O documento discute as descobertas da fenomenologia da interação em redes sociais. As principais descobertas são: (1) Tudo que interage tende a clusterizar, (2) Tudo que interage pode enxamear, (3) A imitação é uma forma de interação que leva ao clonismo, (4) Quanto mais interação, mais as coisas tendem a se aproximar. O documento critica plataformas sociais proprietárias e baseadas em participação por não refletirem essas descobertas e promoverem a centralização em vez
10. As quatro grandes descobertas da
fenomenologia da interação
Clustering
Swarming
Cloning
Crunching
11.
12. A primeira grande descoberta:
Tudo que interage clusteriza
1
Tudo clusteriza independentemente do
conteúdo, em função dos graus de distribuição
e conectividade (ou interatividade) da rede
social.
13. A primeira grande descoberta:
Tudo que interage clusteriza
1
Ao articular uma organização em rede
distribuída não é necessário pré-determinar
quais serão os departamentos, aquelas
caixinhas desenhadas nos organogramas.
Estando claro, para os interagentes, qual é o
propósito da iniciativa, basta deixar as forças
do aglomeramento atuarem.
14.
15. A segunda grande descoberta:
Tudo que interage pode enxamear
2
Swarming (ou swarm behavior) e suas
variantes como herding e shoaling, não
acontecem somente com insetos, formigas,
abelhas, pássaros, quadrúpedes e peixes. Em
termos genéricos esses movimentos coletivos
(também chamados de flocking) ocorrem
quando um grande número de entidades self-
propelled interagem.
16. A segunda grande descoberta:
Tudo que interage pode enxamear
2
Algum tipo de inteligência coletiva (swarm
intelligence) está sempre envolvida nestes
movimentos. Isso também ocorre com
humanos, quando multidões se aglomeram
(clustering) e “evoluem” sincronizadamente
sem qualquer condução exercida por algum
líder; ou quando muitas pessoas enxameiam e
provocam grandes mobilizações sem
convocação ou coordenação centralizada.
17.
18. A terceira grande descoberta:
Imitação é uma forma de interação
3
Como pessoas – gholas sociais – todos somos
clones, na medida em que somos culturalmente
formados como réplicas variantes (embora
únicas) de configurações das redes sociais
onde estamos emaranhados.
19. A terceira grande descoberta:
A imitação é uma clonagem
3
O termo clone deriva da palavra grega klónos,
usada para designar "tronco” ou “ramo",
referindo-se ao processo pelo qual uma nova
planta pode ser criada a partir de um galho.
Mas é isso mesmo. A nova planta imita a velha.
A vida imita a vida. A convivência imita a
convivência. A pessoa imita o social.
20. A terceira grande descoberta:
A imitação é uma clonagem
3
Sem imitação não poderia haver ordem
emergente nas sociedades humanas ou em
qualquer coletivo de seres capazes de interagir.
Sem imitação os cupins não conseguiriam
construir seus cupinzeiros. Sem imitação, os
pássaros não voariam em bando, configurando
formas geométricas tão surpreendentes e
fazendo aquelas evoluções fantásticas.
21. A terceira grande descoberta:
A imitação é uma clonagem
3
Quando tentamos orientar as pessoas sobre o
quê – e como, e quando, e onde – elas devem
aprender, nós é que estamos, na verdade,
tentando replicar, reproduzir borgs: queremos
seres que repetem. Quando deixamos as
pessoas imitarem umas as outras, não
replicamos; pelo contrário, ensejamos a
formação de gholas sociais. Como seres
humanos somos seres imitadores.
22. A terceira grande descoberta:
A imitação é uma clonagem
3
Nada a ver com conteúdo. Nos mundos
altamente conectados o cloning tende a auto-
organizar boa parte das coisas que nos
esforçamos por organizar inventando
complicados processos e métodos de gestão.
Mesmo porque tudo isso vira lixo na medida em
que os mundos começam a se contrair sob
efeito de crunching.
23.
