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Espeleoresgate
Índice
Conteúdo
Introdução __________________________________________________________________ 1
Espeleologia ________________________________________________________________ 4
OBJETIVOS: ______________________________________________________________4
Conceito__________________________________________________________________4
Cavernas _________________________________________________________________5
Origem___________________________________________________________________5
Morfologia ________________________________________________________________6
Dimensões________________________________________________________________7
Ambientes ________________________________________________________________7
Espeleotemas _____________________________________________________________8
Flora e Fauna ____________________________________________________________11
Cavernas no Brasil ________________________________________________________12
Cavernas no Sul do Brasil___________________________________________________16
GEEP - Açungui __________________________________________________________17
Aquifero Karst ____________________________________________________________17
Princípios de Atuação ________________________________________________________ 20
OBJETIVOS: _____________________________________________________________20
Considerações____________________________________________________________20
Conceito_________________________________________________________________20
Ciclo Operacional _________________________________________________________22
Espeleoresgate _____________________________________________________________ 24
OBJETIVOS: _____________________________________________________________24
Conceito_________________________________________________________________24
Norma Regulamentadora nº 9________________________________________________26
Riscos e Perigos __________________________________________________________27
Prevenção de Riscos_______________________________________________________28
Socorro de Emergência e Distúrbios Fisiológicos em Áreas Remotas_________________30
Deslocamentos em Terrenos Acidentados ______________________________________46
Índice
Grupo de Espeleoresgatista ___________________________________________________ 50
OBJETIVOS: _____________________________________________________________50
Formação________________________________________________________________50
Maca e KED _______________________________________________________________ 56
OBJETIVOS: _____________________________________________________________56
Maca ___________________________________________________________________56
Kendrick Extrication Devide (KED) ____________________________________________61
Equipamentos ______________________________________________________________ 66
OBJETIVOS: _____________________________________________________________66
Certificação ______________________________________________________________66
Classificação dos Equipamentos _____________________________________________67
Técnicas de Progressão e Evacuação ___________________________________________ 75
OBJETIVOS: _____________________________________________________________75
Nós e Amarrações_________________________________________________________75
Ancoragens ______________________________________________________________80
Ascensão________________________________________________________________86
Descensão_______________________________________________________________87
Progressão com Maca______________________________________________________88
Sistemas ________________________________________________________________92
Manobras________________________________________________________________95
Bibliografia________________________________________________________________ 101
Pg. 01 INC Espeleoresgate
Introdução
Nos últimos anos, vem aumentando significativamente o número de
pessoas que frequentam regiões remotas, de difícil acesso, localizadas nas
montanhas, matas, florestas, rios, cavernas e outras semelhantes. Estas
pessoas estão cada vez mais usufruindo destas áreas ao ar livre, seja para
simplesmente descansar, realizar pesquisas acadêmicas, ou para realizarem
atividades de turismo ou esportes de aventura. Com isto, cresceu bastante
também o número de ocorrências de acidentes que acontecem nestes locais.
Entretanto, para resgatar aqueles que se acidentam, ou se perdem,
nestas regiões de difícil acesso, é necessário dispor de equipes de busca e
salvamento bem treinadas, e com conhecimentos específicos. Que são
indispensáveis em salvamentos nestes ambientes naturais, nos quais as
condições para o resgate são adversas e hostis. Não que se devam encarar
os elementos naturais com uma espécie de rivalidade, numa postura
desafiadora contra as intempéries e obstáculos encontrados nestas áreas. A
natureza está ali, seguindo seu ciclo e, no máximo será indiferente à presença
humana. Talvez essa indiferença, por assim dizer, seja o traço mais
assustador da mãe natureza. Esteja a pessoa em desespero, ferida ou
transbordando de entusiasmo, a natureza estará ali, impassível, indiferente a
estas emoções. A tempestade não se afastará, e a temperatura não deixará
de continuar baixando, diante do grito agonizante de uma vítima.
Por isso, é absolutamente indispensável que os integrantes de equipes
de busca e salvamento em áreas remotas, estejam capacitados a negociar
com os elementos naturais. Não para lutar contra a natureza, mas sim para se
integrar a ela, tendo a resiliência necessária para se adaptar a esse contexto.
Pg. 02 INC Espeleoresgate
Uma equipe de socorristas acostumados a resgates na região urbana,
provavelmente terá bastante dificuldades se tiverem de realizar um
salvamento na mata, floresta, caverna, ou montanha.
Os conhecimentos de APH (atendimento pré-hospitalar), ou mesmo
mais básicos de primeiros socorros, terão pouca utilidade se os integrantes da
equipe não tiverem experiência em ambientes naturais. De nada adiantará
fazer a contenção de uma hemorragia, e uma imobilização padrão da vítima,
se os membros da equipe de busca e salvamento não tem habilidades em
montanha, e retardem, ou mesmo impossibilitem, a progressão da equipe para
a retirada da vítima.
Carregar uma maca montanha abaixo, ou mata adentro não é tarefa
fácil. A jornada será extenuante física e mentalmente, e desafiadora para os
menos experientes. Um resgate em altura (vertical) em uma estrutura
existente na cidade (como um prédio de vários andares) será bastante
diferente daquele realizado numa aresta montanhosa. A começar pela
constatação de que, geralmente, será inviável levar para uma área remota
toda a quantidade de equipamentos e ferragens que são utilizadas para um
resgate em altura em estruturas urbanas.
Literalmente, o resgatista de área remota terá que fazer mais com
menos. Terá que atuar dentro dos padrões de segurança, mesmo sem dispor
de todo o equipamento que seria o ideal, se comparado com um resgate
urbano.
Pg. 03 INC Espeleoresgate
Áreas Remotas
Mas, afinal, o que se deve entender por áreas remotas?
Não existe uma definição específica, e alguns cenários até dispensam
maiores considerações. Por exemplo, a região de floresta, ou de montanha,
inquestionavelmente são consideradas áreas remotas. Pois, dentro de um
senso comum daquilo que significa esta expressão, estas regiões estão
distantes dos centros urbanos, ou afastadas de locais habitados, e possuem
acesso difícil.
Mas existem outras situações que também podem ser alcançadas por
este conceito, e também serem consideradas áreas remotas, muito embora
não estejam distantes da civilização.
Pg. 04 INC Espeleoresgate
Espeleologia
OBJETIVOS:
Ao final desse módulo os participantes serão capazes de:
1. Conceituar Espeleologia;
2. Descrever as principais características de cavernas;
3. Identificar os Principais Parques de Cavernas no Brasil;
4. Conhecer a formação de Cavernas.
Conceito
Existe uma área do conhecimento que se preocupa com o estudo sobre
as cavernas, observando as condições de sua gênese e evolução no decorrer
do tempo. Além disso, os pesquisadores têm como preocupação ainda o meio
físico das cavernas, bem como as formas de vida que se desenvolvem ou se
utilizam destes ambientes.
Estes pesquisadores pensam ainda nas melhores formas da coleta de
dados, bem como nas formas para desenvolver um catálogo que possa ser
utilizado como base para pesquisas. A origem do termo Espeleologia vem do
latim, e significa spelaeum (caverna) e logos (estudo).
Vários campos da ciência se utilizam dos conhecimentos da
Espeleologia, como a Geologia, a Geografia, a Hidrologia, Biologia,
Arqueologia, Climatologia, e demais que tem como função a compreensão do
meio físico terrestre.
Pg. 05 INC Espeleoresgate
Cavernas
O termo caverna (do latim cavus, buraco) designa qualquer cavidade
natural em rocha com dimensões que permitam acesso a seres humanos.
Pode ser de vários tipos, conforme topografia, comprimento e forma.
Abrigo é uma cavidade de pequeno comprimento e grande abertura que
pode ser usada como guarita por animais ou pessoas.
 Toca é uma caverna com grande abertura, desenvolvimento horizontal
menor que 20 metros e uma única entrada. Costuma ser
predominantemente horizontal, sendo o desnível, quando presente,
pequeno.
 Gruta ou lapa é uma caverna também predominantemente horizontal,
mas com mais de 20 metros de comprimento. Pode ter desníveis
internos e salões. Geralmente tem mais de uma entrada, mas nem
sempre se pode atravessá-la de um lado ao outro.
 Fosso é uma caverna predominantemente vertical, com grande abertura
e desnível inferior a 10 metros.
 Abismo é uma caverna também predominantemente vertical, mas com
desnível maior que 10 metros.
Alguns autores só consideram caverna aquela cavidade natural com
mais de 20 metros de desenvolvimento horizontal ou mais de 10 metros de
desenvolvimento vertical. Assim, não consideram cavernas os abrigos, tocas e
fossos. Em algumas regiões do Brasil, utiliza-se o termo gruta para cavidades
com pelo menos duas entradas e caverna para aquelas com uma entrada só.
Origem
As cavernas formam-se principalmente por dissolução das rochas. Por
isso, são muito mais comuns em zonas de rochas carbonáticas, como
Pg. 06 INC Espeleoresgate
mármores e calcários. Embora a calcita, mineral que forma os calcários e
mármores, seja um carbonato de cálcio pouco solúvel em água, se essa água
absorver pequenas quantidades de dióxido de carbono formará ácido
carbônico.
Esse ácido é fraco, mas basta uma pequena quantidade dele para que
a água dissolva facilmente o carbonato de cálcio. Forma-se, assim, carbonato
ácido de cálcio (mais conhecido como bicarbonato de cálcio), que é solúvel e
vai embora com a água. Normalmente, o calcário é uma rocha com
abundantes fraturas. À medida que a água dissolve a rocha, vai alargando
essas aberturas e, com isso, mais água pode ali penetrar, de modo que o
processo tende a se acelerar cada vez mais.
Cavernas formam-se também em rochas ígneas e metamórficas, bem
como em geleiras, pela água proveniente da fusão do gelo e em recifes de
coral. Derrames de lava podem esfriar na porção superficial, mas continuar em
fusão no interior. Desse modo, a lava pode continuar fluindo e acabar
formando um túnel.
Morfologia
Em relação ao perfil do terreno, uma caverna pode ser:
 Predominantemente horizontal: desenvolvimento paralelo aos estratos
da rocha, com pequenos desníveis internos. Forma-se principalmente
por dissolução entre planos de estratificação.
 Inclinada: possui grandes desníveis, ocasionados pelo alargamento de
fendas inclinadas entre os planos de estratificação.
 Vertical: também formada pelo alargamento de fendas ou fraturas, mas
de direção vertical.
Pg. 07 INC Espeleoresgate
Em relação ao percurso (traçado em planta), uma caverna pode ser:
 De percurso linear: um único caminho, aproximadamente reto, de uma
entrada a outra ou até haver um estreitamento que impeça o avanço.
 Com meandros: um único caminho, que acompanha o curso de um rio
subterrâneo.
 Com múltiplas galerias: possui mais de um caminho e frequentemente
diversas saídas com bifurcações e, às vezes, sistemas complexos e
labirintos.
Algumas cavernas são complexas, com diversos níveis horizontais que
podem se interligar verticalmente através de trechos inclinados ou mesmo de
abismos internos. Alguns desses níveis podem estar inundados, enquanto os
níveis acima deles estão secos.
Dimensões
A extensão total de galerias de uma caverna pode atingir muitos
quilômetros e os desníveis, centenas de metros. As maiores cavernas do
mundo são Ozernaya (na Ucrânia, com 107 km) e o Sistema Mamooth Cave –
Flint Ridge (nos Estados Unidos, que tem nada menos que 492,4 km de
extensão total).
Ambientes
Uma caverna compreende basicamente dois tipos de ambientes:
 Galerias: constituem a maior parte dos seus caminhos internos. Podem
permitir caminhadas a pé ou, se forem baixas, exigir que se rasteje.
 Salões: espaços altos e largos, geralmente formados por
desabamentos internos ou fraturas. Podem ter até centenas de metros
de largura e altura.
Pg. 08 INC Espeleoresgate
Em algumas cavernas, como a Gruta de Maquiné (MG), a temperatura
é muito alta; em outras, como na Gruta da Tapagem (Caverna do Diabo), em
Eldorado (SP), ela é bem mais amena. Mas, mesmo onde a temperatura é alta
e a caverna é muito profunda, o ar costuma ser de boa qualidade. Há algumas
exceções, como aquelas cavernas ricas em matéria orgânica – que podem,
por isso, conter muito gás carbônico – e cavernas como a de Naica, no México
– que tem o ar perigosamente seco.
Espeleotemas
Chama-se de espeleotema uma formação rochosa originada pela
dissolução de minerais e sua recristalização em níveis inferiores no teto,
paredes e chão das cavernas. A substância mais comum nesse processo é o
carbonato de cálcio, que, ao recristalizar, forma os minerais calcita ou
aragonita, ambos com aquela composição química.
Se há também magnésio dissolvido, pode-se formar outro mineral, a
dolomita. Outros possíveis minerais formadores de espeleotemas são a gipsita
(sulfato hidratado de cálcio) e a malaquita (carbonato básico de cobre).
Como vimos no item "Origem", a água que penetra pelas paredes de
uma caverna traz bicarbonato de cálcio dissolvido. Ao entrar em contato com a
atmosfera da caverna, ela libera CO2, porque a concentração desse gás é
menor na atmosfera da caverna. Com isso, resta na água apenas calcita.
Sendo esse mineral pouco solúvel, deposita-se (precipita) e começa a formar-
se um depósito de carbonato de cálcio, o espeleotema. Se isso acontecer no
teto da caverna, surgirá provavelmente uma estalactite.
O tempo de formação de um espeleotema varia bastante. Vai depender
do volume de água envolvido, da velocidade de gotejamento, do teor de gás
carbônico na água, da temperatura, da altura do teto etc. Os espeleotemas
mais comuns são as estalactites, as estalagmites e as colunas.
Pg. 09 INC Espeleoresgate
 Estalactites: formam-se por gotejamento através de fendas ou furos no
teto. A água desce pela fenda ou furo e, ao chegar ao teto da caverna,
para em razão da tensão superficial, formando uma gota. Com isso, o
carbonato de cálcio precipita, como um anel em torno da gota. Quando
a gota fica grande o suficiente para cair, a água se vai e o carbonato de
cálcio fica aderido à rocha. O processo se repete continuamente e
assim vai surgindo a estalactite (do grego stalassein, que significa
pingar). Os anéis unem-se uns aos outros, formando tubos cilíndricos
com 2 a 9 mm de diâmetro interno e paredes com aproximadamente 0,5
mm de espessura. Esses tubos crescem rumo ao chão, de 6 a 25 mm
por século. A forma cônica surge pelo escorrimento da água pela parte
externa de suas paredes
Figura 1 – Nomenclatura Básica
Fonte: https://pt.slideshare.net – Paisagens Geológicas (2010)
Pg. 10 INC Espeleoresgate
 Estalagmites: formam-se de modo similar, a partir do sal que ainda ficou
na gota quando esta caiu no chão. A água evapora e ele precipita,
formando uma estrutura semelhante à estalactite, mas que cresce
debaixo para cima. A estalagmite costuma ser cilíndrica e com a ponta
arredondada. Pode ter mais de um metro de diâmetro e vários metros
de comprimento. Na maior parte dos casos, há uma estalagmite para
cada estalactite, mas as primeiras podem se juntar em maciços
estalagmíticos.
 Colunas: formam-se pela união de uma estalactite com uma
estalagmite.
 Escorrimentos: ao longo das paredes da caverna podem surgir outros
tipos de formação, que recebem nomes como órgãos, candelabros,
pingentes, discos, folhas e cascatas rochosas, dependendo da forma.
 Cortinas: interessante figura formada em tetos inclinados, onde a água,
em vez de pingar, escorre sempre pelo mesmo caminho, criando finas
paredes onduladas. Essas cortinas podem atingir o chão e se tornar
muito espessas e resistentes.
 Helictites e heligmites: espeleotemas espiralados que se formam em
tetos, paredes, no chão ou mesmo sobre outros espeleotemas, por
mecanismos não totalmente conhecidos e que, às vezes, lembram as
raízes de uma árvore.
 Flores: espeleotemas de aragonita, calcita ou gipsita, que se irradiam
em todas as direções, a partir de um ponto central ou de um eixo.
Algumas são esféricas como um dente de leão, outras lembram cachos
de flores ou flocos de algodão.
Pg. 11 INC Espeleoresgate
Flora e Fauna
O interior das cavernas é um habitat muito particular (chamado de
habitat cavernícola ou hipógeo), porque na maior parte das vezes é totalmente
escuro, exceto perto das entradas e em aberturas naturais causadas por
desmoronamento ou pela ação da água. Além disso, as variações de
temperatura são muito pequenas, a umidade do ar geralmente é elevada e
certos gases ocorrem em concentrações diferentes das registradas no
exterior.
A ausência de luz só permite o crescimento de vegetais que não
precisam efetuar a fotossíntese, como alguns fungos. Frutos e sementes
eventualmente encontrados são apenas aqueles trazidos pela água e por
animais, de modo que a flora cavernícola pode ser considerada inexistente,
exceto perto das entradas e de outras aberturas. No guano, depósito orgânico
formado pelas fezes dos morcegos pode viver alguns fungos e bactérias
capazes de alimentar insetos. Já a fauna é bem mais diversificada e mostra
notáveis adaptações ao habitat das cavernas. Há três grupos de animais,
classificados de acordo com seus hábitos.
 Troglóxenos: são animais que utilizam a caverna apenas para abrigo,
reprodução ou alimentação. Servem como exemplo mamíferos, dos
quais os mais importantes são os morcegos (na figura à esquerda,
morcego da espécie desmodus rotundus, um dos mais conhecidos
habitantes das cavernas), e aves como andorinhões e corujas. Os
animais troglóxenos costumam viver perto das entradas da caverna.
Pg. 12 INC Espeleoresgate
 Troglófilos: é aqueles que podem viver toda sua vida tanto dentro
quanto fora da caverna, embora não possuam órgãos especializados. O
grupo inclui alguns crustáceos, aracnídeos e insetos, tais como grilos,
besouros, baratas, aranhas e piolhos de cobra.
 Troglóbios: animais totalmente adaptados à vida dentro das cavernas. A
maioria não possui pigmentação e pode ter os olhos atrofiados ou
mesmo ausentes, já que se tornam inúteis na total escuridão que ali
reina. A ausência de visão é compensada por olfato muito apurado e
antenas longas e numerosas, usadas como órgãos do tato.
Os troglóbios têm populações pequenas e baixa tolerância a variações
ambientais. Sua sobrevivência está, portanto, permanentemente ameaçada,
inclusive pela presença dos turistas que visitam as cavernas. Entre esses
animais há diversos tipos de peixes, como o bagre-cego de cor rosada,
insetos, crustáceos, anelídeos e aracnídeos.
Cavernas no Brasil
Os estudos sobre cavernas
no Brasil são relativamente
recentes, sendo que apenas em
1971 é que um método de
catalogação é efetivamente
adotado pela recém-criada
Sociedade Brasileira de
Espeleologia em 1969. Esse
sistema de numeração das
cavernas foi elaborado em ordem
cronológica da descoberta de cada
uma das cavidades.
Figura 2 – Mapa com as principais litologias
Fonte: www.icmbio.gov.br/cecav - (2015)
Pg. 13 INC Espeleoresgate
Figura 2 - Mapa mostrando as principais litologias que apresentam
cavernas. Rochas carbonáticas estão representadas em negro. Rochas
quartzíticas estão representadas em laranja. Áreas carbonáticas de pequena
extensão estão representadas por triângulos. Outras litologias que apresentam
cavernas estão representadas por quadrados. Áreas de minério de ferro que
apresentam cavernas estão representadas por estrelas vermelhas. onde se
conhecem cavernas (quadrados). As regiões areníticas, apesar de
apresentarem considerável potencial espeleológico, tendem a não apresentar
conflitos em relação à atividade minerária, não estando representadas na
figura. Áreas em minério de ferro estão representadas por estrelas vermelhas.
A caverna mais visitada
O Brasil possui várias cavernas importantes, as quais são
amplamente visitadas por turistas e pesquisadores. Uma das
mais importantes é a “Caverna do Diabo” na cidade de Eldorado
em São Paulo, essa região é a que abriga a maior quantidade de
cavernas da América do Sul. Essa caverna é uma das que mais
recebe turistas dentre as cavernas brasileiras.
A maior caverna
Outra caverna de destaque no Brasil é
a “Toca da Boa Vista”, em Campo Formoso
na Bahia. Essa caverna é a maior do Brasil,
contando com uma extensão de 107000
metros. A caverna em questão é também a
maior conhecida em toda a América do Sul.
Imagem 1 – Caverna do Diabo
Fonte: www.estudopratico.com.br/ cavernas-brasileiras (2017)
Imagem 2 – Toca da Boa Vista
Fonte: www.estudopratico.com.br/ cavernas-brasileiras (2017)
Pg. 14 INC Espeleoresgate
A caverna mais bela
Uma das mais belas cavernas brasileiras é o “Poço Azul” na
região da Chapada Diamantina, na cidade de Nova Redenção.
Essa caverna é uma gruta de águas cristalinas, na qual são
possíveis mergulhos por parte dos visitantes.
A caverna mais profunda
A caverna mais profunda do Brasil é
a “Gruta do Centenário”, onde fica o Pico
do Inficionado (2.068 m de altitude), na
Serra da Caraça, em Minas Gerais. Esta é
a maior e mais profunda caverna quartzítica
do mundo. Essa gruta possui um desnível
de 481 metros.
O estado com mais cavernas registradas
A quantidade de cavernas descobertas no Brasil tem aumentado em um
ritmo muito rápido, especialmente por conta dos avanços tecnológicos e da
catalogação formas destes elementos naturais.
Estima-se que o Brasil tenha mais de 16,4 mil cavernas conhecidas e
catalogadas, embora os pesquisadores acreditem que exista uma quantidade
imensa de cavernas ainda não conhecidas no território brasileiro.
Fonte: www.estudopratico.com.br/ cavernas-brasileiras (2017)
Fonte: www.estudopratico.com.br/ cavernas-brasileiras (2017)
Imagem 3 – Poço Azul
Imagem 4 – Gruta Centenário
Pg. 15 INC Espeleoresgate
Segundo o Ministério do Meio Ambiente, o Brasil passou de 4,4 mil
cavernas catalogadas até 2004 para 16,4 mil registradas até 2017, sendo que
Minas Gerais é o estado com maior quantidade de cavernas registradas.
Mas apenas uma pequena parte delas já foi explorada, catalogada e
mapeada por espeleólogos. Os sistemas de cavernas documentadas são
muito frequentes nos países onde a espeleologia e as explorações turísticas
ou esportivas são mais populares, como nos Estados Unidos da América,
França, Itália e reino Unido.
O Brasil é pioneiro no cadastro e gerenciamento de cavernas na
América Latina. A distribuição conhecida de cavernas tende a mudar muito, à
medida que a exploração de áreas cársticas por espeleólogos evolui.
