1. Referência bibliográfica: Sociologias, Porto Alegre, ano 8, nº 15, jan/jun 2006, p.
208-249
POMBO,Olga; Práticas interdiciplinares
‘’ Talvez o facto mais interessante que caracteriza a interdisciplinaridade enquanto
fenómeno, não da sociologia, mas, digamos assim, da ontologia da ciência, é que ela só se
deixa pensar no cruzamento da perspectiva veritativa e da perspectiva sociológica da
ciência.’’ (p.210)
‘’ A interdisciplinaridade traduz-se na constante emergência de novas disciplinas que não são
mais do que a estabilização institucional e epistemológica de rotinas de cruzamento de
disciplinas’’ (p.210)
O exemplo das Ciências Cognitivas
‘’ Trata-se pois de um conjunto disciplinar aberto, potencialmente alargável, sujeito às
variações resultantes das exigências colocadas pela complexidade da área de estudo e cujo
estatuto disciplinar - pelo menos por enquanto - dificilmente se deixa apreender pelos critérios
tradicionais de delimitação das disciplinas.’’ (p.215)
‘’ Esse enquadramento académico, como era de esperar, verifica-se tanto ao nível de centros
de investigação como de licenciaturas existentes em grande número de universidades. Sendo
em si mesmo interdisciplinares, a introdução das ciências cognitivas nos curricula escolares e
nas universidades coloca em termos muito imediatos a necessidade de um ensino
interdisciplinar’’ (P.216)
‘’ Face a estas três características, que fazem genericamente da cognição uma “computação de
representações”,13 as ciências cognitivas não podem deixar de aparecer como uma área
aberta, irradiante, comportando diferentes dimensões e susceptível de diversas abordagens e
níveis de análise’’ (p.218)
‘’Como antes aconteceu com a física, a química, a biologia ou a sociologia, a emergência hoje
das ciências cognitivas corresponderia ao lento desvelar de uma área inexplorada da realidade
- a cognição - mediante a qual se caminharia no sentido de uma crescente complexidade e
aproximação ao humano.’’ (p.221)
Novas estruturas institucionais da investigação interdisciplina
‘’ Para além do caso das ciências cognitivas - dotadas como são de características
particularmente reveladoras da condição interdisciplinar das “interciências“ - é ainda
conveniente sublinhar a importância das novas estruturas institucionais que têm vindo a ser
“inventadas“ na instauração da ideia mesma de interdisciplinaridade’’ (P.224)
2. ‘’ O ponto de partida é o reconhecimento da natureza interdisciplinar das ciências da
complexidade, do inédito cruzamento que aí se opera entre biologia, computação, imunologia,
economia, informação, ciências sociais, antropologia, vida artificial, teoria dos jogos, teoria
da aprendizagem.’’ (p.225)
Práticas de importação
‘’O aprofundamento da investigação numa disciplina leva ao reconhecimento da necessidade
de transcender as fronteiras disciplinares.’’ (p.230)
Práticas de cruzamento
‘’ . As disciplinas distinguem-se umas das outras, em parte por razões históricas e de
controvérsia administrativa (como a organização do ensino e do corpo docente), e em parte
porque as teorias que construímos para solucionar os nossos problemas têm tendência a
desenvolver-se sob a forma de sistemas unificados.’’ (p.231)
Práticas de comprometimento
‘’ A interdisciplinaridade pode então ser dita descentrada, ou circular, querendo-se com isto
significar que não há propriamente uma disciplina que constitua o ponto de partida ou
irradiação do problema, ou que seja o ponto de chegada do trabalho interdisciplinar’’ (p.243)
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