou a modificar o que era totalmente aberto, para evitar os programas invasores); aceita comentários (em que lugar? - e aí vem uma lista imensa)?; qualquer membro de um grupo pode enviar comentários para os outros membros do grupo? etc. etc. A lista de opções de administração é realmente extensa. É claro que numa plataforma p-based, que logo atingiu milhares de membros, não se pode - e não se deve - submeter tais decisões e outras (como as regras básicas de convivência sem as quais não sobreviveríamos, como, por exemplo, a proibição de fazer propaganda política ou de produtos e serviços comerciais) a nenhum tipo de consulta capaz de gerar artificialmente escassez. Se isso ocorresse teríamos que discutir antes, quais as condições, quem seria o colégio apto a se manifestar e cairíamos em um sem-número de armadilhas semelhantes. Parece que não haverá solução para isso enquanto não tivermos plataformas baseadas em interação. A participação, qualquer participação, obriga as pessoas a se conformarem em ambientes com regras já estabelecidas ex ante à interação (e disso não escapa este Ning da E=R). Mas o que o texto queria explicitar é que se não falamos em nosso próprio nome, seja onde for, nos nossos próprios termos e sim em nome de um coletivo mais estratégico, quer dizer, como "representantes" do nosso quadrado (constituído ex ante à interação), então temos dificuldades imensas de interagir com o outro- imprevisível. 20 - Comentário de Guaraciara de Lavor Lopes em 11 abril 2011 às 19:09 Primeiramente, adoro os textos do Augusto porque eles sacodem, mas confesso que precisei imprimir o texto para entender melhor. Pois é, sem o papel não consigo ser minimamente inteligente. Se eu entendi, a questão é o rabo balançar o cachorro. A instituição é o rabo e o cachorro perde a identidade se ficar cotó. É a velha historia, quando a gente se apresenta logo perguntam de onde, de qual família (sim, isto 17
  • 18. ainda é comum) e a titulação. Minha resposta é geográfica: - de Volta Redonda e não tenho titulação porque não pertenço à nobreza. Acredito que a necessidade do pertencimento vem da construção de nossa identidade. Como somos identificados pelo outro e assim nos estruturamos, precisamos de um grupo. Realmente o grupo é necessário, mas a interação não precisa do grupo. Pra mim a interação surge quando algo ou alguém desperta meu interesse, se vai acontecer alguma coisa ou não, não importa. Valeu porque de algum modo cresci. E seu entendi corretamente o Augusto, vou enlaçando e esparramando minha rede na maior parte do meu tempo. Se não entendi nem um cadiqui, por favor, providenciem tradução simultânea 21 - Comentário de Augusto de Franco em 11 abril 2011 às 20:45 Pois é, que bom que o post gerou bons comentários. O que pretendi dizer é simples e poderia talvez ser resumido naquela sentença inicial (de 2009): não faça patotas, não construa igrejinhas, articule redes. Não chame suas organizações hierárquicas ou seus grupos proprietários de redes (no sentido em que a palavra vem sendo entendida aqui, como redes mais distribuídas do que centralizadas). Sei que é difícil. Queremos nos proteger do outro, do concorrente, daquele que julgamos como adversário ou inimigo porque divide ou disputa (ou pode vir a dividir ou disputar) conosco alguma posição. Passei anos e anos amargando e chafurdando mesmo em ambientes deletérios, alguns dos quais compostos por pessoas que hoje ocupam as mais destacadas posições no topo das hierarquias mais altas da República... Lembro bem que dizia, fazendo piada de humor um tanto sinistro, que o mais difícil era aguentar a vontade de ir ao banheiro por horas a fio (sim, as reuniões demoravam uma eternidade), pois que do contrário corria-se o risco de alguém (não um inimigo, mas um companheiro) sentar no seu lugar... Era isso: todos eram potencialmente inimigos, todos disputavam. É claro que num ambiente assim (e a maioria dos ambientes hierárquicos são assim, mesmo quando queiramos vestir o manto da humildade, da compaixão, do amor ao próximo, como fazem os cardeais no seu colégio) alguém só sobrevive entrando em uma patota. Mais ou menos como ocorre nas prisões. Revoltei-me contra isso muito antes de entender a possibilidade de organização em rede distribuída. Quando descobri as redes, vi que era 18