 Região Norte 1.526
AC / AM / AP / PA / RO / RR / TO
 Região Nordeste 1.483
AL / BA / CE / MA / PB / PE / PI / RN / SE
 Região Centro-Oeste 1.147
DF / GO / MS / MT
 Região Sudeste 3.001
ES / MG / RJ / SP
 Região Sul 460
PR / SC / RS
Figura 3 – Cavernas do Brasil
Fonte: www.sbe.com.br (2018)
Pg. 16 INC Espeleoresgate
Cavernas no Sul do Brasil
Entre os três estados sulistas, o Paraná se destaca pela presença com
mais de três centenas de cavernas, entre as quais a principal é a Gruta de
Lancinhas (PR-6). Também merecem referências as Grutas de Bacaetava, do
Varzeão e o conjunto Jesuítas/Fadas, no Parque Estadual de Campinhos e as
Cavernas de Botuverá em Santa Catarina.
Gruta Botuverá
As Grutas de Botuverá ficam na localidade de Ourinho, a
15 km do centro de Botuverá/SC possuem, aproximadamente,
1200 metros de extensão e é composta por vários espeleotemas
e passagens distribuídas em labirintos e salões. A partir de 1998,
a Prefeitura Municipal de Botuverá, com o apoio do Fundo
Nacional do Meio Ambiente e assessorada pelo Grupo de
Estudos Espeleológicos Açungui (GEEP), iniciou diversos
estudos para a elaboração e implantação do Plano de Manejo do
Patrimônio Espeleológico.
Gruta de Lancinha
Na parte setentrional do primeiro planalto, a cerca de 30 km de
Curitiba/PR, situa-se a região montanhosa do Açungui, batizada desse modo
por ter sido seu relevo entalhado pelo rio
assim denominado. É nessa área que se da a
ocorrência de numerosas cavernas,
mergulhadas em rochas dolomíticas,
compondo uma sub-região geologicamente
classificada como formação Votuverava do
Grupo Açungui.
Imagem 5 – Gruta de Botuverá
Fonte: www.botuvera.sc.gov.br (2018)
Imagem 6 – Gruta de Lancinhas
Fonte: https://conservacaobrasil.wordpress.com
Pg. 17 INC Espeleoresgate
Destacam-se bela beleza das estalactites e pelas dimensões de seus
interiores as Grutas de Itapiciruçu, a das
Fadas e a de Lancinha, esta gruta calcária e o
mais importante bem espeleológico registrado
no estado do Paraná. Aproximadamente um
quarto de sua extensão, estimada em 1700
metros, é percorrido pelo ribeirão Lancinha,
que contribui para a formação de remansos de
água cristalina.
GEEP - Açungui
Em 27 de março de 1986 foi fundado em Curitiba o “Grupo de Estudos
Espeleológicos do Paraná” (GEEP-AÇUNGUI) a partir da iniciativa de
estudantes da Universidade Federal do Paraná. A fundação do grupo teve
apoio do Departamento de Geografia desta universidade, assim como do
Museu Paranaense e da Fundação Rondon.
Desde sua origem, o grupo vem desenvolvendo um trabalho de
levantamento, pesquisa científica, divulgação e preservação das cavidades
naturais e seu entorno físico, reunindo pessoas e entidades interessadas nas
atividades e ciências correlatas a espeleologia.
Aquifero Karst
O termo Karst (ou Carste) tem origem na antiga Iugoslávia e
significa campo de pedras calcárias. Foi empregado inicialmente para
designar a morfologia dos terrenos sobre formações calcárias, onde
ocorrem cavernas, dolinas, rios subterrâneos e outras características
derivadas da dissolução natural das rochas carbonáticas destas regiões.
Figura 4 – Gruta de Lancinhas
Fonte: cavernas.org.br
Figura 5 – Karst
Fonte: mineropar.pr.gov.br (2010)
Pg. 18 INC Espeleoresgate
A abundância de rochas calcárias nas formações geológicas do Paraná,
principalmente na Região Metropolitana de Curitiba, implica na necessidade
de conhecimento detalhado de sua distribuição pelos problemas relacionados
à ocupação urbana, principalmente os riscos de afundamentos e colapsos
de solo, além do interesse nas reservas de água nelas contidas (aquífero
Karst). Na foto a seguir observa-se um afloramento das rochas calcárias com
a dissolução característica formando cavidades e cavernas.
O reconhecimento da problemática do Karst em face da ocupação
urbana deriva das tentativas da Sanepar de explorar o aquífero, a partir dos
anos 90, para atender com água subterrânea parte da Região Metropolitana
de Curitiba. Em meados dos anos 90, a Mineropar iniciou projetos de
mapeamento na escala 1:20.000 em convênio com a Comec – Coordenação
da Região Metropolitana de Curitiba, cobrindo parte dos municípios de
Colombo, Almirante Tamandaré, Campo Magro, Campo Largo, Bocaiúva do
Sul e Rio Branco do Sul (ver projetos de mapeamento do Convênio Comec –
Mineropar). Nestes trabalhos com enfoque geológico e geotécnico, realizados
para fins de planejamento urbano, foram identificados os riscos potenciais
inerentes ao Karst.
 Área de Afloramento da Unidade
Figura 6 – Aquifero Karst
Fonte: mineropar.pr.gov.br (2010)
Pg. 19 INC Espeleoresgate
Mais recentemente a Mineropar participou de uma comissão de
delimitação do aqüífero Karst, para fins de ordenamento territorial da área
principal, onde existe intensa atividade mineral, expansão urbana acelerada e
extração de água pela Sanepar. Destes trabalhos resultaram produtos
cartográfico como o mapa de áreas de influência do Karst, na escala 1:50.000
(Mapa de Áreas Influência Karst 50000 2007.pdf). Este mapa considera a
atividade de mineração, industrialização da cal e calcário agrícola, os
perímetros urbanos, as dolinas, cavernas e unidades de conservação, fontes
naturais, poços de água subterrânea e os afundamentos kársticos registrados.
Pg. 20 INC Espeleoresgate
Princípios de Atuação
OBJETIVOS:
Ao final desse módulo os participantes serão capazes de:
1. Conceituar Atuação;
2. Descrever Ciclo de Operações;
Considerações
A preparação de uma equipe de salvamento deve envolver algo mais
do que uma simples habilidade de realizar uma descida de rapel, ou um
simples deslocamento com maca, mas deve englobar o conhecimento da
doutrina de salvamento, aprendizagem das rotinas, estabelecimento de uma
capacidade decisória e o desenvolvimento da capacidade para trabalhar em
equipe.
Conceito
Salvamento é uma atividade desenvolvida para localizar, acessar,
estabilizar e transportar vítimas mediante o emprego de técnicas, com base
em normas de seguranças e procedimentos específicos.
Para que se complete da forma mais rápida e segura possível, alguns
princípios de atuação devem ser utilizados em todas as operações de
salvamento.
Pg. 21 INC Espeleoresgate
Sistema de Comando de Incidentes - SCI
Como as operações de salvamento, pode envolver múltiplas equipes e
até múltiplas agências, é importante que elas sejam gerenciadas utilizando um
SCI pré-estabelecido para permitir o emprego seguro e racional dos recursos
envolvidos. No CBPMPR o sistema preconizado é baseado no Incident
Command System norte-americano.
Procedimentos Operacionais Padronizados - POP
Todas as unidades operacionais devem possuir procedimentos
padronizados para as principais atividades. As POP’s estabelecem as
estratégias, táticas e técnicas a serem utilizadas na operação, principalmente
nos momentos iniciais, garantindo a rapidez no desdobramento das ações
preparatórias da operação, e na sequencia a ser seguida. Uma POP não pode
ser absoluta na cena, nem tem por objetivo substituir a avaliação e a
experiência do Comandante do Incidente.
Abordagem Integrada
Uma das formas de se reduzir o tempo perdido na operação é o uso de
abordagem em equipe do problema. O pré-planejamento, a pré-designação de
responsabilidades e treinamento constante das atividades desempenhadas em
uma operação, aumentando a capacidade de resposta rápida e eficiente da
equipe. Na abordagem em equipe cada elemento deve ter uma tarefa
previamente designada e treinada, a fim de que múltiplas tarefas sejam
desempenhadas de forma sequencial, lógica e, quando possível, simultâneas.
Pg. 22 INC Espeleoresgate
Ciclo Operacional
A Operação pode ser organizada em 4 fases, cada uma delas
igualmente importante para o sucesso da operação.
Prontidão
Acionamento
Resposta
Finalização
Prontidão
Esta fase inicia-se antes mesmo do acidente propriamente dito, inclui
todas as medidas com o objetivo de que os recursos estejam preparados para
qualquer acionamento. Nesta fase é preciso que estejam prontos:
 Pessoal;
 Material;
 Técnicas; e
 Planejamento.
Acionamento
Uma vez que há necessidade de intervenção de uma equipe, o
acionamento dos recursos de prontidão inclui:
 Obtenção das informações necessárias;
 Despacho de recursos compatíveis; e
 Orientações preliminares ao solicitante.
Resposta
Com os recursos deslocados à cena do incidente é iniciada a fase de
resposta, em que são implementadas as ações de salvamento propriamente
ditas, rotina de salvamento. Esta deve seguir uma sequencia pré-estabelecida:
Pg. 23 INC Espeleoresgate
 Estabelecer o comando;
 Dimensionar a cena;
 Gerenciar os riscos;
 Obter acesso à(s) vítima(s);
 Avaliação inicial e estabilização da(s) vítima(s);
 Remover a vítima do local de risco;
 Transportar e/ou evacuação.
Finalização
São tomadas as medidas necessárias para que os recursos
empregados retornem à situação de prontidão, fechando o ciclo operacional.
Uma especial atenção deverá ser dada durante a inspeção nos materiais e
equipamentos utilizados, já que poderá ter sofrido alguma avaria durante a
operação.
Com os recursos empregados na situação de prontidão, o comandante
deverá reunir a equipe para discutir os pontos positivos e a melhorar da
operação, onde ocorre um aprendizado muito grande por parte da equipe com
a discussão desses pontos.
Pg. 24 INC Espeleoresgate
Espeleoresgate
OBJETIVOS:
Ao final desse módulo os participantes serão capazes de :
1. Conceituar Espeleoresgate;
2. Descrever as Normas Reguladoras;
3. Identificar Riscos e Perigos;
4. Identificar as Emergências e Distúrbios Fisiológicos em Áreas Remotas.
Conceito
Os resgatistas envolvidos em um resgate subterrâneo são os que
anteriormente dominem as técnicas de progressão, instalação, auto-socorro e
primeira intervenção em acidentes e que receberam treinamento específico
como espeleosocorristas. Entre eles, alguns se especializam em áreas
específicas, como medicina, desobstrução, comunicações ou mergulho em
cavernas. Esta última disciplina é particularmente difícil e arriscada, como
ficou evidente na operação de resgate da caverna de Tham
Luang na Tailândia.
A maioria dos espeleossocorristas são voluntários, embora também
existam alguns profissionais: os pertencentes aos grupos de resgate das
forças armadas e bombeiros.
Os resgates de cavidades são muito poucos, comparados com aqueles
feitos na superfície (acidentes de montanha, por exemplo). No entanto, a
Pg. 25 INC Espeleoresgate
implantação logística necessária para resolvê-los requer a mobilização de um
grande número de pessoas e geralmente têm grande cobertura da mídia.
Em geral, os resgates subterrâneos são gerenciados principalmente por
estruturas locais de resposta a emergências. Após a verificação dos técnicos,
é avaliado se o resgate é solucionável com os meios disponíveis (a maioria
dos acidentes espeleológicos é sobre pessoas que caíram acidentalmente em
um buraco). Se este não for o caso, porque o acidente ocorreu em um setor
mais profundo da cavidade, se houver alguma dificuldade adicional, não é
incomum recorrer à ajuda dos grupos de espeleoresgate dos territórios
vizinhos.
Operacionalmente, a atividade dos grupos é controlada a partir de um
Posto de Comando (PC), instalado no local mais próximo da cavidade. Na
entrada da mesma, que serve como uma ligação entre o PC (rádio) e os
resgatistas na cavidade. Dentro da caverna, os resgatistas atuam em grupos
de 6-8 pessoas, sob as ordens de um líder de equipe. Cada equipe está
localizada em uma seção específica da cavidade, encarregando-se de instalar
o material necessário para sanar cada uma das dificuldades que apresenta
(tirolesa, contrapeso...).
Um resgate pode durar vários dias. Portanto, do PC, cada um dos
socorristas é controlado para saber onde estão quantas horas estiveram
trabalhando e quando descansar. Em espeleoresgate respeitar a regra de que
tão importante quanto levar os feridos é que não haja mais acidente.
Pg. 26 INC Espeleoresgate
Norma Regulamentadora nº 9
O Ministério do Trabalho e Emprego estabelece a obrigatoriedade da
elaboração do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA por
parte de todos os empregadores.
A seguir, a descrição detalhada de cada uma das categorias:
Riscos Físicos – São aqueles que se referem às características físicas
do ambiente, ligadas a fontes de energia, como por exemplo, vibrações, ruídos
excessivos, temperatura extrema, pressão anormal, radiação, tanto nas
formas ionizantes quanto não-ionizantes e alterações sonoras, como o ultra
som e o infra som.
Riscos Químicos – São os produtos, substâncias ou ainda compostos
químicos que estão sujeitos a absorção por parte do organismo, seja através
do contato direto, pelas vias respiratórias ou ainda ingeridos, como gases ou
vapores, névoas, fumaça ou poeira.
Riscos Biológicos – São as diferentes formas de micro-organismos aos
quais os colaboradores possam estar expostos, e cujo contato se dá através
da pele, da ingestão ou ainda pelas vias respiratórias, como fungos, bactérias,
protozoários, vírus ou parasitas.
Riscos Ergonômicos – São os riscos de natureza física ou psicológica,
causados pela não adequação do ambiente de trabalho às limitações
fisiológicas dos indivíduos, como sobrecarga de peso, intenso esforço físico,
postura inadequada, jornada excessiva de trabalho, exigência de
produtividade desproporcional, trabalho noturno, repetição de movimentos,
entre outros fatores que causam estresse físico ou mental.
Pg. 27 INC Espeleoresgate
Risco de Acidentes ou Mecânicos – São os agentes de riscos
relacionados a máquinas, equipamentos e outros elementos que podem
causar dano e a através da incidência de acidentes de trabalho. Dentre eles,
ausência de equipamento de proteção, ferramentas com defeito ou
inadequadas, risco de explosão ou incêndio, luminosidade inadequada,
armazenamento e estocagem inadequados, animais peçonhentos, entre
outros fatores que aumentem o risco de acidentes.
Riscos e Perigos
Quedas – O relevo do carste, galerias e formações no interior de
cavernas exigem cuidados na caminhada. Em qualquer das atividades dentro
e fora da caverna, bem como nos trajetos de entrada e retorno, há
possibilidade de quedas que podem causar lesões musculares, fraturas,
traumatismos e até a morte. Sempre que haja risco associado a altura, cordas
e técnicas verticais devem ser utilizadas para evitar quedas perigosas.
Envenenamento – Nas proximidades e interior de algumas cavernas é
possível encontrar animais peçonhentos como cobras, escorpiões e aranhas.
O uso de botas e roupas que protejam pernas e braços minimiza o risco de
envenenamento. Caso algum membro do grupo tenha sido atacado, deve-se
procurar imediatamente o hospital mais próximo. Se possível, o animal deve
ser levado para facilitar a identificação da espécie e o soro mais adequado.
Doenças- A doença mais comum que pode ser adquirida em cavernas
é a hidrofobia (raiva), transmitida por morcegos. Embora eles não costumem
atacar diretamente as pessoas, é possível o contato acidental com unhas e
dentes dos morcegos quando eles voam ao entrar e sair das grutas . Outra
doença possível é a histoplasmose, doença adquirida pela inalação dos
Pg. 28 INC Espeleoresgate
esporos do fungo Histoplasma capsulatum presente no guano de morcegos. É
uma doença oportunista que só ataca pessoas com baixa resistência, por isso
é recomendável a utilização de máscaras em áreas propícias à presença do
fungo.
Hipotermia – A permanência prolongada em ambientes inundados ou
com baixas temperaturas, associada ao cansaço, pode levar à hipotermia,
condição perigosa que se não tiver os cuidados adequados pode provocar
choque circulatório, inconsciência e até a morte A hipotermia não tratada a
tempo pode provocar lesões e sequelas neurológicas por insuficiência
circulatória. Para evitá-la, os exploradores devem levar roupas impermeáveis,
de secamento rápido, agasalhos e roupas secas. O aquecimento com
cobertores ou banhos quentes e o uso de bebidas quentes é a forma mais
eficiente de tratamento precoce. Ao contrário da crença popular, o uso de
bebidas alcoólicas é desaconselhado e pode até piorar o quadro.
Afogamento – Risco em cavernas inundadas, travessias de rios
subterrâneos ou superficiais ou durante a prática de mergulho. O uso de
coletes salva-vidas por pessoas que não saibam nadar é recomendável.
Prevenção de Riscos
A prevenção de risco tem se tornado um assunto cada vez mais
presente no dia a dia das empresas civis e organizações militares.
Acompanhando esses acontecimentos, o resgatista não poderia deixar de
evoluir no sentido de aprimorar ainda mais seus procedimentos de segurança.
Pg. 29 INC Espeleoresgate
Este aperfeiçoamento no conduziu a dois focos principais na
busca da segurança ideal: a conscientização do operador e a assimilação dos
conhecimentos técnicos inerentes à atividade de risco.
Prevenção de Acidentes – A atividade de montanha sempre envolverá
os riscos inerentes ao ambiente em que é desenvolvida e cabe a todo
resgatista buscar minimizar a possibilidade da ocorrência de acidentes.
Define-se como acidente o resultado de uma cadeia de eventos
insatisfatórios ou de deficiências. O acidente nunca é um fato isolado e
inevitável, mas sim, o resultado de uma série de fatores que se somaram.
É importante deixar claro que todas as missões podem e devem
ser realizadas sem sacrificar a segurança, não se constituindo a prevenção de
acidentes um fator impeditivo. Devemos buscar o modo mais eficiente e
seguro para assegurar o cumprimento da missão. Todos nós temos limites, e
esses limites não podem ser ignorados. A conscientização dessas limitações
inerentes ao homem certamente ajudará o indivíduo a tomar decisões seguras
e sensatas, evitando acidentes.
A investigação de um acidente exige uma linha completa lisura e
transparência, pois não tem por objetivos a identificação de culpados, mas a
descoberta de falhas e deficiências com vista a adoção de medidas corretivas
e preventivas requeridas. Eventuais aspectos disciplinares ou criminais devem
ser apurados por sindicâncias ou Inquérito Policial Militar, independentes da
investigação dos fatores contribuintes do acidente. O propósito da
investigação de acidentes ou incidentes ocorridos em operações deve ser
unicamente a prevenção, não visando apuração de responsabilidades ou
determinação de culpados.
Pg. 30 INC Espeleoresgate
Existem alguns princípios da prevenção de acidentes, baseada
na experiência acumulada, que são relativamente imutáveis e que foram
deduzidos da persistência da ocorrência. Dentre eles citamos alguns:
Todos os acidentes podem e devem ser evitados;
 Um acidente não é isolado, mas uma somatória de eventos
causadores, chamados Fatores Contribuintes;
 Prevenção de acidentes é tarefa de todos, só produzindo
benefícios sob forma de mobilização geral;
 Acusações e punições agem diretamente contra os interesses da
prevenção, já que esta atividade não apura responsabilidades ou
julgar culpados, mas o relato de experiências a fim de que outros
possam utilizá-las;
 A prevenção de acidentes tem como meta a conservação da
capacidade operacional, pela manutenção dos recursos vitais de
pessoal e material.
 A ampla divulgação deve ser dada a todo acidente ou incidente,
para que outros possam ser evitar a sequência de eventos que
culminaram com o fato.
Socorro de Emergência e Distúrbios Fisiológicos em Áreas
Remotas
As atividades práticas de escalada em rocha, rapel, caminhada em
trilhas em cavernas, matas, florestas e montanhas possuem alto potencial de
risco. Praticá-las, em qualquer uma de suas modalidades, implica assumir o
risco de ocorrência de acidentes. Os riscos envolvidos nas atividades,
especialmente na escalada em rocha, no montanhismo e nos deslocamentos
em ambiente de cavernas, matas, florestas e montanhas, incluem:
Pg. 31 INC Espeleoresgate
 Ataques de animais, incluindo os peçonhentos, tais como:
cobras, aranhas, escorpiões, insetos, abelhas e marimbondos,
podendo causar alergias e outras reações;
 Exposição a condições meteorológicas desfavoráveis e
adversas, tais como: frio, calor extremo, tempestades, chuva,
vento forte, deslizamentos, trombas d’água, raios, e às
consequências diretas dessas condições, por exemplo:
insolação, hipertermia, hipotermia, exaustão, desidratação,
hipoglicemia, rabdomiólise, dentre outras;
 Realização de atividades em terrenos escorregadios, instáveis,
expostos e de grande altura;
 Quedas de objetos: pedras, galhos, equipamentos, entre outros;
 Falha dos equipamentos e das proteções fixas ou móveis por
mau uso, má colocação, desgaste, degradação das condições do
material, ou quaisquer outras razões;
 Comportamentos inadequados, inapropriados, negligentes ou
imprudentes, de outras pessoas ou seu próprio, que colocam em
risco a segurança e a vida de todos os participantes das
atividades;
 Perigos subjetivos, tais como: medo, erro de julgamento, falha na
avaliação dos riscos, cansaço, entre outros;
 Torções, luxações, arranhões, fraturas de ossos e lesões em
geral;
 Estresse físico e psicológico;
 Quedas e impactos;
Sendo assim, as atividades dependem de preparo físico, psicológico e
também do conhecimento adequado das diversas técnicas; do uso de
Pg. 32 INC Espeleoresgate
equipamentos de segurança específicos, da adequada manutenção dos
mesmos, e da avaliação dos riscos acima.
Traumas
O pronto atendimento de vítima de trauma em áreas remotas tem
por objetivos manter os sinais vitais, realizar imobilizações, conter
sangramentos e estabilizar o quadro para que se possa fazer a extração da
vítima até um local para tratamento mais adequado em um hospital.
É importante termos em mente que não devemos agravar o
trauma da vítima, portanto o emprego de imobilizações e transporte adequado
deve fazer parte dos nossos recursos por mais dificultosos que sejam o seu
emprego.
Prioridades de Atendimento
Prioridades principais
a) Parada cardiorrespiratória;
b) Parada respiratória;
c) Obstrução respiratória;
d) Trauma crânio encefálico;
e) Trauma de tórax;
f) Trauma de abdômen;
g) Grandes hemorragias.
Prioridades secundárias
a) Traumas de coluna;
b) Trauma de região Ilíaca;
c) Grandes queimaduras;
d) Fraturas de Fêmur.
Prioridades terciárias
a) Ferimentos;
b) Fraturas de extremidades;
c) Queimaduras leves.
Pg. 33 INC Espeleoresgate
Hemorragias
É o extravasamento de sangue dos vasos sanguíneos através da
ruptura de suas paredes. Pode ser do tipo externa ou interna.
Externa: visível, pois o sangue extravasa para o ambiente.
Interna: não visível, pois o sangue extravasa para o interior do próprio
corpo, dentro dos tecidos ou cavidades naturais.
