Este documento apresenta um resumo da história da Igreja desde o ano 0 até 1517 d.C. em 14 seções. Aborda tópicos como a vida de Jesus Cristo, o avanço da Igreja nos primeiros séculos, as perseguições e heresias enfrentadas, a literatura produzida por padres apostólicos e apologetas, o desenvolvimento do bispo, do credo e do cânon, a união da Igreja com o Estado Romano sob Constantino, os concílios ecumênicos, o surgimento da vida mon
Este documento apresenta informações sobre um curso básico de teologia sistemática da Assembléia de Deus de Caçapava-SP, focando no tema da Bíblia, incluindo estatísticas sobre seu conteúdo e história.
Lição 2 A disciplina na vida do obreiroWander Sousa
O documento discute a importância da disciplina na vida de um obreiro cristão. Apresenta diversos aspectos da disciplina como autocontrole, estudo bíblico, oração, jejum e obediência. Também enfatiza que a disciplina deve ter como base a doutrina bíblica e não meros costumes, a fim de agradar a Deus.
Este documento apresenta um resumo de vários ensinamentos bíblicos discutidos em uma disciplina de doutrinas bíblicas. Ele inclui resumos sobre a doutrina da Trindade, a doutrina de Cristo, a doutrina do Espírito Santo, e a doutrina da salvação, fornecendo versículos bíblicos para apoiar cada ponto enquanto sintetiza os principais ensinamentos de cada tópico.
O documento discute o culto bíblico e sua essência no Antigo e Novo Testamentos. Ele explica que o culto tem origem no instinto humano de adoração e que sua essência é o amor a Deus. Também descreve como o culto era realizado pelos patriarcas e posteriormente regulamentado por Moisés.
O documento discute as qualidades necessárias para o preparo espiritual, familiar e ético de um obreiro. Ele deve ter preparo espiritual firme em Deus, família bem conduzida, e características como honestidade, hospitalidade e dom de ensinar. Qualidades como soberba, ira e ganância de dinheiro são inadequadas. Um obreiro precisa ter boa reputação entre crentes e não-crentes.
Lição 10 - Santificação: vontade e chamado de Deus para nósÉder Tomé
1. A santificação é o processo contínuo de mudança do caráter e da maneira de viver do crente após o novo nascimento, pela ação do Espírito Santo e da Palavra de Deus.
2. A santificação tem início no momento da regeneração e deve abranger todos os aspectos da vida do crente.
3. A Palavra de Deus e a obra do Espírito Santo são os meios que Deus provê para que o crente participe ativamente do processo de santificação diária.
O documento discute o papel e desafios do professor da educação bíblica. O papel do professor é incentivar a aprendizagem dos alunos e tornar a educação bíblica mais vibrante através de várias estratégias pedagógicas. Os principais desafios são a síndrome do pensamento acelerado causada pela televisão e a mesmice pedagógica de aulas repetitivas sem variação.
Este documento discute as razões para acreditar na Bíblia. Ele argumenta que devemos acreditar na Bíblia porque (1) ela é inspirada por Deus, (2) é a revelação de Deus para a humanidade, e (3) é infalível e inerrante. O documento também discute que a Bíblia é suficiente para a salvação e que deve ser a única autoridade para os cristãos.
Este documento apresenta informações sobre um curso básico de teologia sistemática da Assembléia de Deus de Caçapava-SP, focando no tema da Bíblia, incluindo estatísticas sobre seu conteúdo e história.
Lição 2 A disciplina na vida do obreiroWander Sousa
O documento discute a importância da disciplina na vida de um obreiro cristão. Apresenta diversos aspectos da disciplina como autocontrole, estudo bíblico, oração, jejum e obediência. Também enfatiza que a disciplina deve ter como base a doutrina bíblica e não meros costumes, a fim de agradar a Deus.
Este documento apresenta um resumo de vários ensinamentos bíblicos discutidos em uma disciplina de doutrinas bíblicas. Ele inclui resumos sobre a doutrina da Trindade, a doutrina de Cristo, a doutrina do Espírito Santo, e a doutrina da salvação, fornecendo versículos bíblicos para apoiar cada ponto enquanto sintetiza os principais ensinamentos de cada tópico.
O documento discute o culto bíblico e sua essência no Antigo e Novo Testamentos. Ele explica que o culto tem origem no instinto humano de adoração e que sua essência é o amor a Deus. Também descreve como o culto era realizado pelos patriarcas e posteriormente regulamentado por Moisés.
O documento discute as qualidades necessárias para o preparo espiritual, familiar e ético de um obreiro. Ele deve ter preparo espiritual firme em Deus, família bem conduzida, e características como honestidade, hospitalidade e dom de ensinar. Qualidades como soberba, ira e ganância de dinheiro são inadequadas. Um obreiro precisa ter boa reputação entre crentes e não-crentes.
Lição 10 - Santificação: vontade e chamado de Deus para nósÉder Tomé
1. A santificação é o processo contínuo de mudança do caráter e da maneira de viver do crente após o novo nascimento, pela ação do Espírito Santo e da Palavra de Deus.
2. A santificação tem início no momento da regeneração e deve abranger todos os aspectos da vida do crente.
3. A Palavra de Deus e a obra do Espírito Santo são os meios que Deus provê para que o crente participe ativamente do processo de santificação diária.
O documento discute o papel e desafios do professor da educação bíblica. O papel do professor é incentivar a aprendizagem dos alunos e tornar a educação bíblica mais vibrante através de várias estratégias pedagógicas. Os principais desafios são a síndrome do pensamento acelerado causada pela televisão e a mesmice pedagógica de aulas repetitivas sem variação.
Este documento discute as razões para acreditar na Bíblia. Ele argumenta que devemos acreditar na Bíblia porque (1) ela é inspirada por Deus, (2) é a revelação de Deus para a humanidade, e (3) é infalível e inerrante. O documento também discute que a Bíblia é suficiente para a salvação e que deve ser a única autoridade para os cristãos.
Lição 11 - A Importância da Bíblia como única regra de FéÉder Tomé
1. A lição discute a importância da Bíblia como única regra de fé, destacando que ela é a palavra de Deus e, portanto, perfeita e inerrante.
2. É explicado que a Bíblia foi escrita por diversos autores ao longo de 1600 anos, em diferentes épocas e lugares, mas que forma um todo harmonioso.
3. A lição ressalta a influência transformadora da Bíblia ao longo dos séculos e sua superioridade em relação a qualquer outro livro.
O documento é um resumo de uma aula bíblica sobre o Tribunal de Cristo. Apresenta conceitos como: 1) O Tribunal de Cristo ocorrerá após o arrebatamento da Igreja e antes da volta de Cristo; 2) Será no céu e Cristo será o juiz; 3) Será um julgamento das obras dos cristãos, não da salvação, para determinar recompensas.
- O documento discute a importância da paternidade de Deus e como Ele é um Pai amoroso e fiel para os Seus filhos. A paternidade de Deus oferece consolo, conforto e força.
- A ausência de uma figura paterna terrena pode causar problemas no desenvolvimento psicológico de uma criança, mas Deus está sempre disponível como o Pai celestial.
- Cristo ensinou que Deus é um Pai amoroso e cuidadoso, em contraste com as visões de deuses distantes e temidos na época.
O documento discute a ideia comum de que o esposo é o "sacerdote do lar", mostrando que essa noção não tem base bíblica. Ele também analisa passagens como Efésios 5 que costumam ser usadas para justificar a liderança masculina, argumentando que o contexto cultural e histórico deve ser levado em conta. Por fim, defende que Cristo é o único mediador e sacerdote, e que no novo pacto não há hierarquia entre homens e mulheres.
O documento discute como melhorar significativamente uma Escola Bíblica Dominical (EBD) tornando-a mais atraente e dinâmica para promover um verdadeiro avivamento espiritual por meio da Palavra de Deus. Ele fornece orientações sobre a estrutura organizacional da EBD, os papéis dos professores e supervisores, e estratégias para tornar as aulas mais participativas.
O documento discute o significado e papel dos diáconos na igreja primitiva e atualmente. Explica que diáconos são servos que ajudam os ministros espirituais e cuidam das necessidades práticas dos membros. Também descreve as qualificações necessárias para os diáconos, como serem homens sérios, cheios do Espírito Santo e sabedoria.
O documento discute diferentes aspectos da homilética. Resume-se em três pontos:
1) A homilética é a aplicação dos princípios da retórica para a pregação pública, baseada na Bíblia.
2) Um bom pregador deve ter estado com Jesus, falar como Jesus e falar de Jesus.
3) Existem diferentes tipos de sermões como temático, textual e expositivo.
O documento discute o plano original de Deus para o casamento e a família, com base no relato bíblico da criação. Apresenta os papéis do homem e da mulher no primeiro casal, Adão e Eva, e como a queda trouxe desvios desse plano, mas também a promessa de redenção.
CLASSE DE PROFESSORES: COMPARTILHANDO IDÉIAS CRIATIVASAmor pela EBD
Palestra do Pr. Eliezer Morais apresentada na 13a Conferência da Escola Dominical, em Ribeirão Preto, no ano de 2008.
Se alguém se sentir prejudicado pela publicação deste material, favor solicitar a retirada através de nossa página no Facebook.
Se você ama a EBD, junte-se a nós!!
Curta a nossa página no Facebook: https://www.facebook.com/amorpelaebd/
E o nosso canal no Youtube: https://www.youtube.com/channel/UCMoFJwfZXBOIESHIEprOY9w
1) Pastorear é dedicação de vida, ir ao encontro das ovelhas e evangelizar, como Cristo e os apóstolos exemplificaram.
2) Um pastor deve obedecer ao Senhor, ser exemplo de vida virtuosa e viver segundo o ensino do Evangelho.
3) Um bom pastor conhece seu rebanho e se alegra quando andam na verdade, como João ensinou.
O documento discute o que é ética pastoral, que se refere aos princípios e normas bíblicas que guiam a vida pessoal e ministerial de um pastor em relação a si mesmo, sua família, igreja e comunidade. Ele também apresenta uma agenda de reflexão sobre ética pastoral, abordando tópicos como a ética pessoal do pastor, suas relações com a família, igreja local, outros pastores e denominação.
O documento descreve o sistema de sacrifícios estabelecido por Deus no Antigo Testamento, incluindo o holocausto, a oferta de manjares e a oferta pacífica. Explica que essas ofertas apontavam para o sacrifício perfeito de Jesus Cristo na cruz como expiação final dos pecados. O sistema de sacrifícios foi ordenado por Deus para ensinar sobre a redenção que viria através do sacrifício de Cristo.
1) O documento lista os nomes e cargos de membros da liderança da Igreja Pentecostal Shekinah.
2) Ele discute seis tópicos sobre o chamado ministerial: características do chamado, métodos do chamado, finalidade do ministério pastoral, qualificações para o ministério pastoral, o sustento pastoral, e o pastor e a vida familiar.
3) O sustento pastoral é discutido, argumentando que a Bíblia ensina que aqueles que se dedicam ao ensino e pregação da Palavra devem
O documento fornece instruções sobre o papel e responsabilidades de obreiros na igreja. Ele discute os diferentes cargos de obreiro como auxiliar de trabalho, diácono e pastor e fornece diretrizes sobre a conduta, apresentação, educação e ética esperadas de um obreiro. O documento visa preparar obreiros para servirem como exemplo espiritual e social para os membros da igreja.
1) O documento fornece orientações para obreiros, incluindo a chamada para o ministério, qualificações, atividades e responsabilidades.
2) É destacada a importância da chamada divina para o ministério, com exemplos de chamadas universal e específica.
3) As atribuições de um obreiro incluem chegar cedo para preparar o local de culto, receber as pessoas, impedir distúrbios e estar preparado para liderar o culto quando necessário.
O documento discute: 1) A importância e necessidade de estudar as Escrituras; 2) Os diferentes formatos e materiais usados para escrever a Bíblia antigamente, como papiro e pergaminho; 3) A estrutura e organização dos livros da Bíblia.
I. O documento discute a doutrina cristológica sobre a divindade e humanidade de Jesus Cristo.
II. Jesus Cristo é plenamente Deus e plenamente homem em uma só pessoa.
III. A divindade e humanidade de Cristo são necessárias para que Ele pudesse ser nosso sacrifício substitutivo e mediador entre Deus e os homens.
Este Estudo tem como objetivo identificar as causas pelas quais Davi queria saber como se aproximar do tabernaculo de Deus. Provavelmente Ele tenha escrito este salmo quando morrem uza na busca da arca da aliança.
Lição 9 - É preciso buscar Crescimento EspiritualÉder Tomé
❶ O documento discute a importância do crescimento espiritual contínuo para os discípulos de Cristo.
❷ Apresenta lições sobre o tema, enfatizando que o crescimento é influenciado pela participação humana e pela Palavra de Deus.
❸ Conclui destacando os perigos da falta de crescimento e o chamado bíblico para que os cristãos progridam em sua fé.
1. O documento apresenta os métodos de estudo bíblico indutivo, com foco nas técnicas básicas para estudos pessoais e originais da Bíblia.
2. Os objetivos do curso são ensinar os alunos a definir e distinguir as técnicas indutivas, analisar textos bíblicos no contexto maior e aplicar os princípios aos seus estudos e vida.
3. As aulas abordam vários métodos como analítico, temático, biográfico e doutrinário, com ê
O documento fornece um panorama histórico da Igreja Cristã desde seus primórdios, abordando tópicos como a expansão do cristianismo no Império Romano, as primeiras heresias, a perseguição aos cristãos, os concílios ecumênicos que definiram doutrinas e o credo, e a definição do cânon bíblico pelo bispo Atanásio no século IV.
Aula 1 - Primeiro Período - A Igreja ApostólicaAdriano Pascoa
Resumir a poucas aulas dois mil anos de história e o trabalho evangelístico, missionário e discipular da igreja é tarefa impensável. Mas é possível obter, em perspectiva, uma visão panorâmica geral, identificando na história bíblica e eclesiástica, os principais fatos e acontecimentos, aqueles que pontuaram.
Lição 11 - A Importância da Bíblia como única regra de FéÉder Tomé
1. A lição discute a importância da Bíblia como única regra de fé, destacando que ela é a palavra de Deus e, portanto, perfeita e inerrante.
2. É explicado que a Bíblia foi escrita por diversos autores ao longo de 1600 anos, em diferentes épocas e lugares, mas que forma um todo harmonioso.
3. A lição ressalta a influência transformadora da Bíblia ao longo dos séculos e sua superioridade em relação a qualquer outro livro.
O documento é um resumo de uma aula bíblica sobre o Tribunal de Cristo. Apresenta conceitos como: 1) O Tribunal de Cristo ocorrerá após o arrebatamento da Igreja e antes da volta de Cristo; 2) Será no céu e Cristo será o juiz; 3) Será um julgamento das obras dos cristãos, não da salvação, para determinar recompensas.
- O documento discute a importância da paternidade de Deus e como Ele é um Pai amoroso e fiel para os Seus filhos. A paternidade de Deus oferece consolo, conforto e força.
- A ausência de uma figura paterna terrena pode causar problemas no desenvolvimento psicológico de uma criança, mas Deus está sempre disponível como o Pai celestial.
- Cristo ensinou que Deus é um Pai amoroso e cuidadoso, em contraste com as visões de deuses distantes e temidos na época.
O documento discute a ideia comum de que o esposo é o "sacerdote do lar", mostrando que essa noção não tem base bíblica. Ele também analisa passagens como Efésios 5 que costumam ser usadas para justificar a liderança masculina, argumentando que o contexto cultural e histórico deve ser levado em conta. Por fim, defende que Cristo é o único mediador e sacerdote, e que no novo pacto não há hierarquia entre homens e mulheres.
O documento discute como melhorar significativamente uma Escola Bíblica Dominical (EBD) tornando-a mais atraente e dinâmica para promover um verdadeiro avivamento espiritual por meio da Palavra de Deus. Ele fornece orientações sobre a estrutura organizacional da EBD, os papéis dos professores e supervisores, e estratégias para tornar as aulas mais participativas.
O documento discute o significado e papel dos diáconos na igreja primitiva e atualmente. Explica que diáconos são servos que ajudam os ministros espirituais e cuidam das necessidades práticas dos membros. Também descreve as qualificações necessárias para os diáconos, como serem homens sérios, cheios do Espírito Santo e sabedoria.
O documento discute diferentes aspectos da homilética. Resume-se em três pontos:
1) A homilética é a aplicação dos princípios da retórica para a pregação pública, baseada na Bíblia.
2) Um bom pregador deve ter estado com Jesus, falar como Jesus e falar de Jesus.
3) Existem diferentes tipos de sermões como temático, textual e expositivo.
O documento discute o plano original de Deus para o casamento e a família, com base no relato bíblico da criação. Apresenta os papéis do homem e da mulher no primeiro casal, Adão e Eva, e como a queda trouxe desvios desse plano, mas também a promessa de redenção.
CLASSE DE PROFESSORES: COMPARTILHANDO IDÉIAS CRIATIVASAmor pela EBD
Palestra do Pr. Eliezer Morais apresentada na 13a Conferência da Escola Dominical, em Ribeirão Preto, no ano de 2008.
Se alguém se sentir prejudicado pela publicação deste material, favor solicitar a retirada através de nossa página no Facebook.
Se você ama a EBD, junte-se a nós!!