  • 19. possível, sim, interagir sem pertencer, se conectar sem professar, se associar sem obedecer e sem mandar, atuar junto sem se deixar arrebanhar. Desde, é claro, que se aceite a lógica da abundância. Mas o fato é que, mesmo se não tivemos oportunidade de vivenciar essas manifestações de desumanidade em seu paroxismo, continuamos procurando proteção de um grupo para chamar de nosso (o que, no fundo, é uma proteção contra o mundo exterior). Não é nossa natureza gregária ou social, como se diz, que nos leva a isso e sim exatamente o contrário: são tendências anti-sociais (geradas por programas verticalizadores que rodam na rede social) que nos compelem a nos proteger do outro-imprevisível. Parodiando nosso amigo José Pacheco (no que diz em relação à escola tradicional), hoje posso declarar que estou nisso (articulação e animação de redes) por vingança. 22 - Comentário de Guilherme de Barros em 11 abril 2011 às 21:00 Hmmmm... fica sempre minha dúvida se é possível construir algum sistema (rede) sem os padrões presentes em todos, TODOS os sistemas (redes) do universo conhecidos por nós: Centralidade - todo sistema tem um centro visível ou não, tangível ou intangível; Familiaridade - todos os sistemas se agrupam por afinidade formando sistemas menores (ao infinito) e maiores (ao infinito tb); Individuação - toda parte de qualquer sistema quer ser única e um universo ou sistema por si só. Pretender que um conjunto de pessoas possa exisitir sem constituir 'tecido' (igrejinha, patotinha, etc) é o mesmo que querer que haja um fígado sem células ou células (úteis) que não façam parte de um tecido qualquer. Tudo se encadeia no universo para servir e ser útil em um sistema sempre mais complexo que a parte. Agora, se as células de um fígado formam um câncer, esse problema não é do fígado como idéia original, e sim das células que não sabem trabalhar de maneira harmoniosa. 19
  • 20. 23 - Comentário de Augusto de Franco em 12 abril 2011 às 6:00 Não é fácil mesmo aceitar o fluxo, Guilherme. São seis mil anos de inseminação de uma metafísica como esta que você expõe abaixo. Tenho para mim - seguindo as especulações do matemático Ralph Abraham - que isso começou em uma calma tarde sábado, em algum momento da pré-história sumeriana. E tão influente foi essa metafísica que até hoje, seis mil anos depois, ainda continuamos ignorando as descobertas científicas ou mentindo em nome da ciência. Vamos ver. Centralidade. Não há qualquer evidência de que todo sistema tenha um centro. Em termos topológicos, nenhum sistema distribuído tem centro. Qual é o centro da vida (a capa biosférica que envolve o planeta Terra)? Qual é o chefe do cérebro? Quem é o comandante de um bando de pássaros que voam em formação delta (seguindo sua metafísica diríamos que é aquele que está no vértice, conquanto a ciência já tenha desmascarado isso: não existe aquele, eles se revezam e a formação visa apenas diminuir a resistência do ar ao deslocando do bando)? Existe mesmo uma rainha nas colmeias e nos formigueiros (ou isso foi apenas uma projeção dos nossos padrões societários: veja as descobertas de Deborah Gordon)? Familiaridade. Tudo que interage tende a clusterizar, mas isso nada tem a ver com afinidade (tal como usamos este conceito em nossa sociedade). Não ocorre por efeito de alguma imanência, como supõem os esquemas míticos de interpretação do mundo. A própria origem da palavra 'familiaridade' é reveladora da tentativa de transposição não- hermenêutica de padrões da sociedade hierárquica para outras esferas da realidade. Individuação. Não é bem que toda parte de qualquer sistema queira ser única. Na maioria dos casos elas não podem "querer" nada (posto que não têm vontade, suas características intrínsecas não podem explicar o comportamento dos emaranhados onde existem como tais). Nossas observações - da cibernética à matemática do caos e dos sistemas complexos - revelam outros padrões que remetem a conceitos como holon e fractal. 20