24. A quarta grande descoberta:
Small is powerful
4
Essa talvez seja a mais surpreendente
descoberta-fluzz de todos os tempos. Em
outras palavras, isso quer dizer que o social
reinventa o poder. No lugar do poder de
mandar nos outros, surge o poder de encorajá-
los (e encorajar-se): empowerment!
Sim, fluzz é empowerfulness.
25. A quarta grande descoberta:
Small is powerful
4
Quando aumenta a interatividade é porque os
graus de conectividade e distribuição da rede
social aumentaram; ou, dizendo de outro modo,
é porque os graus de separação diminuíram: o
mundo social se contraiu (crunch). Os graus de
separação não estão apenas diminuindo: eles
estão despencando. Estamos sob o efeito
desse amassamento (Small-World
Phenomenon).
26. A quarta grande descoberta:
Tudo que interage se aproxima
4
Nada a ver com conteúdo. Tudo que interage
tende a se emaranhar mais e a se aproximar,
diminuindo o tamanho social do mundo. Quanto
menores os graus de separação do
emaranhado em você vive como pessoa, mais
empoderado por ele (por esse emaranhado)
você será. Mais alternativas de futuro terá à
sua disposição.
27. Pois bem...
Como seria uma
plataforma adequada para
redes sociais?
28. É adequada uma plataforma de
rede baseada em participação?
Como seria uma plataforma
baseada em interação?
29.
30. Não seria nada parecido com
mídias sociais “egonetizadas”,
proprietárias e p-based tipo
Facebook e assemelhados
(como o Google+)
32. Plataformas egonetizadas
Em vez de fluxo, “meu quadrado”
A pessoa tende a achar que a sua página é o
seu espaço proprietário, a partir do qual ela vai
interagir. Em vez de se jogar no fluxo, ela se
aboleta no seu bunker (chamado de “Minha
Página”). E é induzida a achar que ali pode
colocar todas as “suas” coisas. E fica até
ofendida quando alguém lhe lembra que o
concurso de Miss Universo não tem muito a ver
com astrofísica...
33. Plataformas proprietárias
Em vez de distribuição, centralização
São urdidas pelos trancadores de códigos. Ao
construírem caixas-pretas para esconder seus
algoritmos ou para montar seus alçapões de
dados (Google ou Facebook), erigem na
verdade pirâmides para proteger suas
operações centralizadoras da rede social. Não
é por acaso que essas plataformas
desenhadas a partir de uma instância
proprietária tentem disciplinar a interação.
34. Plataformas p-based
Em vez de interação, participação
Plataformas p-based (baseadas em
participação) envolvem sempre algum tipo de
escolha de preferências geradora de escassez.
E suas funcionalidades estão voltadas ao
arquivamento de passado (para aumentar o
repositório ao qual somente seus proprietários
têm pleno acesso, na medida em que só eles
podem programá-las sem restrições).
35. Qual é, no fundo, no fundo, o
problema de todas essas
plataformas egonetizadas,
proprietárias e p-based?
36. Um problema de concepção
Midias sociais inadequadas ao netweaving
O que está por trás de tudo isso é a idéia de
que o indivíduo é o átomo social, quando, na
verdade, para ser social, é preciso ser
molécula. Redes sociais são redes de pessoas
e pessoas são produtos de interação e não
unidades anteriores à interação.
37. Um problema de ignorância mesmo
Midias sociais inadequadas ao netweaving
Em geral os que se metem a construir
plataformas de rede não conhecem (não
estudam, não investigam) a nova ciências das
redes e não estão familiarizados com a
fenomenologia da interação.
38. Um exemplo recente
Midias sociais inadequadas ao netweaving
O exemplo mais recente pode ser fornecido
pelos Círculos do Google+ - a nova mídia
social egonetizada, proprietária e p-based - que
o Google lançou para ter o seu próprio
Facebook. Os Círculos são clusters não
conformados pelo clustering e sim por escolha
ex ante à interação. Construir um Círculo é
assim como gerenciar uma agenda de
contatos.