Curta a nossa página no Facebook: https://www.facebook.com/amorpelaebd/
E o nosso canal no Youtube: https://www.youtube.com/channel/UCMoFJwfZXBOIESHIEprOY9w
1) Pastorear é dedicação de vida, ir ao encontro das ovelhas e evangelizar, como Cristo e os apóstolos exemplificaram.
2) Um pastor deve obedecer ao Senhor, ser exemplo de vida virtuosa e viver segundo o ensino do Evangelho.
3) Um bom pastor conhece seu rebanho e se alegra quando andam na verdade, como João ensinou.
O documento discute o que é ética pastoral, que se refere aos princípios e normas bíblicas que guiam a vida pessoal e ministerial de um pastor em relação a si mesmo, sua família, igreja e comunidade. Ele também apresenta uma agenda de reflexão sobre ética pastoral, abordando tópicos como a ética pessoal do pastor, suas relações com a família, igreja local, outros pastores e denominação.
O documento descreve o sistema de sacrifícios estabelecido por Deus no Antigo Testamento, incluindo o holocausto, a oferta de manjares e a oferta pacífica. Explica que essas ofertas apontavam para o sacrifício perfeito de Jesus Cristo na cruz como expiação final dos pecados. O sistema de sacrifícios foi ordenado por Deus para ensinar sobre a redenção que viria através do sacrifício de Cristo.
1) O documento lista os nomes e cargos de membros da liderança da Igreja Pentecostal Shekinah.
2) Ele discute seis tópicos sobre o chamado ministerial: características do chamado, métodos do chamado, finalidade do ministério pastoral, qualificações para o ministério pastoral, o sustento pastoral, e o pastor e a vida familiar.
3) O sustento pastoral é discutido, argumentando que a Bíblia ensina que aqueles que se dedicam ao ensino e pregação da Palavra devem
O documento fornece instruções sobre o papel e responsabilidades de obreiros na igreja. Ele discute os diferentes cargos de obreiro como auxiliar de trabalho, diácono e pastor e fornece diretrizes sobre a conduta, apresentação, educação e ética esperadas de um obreiro. O documento visa preparar obreiros para servirem como exemplo espiritual e social para os membros da igreja.
1) O documento fornece orientações para obreiros, incluindo a chamada para o ministério, qualificações, atividades e responsabilidades.
2) É destacada a importância da chamada divina para o ministério, com exemplos de chamadas universal e específica.
3) As atribuições de um obreiro incluem chegar cedo para preparar o local de culto, receber as pessoas, impedir distúrbios e estar preparado para liderar o culto quando necessário.
O documento discute: 1) A importância e necessidade de estudar as Escrituras; 2) Os diferentes formatos e materiais usados para escrever a Bíblia antigamente, como papiro e pergaminho; 3) A estrutura e organização dos livros da Bíblia.
I. O documento discute a doutrina cristológica sobre a divindade e humanidade de Jesus Cristo.
II. Jesus Cristo é plenamente Deus e plenamente homem em uma só pessoa.
III. A divindade e humanidade de Cristo são necessárias para que Ele pudesse ser nosso sacrifício substitutivo e mediador entre Deus e os homens.
Este Estudo tem como objetivo identificar as causas pelas quais Davi queria saber como se aproximar do tabernaculo de Deus. Provavelmente Ele tenha escrito este salmo quando morrem uza na busca da arca da aliança.
Lição 9 - É preciso buscar Crescimento EspiritualÉder Tomé
❶ O documento discute a importância do crescimento espiritual contínuo para os discípulos de Cristo.
❷ Apresenta lições sobre o tema, enfatizando que o crescimento é influenciado pela participação humana e pela Palavra de Deus.
❸ Conclui destacando os perigos da falta de crescimento e o chamado bíblico para que os cristãos progridam em sua fé.
1. O documento apresenta os métodos de estudo bíblico indutivo, com foco nas técnicas básicas para estudos pessoais e originais da Bíblia.
2. Os objetivos do curso são ensinar os alunos a definir e distinguir as técnicas indutivas, analisar textos bíblicos no contexto maior e aplicar os princípios aos seus estudos e vida.
3. As aulas abordam vários métodos como analítico, temático, biográfico e doutrinário, com ê
O documento fornece um panorama histórico da Igreja Cristã desde seus primórdios, abordando tópicos como a expansão do cristianismo no Império Romano, as primeiras heresias, a perseguição aos cristãos, os concílios ecumênicos que definiram doutrinas e o credo, e a definição do cânon bíblico pelo bispo Atanásio no século IV.
Aula 1 - Primeiro Período - A Igreja ApostólicaAdriano Pascoa
Resumir a poucas aulas dois mil anos de história e o trabalho evangelístico, missionário e discipular da igreja é tarefa impensável. Mas é possível obter, em perspectiva, uma visão panorâmica geral, identificando na história bíblica e eclesiástica, os principais fatos e acontecimentos, aqueles que pontuaram.
O documento descreve uma reunião de formação espiritual na Paróquia São João Maria Vianney. A reunião incluiu orações iniciais, discussões sobre crescimento espiritual e planejamento, a Santa Missa e suas divisões, posições do corpo durante a liturgia e os ritos iniciais da Missa.
Modelo de ata de encerramento da mesa coletora de votosapfheob
O documento é a ata de encerramento da mesa coletora de votos de uma eleição realizada em 24 de setembro de 1996. A ata registra que o último associado votou às ______ horas e que compareceram e votaram um total de ______ associados. O pleito ocorreu dentro da normalidade e a ata foi assinada pelo presidente da mesa, fiscais e secretário.
A Igreja Apostólica (30-100 d.C.) foi a comunidade dos primeiros cristãos que conviveram com Jesus e testemunharam Sua ressurreição. Foi fundada no dia de Pentecostes e incluiu os ministérios dos apóstolos Pedro, João e Lucas, que escreveram parte do Novo Testamento. A Igreja Apostólica se espalhou rapidamente pelo mundo romano.
Estudos em história da igreja a era da reforma protestanteAry Queiroz Jr
I. Martinho Lutero iniciou a Reforma Protestante ao questionar a venda de indulgências em 1517 e romper com a Igreja Católica Romana ao rejeitar a autoridade do Papa. II. Lutero pregava a justificação pela fé somente através da graça de Deus e não por obras, influenciado por suas leituras de Paulo. III. Suas 95 Teses contra as indulgências se espalharam rapidamente pela imprensa, dando início ao movimento da Reforma Protestante na Alemanha.
O documento descreve a fundação da Assembléia de Deus no Brasil. Dois missionários suecos, Daniel Berg e Gunnar Vingren, receberam uma visão de Deus para ir a Belém do Pará em 1910. Eles fundaram a primeira igreja pentecostal no Brasil em 1911 com dezenove membros. A igreja cresceu rapidamente e se espalhou por todo o estado do Pará e outros lugares.
O Enforcado - Auto da Barca do Inferno - 9º Anojoaoalmeiida
Trabalho pedido na disciplina de 'Língua Portuguesa', onde nós alunos, tivemos de dar a aula.
Trabalho realizado por: Ana Paiva, Cristiana Ribeiro, Daniela Aguiar e João Almeida.
ESSL.
Este documento discute a elaboração de projetos político-pedagógicos nas escolas públicas do Distrito Federal. Ele enfatiza que os projetos devem ser construídos coletivamente com a participação da comunidade escolar, e devem ter como objetivo a superação das contradições sociais e a promoção da qualidade social da educação. O documento também aborda os movimentos necessários na construção dos projetos, incluindo diagnóstico, discussão de concepções, elaboração de planos de ação e estruturação. Finalmente, destaca a import
Aula 3 - Terceiro Período - A Igreja ImperialAdriano Pascoa
Este foi o período que marcou a aparente vitória da igreja, porém vimos aqui o fracasso desta instituição paganizada, o momento em que a pseudo igreja entrou por outro caminho.
Aula 2 - Segundo Período - A Igreja PerseguidaAdriano Pascoa
Este documento descreve o período da Igreja entre 100-313 d.C., quando ela foi perseguida pelos imperadores romanos. As principais seções discutem as causas das perseguições, as dez primeiras perseguições, o surgimento de seitas heréticas, e os apologistas cristãos que defendiam a fé. Apesar das perseguições, a Igreja continuou a se expandir e muitos cristãos deram suas vidas como mártires.
O documento apresenta um resumo sobre literatura, abordando conceitos como:
1) Literatura como arte que recria a realidade através da imaginação do autor;
2) Linguagem denotativa e conotativa, e como os sentidos das palavras podem mudar de acordo com o contexto;
3) Diferença entre texto em prosa e verso.
O documento apresenta um resumo sobre literatura, abordando conceitos como:
1) Literatura como arte que recria a realidade através da imaginação do autor;
2) Linguagem denotativa e conotativa, e como os sentidos das palavras podem mudar de acordo com o contexto;
3) Diferença entre texto em prosa e verso.
Este documento apresenta um sumário de um curso de Teologia Contemporânea ministrado pelo Professor Pr. Josias Moura de Menezes. O curso aborda as principais correntes teológicas que influenciaram a Teologia Contemporânea, como a Teologia Bíblica, Católica, Protestante e Mística. Também discute temas como a Reforma, Contra-Reforma, Liberalismo Teológico e Alta Crítica Bíblica.
Este documento apresenta um resumo de 10 tópicos principais da Teologia Contemporânea: 1) influências pré-contemporâneas como a teologia bíblica, católica e protestante; 2) a teologia mística e tomística; 3) a Reforma e Contra-Reforma; 4) Galileu e a Inquisição; 5) o liberalismo teológico e a alta crítica bíblica; 6) o novo modernismo de Barth e Brunner; 7) novas correntes como a teologia do mito e da
Este manual fornece uma lista extensa de especialidades que desbravadores podem estudar. As especialidades estão organizadas em várias categorias, incluindo atividades missionárias, artes e habilidades manuais, atividades profissionais, ciência e saúde, estudo da natureza, atividades recreativas, atividades regionais, atividades domésticas e atividades agrícolas. Algumas especialidades incluem múltiplos níveis, como natação básica, intermediária e avançada. O manual também lista requisitos
Este manual fornece orientações para acólitos sobre suas funções litúrgicas, incluindo explicações sobre a missa, o ano litúrgico e objetos e símbolos utilizados. Ele também contém orações diárias e informações sobre doutrina católica que todo fiel deve conhecer. O objetivo é auxiliar os acólitos em suas obrigações e esclarecer dúvidas sobre a sagrada liturgia.
Este manual apresenta informações sobre a vocação à santidade dos acólitos, com destaque à vida de São Tarcísio, patrono dos acólitos. Também aborda conceitos sobre a liturgia, incluindo sua definição, a presença de Cristo nela e seu papel central na vida da Igreja. Por fim, explica aspectos do ano litúrgico e da missa.
Este documento apresenta um curso sobre a história da Igreja dividido em 9 seções. A seção 1 fornece um esquema geral da história da Igreja, definindo conceitos importantes e apresentando uma linha do tempo. As seções subsequentes discutem períodos específicos da história da Igreja, incluindo a Igreja Primitiva, a Igreja Imperial, a Igreja Medieval, os antecedentes da Reforma, a Reforma Protestante, a Igreja Moderna e a Igreja Contemporânea. Anexos adicionais for
Apostila da Andrews University - Escatologia BíblicaApocalipse Facil
Este documento discute a origem profética do movimento adventista do sétimo dia, traçando suas raízes até o movimento milerita de 1840 e defendendo a posição de que os adventistas surgiram para cumprir profecias bíblicas. O documento também aborda a condição histórica do movimento adventista e analisa temas como a pregação da mensagem dos três anjos de Apocalipse 14.
Este livro apresenta resumos biográficos de figuras importantes da história da Igreja, desde os primeiros séculos até o século XX. O autor espera que os leitores aprendam com o exemplo destes santos e se fortaleçam na fé. Ao todo, o livro contém 57 capítulos curtos sobre reformadores, mártires e teólogos que defenderam a verdade ao longo dos séculos.
1) O documento discute o papel da arqueologia no estudo do Velho Testamento, destacando as contribuições da arqueologia para iluminar a história e literatura bíblicas.
2) A arqueologia bíblica tem atraído mais interesse devido à importância da mensagem bíblica e às descobertas que lançam luz sobre o contexto histórico das Escrituras.
3) Antes do século XIX, pouco se sabia sobre os tempos bíblicos além do que está na Bíblia, mas descobert
Este documento apresenta um resumo da História das Ideias em Física desde as origens até à Física Moderna, abordando temas como:
1) O desenvolvimento inicial da ciência na Antiguidade, com contribuições de Platão, Aristóteles e da Escola de Alexandria;
2) O avanço do saber científico na Idade Média, sob influência árabe e da filosofia escolástica;
3) As mudanças trazidas pelo Renascimento, com modelos como o heliocêntrico de Copérnico;
Para Milton Santos, o espaço é um conjunto indissociável de sistemas de objetos e de sistemas de ações e é com base nessa ideia e nas noções de técnica e de tempo, de razão e de emoção, que propõe a construção de um sistema de pensamento que busca entender o espaço geográfico. Levando em conta a nova realidade trazida pelo processo de globalização que se instalava à época, o geógrafo Milton Santos buscou auxílio na história, na filosofia, na sociologia e em outras disciplinas humanas e sociais, para propor esta teoria geral do espaço humano. Passados vários anos desde sua primeira edição, "A Natureza do Espaço" ainda mantém o interesse de geógrafos e profissionais que estudam as questões urbanas, dada a riqueza de análise desse geógrafo de renome internacional.
Este manual fornece instruções sobre diversas atividades e especialidades para Desbravadores, incluindo atividades missionárias, artes e habilidades manuais, atividades profissionais, ciência e saúde, estudo da natureza, atividades recreativas, atividades regionais, atividades domésticas e atividades agrícolas. O objetivo é capacitar os jovens para o serviço missionário e diferentes profissões.
1. O documento é uma apostila de Teologia Sistemática organizada a partir de aulas ministradas em cursos de Teologia.
2. Apresenta os principais tópicos da Teologia Sistemática de forma ordenada, começando com a introdução ao estudo teológico e terminando com a redenção da terra.
3. Inclui capítulos sobre bibliologia, teologia, cristologia, antropologia, eclesiologia, entre outros, definindo cada doutrina e seus principais pontos.
Este documento apresenta uma apostila de Teologia Sistemática organizada em lições sobre diversas doutrinas teológicas como bibliologia, teologia, cristologia, entre outras. A apostila foi organizada a partir de aulas ministradas em cursos de Teologia e inclui definições, explicações e discussões sobre os principais tópicos da Teologia Cristã de acordo com a perspectiva do autor.
O documento apresenta um livro sobre História Moderna II produzido pela Universidade Estadual de Montes Claros. A obra aborda três unidades temáticas principais: o Iluminismo e as ideias políticas da época moderna, a Revolução Industrial e a Revolução Francesa. O texto fornece um panorama geral destes eventos históricos que moldaram as instituições políticas e econômicas do mundo contemporâneo.
Antologia de Poesia Missionária - Volume 3 - Uma seleção de Poemas e Frases p...Sammis Reachers
Este documento é uma antologia de poemas e frases sobre missões cristãs. Contém poemas de autores como Charles Studd, Mário Barreto França e Myrtes Mathias, além de frases anônimas. O objetivo é inspirar a igreja em sua missão de pregar o evangelho a todas as nações.
Este bolo de bolacha é feito com natas, leite condensado e gelatina. O leite condensado é cozido por 30 minutos e depois misturado com as natas batidas para engrossar. A gelatina derretida é adicionada para dar consistência. O recheio é colocado entre bolachas Maria.
Semelhante a Estudos de história da igreja do ano 0 a 1517 (20)
1) O documento descreve a origem e desenvolvimento do Credo Apostólico, uma das declarações de fé mais antigas da Igreja cristã. 2) O Credo não foi escrito pelos apóstolos, mas surgiu nos primeiros séculos como uma resposta às heresias, tendo sua formulação original surgido em Roma por volta de 340 d.C. 3) A declaração final do Credo usada atualmente data dos séculos VII-VIII e é recitada em três artigos que descrevem a fé em Deus Pai, em Jesus
Mensagem deVida - Um Guia para Estudo EvanngelísticosAry Queiroz Jr
O documento discute o padrão de santidade estabelecido por Deus na Sua Lei e como ela expressa Sua própria santidade. A Lei divina é o padrão de aceitação para a salvação, mas os seres humanos são incapazes de cumpri-la perfeitamente. O documento também menciona a incapacidade humana de atingir o padrão divino.
O documento discute a fonte e o lugar de exercício dos dons espirituais. A fonte dos dons é o Espírito Santo, que é uma pessoa divina da Trindade. O lugar de exercício dos dons é a Igreja, que se refere tanto às igrejas locais quanto ao corpo de Cristo universal. O documento explica a natureza e definição bíblica da Igreja e enfatiza que os dons devem ser usados para servir aos homens e mulheres de Deus.
O vocábulo grego que, em português, traduzimos por ‘discípulo’, mathetês, ocorre no Novo Testamento cerca de 260 vezes. Uma vez, em Atos 9.36, surge o vocábulo mathetria, ‘discípula’.
A princípio, ‘discípulo’ era apenas alguém que se dispunha a ouvir um pregador, e assim foi essa palavra usada no Novo Testamento. Não podemos ainda nos esquecer que muitos vocábulos, que para nós hoje tem sentido especial, foram tirados por Jesus e pelos apóstolos do cotidiano, Igreja (ekklêsia), por exemplo.