  • 21. Um conjunto de pessoas em interação constitui, sim, sempre, um tecido. Mas isso não é a mesma coisa que patota, igreja, grupo proprietário. Os exemplos que você cita refutam suas premissas. O fígado, como parte de um organismo, tem um padrão de rede. Toda a vida - organismos, partes de organismos e ecossistemas - se organiza em rede (como disse nossa querida bióloga Lynn Margulis, "a vida não se apossa do globo pelo combate e sim pela formação de redes" e vale a pena ler aqui na E-R o post A vida como rede fractal de seres interdependentes). Tudo que é sustentável tem o padrão de rede. Por último, a hipótese do câncer como resultado de uma ignorância das células hepáticas que, como você aventa, "não sabem trabalhar de maneira harmoniosa". Que coisa, heim Guilherme? Este é exatamente o mesmo schema mítico da queda dos anjos. Tudo estava planejado pelo grande arquiteto para ser justo e perfeito... mas aí houve a queda. Alguns seres da hierarquia se corromperam e o mal foi introduzido no mundo. Veja que é o mesmo padrão de pensamento que urdiu a idéia do pecado original. Sobre isso tuitei outro dia que o problema não é a queda dos anjos e sim os anjos. Ao entender fluzz - que foi a maneira que encontrei para falar do fluxo, quer dizer, da ordem que surge continuamente a partir da interação - entendemos que não existe uma ordem preexistente, que o universo se cria a medida que se desenvolve. Para quem teve sua consciência colonizada por idéias feita para escravos (sim, é disso que se trata), é realmente muito duro descobrir 21
  • 22. que estar interligado a tudo é estar realmente só, como um viajante dos multiversos... 24 - Comentário de CARLOS EDUARDO DE OLIVEIRA PRAES em 12 abril 2011 às 6:59 Fascinante! Grupos funcionam como padrão e padrão tende a nos aprisionar no passado, redes abertas possibilitam achar o desvio padrão, o diferente, ai tudo começa a ficar bonito e projeta futuro. Seres humanos possuem um dos mecanismos cerebrais como reptiliano e por muitas vezes somos acometidos pelo efeito neurônio espelho ou efeito manada, isto é, se 10% de um grupo caminha para uma direção ou tem uma opinião os outros 90% seguem o mesmo sem questionar, como vimos no artigo, isto aprisiona, redes ao contrário os vetores são tantos que exercemos nosso livre arbítrio e não caímos na cilada do efeito manada. 25 - Comentário de Angela Regina Pilon Vivarelli em 12 abril 2011 às 9:49 Isso! Vamos sair... 22
  • 23. 26 - Comentário de jaime fractal em 12 abril 2011 às 10:00 Já saí do quadrado e agora estou vendo redondo! É isso? 27 - Comentário de Cida em 12 abril 2011 às 10:06 Angela Regina Pilon Vivarelli Vc é uma é uma excelente intérprete. Traduziu objetivamente. Grata. 28 - Comentário de Augusto de Franco em 12 abril 2011 às 11:02 É isso, Angela, mas não basta ver redondo: tem que sair rolando feito uma bola! 29 - Comentário de jaime fractal em 12 abril 2011 às 11:07 É sair redondo e não descer redondo que nem a cerveja! Ou descer rolando que nem uma bola! 30 - Comentário de Angela Regina Pilon Vivarelli em 13 abril 2011 às 8:31 “O Teorema de Von Foerster sobre a Conexão e a Organização: Aplicações Semânticas", de Benny Shanon e Henri Atlan: "Quanto mais (rigidamente) conectados forem os elementos de um sistema, menos influência terão sobre o sistema como um todo. (...) Quanto mais (rigidas) forem as conexões, maior grau de "alienação" do todo apresentará cada elemento do sistema." 31 - Comentário de jaime fractal em 13 abril 2011 às 8:53 Angela, se rigidez significar formalidade e seguimento de padrões já definidos acho que é perfeito esse teorema sobre ligação/conexão. 23
  • 24. Rigidez leva a alienação e a menos influência e movimentação no grupo. 32 - Comentário de Guaraciara de Lavor Lopes em 13 abril 2011 às 11:09 Angela, além de interprete você me ajudou a dar palavras a percepção de minhas vivências ao me apresentar o teorema. Tenha uma excelente tarde 33 - Comentário de Angela Regina Pilon Vivarelli em 13 abril 2011 às 16:19 Pensando... "Em 1976, no que foi chamada a "conjectura de von Foerster", este ciberneticista sugeria um tipo de relações aparentemente paradoxal entre o comportamento global de um sistema de elementos interconectados e o comportamento individual de cada um destes elementos. Quanto mais "trivial" – ou seja, predeterminado e previsível, por "unívoco" (ou seja, atuante sempre da mesma maneira) no estado do sistema – fosse o comportamento individual, mais fraca seria sua influência no comportamento global. De forma metafórica, os indivíduos "trivializados" se sentem, então, "excluídos" pelo comportamento global do grupo, uma vez que não há reconhecimento de sua especificidade pelo sistema; ao contrário, quanto menos "trivial", ou seja, predeterminado, for o comportamento do indivíduo, tanto maior a influência que ele exerce sobre o grupo e menos se sente "excluído" Ler mais em: http://goo.gl/a5Z5N 34 - Comentário de Sérgio Luis Langer em 13 abril 2011 às 18:55 As conexões formuladas e produzidas devem acima de tudo, inferir-se como complementares e m sua integridade. Integridade, esta, nutrida e fomentada pela responsabilização ética e conectiva de uma 24
  • 25. preocupação maior... a coletividade parceira de uma consciência do amadurecimento social. Todos temos capacidade para dissociarmos pensamentos, atos, questionamentos e observações sobre a vivência compartilhada dos anseios da humanidade; porém, os grupismos e amiguismos nunca serão diferenciais para com a conquista benemérita do conhecimento. A aplicação das idéias capacitadas a promoverem uma análise comportamental torna reflexiva a expressividade das nossas preocupações solidárias. Sempre estivemos embasados no desenvolvimento evolutivo de relações. Um universo interrelacionado com as dinâmicas de transformação, tradução e transcrição de condutas segundo princípios particulares de formação ... intencionais e regidos pela nossa vontade, interesse e comprometimento para com a valorização da vida (coletiva e prioritária de nossos semelhantes), em todas as suas instâncias, tendo nela uma unidade de significado e propósito pelo qual existimos. 35 - Comentário de Carlos Nepomuceno em 14 abril 2011 às 4:54 Augusto, gosto de quem me desequilibra e você faz isso. Rompe e provoca. Bom. Entendo a idéia das igrejas e gosto de chamar esse movimento de "conhecimento líquido", ou fluxo, como você escreveu mais adiante nos comentários. Porém, não acho que a questão está no grupo se formar em sim, mas nas paredes que criamos em torno deles. Lembro de participar de grupos de poesia que quando chegavam a um ponto de não mais querer criticar os poetas "isso é bom dentro do seu projeto poético" era hora de sair, pois perdia-se o que foi-se buscar: a opinião sincera. Assim, a tendência por grupos e por estarmos com pessoas que nos dão significado não acredito que vamos perder, porém, concordo contigo que se fechar nisso é algo que deve ser evitado, pois acaba nos levando a um ponto de saturação. Grupos sim, mutantes e sem fronteiras, líquidos... 25
  • 26. Que dizes? abraços, Nepô. 36 - Comentário de jaime fractal em 14 abril 2011 às 9:59 O que me motiva entrar em um grupo não é somente o assunto ou tema que foi estabelecido mas tb a possibilidade de conhecer os membros e fazer contatos. Cada membro é uma possibilidade e embora muitos possam ser bem parecidos a diferenciação se faz no contato e nas relações sociais que são feitas. 37 - Comentário de Ceila Santos em 14 abril 2011 às 10:58 Nossa, Augusto, acabei de ler o link indicado (obrigada!!!!) e agora realmente pirei...Vou ter insônia com a minha consciência por um bom período ou por vidas...Exagero? Não sei. Mas o fato é que não consegui me agarrar em nada e deu pânico de cair na roda porque ela começou a fazer sentido. Entendi que o pertencimento ao grupo no sentido de defender a posse do que ele representa nos coloca numa posição de luta. ou seja, eu quando assumo o lugar de mãe histórico (ou seja, acredito na luta e vivo na prática para atingir seu ápice comigo mesma), cujas características são estabelecidas por um ideal assumo uma atitude de defesa com o restante da humanidade. Não há interação verdadeira, mas defesa do lugar que represento. Quando tomo consciência disso posso até acreditar no idealismo de mãe, mas posso interagir de forma aberta sem a obrigação de seguir aquele modelo. UAU! É fantástico, extremamente inseguro, mas de uma fraternidade tamanha... Acho que tô despertando pra esse netweaving, mas como tenho cabeça de papel (sou jornalista) e uso muita ferramenta da turma do software não consigo desligar toda essa questão cultural da prática de produzir conteúdo. Ainda produzo e penso no conteúdo muito como a academia (universidade) em busca dos "donos de conhecimento" (biografia/referências) e isso é se fechar em gueto? 26