Sinais e Sintomas
A hemorragia externa, por ser visível, é facilmente identificada. A
hemorragia interna pode desencadear o choque hipovolêmico, sem que o
resgatista identifique o local da perda de sangue. Numa fratura de fêmur perde
se facilmente 1 litro de sangue, que fica confinado entre os tecidos moles da
coxa, ao redor da fratura. As evidências mais comuns de sangramento interno
são áreas extensas de contusão na superfície corpórea.
Sinais que sugerem hemorragia severa:
 Pulso fraco e rápido
 Pele fria e úmida
 Pupilas dilatadas com reação lenta à luz
 Queda de pressão arterial
 Ansiosidade, e sede
 Náusea e vomito
 Respiração rápida e profunda
 Perda de consciência e parada respiratória
 Choque
Pg. 34 INC Espeleoresgate
Fraturas e Luxações
Lesão óssea de origem traumática, produzida por trauma direto ou
indireto, de alta ou baixa energia. Pode ser do tipo incompleta ou completa,
fechada ou exposta.
Incompleta: Ocorre a lesão, mas não rompe a continuidade óssea; tipo
de ocorrência comum em crianças.
Completa: os fragmentos ósseos perdem a continuidade, ficando
desviados ou não, o manuseio destas fraturas deve ser cuidadoso e técnico,
para evitar lesões em tecidos vizinhos.
Fechada: fratura continua protegida por partes moles e com pele
integra.
Aberta ou Exposta; o foco da fratura encontra se em contato com o
meio externo, estas fraturas são sempre contaminadas, variando o grau de
contaminação. A fratura exposta é uma situação de urgência.
Sinais e Sintomas:
 Dor, sempre haverá dor no local da fratura, sendo aliviada por
manobras de tração, alinhamento e imobilização;
 Aumento de volume, devido a lesão de tecidos moles vizinhos a
fratura, produzindo edemas;
 Deformidade, o segmento fraturado apresenta angulações,
rotações e encurtamentos evidentes a observação;
Pg. 35 INC Espeleoresgate
 Impotência funcional, a fratura impede ou dificulta os
movimentos;
 Crepitação óssea, sensação audível e palpável causada pelo
atrito entre os fragmentos ósseos.
Fratura de Crânio
As Fraturas são comuns, mas nem sempre associadas à lesão cerebral,
no entanto podemos ter uma lesão cerebral sem fratura. Devemos sempre
observar o quadro da vítima.
Reconhecimento:
 Ferimento extenso ou profundo na cabeça;
 Hematoma em pálpebras;
 Pupilas anisocóricas (desiguais);
 Sinais de Battle (arroxeado atrás da orelha);
 Perda de liquor pelo nariz;
 Alterações de pulso e pressão arterial.
Luxações
É a perda de congruência articular da função da articulação
correspondente, ocorrem mais comumente em articulações móveis como:
ombro, quadril, dedos da mão, punhos tornozelos. Os sinais e sintomas são
muito parecidos com os de fraturas, no entanto a manipulação cabe
exclusivamente a um médico, manobras inadequadas podem agravar a lesão
já existente e produzir dano adicional à região afetada.
Pg. 36 INC Espeleoresgate
No atendimento, a imobilização deve ser na posição de deformidade,
buscando oferecer o máximo de conforto a vítima.
Trauma de Coluna
Também chamado Traumatismo Raquimedular (TRM), resgatistas
devem estar conscientes de que a manipulação, movimentos e imobilização
inadequados podem causar danos irreversíveis de coluna.
Reconhecimento:
 Identificar o mecanismo da lesão;
 Ausência de reflexos;
 Priapismo (ereção peniana);
 Disfunção autonômica (perda de controle do esfíncteres)
 Déficit de força muscular ou paralisia uni ou bilateral abaixo da
lesão.
Movimentação de Suspeita de Lesão de Coluna
Toda vítima de trauma deve ser manuseada com máximo de cuidado, a
fim de não agravar suas lesões. Isto é de extrema importância nas vítimas
com suspeita de lesão de coluna vertebral.
Considerando que esta vítima precisa ser movimentada do local para
uma maca de transporte, é obvio que haverá manejo do acidentado,
colocando em risco a integridade da medula espinhal, portanto a
movimentação de vítima de suspeita de lesão deve ser criteriosa e
coordenada.
Pg. 37 INC Espeleoresgate
Queimaduras
Queimadura é a lesão na pele provocada geralmente pelo calor, mas
também pode ser provocada pelo frio, pela eletricidade, por certos produtos
químicos, por radiações e até fricções. A pele pode ser destruída parcialmente
ou totalmente, atingindo desde pelos até músculos e ossos.
A queimadura de 1º grau atinge a camada mais superficial da pele, a
epiderme, e se traduz como uma lesão vermelha, quente e dolorosa. A
queimadura solar é um exemplo.
A queimadura de 2º grau superficial gera bolhas e muita dor; já a
profunda e menos dolorosa, a base da bolha é branca e seca. Pode gerar
repercussões sistêmicas e causar cicatrizes.
A queimadura de 3º grau é indolor, acomete todas as camadas da pele,
podendo chegar até aos ossos e gerar sérias deformidades. Na maioria das
vezes, há necessidade de internação hospitalar, pois geralmente ocorrem
manifestações sistêmicas, como desequilíbrio acentuado dos níveis de sódio,
potássio e/ou cálcio, e desidratação; necessidade de retirada de tecidos
necrosados, partículas estranhas na ferida; e até realizar enxertia.
Fonte: Acervo CBPMPR/GOST
Imagem 7: Queimadura
Mecânica Química
Pg. 38 INC Espeleoresgate
Emergências Produzidas pelo Frio Ambiental
Temperaturas próximas ou abaixo do ponto de congelamento podem
produzir isquemia tecidual, congelamento e, lesões de tecido. As áreas mais
afetadas são: dedos, mãos, pés, face e orelhas. A pele se apresenta
acinzentada e fria, a vítima se queixa de dor ou amortecimento local; lesões
profundas deixam a pele como cera; a dor cessa devido a lesões em tecido
nervoso. Lesões superficiais podem ser tratadas com reaquecimento já as
profundas em ambiente hospitalar.
Hipotermia
Hipotermia é o resfriamento generalizado do organismo, que ocorre
pela exposição a baixas temperaturas. A transferência de calor corporal é 25
vezes mais rápida em meio líquido que no ar; daí da hipotermia se
desenvolver mais rapidamente em pessoas imersas em rios ou molhadas em
ambiente frio. Por isso devemos o mais rápido possível remover a vítima
dessas condições.
Avaliação
TEMPERATURA SINTOMAS
35º a 32º C Presença de tremores, sente frio, respostas verbais e motoras lentas, pele pálida e fria.
32º a 28º C Cessam os tremores e diminui o nível de consciência, queda de pressão arterial, sem pulso periférico e
lento, diminui frequência respiratória, dilatação de pupilas.
28º a 25º C Redução considerável de dados vitais, vitima pode apresentar coma, aparentemente morta.
Abaixo de 25º C Geralmente sobrevém a morte.
Tabela 1: Hipotermia
Fonte: Acervo CBPMPR/GOST
Pg. 39 INC Espeleoresgate
Acidentes com Animais Peçonhentos
Animais peçonhentos são aqueles que possuem glândulas de veneno
que se comunica com dispositivos inoculadores. (dentes, ferrões, etc.).
Animais venenosos são aqueles que produzem veneno, mas não
possuem aparelho inoculador, provocando envenenamento por contato, por
compressão ou por ingestão.
Para se prevenir aos acidentes devemos sempre utilizar equipamentos
de proteção como luvas, polainas ou botas de cano alto, usar mangas
abaixadas, atravessar rios e lagos arrastado os pés para não pisar em arraias
ou bagres, revistar calçados e roupas antes de usa-los, se manter atento onde
pisa, senta e coloca as mãos.
Acidentes com Ofídios (serpentes)
A característica do acidente com serpentes e a presença de
perfurações de dentes no local da mordedura, acontecem geralmente nos
tornozelos, pernas e mãos, se a serpente for de tamanho reduzido pode
passar despercebida, por isso a necessidade de procurar pela mordedura se a
vítima tiver os sinais e sintomas pertinentes.
No Estado do Paraná podemos encontrar três gêneros de importância
toxicológicas sendo: o Bothrops (Jararaca e Jaracuçu) 70% dos casos, o
Crotalus (Cascavel) 11% dos casos e o Micrurus (Coral).
O tratamento é feito pela administração endovenosa de soro específico
em dose única e anti-inflamatórios.
Imagem 8: Cobras
Fonte: Acervo CBPMPR/GOST
Jararaca
Cascavel
Coral
Pg. 40 INC Espeleoresgate
Sinais e sintomas:
 Manifestações locais: dor, edema, bolhas, sangramento pelos
orifícios e necrose;
 Manifestações sistêmicas: náuseas, vômitos, sudorese,
hipotermia e insuficiência renal aguda, sangramentos (epistaxe e
gengival) podendo ocorrer o choque anafilático;
 Formigamentos, cefaleia, visão dupla ou turva, midríase, dores
musculares, urina escura.
Acidentes com Insetos e Aranhas
Existem cerca de 41.000 espécies de aranha, todas produzem uma
espécie de veneno em suas quelíceras, na maior parte dos casos inofensivos
para humanos, sendo assim, poucas espécies têm alguma relevância do ponto
de vista médico. Com distribuição mundial, há dois tipos de síndromes
secundárias a picadas de aranhas que podem ocorrer: o Latrodetismo e o
Loxsocelismo. Caracteristicamente, as aranhas do gênero Loxósceles são
pacíficas e picam geralmente ao serem apertadas contra o corpo em roupas
ou calçados. As Phoneutrias, entretanto, são muito agressivas. As aranhas
caranguejeiras são conhecidas por atingirem grandes dimensões, entretanto,
na maioria das vezes possuem um tipo de veneno de baixa toxicidade.
Armadeira Caranguejeira Marrom Viúva Negra Tarântula
Imagem 9: Aranhas
Fonte: Acervo CBPMPR/GOST
Pg. 41 INC Espeleoresgate
A epidemiologia das picadas de aranha depende de fatores ambientais
e da interação entre seres humanos e aracnídeos. O diagnóstico de picada de
aranha é usualmente clínico, baseado na história do paciente de ter recebido
uma picada de inseto identificado como aranha, esta identificação se torna
mais eficaz se a aranha for capturada. Na maioria dos casos, a identificação é
realizada pelo próprio paciente.
A melhor forma de prevenir as picadas é evitar situações de risco para
picadas de insetos. Existem antídotos para muitos dos grupos de aracnídeos,
porém o efeito destes antídotos é menor do que o obtido com os antídotos
para veneno de ofídios e escorpiões. No Brasil, raramente é usado soro
contra picadas de aranhas do gênero Photoneutria, no entanto,
frequentemente é usado para picadas do gênero Loxósceles, embora se saiba
que a apresentação clínica mais demorada e a natureza irreversível das
lesões necróticas da picada de Loxósceles tornam este tratamento menos
efetivo.
Escorpiões
Pouco agressivos, picam quando são apertados e são de hábitos
noturnos. Durante o dia estão sempre escondidos em pinhas de galhos, em
baixo de pedras e frestas.
Existem várias espécies, mas somente o gênero Tityus tem interesse
médico, sendo os escorpiões Marrom e o Amarelo, responsável pela maioria
dos casos graves em nosso meio. Escorpiões segregam seu veneno em uma
glândula logo abaixo de um aguilhão que possuem na extremidade da cauda.
Imagem 10: Escorpiões
Fonte: Acervo CBPMPR/GOST
Pg. 42 INC Espeleoresgate
Insetos
As Lonômias, mais conhecidas como lagartas ou taturanas, são larvas
de mariposas e possuem seu corpo revestidos de espinhos urticantes que
contem poderosa toxina. Sua cor é marrom esverdeada ou marrom
amarelada, com listas longitudinais castanho escuras. Vivem durante o dia
agrupadas nos troncos de árvores, onde causa acidentes pelo contato com
seus espinhos, geralmente pessoas que não utilizam luvas ou se abraçam em
troncos durante a descida de trilhas.
Vespas e Abelhas
A ordem Hymenóptera é um dos maiores grupos dentre os insetos,
englobando as diversas famílias de abelhas, vespas e formigas. Só para se ter
ideia, existem mais de 10 mil espécies de abelhas e mais de 25 mil espécies
de vespas. Por exemplo, a mamangava é uma espécie de abelha grande, que
possui corpo escurecido e parecido com um besouro. Já marimbondo é o
nome dado às espécies maiores de vespas, geralmente com o corpo de cor
mais escurecida.
Imagem 11: Lagartas
Fonte: Acervo CBPMPR/GOST
Imagem 12: Vespas e Abelhas
Fonte: Acervo CBPMPR/GOST
Pg. 43 INC Espeleoresgate
A maioria das espécies de abelhas e vespas são animais dóceis que
não costumam ferroar o ser humano, a não ser que se sintam atacadas. Ter
uma abelha ao seu redor não representa perigo, a não ser que você tente
acertá-la ou a esmague acidentalmente contra a sua pele. As abelhas não
costumam atacar sem motivo. Em geral, abelhas e vespas longes de suas
colmeias não apresentam comportamento agressivo e oferecem pouco perigo
aos seres humanos. E mesmo próximo a suas colmeias, a maioria das
abelhas não são agressiva.
Há, entretanto, exceções. Algumas poucas espécies, como as abelhas
africanas, são muito sensíveis e podem atacar o ser humano, caso elas sintam
que a sua presença põe em risco a sua colmeia. Barulhos e movimentos
bruscos podem irritá-las e causar ataques de várias abelhas ao mesmo tempo.
A picada ocorre quando o inseto insere na pele o seu ferrão como
forma de defesa ao se sentir atacado. E dependendo da quantidade de
picadas podem levar a morte pessoas e animais num curto espaço de tempo
por choque anafilático e fortes reações alérgicas.
Sinais e sintomas de acidentes por insetos e aranhas:
 Dor ou necrose no local da picada;
 Insuficiência renal com presença de urina escura;
 Febre, taquicardia, inchaço local, náuseas, tontura, dor de
cabeça, vômito;
 Presença de ferrões, vergões ou queimação no local;
 Sangramentos nasais e gengivais.
Pg. 44 INC Espeleoresgate
Hipertermia
É caracterizada pelo aumento da temperatura normal corporal, superior
a 40ºC. Suas causas estão relacionadas à exposição excessiva ao sol,
exposição a ambientes de intenso calor, pelo consumo de medicamentos e
pode ser também ocasionada devido a alguma patologia por febre muito alta.
É muito comum as pessoas associarem o termo febre com hipertermia.
A febre é representada pelos sintomas que são similares como calafrios,
aceleração do pulso e da respiração, entre outros, que servem para reajustar
alguns mecanismos de termorregulação. Já a hipertermia acontece devido à
sobrecarga dos mecanismos termorreguladores do corpo, elevando a
temperatura corporal acima do ponto de regulação térmica.
Sinais e Sintomas:
 Suor intenso, Confusão mental;
 Câimbras, perda de coordenação;
 Náuseas, vômitos, ansiedade;
 Aumento da frequência cardíaca, respiração intensa.
Desidratação
A desidratação ocorre quando o corpo usa ou perde mais líquido do que
o ingerido. Quando isso acontece, seu corpo tem dificuldades para realizar
suas funções normais. Se você não repõe os líquidos que são utilizados ou
perdidos, ocorre a desidratação.
Pg. 45 INC Espeleoresgate
Perdemos água todos os dias: em nosso suor, urina, fezes e sob a
forma de vapor quando respiramos. Juntamente com a água, pequenas
quantidades de sais minerais também são perdidos. Além disso, a água é
responsável por nutrir as células do nosso corpo e garantir que todas as
funções serão devidamente cumpridas.
Ao perder muita água, o corpo ficar fora de equilíbrio ou desidratado. A
desidratação severa pode levar à morte.
Comportamento Psicológico de Pessoas Perdidas
Nos dias de hoje, muitas habilidades foram esquecidas pelo desuso
devido à facilidade dos meios urbanos. Não é preciso mais ter senso de
direção, depois de concluir suas atividades diárias, simplesmente pegam um
ônibus ou veículos e seguem por ruas pré-determinadas com rotas, sentidos e
sinalizações já pré-determinadas. Da mesma forma, para se alimentar,
procuram lugares específicos como padarias, lanchonetes e mercados.
Muitas pessoas se encontram hoje despreparadas para enfrentar áreas
remotas, recebem informações através de canais de TV, livros e artigos, mas
estar no terreno pode ser bem mais complicado do que aparenta.
Mesmo os praticantes de atividades ao ar livre (escaladores,
montanhistas e ecoturistas) que estão mais adaptados a este meio, e
carregam consigo equipamentos necessários como barracas, agasalhos,
sacos de dormir, podem encontrar dificuldades em áreas remotas.
Fatores psicológicos como medo de estar sozinho, medo do escuro,
medo de animais, medo de sofrer, medo de morrer, tendem a influenciar no
comportamento e nas decisões, levando a tomar atitudes incorretas como não
Pg. 46 INC Espeleoresgate
se abrigar, escolher caminhos perigosos e até abandonar equipamentos.
O êxito de um resgate depende da atitude da vítima, será de
responsabilidade da vítima se manter viva, avisar antes de fazer uma incursão,
conseguir comunicação com o resgate, conseguir hidratação, abrigar se,
sinalizar seu ponto.
Atitudes como ficar parado, não fazer nada ou deslocamento aleatório,
podem influenciar grandemente na rapidez do resgate. Ficar parado e não
fazer nada pode ajudar a não se perder mais e evitar outros acidentes, no
entanto se não informou a ninguém para onde iria, nem o local onde esta ou
não tem como acionar um resgate, ou esta desabrigada, sem hidratação, esta
vítima terá problemas para ser resgatada.
Andar aleatoriamente pode ocasionar acidentes ou se perder ainda
mais, mas também pode levar a um ponto de contato ou civilização. Toda a
atitude que a vítima tomará esta relacionada com seu preparo técnico e
psicológico para lidar com a situação.
Deslocamentos em Terrenos Acidentados
A aventura de uma caminhada na montanha assim como a descoberta
de salões em uma caverna, pode ser estimulante e irresistível assim como
frustrante e até mesmo mortal. Se pretendermos nos aventurar em uma
jornada, devemos estar preparados para a totalidade da natureza; para os
prazeres e também para os sofrimentos, que certamente encontraremos.
Tempestades, assim como brisas suaves; mato fechado, assim como grandes
salões e passagens tortuosas; morcegos, assim como pássaros cantando.
Pg. 47 INC Espeleoresgate
Uma aventura é praticada em um ambiente indiferente às necessidades
humanas, e são poucos que estão dispostos a pagar o preço do cansaço para
ser um operador de resgate.
Em áreas remotas encontramos vários tipos de ambientes, sejam matas
densas, cachoeiras, campos, cânions, cavernas, rios e paredões de rocha,
que podem interferir num caminho a seguir bem como na técnica de
deslocamento.
É uma atividade que exige um bom preparo físico e mental.
Condicionamento físico é uma das chaves e pode fazer a diferença entre
poder ser útil numa operação e simplesmente chegar ao local. A pressa
descontrolada de chegar logo pode influenciar na segurança da equipe, que
geralmente pode girar em torno do condicionamento ou preparo técnico de um
membro da equipe, portanto encontrar um ritmo seguro a todos é mais
importante que simplesmente chegar com sua equipe sem condições de
ajudar.
A preparação mental é tão importante quanto à condição física, nossa
atitude mental frequentemente determina o nosso sucesso ou o fracasso. Uma
vez que a aptidão física seja adequada, os “jogos da mente”, que jogamos
com nós mesmos são os que realmente nos levam a ultrapassar um
movimento difícil ou nos ajudam a decidir voltar atrás. Talvez, a maior atração
de uma aventura sejam os desafios mentais que enfrentamos.
A mais importante de todas as qualidades mentais em uma atividade é
o julgamento. E ele desenvolve-se quando integramos nosso conhecimento
com a experiência. Muito do que precisamos está em adquirir habilidades: a
habilidade para negociar com tempo adverso, longos caminhos, matagal
fechado, alta exposição e coisas parecidas.
Pg. 48 INC Espeleoresgate
À medida que aprendemos a suportar essas situações, nos tornamos
melhores nas futuras decisões, adquirimos resistência, e a experiência que
ganhamos é aproveitada para comparações nas próximas vezes que se
revelar uma situação parecida.
Entretanto, novas situações poderão ainda surgir, e para as quais não
teremos precedentes dignos de confiança. Não seremos capazes de obter
uma resposta confiável automática e então teremos que exercitar
cuidadosamente nosso julgamento. Nesta incerteza repousa muito o
empirismo do aventureiro, assim como um grande potencial para a tragédia.
Fatores que Influenciam as Operações
Peso e dimensão dos equipamentos: utilização de equipamentos mais
leves como o duralumínio pode influenciar grandemente no desempenho da
equipe nas operações. O comprimento e diâmetro das cordas ocupam grande
espaço em mochila, e influenciam no equilíbrio do operador comprometendo o
deslocamento em terreno inclinado ou passagens estreitas.
Comprometimento das comunicações: Ter uma equipe treinada e
entrosada pode facilitar as operações, visto que nem sempre a comunicação
nos é favorável, O emprego de rádios em alguns locais pode não ser eficiente.
Sinais sonoros, verbais e visuais podem ser comprometidos devido ao relevo,
portanto sempre devemos nos antecipar a estas dificuldades, inteirando bem
as equipes sobre a missão a ser cumprida.
Pg. 49 INC Espeleoresgate
Confiabilidade do terreno: Intempéries climáticas, acomodação de
rochas, ação das águas e ventos, influenciam diretamente na resistência dos
pontos de ancoragem e na solidez do terreno, podendo colapsar toda uma
operação de resgate. O emprego de linhas de segurança, avaliação criteriosa
das ancoragens, avaliação do terreno durante o deslocamento da operação,
são de extrema importância para a segurança da equipe.
Plano de ação: Uma boa coleta de informações sobre o local da
ocorrência, o preenchimento do Questionário de Busca e da Valorização de
Urgência Relativa, traz confiança e norteia a equipe de resgate. A
padronização de técnicas e treinamento das equipes aumenta a garantia da
integridade da equipe durante o resgate, bem como a logística de transporte e
alimentação, substituição de operadores quando possível e plano de
desmobilização de operação.
O que levar numa operação: ter conhecimento do terreno, das
condições climáticas, do tempo previsto para a operação ajuda na seleção dos
materiais a serem levados, mas ter contigo um conforto mínimo como lanterna
extra, kit 1º socorros, manta aluminizada, etc. pode fazer toda a diferença.
Pg. 50 INC Espeleoresgate
Grupo de Espeleoresgatista
OBJETIVOS:
Ao final desse módulo os participantes serão capazes de :
1. Formação de Grupo de Espeleoresgate;
2. Descrever um Ponto quente ou Célula de Vida;
Formação
A eficiência do espeleoresgate depende muito de uma lista atualizada
dos resgatistas. Quando a iniciação aos métodos de espeleoresgate não é
suficiente, existe a necessidade de treinamento permanentemente para que
eles se tornem e permaneçam atos reflexos.