Meu querido irmão, seja bem vindo ao treinamento “Evangelização”. Passaremos estes momentos sob a ministração do Espírito Santo, envolvidos numa intensa capacitação.
Vale a pena informar que este curso é uma adaptação do “Evangelismo Explosivo”, que nasceu no ano de 1962 na Igreja Presbiteriana de Coral Ridge/ Estados Unidos.
Agradecemos a Deus por este método e utilizamos quase que integralmente, apenas fazendo breves acomodações cabíveis à proposta do nosso projeto de discipulado.
O Objetivo deste Final de Semana é passar alguns momentos debruçados sobre a Palavra, de forma madura e sóbria, tentando buscar os valores originais do Ministério de Jesus e da Igreja Primitiva. Uma vez isto acontecendo certamente seremos capazes de redirecionar o enfoque da nossa própria vida cristã, quando passaremos a valorizar aquilo que o Senhor e os Seus apóstolos valorizaram. Enfim, tendo como nossas prioridades as prioridades do Mestre.
O documento resume a história bíblica em 9 pontos, começando com a criação do homem perfeito por Deus e sua queda no pecado, levando à necessidade de Cristo pagar pelos pecados na cruz. Ao crer em Cristo, os pecadores são perdoados e justificados. Cristo ordenou que seus discípulos espalhassem o evangelho, e aqueles que crêem devem ser batizados e viver em obediência a Deus.
Este livro é uma obra antiguíssima, datado de aproximadamente o ano 300 dC. E provavelmente escrito na Síria onde o cristianismo crescia de forma pujante nos primeiros séculos da Era Cristã. O livro também é uma obra pseudo-epígrafa porque tem a pretensão de ter sido escrita pelos apóstolos para orientar a igreja na sua administração. Todavia é um livro que tem grande valor histórico porque revela como era a igreja nos primeiros séculos. Vemos que algumas coisas são bem enfática naqueles dias como o fato que só havia dois cargos na igreja [bispo ou presbítero e diácono], que uma boa parte do dinheiro coletado na igreja era usado para sustentar as viúvas e se pagava salário para os dirigentes das igrejas. Havia grupos dissidentes com enfoque na guarda da Lei de Moisés. Outra coisa que vamos percebendo ao ler esta obra era a preocupação dos cristãos em viverem uma vida santa e não havia tanta preocupação com a teologia. Ainda que vemos conceitos teológicos claros como a triunidade de Deus e o inferno eterno para os condenados. Este livro Didascalia não deve ser confundido com o DIDAQUÊ, este último é a mais antiga literatura cristã, sendo datado do ano 100 dC e o Didascalia é do ano 300. O Didascalia contem muito mais conteúdo do que o Diddaquê. Mas ambos seguem o mesmo princípio de ideias. As viúvas são tratadas no Didascalia quase como um cargo eclesiástico. Vemos em Atos 6 que o cargo de diácono foi criado para cuidar das viúvas. O cuidado social da igreja primitiva aos seus membros era patente.
Eu comecei a ter vida intelectual em 1985, vejam que coincidência, um ano após o título deste livro, e neste ano de 1985 me converti a Cristo e passei a estudar o comunismo e como os cristãos na União Soviética estavam sofrendo. Acompanhava tudo através de dois periódicos cristãos chamados: Missão Portas Abertas e “A voz dos mártires.” Neste contexto eu e o Eguinaldo Helio de Souza, que éramos novos convertidos tomamos conhecimento das obras de George Orwell, como a Revolução dos Bichos e este livro chamado “1984”. Ao longo dos últimos anos eu assino muitas obras como DIREITA CONSERVADORA CRISTÃ e Eguinaldo Helio se tornou um conferencista e escritor reconhecido em todo território nacional por expor os perigos do Marxismo Cultural. Naquela época de 1985-88 eu tinha entre 15 a 17 anos e agora tenho 54 anos e o que aprendi lendo este livro naquela época se tornou tão enraizado em mim que sempre oriento as pessoas do meu círculo de amizade ou grupos de whatsapp que para entender política a primeira coisa que a pessoa precisa fazer é ler estas duas obras de George Orwell. O comunismo, o socialismo e toda forma de tirania e dominação do Estado sobre o cidadão deve ser rejeitado desde cedo pelo cidadão que tem consciência política. Só lembrando que em 2011 foi criado no Brasil a Comissão da Verdade, para reescrever a história do período do terrorismo comunista no Brasil e ao concluir os estudos, a “Comissão da Verdade” colocou os heróis como vilões e os vilões como heróis.
Resguardada as devidas proporções, a minha felicidade em entrar no Museu do Cairo só percebeu em ansiedade a de Jean-François Champollion, o decifrador dos hieróglifos. Desde os meus 15 anos que estudo a Bíblia e consequentemente acabamos por estudar também a civilização egípcia, uma vez que o surgimento da nação de Israel tem relação com a imigração dos patriarcas Abraão, Isaque, Jacó e José ao Egito. Depois temos a história do Êxodo com Moisés e quando pensamos que o Egito não tem mais relação com a Bíblia, ai surge o Novo Testamento e Jesus e sua família foge de Belém para o Egito até Herodes morrer, uma vez que perseguiu e queria matar o ainda menino Jesus. No museu Egípcio do Cairo eu pude saborear as obras de arte, artefatos, sarcófagos, múmias e todo esplendor dos faraós como Tutancâmon. Ao chegar na porta do Museu eu fiquei arrepiado, cheguei mesmo a gravar um vídeo na hora e até printei este momento único. Foi um arrepio de emoção, estou com 54 anos e foram quase 40 anos lendo e estudando sobre a antiga civilização do Egito e ao chegar aqui no museu do Cairo, eu concretizei um sonho da adolescência e que esperei uma vida inteira por este momento. Neste livro vou pincelar informações e mostrar fotos que tirei no museu sempre posando do lado destas peças que por tantos anos só conhecia por fotos e vídeos. Recomendo que antes de visitar o Museu leia este livro par você já ir com noções do que verá lá.
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Eu tomei conhecimento do livro DIDÁTICA MAGNA quando estava fazendo licenciatura em História e tínhamos que adquirir conhecimentos sobre métodos de ensinos. Não adianta conhecer história e não ter métodos didáticos para transmitir estes conhecimentos aos alunos. Neste contexto conheci Comenius e fiquei encantado com este livro. Estamos falando de um livro de séculos atrás e que revolucionou a metodologia escolar. Imagine que a educação era algo somente destinada a poucas pessoas, em geral homens, ricos, e os privilegiados. Comenius ficaria famoso e lembrado para sempre como aquele educador que tinha como lema: “ensinar tudo, para todos.” Sua missão neste mundo foi fantástica: Ele entrou em contato com vários príncipes protestantes da Europa e passou a criar um novo modelo de escola que depois se alastrou para o mundo inteiro. Comenius é um orgulho do cristianismo, porque ele era um fervoroso pastor protestante da Morávia e sua missão principal era anunciar Jesus ao mundo e ele sabia que patrocinar a educação a todas as pessoas iria levar a humanidade a outro patamar. Quem estuda a história da educação, vai se defrontar com as ideias de Comenius e como nós chegamos no século XXI em que boa parte da humanidade sabe ler e escrever graças em parte a um trabalho feito por Comenius há vários séculos atrás. Até hoje sua influencia pedagógica é grande e eu tenho a honra de republicar seu livro DIDÁTICA MAGNA com comentários. Comenius ainda foi um dos líderes do movimento enciclopédico que tentava sintetizar todo o conhecimento humano em Enciclopédias. Hoje as enciclopédias é uma realidade.
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Oração Para Pedir Bênçãos Aos AgricultoresNilson Almeida
Conteúdo recomendado aos cristãos e cristãs do Brasil e do mundo. Material publicado gratuitamente. Desejo muitas luzes e bênçãos para todos. Devemos sempre ser caridosos com os nossos semelhantes.
Este livro serve para desmitificar a crença que o apostólo Pedro foi o primeiro Papa. Não havia papa no cristianismo nem nos tempos de Jesus, nem nos tempos apostólicos e nem nos tempos pós-apostólicos. Esta aberração estrutural do cristianismo se formou lá pelo quarto século. Nesta obra literária o genial ex-padre Anibal Pereira do Reis que faleceu em 1991 liquida a fatura em termos de boas argumentações sobre a questão de Pedro ser Papa. Sempre que lemos ou ouvimos coisas que vão contra nossa fé ou crença, criamos uma defesa para não se convencer. Fica a seu critério ler este livro com honestidade intelectual, ou simplesmente esquecer que teve esta oportunidade de confronto consigo mesmo. Qualquer leigo de inteligência mediana, ao ler o livro de Atos dos Apóstolos que é na verdade o livro da história dos primeiros anos do cristianismo, verá que até um terço do livro de Atos vários personagens se alternam em importância no seio cristão, entre eles, Pedro, Filipe, Estevão, mas dois terço do livro se dedica a conta as proezas do apóstlo Paulo. Se fosse para colocar na posição de papa, com certeza o apóstolo seria Paulo porque ele centraliza as atenções no livro de Atos e depois boa parte dos livros do Novo Testamento foram escritos por Paulo. Pedro escreveu somente duas epístolas. A criação do papado foi uma forma de uma elite criar um cargo para centralizar o poder sobre os cristãos. Estudando antropologia, veremos que sempre se formam autocratas nas sociedades para tentar manter um grupo coeso, só que no cristianismo o que faz a liga entre os cristãos é o próprio Cristo.
1. Sumário
Estudos de História da Igreja: do ano 0 ao ano 1517
I. Introdução.................................................................................................................................. 5
1. Lições da história. ................................................................................................................. 5
2. A contribuição dos romanos, dos gregos e dos judeus para o advento do cristianismo........ 5
II. Jesus Cristo: Historicidade e Ministério Terreno ..................................................................... 7
1. A Historicidade de Jesus Cristo. ........................................................................................... 7
2. A Cronologia da Vida de Jesus Cristo................................................................................... 8
3. A Vida de Jesus Cristo. ......................................................................................................... 9
III. Os Avanços da Igreja até 313 d.C......................................................................................... 11
1. O primeiro século................................................................................................................ 11
2. Os séculos II e III. ............................................................................................................... 13
IV. As Dificuldades Externas da Igreja até 313:......................................................................... 15
1. A perseguição...................................................................................................................... 15
1.1) A perseguição no Primeiro Século. ......................................................................... 15
1.2) A Perseguição até Meados do Terceiro Século....................................................... 16
1.3) A Perseguição até o Edito de Milão........................................................................ 19
2. As Acusações. ..................................................................................................................... 20
V. As Dificuldades Internas da Igreja até 313: ........................................................................... 22
1. As Heresias.......................................................................................................................... 22
1.1) O Ebionismo............................................................................................................ 22
1.2) Os Elquesaítas. ........................................................................................................ 22
1.3) O Gnosticismo......................................................................................................... 23
1.4) O Montanismo......................................................................................................... 24
1.5) O Monarquianismo.................................................................................................. 24
1.6) O maniqueísmo. ...................................................................................................... 25
2. As Divisões Internas............................................................................................................ 26
VI. As Reações da Igreja: A Literatura dos Séculos II e III........................................................ 27
1. Introdução. .......................................................................................................................... 27
2. A Literatura dos Pais Apostólicos....................................................................................... 27
2.1) Clemente de Roma (30-100 d.C.) ................................................................................ 27
2.2) Inácio de Antioquia...................................................................................................... 27
2.3) Policarpo (c. 70-155), .................................................................................................. 28
2. Pr. Ary Queiroz Vieira Júnior | Estudos de História da Igreja: do ano 0 ao ano 1517
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2.4) Papias,.......................................................................................................................... 28
3. A Literatura dos Apologetas e dos Defensores da Ortodoxia. ............................................ 29
3.1) Os apologetas............................................................................................................... 29
3.2) Os Defensores da fé. .................................................................................................... 31
VII. As Reações da Igreja: O Bispo, o Credo e o Cânon ............................................................ 33
1. Introdução. .......................................................................................................................... 33
2. O Bispo Monárquico........................................................................................................... 33
3. O Credo dos Apóstolos. ...................................................................................................... 35
3.1) A História do Credo..................................................................................................... 35
3.2) A importância do Credo............................................................................................... 37
3.3) As raízes hebraico-cristãs dos credos e confissões. ..................................................... 37
4. O Cânon do Novo Testamento............................................................................................ 38
VIII. Fé Cristã, de Perseguida a Religião Oficial........................................................................ 41
1. O período compreendido entre 313 e 590. .......................................................................... 41
2. A ascensão de Constantino.................................................................................................. 41
3. O impacto de Constantino................................................................................................... 42
4. A união da Igreja com o Estado. ......................................................................................... 43
IX. Os Concílios e Credos Ecumênicos ...................................................................................... 46
1. A Controvérsia Ariana e o Concílio de Niceia (325). ......................................................... 46
2. O Debate Pneumatológico e o I Concílio de Constantinopla (381). ................................... 49
3. A Dupla Natureza de Cristo, o I Concílio de Éfeso (431) e o Concílio de Calcedônia (451).
................................................................................................................................................. 51
4. As Controvérsias Antropológica e Soteriológica................................................................ 54
X. O Surgimento da Vida Monástica .......................................................................................... 59
1. O novo estado da Igreja....................................................................................................... 59
2. As razões e a evolução da vida monástica. ......................................................................... 60
3. Uma breve avaliação da vida monástica. ............................................................................ 62
XI. O Fortalecimento do Bispo de Roma.................................................................................... 64
1. Raízes do fortalecimento do Bispo de Roma. ..................................................................... 64
2. Contribuições políticas e teológicas ao fortalecimento do Bispo de Roma. ....................... 65
3. Gregório, o Grande (540-604)............................................................................................. 66
XII. O Fim da Antiga Igreja Católica.......................................................................................... 69
1. O papado e a supremacia da Igreja de Roma. ..................................................................... 69
2. A importância da tradição. .................................................................................................. 70
3. O desenvolvimento da liturgia. ........................................................................................... 71
4. Veneração a Maria. ............................................................................................................. 71
3. Pr. Ary Queiroz Vieira Júnior | Estudos de História da Igreja: do ano 0 ao ano 1517
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XIII. A Ameaça Muçulmana....................................................................................................... 73
1. Introdução. .......................................................................................................................... 73
2. Maomé (570-632)................................................................................................................ 73
3. Os sucessores de Maomé, a expansão do Islã e as perdas da Igreja.................................... 74
4. A doutrina islã..................................................................................................................... 75
XIV. O Império Romano Redivivo............................................................................................. 77
1. Introdução. .......................................................................................................................... 77
2. Os reis francos..................................................................................................................... 77
2.1) A dinastia merovíngia.................................................................................................. 77
2.2) Os primórdios da dinastia carolíngia e a Doação de Constantino............................... 77
2.3) Carlos Magno (742-814).............................................................................................. 79
3. O feudalismo e uma nova restauração do Império Romano no Ocidente........................... 80
XV. O Apogeu do Poder Papal e o Primeiro Grande Cisma do Cristianismo ............................ 82
1. Introdução: a condição da igreja nos séculos X e XI. ......................................................... 82
2. A reforma cluniacense......................................................................................................... 83
3. O apogeu do papado............................................................................................................ 84
4. O cisma de 1054.................................................................................................................. 85
XVI. As cruzadas ........................................................................................................................ 88
1. As causas das cruzadas........................................................................................................ 88
2. As principais cruzadas......................................................................................................... 90
2.1) A Primeira Cruzada...................................................................................................... 90
2.2) A Segunda Cruzada...................................................................................................... 90
2.3) A Terceira Cruzada...................................................................................................... 91
2.4) A Quarta Cruzada. ....................................................................................................... 92
2.5) A Cruzada das Crianças............................................................................................... 92
2.6) As demais Cruzadas..................................................................................................... 92
3. Avaliação das Cruzadas. ..................................................................................................... 93
XVII. Pretensões Reformistas e o Declínio do Papado............................................................... 94
1. O auge do poder papal: Inocêncio III e o IV Concílio de Latrão........................................ 94
2. As pretensões reformistas.................................................................................................... 96
2.1) As ordens monásticas................................................................................................... 97
2.2) Os movimentos reformistas leigos............................................................................... 98
3. O declínio do papado (1309-1439)...................................................................................... 98
3.1) O Cativeiro Babilônico. ............................................................................................... 99
3.2) O Grande Cisma........................................................................................................... 99
4. Pr. Ary Queiroz Vieira Júnior | Estudos de História da Igreja: do ano 0 ao ano 1517
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XVIII. Novos Tempos e Pré-Reformadores.............................................................................. 101
1. O anúncio de novos tempos. ............................................................................................. 101
1.1) O surgimento das nações-estados.......................................................................... 101
1.2) A ascensão da burguesia. ...................................................................................... 101
1.3) A renascença e o humanismo. ............................................................................... 102
1.4) A expansão geográfica e a imprensa. .................................................................... 102
2. Reformas religiosas........................................................................................................... 103
2.1) John Wycliffe (c. 1320-1384).................................................................................... 103
2.2) John Huss (c. 1369-1415). ......................................................................................... 104
5. Pr. Ary Queiroz Vieira Júnior | Estudos de História da Igreja: do ano 0 ao ano 1517
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Estudo de História da Igreja: do ano 0 ao ano 1517
Jesus Cristo, a Igreja Primitiva e a Antiga Igreja Católica
I. Introdução
1. Lições da história.
Diversas e valiosas são as lições auferidas pelo estudo cuidadoso
da história da Igreja. A história, sobretudo, nos dá a percepção clara de que
somos parte de um processo que não iniciou conosco. Isso, por si só, já nos
indicaria que somente a história explica o presente (facilmente observamos as
razões de nossos erros e acertos, à luz da história), que necessitamos
urgentemente reforçar nosso senso de humildade e tolerância (porque a
história revelar-nos-á tão somente como parte de um cristianismo que
transcende nossa igreja e denominação), tanto quanto saberemos que rumos
tomar quanto ao futuro, que erros evitar e que acertos estimular (I Co 10:6, 11).