  • 27. Qual sua visão sobre o interagir na hora de produzir conteúdo em ferramentas como blog que funciona ainda no regime da escassez? 38 - Comentário de Augusto de Franco em 14 abril 2011 às 14:24 Carlos Nepomuceno, a fronteira é apenas o resultado da interação entre o que está "dentro" e o que está "fora". Se você muda a estrutura que separa, muda o que foi separado. Assim, o que é contido por uma membrana é diferente do que é contido por uma parede (opaca). A chave não é o tipo de parede que criamos e sim o modo como nos organizamos: a parede é conseqüência. Ceila, ainda é assim mesmo. Mas cada vez mais o conhecimento é relação social, sem dono, e fica distribuído na rede. 39 - Comentário de Guaraciara de Lavor Lopes em 14 abril 2011 às 14:53 Lembrei demais do Augusto, agora a pouco. Viagem Sabará/Carmo de Minas, duração sete horas. Passando por Olimpio Noronha e sem ver sinalização pergunto a um senhorzinho sentado na calçada: - Como faço para chegar a Carmo de Minas. Resposta imediata: - Quando acabar a rua, tem um trevo. Corta o trevo e segue o “fruxo”. Tem erro não dona. Seguindo o fluxo, cheguei sem erro. 40 - Comentário de jaime fractal em 15 abril 2011 às 15:23 Guaraciara, dessa vez vc teve sorte com o famoso 'sinhozinho mineiro', num é sempre assim naum! 41 - Comentário de Nei Grando em 17 abril 2011 às 15:24 Quando estamos nos grupos, nas redes, o melhor que temos a compartilhar é nós mesmos, inteiros com nossos reais pensamentos, reflexões, sentimentos, paixões, buscas, mas sempre com o propósito 27
  • 28. de contribuir, de edificar e sempre considerando e respeitando o outro. 42 - Comentário de Nei Grando em 17 abril 2011 às 15:27 Augusto, parabéns pelo artigo! Seus pensamentos me chamaram a refletir, muito obrigado! @neigrando 43 - Comentário de Maria Rita Marques de Oliveira em 18 abril 2011 às 0:18 Não falo aqui com conhecimento de causa, falo de certa forma encorajada pelo dito aqui que a escola de um pensamento não seria desejada. Li o texto e vários comentários em meio a "turbulências" e "calmarias" não me sinto confortável concordando ou discordando dessa linha de pensamento. Em que medida o autor dessas idéias não é ele próprio um centro? Pode não estar interessado em ser o centro e, muito menos sinta-se conectado a um outro. Me parece que ao "tornar-se pessoa" paradoxalmente, se corre o risco de virar centro. Talvez não seja nada disso, eu precise apenas rever o meu conceito de centro/hierarquia. 44 - Comentário de jaime fractal em 18 abril 2011 às 12:54 Maria Rita, na vida real às vezes falo muito, proponho idéias e acabo virando o centro, o que eu não gosto nem um pouco porque isso traz muita responsabilidade. O Augusto, mesmo que não deseje acaba virando o centro porque é o gestor aqui da escola de rede e tb teórico e divulgador de conhecimento das teorias e práticas das redes sociais. Se um determinado membro acaba virando o centro porque os membros do grupo voluntariamente desejam não vejo mal algum e de forma alguma impede que os membros se tornem pessoas e desenvolvam os seus egos. Uma estrutura hierárquica em que os membros são obrigados a obedecer involuntariamente isso sim sempre foi um grande problema. Abraço! 28
  • 29. 45 - Comentário de Augusto de Franco em 18 abril 2011 às 15:14 Penso que é mais ou menos como disse o Jaime, Maria Rita. Ninguém centraliza a rede porque expõe suas idéias. A centralização é um condicionamento de fluxos, quando se obriga esses fluxos a passar por determinados caminhos (porque outros caminhos foram suprimidos ou obstruídos). Leia o texto O poder nas redes sociais para entender esse ponto de vista. No texto indicado os conceitos de 'poder' e 'hierarquia' são apresentados do ponto de vista da topologia das redes. 