Participação ativa em exercícios é uma obrigação é não uma
eventualidade. O conhecimento deve ser compartilhado com os demais
membros do grupo: transmitir as manobras de salvamento para seus
companheiros de equipe pode ser muito útil um dia, não só durante um
treinamento, mas também em um acidente.
É claro que um acidente nunca acontece quando você espera. A baixa
frequência de acidentes, que é, felizmente, uma coisa boa, faz também,
descer a vigilância dos resgatistas. É muito desagradável começar a coletar o
Pg. 51 INC Espeleoresgate
material somente quando é avisado da ocorrência, também se perde um
tempo precioso.
Para reagir eficientemente, em um tempo mínimo, recomenda-se que
ao retornar de uma ocorrência ou exercício, embora cansado, você tem que
ter o hábito de manutenir, recolher e deixar em condições de uso seu material
básico, caso houver novo acionamento.
Ser e ficar localizável
Conhecimento técnico
Material manutenido
Equipe de Assistência e de Resgate da Vítima primeiros socorros (ASV)
Tarefas:
 suporte básico de vida ao(s) ferido(s);
 assistência dos não feridos;
 informação para superfície.
Composição:
 2 a 4 resgatistas de autônomos, entre eles pelo
menos um técnico de espeleoresgate (equipamento);
 se necessário nesse caso um médico;
 fornecimento mínimo de 12 horas;
 material necessário para apoiar os nãos feridos.
Pg. 52 INC Espeleoresgate
Ponto quente ou Célula de Vida
Na maior parte dos acidentes, a espera é demorada para vítima, a
prioridade será coloca-la em um lugar confortável para evitar a evolução do
seu estado de saúde. Na medida do possível, não deixar a vítima sozinha.
Evitar também a movimentação desnecessária para maior conforto da vítima
se for o caso deixar o local onde permanecerá livre de qualquer incidente.
Conforme o estado da vítima, aplicaremos da melhor maneira possível
à técnica dos cinco “R”:
 Repousar;
 Reaquecer;
 Reconfortar;
 Reidratar; e
 Realimentar.
Equipe de maca
Tarefas:
Máximo de 80 cm do solo
Iliminação nas duas aberturas
Solo
Pedras
Cama de corda
(isolante)
Manta térmica
Mosquetão ou
pregador de roupa
Vítima
Fonte: Manual Del Espeleosocorrista - SSF
Figura 7: Célula de Vida
Pg. 53 INC Espeleoresgate
Equipe de maca
Tarefas:
 avaliação da rota de transporte, se necessário (por
exemplo: maca menos volumosa).
Composição:
 2 a 3 técnicos espeleoresgatistas.
Material:
 Maca;
 cordas (tração - segurança);
 material para ancoragens, artificiais e naturais;
 fornecimento mínimo de 12 horas.
Equipe de Comunicação
Tarefas:
 Informações rápidas: Em grandes cavidades, é
necessário iniciar, do início da intervenção, a instalação de meios
de comunicação, com o AVS.
Composição:
 Em grupos de dois espeleoresgatistas.
Pg. 54 INC Espeleoresgate
Equipes Técnicas ou Transporte
Tarefas:
 condicionamento dos obstáculos;
 transporte dos feridos.
Composição:
 4 a 6 espeleoresgatistas autônomos, se necessário,
especialistas (desobstrução)
Material:
 espeleoresgatistas para o transporte de cargas (cordas, material
para âncoras, ...);
 se necessário: material de desbloqueio.
Equipes de suporte ou apoio
Tarefas:
 Abastecimento da caverna e da superfície;
 transporte e organização da superfície;
 organização das instalações para necessidades
básicas dos resgatistas empregados na ocorrência.
Composição:
 espeleoresgatistas e voluntários.
Material:
 necessário para formação de um acampamento operacional de
resgate.
Pg. 55 INC Espeleoresgate
Princípio da supervisão
Solicitado por todos os lados, o chefe de intervenção tentará não
"Perder a vista" do essencial:
 garantir a segurança do seu equipamento;
 garantir as melhores soluções para as vítimas;
 cuidar do aspecto humano de uma operação de socorro.
Uma vez assumida a urgência inicial e as primeiras equipes já em
andamento, o chefe de intervenção é responsável pela gestão do "posto de
comando". Por uma questão de princípio, ele não desce para a caverna e
delega a direção do subterrâneo para o Chefe da Equipe de Socorro esse com
o auxílio da Equipe de Comunicação, ficando essencialmente com três
aspectos da operação de resgate:
a) organização subterrânea
 decisão sobre as tarefas a serem cumpridas;
 organização de revezamento;
 estabelecimento de eventuais reforços.
b) Organização da superfície
 necessidades de descanso e subsistência;
 bom controle das informações do posto de controle;
 centralização do material.
c) Contatos
 contato com as autoridades;
 contato com os familiares;
 informações de imprensa.
Pg. 56 INC Espeleoresgate
Maca e KED
OBJETIVOS:
Ao final desse módulo os participantes serão capazes de :
1. Conceituar Maca e KED;
2. Descrever as principais características destes materiais.
Maca
Certamente não há uma maca para resgates ideal para todos os fins, e
desprezam as equipes que tentam inventar uma por pelo menos 50 anos,
provavelmente precisaremos de duas ou mais, dependendo dos locais em sua
área de cobertura. O resgate de cavernas e minas é certamente a forma mais
desafiadora de maca, e mesmo em uma fase de recuperação rotineira de
vítima pode ser arrastada por passagens estreitas (precisamos de uma maca
flexível), levantada verticalmente (precisando de uma maca rígida) e para
transporte (necessitamos de uma maca convencional), Lesões especificadas
no resgate de cavernas são geralmente ortopédicas, com uma alta proporção
de fraturas dos membros inferiores, espinhais e pélvicas. A fase de
recuperação pode levar muitas horas, portanto a maca deve ser o mais
confortável possível e permitir acesso e monitoramento médico.
Pg. 57 INC Espeleoresgate
Então, é claro, temos o fato que a vítima entrou em um buraco com
apenas alguns centímetros, pouca mais largo do que os seus próprios ombros,
e tem que sair do mesmo jeito da entrou. Como resultado, a maca de resgate
de cavernas geralmente é construída especificamente para o trabalho.
Maca Ninho
Foi desenvolvida em parceria com
a organização SSF/FFS. Permite que a
vítima seja transportada horizontalmente,
verticalmente ou em ângulo. É, portanto,
adequado para todos os salvamentos
técnicos em corda, particularmente em
espaços confinados.
Descrição
Permite que a vítima seja transportada horizontalmente, verticalmente
ou em ângulo, para se adaptar a terrenos irregulares ou estreitos. Tem uma
cadeirinha de corpo completo integrado para proteger a vítima. Fivelas de
travamento automático para ajuste rápido e fácil, fundo de plástico liso e rígido
garante bom deslizamento, o enchimento de espuma proporciona conforto
para as costas da vítima.
Fonte: www.petzl.com (2018)
Figura 8: Maca Ninho
Pg. 58 INC Espeleoresgate
Disposição da Maca Aberta e Fechada
Colocação da Vítima
Envelopando a Vítima
Fonte: www.petzl.com (2018)
Pg. 59 INC Espeleoresgate
Evacuação com diferentes posições
Maca tipo Cesto
Dada sua versatilidade, a maca cesto possui
diversas aplicações, que podem variar desde o chão de uma
fábrica a ambientes confinados, destaca-se o uso em resgate
com aeronaves, alguns modelos dispõem de dispositivos de
encaixe, o que permite o rebatimento do material,
aumentando a maleabilidade e melhorando as condições de
transporte pelas equipes de socorro.
Fonte: www.petzl.com (2018)
Figura 9: Maca Cesto
Fonte: Acervo CBPMPR/GOST
Pg. 60 INC Espeleoresgate
Em contrapartida, embora alguns modelos sejam articulados,
este modelo pesa em média 12 kg, bem como oferece resistência de trabalho
de aproximadamente 200 kg, o que pode promover limitações quanto ao seu
transporte e uso em locais de difícil acesso. A presença de tirantes próprios
feitos de poliamida, o fundo composto de polipropileno, bem como a
composição estrutural em aço laminado com tratamento térmico, confere a
este tipo de maca grande durabilidade quando manipulado em ambientes
hostis, justificando o seu uso nos ambientes mais extremos, dentre eles, locais
íngremes e ribanceiras. Os perfis de aço ofertam grande rigidez ao fundo em
polipropileno, onde se pode dispensar, em casos extremos, o uso combinado
deste tipo de maca com a maca rígida.
Os seus tirantes podem ser posicionados de diferentes formas,
de acordo com o tipo de lesões que a vítima apresentar, sendo as mais usuais
a seguintes:
 Fita peitoral tipo cruzada, quando requerer maior imobilização via
tórax;
 Fita peitoral tipo mochila, quando requerer maior imobilização e o
tórax não puder ser solicitado.
Maca tipo Envelope
Equipamento constituído por uma
lâmina plástica altamente resistente, acompanhada
por uma mochila e acessórios que conferem ao
equipamento leveza, praticidade e funcionalidade,
bem como grande resistência a abrasão. Para
movimentações horizontais e verticais, a maca
envelope dispõe de dois tirantes reforçados de nylon
Figura 10: Maca Envelope
Fonte: Acervo CBPMPR/GOST
Pg. 61 INC Espeleoresgate
com capacidade aproximada 1725 kg cada um. A presença de conexões de
fecho rápido confere agilidade e firmeza no acondicionamento da vítima, bem
como a composição dos materiais oferece grande facilidade na manutenção e
limpeza.
Em contrapartida, este tipo de equipamento não proporciona
imobilização dorsal, razão pela qual deve ser utilizado combinado com a maca
rígida. Alguns modelos apresentam proteção superior e inferior em forma de
língua, as quais podem causar lesões na face, e quando içadas poderá
demasiadamente a planta do pé, causando dor e desconforto à vítima.
Kendrick Extrication Devide (KED)
Que no APH (Atendimento Pré-Hospitalar) devemos estar sempre
preparados para trabalhar de forma conjunta e rápida a fim de conseguir
contornar a situação grave do paciente todo mundo já entende. O que muita
gente ainda não sabe é que tudo isso só é possível por meio de algumas
ferramentas que auxiliam no transporte, imobilização e movimentação da
pessoa atendida. Iremos abordar sobre um desses instrumentos essenciais: o
KED (Kendrick Extrication Device) ou Dispositivo de Extricação de Kendrick.
Em primeira vista, o nome pode assustar um pouco, mas o KED, nada
mais é do que um instrumento de extricação criado por Rick Kendrick em
1978. É interessante como o seu desenvolvimento é recente considerando o
quanto esse tipo de ferramenta é importante no dia-a-dia do APH, devido
à sua eficiência e segurança. Principalmente porque é usado por
profissionais que têm a grande responsabilidade de atender de forma
rápida e eficaz para estabilizar um paciente em situação de emergência.
Figura 11: KED
Fonte: Acervo CBPMPR/GOST
Pg. 62 INC Espeleoresgate
O uso desse dispositivo é frequente porque um dos principais passos
do cuidado ao traumatizado é a “extricação”. Como sabemos, esse é um termo
muito usado no meio e envolve retirar uma vítima de um local em que está
presa ou não consegue sair com segurança usando suas próprias
capacidades. Portanto, a principal função dessa ferramenta é a imobilização e
estabilização, em conjunto com o colar cervical, de toda a coluna vertebral
para que a retirada do paciente possa acontecer.
Trata-se de um equipamento tipo veste ou colete com a parte posterior
rígida, que fica em contato com a cabeça, pescoço e a coluna vertebral, até a
cintura pélvica. A parte anterior consiste em duas “abas” que envolvem a
coluna em sua porção final e a pelve do paciente, que são presas uma à outra
por três tirantes de diferentes cores.
O KED foi idealizado e criado para a extricação de vítimas de veículos
automotores, nos casos em que não é possível estabilizar seguramente o
paciente em prancha longa, devido à sua posição dentro do veículo. O objetivo
é estabilizar a coluna vertebral antes de proceder à imobilização completa em
prancha longa. Porém, deve ser usado em vítimas conscientes e estáveis
(sem risco imediato de morte ou complicação), em cenas seguras, que
também não ofereçam risco à equipe de socorristas e somente quando o
tempo não for a principal preocupação. Não se recomenda o uso do KED
para pacientes inconscientes e/ou instáveis, devido à duração necessária
para a sua correta colocação. Para esses pacientes, podemos utilizar
técnicas de extricação rápida como a “Chave de Rauteck”. A vantagem em
usá-las está na rapidez de aplicação e no fato de que não demandam o uso
de muitos equipamentos. Porém, não oferecem tanta estabilidade e proteção
quanto o KED.
Figura 12: Imobilização
Fonte: www.vax.ovh (2017)
Pg. 63 INC Espeleoresgate
A técnica para colocação do KED exige de dois a três socorristas com
treinamento para sua correta utilização, pois o posicionamento incorreto do
dispositivo pode causar movimentos bruscos na coluna e, portanto, danos
físicos no paciente. Feitas a avaliação, a vítima deve ser abordada juntamente
com a estabilização manual da cabeça mantendo-a em posição neutra,
alinhada à coluna cervical. Um segundo socorrista deve então colocar o colar
cervical de tamanho adequado. A vítima deve ser movimentada em bloco
liberando espaço para a passagem do KED. O dispositivo deve ser colocado
alinhado à coluna, com as abas posicionadas logo abaixo das axilas. É
importante lembrar que os tirantes longos (tirantes da virilha) devem ser soltos
e posicionados por cima do colete, para facilitar sua fixação ao final.
Os tirantes devem ser bem presos e ajustados na ordem correta (por
isso as cores diferentes) com o objetivo de envolver a vítima de forma
uniforme. O primeiro a ser preso é o tirante central (abdominal), seguido pelo
tirante inferior (quadril) e o superior (tórax). É preciso ter cuidado nesse
momento com casos em que esse método de colocar o dispositivo na vítima
deve ser feito de maneira diferente. Em gestantes, por exemplo, o tirante
abdominal e o torácico não devem ser tracionados, evitando a compressão
abdominal. Em todos os pacientes, os tirantes longos (virilha) devem ser então
passados por baixo dos joelhos, de fora para dentro, e posicionados em linha
reta com a prega glútea, acoplados e bem ajustados.
Por último, procedemos com a imobilização completa da cabeça. É
Importante observar se há espaço não preenchido entre a cabeça/coluna e o
KED, dificultando o alinhamento correto. Se isso ocorrer, pode-se colocar um
acolchoamento entre a cabeça ou coluna e o KED, para mantê-las alinhadas e
em posição neutra.
Pg. 64 INC Espeleoresgate
As abas superiores devem ser posicionadas (segure-as juntamente com
o colar cervical, pois isso permite uma troca cuidadosa e segura da
imobilização manual da cabeça). Para proceder à imobilização completa da
cabeça, prenda-a com os tirantes (tirantes de cabeça) na lateral das abas,
passando um tirante na altura da região frontal da cabeça e outro na altura da
mandíbula, tomando cuidado para não comprimi-la ou prejudicar a ventilação
por tração excessiva. Nesse momento, já não é necessária a imobilização
manual da cabeça, pois a mesma está completamente estabilizada.
Depois que todos os tirantes estiverem acoplados, verifique o ajuste de
cada um, e então tracione o tirante do tórax de maneira que ele fique firme e
não impeça ou prejudique a ventilação do paciente.
KED - PRO
O KED Pro é construído com três alças de elevação, as alças
ao ajustar a posição vertical do KED em um paciente e durante o
resgate técnico. As duas alças de elevação laterais fornecem as
mais resistentes para os operadores para ajustar o KED® Pro
durante a montagem e ao levantar e movimentar o paciente.
A alça de elevação superior serve
como uma extensão das correias das
pernas e oferece um firme apoio durante o resgate em
espaço confinado ou vertical para puxar
horizontalmente ou levantar verticalmente o paciente.
Durante uma situação de resgate, coloca-se um freio
de elevação nas três alças de içamento. Ajustam-se
as pernas do freio para que elas apliquem pressão
uniforme em todos os três alças de elevação.
Figura 12: KED PRO
Fonte: www.fernorescue.com
Fonte: www.fernorescue.com
Pg. 65 INC Espeleoresgate
Ao usar as três alças de elevação para um elevador vertical:
● O KED Pro é classificado para uma carga individual de 150 kg (330
lb);
● Use um freio de elevação adequado com uma capacidade de pelo
menos 1.500 kg (3.300 lb. ou 15Kn);
● Conecte o freio a todas as três alças de transporte e ajuste-as
garantir carga igual em todas as três alças de transporte;
● Certifique-se de que as correias para as pernas e as cintas para o
peito estão bem apertadas e seguras antes de mover o paciente.
Fonte: www.fernorescue.com
Pg. 66 INC Espeleoresgate
Equipamentos
OBJETIVOS:
Ao final desse módulo os participantes serão capazes de :
3. Classificar Materiais;
4. Descrever as principais características dos materiais.
Certificação
Sua utilidade recai fundamentalmente em unificar critérios na hora de
fabricar qualquer material, com a finalidade de garantir ao usuário condições
mínimas de qualidade e segurança. No Brasil, o nosso parque industrial tem
melhorado bastante nos últimos tempos e tem criado condições de fabricar
produtos de qualidade, segurança e confiabilidade. Atualmente os melhores
equipamentos de resgate são fabricados nos EUA, França, Itália, Espanha,
Suíça, Austrália e Alemanha.
Existem diversas instituições homologadoras e normatizadoras dos
equipamentos de segurança:
Pg. 67 INC Espeleoresgate
 NFPA - National Fire Protection Association – Fire Service Life
Safety Rope and System Components;
 CE – indicativo de conformidade obrigatória para diversos
produtos comercializados no Espaço Econômico Europeu;
 UIAA – Union Internacionale des Associations D’Alpinisme;
 OSHA – Occupational Safety & Health Association;
 CA – Certificação de Aprovação do Ministério do Trabalho e
Emprego do Brasil.
Classificação dos Equipamentos
Equipamentos de Proteção Individual
Qualquer que seja a atividade que irá realizar a utilização de
equipamento completo de proteção individual é necessária, tais como:
 Capacete – equipamento que visa proteção da cabeça contra a
queda de equipamentos, pedras e/ou a queda do próprio
resgatista, evitando assim traumatismos, este deve ser
confortável, leve, possuir jugular ajustável, carneira interna
ajustável e capacidade de deformação adequada aos níveis de
proteção do serviço, sem abas na frente para possibilitar a
observação para o alto, deve ainda ter aberturas para facilitar a
ventilação e a drenagem de água.
 Luvas – resistente e reforçada, de forma
que tenha uma proteção térmica e
abrasiva, sem acarretar a perda total do
tato, são essenciais, pois evitam atrito
entre a mão do resgatista e o cabo de
salvamento.
Fonte: Acervo CBPMPR/GOST
Fonte: Acervo CBPMPR/GOST
Figura 13: Capacete
Figura 14: Luva
Pg. 68 INC Espeleoresgate
 Lanternas – em se tratando de cavernas, a utilização de
lanternas remonta em salvar ou não uma vítima, já que tal
ambiente é tomado pela escuridão.
 Cinto de Segurança – Equipamento confeccionado com a
finalidade de fornecer conforto e segurança ao operador durante
as atividades de resgate em áreas remotas. É um equipamento
essencial de segurança fabricado a partir fitas acolchoadas, e
ajustado por fivelas de metal.
Existem três classes de cinto que são destinados a seu emprego
específico:
Cinto Classe 1: Consiste num cinto lombar provido de apenas
um ponto de ancoragem, mais conhecido pelo nome de
cadeirinha de escalada. Sendo um equipamento leve e
confortável e preferido pelos operadores de montanha.
Cinto Classe 2: Esta classe de cintos difere das outras por
possuir uma atadura de peito (bauldrier) confeccionada em
fitas largas, que adiciona ao conjunto mais um ponto de
ancoragem, possibilitando maior conforto e segurança em
caso de grandes quedas e resgates por içamento de
helicópteros.
Cinto Classe 3: Consiste num cinto conjugado que possui até
cinco pontos de ancoragem, sendo dois lombares, um ventral,
um dorsal e um peitoral, confortável e mais utilizado no resgate
urbano, no entanto, por ser mais robusto agrega volume e peso
ao equipamento tornando o inadequado as operações áreas
remotas.
Figura 15: Lanterna de Cabeça
Figura 16: Cadeirinhas
Fonte: Acervo CBPMPR/GOST
Fonte: Acervo CBPMPR/GOST
Pg. 69 INC Espeleoresgate
 Auto segurança – São dispositivos que tem por finalidade
agregar segurança ao operador em situações de exposição ao
risco de queda de plano elevado. Deve apresentar regulagem de
distância do ponto de ancoragem, garantindo melhor
posicionamento e reduzindo o tamanho de possíveis quedas. As
mais utilizadas são a Daisychain e o Spezzione.
Cada operação requer um conjunto de EPI’s específicos, são de suma
importância o resgatista se manter atualizado e se adaptar a operação que irá
realizar.
Equipamentos Flexíveis
São confeccionados em poliamida, que é uma fibra sintética de
grande resistência. Essas fibras são utilizadas na fabricação de cordas, fitas
de ancoragem, cintos, etc. Geralmente são maleáveis, porém, podem ser
encontrados na forma semirrígida.
 Cordas – são aqueles formados por um conjunto de fios, fibras,
cordões, alma e capa, confeccionadas em material sintético ou
natural, torcidos ou trançados entre si.
Cordas dinâmicas – alto percentual de alongamento, que atuam como
absorvedores de choque, quando ocorre uma queda, sendo recomendadas
para escalada técnica, onde o risco de queda é maior. Algumas cordas
alongam-se em até 60% de seu comprimento original antes de seu ponto de
ruptura.
Fonte: Acervo CBPMPR/GOST
Fonte: Acervo CBPMPR/GOST
Fonte: Acervo CBPMPR/GOST
Figura 17: Spezzione
Figura 18: Daisychain
Figura 19: Corda
Pg. 70 INC Espeleoresgate
Cordas Estáticas – baixo percentual de alongamento, não mais que
20% antes de seu ponto de ruptura, suas capas são mais grossas e apertadas
do que as dinâmicas, ajudando a proteger a alma da abrasão e impurezas.
Adequada para a atividade de resgate, por sua resistência e alta força tencil.
 Cordeletes – cabos de diâmetro reduzido, muito utilizado em
operações de resgate, no auxílio das ancoragens, na segurança
primária na forma de nós bloqueadores.
 Fitas tubulares – conjunto trançado de fios de material sintético,
formando um tubo com formato
plano, com alta capacidade de
carga, podendo ter a forma de fitas
com extremidades livres, ou ainda
ter suas extremidades costuradas
formando um anel fechado. Sua
utilização principal é facilitar as
ancoragens, tornando-as ágil, fácil
de desfazer.
Equipamentos Rígidos
São confeccionados em ligas de metal como: aço, duralumínio, titânio,
etc..
 Mosquetões - São elos metálicos fabricados de uma liga especial
de alumínio ou aço de alta resistência. A Carga Nominal do
mosquetão normalmente vem impresso no seu corpo em kilo
Newton (KN), equivalendo a grosso modo a 100 kg por KN.