Ademais, não perderemos de vista, no curso desses estudos, as
lições práticas e aplicáveis à vida cristã pessoal. Nesse quadrante, a história
nos proverá inspiração poderosa para prosseguir, mormente nos momentos de
perseguição e dificuldade (impossível não aprender com os gigantes Inácio de
Antioquia e Policarpo de Esmirna em seu modo de enfrentar o martírio), e ser-
nos-á luz para compreendermos o desenvolvimento do estabelecimento da
teologia cristã ao longo dos séculos (impossível não aprender teologia com as
controvérsias cristológicas e teontológicas que envolveram nomes como
Gregório de Nissa, Basílio e Gregório de Nazianzo).
Não nutrimos quaisquer dúvidas de que “a ignorância da Bíblia e
da história da igreja é a razão principal por que muitos se enveredam por falsas
teologias e por práticas erradas” (Cairns).
2. A contribuição dos romanos, dos gregos e dos judeus para o advento do
cristianismo.
6. Pr. Ary Queiroz Vieira Júnior | Estudos de História da Igreja: do ano 0 ao ano 1517
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Nos séculos que antecederam o cristianismo, o Rei das nações
não inspirou profetas nem produziu Escrituras Sagradas, mas usou
soberanamente as nações para preparar o mundo para o advento da primeira
vinda de Cristo. Deus conduziu a história até a “plenitude dos tempos” (Gl 4:4;
cf. Mc 1:15).
Os romanos deram sua contribuição política ao cristianismo,
produzindo um mundo onde a locomoção poderia se dar de modo pacífico e
eficiente (o que muito contribuiu para as viagens missionárias), através de um
sistema viário composto de estradas calçadas que interligava as cidades
estrategicamente.
Os gregos contribuíram, sobretudo, com o aspecto intelectual,
concedendo ao mundo de então uma língua universal (o grego koine, do
homem comum, espalhado poucos séculos antes por Alexandre e seus
soldados) e uma filosofia que tornava obsoletas as religiões antigas.
Entretanto, muito maior foi a contribuição dos judeus para o
cristianismo. Pode-se mesmo dizer que “o judaísmo pode ser considerado
como o botão do qual a rosa do cristianismo abriu-se em flor” (Cairns). Jesus
foi incisivo quando afirmou que a salvação vem dos judeus (Jo 4:22) e Paulo,
que aos judeus foram confiados os oráculos de Deus (Rm 3:2; 9:4, 5). Portanto,
o Antigo Testamento, com o seu monoteísmo e sua ética absolutamente
distintivas no mundo de então, a esperança messiânica e a instituição da
sinagoga, foram pontos de contato com os judeus que o cristianismo não iria
prescindir.
Portanto, Deus densificou os séculos que antecederam o
cristianismo para que tudo convergisse para o mundo que receberia o Messias,
vindo na “plenitude do tempo” (Gl 4:4).
7. Pr. Ary Queiroz Vieira Júnior | Estudos de História da Igreja: do ano 0 ao ano 1517
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II. Jesus Cristo: Historicidade e Ministério Terreno
1. A Historicidade de Jesus Cristo.
A historicidade de Cristo não representa qualquer dificuldade para
um historiador desprovido de preconceitos. Além dos vinte e sete livros/cartas
do Novo Testamento e dos escritos dos pais da igreja (escritores cristãos dos
primeiros séculos do cristianismo), diversos inimigos da fé e críticos severos do
cristianismo mencionaram o Senhor em suas obras.
Tácito (c. 54 d.C. - c. 120 d.C.), historiador romano e governador
da Ásia em 112 d.C., ao escrever sobre o reinado de Nero, disse: "... Chistus, o
que deu origem ao nome cristão, foi condenado à morte por Pôncio Pilatos,
durante o reinado de Tibério ...".
Plínio, que foi governador da Bitínia em 112 d.C., escreveu ao
imperador Trajano, solicitando orientações sobre como deveria tratar os
cristãos. Nessa carta, Plínio afirmou que fez os cristãos "amaldiçoarem a
Cristo, o que não se consegue obrigar um cristão verdadeiro a fazer". Em sua
defesa, os cristãos respondiam, segundo Plínio, que sua única culpa era se
reunir antes do amanhecer e cantar hinos responsivos a Cristo, "tratando-o
como Deus".
Luciano (c. 125 d.C - c. 190 d.C.) foi outro escritor satírico do
segundo século. Ele zombou de Cristo e dos cristãos. Referiu-se a Cristo como
"o homem que foi crucificado na Palestina por que introduziu uma nova seita no
mundo" e como o "sofista crucificado", a quem os cristãos adoravam.
Outro historiador romano a mencionar Cristo em sua obra foi
Suetônio (c. 120 d.C.). Ele era um oficial da corte do imperador Adriano e
escritor das crônicas reais. Ele disse: "Como os judeus, por instigação de
Chrestus (Christus), estivessem constantemente provocando distúrbios, ele os
expulsou de Roma".
Josh MacDowell (citando F. F. Bruce) faz menção à carta de um
sírio de nome Mara Bar-Serapião, escrita por volta de 73 d.C., a seu filho
Serapião, na qual estimula este na busca da sabedoria, "ressaltando que os
que perseguiram homens sábios foram alcançados pela desgraça". Depois de
8. Pr. Ary Queiroz Vieira Júnior | Estudos de História da Igreja: do ano 0 ao ano 1517
Página8
dar exemplos de Sócrates e Pitágoras, Mara Bar-Separião diz: "Que vantagem
os judeus obtiveram com a execução de seu sábio Rei? Foi logo após esse
acontecimento que o reino dos judeus foi aniquilado".
Outro testemunho valioso da historicidade do Senhor está nos
escritos do historiador judeu Flávio Josefo (37d.C. - 100 d.C.). Josefo faz uma
alusão a Tiago, "o irmão de Jesus, assim chamado Cristo", a quem o então
sumo-sacerdote Anano, após reunir um conselho de juízes, acusou-o e o
entregou para ser apedrejado.
2. A Cronologia da Vida de Jesus Cristo.
O abade cita chamado Dionísio Exiguus (que morreu por volta de
550 d.C.) escolheu a data de 754 da fundação de Roma para o nascimento de
Cristo (ano 0 da era cristã), ao invés do ano 749 (ano 5 a.C. da era cristã, data
mais provável).
Sabe-se por Josefo que ocorreu um eclipse no ano 750 (4 a.C.) da
fundação de Roma, antes da morte de Herodes. Desse modo, na data
escolhida por Dionísio para o nascimento de Cristo, Herodes já estaria morto
há cerca de 4 anos, e não teríamos como encaixar os eventos das crianças em
Belém e a fuga para o Egito (Mt 2). A ordem da matança dos bebês de dois
anos para baixo (Mt 2:16) e a morte de Herodes em torno de abril do ano 4
a.C., portanto, impõem uma data para o nascimento do Senhor entre os anos 6
e 5 a.C.
O início do ministério do Senhor pode também ser razoavelmente
identificado. Tibério César começou a governar com César Augusto por volta
de 11 ou 12 d.C., e governaram juntos por dois anos. O ministério de João
Batista teve início no 15º ano de Tibério César, o que corresponde a 26 ou 27
d.C. (cf. Lc 3:1-3).
Ademais, quando Jesus tinha cerca de 30 anos (Lc 3:23), fez sua
primeira visita a Jerusalém, momento em que os judeus disseram que o templo
levou 46 anos para ser edificado (Jo 2:13, 20). Como sabemos que Herodes
começou a reinar em 37 a.C., e, segundo Josefo, a reforma do templo iniciou
no ano 18 do seu reinado (ou seja, em 19 a.C.), se somarmos 46 anos a partir
9. Pr. Ary Queiroz Vieira Júnior | Estudos de História da Igreja: do ano 0 ao ano 1517
Página9
de 19 a.C. teremos o ano 27 d.C. para esta primeira visita do Senhor a
Jerusalém. Ora, se nosso Senhor iniciou Seu ministério e fez a primeira visita a
Jerusalém após o batismo com cerca de 30, e isso se deu em 26 ou 27 d.C., é
óbvio que precisamos retroagir Seu nascimento em pelo menos 4 anos.
A duração do ministério do Senhor é geralmente demarcada a
partir das festas judaicas da páscoa, conforme mencionadas por João. Três
páscoas são expressamente referidas (Jo 2:13; 6:4; 12:1), além da
possibilidade de uma quarta em Jo 5:1, consoante concluem diversos
estudiosos. Destarte, o ministério do Senhor teria começado em 26 d.C., antes
da primeira páscoa, a do ano 27 d.C. (Jo 2:13), e terminado na páscoa do ano
30 d.C. (na quinta-feira da paixão, 7 de abril ou 14 de nisã).
3. A Vida de Jesus Cristo.
Temos quatro evangelhos aceitos desde cedo pela Igreja como
inspirados: Mateus, Marcos, Lucas e João. Mateus concentrou-se em falar aos
judeus que Cristo era o Rei-Messias esperado. Marcos, em apresentar o
aspecto prático do ministério do Senhor aos romanos. Lucas debruçou-se
sobre a humanidade do Senhor, enquanto João o apresentou como o Filho de
Deus, que salva os que creem - aqueles que o Pai Lhe deu, aos quais chamou
de "minhas ovelhas".
Das narrativas evangélicas, depreende-se que além dos fatos da
natividade, nada se falou sobre a infância do Senhor à exceção de Lc 2:41-50,
sendo certo que o Senhor recebeu formação na sinagoga e aprendeu o ofício
de Seu pai legal, José (cf. Mc 6:3). A concentração das narrativas está no
ministério público do Senhor e, sobretudo, na semana da paixão.
O ministério público do Senhor teve início em seu batismo por João
Batista, que precedeu Sua tentação no deserto e a escolha dos primeiros
discípulos que seriam Suas testemunhas e que continuariam Sua obra sob a
liderança do outro Consolador, o Espírito Santo.
Após o primeiro "sinal", em Caná da Galileia, o Senhor fez breve
visita a Jerusalém, momento em que fez a primeira purificação do templo (Jo 2)
10. Pr. Ary Queiroz Vieira Júnior | Estudos de História da Igreja: do ano 0 ao ano 1517
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e teve uma audiência noturna com Nicodemus (Jo 3). Partindo para a Galileia
através de Samaria, teve um encontro com a mulher samaritana (Jo 4).
Rejeitado em Nazaré (Lc 4:16ss), o Senhor fez em Cafarnaum o
centro do Seu ministério, que foi sempre orientado pela convicção de que havia
sido enviado às ovelhas perdidas da casa de Israel (cf. Mt 15:24). De
Cafarnaum, o Senhor fez três viagens: na primeira, fez muitos milagres, dentre
os quais a ressurreição do filho da viúva de Naim, concluiu o chamado dos
discípulos e pregou o sermão do monte; na segunda, decidiu pelo ensino por
parábolas (Mt 13) e fez outros milagres, como a cura do endemoninhado de
Gadara e da filha de Lázaro; na terceira viagem, nosso Senhor deu
continuidade ao ministério de pregação, sempre acompanhado de curas.
Nesse período, fez visitas breves a Jerusalém, nas datas das festas da páscoa.
Após esse grande ministério galileu, o Senhor fez um pequeno
ministério em Jerusalém, ao tempo da Festa dos Tabernáculos, quando a
animosidade dos fariseus e saduceus acirrou-se contra Ele. Com o
recrudescimento da oposição dos líderes judaicos, o Senhor foi à Peréia, onde
fez breve ministério, e retornou para a última semana em Jerusalém, que
culminou com a crucificação.
Ressurreto, o Senhor só apareceu aos Seus discípulos e por
espaço de quarenta dias. Em Sua última aparição, ratificou a promessa quanto
à vinda do Espírito Santo e à Grande Comissão, ambas relacionadas ao
testemunho que deveriam dar a respeito dEle até aos confins da terra.
11. Pr. Ary Queiroz Vieira Júnior | Estudos de História da Igreja: do ano 0 ao ano 1517
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III. Os Avanços da Igreja até 313 d.C.
1. O primeiro século.
Os ‘Atos’ de Lucas é a fonte de informação inspirada dos primeiros
anos da Igreja Primitiva. Os sete primeiros capítulos se ocupam com a igreja
em Jerusalém, que manteve-se como principal centro do cristianismo entre os
anos 30 e 45. A chegada do evangelho na Judéia e em Samaria é descrita nos
capítulos 8 a 12. A partir do capítulo 13, Lucas relata como o cristianismo foi
levado a outros povos, concentrando-se nas missões paulinas.
1.1) A Igreja em Jerusalém. Tudo começou no dia de
Pentecostes, quando judeus e prosélitos de todas as partes do mundo
conhecido encontravam-se em Jerusalém. A igreja formava uma pequena
reunião de cento e vinte pessoas na ocasião em que Judas foi substituído (At
1:15), e seu número total não era muito superior a quinhentos cristãos (I Co
15:6).
Após as evidências visíveis da descida do Espírito Santo, Pedro
pregou um “sermão de abertura”, no qual anunciou que Jesus de Nazaré é o
Cristo e conclamou o povo ao arrependimento, momento em que se
converteram três mil pessoas (At 2:41). A partir de então, o crescimento foi
rápido e ininterrupto (At 5:14). O número dos convertidos logo chegou a cinco
mil (At 4:4), incluindo conversões entre judeus helenistas (At 6:1) e até de
“muitos sacerdotes” (At 6:7).
Lucas nos informa que o modelo de vida da igreja em Jerusalém
era impressionantemente comunitário, tanto em seu espírito fraternal quanto na
comunhão de bens (At 2:44-45; 4:32-35).
Não havia templos. As reuniões ocorriam nas casas e a Ceia do
Senhor era partilhada no ambiente de uma refeição comunal. A vida da igreja
conquistou a simpatia do povo, trazendo como resultado evangelização
eficiente (At 2:47b).
Analisando essa "forma primitiva de comunismo", Robinson
Cavalcanti concluiu: que "o modelo de vida da Igreja em Jerusalém não era
normativo [para o mundo] (...)"; que "o modelo era uma opção da igreja", não
12. Pr. Ary Queiroz Vieira Júnior | Estudos de História da Igreja: do ano 0 ao ano 1517
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obrigatoriamente seguido pelas demais; que "viver o modelo era uma opção
livre" de cada cristão; que o modelo está baseado em um equívoco
escatológico: "a crença de que o Senhor voltaria logo, não valendo a pena
gastar tempo com outras coisas"; e, que "o modelo fracassou, porque era um
comunismo de bens e consumo, e não de bens e produção". Observando por
outro ângulo, Russell Shedd atribui a comunhão vivida entre os irmãos
primitivos ao poder do Espírito no seio da igreja recém-nascida. Shedd afirmou:
“Um avivamento genuíno transforma esses meros ajuntamentos em comunhão
de verdade, em linguagem do Novo Testamento, ou seja, koinonia”.
1.2) A Igreja na Judeia e Samaria. A visita de Filipe a Samaria (At
8) foi a primeira investida cristã a um povo que não era judeu puro, trabalho
que veio a ser apoiado por Pedro e João. Pedro foi também o primeiro a levar o
Evangelho aos completamente gentios, na ocasião em que, após uma
revelação que pretendia dissipar seus preconceitos raciais e teológicos, pregou
na casa de Cornélio (At 10-11).
Percebe-se que nesses primeiros momentos, os adeptos do
cristianismo se sentiam tão somente uma parte do judaísmo. A maneira como
tentavam conciliar a nova piedade com o templo de Jerusalém demonstra isso
(At 2:46), tanto quanto a resistência em divulgar as boas novas a não judeus
(At 10:9-16; 11:19).
Foi somente em Antioquia que um grupo “mais aberto”, formado
pelos que eram de Chipre e de Cirene, começou a pregar entre os gentios (At
11:20). Lucas deve ter registrado com muito prazer que “a mão do Senhor
estava com eles, e muitos, crendo, se converteram ao Senhor” (At 11:21). Foi
assim que nasceu a igreja que logo se tornaria o novo grande centro do
cristianismo.
Com os resultados do trabalho em Antioquia, a igreja em
Jerusalém enviou Barnabé para reforçá-lo (At 11:22), o homem que integrou
Paulo no ambiente cristão de Jerusalém (At 9:27) e que agora o buscaria para
auxiliá-lo no serviço daquela igreja (At 11:25, 26).
1.3) O cristianismo para todos os povos. Cairns observa que
“como nenhum outro na Igreja Primitiva, Paulo entendeu o caráter universal do
13. Pr. Ary Queiroz Vieira Júnior | Estudos de História da Igreja: do ano 0 ao ano 1517
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cristianismo e entregou-se à sua pregação aos confins do Império Romano
(Rm 11:13; 15:16)”.
É para Paulo que se voltarão as atenções de Lucas a partir do
capítulo 13 de Atos, quando, à exceção do capítulo 15, que dedica à
Assembleia de Jerusalém, narra três viagens missionárias (At 13:1-21:16), a
prisão do apóstolo aos gentios em Jerusalém (At 21:17-23:22), em Cesaréia (At
23:23-26:32) e sua viagem a Roma (At 27:1-28:15), onde permaneceu preso
por dois anos (At 28:16-31).