46 - Comentário de Angela Regina Pilon Vivarelli em 19 abril 2011 às 8:05 Penso que a centralização nas redes é como um caleidoscópio... Não é mesmo bonito isso? Veja no Youtube: http://goo.gl/15a3C 47 - Comentário de Douglas Rocha Liberato em 24 abril 2011 às 13:06 Nós temos um ego, temos um comportamento egóico e somos cobrados por uma sociedade coletiva e inconscientemente egóica. Assim, "vale" o que a comunidade ou a sociedade diz e quer e não aquilo que cada um gostaria. Assim é, não que devesse ser. Quando cada pessoa estrutura seu ego, lá pelo seu terceiro ou quarto ano de vida, de modo simples, podemos dizer que ela vai descobrindo comportamentos, crenças e maneiras de se relacionar que a fazem se sentir aceita diante dos outros. Aceita e aprovada. Ou quase. Tudo vai caminhando, até que um dia surgem as "redes" sociais. Então, como bem escreveu o Augusto, formaliza-se as relações, quem tem mais amigos no Orkut ou Facebook, é tido como mais querido, é legal, gente boa, e desperta a inveja de outros, enquanto sustenta um orgulho, que contrapõe a sua baixa auto-estima. Então, as pessoas passam a acreditar que precisam pertencer a algo, uma comunidade, um grupo, um clube, e quando vemos, elas fizeram esses mesmos lugares pertencerem a elas. Ou pensam que pertencem, isso as faz sentir-se distintas do "resto" da humanidade, dá sentido à vida e valor a ela como membro da sociedade. Grandes e perigosas ilusões do ego, as quais por termos crescidos e sido condicionadas a elas, não as percebemos, tomamo-las como verdadeiras, necessárias e 29
  • 30. fundamentais. Então surgem os Paulo Brabo da vida para nos ajudar a acordar, sair do sonambulismo social e viver como pessoas e não somente indivíduos. Eis um grande exercício, parar de tentar pertencer a qualquer coisa que seja, para descondicionar e poder perceber que você pertence à única coisa real em relação a você, que pertencemos todos à uma raça, uma espécie, a qual por vários motivos mais sublimes chamamos de humanidade. Já pertencemos. Agora é só compartilhar, sem medo de ficar sem, de perder, sem medo de não ser ou de não valer o que pensa que precisa valer para ser. Já somos o que pensamos que precisamos ser. Desiludamo-nos de nós. Fique bem. 48 - Comentário de Daisy Grisolia em 22 junho 2011 às 16:22 Existe um ego e existe um self que é muito mais que um ponto de luz chamado ego. 49 - Comentário de CLARICE COPSTEIN em 22 junho 2011 às 16:32 Gentem!!!! Após a leitura de todo texto sugerindo e justificando inteligentemente a mudança de paradigmas o que mais me chocou foi o seguinte: tentem entrar como se não fossem pertencentes à escola de redes; mudem de navegador, não façam login; e o que surge como se fizesse ainda parte do texto... Comentar | “Você precisa ser um membro de Escola de Redes para adicionar comentários!” | Entrar em Escola de Redes Contracensos da vida!! Adorei o texto e já vinha me questionando sobre esse mundinho fechado de pertencimento que estamos envolvidos... att, Clarice 30
  • 31. 50 - Comentário de Augusto de Franco em 22 junho 2011 às 17:53 Não precisa se registrar nesta plataforma para ler qualquer texto aqui. Também não é necessário qualquer registro para baixar mais de 800 textos. Mas usamos uma plataforma Ning que exige o registro para fazer comentários. Ning ainda é uma plataforma p-based (baseada em participação) (e não i-based, baseada em interação) e não podemos desativar suas funcionalidades, vamos dizer assim, orientadas para a participação, que exigem algum grau de pertencimento. A despeito disso, qualquer pessoa pode se registrar (não gasta nem 5 minutos) e, depois, cancelar o seu registro. E pode escrever o que quiser. E pode entrar de novo. E pode sair novamente. E pode escrever de novo. Essa foi a maneira que encontramos de contornar as fronteiras. Ademais, os comentários aqui são abertos, não- mediados. O contrasenso que você aponta, Clarice, não é da vida, nem do pessoal da Escola-de-Redes e sim do caráter da plataforma (que não fomos nós que desenhamos e não temos outra melhor para colocar no lugar). Estamos tentando estimular a criação de plataformas i-based, que não farão tais exigências. Veja uma discussão sobre isso no Grupo PENSANDO UMA PLATAFORMA DE NETWEAVING http://goo.gl/PCpOI Abraços. 51 - Comentário de UBIRAJARA THEODORO SCHIER em 22 junho 2011 às 21:17 Muito bom artigo... de fato é mesmo difícil nos livrarmos dos dogmas que nos prendem à estruturas hierárquicas... acredito que a solução para isso é poder se sentir livre em um ambiente em que todos se sintam naturalmente motivados a fazer alguma coisa, não para alguém, mas fazer pelo simples prazer de fazer... "- Se você quer fazer redes, resista a tentação de pertencer a um grupo." - me lembra o verso 36 do Tao Te King (Lao Tzu): "para comprimir algo, é preciso deixar que se expanda bem; para enfraquecer, deves deixar que se fortaleça bem". 31