Figura 20: Cordelete
Fonte: Acervo CBPMPR/GOST
Fonte: Acervo CBPMPR/GOST
Figura 21: Fitas Tubulares
Figura 22: Mosquetões
Fonte: Acervo CBPMPR/GOST
Pg. 71 INC Espeleoresgate
Os mosquetões não devem ser tracionados no seu sentido transversal
e jamais devem sofrer torções, com risco de seu rompimento, por isso,
devemos no que atentar e evitar que os mosquetões fiquem em arestas e
saliências.
Existem vários formatos de mosquetões e cada um tem suas
características, por isso, para segurança de todos, deve se tomar
conhecimento das especificações do equipamento. Podem ser do tipo sem
rosca, utilizados nas progressões de escalada ou mosquetões com rosca, seja
de travamento manual ou automático, utilizados nas operações de resgate.
Os cuidados básicos com o mosquetão começam orientando
corretamente as forças opostas exercidas sobre a peça, jamais permita que
uma terceira força com outra direção trabalhe sobre uma mesma peça.
Quando sem carga os gatilhos devem abrir com suavidade, caso enrosquem
verificar a lubrificação ou talvez torção da peça.
Nunca tente abrir um mosquetão que esteja sob tração, pois este pode
se romper comprometendo a segurança da atividade.
Mantenham sempre limpos, principalmente depois de submetidos as
condições diversas, como areia, ou sal da maresia. Ao devolver um
equipamento é de sua responsabilidade comunicar qualquer incidente que por
ventura tenha acontecido.
Fonte: Acervo CBPMPR/GOST
Figura 23: Uso incorreto de Mosquetões
Pg. 72 INC Espeleoresgate
 Malha rápida - elo metálico com uma porca sextavada com a
facilidade de rosquear e unir as extremidades do anel, travando-
o e formando uma peça única, com característica de suportar
cargas em todas as direções;
 Descensores – São equipamentos que exercem frenagem sobre
uma corda possibilitando uma descida controlada. Podem ser do
tipo travamento mecânico ou manual.
Travamento Mecânico: são aqueles que não precisam das mãos do operador
para o travamento. Alguns até apresentam um sistema antipânico que
impossibilita atitudes involuntárias.
Travamento Manual: São dispositivos que para sua blocagem necessitam a
ação das mãos no travamento da descida.
 Ascensores – derivados dos blocantes, destinados as atividades
de subida pelos resgatistas, bloqueios em tracionamentos ou
içamento de materiais e vítimas. Esses equipamentos podem ser
Figura 24: Malha
Fonte: Acervo CBPMPR/GOST
Fonte: Acervo CBPMPR/GOST
Fonte: Acervo CBPMPR/GOST
Fonte: Acervo CBPMPR/GOST
Figura 25: Descensores Travamento Mecânico
Stop
Gri-Gri ID
Rack
Oito ATC
Figura 26: Descensores Travamento Manual
Figura 27: Ascensor de Punho
Pg. 73 INC Espeleoresgate
de elevação ou ascensor de punho (esquerdo direito) e ventral,
também chamado de Kroll.
Geralmente os ascensores apresentam mordentes pontiagudos no seu
dispositivo de blocagem, por isso devemos tomar cuidado para não
ultrapassar o limite máximo de carga, que é de 400 Kg (4KN). Os blocantes
mecânicos travam a corda em um sentido e liberam no outro. Funcionam
através de compressão da corda. São mais indicados para trabalhos de
blocagem em operações de salvamento.
 Polias – utilizadas para reduzir o atrito nos cabos em diversas
manobras para transposição de obstáculos e planos inclinados,
sua utilização principal é na elevação ou descida de cargas
através de sistemas de redução de força. Podem ser simples,
duplas ou ainda as polias auto blocantes;
Figura 28: Ascensores
Fonte: Acervo CBPMPR/GOST
Rescucender
Shunt Tibloc Croll
Fonte: Acervo CBPMPR
Figura 29: Polia Simples e Dupla
Pg. 74 INC Espeleoresgate
 Placas de ancoragem – permite a ancoragem de mais de um
cabo em um mesmo ponto de fixação. Muito utilizado em
sistemas de redução de força, onde se utilizam mais de uma
roldana no sistema, bem como em sistemas de tracionamento,
possui grande capacidade de trabalho;
 Ancoragens artificiais – equipamentos de alpinismo sendo os
mais conhecidos as chapeletas, os pinos, nuts e friends, estes
dois últimos com fixação móvel, podendo ser recolhidos mais
facilmente após seu uso.
Figura 30: Placa de Ancoragem
Fonte: Acervo CBPMPR/GOST
Figura 31: Ancoragem Artificiais
Chapeleta Friends
Nuts
Fonte: Acervo CBPMPR/GOST
Pg. 75 INC Espeleoresgate
Técnicas de Progressão e Evacuação
OBJETIVOS:
Ao final desse módulo os participantes serão capazes de :
1. Conceituar e desenvolver Nós e Amarrações;
2. Elencar e descrever o funcionamento das principais ancoragens;
3. Realizar técnicas de Ascensão e Descensão;
4. Tipificar progressões e sistemas com maca;
5. Conceituar e desenvolver manobras, S.T.E.F. e Vantagens Mecânica.
Nós e Amarrações
É preferível conhecer poucos nós e ter completo domínio dos mesmos,
do que conhecer muitos, porém sem dominá-los por completo. Segundo
Cunha e Cariocane (2008), um nó é uma combinação de voltas, a maioria das
vezes entrelaçadas, destinadas a reunir dois cabos, a fixa-los entre um ponto
e outro, ou entre um ponto e um objeto ou aumentar a extremidade de outro
cabo.
Devido a grande variedade de nós disponíveis para emprego em
operações com cordas, hoje já se faz necessário uma boa seleção e
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Espeleologia: o estudo das cavernas

  • 2. Índice Conteúdo Introdução __________________________________________________________________ 1 Espeleologia ________________________________________________________________ 4 OBJETIVOS: ______________________________________________________________4 Conceito__________________________________________________________________4 Cavernas _________________________________________________________________5 Origem___________________________________________________________________5 Morfologia ________________________________________________________________6 Dimensões________________________________________________________________7 Ambientes ________________________________________________________________7 Espeleotemas _____________________________________________________________8 Flora e Fauna ____________________________________________________________11 Cavernas no Brasil ________________________________________________________12 Cavernas no Sul do Brasil___________________________________________________16 GEEP - Açungui __________________________________________________________17 Aquifero Karst ____________________________________________________________17 Princípios de Atuação ________________________________________________________ 20 OBJETIVOS: _____________________________________________________________20 Considerações____________________________________________________________20 Conceito_________________________________________________________________20 Ciclo Operacional _________________________________________________________22 Espeleoresgate _____________________________________________________________ 24 OBJETIVOS: _____________________________________________________________24 Conceito_________________________________________________________________24 Norma Regulamentadora nº 9________________________________________________26 Riscos e Perigos __________________________________________________________27 Prevenção de Riscos_______________________________________________________28 Socorro de Emergência e Distúrbios Fisiológicos em Áreas Remotas_________________30 Deslocamentos em Terrenos Acidentados ______________________________________46
  • 3. Índice Grupo de Espeleoresgatista ___________________________________________________ 50 OBJETIVOS: _____________________________________________________________50 Formação________________________________________________________________50 Maca e KED _______________________________________________________________ 56 OBJETIVOS: _____________________________________________________________56 Maca ___________________________________________________________________56 Kendrick Extrication Devide (KED) ____________________________________________61 Equipamentos ______________________________________________________________ 66 OBJETIVOS: _____________________________________________________________66 Certificação ______________________________________________________________66 Classificação dos Equipamentos _____________________________________________67 Técnicas de Progressão e Evacuação ___________________________________________ 75 OBJETIVOS: _____________________________________________________________75 Nós e Amarrações_________________________________________________________75 Ancoragens ______________________________________________________________80 Ascensão________________________________________________________________86 Descensão_______________________________________________________________87 Progressão com Maca______________________________________________________88 Sistemas ________________________________________________________________92 Manobras________________________________________________________________95 Bibliografia________________________________________________________________ 101
  • 4. Pg. 01 INC Espeleoresgate Introdução Nos últimos anos, vem aumentando significativamente o número de pessoas que frequentam regiões remotas, de difícil acesso, localizadas nas montanhas, matas, florestas, rios, cavernas e outras semelhantes. Estas pessoas estão cada vez mais usufruindo destas áreas ao ar livre, seja para simplesmente descansar, realizar pesquisas acadêmicas, ou para realizarem atividades de turismo ou esportes de aventura. Com isto, cresceu bastante também o número de ocorrências de acidentes que acontecem nestes locais. Entretanto, para resgatar aqueles que se acidentam, ou se perdem, nestas regiões de difícil acesso, é necessário dispor de equipes de busca e salvamento bem treinadas, e com conhecimentos específicos. Que são indispensáveis em salvamentos nestes ambientes naturais, nos quais as condições para o resgate são adversas e hostis. Não que se devam encarar os elementos naturais com uma espécie de rivalidade, numa postura desafiadora contra as intempéries e obstáculos encontrados nestas áreas. A natureza está ali, seguindo seu ciclo e, no máximo será indiferente à presença humana. Talvez essa indiferença, por assim dizer, seja o traço mais assustador da mãe natureza. Esteja a pessoa em desespero, ferida ou transbordando de entusiasmo, a natureza estará ali, impassível, indiferente a estas emoções. A tempestade não se afastará, e a temperatura não deixará de continuar baixando, diante do grito agonizante de uma vítima. Por isso, é absolutamente indispensável que os integrantes de equipes de busca e salvamento em áreas remotas, estejam capacitados a negociar com os elementos naturais. Não para lutar contra a natureza, mas sim para se integrar a ela, tendo a resiliência necessária para se adaptar a esse contexto.
  • 5. Pg. 02 INC Espeleoresgate Uma equipe de socorristas acostumados a resgates na região urbana, provavelmente terá bastante dificuldades se tiverem de realizar um salvamento na mata, floresta, caverna, ou montanha. Os conhecimentos de APH (atendimento pré-hospitalar), ou mesmo mais básicos de primeiros socorros, terão pouca utilidade se os integrantes da equipe não tiverem experiência em ambientes naturais. De nada adiantará fazer a contenção de uma hemorragia, e uma imobilização padrão da vítima, se os membros da equipe de busca e salvamento não tem habilidades em montanha, e retardem, ou mesmo impossibilitem, a progressão da equipe para a retirada da vítima. Carregar uma maca montanha abaixo, ou mata adentro não é tarefa fácil. A jornada será extenuante física e mentalmente, e desafiadora para os menos experientes. Um resgate em altura (vertical) em uma estrutura existente na cidade (como um prédio de vários andares) será bastante diferente daquele realizado numa aresta montanhosa. A começar pela constatação de que, geralmente, será inviável levar para uma área remota toda a quantidade de equipamentos e ferragens que são utilizadas para um resgate em altura em estruturas urbanas. Literalmente, o resgatista de área remota terá que fazer mais com menos. Terá que atuar dentro dos padrões de segurança, mesmo sem dispor de todo o equipamento que seria o ideal, se comparado com um resgate urbano.
  • 6. Pg. 03 INC Espeleoresgate Áreas Remotas Mas, afinal, o que se deve entender por áreas remotas? Não existe uma definição específica, e alguns cenários até dispensam maiores considerações. Por exemplo, a região de floresta, ou de montanha, inquestionavelmente são consideradas áreas remotas. Pois, dentro de um senso comum daquilo que significa esta expressão, estas regiões estão distantes dos centros urbanos, ou afastadas de locais habitados, e possuem acesso difícil. Mas existem outras situações que também podem ser alcançadas por este conceito, e também serem consideradas áreas remotas, muito embora não estejam distantes da civilização.
  • 7. Pg. 04 INC Espeleoresgate Espeleologia OBJETIVOS: Ao final desse módulo os participantes serão capazes de: 1. Conceituar Espeleologia; 2. Descrever as principais características de cavernas; 3. Identificar os Principais Parques de Cavernas no Brasil; 4. Conhecer a formação de Cavernas. Conceito Existe uma área do conhecimento que se preocupa com o estudo sobre as cavernas, observando as condições de sua gênese e evolução no decorrer do tempo. Além disso, os pesquisadores têm como preocupação ainda o meio físico das cavernas, bem como as formas de vida que se desenvolvem ou se utilizam destes ambientes. Estes pesquisadores pensam ainda nas melhores formas da coleta de dados, bem como nas formas para desenvolver um catálogo que possa ser utilizado como base para pesquisas. A origem do termo Espeleologia vem do latim, e significa spelaeum (caverna) e logos (estudo). Vários campos da ciência se utilizam dos conhecimentos da Espeleologia, como a Geologia, a Geografia, a Hidrologia, Biologia, Arqueologia, Climatologia, e demais que tem como função a compreensão do meio físico terrestre.
  • 8. Pg. 05 INC Espeleoresgate Cavernas O termo caverna (do latim cavus, buraco) designa qualquer cavidade natural em rocha com dimensões que permitam acesso a seres humanos. Pode ser de vários tipos, conforme topografia, comprimento e forma. Abrigo é uma cavidade de pequeno comprimento e grande abertura que pode ser usada como guarita por animais ou pessoas.  Toca é uma caverna com grande abertura, desenvolvimento horizontal menor que 20 metros e uma única entrada. Costuma ser predominantemente horizontal, sendo o desnível, quando presente, pequeno.  Gruta ou lapa é uma caverna também predominantemente horizontal, mas com mais de 20 metros de comprimento. Pode ter desníveis internos e salões. Geralmente tem mais de uma entrada, mas nem sempre se pode atravessá-la de um lado ao outro.  Fosso é uma caverna predominantemente vertical, com grande abertura e desnível inferior a 10 metros.  Abismo é uma caverna também predominantemente vertical, mas com desnível maior que 10 metros. Alguns autores só consideram caverna aquela cavidade natural com mais de 20 metros de desenvolvimento horizontal ou mais de 10 metros de desenvolvimento vertical. Assim, não consideram cavernas os abrigos, tocas e fossos. Em algumas regiões do Brasil, utiliza-se o termo gruta para cavidades com pelo menos duas entradas e caverna para aquelas com uma entrada só. Origem As cavernas formam-se principalmente por dissolução das rochas. Por isso, são muito mais comuns em zonas de rochas carbonáticas, como
  • 9. Pg. 06 INC Espeleoresgate mármores e calcários. Embora a calcita, mineral que forma os calcários e mármores, seja um carbonato de cálcio pouco solúvel em água, se essa água absorver pequenas quantidades de dióxido de carbono formará ácido carbônico. Esse ácido é fraco, mas basta uma pequena quantidade dele para que a água dissolva facilmente o carbonato de cálcio. Forma-se, assim, carbonato ácido de cálcio (mais conhecido como bicarbonato de cálcio), que é solúvel e vai embora com a água. Normalmente, o calcário é uma rocha com abundantes fraturas. À medida que a água dissolve a rocha, vai alargando essas aberturas e, com isso, mais água pode ali penetrar, de modo que o processo tende a se acelerar cada vez mais. Cavernas formam-se também em rochas ígneas e metamórficas, bem como em geleiras, pela água proveniente da fusão do gelo e em recifes de coral. Derrames de lava podem esfriar na porção superficial, mas continuar em fusão no interior. Desse modo, a lava pode continuar fluindo e acabar formando um túnel. Morfologia Em relação ao perfil do terreno, uma caverna pode ser:  Predominantemente horizontal: desenvolvimento paralelo aos estratos da rocha, com pequenos desníveis internos. Forma-se principalmente por dissolução entre planos de estratificação.  Inclinada: possui grandes desníveis, ocasionados pelo alargamento de fendas inclinadas entre os planos de estratificação.  Vertical: também formada pelo alargamento de fendas ou fraturas, mas de direção vertical.
  • 10. Pg. 07 INC Espeleoresgate Em relação ao percurso (traçado em planta), uma caverna pode ser:  De percurso linear: um único caminho, aproximadamente reto, de uma entrada a outra ou até haver um estreitamento que impeça o avanço.  Com meandros: um único caminho, que acompanha o curso de um rio subterrâneo.  Com múltiplas galerias: possui mais de um caminho e frequentemente diversas saídas com bifurcações e, às vezes, sistemas complexos e labirintos. Algumas cavernas são complexas, com diversos níveis horizontais que podem se interligar verticalmente através de trechos inclinados ou mesmo de abismos internos. Alguns desses níveis podem estar inundados, enquanto os níveis acima deles estão secos. Dimensões A extensão total de galerias de uma caverna pode atingir muitos quilômetros e os desníveis, centenas de metros. As maiores cavernas do mundo são Ozernaya (na Ucrânia, com 107 km) e o Sistema Mamooth Cave – Flint Ridge (nos Estados Unidos, que tem nada menos que 492,4 km de extensão total). Ambientes Uma caverna compreende basicamente dois tipos de ambientes:  Galerias: constituem a maior parte dos seus caminhos internos. Podem permitir caminhadas a pé ou, se forem baixas, exigir que se rasteje.  Salões: espaços altos e largos, geralmente formados por desabamentos internos ou fraturas. Podem ter até centenas de metros de largura e altura.
  • 11. Pg. 08 INC Espeleoresgate Em algumas cavernas, como a Gruta de Maquiné (MG), a temperatura é muito alta; em outras, como na Gruta da Tapagem (Caverna do Diabo), em Eldorado (SP), ela é bem mais amena. Mas, mesmo onde a temperatura é alta e a caverna é muito profunda, o ar costuma ser de boa qualidade. Há algumas exceções, como aquelas cavernas ricas em matéria orgânica – que podem, por isso, conter muito gás carbônico – e cavernas como a de Naica, no México – que tem o ar perigosamente seco. Espeleotemas Chama-se de espeleotema uma formação rochosa originada pela dissolução de minerais e sua recristalização em níveis inferiores no teto, paredes e chão das cavernas. A substância mais comum nesse processo é o carbonato de cálcio, que, ao recristalizar, forma os minerais calcita ou aragonita, ambos com aquela composição química. Se há também magnésio dissolvido, pode-se formar outro mineral, a dolomita. Outros possíveis minerais formadores de espeleotemas são a gipsita (sulfato hidratado de cálcio) e a malaquita (carbonato básico de cobre). Como vimos no item "Origem", a água que penetra pelas paredes de uma caverna traz bicarbonato de cálcio dissolvido. Ao entrar em contato com a atmosfera da caverna, ela libera CO2, porque a concentração desse gás é menor na atmosfera da caverna. Com isso, resta na água apenas calcita. Sendo esse mineral pouco solúvel, deposita-se (precipita) e começa a formar- se um depósito de carbonato de cálcio, o espeleotema. Se isso acontecer no teto da caverna, surgirá provavelmente uma estalactite. O tempo de formação de um espeleotema varia bastante. Vai depender do volume de água envolvido, da velocidade de gotejamento, do teor de gás carbônico na água, da temperatura, da altura do teto etc. Os espeleotemas mais comuns são as estalactites, as estalagmites e as colunas.
  • 12. Pg. 09 INC Espeleoresgate  Estalactites: formam-se por gotejamento através de fendas ou furos no teto. A água desce pela fenda ou furo e, ao chegar ao teto da caverna, para em razão da tensão superficial, formando uma gota. Com isso, o carbonato de cálcio precipita, como um anel em torno da gota. Quando a gota fica grande o suficiente para cair, a água se vai e o carbonato de cálcio fica aderido à rocha. O processo se repete continuamente e assim vai surgindo a estalactite (do grego stalassein, que significa pingar). Os anéis unem-se uns aos outros, formando tubos cilíndricos com 2 a 9 mm de diâmetro interno e paredes com aproximadamente 0,5 mm de espessura. Esses tubos crescem rumo ao chão, de 6 a 25 mm por século. A forma cônica surge pelo escorrimento da água pela parte externa de suas paredes Figura 1 – Nomenclatura Básica Fonte: https://pt.slideshare.net – Paisagens Geológicas (2010)
  • 13. Pg. 10 INC Espeleoresgate  Estalagmites: formam-se de modo similar, a partir do sal que ainda ficou na gota quando esta caiu no chão. A água evapora e ele precipita, formando uma estrutura semelhante à estalactite, mas que cresce debaixo para cima. A estalagmite costuma ser cilíndrica e com a ponta arredondada. Pode ter mais de um metro de diâmetro e vários metros de comprimento. Na maior parte dos casos, há uma estalagmite para cada estalactite, mas as primeiras podem se juntar em maciços estalagmíticos.  Colunas: formam-se pela união de uma estalactite com uma estalagmite.  Escorrimentos: ao longo das paredes da caverna podem surgir outros tipos de formação, que recebem nomes como órgãos, candelabros, pingentes, discos, folhas e cascatas rochosas, dependendo da forma.  Cortinas: interessante figura formada em tetos inclinados, onde a água, em vez de pingar, escorre sempre pelo mesmo caminho, criando finas paredes onduladas. Essas cortinas podem atingir o chão e se tornar muito espessas e resistentes.  Helictites e heligmites: espeleotemas espiralados que se formam em tetos, paredes, no chão ou mesmo sobre outros espeleotemas, por mecanismos não totalmente conhecidos e que, às vezes, lembram as raízes de uma árvore.  Flores: espeleotemas de aragonita, calcita ou gipsita, que se irradiam em todas as direções, a partir de um ponto central ou de um eixo. Algumas são esféricas como um dente de leão, outras lembram cachos de flores ou flocos de algodão.
  • 14. Pg. 11 INC Espeleoresgate Flora e Fauna O interior das cavernas é um habitat muito particular (chamado de habitat cavernícola ou hipógeo), porque na maior parte das vezes é totalmente escuro, exceto perto das entradas e em aberturas naturais causadas por desmoronamento ou pela ação da água. Além disso, as variações de temperatura são muito pequenas, a umidade do ar geralmente é elevada e certos gases ocorrem em concentrações diferentes das registradas no exterior. A ausência de luz só permite o crescimento de vegetais que não precisam efetuar a fotossíntese, como alguns fungos. Frutos e sementes eventualmente encontrados são apenas aqueles trazidos pela água e por animais, de modo que a flora cavernícola pode ser considerada inexistente, exceto perto das entradas e de outras aberturas. No guano, depósito orgânico formado pelas fezes dos morcegos pode viver alguns fungos e bactérias capazes de alimentar insetos. Já a fauna é bem mais diversificada e mostra notáveis adaptações ao habitat das cavernas. Há três grupos de animais, classificados de acordo com seus hábitos.  Troglóxenos: são animais que utilizam a caverna apenas para abrigo, reprodução ou alimentação. Servem como exemplo mamíferos, dos quais os mais importantes são os morcegos (na figura à esquerda, morcego da espécie desmodus rotundus, um dos mais conhecidos habitantes das cavernas), e aves como andorinhões e corujas. Os animais troglóxenos costumam viver perto das entradas da caverna.