Uma tradição que remonta Clemente de Roma (c. de 95 a.D.)
informa que Paulo fez ministério profícuo após a soltura dessa prisão em
Roma, visitou igrejas, escreveu cartas e voltou a ser preso na onda de
perseguição levantada por Nero, sob quem foi martirizado em cerca de 65 ou
66.
Entretanto, certamente que as missões cristãs do primeiro século
não se resumiam ao ministério paulino. Tiago, o filho de Zebedeu e irmão de
João, o primeiro dentre os apóstolos a sofrer o martírio, foi decapitado em 44,
sob a ordem de Herodes Agripa I. Tiago, meio-irmão do Senhor, tornou-se líder
proeminente da igreja em Jerusalém (Gl 1:19), foi jogado do pináculo do templo
e morto a pauladas.
André, irmão de Pedro, pregou no Oriente Antigo. Judas Tadeu
exerceu ministério na Pérsia, onde foi martirizado. Matias, o substituto de
Judas, pregou na Etiópia, onde sofreu martírio. O nome de Mateus também é
associado à Etiópia e há tradição que relaciona os nomes de Tomé e
Bartolomeu com a Índia.
João, o outro filho de Zebedeu, é associado a Pedro no relato de
Lucas. Longa tradição afirma que após o exílio em Patmos, sob Domiciano,
João exerceu ministério em Éfeso e nas igrejas da Ásia até morrer. Foi,
provavelmente, o único dos doze a não passar pelo martírio.
2. Os séculos II e III.
O cristianismo, que começou com uma maioria esmagadora de
judeus e concentrado na parte oriental do Império Romano, no segundo século
14. Pr. Ary Queiroz Vieira Júnior | Estudos de História da Igreja: do ano 0 ao ano 1517
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já era composto predominantemente por gentios, alcançando regiões da Ásia,
Europa e África em torno do mediterrâneo. A carta de Plínio a Trajano (sobre a
qual voltaremos a falar) dá-nos conta de forte presença cristã na Ásia Menor:
"Esta superstição contagiou não apenas as cidades, mas as aldeias e até as
estâncias rurais".
Por volta do ano 200, “os cristãos se encontravam em todas as
partes do Império”. O cristianismo floresceu no norte da África, e Cartago e
Alexandria tiveram igrejas fortes. “Estimativas sobre a população da igreja, por
volta de 250, variam entre 4 e 15 por cento da população do Império, que
girava em torno de 50 a 75 milhões” (Cairns).
Relevante, nesse ponto, é inquirirmos sobre como a igreja primitiva
cresceu de maneira tão perceptível. Justo González afirma que depois do Novo
Testamento são escassos os dados históricos de missionários como Paulo ou
Barnabé. Para ele, a difusão geográfica do cristianismo se deveu,
principalmente, ao trabalho de "cristãos anônimos" que, em viagens "por
diversas zonas", levavam sua fé e faziam conversos.
As reuniões permaneceram concentradas nos lares e, em algumas
ocasiões, com o crescimento das congregações, casas eram utilizadas
exclusivamente para o culto. Os templos cristãos mais antigos, pelo que se tem
notícia, datam de meados do terceiro século.
Por outro lado, o crescimento da igreja nesse período não se deu
sem dificuldades externas (perseguições e acusações) e internas (heresias e
dissensões), conforme veremos.
15. Pr. Ary Queiroz Vieira Júnior | Estudos de História da Igreja: do ano 0 ao ano 1517
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IV. As Dificuldades Externas da Igreja até 313:
As Perseguições e as Acusações
1. A perseguição.
1.1)A perseguição no Primeiro Século.
As primeiras perseguições sofridas pelos cristãos foram movidas pelos
judeus, por intermédio do Sinédrio. Os apóstolos sofreram prisões, açoites e
ameaças a fim de pararem de ensinar a nova doutrina que desafiava a
estabilidade da religião judaica institucionalizada. Pedro e João foram os
primeiros a enfrentar a pressão político-religiosa, e o fizeram de modo a não
abrir mão da vocação a que tinham sido incumbidos: “Julgai se é justo diante
de Deus ouvir-vos antes a vós outros do que a Deus; pois não podemos deixar
de falar das coisas que vimos e ouvimos” (At 4:19, 20). Em nova prisão, os
apóstolos foram açoitados (At 5:40) e novamente ameaçados, mas reagiram
com alegria por Deus lhes haver concedido a honra de sofrer pelo nome de
Jesus (At 5:41).
Foi a perseguição judaica que deu ao cristianismo seu primeiro
mártir, Estevão (At 7). O apóstolo Paulo, que consentiu na morte de Estevão
(At 8:1) e promoveu perseguição em Jerusalém e cercanias (At 8:3; 9:1; 22:4,
5; 26:9-11), também padeceria tanto nas mãos dos seus compatriotas, pelos
motivos que perseguiu, sobretudo em Tessalônica, Beréia e Jerusalém, quanto
por gentios, insuflados ou não por judeus.
A perseguição assumiu caráter mais político nos dias em que
Herodes Agripa I mandou matar a Tiago e prender a Pedro, que só não morreu
na ocasião em face da intervenção divina (At 12).
O primeiro imperador romano a perseguir a igreja cristã foi Nero.
Os rumores de que o próprio Nero havia sido o responsável pelo grande
incêndio em Roma, em julho de 64, o levou a achar nos cristãos os “culpados
ideais”. A perseguição neroniana se circunscreveu a Roma e arredores, e nela
foram martirizados os apóstolos Paulo e Pedro.
16. Pr. Ary Queiroz Vieira Júnior | Estudos de História da Igreja: do ano 0 ao ano 1517
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É o historiador Tácito que nos dá conta da barbárie a que foram os
cristãos submetidos por Nero: "(...) Acrescente-se que, uma vez condenados à
morte, eles [os cristãos] se tornavam objetos de diversão. Alguns, costurados
em peles de animais, expiravam despedaçados por cachorros. Outros morriam
crucificados. Outros ainda eram transformados em tochas vivas para iluminar a
noite. Para esses festejos, Nero abriu de par em par seus jardins, organizando
espetáculos circenses em que ele mesmo aparecia misturado com o populacho
ou, vestido de cocheiro, conduzia sua carruagem" (in Documentos da Igreja
Cristã).
A segunda perseguição movida por um imperador romano eclodiu
em 95 a.D., sob a batuta de Domiciano, provavelmente por causa da recusa
dos judeus em financiar, mediante um imposto imperial, o culto a Capitolinus
Jupiter. Por ainda serem identificados como judeus, os cristãos foram
perseguidos. Nessa perseguição, João foi exilado na ilha de Patmos, onde
registrou suas visões de Apocalipse: “Eu, João, irmão vosso e companheiro na
tribulação, no reino e na perseverança, em Jesus, achei-me na ilha chamada
Patmos, por causa da Palavra de Deus e do testemunho de Jesus” (Ap 1:9).
1.2)A Perseguição até Meados do Terceiro Século.
Entre os anos 100 e 250 as perseguições foram locais e
esporádicas. Uma delas ocorreu na Bitínia, quando Plínio a administrava. Plínio
Segundo, o Jovem, foi nomeado governador da Bitínia (a costa norte do que
hoje é a Turquia) em 111 d.C. A conversão ao cristianismo estava
empobrecendo o comércio em torno das religiões pagãs, fato que preocupava
Plínio.
Este, por sua vez, escreve ao imperador Trajano (98-117) sobre
como estava lidando com os cristãos, ou acusados de o serem, e pedindo
conselhos a respeito: "Tenho muitas dúvidas a respeito de certas questões, tais
como: estabelecem-se diferenças e distinções de acordo com a idade? Cabe o
mesmo tratamento a enfermos e robustos? Aqueles que se retratam devem ser
perdoados? A quem sempre foi cristão deve gratificá-lo quando deixa de sê-lo?
Há de punir-se o simples fato de alguém ser cristão, mesmo que inocente de
qualquer crime, ou exclusivamente delitos praticados sob esse nome?".
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Plínio também diz a Trajano como estava lidando com a questão
do cristianismo: "eis o procedimento que adotei nos casos que me foram
submetidos sob acusação de cristianismo. Aos incriminados pergunto se são
cristãos. Na afirmativa, repito a pergunta segunda e terceira vez, ameaçando
condená-los à pena capital. Se persistem, condeno-os à morte (...) tratando-se
de cidadãos romanos, separo-os para enviá-los a Roma".
Plínio ainda informa a Trajano que recebeu uma lista anônima com
muitos nomes. Após a pressão do governador, alguns negaram ser cristãos,
mas todos foram unânimes em confessar que sua culpa consistia de que "em
determinados dias, costumavam comer antes da alvorada e rezar
responsivamente hinos a Cristo, como a um deus; obrigavam-se por juramento
não [cometerem] algum crime, mas à abstenção de roubos, rapinas, adultérios,
perjúrios e sonegação de depósitos reclamados pelos donos. Concluído este
rito, costumavam distribuir e comer seu alimento".
O imperador Trajano respondeu a Plínio que os cristãos "não
devem ser perseguidos. Mas, se surgirem denúncias procedentes, aplique-se o
castigo", devendo ser perdoado aquele que se retrata e retorna à adoração dos
deuses (citações extraídas de Bettenson, in Documentos da Igreja Cristã).
A política de Plínio ocorreu como recomendada pelo imperador, no
sentido de não caçar cristãos, mas se alguém fosse acusado de negar a
adoração aos deuses e se recusasse a negar a fé, deveria ser castigado.
Nessa perseguição, Inácio, o Bispo de Antioquia, por volta de 107, foi
martirizado.
Outra perseguição explodiu no tempo do imperador Antonino, o Pio
(138-161), na cidade de Esmirna em meados do segundo século, ocasião em
que Policarpo foi martirizado. Na presença do procônsul, Policarpo foi
admoestado a "jurar pelo gênio de César", a gritar "abaixo os ateus" e a
"insultar a Cristo". A isso Policarpo respondeu: "Oitenta e seis anos há que
sirvo a Cristo. Cristo nunca me fez mal. Como blasfemaria contra meu Rei e
Salvador?"
As últimas palavras da oração final de Policarpo foram estas:
"Possa eu, hoje, ser recebido na Tua presença como uma oblação preciosa e
aceitável, preparada e formada para ti. Tu és fiel às tuas promessas, Deus fiel
18. Pr. Ary Queiroz Vieira Júnior | Estudos de História da Igreja: do ano 0 ao ano 1517
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e verdadeiro. Por esta graça e por todas as coisas, eu te louvo, bendigo e
glorifico, em nome de Jesus Cristo, eterno e sumo sacerdote, teu Filho amado.
Por Ele, que está comigo, e o Espírito Santo, glória te seja dada agora e nos
séculos vindouros. Amém! (in Documentos da Igreja Cristã)". Depois da oração,
os algozes acenderam a fogueira, que não queimava o corpo de Policarpo,
razão pela qual foi morto com a espada.
Digna de nota também foi a perseguição movida pelo imperador
Marco Aurélio (161-180), por creditar as calamidades que ocorreram em seu
reinado (invasões, inundações, epidemias etc.) ao crescimento do cristianismo.
Justo González propõe que, “talvez, como Plínio anos antes, Marco Aurélio
Pensasse que era necessário castigar os cristãos, senão por seus crimes, pelo
menos por sua obstinação”. Nessa perseguição, Justino Mártir e Blandina
foram martirizados.
Ainda nos dias de Marco Aurélio, as igrejas de Viena e Lyon, na
Gália, em carta enviada às Igrejas da Frígia e Ásia Menor, em 177 d.C.,
comunicaram que a perseguição lhes alcançou “como um relâmpago”: "O
adversário caiu sobre nós com todo o ímpeto de suas forças... Não somente
fomos expulsos das casas, das termas e do foro, mas, inclusive, fomos
proibidos de aparecer em público. Mas a glória de Deus pelejou conosco contra
o diabo...". Algumas pessoas não suportaram a tortura e renegaram a fé, mas
os demais suportaram firmemente. “O cárcere estava tão cheio de prisioneiros,
que muitos morreram asfixiados, antes que os verdugos pudessem aplicar-lhes
a pena de morte. Alguns dos que antes haviam negado a sua fé, ao verem
seus irmãos tão valorosos em meio a tantas provas, voltaram à sua antiga
confissão e morreram também como mártires” (González).
Blandina foi a mais destacada desses mártires da Gália. "Depois de
ter suportado açoites, a dilaceração das feras e a cadeira de ferro, ela foi presa
numa rede e atirada a um touro. Depois de ser jogada para o alto por algum
tempo pelo animal, mostrando-se muito superior aos seus sofrimentos pela
influência da esperança, pela visão consciente dos objetos de sua fé e pela sua
associação com Cristo, ela finalmente entregou o seu espírito" (John Foxe).
Nova perseguição ocorreu com o imperador Sétimo Severo (193-
211), sobretudo no Egito e em Cartago, entre 202 e 206. Nesse período, um
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decreto imperial proibia a conversão ao cristianismo e ao judaísmo, e foram
martirizados Irineu de Lyon (202 d.C.), Perpétua e Felicidade (203 d.C.).
1.3)A Perseguição até o Edito de Milão.
Décio (249-251) promulgou um edito em 250 d.C. que exigia oferta
anual de sacrifício aos deuses e ao imperador. Foi esse imperador que
promoveu a primeira perseguição em todo o império romano. Nesse período,
Orígenes sofreu torturas que mais tarde lhe causariam a morte e Fabiano de
Roma foi martirizado (250 d.C.).
Entretanto, a mais dura perseguição oficial aos cristãos ocorreu
sob os reinados de Diocleciano (284-305) e Galério (305-311). Numa série de
editos promulgados a partir de 303, Diocleciano proibiu as reuniões cristãs e
ordenou a destituição dos oficiais da igreja, a perseguição aos que
perseverassem na fé e a destruição das Escrituras. Os cristãos foram punidos
com o confisco de bens, prisões, exílios e execuções à espada ou por animais
ferozes. As prisões ficaram tão cheias de líderes cristãos e crentes comuns que
não havia lugar suficiente para criminosos, segundo Eusébio. Essa feroz
perseguição perdurou até 305 d.C., ano em que Diocleciano abdicou.
Após outros breves períodos de perseguição, o imperador Galério
promulgou um edito, em 311, que estabelecia a tolerância ao cristianismo, sob
a condição de que os cristãos não perturbassem a paz do império. Mas a
perseguição só acabaria totalmente em 313, com o edito de Milão, promulgado
por Constantino e Licínio (312-337), que garantia a liberdade de culto a todas
as religiões.
Por sua importância, vale anotar ao menos um breve extrato do
Edito de Milão: "(...) Pareceu-nos [a Constantino e Licínio] justo que todos,
cristãos inclusive, gozem da liberdade de seguir o culto e a religião de sua
preferência. Desta forma o Deus, que mora no céu, ser-nos-á propício a nós e
a todos os nossos súditos. Decretamos, portanto, que, não obstante a
existência de instruções anteriores relativas aos cristãos, aos que optarem pela
religião de Cristo estão autorizados a abraçá-la sem estorvo ou empecilho, e
que ninguém absolutamente os impeça ou moleste (...)" (com grifo nosso).
20. Pr. Ary Queiroz Vieira Júnior | Estudos de História da Igreja: do ano 0 ao ano 1517
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2. As Acusações.
O cristianismo sofreu uma série de acusações por parte do
populacho e de escritores pagãos, dentre os quais Celso (de quem sabemos
pela obra de Orígenes) e Cornélio Fronton (que foi mestre de Marco Aurélio).
A carta das igrejas da Gália dá-nos conta de diversas acusações
lançadas sobre as igrejas de Lyon e Viena: "(...) Também foram presos alguns
de nossos escravos que eram pagãos, porquanto o governador havia
decretado que se nos procurasse a todos. Eles, temendo os tormentos que
viam padecer os santos, impulsionados pelos demônios e instigados pelos
soldados, acusaram-nos de comermos os nossos filhos, de termos relações
sexuais com nossas próprias mães e de outras coisas das quais não é possível
falar ou nelas pensar, pois não podemos acreditar que jamais tenham
acontecido entre os seres humanos. Espalhadas estas coisas entre o vulgo, de
tal modo enfureceram-se contra nós que, se alguns até então guardavam
moderação com respeito a nós por motivos de parentesco, agora se iraram
violentamente contra nós, agitados por grande indignação" (in Documentos da
Igreja Cristã).
O populacho acusava os cristãos de ateísmo (visto que se
recusavam a adorar os deuses e ao imperador), de canibalismo (imaginavam
que os cristãos punham meninos recém-nascidos dentro de um pão e quando
ordenava-se que fosse cortado, lhe devoravam o corpo), de praticar orgias
incestuosas (porque celebravam em secreto uma “festa do amor”, entre
“irmãos” e “irmãs”) e práticas antissociais (porque os cristãos se recusavam a
participar de cerimônias civis que culminavam em sacrifício aos deuses). Outra
opinião corrente era a de que os cristãos adoravam um asno crucificado.