  • 32. Mas é o desafio... vamos lá! 52 - Comentário de Paulo Marins Gomes em 23 junho 2011 às 0:29 Augusto, só não lhe chamo de "caro Augusto" porque seria redundância e puxassaquismo hehehehe. Tenho algumas dúvidas expressáveis (outras ainda estou remoendo): Sobre o que você disse: "É inútil – e frequentemente contraproducente – mobilizar energia para direcionar um grupo." concordo perfeitamente, mas isso não se aplica também às RDLs? Quanto à questão: "por algum motivo elas acham que consciência é algo capaz de determinar comportamentos coletivos" entendo que esse é um conceito fundamental na sua teoria das redes. Mas ainda não consegui entender como pode a consciência não ter relação com o comportamento. Afinal, o objetivo desse texto "Resista à tentação de pertencer a um grupo" não é uma tentativa de conscientização?" E só mais uma coisa: "se você diz: 'vou consultar primeiro meu chefe ou meus companheiros' antes de decidir sobre isso ou aquilo, então sua porção-borg cresce e sua porção-social diminui". Acho que você se referiu ao consultar no sentido de "pedir permissão", não no sentido de se aconselhar, neh? Abraço! 53 - Comentário de Flavio Gut em 23 junho 2011 às 3:38 Eu gostei, está me fazendo pensar. Destaco especialmente esse final: Estar em rede é sempre uma aposta: a aposta de que da nossa interação desorganizada vai surgir algo interessante, não antes, no ensaio (“a vida é beta”, como diz o Silvio Meira), mas sobretudo ali, na hora exata em que ocorre, bottom up. 32
  • 33. 54 - Comentário de Augusto de Franco em 23 junho 2011 às 6:46 Caro Paulo, hehe. 1) Sim, penso que isso também acontece com as chamadas Redes de Desenvolvimento local. Esta é uma das razões pelas quais estamos propondo uma modificação radical nas metodologias de indução do desenvolvimento local. Leia este texto e você entenderá as razões: DESENVOLVIMENTO LOCAL http://goo.gl/Xwlsv 2) O conceito de "conscientização" foi um daqueles equívocos do pensamento do século 20, se é possível falar assim. Estava baseado na idéia de que a transferência de um certo conteúdo de um emissor para um receptor pudesse transfundir consciência. E que tal consciência tomada a partir da apreensão de um conteúdo poderia levar a mudança de comportamento. Foi assim que, como escrevi em Fluzz, "líderes, condutores, reformadores, sempre apelaram para nossa consciência, acreditando que a mudança se daria quando alcançássemos determinada visão..." No entanto, a descoberta da fenomenologia da interação revelou que o comportamento coletivo não depende de "termos consciência (individual) do que está se passando. Ao viver a vida da rede, apenas vivemos a convivência: não precisamos mais tentar capturá-la e introjetá-la, circunscrevê-la ou mandalizá-la para conferir-lhe a condição de totalidade, erigindo um grande poder interior de confirmação para nos completar da falta dos outros e nos orientar nos relacionamentos com eles. Tal necessidade havia enquanto podia haver a ilusão da existência do indivíduo separado de outros indivíduos; ou quando um (ainda) não era muitos. Toda consciência é consciência da separação, inclusive a consciência da unidade, da totalidade, ou da unidade na totalidade, é uma resposta à separação. No abismo em que estamos despencando ao entrar em fluzz, não há propriamente isso que chamávamos de consciência". 3) Sim, a a frase que você cita se refere a submissão da pessoa a algum coletivo proprietário que passa a sobredeterminar suas escolhas. A pessoa deixa de ser uma pessoa e passa a ser um representante da organização. 33