  • 15. Pg. 12 INC Espeleoresgate  Troglófilos: é aqueles que podem viver toda sua vida tanto dentro quanto fora da caverna, embora não possuam órgãos especializados. O grupo inclui alguns crustáceos, aracnídeos e insetos, tais como grilos, besouros, baratas, aranhas e piolhos de cobra.  Troglóbios: animais totalmente adaptados à vida dentro das cavernas. A maioria não possui pigmentação e pode ter os olhos atrofiados ou mesmo ausentes, já que se tornam inúteis na total escuridão que ali reina. A ausência de visão é compensada por olfato muito apurado e antenas longas e numerosas, usadas como órgãos do tato. Os troglóbios têm populações pequenas e baixa tolerância a variações ambientais. Sua sobrevivência está, portanto, permanentemente ameaçada, inclusive pela presença dos turistas que visitam as cavernas. Entre esses animais há diversos tipos de peixes, como o bagre-cego de cor rosada, insetos, crustáceos, anelídeos e aracnídeos. Cavernas no Brasil Os estudos sobre cavernas no Brasil são relativamente recentes, sendo que apenas em 1971 é que um método de catalogação é efetivamente adotado pela recém-criada Sociedade Brasileira de Espeleologia em 1969. Esse sistema de numeração das cavernas foi elaborado em ordem cronológica da descoberta de cada uma das cavidades. Figura 2 – Mapa com as principais litologias Fonte: www.icmbio.gov.br/cecav - (2015)
  • 16. Pg. 13 INC Espeleoresgate Figura 2 - Mapa mostrando as principais litologias que apresentam cavernas. Rochas carbonáticas estão representadas em negro. Rochas quartzíticas estão representadas em laranja. Áreas carbonáticas de pequena extensão estão representadas por triângulos. Outras litologias que apresentam cavernas estão representadas por quadrados. Áreas de minério de ferro que apresentam cavernas estão representadas por estrelas vermelhas. onde se conhecem cavernas (quadrados). As regiões areníticas, apesar de apresentarem considerável potencial espeleológico, tendem a não apresentar conflitos em relação à atividade minerária, não estando representadas na figura. Áreas em minério de ferro estão representadas por estrelas vermelhas. A caverna mais visitada O Brasil possui várias cavernas importantes, as quais são amplamente visitadas por turistas e pesquisadores. Uma das mais importantes é a “Caverna do Diabo” na cidade de Eldorado em São Paulo, essa região é a que abriga a maior quantidade de cavernas da América do Sul. Essa caverna é uma das que mais recebe turistas dentre as cavernas brasileiras. A maior caverna Outra caverna de destaque no Brasil é a “Toca da Boa Vista”, em Campo Formoso na Bahia. Essa caverna é a maior do Brasil, contando com uma extensão de 107000 metros. A caverna em questão é também a maior conhecida em toda a América do Sul. Imagem 1 – Caverna do Diabo Fonte: www.estudopratico.com.br/ cavernas-brasileiras (2017) Imagem 2 – Toca da Boa Vista Fonte: www.estudopratico.com.br/ cavernas-brasileiras (2017)
  • 17. Pg. 14 INC Espeleoresgate A caverna mais bela Uma das mais belas cavernas brasileiras é o “Poço Azul” na região da Chapada Diamantina, na cidade de Nova Redenção. Essa caverna é uma gruta de águas cristalinas, na qual são possíveis mergulhos por parte dos visitantes. A caverna mais profunda A caverna mais profunda do Brasil é a “Gruta do Centenário”, onde fica o Pico do Inficionado (2.068 m de altitude), na Serra da Caraça, em Minas Gerais. Esta é a maior e mais profunda caverna quartzítica do mundo. Essa gruta possui um desnível de 481 metros. O estado com mais cavernas registradas A quantidade de cavernas descobertas no Brasil tem aumentado em um ritmo muito rápido, especialmente por conta dos avanços tecnológicos e da catalogação formas destes elementos naturais. Estima-se que o Brasil tenha mais de 16,4 mil cavernas conhecidas e catalogadas, embora os pesquisadores acreditem que exista uma quantidade imensa de cavernas ainda não conhecidas no território brasileiro. Fonte: www.estudopratico.com.br/ cavernas-brasileiras (2017) Fonte: www.estudopratico.com.br/ cavernas-brasileiras (2017) Imagem 3 – Poço Azul Imagem 4 – Gruta Centenário
  • 18. Pg. 15 INC Espeleoresgate Segundo o Ministério do Meio Ambiente, o Brasil passou de 4,4 mil cavernas catalogadas até 2004 para 16,4 mil registradas até 2017, sendo que Minas Gerais é o estado com maior quantidade de cavernas registradas. Mas apenas uma pequena parte delas já foi explorada, catalogada e mapeada por espeleólogos. Os sistemas de cavernas documentadas são muito frequentes nos países onde a espeleologia e as explorações turísticas ou esportivas são mais populares, como nos Estados Unidos da América, França, Itália e reino Unido. O Brasil é pioneiro no cadastro e gerenciamento de cavernas na América Latina. A distribuição conhecida de cavernas tende a mudar muito, à medida que a exploração de áreas cársticas por espeleólogos evolui.  Região Norte 1.526 AC / AM / AP / PA / RO / RR / TO  Região Nordeste 1.483 AL / BA / CE / MA / PB / PE / PI / RN / SE  Região Centro-Oeste 1.147 DF / GO / MS / MT  Região Sudeste 3.001 ES / MG / RJ / SP  Região Sul 460 PR / SC / RS Figura 3 – Cavernas do Brasil Fonte: www.sbe.com.br (2018)
  • 19. Pg. 16 INC Espeleoresgate Cavernas no Sul do Brasil Entre os três estados sulistas, o Paraná se destaca pela presença com mais de três centenas de cavernas, entre as quais a principal é a Gruta de Lancinhas (PR-6). Também merecem referências as Grutas de Bacaetava, do Varzeão e o conjunto Jesuítas/Fadas, no Parque Estadual de Campinhos e as Cavernas de Botuverá em Santa Catarina. Gruta Botuverá As Grutas de Botuverá ficam na localidade de Ourinho, a 15 km do centro de Botuverá/SC possuem, aproximadamente, 1200 metros de extensão e é composta por vários espeleotemas e passagens distribuídas em labirintos e salões. A partir de 1998, a Prefeitura Municipal de Botuverá, com o apoio do Fundo Nacional do Meio Ambiente e assessorada pelo Grupo de Estudos Espeleológicos Açungui (GEEP), iniciou diversos estudos para a elaboração e implantação do Plano de Manejo do Patrimônio Espeleológico. Gruta de Lancinha Na parte setentrional do primeiro planalto, a cerca de 30 km de Curitiba/PR, situa-se a região montanhosa do Açungui, batizada desse modo por ter sido seu relevo entalhado pelo rio assim denominado. É nessa área que se da a ocorrência de numerosas cavernas, mergulhadas em rochas dolomíticas, compondo uma sub-região geologicamente classificada como formação Votuverava do Grupo Açungui. Imagem 5 – Gruta de Botuverá Fonte: www.botuvera.sc.gov.br (2018) Imagem 6 – Gruta de Lancinhas Fonte: https://conservacaobrasil.wordpress.com
  • 20. Pg. 17 INC Espeleoresgate Destacam-se bela beleza das estalactites e pelas dimensões de seus interiores as Grutas de Itapiciruçu, a das Fadas e a de Lancinha, esta gruta calcária e o mais importante bem espeleológico registrado no estado do Paraná. Aproximadamente um quarto de sua extensão, estimada em 1700 metros, é percorrido pelo ribeirão Lancinha, que contribui para a formação de remansos de água cristalina. GEEP - Açungui Em 27 de março de 1986 foi fundado em Curitiba o “Grupo de Estudos Espeleológicos do Paraná” (GEEP-AÇUNGUI) a partir da iniciativa de estudantes da Universidade Federal do Paraná. A fundação do grupo teve apoio do Departamento de Geografia desta universidade, assim como do Museu Paranaense e da Fundação Rondon. Desde sua origem, o grupo vem desenvolvendo um trabalho de levantamento, pesquisa científica, divulgação e preservação das cavidades naturais e seu entorno físico, reunindo pessoas e entidades interessadas nas atividades e ciências correlatas a espeleologia. Aquifero Karst O termo Karst (ou Carste) tem origem na antiga Iugoslávia e significa campo de pedras calcárias. Foi empregado inicialmente para designar a morfologia dos terrenos sobre formações calcárias, onde ocorrem cavernas, dolinas, rios subterrâneos e outras características derivadas da dissolução natural das rochas carbonáticas destas regiões. Figura 4 – Gruta de Lancinhas Fonte: cavernas.org.br Figura 5 – Karst Fonte: mineropar.pr.gov.br (2010)
  • 21. Pg. 18 INC Espeleoresgate A abundância de rochas calcárias nas formações geológicas do Paraná, principalmente na Região Metropolitana de Curitiba, implica na necessidade de conhecimento detalhado de sua distribuição pelos problemas relacionados à ocupação urbana, principalmente os riscos de afundamentos e colapsos de solo, além do interesse nas reservas de água nelas contidas (aquífero Karst). Na foto a seguir observa-se um afloramento das rochas calcárias com a dissolução característica formando cavidades e cavernas. O reconhecimento da problemática do Karst em face da ocupação urbana deriva das tentativas da Sanepar de explorar o aquífero, a partir dos anos 90, para atender com água subterrânea parte da Região Metropolitana de Curitiba. Em meados dos anos 90, a Mineropar iniciou projetos de mapeamento na escala 1:20.000 em convênio com a Comec – Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba, cobrindo parte dos municípios de Colombo, Almirante Tamandaré, Campo Magro, Campo Largo, Bocaiúva do Sul e Rio Branco do Sul (ver projetos de mapeamento do Convênio Comec – Mineropar). Nestes trabalhos com enfoque geológico e geotécnico, realizados para fins de planejamento urbano, foram identificados os riscos potenciais inerentes ao Karst.  Área de Afloramento da Unidade Figura 6 – Aquifero Karst Fonte: mineropar.pr.gov.br (2010)
  • 22. Pg. 19 INC Espeleoresgate Mais recentemente a Mineropar participou de uma comissão de delimitação do aqüífero Karst, para fins de ordenamento territorial da área principal, onde existe intensa atividade mineral, expansão urbana acelerada e extração de água pela Sanepar. Destes trabalhos resultaram produtos cartográfico como o mapa de áreas de influência do Karst, na escala 1:50.000 (Mapa de Áreas Influência Karst 50000 2007.pdf). Este mapa considera a atividade de mineração, industrialização da cal e calcário agrícola, os perímetros urbanos, as dolinas, cavernas e unidades de conservação, fontes naturais, poços de água subterrânea e os afundamentos kársticos registrados.
  • 23. Pg. 20 INC Espeleoresgate Princípios de Atuação OBJETIVOS: Ao final desse módulo os participantes serão capazes de: 1. Conceituar Atuação; 2. Descrever Ciclo de Operações; Considerações A preparação de uma equipe de salvamento deve envolver algo mais do que uma simples habilidade de realizar uma descida de rapel, ou um simples deslocamento com maca, mas deve englobar o conhecimento da doutrina de salvamento, aprendizagem das rotinas, estabelecimento de uma capacidade decisória e o desenvolvimento da capacidade para trabalhar em equipe. Conceito Salvamento é uma atividade desenvolvida para localizar, acessar, estabilizar e transportar vítimas mediante o emprego de técnicas, com base em normas de seguranças e procedimentos específicos. Para que se complete da forma mais rápida e segura possível, alguns princípios de atuação devem ser utilizados em todas as operações de salvamento.
  • 24. Pg. 21 INC Espeleoresgate Sistema de Comando de Incidentes - SCI Como as operações de salvamento, pode envolver múltiplas equipes e até múltiplas agências, é importante que elas sejam gerenciadas utilizando um SCI pré-estabelecido para permitir o emprego seguro e racional dos recursos envolvidos. No CBPMPR o sistema preconizado é baseado no Incident Command System norte-americano. Procedimentos Operacionais Padronizados - POP Todas as unidades operacionais devem possuir procedimentos padronizados para as principais atividades. As POP’s estabelecem as estratégias, táticas e técnicas a serem utilizadas na operação, principalmente nos momentos iniciais, garantindo a rapidez no desdobramento das ações preparatórias da operação, e na sequencia a ser seguida. Uma POP não pode ser absoluta na cena, nem tem por objetivo substituir a avaliação e a experiência do Comandante do Incidente. Abordagem Integrada Uma das formas de se reduzir o tempo perdido na operação é o uso de abordagem em equipe do problema. O pré-planejamento, a pré-designação de responsabilidades e treinamento constante das atividades desempenhadas em uma operação, aumentando a capacidade de resposta rápida e eficiente da equipe. Na abordagem em equipe cada elemento deve ter uma tarefa previamente designada e treinada, a fim de que múltiplas tarefas sejam desempenhadas de forma sequencial, lógica e, quando possível, simultâneas.
  • 25. Pg. 22 INC Espeleoresgate Ciclo Operacional A Operação pode ser organizada em 4 fases, cada uma delas igualmente importante para o sucesso da operação. Prontidão Acionamento Resposta Finalização Prontidão Esta fase inicia-se antes mesmo do acidente propriamente dito, inclui todas as medidas com o objetivo de que os recursos estejam preparados para qualquer acionamento. Nesta fase é preciso que estejam prontos:  Pessoal;  Material;  Técnicas; e  Planejamento. Acionamento Uma vez que há necessidade de intervenção de uma equipe, o acionamento dos recursos de prontidão inclui:  Obtenção das informações necessárias;  Despacho de recursos compatíveis; e  Orientações preliminares ao solicitante. Resposta Com os recursos deslocados à cena do incidente é iniciada a fase de resposta, em que são implementadas as ações de salvamento propriamente ditas, rotina de salvamento. Esta deve seguir uma sequencia pré-estabelecida:
  • 26. Pg. 23 INC Espeleoresgate  Estabelecer o comando;  Dimensionar a cena;  Gerenciar os riscos;  Obter acesso à(s) vítima(s);  Avaliação inicial e estabilização da(s) vítima(s);  Remover a vítima do local de risco;  Transportar e/ou evacuação. Finalização São tomadas as medidas necessárias para que os recursos empregados retornem à situação de prontidão, fechando o ciclo operacional. Uma especial atenção deverá ser dada durante a inspeção nos materiais e equipamentos utilizados, já que poderá ter sofrido alguma avaria durante a operação. Com os recursos empregados na situação de prontidão, o comandante deverá reunir a equipe para discutir os pontos positivos e a melhorar da operação, onde ocorre um aprendizado muito grande por parte da equipe com a discussão desses pontos.
  • 27. Pg. 24 INC Espeleoresgate Espeleoresgate OBJETIVOS: Ao final desse módulo os participantes serão capazes de : 1. Conceituar Espeleoresgate; 2. Descrever as Normas Reguladoras; 3. Identificar Riscos e Perigos; 4. Identificar as Emergências e Distúrbios Fisiológicos em Áreas Remotas. Conceito Os resgatistas envolvidos em um resgate subterrâneo são os que anteriormente dominem as técnicas de progressão, instalação, auto-socorro e primeira intervenção em acidentes e que receberam treinamento específico como espeleosocorristas. Entre eles, alguns se especializam em áreas específicas, como medicina, desobstrução, comunicações ou mergulho em cavernas. Esta última disciplina é particularmente difícil e arriscada, como ficou evidente na operação de resgate da caverna de Tham Luang na Tailândia. A maioria dos espeleossocorristas são voluntários, embora também existam alguns profissionais: os pertencentes aos grupos de resgate das forças armadas e bombeiros. Os resgates de cavidades são muito poucos, comparados com aqueles feitos na superfície (acidentes de montanha, por exemplo). No entanto, a
  • 28. Pg. 25 INC Espeleoresgate implantação logística necessária para resolvê-los requer a mobilização de um grande número de pessoas e geralmente têm grande cobertura da mídia. Em geral, os resgates subterrâneos são gerenciados principalmente por estruturas locais de resposta a emergências. Após a verificação dos técnicos, é avaliado se o resgate é solucionável com os meios disponíveis (a maioria dos acidentes espeleológicos é sobre pessoas que caíram acidentalmente em um buraco). Se este não for o caso, porque o acidente ocorreu em um setor mais profundo da cavidade, se houver alguma dificuldade adicional, não é incomum recorrer à ajuda dos grupos de espeleoresgate dos territórios vizinhos. Operacionalmente, a atividade dos grupos é controlada a partir de um Posto de Comando (PC), instalado no local mais próximo da cavidade. Na entrada da mesma, que serve como uma ligação entre o PC (rádio) e os resgatistas na cavidade. Dentro da caverna, os resgatistas atuam em grupos de 6-8 pessoas, sob as ordens de um líder de equipe. Cada equipe está localizada em uma seção específica da cavidade, encarregando-se de instalar o material necessário para sanar cada uma das dificuldades que apresenta (tirolesa, contrapeso...). Um resgate pode durar vários dias. Portanto, do PC, cada um dos socorristas é controlado para saber onde estão quantas horas estiveram trabalhando e quando descansar. Em espeleoresgate respeitar a regra de que tão importante quanto levar os feridos é que não haja mais acidente.
  • 29. Pg. 26 INC Espeleoresgate Norma Regulamentadora nº 9 O Ministério do Trabalho e Emprego estabelece a obrigatoriedade da elaboração do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA por parte de todos os empregadores. A seguir, a descrição detalhada de cada uma das categorias: Riscos Físicos – São aqueles que se referem às características físicas do ambiente, ligadas a fontes de energia, como por exemplo, vibrações, ruídos excessivos, temperatura extrema, pressão anormal, radiação, tanto nas formas ionizantes quanto não-ionizantes e alterações sonoras, como o ultra som e o infra som. Riscos Químicos – São os produtos, substâncias ou ainda compostos químicos que estão sujeitos a absorção por parte do organismo, seja através do contato direto, pelas vias respiratórias ou ainda ingeridos, como gases ou vapores, névoas, fumaça ou poeira. Riscos Biológicos – São as diferentes formas de micro-organismos aos quais os colaboradores possam estar expostos, e cujo contato se dá através da pele, da ingestão ou ainda pelas vias respiratórias, como fungos, bactérias, protozoários, vírus ou parasitas. Riscos Ergonômicos – São os riscos de natureza física ou psicológica, causados pela não adequação do ambiente de trabalho às limitações fisiológicas dos indivíduos, como sobrecarga de peso, intenso esforço físico, postura inadequada, jornada excessiva de trabalho, exigência de produtividade desproporcional, trabalho noturno, repetição de movimentos, entre outros fatores que causam estresse físico ou mental.
  • 30. Pg. 27 INC Espeleoresgate Risco de Acidentes ou Mecânicos – São os agentes de riscos relacionados a máquinas, equipamentos e outros elementos que podem causar dano e a através da incidência de acidentes de trabalho. Dentre eles, ausência de equipamento de proteção, ferramentas com defeito ou inadequadas, risco de explosão ou incêndio, luminosidade inadequada, armazenamento e estocagem inadequados, animais peçonhentos, entre outros fatores que aumentem o risco de acidentes. Riscos e Perigos Quedas – O relevo do carste, galerias e formações no interior de cavernas exigem cuidados na caminhada. Em qualquer das atividades dentro e fora da caverna, bem como nos trajetos de entrada e retorno, há possibilidade de quedas que podem causar lesões musculares, fraturas, traumatismos e até a morte. Sempre que haja risco associado a altura, cordas e técnicas verticais devem ser utilizadas para evitar quedas perigosas. Envenenamento – Nas proximidades e interior de algumas cavernas é possível encontrar animais peçonhentos como cobras, escorpiões e aranhas. O uso de botas e roupas que protejam pernas e braços minimiza o risco de envenenamento. Caso algum membro do grupo tenha sido atacado, deve-se procurar imediatamente o hospital mais próximo. Se possível, o animal deve ser levado para facilitar a identificação da espécie e o soro mais adequado. Doenças- A doença mais comum que pode ser adquirida em cavernas é a hidrofobia (raiva), transmitida por morcegos. Embora eles não costumem atacar diretamente as pessoas, é possível o contato acidental com unhas e dentes dos morcegos quando eles voam ao entrar e sair das grutas . Outra doença possível é a histoplasmose, doença adquirida pela inalação dos
  • 31. Pg. 28 INC Espeleoresgate esporos do fungo Histoplasma capsulatum presente no guano de morcegos. É uma doença oportunista que só ataca pessoas com baixa resistência, por isso é recomendável a utilização de máscaras em áreas propícias à presença do fungo. Hipotermia – A permanência prolongada em ambientes inundados ou com baixas temperaturas, associada ao cansaço, pode levar à hipotermia, condição perigosa que se não tiver os cuidados adequados pode provocar choque circulatório, inconsciência e até a morte A hipotermia não tratada a tempo pode provocar lesões e sequelas neurológicas por insuficiência circulatória. Para evitá-la, os exploradores devem levar roupas impermeáveis, de secamento rápido, agasalhos e roupas secas. O aquecimento com cobertores ou banhos quentes e o uso de bebidas quentes é a forma mais eficiente de tratamento precoce. Ao contrário da crença popular, o uso de bebidas alcoólicas é desaconselhado e pode até piorar o quadro. Afogamento – Risco em cavernas inundadas, travessias de rios subterrâneos ou superficiais ou durante a prática de mergulho. O uso de coletes salva-vidas por pessoas que não saibam nadar é recomendável. Prevenção de Riscos A prevenção de risco tem se tornado um assunto cada vez mais presente no dia a dia das empresas civis e organizações militares. Acompanhando esses acontecimentos, o resgatista não poderia deixar de evoluir no sentido de aprimorar ainda mais seus procedimentos de segurança.
  • 32. Pg. 29 INC Espeleoresgate Este aperfeiçoamento no conduziu a dois focos principais na busca da segurança ideal: a conscientização do operador e a assimilação dos conhecimentos técnicos inerentes à atividade de risco. Prevenção de Acidentes – A atividade de montanha sempre envolverá os riscos inerentes ao ambiente em que é desenvolvida e cabe a todo resgatista buscar minimizar a possibilidade da ocorrência de acidentes. Define-se como acidente o resultado de uma cadeia de eventos insatisfatórios ou de deficiências. O acidente nunca é um fato isolado e inevitável, mas sim, o resultado de uma série de fatores que se somaram. É importante deixar claro que todas as missões podem e devem ser realizadas sem sacrificar a segurança, não se constituindo a prevenção de acidentes um fator impeditivo. Devemos buscar o modo mais eficiente e seguro para assegurar o cumprimento da missão. Todos nós temos limites, e esses limites não podem ser ignorados. A conscientização dessas limitações inerentes ao homem certamente ajudará o indivíduo a tomar decisões seguras e sensatas, evitando acidentes. A investigação de um acidente exige uma linha completa lisura e transparência, pois não tem por objetivos a identificação de culpados, mas a descoberta de falhas e deficiências com vista a adoção de medidas corretivas e preventivas requeridas. Eventuais aspectos disciplinares ou criminais devem ser apurados por sindicâncias ou Inquérito Policial Militar, independentes da investigação dos fatores contribuintes do acidente. O propósito da investigação de acidentes ou incidentes ocorridos em operações deve ser unicamente a prevenção, não visando apuração de responsabilidades ou determinação de culpados.