Os pagãos cultos iam além dos boatos espalhados pela plebe e
questionavam o cerne das doutrinas cristãs, acusando o cristianismo de
religião de bárbaros. O Deus dos cristãos era ridículo, segundo a
argumentação pagã, posto que onipotente e ao mesmo tempo imiscuído no
cotidiano dos homens. Jesus era tão somente um malfeitor, crucificado pelas
autoridades romanas. Celso chega a dizer que foi um filho ilegítimo de Maria
com um soldado romano e, finalmente, se era Deus, por que se deixou
21. Pr. Ary Queiroz Vieira Júnior | Estudos de História da Igreja: do ano 0 ao ano 1517
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crucificar? Por fim, a crença na ressurreição era um grande escândalo para os
pagãos.
Como veremos, homens cristãos desenvolveram uma farta
literatura em defesa da fé, com base no Novo Testamento, demonstrando que,
ao revés do que se divulgava, o culto e a moral cristãos eram superiores e que
os seguidores de Cristo mereciam melhor tratamento.
22. Pr. Ary Queiroz Vieira Júnior | Estudos de História da Igreja: do ano 0 ao ano 1517
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V. As Dificuldades Internas da Igreja até 313:
As heresias e as Divisões
1. As Heresias.
Não sem razão, Louis Berkhof anotou que "por grandes que
fossem essas ameaças vindas de fora [referindo-se às perseguições e às
acusações], havia perigos ainda maiores, que ameaçavam internamente a
Igreja. Essas últimas consistiam de diferentes modalidades de perversão do
evangelho".
1.1)O Ebionismo.
O ebionismo manteve-se aceso até o segundo quartel do segundo
século. Sua doutrina era legalista e sua teontologia, unitariana. Não havia
salvação fora da lei de Moisés e da circuncisão. Seus adeptos não aceitavam o
apostolado de Paulo, a quem tinham como apóstata da lei, exigiam a
circuncisão dos gentios convertidos e negavam a divindade e o nascimento
virginal do Senhor Jesus. Segundo os ebionitas, o homem Jesus tornou-se o
Messias por haver cumprido a lei cabalmente. Jesus "ter-se-ia tornado cônscio
de tal coisa por ocasião de seu batismo, quando recebeu o Espírito, o que o
capacitou a realizar sua tarefa, isto é, a obra de um profeta e mestre" (Louis
Berkhof). Aceitavam o Evangelho de Mateus e rejeitavam as cartas paulinas.
Após a destruição de Jerusalém, em 135, os ebionitas perderam sua influência.
1.2)Os Elquesaítas.
Ensinavam um tipo sincrético de cristianismo, associado com
judaísmo e magia. Quanto à Cristo, rejeitavam seu nascimento virginal,
afirmando que Ele nasceu como quaisquer dos homens, embora O tivessem na
conta de um espírito ou anjo superior, o mais elevado arcanjo ou a encarnação
do Adão ideal. Sua prática era caracterizada pelo estrito ascetismo, por grande
consideração ao sábado e à circuncisão, pelo exercício da magia e da
astrologia e pelas lavagens rituais, às quais atribuíam poderes mágicos.
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Segundo Berkhof, "com toda a probabilidade se referem a essas heresias a
Epístola aos Colossenses e I Tm".
1.3)O Gnosticismo.
Paulo em Colossos, em Éfeso e em Creta, e João na Ásia,
enfrentaram um gnosticismo ainda incipiente, com ênfase em anjos e forte
dualismo, que redundava em ascetismo, por um lado, ou em libertinagem, por
outro, além da espiritualização quanto à ressurreição (cf. Cl 2:18ss; I Tm 1:3-7;
II Tm 2:14-18; Tt 1:10-16).
Em algumas manifestações desse gnosticismo iniciante, fazia-se
distinção entre o Jesus humano e o Cristo. Cristo seria um espírito superior que
havia descido sobre o Jesus humano no batismo e o abandonado antes da
crucificação, como queria Cerinto (cf. Jo 1:14; I Jo 2:22; 4:2, 15; 5:1, 5-6; II Jo
7).
O pensamento gnóstico chegou ao apogeu somente em meados
do segundo século. Era uma espécie de sincretismo de cristianismo e
neoplatonismo, tendo Walther argutamente dito tratar-se de "um furto de alguns
trapos cristãos para cobrir a nudez do paganismo" (citado por Berkhof).
Existem vários sistemas gnósticos, como os de Cerinto (c. 100),
Basílides (130-150) e Valentino (140-160), de modo que só se pode apontar as
principais doutrinas desse movimento pulverizado, quais sejam: (1) separação
entre os mundos material (produto de um deus inferior) e espiritual, estando a
matéria sempre identificada com o mal e o espírito com o bem; (2) a distância
entre Deus e o mundo da matéria era mediada por emanações do bem
supremo do gnosticismo, "seres intermediários, emanações do divino, que em
seu conjunto constituem a 'pleroma', sendo obra de uma divindade
subordinada, talvez hostil" (Berkhof); (3) a salvação era apenas para a alma e
se dava através da fé junto com a aquisição da gnoses (conhecimento) que
Cristo comunicava somente à elite espiritual. Os homens eram divididos em
três classes: os "pneumatikos" (a elite espiritual): os que são capazes de
adquirir um conhecimento superior e uma bem-aventurança mais elevada; os
"psíquicos" (membros comuns da igreja): que podem salvar-se pela fé e pelas
obras, só podendo obter uma bem-aventurança menor; e os "hílicos" (os
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gentios): irremediavelmente perdidos; (4) como a matéria é má, Cristo não
poderia ter se encarnado, daí a cristologia gnóstica conhecida por “docetismo”
(do grego ‘dokeo’, que significa ‘parecer’), segundo a qual o homem Jesus
tinha apenas uma aparência de corpo material.
Um dos gnósticos mais destacados foi Márcion (c. 85-160), que
formou seu próprio cânon - que incluía o Evangelho de Lucas, Atos e dez
cartas paulinas -, e sua própria igreja. Ensinava que havia dois deuses, o Deus
criador do Antigo Testamento, que era mal, e o Deus redentor do Novo
Testamento, que era bom. Não cria na divindade do Cristo humano. Seu
gnosticismo como um todo fomentou o antissemitismo, o orgulho espiritual e
“seu ascetismo foi um dos fatores formativos do movimento ascético medieval
conhecido como monasticismo” (Cairns).
1.4)O Montanismo.
Surgido na Frígia, entre 134 e 177, com Montano, o montanismo foi
uma reação ao formalismo e à excessiva institucionalização da Igreja. Ele e
duas mulheres, Prisca e Maximila, se anunciaram profetas. Montano e seus
colaboradores tinham-se como os últimos profetas e puseram ênfase nas
doutrinas do Espírito Santo e da segunda vinda de Cristo, que consideravam
iminente. Montano era, para a seita, como um profeta através de quem o
Espírito Santo falava à igreja, do modo como havia feito através dos apóstolos.
Berkhof resume os ensinos de Montano da seguinte forma:
salientavam a proximidade do fim do mundo; insistiam no celibato - permitindo,
quando muito, um único casamento -, no jejum e na rígida disciplina moral;
exaltavam indevidamente o martírio e os carismas.
Diversas facetas do anabatismo do século XVI e do
pentecostalismo contemporâneo são reproduções fidedignas do montanismo.
O movimento foi condenado pelo Concílio de Constantinopla, em 381, apesar
de Tertuliano, um dos maiores pais da igreja, haver se tornado montanista.
1.5)O Monarquianismo.
Os monarquianos se concentraram no monoteísmo, mas afirmando
somente a unidade de Deus. No terceiro século, Paulo de Samósata, o mais
notável expoente do monarquianismo, homem inescrupuloso e demagogo que
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chegou ao bispado da Igreja em Antioquia, ensinou que Cristo era apenas
humano, mas que tinha se tornado o salvador por sua justiça e por haver sido
penetrado pelo “Logos” divino, doutrina que ficou conhecida como
“monarquianismo dinâmico”, uma forma primitiva de unitarianismo e alinhada
com o ebionismo. Segundo essa heresia, o homem Jesus foi sendo deificado
na medida em que o Logos penetrava sua humanidade, por isso ele se tornou
digno de honra.
Outra forma de monarquianismo (o “monarquianismo modalista”)
foi proposta por Sabélio, consistente na negação da distinção das Pessoas da
Trindade, com vistas a evitar o triteísmo. Ele ensinou uma trindade de
manifestações e não de pessoas na divindade. Deus teria se manifestado
como Pai no Antigo Testamento, como Filho para redimir o homem e como
Espírito após a ressurreição de Cristo. "As designações Pai, Filho e Espírito
Santo seriam apenas nomes dados a três fases diferentes em que a una
essência divina se manifestaria" (Berkhof). No Oriente, a doutrina de Sabélio foi
chamada de "sabelianismo"; no Ocidente, de "patripassianismo", por afirmar
que Deus o Pai sofrera na cruz.
1.6)O maniqueísmo.
O nome desse movimento herético se deve àquele que foi seu
principal mestre, Mani (216-277). Segundo Mani, Deus havia falado de forma
fragmentada através de Moisés, Buda, Platão e Jesus, mas que a revelação
completa se daria por meio dele. Ele almejava uma religião contendo
elementos do budismo, zoroastrismo e cristianismo e alegava que os apóstolos
haviam corrompido os ensinos de Jesus.
Conforme lição de Flanklin Ferreira, “os maniqueístas defendiam
uma visão dualista da criação, acentuando a tensão entre luz e trevas. Nesse
caso, Cristo seria o representante da luz, procedente de Deus, e Satanás das
trevas, identificado com a matéria. Eram extremamente ascetas e sua
compreensão da salvação era muito parecida com a ensinada pelo
gnosticismo, no que diz respeito à vinculação da salvação ao conhecimento
secreto dos passos necessários para escapar das trevas em direção à luz”.
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2. As Divisões Internas.
Além das perseguições e acusações vindas de fora, a igreja cristã
antiga enfrentou as heresias (a exemplo das destacadas acima) e as divisões
internas. Logo no início, surgiram cismas em torno da disciplina e da liturgia.
No segundo século, em torno de 160, as igrejas no Oriente e no
Ocidente contenderam acerca do dia em a páscoa deveria ser celebrada. A
Igreja Oriental propôs o dia 15 de nisã, independentemente do dia da semana
em que caísse. A Igreja Ocidental, através do Bispo de Roma Aniceto,
defendeu que a data seria o domingo seguinte ao 14 de nisã.
Outra grande controvérsia na igreja ocorreu no início do século
quarto, conhecida como “donatismo”. Em 311, um cristão chamado Donato, do
norte da África, solicitou a deposição do Bispo Ceciliano, por haver sido
consagrado por Félix, que fora “traditor” no tempo da perseguição sob
Diocleciano. Vale lembrar que Diocleciano ordenou a queima de Escrituras.
Nessas torturas, alguns não resistiam e entregavam cópias das Escrituras aos
carrascos, os “traditores” (i.é., os traidores). Portanto, a controvérsia donatista
gerou em tornou de como os “traditores” deveriam ser tratados, passada a
perseguição, e se atos litúrgicos por eles praticados eram válidos.
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VI. As Reações da Igreja: A Literatura dos Séculos II e III
1. Introdução.
A Igreja, para fazer frente às dificuldades que a desafiaram nos
primeiros séculos, desenvolveu uma literatura epistolar, apologética e em
defesa da ortodoxia. Ademais, para resistir às tantas heresias que lhe
assediaram, fez crescer o poder do bispo monárquico, desenvolveu sua
declaração de fé (O Credo dos Apóstolos) e reconheceu oficialmente os livros
divinamente inspirados, que deveriam compor o cânon do Novo Testamento.
Analisemos, nesse passo, a literatura dos Pais Apostólicos e dos
Pais da Igreja dos séculos II e III.
2. A Literatura dos Pais Apostólicos.
Os Pais Apostólicos foram os primeiros líderes da Igreja cristã, que
mantiveram algum contato com os apóstolos, a desenvolverem uma literatura
cristã pós-apostólica. Eles escreveram apenas para cristãos durante o período
compreendido entre 95 e 150 d.C. e sua preocupação era tão somente edificar
as igrejas. Os principais nomes deste período são Clemente de Roma, Inácio,
Policarpo e Papias.
2.1) Clemente de Roma (30-100 d.C.)
Escreveu aos coríntios em cerca de 95 d.C., carta que tem recebido
atenção especial por ser o escrito cristão mais antigo após o Novo Testamento.
A carta foi motivada por problemas entre os cristãos coríntios, revoltosos contra
seus líderes, razão dos capítulos 42 a 44 da epístola, nos quais Clemente pede
obediência aos líderes. Nos capítulos 24 a 26, o pai apostólico trata da
ressurreição dos corpos, ilustrando-a com a lenda de Fênix. Em 5:5-7,
Clemente mencionou o ministério de Paulo, de onde exsurge a tese de duas
prisões de Paulo e uma frutífera obra missionária entre elas.
2.2) Inácio de Antioquia
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Foi preso pelo seu testemunho cristão e levado a Roma para ser
devorado pelas feras. Ao longo da viagem, foi-lhe permitido ser visitado pelas
igrejas, às quais escrevia como forma de gratidão e para dar-lhes instrução. O
bispo de Antioquia escreveu suas sete cartas (às igrejas de Éfeso, Magnésia,
Trália, Roma, Filadélfia, Esmirna e a seu amigo Policarpo) por volta de 110
d.C., sendo ele o primeiro a hierarquizar as funções de bispo, presbítero e
diácono no âmbito da igreja local. Nesse sentido, escreveu aos filadelfos:
"Apegai-vos ao Bispo, ao Presbítero e aos diáconos".
Escrevendo aos romanos, Inácio suplicou que não intervissem com
a finalidade de livrá-lo do martírio: "Suplico-vos, não vos transformeis em
benevolência inoportuna para mim. Deixai-me ser comida para as feras, pelas
quais me é possível encontrar Deus. Sou trigo de Deus e sou moído pelos
dentes das feras, para encontrar-me como pão puro de Cristo. Acariciai antes
as feras, para que se tornem meu túmulo e não deixem sobrar nada de meu
corpo, para que na minha morte não me torne peso para ninguém".
2.3) Policarpo (c. 70-155),
O bispo de Esmirna, foi discípulo do apóstolo João. Em 110 d.C.,
escreveu uma epístola aos filipenses com o propósito de fortalecer a vida cristã
dos irmãos de Filipos. Nessa epístola, fez 60 citações do Novo Testamento,
sendo 34 paulinas, demonstrando profundo conhecimento das epístolas de
Paulo. Sobre a carta que Paulo escreveu aos filipenses, ele afirmou: "Ele
[Paulo], estando entre vocês, comunicou com exatidão e força a palavra da
verdade na presença daqueles que estão vivos ainda. E quando vos deixou,
escreveu-lhes uma carta, que, se a estudarem com cuidado, encontrarão o
sentido de terem sido erguidos na fé que lhes foi dada, e que, sendo seguida
da esperança e precedida pelo amor para com Deus e Cristo, assim como para
nosso próximo, é mãe de todos nós" (tradução de Luiz Fernando Karps
Pasquoto).
2.4) Papias,
Bispo de Hierápolis, na Frígia, pode ter sido discípulo do apóstolo
João. Em meados do segundo século, escreveu "As Interpretações dos Ditos
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do Senhor", cujos fragmentos foram preservados nos escritos de Irineu e
Eusébio. Segundo Eusébio, Papias afirmou que Marcos foi o intérprete de
Pedro e que o evangelho de Mateus foi escrito em hebraico. Segundo Irineu,
Papias defendia ideias pré-milenistas.
3. A Literatura dos Apologetas e dos Defensores da Ortodoxia.
Nos séculos II e III da era cristã, surgiu uma literatura cristã voltada
para resistir a desafios vindos de fora, tanto quanto para enfrentar os surgidos
no seio da própria igreja. Earle E. Cairns percebeu que "os apologistas,
recentemente convertidos do paganismo, estiveram preocupados com a
ameaça à segurança da Igreja, especialmente com a perseguição; os
polemistas que tinham uma formação cultural cristã, preocuparam-se com a
heresia, a ameaça interna à paz e à pureza da Igreja".
3.1) Os apologetas.
A literatura voltada aos inimigos da fé e ao império romano pretendia
refutar as falsas acusações e demonstrar que a razão e o bom senso
pertenciam aos cristãos, que eram superiores aos seus vizinhos pagãos.
Defensivamente, os apologetas demonstravam que as acusações feitas contra
os cristãos eram incoerentes tanto com a mensagem do evangelho quanto com
o caráter dos professantes da fé cristã. Positivamente, teciam argumentos no
sentido de demonstrar o absurdo da religião pagã, com seu panteão de deuses
devassos.
A seguir, transcrevemos algumas linhas do "Discurso a Diagneto",
uma das mais antigas apologias, de autor anônimo: "Os cristãos não se
diferenciam dos demais por sua nacionalidade, por sua linhagem nem por seus
costumes... Vivem em seus próprios lugares, mas como transeuntes,
peregrinos. Cumprem todos os seus deveres de cidadãos, mas sofrem como
estrangeiros. Onde quer que estejam encontram sua pátria, mas sua pátria não
está em nenhum lugar... Se encontram na carne, mas não vivem segundo a
carne. Vivem na terra, mas são cidadãos dos céus. Obedecem todas as leis,
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mas vivem acima daquilo que as leis requerem. Amam a todos, mas todos os
perseguem" (5:1-11, citado por Justo L. González).