  • 34. 55 - Comentário de ROBERTA GARCIA RIBEIRO em 23 junho 2011 às 13:22 Demais o texto, augusto! Para ser um indivíduo precisamos de pertencimento, mas para ser pessoa nada é preciso, só a realização daquilo que é. Abraços, 56 - Comentário de Maria Otávia d'Almeida em 23 junho 2011 às 15:04 Uma rosa é uma rosa, ela simplesmente é! Um fenômeno que independe do observador, segundo Kierkegaard e Perls. Quizá um dia consigamos isso com pessoas... 57 - Comentário de Sérgio Luis Langer em 24 junho 2011 às 1:18 Vivemos, segundo uma concepção de desenvolvimento volúvel e um tanto, mecanicamente, pragmática, reconhecida como a Sociedade do Acesso. O economista Jeremy Rifkin (o qual tenho em suas idéias e pensamentos, uma identificação e referência), é muito preciso quando define a velocidade da transformação ecossocioeconômica à qual deparamo-nos. A interação de comportamentos e a integridade ética de uma conduta devem ser o instrumento que rege a partilha do significado e importância de nossa presença nas tomadas de decisões sobre o meio no qual estamos inseridos, onde o nosso próximo é uma extensão da própria existência e alma... "as necessidades de um, devem ser compartilhadas por todos". Essa sensação de preocupação, causando o enfrentamento dinâmico para com a realidade é motivadora da responsabilização e compreensão pela qual observa-se que o conjunto de oportunidades, possibilidades, respeito e consideração para com a inclusão ... dimensiona a solidez do grupo; a definição de seus propósitos, e, a 34
  • 35. clareza para assegurar-se uma comunicação sensível, complementar e pertencente à coletividade. A individualidade é restritiva dos direitos existenciais e harmônicos da qualificação por um desenvolvimento almejado. Assim sendo, uma consciência compromissada, tange o limiar de uma estratégia sincrônica de potencialidades que afloram segundo a valorização desta postura, como unidade a ser formada na essência de uma conquista chamada conhecimento (o qual somente, poucos têm capacidade para adquiri-lo, por méritos estendidos quanto à dedicação pessoal, considerada para com os valores da vida)... cuja coragem, é determinada à obrigação para transformarmos angústias e medos (entre a exclusão e a indiferença) em um novo momento a ser, suavemente, trilhado como sendo: a reavaliação de paradigmas educacionais provenientes da visão humana voltada à um crescimento agressivo de imposição manifestada pela arrogância do individualismo. Para isso faz-se necessário considerar que a plenitude do crescimento, pautado em um processo de desenvolvimento justo, há de ser permeável para com a identidade interpretativa das adversidades da vida; uma vez que, o compartilhamento de experiências agrega valores fadados à responsabilidade de nossos atos para com nossos semelhantes e o futuro das gerações que ansiamos preparar. Um abraço. 58 - Comentário de Stefano Carnevalli em 26 junho 2011 às 23:03 Tudo isso faz muito sentido. Compartilho. Só não sei ainda como lidar no dia a dia, no trabalho, onde tudo está voltado para ser grupos pré definidos, formatados, com pessoas que "passam o dia: entre o computador, o banheiro, o café e as indefectíveis reuniões". 59 - Comentário de Vanildo Silva Oliveira em 27 junho 2011 às 17:12 Concordo plenamente com o comentário do Stefano. Os objetivos profissionais nem sempre proporcionam esta abertura de pensamento. O fato é que existe a necessidade de se criar grupos nas chamadas 35
  • 36. mídias sociais para que determinada marca faça suas ações, convertendo em resultado. Simples como fogo... 60 - Comentário de Ana Valéria Haddad em 3 julho 2011 às 8:52 A nossa necessidade de pertencer advém da dificuldade brutal que temos de vivenciar o espaço vazio que existe entre "mim" e o outro, e que insistimos em preencher, buscando a participação em grupos, que nos dá a sensação ilusória de estar construindo pontes para preencher este vazio. Pois é justamente a manutenção deste vazio que nos mantém na integralidade, e nos possibilita contribuir, integrar-nos. 61 - Comentário de Maria Otávia d'Almeida em 3 julho 2011 às 10:44 E é um vazio pouco visitado, pois "as igrejas", "os grupos" estão aí para impedir... 62 - Comentário de Caleb Salomão Pereira em 22 agosto 2011 A superação do conceito de "indivíduo" para uma introjeção dos valores contidos na idéia de "pessoa" (como rede!) parecem ecoar certos conceitos de Emanuel Lèvinas... É muito bom ler um texto tão provocativo! O texto continua aberto a comentários no link abaixo: http://goo.gl/d7SpG FIM? 36