  • 33. Pg. 30 INC Espeleoresgate Existem alguns princípios da prevenção de acidentes, baseada na experiência acumulada, que são relativamente imutáveis e que foram deduzidos da persistência da ocorrência. Dentre eles citamos alguns: Todos os acidentes podem e devem ser evitados;  Um acidente não é isolado, mas uma somatória de eventos causadores, chamados Fatores Contribuintes;  Prevenção de acidentes é tarefa de todos, só produzindo benefícios sob forma de mobilização geral;  Acusações e punições agem diretamente contra os interesses da prevenção, já que esta atividade não apura responsabilidades ou julgar culpados, mas o relato de experiências a fim de que outros possam utilizá-las;  A prevenção de acidentes tem como meta a conservação da capacidade operacional, pela manutenção dos recursos vitais de pessoal e material.  A ampla divulgação deve ser dada a todo acidente ou incidente, para que outros possam ser evitar a sequência de eventos que culminaram com o fato. Socorro de Emergência e Distúrbios Fisiológicos em Áreas Remotas As atividades práticas de escalada em rocha, rapel, caminhada em trilhas em cavernas, matas, florestas e montanhas possuem alto potencial de risco. Praticá-las, em qualquer uma de suas modalidades, implica assumir o risco de ocorrência de acidentes. Os riscos envolvidos nas atividades, especialmente na escalada em rocha, no montanhismo e nos deslocamentos em ambiente de cavernas, matas, florestas e montanhas, incluem:
  • 34. Pg. 31 INC Espeleoresgate  Ataques de animais, incluindo os peçonhentos, tais como: cobras, aranhas, escorpiões, insetos, abelhas e marimbondos, podendo causar alergias e outras reações;  Exposição a condições meteorológicas desfavoráveis e adversas, tais como: frio, calor extremo, tempestades, chuva, vento forte, deslizamentos, trombas d’água, raios, e às consequências diretas dessas condições, por exemplo: insolação, hipertermia, hipotermia, exaustão, desidratação, hipoglicemia, rabdomiólise, dentre outras;  Realização de atividades em terrenos escorregadios, instáveis, expostos e de grande altura;  Quedas de objetos: pedras, galhos, equipamentos, entre outros;  Falha dos equipamentos e das proteções fixas ou móveis por mau uso, má colocação, desgaste, degradação das condições do material, ou quaisquer outras razões;  Comportamentos inadequados, inapropriados, negligentes ou imprudentes, de outras pessoas ou seu próprio, que colocam em risco a segurança e a vida de todos os participantes das atividades;  Perigos subjetivos, tais como: medo, erro de julgamento, falha na avaliação dos riscos, cansaço, entre outros;  Torções, luxações, arranhões, fraturas de ossos e lesões em geral;  Estresse físico e psicológico;  Quedas e impactos; Sendo assim, as atividades dependem de preparo físico, psicológico e também do conhecimento adequado das diversas técnicas; do uso de
  • 35. Pg. 32 INC Espeleoresgate equipamentos de segurança específicos, da adequada manutenção dos mesmos, e da avaliação dos riscos acima. Traumas O pronto atendimento de vítima de trauma em áreas remotas tem por objetivos manter os sinais vitais, realizar imobilizações, conter sangramentos e estabilizar o quadro para que se possa fazer a extração da vítima até um local para tratamento mais adequado em um hospital. É importante termos em mente que não devemos agravar o trauma da vítima, portanto o emprego de imobilizações e transporte adequado deve fazer parte dos nossos recursos por mais dificultosos que sejam o seu emprego. Prioridades de Atendimento Prioridades principais a) Parada cardiorrespiratória; b) Parada respiratória; c) Obstrução respiratória; d) Trauma crânio encefálico; e) Trauma de tórax; f) Trauma de abdômen; g) Grandes hemorragias. Prioridades secundárias a) Traumas de coluna; b) Trauma de região Ilíaca; c) Grandes queimaduras; d) Fraturas de Fêmur. Prioridades terciárias a) Ferimentos; b) Fraturas de extremidades; c) Queimaduras leves.
  • 36. Pg. 33 INC Espeleoresgate Hemorragias É o extravasamento de sangue dos vasos sanguíneos através da ruptura de suas paredes. Pode ser do tipo externa ou interna. Externa: visível, pois o sangue extravasa para o ambiente. Interna: não visível, pois o sangue extravasa para o interior do próprio corpo, dentro dos tecidos ou cavidades naturais. Sinais e Sintomas A hemorragia externa, por ser visível, é facilmente identificada. A hemorragia interna pode desencadear o choque hipovolêmico, sem que o resgatista identifique o local da perda de sangue. Numa fratura de fêmur perde se facilmente 1 litro de sangue, que fica confinado entre os tecidos moles da coxa, ao redor da fratura. As evidências mais comuns de sangramento interno são áreas extensas de contusão na superfície corpórea. Sinais que sugerem hemorragia severa:  Pulso fraco e rápido  Pele fria e úmida  Pupilas dilatadas com reação lenta à luz  Queda de pressão arterial  Ansiosidade, e sede  Náusea e vomito  Respiração rápida e profunda  Perda de consciência e parada respiratória  Choque
  • 37. Pg. 34 INC Espeleoresgate Fraturas e Luxações Lesão óssea de origem traumática, produzida por trauma direto ou indireto, de alta ou baixa energia. Pode ser do tipo incompleta ou completa, fechada ou exposta. Incompleta: Ocorre a lesão, mas não rompe a continuidade óssea; tipo de ocorrência comum em crianças. Completa: os fragmentos ósseos perdem a continuidade, ficando desviados ou não, o manuseio destas fraturas deve ser cuidadoso e técnico, para evitar lesões em tecidos vizinhos. Fechada: fratura continua protegida por partes moles e com pele integra. Aberta ou Exposta; o foco da fratura encontra se em contato com o meio externo, estas fraturas são sempre contaminadas, variando o grau de contaminação. A fratura exposta é uma situação de urgência. Sinais e Sintomas:  Dor, sempre haverá dor no local da fratura, sendo aliviada por manobras de tração, alinhamento e imobilização;  Aumento de volume, devido a lesão de tecidos moles vizinhos a fratura, produzindo edemas;  Deformidade, o segmento fraturado apresenta angulações, rotações e encurtamentos evidentes a observação;
  • 38. Pg. 35 INC Espeleoresgate  Impotência funcional, a fratura impede ou dificulta os movimentos;  Crepitação óssea, sensação audível e palpável causada pelo atrito entre os fragmentos ósseos. Fratura de Crânio As Fraturas são comuns, mas nem sempre associadas à lesão cerebral, no entanto podemos ter uma lesão cerebral sem fratura. Devemos sempre observar o quadro da vítima. Reconhecimento:  Ferimento extenso ou profundo na cabeça;  Hematoma em pálpebras;  Pupilas anisocóricas (desiguais);  Sinais de Battle (arroxeado atrás da orelha);  Perda de liquor pelo nariz;  Alterações de pulso e pressão arterial. Luxações É a perda de congruência articular da função da articulação correspondente, ocorrem mais comumente em articulações móveis como: ombro, quadril, dedos da mão, punhos tornozelos. Os sinais e sintomas são muito parecidos com os de fraturas, no entanto a manipulação cabe exclusivamente a um médico, manobras inadequadas podem agravar a lesão já existente e produzir dano adicional à região afetada.
  • 39. Pg. 36 INC Espeleoresgate No atendimento, a imobilização deve ser na posição de deformidade, buscando oferecer o máximo de conforto a vítima. Trauma de Coluna Também chamado Traumatismo Raquimedular (TRM), resgatistas devem estar conscientes de que a manipulação, movimentos e imobilização inadequados podem causar danos irreversíveis de coluna. Reconhecimento:  Identificar o mecanismo da lesão;  Ausência de reflexos;  Priapismo (ereção peniana);  Disfunção autonômica (perda de controle do esfíncteres)  Déficit de força muscular ou paralisia uni ou bilateral abaixo da lesão. Movimentação de Suspeita de Lesão de Coluna Toda vítima de trauma deve ser manuseada com máximo de cuidado, a fim de não agravar suas lesões. Isto é de extrema importância nas vítimas com suspeita de lesão de coluna vertebral. Considerando que esta vítima precisa ser movimentada do local para uma maca de transporte, é obvio que haverá manejo do acidentado, colocando em risco a integridade da medula espinhal, portanto a movimentação de vítima de suspeita de lesão deve ser criteriosa e coordenada.
  • 40. Pg. 37 INC Espeleoresgate Queimaduras Queimadura é a lesão na pele provocada geralmente pelo calor, mas também pode ser provocada pelo frio, pela eletricidade, por certos produtos químicos, por radiações e até fricções. A pele pode ser destruída parcialmente ou totalmente, atingindo desde pelos até músculos e ossos. A queimadura de 1º grau atinge a camada mais superficial da pele, a epiderme, e se traduz como uma lesão vermelha, quente e dolorosa. A queimadura solar é um exemplo. A queimadura de 2º grau superficial gera bolhas e muita dor; já a profunda e menos dolorosa, a base da bolha é branca e seca. Pode gerar repercussões sistêmicas e causar cicatrizes. A queimadura de 3º grau é indolor, acomete todas as camadas da pele, podendo chegar até aos ossos e gerar sérias deformidades. Na maioria das vezes, há necessidade de internação hospitalar, pois geralmente ocorrem manifestações sistêmicas, como desequilíbrio acentuado dos níveis de sódio, potássio e/ou cálcio, e desidratação; necessidade de retirada de tecidos necrosados, partículas estranhas na ferida; e até realizar enxertia. Fonte: Acervo CBPMPR/GOST Imagem 7: Queimadura Mecânica Química
  • 41. Pg. 38 INC Espeleoresgate Emergências Produzidas pelo Frio Ambiental Temperaturas próximas ou abaixo do ponto de congelamento podem produzir isquemia tecidual, congelamento e, lesões de tecido. As áreas mais afetadas são: dedos, mãos, pés, face e orelhas. A pele se apresenta acinzentada e fria, a vítima se queixa de dor ou amortecimento local; lesões profundas deixam a pele como cera; a dor cessa devido a lesões em tecido nervoso. Lesões superficiais podem ser tratadas com reaquecimento já as profundas em ambiente hospitalar. Hipotermia Hipotermia é o resfriamento generalizado do organismo, que ocorre pela exposição a baixas temperaturas. A transferência de calor corporal é 25 vezes mais rápida em meio líquido que no ar; daí da hipotermia se desenvolver mais rapidamente em pessoas imersas em rios ou molhadas em ambiente frio. Por isso devemos o mais rápido possível remover a vítima dessas condições. Avaliação TEMPERATURA SINTOMAS 35º a 32º C Presença de tremores, sente frio, respostas verbais e motoras lentas, pele pálida e fria. 32º a 28º C Cessam os tremores e diminui o nível de consciência, queda de pressão arterial, sem pulso periférico e lento, diminui frequência respiratória, dilatação de pupilas. 28º a 25º C Redução considerável de dados vitais, vitima pode apresentar coma, aparentemente morta. Abaixo de 25º C Geralmente sobrevém a morte. Tabela 1: Hipotermia Fonte: Acervo CBPMPR/GOST
  • 42. Pg. 39 INC Espeleoresgate Acidentes com Animais Peçonhentos Animais peçonhentos são aqueles que possuem glândulas de veneno que se comunica com dispositivos inoculadores. (dentes, ferrões, etc.). Animais venenosos são aqueles que produzem veneno, mas não possuem aparelho inoculador, provocando envenenamento por contato, por compressão ou por ingestão. Para se prevenir aos acidentes devemos sempre utilizar equipamentos de proteção como luvas, polainas ou botas de cano alto, usar mangas abaixadas, atravessar rios e lagos arrastado os pés para não pisar em arraias ou bagres, revistar calçados e roupas antes de usa-los, se manter atento onde pisa, senta e coloca as mãos. Acidentes com Ofídios (serpentes) A característica do acidente com serpentes e a presença de perfurações de dentes no local da mordedura, acontecem geralmente nos tornozelos, pernas e mãos, se a serpente for de tamanho reduzido pode passar despercebida, por isso a necessidade de procurar pela mordedura se a vítima tiver os sinais e sintomas pertinentes. No Estado do Paraná podemos encontrar três gêneros de importância toxicológicas sendo: o Bothrops (Jararaca e Jaracuçu) 70% dos casos, o Crotalus (Cascavel) 11% dos casos e o Micrurus (Coral). O tratamento é feito pela administração endovenosa de soro específico em dose única e anti-inflamatórios. Imagem 8: Cobras Fonte: Acervo CBPMPR/GOST Jararaca Cascavel Coral
  • 43. Pg. 40 INC Espeleoresgate Sinais e sintomas:  Manifestações locais: dor, edema, bolhas, sangramento pelos orifícios e necrose;  Manifestações sistêmicas: náuseas, vômitos, sudorese, hipotermia e insuficiência renal aguda, sangramentos (epistaxe e gengival) podendo ocorrer o choque anafilático;  Formigamentos, cefaleia, visão dupla ou turva, midríase, dores musculares, urina escura. Acidentes com Insetos e Aranhas Existem cerca de 41.000 espécies de aranha, todas produzem uma espécie de veneno em suas quelíceras, na maior parte dos casos inofensivos para humanos, sendo assim, poucas espécies têm alguma relevância do ponto de vista médico. Com distribuição mundial, há dois tipos de síndromes secundárias a picadas de aranhas que podem ocorrer: o Latrodetismo e o Loxsocelismo. Caracteristicamente, as aranhas do gênero Loxósceles são pacíficas e picam geralmente ao serem apertadas contra o corpo em roupas ou calçados. As Phoneutrias, entretanto, são muito agressivas. As aranhas caranguejeiras são conhecidas por atingirem grandes dimensões, entretanto, na maioria das vezes possuem um tipo de veneno de baixa toxicidade. Armadeira Caranguejeira Marrom Viúva Negra Tarântula Imagem 9: Aranhas Fonte: Acervo CBPMPR/GOST
  • 44. Pg. 41 INC Espeleoresgate A epidemiologia das picadas de aranha depende de fatores ambientais e da interação entre seres humanos e aracnídeos. O diagnóstico de picada de aranha é usualmente clínico, baseado na história do paciente de ter recebido uma picada de inseto identificado como aranha, esta identificação se torna mais eficaz se a aranha for capturada. Na maioria dos casos, a identificação é realizada pelo próprio paciente. A melhor forma de prevenir as picadas é evitar situações de risco para picadas de insetos. Existem antídotos para muitos dos grupos de aracnídeos, porém o efeito destes antídotos é menor do que o obtido com os antídotos para veneno de ofídios e escorpiões. No Brasil, raramente é usado soro contra picadas de aranhas do gênero Photoneutria, no entanto, frequentemente é usado para picadas do gênero Loxósceles, embora se saiba que a apresentação clínica mais demorada e a natureza irreversível das lesões necróticas da picada de Loxósceles tornam este tratamento menos efetivo. Escorpiões Pouco agressivos, picam quando são apertados e são de hábitos noturnos. Durante o dia estão sempre escondidos em pinhas de galhos, em baixo de pedras e frestas. Existem várias espécies, mas somente o gênero Tityus tem interesse médico, sendo os escorpiões Marrom e o Amarelo, responsável pela maioria dos casos graves em nosso meio. Escorpiões segregam seu veneno em uma glândula logo abaixo de um aguilhão que possuem na extremidade da cauda. Imagem 10: Escorpiões Fonte: Acervo CBPMPR/GOST
  • 45. Pg. 42 INC Espeleoresgate Insetos As Lonômias, mais conhecidas como lagartas ou taturanas, são larvas de mariposas e possuem seu corpo revestidos de espinhos urticantes que contem poderosa toxina. Sua cor é marrom esverdeada ou marrom amarelada, com listas longitudinais castanho escuras. Vivem durante o dia agrupadas nos troncos de árvores, onde causa acidentes pelo contato com seus espinhos, geralmente pessoas que não utilizam luvas ou se abraçam em troncos durante a descida de trilhas. Vespas e Abelhas A ordem Hymenóptera é um dos maiores grupos dentre os insetos, englobando as diversas famílias de abelhas, vespas e formigas. Só para se ter ideia, existem mais de 10 mil espécies de abelhas e mais de 25 mil espécies de vespas. Por exemplo, a mamangava é uma espécie de abelha grande, que possui corpo escurecido e parecido com um besouro. Já marimbondo é o nome dado às espécies maiores de vespas, geralmente com o corpo de cor mais escurecida. Imagem 11: Lagartas Fonte: Acervo CBPMPR/GOST Imagem 12: Vespas e Abelhas Fonte: Acervo CBPMPR/GOST
  • 46. Pg. 43 INC Espeleoresgate A maioria das espécies de abelhas e vespas são animais dóceis que não costumam ferroar o ser humano, a não ser que se sintam atacadas. Ter uma abelha ao seu redor não representa perigo, a não ser que você tente acertá-la ou a esmague acidentalmente contra a sua pele. As abelhas não costumam atacar sem motivo. Em geral, abelhas e vespas longes de suas colmeias não apresentam comportamento agressivo e oferecem pouco perigo aos seres humanos. E mesmo próximo a suas colmeias, a maioria das abelhas não são agressiva. Há, entretanto, exceções. Algumas poucas espécies, como as abelhas africanas, são muito sensíveis e podem atacar o ser humano, caso elas sintam que a sua presença põe em risco a sua colmeia. Barulhos e movimentos bruscos podem irritá-las e causar ataques de várias abelhas ao mesmo tempo. A picada ocorre quando o inseto insere na pele o seu ferrão como forma de defesa ao se sentir atacado. E dependendo da quantidade de picadas podem levar a morte pessoas e animais num curto espaço de tempo por choque anafilático e fortes reações alérgicas. Sinais e sintomas de acidentes por insetos e aranhas:  Dor ou necrose no local da picada;  Insuficiência renal com presença de urina escura;  Febre, taquicardia, inchaço local, náuseas, tontura, dor de cabeça, vômito;  Presença de ferrões, vergões ou queimação no local;  Sangramentos nasais e gengivais.
  • 47. Pg. 44 INC Espeleoresgate Hipertermia É caracterizada pelo aumento da temperatura normal corporal, superior a 40ºC. Suas causas estão relacionadas à exposição excessiva ao sol, exposição a ambientes de intenso calor, pelo consumo de medicamentos e pode ser também ocasionada devido a alguma patologia por febre muito alta. É muito comum as pessoas associarem o termo febre com hipertermia. A febre é representada pelos sintomas que são similares como calafrios, aceleração do pulso e da respiração, entre outros, que servem para reajustar alguns mecanismos de termorregulação. Já a hipertermia acontece devido à sobrecarga dos mecanismos termorreguladores do corpo, elevando a temperatura corporal acima do ponto de regulação térmica. Sinais e Sintomas:  Suor intenso, Confusão mental;  Câimbras, perda de coordenação;  Náuseas, vômitos, ansiedade;  Aumento da frequência cardíaca, respiração intensa. Desidratação A desidratação ocorre quando o corpo usa ou perde mais líquido do que o ingerido. Quando isso acontece, seu corpo tem dificuldades para realizar suas funções normais. Se você não repõe os líquidos que são utilizados ou perdidos, ocorre a desidratação.
  • 48. Pg. 45 INC Espeleoresgate Perdemos água todos os dias: em nosso suor, urina, fezes e sob a forma de vapor quando respiramos. Juntamente com a água, pequenas quantidades de sais minerais também são perdidos. Além disso, a água é responsável por nutrir as células do nosso corpo e garantir que todas as funções serão devidamente cumpridas. Ao perder muita água, o corpo ficar fora de equilíbrio ou desidratado. A desidratação severa pode levar à morte. Comportamento Psicológico de Pessoas Perdidas Nos dias de hoje, muitas habilidades foram esquecidas pelo desuso devido à facilidade dos meios urbanos. Não é preciso mais ter senso de direção, depois de concluir suas atividades diárias, simplesmente pegam um ônibus ou veículos e seguem por ruas pré-determinadas com rotas, sentidos e sinalizações já pré-determinadas. Da mesma forma, para se alimentar, procuram lugares específicos como padarias, lanchonetes e mercados. Muitas pessoas se encontram hoje despreparadas para enfrentar áreas remotas, recebem informações através de canais de TV, livros e artigos, mas estar no terreno pode ser bem mais complicado do que aparenta. Mesmo os praticantes de atividades ao ar livre (escaladores, montanhistas e ecoturistas) que estão mais adaptados a este meio, e carregam consigo equipamentos necessários como barracas, agasalhos, sacos de dormir, podem encontrar dificuldades em áreas remotas. Fatores psicológicos como medo de estar sozinho, medo do escuro, medo de animais, medo de sofrer, medo de morrer, tendem a influenciar no comportamento e nas decisões, levando a tomar atitudes incorretas como não
  • 49. Pg. 46 INC Espeleoresgate se abrigar, escolher caminhos perigosos e até abandonar equipamentos. O êxito de um resgate depende da atitude da vítima, será de responsabilidade da vítima se manter viva, avisar antes de fazer uma incursão, conseguir comunicação com o resgate, conseguir hidratação, abrigar se, sinalizar seu ponto. Atitudes como ficar parado, não fazer nada ou deslocamento aleatório, podem influenciar grandemente na rapidez do resgate. Ficar parado e não fazer nada pode ajudar a não se perder mais e evitar outros acidentes, no entanto se não informou a ninguém para onde iria, nem o local onde esta ou não tem como acionar um resgate, ou esta desabrigada, sem hidratação, esta vítima terá problemas para ser resgatada. Andar aleatoriamente pode ocasionar acidentes ou se perder ainda mais, mas também pode levar a um ponto de contato ou civilização. Toda a atitude que a vítima tomará esta relacionada com seu preparo técnico e psicológico para lidar com a situação. Deslocamentos em Terrenos Acidentados A aventura de uma caminhada na montanha assim como a descoberta de salões em uma caverna, pode ser estimulante e irresistível assim como frustrante e até mesmo mortal. Se pretendermos nos aventurar em uma jornada, devemos estar preparados para a totalidade da natureza; para os prazeres e também para os sofrimentos, que certamente encontraremos. Tempestades, assim como brisas suaves; mato fechado, assim como grandes salões e passagens tortuosas; morcegos, assim como pássaros cantando.
  • 50. Pg. 47 INC Espeleoresgate Uma aventura é praticada em um ambiente indiferente às necessidades humanas, e são poucos que estão dispostos a pagar o preço do cansaço para ser um operador de resgate. Em áreas remotas encontramos vários tipos de ambientes, sejam matas densas, cachoeiras, campos, cânions, cavernas, rios e paredões de rocha, que podem interferir num caminho a seguir bem como na técnica de deslocamento. É uma atividade que exige um bom preparo físico e mental. Condicionamento físico é uma das chaves e pode fazer a diferença entre poder ser útil numa operação e simplesmente chegar ao local. A pressa descontrolada de chegar logo pode influenciar na segurança da equipe, que geralmente pode girar em torno do condicionamento ou preparo técnico de um membro da equipe, portanto encontrar um ritmo seguro a todos é mais importante que simplesmente chegar com sua equipe sem condições de ajudar. A preparação mental é tão importante quanto à condição física, nossa atitude mental frequentemente determina o nosso sucesso ou o fracasso. Uma vez que a aptidão física seja adequada, os “jogos da mente”, que jogamos com nós mesmos são os que realmente nos levam a ultrapassar um movimento difícil ou nos ajudam a decidir voltar atrás. Talvez, a maior atração de uma aventura sejam os desafios mentais que enfrentamos. A mais importante de todas as qualidades mentais em uma atividade é o julgamento. E ele desenvolve-se quando integramos nosso conhecimento com a experiência. Muito do que precisamos está em adquirir habilidades: a habilidade para negociar com tempo adverso, longos caminhos, matagal fechado, alta exposição e coisas parecidas.