No Oriente, os grandes nomes que se destacaram na defesa da fé
cristã foram Aristides (c. 140), Justino Mártir (100-165), Taciano (século II),
Antenágoras (escreveu em 177 a "Súplica pelos Cristãos") e Teófilo de
Antioquia (escreveu em c. de 180 a "Apologia a Autólico"). No Ocidente,
destacaram-se Minúcio Félix (escreveu "Otávio" em c. de 200) e,
principalmente, Tertuliano (c.160 a c. 230).
É verdade que nem todos os apologistas defenderam o cristianismo
sob a mesma perspectiva, sobretudo quanto à relação da fé cristã com a
cultura grega. Justino Mártir dedicou-se em demonstrar as relações entre o
cristianismo e a filosofia clássica, abordando os vários pontos de contato e
explicando-os em termos da influência do "Logos". Para Justino, o "Logos", que
para os gregos era a fonte de todo o saber, se fez carne através do homem
Jesus, sendo Jesus Cristo a fonte de todo o conhecimento verdadeiro.
Portanto, em certo sentido, os sábios da antiguidade clássica (Sócrates,
Platão), ainda que só conhecessem o verbo parcialmente, eram cristãos.
Em outro extremo, estava Taciano, o mais famoso discípulo de
Justino, para quem havia uma oposição radical entre a fé cristã e a cultura
pagã. Para Taciano, se há alguma coincidência entre a cultura grega e a
religião cristã, deve-se ao fato de que os gregos aprenderam sua sabedoria
dos "bárbaros" (cristãos). Sobre os deuses gregos, Taciano questiona o direito
que exigem dos cristãos que sejam tais deuses honrados, vez que Homero e
os demais poetas gregos contam coisas a seu respeito que são dignas de
vergonha, tais como adultério, incesto e infanticídio.
Em geral, a grande dificuldade que se tem contra os apologetas
deste período é a sua apresentação do cristianismo em termos de filosofia, o
que se pode observar, sobretudo, na doutrina do "Logos". Sua doutrina incluía
a ressurreição dos corpos, sendo inconsistentes em sua soteriologia que, às
vezes, punham ênfase demasiada no livre-arbítrio, e, em outras, faziam a
salvação depender inteiramente da livre-graça.
Mais problemática era a doutrina dos apologetas quanto ao "Logos".
Para eles, o "Logos" existia em Deus, eternamente, sem existência pessoal, ao
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que Deus concedeu existência separada e pessoal. Embora essencialmente
igual a Deus, o "Logos" nem sempre existiu como autonomamente existente,
pelo que se poderia dizer ser Ele uma criatura.
3.2) Os Defensores da fé.
Outros escritores cristãos dos séculos II e III, por sua vez,
desenvolveram uma literatura para combater as heresias que desafiavam a
pureza doutrinária da Igreja. Irineu é o maior pai anti-gnóstico do Oriente. No
Ocidente, destacaram-se em Alexandria Clemente (155-225) e Orígenes (185-
254) e, em Cartago, Tertuliano e Cipriano.
Irineu (130-200) nasceu no Oriente, onde tornou-se discípulo de
Policarpo. Mai tarde tornou-se presbítero em Lyon. De cristologia ortodoxa,
afirmava contra os gnósticos que o "Logos" existiu desde toda a eternidade,
tornou-se o Jesus histórico na encarnação, sendo, daí em diante, verdadeiro
Deus e verdadeiro homem. Negava peremptoriamente a heresia gnóstica de
que o Jesus humano se separou do Cristo divino, quando dos seus sofrimentos
e morte.
Tertuliano, o mais famoso pai anti-gnóstico, foi advogado e
presbítero da Igreja em Cartago. Escreveu tanto em defesa da fé, em sua obra
"Apologeticum", quanto como teólogo, na obra "Adversus Praxeas". Foi o
primeiro a ensinar a tripersonalidade de Deus usando o termo "Trindade". Em
Tertuliano também se vê um indício da doutrina do pecado original.
Louis Berkhof analisa que nem Irineu nem Tertuliano chegaram a
uma plena declaração da Trindade, porque em ambos estava presente a ideia
de subordinação do Filho em relação ao Pai. Em ambos, também percebe-se a
relação entre o batismo e a regeneração. O homem seria regenerado pelo
batismo, segundo Irineu. Para Tertuliano, o pecador, pelo arrependimento,
obtém salvação mediante o batismo, e os pecados cometidos após o batismo
requerem satisfação mediante penitência.
Irineu e Tertuliano também não compreenderam a doutrina paulina
da justificação pela fé. Segundo Irineu, "A fé necessariamente levaria à
observância dos mandamentos de Cristo, sendo ela suficiente para tornar o
homem justo diante de Deus" (Berkhof). Sua escatologia era pré-milenista. Os
seis primeiros mil anos seriam sucedidos pelo milênio literal, o milênio sabático,
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inaugurado pela reaparição de Cristo, quando os crentes gozarão as riquezas
da terra na Palestina. Após o milênio, surgirão os novos céus e a nova terra.
Clemente e seu discípulo, Orígenes, foram os grandes
representantes da escola alexandrina, ainda menos ortodoxos que Irineu e
Tertuliano. Eram extremamente alegóricos na interpretação da Bíblia e
favoreciam a uma espécie extravagante de síntese entre neoplatonismo e
cristianismo. Ambos mantiveram a ideia de subordinação do Filho em relação
ao Pai e, sobre o Espírito Santo, Orígenes afirmou que é uma criatura criada
pelo Pai através do Filho, tendo o Espírito uma relação menos íntima com o Pai
do que o Filho.
Ambos defendiam a ideia de livre-arbítrio, que o batismo é o começo
da nova vida na igreja e que fora da igreja - a congregação dos crentes -, não
há salvação. Para ambos, o processo de purificação continua após a morte.
Segundo Clemente, os pagãos teriam oportunidade de arrepender-se no
hades. Para Orígenes, a obra redentora não estaria terminada enquanto todas
as coisas não fossem restauradas à sua beleza original, incluindo Satanás e
seus demônios. Ambos, Clemente e Orígenes, rejeitaram o milenarismo.
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VII. As Reações da Igreja: O Bispo, o Credo e o Cânon
1. Introdução.
Como dissemos em ocasiões anteriores, a Igreja, para combater as
dificuldades que a desafiaram nos primeiros séculos, desenvolveu uma
literatura epistolar, apologética e em defesa da ortodoxia (temas sobre os quais
já nos debruçamos brevemente). Mas, não só. Nesse ponto de nossos estudos,
voltar-nos-emos ao bispo monárquico, ao Credo e ao cânon. Se não, vejamos.
2. O Bispo Monárquico.
Em um primeiro momento, líderes cristãos como Inácio de Antioquia
reconheceram a proeminência (não encontrada no Novo Testamento) do Bispo
sobre o Presbítero e o Diácono no âmbito da igreja local, ao argumento de ser
esta uma forma de proteção da unidade. Outra razão invocada para a projeção
do poder do bispo monárquico foi a necessidade de uma liderança para lidar
com a perseguição e com a heresia.
Em um segundo momento, conforme Nichols observou, no "2º
século o bispo era o pastor de uma igreja numa cidade. À proporção que
crescia o número de crentes outros grupos se formavam na mesma cidade e
adjacências. Todos esses grupos ficavam sob o governo do bispo da igreja-
mãe (=matriz). Cada uma das outras igrejas era dirigida por um presbítero, e o
bispo exercia superintendência sobre todo o distrito ou diocese" (Robert
Hasting Nichols).
Posteriormente, tendeu-se à conclusão de que bispos de
determinadas igrejas, como os de Roma, Jerusalém, Éfeso, Antioquia e
Alexandria, eram superiores aos de outras e não demorou até que o bispo de
Roma viesse a ser objeto de uma honra especial, pelas seguintes razões: a
uma, Roma era a capital do império e talvez possuísse a igreja mais rica e
influente; a duas, uma forte tradição ligava Roma aos apóstolos Paulo e Pedro,
considerados os principais líderes da igreja primitiva; a três, acreditou-se que
Pedro teria sido o primeiro Bispo de Roma e que Cristo havia dado a ele a
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primazia dentre os apóstolos, com base em Mt 16:18, 19 e Jo 21:15-19; a
quatro, a doutrina da sucessão apostólica pretendia fazer todos os bispos
retornarem aos apóstolos e o bispo de Roma, a Pedro. Como, a partir dessa
reflexão, Pedro teria a primazia no colégio apostólico, todos os bispos estariam
para o bispo de Roma como os apóstolos para Pedro.
Deve-se anotar, todavia, quanto à alegada primazia de Pedro dentre
os apóstolos e sua suposta liderança em Roma, as seguintes considerações:
Primeiro, a prerrogativa do "poder das chaves", dada a Pedro em Mt
16:19, foi igualmente concedida aos demais apóstolos em Jo 20:23 e a toda a
igreja em Mt 18:15-18. Isso se dá por que tal poder não está adstrito a
quaisquer dos apóstolos, mas ao evangelho de Cristo.
Segundo, por mais de uma vez houve debate entre os apóstolos
com vistas a uma primazia entre eles, como se pode verificar em Lc 9:46 e
22:24-30, e na presença de Cristo. Se uma espécie de primado já houvesse
sido conferida a Pedro em Mt 16:18, 19, não se teria travado tal discussão na
época da prisão do Senhor Jesus ou nosso Senhor teria uma base sólida para
corrigir o desvio. Muito ao contrário, o ensino de nosso Senhor foi no sentido de
não haver domínio hierárquico entre os apóstolos, como se pode verificar em
passagens como Mt 19:28 e Ap 20:14.
Terceiro, Paulo não se via como inferior a Pedro nem em nada
dependente dele, como se pode deduzir de Gl 1:15-19, tampouco se conteve
quando a necessidade exigiu que lhe resistisse "face a face" (Gl 2:11-14).
Quarto, Pedro é visto nas páginas do Novo Testamento como mais
um entre seus pares (Gl 2:9). Em At 8:14, ele é um delegado, juntamente com
João, da igreja em Jerusalém para supervisionar o trabalho em Samaria. Em At
15, naquela grande Assembleia em Jerusalém, não vemos Pedro exercer o
primado alegado pelos romanistas. Com efeito, o decreto desta Assembleia foi
promulgado pela ampla participação dos "apóstolos", "presbíteros" e por "toda
a igreja" (15:22, 23). Mais ainda, ele mesmo, pelo que lemos dos seus
pronunciamentos e das suas epístolas, não reconhecia-se portador de
nenhuma primazia, como se há de concluir pelo modo como tratou da
substituição de Judas, em At 1:25, 26.
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Quinto, tampouco pode prosperar a interpretação de Mt 16:18 que
faz de Pedro o fundamento sobre o qual Cristo iria construir Sua Igreja. Há
divergência sobre a interpretação de quem ou do que seria a "rocha" no texto
em comento, se o próprio Cristo, se a confissão de Pedro, como parte da
doutrina apostólica ou mesmo se Pedro, referido por Jesus como aquele que
abriria as portas do reino com a pregação aos judeus, em At 2, e aos gentios,
em At 10. Entretanto, o Novo Testamento é tão claro sobre quem é a rocha
fundamental da Igreja que a única interpretação inaceitável é a que dá a Pedro
o lugar de ser o fundamento sustentáculo dela, como se pode conferir nas
palavras de Cristo mesmo (Mt 7:24-27; 21:42), do próprio Pedro (At 4:11, 12, I
Pe 2:4-6) e de Paulo (I Co 3:11; 10:4; Ef 2:19-22).
Pois bem, como afirmou E. Carlos Pereira, em sua obra "O
Problema Religioso da América Latina", por ele prefaciada em 1920, "diremos
com distincto escriptor: - a ausencia do sol ao meio-dia não é mais notável do
que a ausencia da supremacia official de S. Pedro nas paginas do Novo
Testamento" (mantemos a ortografia da época).
Nada obstante, o fato é que esse período da história da igreja já
encerra com uma forte doutrina da sucessão apostólica, com um bispo em
cada igreja elevado a posição hirarquicamente superior ao presbítero e com
uma certa proeminência reconhecida, sobretudo na obra de Cipriano, do bispo
de Roma sobre os demais.
3. O Credo dos Apóstolos.
Aliado ao papel do bispo como elemento unificador da igreja,
desenvolveu-se uma declaração de fé que ficou amplamente conhecida como
'Credo dos Apóstolos', além de ter sido chamada também de 'a regra de fé', 'a
regra da verdade', 'a tradição apostólica' e, mais tarde, 'o símbolo de fé'.
3.1) A História do Credo.
Diz-se que no exército romano, quando havia necessidade de dois
comandantes se separarem, eles quebravam um artefato de barro e cada um
ficava com um pedaço. Quando, no campo de batalha, um emissário de um
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dos comandantes precisasse levar uma mensagem para outro, ele deveria
levar também o pedaço do artefato que pertencia ao seu comandante. O
comandante destinatário da mensagem, então, para verificar a autenticidade da
mensagem, veria se o pedaço de barro do emissário se encaixava
perfeitamente ao seu. Tais pedaços eram chamados “simbolum”. Destarte, 'a
regra dos apóstolos' foi chamada de 'simbolum' porque serviu como forma de
autenticar um cristão genuíno. Cristão era o que aceitava o “símbolo de fé”.
Até metade do século XVII, era corrente a crença de que o Credo
havia sido composto pelos apóstolos em Jerusalém, pela época do
Pentecostes, antes de se separarem, havendo cada um contribuído com uma
cláusula. Essa lenda é vista pela primeira vez na Exposição do Credo
(Expositio Symboli) de Rufino de Aquiléia, no fim do século IV, no que foi
seguido, com modificações, por Ambrósio de Milão (c. 400), João Cassiano (c.
424) e por toda a tradição católica romana. Entre os protestantes, a lenda
encontrou defensores, foi questionada por Calvino e em seguida desmentida
definitivamente por diversos estudiosos.
Portanto, do Credo se pode afirmar que não foi escrito pelos
apóstolos, mas que trata-se da mais antiga declaração de fé da igreja cristã
que chegou até nós, cuja origem, segundo Justo L. González, "se acha nas
lutas contra as heresias que tiveram lugar nos meados do segundo século".
Earle E. Cairns afirma que "Irineu e Tertuliano desenvolveram Regras de Fé
para serem usadas na distinção entre Cristianismo e Gnosticismo" e
funcionavam como sumários das principais doutrinas da Bíblia. Portanto, no
segundo século, homens como Irineu, Tertuliano e Hipólito já ofereciam
confissões de fé semelhantes ao Credo.
Todavia, a formulação original parece ter surgido em Roma por volta
de 340 d.C. e Ambrósio foi o primeiro a dar ao documento o título de Credo dos
Apóstolos. Nos séculos VII e VIII, o Credo já era usado amplamente pelas
igrejas da Gália (atual França) e Espanha, de onde advém-nos a versão final.
Abaixo, transcreveremos a declaração usada no batismo por Rufino
de Aquiléia, em c. de 400 d.C., e a versão recebida. Se não, veja-se:
"Creio em Deus Pai onipotente e em Jesus Cristo, seu único Filho,
nosso Senhor, que nasceu do Espírito Santo e da virgem Maria, que
foi crucificado sob o poder de Pôncio Pilatos e sepultado, e ao
terceiro dia ressurgiu da morte, que subiu ao céu e assentou à direita
37. Pr. Ary Queiroz Vieira Júnior | Estudos de História da Igreja: do ano 0 ao ano 1517
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do Pai, de onde há de vir para julgar os vivos e os mortos. E no
Espírito Santo, na santa Igreja, na remissão dos pecados, na
ressurreição da carne, na vida eterna [omitido por Rufino]" (in
Documentos da Igreja Cristã, H. Bettenson).
"Eu creio em Deus Pai todo-poderoso, Criador dos céus e da terra; E
em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, que foi concebido
pelo Espírito Santo, nasceu da virgem Maria, padeceu sob Pôncio
Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado, desceu ao inferno e ao
terceiro dia levantou-se dos mortos, ascendeu aos céus e sentou à
mão direita de Deus Pai todo-poderoso, de onde virá para julgar os
vivos e os mortos; E no Espírito Santo, na Santa Igreja católica, na
comunhão dos santos, no perdão dos pecados, na ressurreição do
corpo e na vida eterna".
3.2) A importância do Credo.
Trata-se, como se pode verificar, de uma confissão essencial. É uma
declaração que todos precisamos conhecer e aceitar para sermos cristãos.
Os reformadores deram grande valor ao Credo dos Apóstolos.
Calvino o comentou, afirmando que cada uma de suas cláusulas se origina nas
Escrituras, e Lutero o fez parte dos seus Catecismos, aduzindo que o Credo
"apresenta tudo o que devemos esperar e receber de Deus, e nos ensina, em
suma, a conhecê-lo por completo".
Assiste razão a Franklin Ferreira, quando em sua exposição do
Credo dos Apóstolos no Congresso para Pastores e Líderes da Editora Fiel, em
2012, afirmou ser a Regra uma espécie de "credo essencial", que "esta
exposição do Credo dos Apóstolos é uma apresentação do ensino bíblico,
ortodoxo e consensual, 'que foi crido em todo o lugar, em todo o tempo e por
todos' (Vicente de Lérins) os cristãos".
Segundo Phillip Schaff, o Credo dos Apóstolos "é de longe o melhor
resumo popular da fé cristã jamais feita em tão pouco espaço (...)", ao mesmo
tempo em que deve ser admitido "que a grande simplicidade e brevidade deste
Credo, que tão admiravelmente o adapta para todas as classes de cristãos e
adoração pública, o faz insuficiente como um regulador de doutrina bíblica para
um estágio mais avançado do conhecimento teológico".
3.3) As raízes hebraico-cristãs dos credos e confissões.
A tradição religiosa hebraico-cristã é puramente confessional. A fé
dos hebreus e dos cristãos é uma fé professante, por assim dizer. Isso se dá
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porque a revelação divina é proposicional. Deus revela-se proposicionalmente,
isto é, comunicando máximas, assertivas, através de expressões verbais, que
devem ser conhecidas e cridas. As confissões são, lado outro, respostas de fé
da igreja, destinatária por excelência da Revelação. Deus revela-se através das
Escrituras e a Igreja responde com uma afirmação de fé, com uma confissão,
com um “eu creio”.
No Antigo Testamento, já encontramos diversas confissões de fé do
povo hebreu, nas quais se professa que há um só Deus, que Ele é singular,
além da confissão quanto aos Seus poderosos feitos (Ex 15:1-18; Dt 6:20-24;
26:5-9; Js 24:2-13) e dos Seus atributos (Sl 136; Sl 40:9-10; 96:1-10; 147:1-7).
No Novo Testamento, a palavra "homologia" (confissão) ocorre seis
vezes (II Co 9:13; I Tm 6:12, 13; Hb 3:1; 4:14; 10:23) e os verbos correlatos
outras tantas, com o mesmo sentido. Às vezes, essa confissão dá-se de forma
pública (Tt 1:16; Mt 10:32, 33; Rm 10:9, 10) e, às vezes, de forma comunitária
(II Co 9:13), sem olvidar para o fato de que há um preço na confissão (Jo 9:22;
12:42).
Diversas são as confissões encontradas nas páginas do Novo
Testamento. Algumas põem ênfase em Cristo (I Co 15:3, 4; Fp 2:5-11; I Tm
3:16; II Tm 2:8; I Pe 3:18-22; I Jo 4:2, 15); outras, no Pai e no Filho (I Co 8:6; Gl
1:1-5; I Tm 2:5, 6; 6:13-16; II Tm 4:1); e outras ainda enfatizam a Trindade (Mt
28:19; Rm 9:1-4; II Co 1:21, 22; 13:13; I Pe 1:2; Jd 20, 21).
4. O Cânon do Novo Testamento.
Além da força do bispo monárquico e do desenvolvimento de uma
declaração de fé, a Igreja foi gradativamente sendo levada pelas circunstâncias
providenciais a reconhecer oficialmente os livros inspirados que comporiam o
Novo Testamento – o Cânon.
Diversos fatores conduziram a igreja ao reconhecimento dos seus
livros inspirados, dos quais destacaremos dois: hereges como Márcion
estavam formando seu próprio cânon e as perseguições levaram os cristãos a
desejarem saber quais os livros pelos quais valeria a pena morrer.
39. Pr. Ary Queiroz Vieira Júnior | Estudos de História da Igreja: do ano 0 ao ano 1517
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Deve-se pontuar com Flanklin Ferreira que os desafios das seitas e
a perseguição apenas aguçaram o interesse da igreja em fixar oficialmente o
número exato de livros do Novo Testamento. “O primeiro Pai da Igreja a falar
de forma inequívoca de um ‘Novo’ Testamento em paralelo com o Antigo
Testamento foi Irineu de Lião. Entretanto, Clemente, Inácio, Policarpo, Justino,
Tertuliano, Orígenes, entre outros, já usavam o Novo Testamento, tratando-o
como inspirado do mesmo modo que o Antigo Testamento” (Flanklin Ferreira).
O processo de reconhecimento do cânon, todavia, não se deu de
uma vez nem sem disputas. Norman Geisler e William Nix observam que
"havendo tão grande diversidade geográfica de origens e destinatários, é
compreensível que nem todas as igrejas haveriam de possuir, de imediato,
cópias de todos os livros inspirados do Novo Testamento. Acrescentem-se os
problemas de comunicação e de transporte, e fica mais fácil ver que seria
preciso algum tempo até que houvesse um reconhecimento geral de todos os
27 livros do cânon do Novo Testamento".
No processo de reconhecimento, por outro lado, os testes de
canonicidade utilizados foram os da apostolicidade, pelo qual se buscava a
autenticidade da autoria e se tinha sido escrito por apóstolo ou sob sua
influência, e da concordância doutrinária com a regra de fé já consolidada.
De plano, deve ser anotado que enquanto viviam os apóstolos, já
havia circulando entre as igrejas escritos espúrios, o que se pode depreender
dos seguintes textos: Lc 1:1-4; II Ts 2:2; 3:17; Jo 21:23, 24. Lado outro, pode-
se verificar igualmente a prática da leitura pública nas reuniões das igrejas das
cartas apostólicas (I Ts 5:27; Cl 4:16; Ap 1:3).
Do exposto, no mínimo, se pode argumentar em favor de uma
seletividade já em processo no período neo-testamentário, vez que somente as
cartas autorizadas deveriam ter força cogente aos cristãos, em matéria de
religião, e ouvidas no culto público como a Palavra autoritativa de Deus.
Ademais, é mesmo possível que Pedro já tivesse uma coleção das cartas de
Paulo (cf. II Pe 3:15, 16), do modo como Paulo conhecia o evangelho de Lucas
(cf. I Tm 5:18; Lc 10:7).
Já no começo do segundo século, circulavam juntos os quatro
evangelhos, Atos e as epístolas de Paulo. Tiago, II Pedro, II e III João, Judas,
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Hebreus e Apocalipse tiveram sua inclusão no cânon discutida por mais tempo,
sobretudo pela incerteza quanto à autoria.
Foi em 367 d.C. que Atanásio, então Bispo de Alexandria, escreve
uma carta às igrejas sob sua supervisão (“Carta de Páscoa”) incluindo uma
lista dos 27 livros do Novo Testamento, tal qual o conhecemos. Jerônimo e
Agostinho, para citar outras vozes individuais, confirmaram essa lista e, ainda
no século IV, os concílios de Hipona (em 393 d.C.), Cartago (em 397 d.C.) e
Calcedônia (em 451 d.C.) fizeram o mesmo. Na prática, “apenas aprovaram e
deram expressão uniforme àquilo que já era aceito como fato pelas igrejas
havia um bom tempo”.
41. Pr. Ary Queiroz Vieira Júnior | Estudos de História da Igreja: do ano 0 ao ano 1517
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A Antiga Igreja Católica: Continuação
VIII. Fé Cristã, de Perseguida a Religião Oficial
1. O período compreendido entre 313 e 590.
Nesse período, a Igreja viveu a transição de deixar de ser uma
religião perseguida a ser a religião oficial do império romano e passou do que
tem sido chamada de Antiga Igreja Católica para o que conhecemos como
Igreja Católica Romana.
A união com o Estado foi avaliada pela Igreja de diferentes modos.
Uma das maneiras de ver a nova situação foi com entusiasmo, entendendo que
a Igreja estava sendo abençoada por Deus em receber tamanho privilégio.
Mas, por outro lado, a nova posição trouxe reações contrárias, que, dentre
elas, contribuíram ao surgimento da vida monástica.
O período foi também de efervescência intelectual e debates
teológicos. Homens como Eusébio de Cesaréia, Atanásio e João Crisóstomo,
dentre os gregos, os capadócios Basílio de Cesaréia, Gregório de Nissa e
Gregório de Nazianzo, e, dentre os latinos, Ambrósio, Agostinho e Jerônimo,
produziram, em consequência das disputas doutrinárias, escritos que
influenciam toda a cristandade até hoje.
2. A ascensão de Constantino.
O império vivia um quadro de instabilidade decorrente de crise
econômica e da ameaça de invasões bárbaras, quando Diocleciano (244-311)
o assumiu e o reorganizou, dividindo-o em dois imperadores (ele, no Oriente, e
Maximiano, no Ocidente) e quatro partes: Diocleciano reinou a parte da
Nicomédia, na Bitínia; Maximiano, de Milão, na Itália; Galério (sob Diocleciano),
de Sirmio, na Panônia; e Constâncio Cloro (sob Maximiano) teve sede em
Trier, na Gália.
Com a morte de Constâncio, seu filho Constantino (c. 274-337) foi
proclamado césar por suas tropas. De modo surpreendente, Constantino
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reorganizou o império após vencer seus rivais, um a um, até derrotar Maxêncio
(278-312), filho de Maximiano, na batalha da Ponte Mílvia sobre o rio Tibre, em
312.
Antes, porém, dessa batalha, teve uma visão (segundo Eusébio) ou
um sonho (segundo Lactâncio), em que viu uma cruz e uma inscrição no céu
(“vence nisto”), ocasião em que entendeu que se se convertesse ao
cristianismo derrotaria seu inimigo Maxêncio. No dia seguinte, ordenou que
seus estandartes fossem marcados com a superposição das duas primeiras
letras do nome Cristo (o), “”e“” (o ‘labarum’).
Com a vitória sobre Maxêncio, Constantino tornou-se o único dono
do império ocidental, enquanto o Oriente ainda estava dividido entre Licínio e
Maximino Daza.
Em Milão, fez um acordo com Licínio e, juntos, proclamaram o
“edito de Milão”, em 313, e decidiram que Licínio investiria, somente com seus
próprios recursos, contra as tropas de Maximino. O resultado foi o confronto
que promoveu a derrota deste, que não mais conseguiu reorganizar seu
exército. Com a nova situação política, Constantino continuou a governar o
Ocidente, enquanto Licínio, a leste da Itália.
Como ambos, Constantino e Licínio, ambicionavam o domínio
exclusivo de todo o império, uma série de intrigas pessoais redundou em dois
confrontos, em 314, seguidos por uma trégua que perdurou até 322, ano em
que a guerra civil foi retomada. Constantino venceu Licínio em três batalhas
(Andrianópolis, Helesponto e Crisópolis) e, em 324, o império já estava
reunificado e sobre o qual reinou até sua morte, em 337.
3. O impacto de Constantino.
Muito se discute sobre os motivos do envolvimento de Constantino
com o cristianismo. Para alguns historiadores, ele teria sido um político
habilidoso que soube usar a religião cristã a serviço de sua ambição pelo
império; para outros, ele foi realmente um supersticioso sincero, que acreditava
no poder de Jesus Cristo e que seria ajudado pelo Deus dos cristãos se
beneficiasse a estes.
43. Pr. Ary Queiroz Vieira Júnior | Estudos de História da Igreja: do ano 0 ao ano 1517
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A princípio, Constantino garantiu que a Igreja tivesse paz e lhe
devolveu as propriedades confiscadas durante a perseguição. Em um segundo
momento, passou a subsidiá-la mais abertamente, construindo templos e
isentando o clero dos serviços públicos e das tarifas nos transportes do
império.
Em 324, um edito ordenou que todos os soldados adorassem o
Deus dos cristãos no primeiro dia da semana, dia em que estes celebravam a
ressurreição de Cristo. Também se envolveu em controvérsias teológicas e, em
325, convocou e presidiu o Concílio de Nicéia, permitindo que os bispos
viajassem às custas dos cofres públicos.
O impacto do envolvimento de Constantino sobre a Igreja cristã foi
incalculável. A consequência imediata foi o fim da perseguição. Mas, não parou
por aí. O culto cristão sofreu uma influência alarmante. A princípio, as reuniões
dos cristãos ocorriam em casas particulares e eram marcadas pela
simplicidade e participação. Após a “conversão” de Constantino, “o culto cristão
começou a sentir a influência do protocolo imperial” (Justo L. Gonzalez). O
incenso, usado no culto ao imperador, adentrou à prática da Igreja; os ministros
começaram a usar vestimentas ornamentadas; começou-se a iniciar os cultos
com uma procissão; templos suntuosos foram construídos em vários lugares.
Gonzalez observa ainda que para dar maior destaque às procissões, “surgiram
coros, com o resultado a longo prazo de que a congregação participava cada
vez menos do culto”.
Além do impacto sobre o culto, observa Bruce L. Shelley,
“Constantino submeteu os bispos cristãos enquanto eram seus funcionários
civis e exigiu obediência incondicional aos pronunciamentos oficiais, mesmo
quando eles interferiam nas questões puramente religiosas”. Ademais, Shelley
continua, “Havia também as massas que então afluíam para a igreja
oficialmente favorecida. Antes da conversão de Constantino, a igreja consistia
de crentes convictos. Depois, chegaram aqueles que eram politicamente
ambiciosos, sem interesse religioso e ainda meio enraizados no paganismo”.
4. A união da Igreja com o Estado.
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Essa atitude para com a Igreja permaneceu com os sucessores de
Constantino, e templos pomposos continuaram a ser construídos, financiados
pelos cofres imperiais, até que houve uma reação pagã com o imperador
Juliano, em 361.
Juliano, o Apóstata (331-363), sobrinho de Constantino, se tornou
seguidor do neoplatonismo, a partir dos estudos que fez em Atenas. Ele
restaurou a liberdade de culto e retirou os privilégios da Igreja cristã. Sob seu
governo, as facilidades estavam agora a serviço da filosofia e da religião pagã.
Mas, o processo de retorno ao paganismo foi interrompido por sua morte, na
batalha contra os persas sassânidas.
Os sucessores de Juliano reverteram a sua política, até que
Teodósio I (347-395) e Graciano (359-383) proclamaram um edito, em 380, que
tornou o cristianismo a religião exclusiva do Estado e estabeleceu uma punição
para seguidores de quaisquer outros cultos. Dada à importância do edito,
transcrevemos infra à apreciação do leitor.
“Queremos que as diversas nações sujeitas à nossa clemência e
Moderação continuem professando a religião legada aos romanos
pelo apóstolo Pedro, tal como a preservou a tradição fiel e tal como é
presentemente observada pelo Pontífice Dâmaso e por Pedro, bispo
de Alexandria e varão de santidade apostólica. De conformidade com
a doutrina apostólica e o ensino dos Evangelhos, creiamos, pois, na
única divindade do Pai, do Filho e do Espírito Santo, em igual
majestade e em Trindade santa. Autorizamos os seguidores desta lei
a tomarem o título de Cristãos Católicos. Referentemente aos outros,
que julgamos loucos e cheios de tolice, queremos que sejam
estigmatizados com o nome ignominioso de hereges, e que não se
atrevam a dar a seus conventículos o nome de igrejas. Estes
sofrerão, em primeiro lugar, o castigo da divina condenação e, em
segundo lugar, a punição que nossa autoridade, de acordo com a
vontade do céu, decida infligir-lhes” (Bettenson, in Documentos da
Igreja Cristã).
Em 392, o Edito de Constantinopla proibiu o paganismo e, em 529,
o imperador Justiniano determinou o fechamento da escola de filosofia de
Atenas.
As consequências da promoção da fé cristã à religião imperial
foram inúmeras: a riqueza passou a ser sinal do favor divino, e a Igreja se
tornou dos ricos e poderosos; com uma aristocracia próxima à do império,
surgiu a divisão entre o clero e laicato; a igreja começou a imitar os costumes
do império tanto em liturgia quanto em forma de governo, tornando-se cada vez
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mais episcopal e monárquica; a igreja relegou o retorno de Cristo e do reino a
segundo plano. Para Eusébio, representante de um pensamento difundido e
amplamente aceito nessa época, embora não o diga “explicitamente”, segundo
salienta Gonzalez, “ao lermos as suas obras temos a impressão de que com
Constantino e seus sucessores o plano de Deus se cumpriu”.
46. Pr. Ary Queiroz Vieira Júnior | Estudos de História da Igreja: do ano 0 ao ano 1517
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IX. Os Concílios e Credos Ecumênicos
Nos séculos IV e V da era cristã, surgiram, a partir dos chamados
concílios ecumênicos, os credos aceitos por praticamente todos os ramos do
cristianismo. Foram ao todo sete grandes concílios ecumênicos, quais sejam: I
Concílio de Niceia (325), I Concílio de Constantinopla (381), I Concílio de Éfeso
(431), Concílio de Calcedônia (451), II Concílio de Constantinopla (553), III
Concílio de Constantinopla (680) e II Concílio de Niceia (787).
Quando se pergunta por que os debates teológicos ocorreram tão
tardiamente, Cairns responde que “nos tempos de perseguição, a submissão a
Cristo e à Bíblia era mais importante do que o significado de certas doutrinas”.
A partir de Constantino, um homem ávido pela reunificação do império, era
preciso que na nova conjuntura a Igreja se unisse em torno de uma única
doutrina, afinal, “um cristianismo em discórdia e dividido não podia unir o
Império fragmentado” (Shelley).
Mas, isso não responde toda a questão. Principalmente no Oriente,
surgiu uma intensa inquietação por parte dos cristãos quanto às crenças
afirmadas há séculos. Desejava-se entender e formular com mais clareza
principalmente acerca a Trindade e do relacionamento entre o Pai e o Filho,
sobretudo em um período em que heresias propunham soluções ao mistério
trinitário.
Trataremos, nesse passo, das principais controvérsias que
culminaram nos concílios mais importantes.
1. A Controvérsia Ariana e o Concílio de Niceia (325).
Um dos protagonistas dos debates teológicos que redundaram no
Concílio em apreço foi Ário, presbítero da igreja em Alexandria, no Egito. Foi
Ário que discutiu com o seu bispo, Alexandre, quando este tencionou ensinar
sobre a “Unidade da Trindade”. Para Ário, havia apenas um Deus eterno em
uma única pessoa, o Pai. Cristo, embora tendo sido criado fora do tempo e ser
a primeira criatura, não era Deus eterno e onipotente, mas um ser menor,
intermediário, que se situava entre Deus e a criação.