  • 51. Pg. 48 INC Espeleoresgate À medida que aprendemos a suportar essas situações, nos tornamos melhores nas futuras decisões, adquirimos resistência, e a experiência que ganhamos é aproveitada para comparações nas próximas vezes que se revelar uma situação parecida. Entretanto, novas situações poderão ainda surgir, e para as quais não teremos precedentes dignos de confiança. Não seremos capazes de obter uma resposta confiável automática e então teremos que exercitar cuidadosamente nosso julgamento. Nesta incerteza repousa muito o empirismo do aventureiro, assim como um grande potencial para a tragédia. Fatores que Influenciam as Operações Peso e dimensão dos equipamentos: utilização de equipamentos mais leves como o duralumínio pode influenciar grandemente no desempenho da equipe nas operações. O comprimento e diâmetro das cordas ocupam grande espaço em mochila, e influenciam no equilíbrio do operador comprometendo o deslocamento em terreno inclinado ou passagens estreitas. Comprometimento das comunicações: Ter uma equipe treinada e entrosada pode facilitar as operações, visto que nem sempre a comunicação nos é favorável, O emprego de rádios em alguns locais pode não ser eficiente. Sinais sonoros, verbais e visuais podem ser comprometidos devido ao relevo, portanto sempre devemos nos antecipar a estas dificuldades, inteirando bem as equipes sobre a missão a ser cumprida.
  • 52. Pg. 49 INC Espeleoresgate Confiabilidade do terreno: Intempéries climáticas, acomodação de rochas, ação das águas e ventos, influenciam diretamente na resistência dos pontos de ancoragem e na solidez do terreno, podendo colapsar toda uma operação de resgate. O emprego de linhas de segurança, avaliação criteriosa das ancoragens, avaliação do terreno durante o deslocamento da operação, são de extrema importância para a segurança da equipe. Plano de ação: Uma boa coleta de informações sobre o local da ocorrência, o preenchimento do Questionário de Busca e da Valorização de Urgência Relativa, traz confiança e norteia a equipe de resgate. A padronização de técnicas e treinamento das equipes aumenta a garantia da integridade da equipe durante o resgate, bem como a logística de transporte e alimentação, substituição de operadores quando possível e plano de desmobilização de operação. O que levar numa operação: ter conhecimento do terreno, das condições climáticas, do tempo previsto para a operação ajuda na seleção dos materiais a serem levados, mas ter contigo um conforto mínimo como lanterna extra, kit 1º socorros, manta aluminizada, etc. pode fazer toda a diferença.
  • 53. Pg. 50 INC Espeleoresgate Grupo de Espeleoresgatista OBJETIVOS: Ao final desse módulo os participantes serão capazes de : 1. Formação de Grupo de Espeleoresgate; 2. Descrever um Ponto quente ou Célula de Vida; Formação A eficiência do espeleoresgate depende muito de uma lista atualizada dos resgatistas. Quando a iniciação aos métodos de espeleoresgate não é suficiente, existe a necessidade de treinamento permanentemente para que eles se tornem e permaneçam atos reflexos. Participação ativa em exercícios é uma obrigação é não uma eventualidade. O conhecimento deve ser compartilhado com os demais membros do grupo: transmitir as manobras de salvamento para seus companheiros de equipe pode ser muito útil um dia, não só durante um treinamento, mas também em um acidente. É claro que um acidente nunca acontece quando você espera. A baixa frequência de acidentes, que é, felizmente, uma coisa boa, faz também, descer a vigilância dos resgatistas. É muito desagradável começar a coletar o
  • 54. Pg. 51 INC Espeleoresgate material somente quando é avisado da ocorrência, também se perde um tempo precioso. Para reagir eficientemente, em um tempo mínimo, recomenda-se que ao retornar de uma ocorrência ou exercício, embora cansado, você tem que ter o hábito de manutenir, recolher e deixar em condições de uso seu material básico, caso houver novo acionamento. Ser e ficar localizável Conhecimento técnico Material manutenido Equipe de Assistência e de Resgate da Vítima primeiros socorros (ASV) Tarefas:  suporte básico de vida ao(s) ferido(s);  assistência dos não feridos;  informação para superfície. Composição:  2 a 4 resgatistas de autônomos, entre eles pelo menos um técnico de espeleoresgate (equipamento);  se necessário nesse caso um médico;  fornecimento mínimo de 12 horas;  material necessário para apoiar os nãos feridos.
  • 55. Pg. 52 INC Espeleoresgate Ponto quente ou Célula de Vida Na maior parte dos acidentes, a espera é demorada para vítima, a prioridade será coloca-la em um lugar confortável para evitar a evolução do seu estado de saúde. Na medida do possível, não deixar a vítima sozinha. Evitar também a movimentação desnecessária para maior conforto da vítima se for o caso deixar o local onde permanecerá livre de qualquer incidente. Conforme o estado da vítima, aplicaremos da melhor maneira possível à técnica dos cinco “R”:  Repousar;  Reaquecer;  Reconfortar;  Reidratar; e  Realimentar. Equipe de maca Tarefas: Máximo de 80 cm do solo Iliminação nas duas aberturas Solo Pedras Cama de corda (isolante) Manta térmica Mosquetão ou pregador de roupa Vítima Fonte: Manual Del Espeleosocorrista - SSF Figura 7: Célula de Vida
  • 56. Pg. 53 INC Espeleoresgate Equipe de maca Tarefas:  avaliação da rota de transporte, se necessário (por exemplo: maca menos volumosa). Composição:  2 a 3 técnicos espeleoresgatistas. Material:  Maca;  cordas (tração - segurança);  material para ancoragens, artificiais e naturais;  fornecimento mínimo de 12 horas. Equipe de Comunicação Tarefas:  Informações rápidas: Em grandes cavidades, é necessário iniciar, do início da intervenção, a instalação de meios de comunicação, com o AVS. Composição:  Em grupos de dois espeleoresgatistas.
  • 57. Pg. 54 INC Espeleoresgate Equipes Técnicas ou Transporte Tarefas:  condicionamento dos obstáculos;  transporte dos feridos. Composição:  4 a 6 espeleoresgatistas autônomos, se necessário, especialistas (desobstrução) Material:  espeleoresgatistas para o transporte de cargas (cordas, material para âncoras, ...);  se necessário: material de desbloqueio. Equipes de suporte ou apoio Tarefas:  Abastecimento da caverna e da superfície;  transporte e organização da superfície;  organização das instalações para necessidades básicas dos resgatistas empregados na ocorrência. Composição:  espeleoresgatistas e voluntários. Material:  necessário para formação de um acampamento operacional de resgate.
  • 58. Pg. 55 INC Espeleoresgate Princípio da supervisão Solicitado por todos os lados, o chefe de intervenção tentará não "Perder a vista" do essencial:  garantir a segurança do seu equipamento;  garantir as melhores soluções para as vítimas;  cuidar do aspecto humano de uma operação de socorro. Uma vez assumida a urgência inicial e as primeiras equipes já em andamento, o chefe de intervenção é responsável pela gestão do "posto de comando". Por uma questão de princípio, ele não desce para a caverna e delega a direção do subterrâneo para o Chefe da Equipe de Socorro esse com o auxílio da Equipe de Comunicação, ficando essencialmente com três aspectos da operação de resgate: a) organização subterrânea  decisão sobre as tarefas a serem cumpridas;  organização de revezamento;  estabelecimento de eventuais reforços. b) Organização da superfície  necessidades de descanso e subsistência;  bom controle das informações do posto de controle;  centralização do material. c) Contatos  contato com as autoridades;  contato com os familiares;  informações de imprensa.
  • 59. Pg. 56 INC Espeleoresgate Maca e KED OBJETIVOS: Ao final desse módulo os participantes serão capazes de : 1. Conceituar Maca e KED; 2. Descrever as principais características destes materiais. Maca Certamente não há uma maca para resgates ideal para todos os fins, e desprezam as equipes que tentam inventar uma por pelo menos 50 anos, provavelmente precisaremos de duas ou mais, dependendo dos locais em sua área de cobertura. O resgate de cavernas e minas é certamente a forma mais desafiadora de maca, e mesmo em uma fase de recuperação rotineira de vítima pode ser arrastada por passagens estreitas (precisamos de uma maca flexível), levantada verticalmente (precisando de uma maca rígida) e para transporte (necessitamos de uma maca convencional), Lesões especificadas no resgate de cavernas são geralmente ortopédicas, com uma alta proporção de fraturas dos membros inferiores, espinhais e pélvicas. A fase de recuperação pode levar muitas horas, portanto a maca deve ser o mais confortável possível e permitir acesso e monitoramento médico.
  • 60. Pg. 57 INC Espeleoresgate Então, é claro, temos o fato que a vítima entrou em um buraco com apenas alguns centímetros, pouca mais largo do que os seus próprios ombros, e tem que sair do mesmo jeito da entrou. Como resultado, a maca de resgate de cavernas geralmente é construída especificamente para o trabalho. Maca Ninho Foi desenvolvida em parceria com a organização SSF/FFS. Permite que a vítima seja transportada horizontalmente, verticalmente ou em ângulo. É, portanto, adequado para todos os salvamentos técnicos em corda, particularmente em espaços confinados. Descrição Permite que a vítima seja transportada horizontalmente, verticalmente ou em ângulo, para se adaptar a terrenos irregulares ou estreitos. Tem uma cadeirinha de corpo completo integrado para proteger a vítima. Fivelas de travamento automático para ajuste rápido e fácil, fundo de plástico liso e rígido garante bom deslizamento, o enchimento de espuma proporciona conforto para as costas da vítima. Fonte: www.petzl.com (2018) Figura 8: Maca Ninho
  • 61. Pg. 58 INC Espeleoresgate Disposição da Maca Aberta e Fechada Colocação da Vítima Envelopando a Vítima Fonte: www.petzl.com (2018)
  • 62. Pg. 59 INC Espeleoresgate Evacuação com diferentes posições Maca tipo Cesto Dada sua versatilidade, a maca cesto possui diversas aplicações, que podem variar desde o chão de uma fábrica a ambientes confinados, destaca-se o uso em resgate com aeronaves, alguns modelos dispõem de dispositivos de encaixe, o que permite o rebatimento do material, aumentando a maleabilidade e melhorando as condições de transporte pelas equipes de socorro. Fonte: www.petzl.com (2018) Figura 9: Maca Cesto Fonte: Acervo CBPMPR/GOST
  • 63. Pg. 60 INC Espeleoresgate Em contrapartida, embora alguns modelos sejam articulados, este modelo pesa em média 12 kg, bem como oferece resistência de trabalho de aproximadamente 200 kg, o que pode promover limitações quanto ao seu transporte e uso em locais de difícil acesso. A presença de tirantes próprios feitos de poliamida, o fundo composto de polipropileno, bem como a composição estrutural em aço laminado com tratamento térmico, confere a este tipo de maca grande durabilidade quando manipulado em ambientes hostis, justificando o seu uso nos ambientes mais extremos, dentre eles, locais íngremes e ribanceiras. Os perfis de aço ofertam grande rigidez ao fundo em polipropileno, onde se pode dispensar, em casos extremos, o uso combinado deste tipo de maca com a maca rígida. Os seus tirantes podem ser posicionados de diferentes formas, de acordo com o tipo de lesões que a vítima apresentar, sendo as mais usuais a seguintes:  Fita peitoral tipo cruzada, quando requerer maior imobilização via tórax;  Fita peitoral tipo mochila, quando requerer maior imobilização e o tórax não puder ser solicitado. Maca tipo Envelope Equipamento constituído por uma lâmina plástica altamente resistente, acompanhada por uma mochila e acessórios que conferem ao equipamento leveza, praticidade e funcionalidade, bem como grande resistência a abrasão. Para movimentações horizontais e verticais, a maca envelope dispõe de dois tirantes reforçados de nylon Figura 10: Maca Envelope Fonte: Acervo CBPMPR/GOST
  • 64. Pg. 61 INC Espeleoresgate com capacidade aproximada 1725 kg cada um. A presença de conexões de fecho rápido confere agilidade e firmeza no acondicionamento da vítima, bem como a composição dos materiais oferece grande facilidade na manutenção e limpeza. Em contrapartida, este tipo de equipamento não proporciona imobilização dorsal, razão pela qual deve ser utilizado combinado com a maca rígida. Alguns modelos apresentam proteção superior e inferior em forma de língua, as quais podem causar lesões na face, e quando içadas poderá demasiadamente a planta do pé, causando dor e desconforto à vítima. Kendrick Extrication Devide (KED) Que no APH (Atendimento Pré-Hospitalar) devemos estar sempre preparados para trabalhar de forma conjunta e rápida a fim de conseguir contornar a situação grave do paciente todo mundo já entende. O que muita gente ainda não sabe é que tudo isso só é possível por meio de algumas ferramentas que auxiliam no transporte, imobilização e movimentação da pessoa atendida. Iremos abordar sobre um desses instrumentos essenciais: o KED (Kendrick Extrication Device) ou Dispositivo de Extricação de Kendrick. Em primeira vista, o nome pode assustar um pouco, mas o KED, nada mais é do que um instrumento de extricação criado por Rick Kendrick em 1978. É interessante como o seu desenvolvimento é recente considerando o quanto esse tipo de ferramenta é importante no dia-a-dia do APH, devido à sua eficiência e segurança. Principalmente porque é usado por profissionais que têm a grande responsabilidade de atender de forma rápida e eficaz para estabilizar um paciente em situação de emergência. Figura 11: KED Fonte: Acervo CBPMPR/GOST
  • 65. Pg. 62 INC Espeleoresgate O uso desse dispositivo é frequente porque um dos principais passos do cuidado ao traumatizado é a “extricação”. Como sabemos, esse é um termo muito usado no meio e envolve retirar uma vítima de um local em que está presa ou não consegue sair com segurança usando suas próprias capacidades. Portanto, a principal função dessa ferramenta é a imobilização e estabilização, em conjunto com o colar cervical, de toda a coluna vertebral para que a retirada do paciente possa acontecer. Trata-se de um equipamento tipo veste ou colete com a parte posterior rígida, que fica em contato com a cabeça, pescoço e a coluna vertebral, até a cintura pélvica. A parte anterior consiste em duas “abas” que envolvem a coluna em sua porção final e a pelve do paciente, que são presas uma à outra por três tirantes de diferentes cores. O KED foi idealizado e criado para a extricação de vítimas de veículos automotores, nos casos em que não é possível estabilizar seguramente o paciente em prancha longa, devido à sua posição dentro do veículo. O objetivo é estabilizar a coluna vertebral antes de proceder à imobilização completa em prancha longa. Porém, deve ser usado em vítimas conscientes e estáveis (sem risco imediato de morte ou complicação), em cenas seguras, que também não ofereçam risco à equipe de socorristas e somente quando o tempo não for a principal preocupação. Não se recomenda o uso do KED para pacientes inconscientes e/ou instáveis, devido à duração necessária para a sua correta colocação. Para esses pacientes, podemos utilizar técnicas de extricação rápida como a “Chave de Rauteck”. A vantagem em usá-las está na rapidez de aplicação e no fato de que não demandam o uso de muitos equipamentos. Porém, não oferecem tanta estabilidade e proteção quanto o KED. Figura 12: Imobilização Fonte: www.vax.ovh (2017)
  • 66. Pg. 63 INC Espeleoresgate A técnica para colocação do KED exige de dois a três socorristas com treinamento para sua correta utilização, pois o posicionamento incorreto do dispositivo pode causar movimentos bruscos na coluna e, portanto, danos físicos no paciente. Feitas a avaliação, a vítima deve ser abordada juntamente com a estabilização manual da cabeça mantendo-a em posição neutra, alinhada à coluna cervical. Um segundo socorrista deve então colocar o colar cervical de tamanho adequado. A vítima deve ser movimentada em bloco liberando espaço para a passagem do KED. O dispositivo deve ser colocado alinhado à coluna, com as abas posicionadas logo abaixo das axilas. É importante lembrar que os tirantes longos (tirantes da virilha) devem ser soltos e posicionados por cima do colete, para facilitar sua fixação ao final. Os tirantes devem ser bem presos e ajustados na ordem correta (por isso as cores diferentes) com o objetivo de envolver a vítima de forma uniforme. O primeiro a ser preso é o tirante central (abdominal), seguido pelo tirante inferior (quadril) e o superior (tórax). É preciso ter cuidado nesse momento com casos em que esse método de colocar o dispositivo na vítima deve ser feito de maneira diferente. Em gestantes, por exemplo, o tirante abdominal e o torácico não devem ser tracionados, evitando a compressão abdominal. Em todos os pacientes, os tirantes longos (virilha) devem ser então passados por baixo dos joelhos, de fora para dentro, e posicionados em linha reta com a prega glútea, acoplados e bem ajustados. Por último, procedemos com a imobilização completa da cabeça. É Importante observar se há espaço não preenchido entre a cabeça/coluna e o KED, dificultando o alinhamento correto. Se isso ocorrer, pode-se colocar um acolchoamento entre a cabeça ou coluna e o KED, para mantê-las alinhadas e em posição neutra.
  • 67. Pg. 64 INC Espeleoresgate As abas superiores devem ser posicionadas (segure-as juntamente com o colar cervical, pois isso permite uma troca cuidadosa e segura da imobilização manual da cabeça). Para proceder à imobilização completa da cabeça, prenda-a com os tirantes (tirantes de cabeça) na lateral das abas, passando um tirante na altura da região frontal da cabeça e outro na altura da mandíbula, tomando cuidado para não comprimi-la ou prejudicar a ventilação por tração excessiva. Nesse momento, já não é necessária a imobilização manual da cabeça, pois a mesma está completamente estabilizada. Depois que todos os tirantes estiverem acoplados, verifique o ajuste de cada um, e então tracione o tirante do tórax de maneira que ele fique firme e não impeça ou prejudique a ventilação do paciente. KED - PRO O KED Pro é construído com três alças de elevação, as alças ao ajustar a posição vertical do KED em um paciente e durante o resgate técnico. As duas alças de elevação laterais fornecem as mais resistentes para os operadores para ajustar o KED® Pro durante a montagem e ao levantar e movimentar o paciente. A alça de elevação superior serve como uma extensão das correias das pernas e oferece um firme apoio durante o resgate em espaço confinado ou vertical para puxar horizontalmente ou levantar verticalmente o paciente. Durante uma situação de resgate, coloca-se um freio de elevação nas três alças de içamento. Ajustam-se as pernas do freio para que elas apliquem pressão uniforme em todos os três alças de elevação. Figura 12: KED PRO Fonte: www.fernorescue.com Fonte: www.fernorescue.com
  • 68. Pg. 65 INC Espeleoresgate Ao usar as três alças de elevação para um elevador vertical: ● O KED Pro é classificado para uma carga individual de 150 kg (330 lb); ● Use um freio de elevação adequado com uma capacidade de pelo menos 1.500 kg (3.300 lb. ou 15Kn); ● Conecte o freio a todas as três alças de transporte e ajuste-as garantir carga igual em todas as três alças de transporte; ● Certifique-se de que as correias para as pernas e as cintas para o peito estão bem apertadas e seguras antes de mover o paciente. Fonte: www.fernorescue.com
  • 69. Pg. 66 INC Espeleoresgate Equipamentos OBJETIVOS: Ao final desse módulo os participantes serão capazes de : 3. Classificar Materiais; 4. Descrever as principais características dos materiais. Certificação Sua utilidade recai fundamentalmente em unificar critérios na hora de fabricar qualquer material, com a finalidade de garantir ao usuário condições mínimas de qualidade e segurança. No Brasil, o nosso parque industrial tem melhorado bastante nos últimos tempos e tem criado condições de fabricar produtos de qualidade, segurança e confiabilidade. Atualmente os melhores equipamentos de resgate são fabricados nos EUA, França, Itália, Espanha, Suíça, Austrália e Alemanha. Existem diversas instituições homologadoras e normatizadoras dos equipamentos de segurança:
  • 70. Pg. 67 INC Espeleoresgate  NFPA - National Fire Protection Association – Fire Service Life Safety Rope and System Components;  CE – indicativo de conformidade obrigatória para diversos produtos comercializados no Espaço Econômico Europeu;  UIAA – Union Internacionale des Associations D’Alpinisme;  OSHA – Occupational Safety & Health Association;  CA – Certificação de Aprovação do Ministério do Trabalho e Emprego do Brasil. Classificação dos Equipamentos Equipamentos de Proteção Individual Qualquer que seja a atividade que irá realizar a utilização de equipamento completo de proteção individual é necessária, tais como:  Capacete – equipamento que visa proteção da cabeça contra a queda de equipamentos, pedras e/ou a queda do próprio resgatista, evitando assim traumatismos, este deve ser confortável, leve, possuir jugular ajustável, carneira interna ajustável e capacidade de deformação adequada aos níveis de proteção do serviço, sem abas na frente para possibilitar a observação para o alto, deve ainda ter aberturas para facilitar a ventilação e a drenagem de água.  Luvas – resistente e reforçada, de forma que tenha uma proteção térmica e abrasiva, sem acarretar a perda total do tato, são essenciais, pois evitam atrito entre a mão do resgatista e o cabo de salvamento. Fonte: Acervo CBPMPR/GOST Fonte: Acervo CBPMPR/GOST Figura 13: Capacete Figura 14: Luva
  • 71. Pg. 68 INC Espeleoresgate  Lanternas – em se tratando de cavernas, a utilização de lanternas remonta em salvar ou não uma vítima, já que tal ambiente é tomado pela escuridão.  Cinto de Segurança – Equipamento confeccionado com a finalidade de fornecer conforto e segurança ao operador durante as atividades de resgate em áreas remotas. É um equipamento essencial de segurança fabricado a partir fitas acolchoadas, e ajustado por fivelas de metal. Existem três classes de cinto que são destinados a seu emprego específico: Cinto Classe 1: Consiste num cinto lombar provido de apenas um ponto de ancoragem, mais conhecido pelo nome de cadeirinha de escalada. Sendo um equipamento leve e confortável e preferido pelos operadores de montanha. Cinto Classe 2: Esta classe de cintos difere das outras por possuir uma atadura de peito (bauldrier) confeccionada em fitas largas, que adiciona ao conjunto mais um ponto de ancoragem, possibilitando maior conforto e segurança em caso de grandes quedas e resgates por içamento de helicópteros. Cinto Classe 3: Consiste num cinto conjugado que possui até cinco pontos de ancoragem, sendo dois lombares, um ventral, um dorsal e um peitoral, confortável e mais utilizado no resgate urbano, no entanto, por ser mais robusto agrega volume e peso ao equipamento tornando o inadequado as operações áreas remotas. Figura 15: Lanterna de Cabeça Figura 16: Cadeirinhas Fonte: Acervo CBPMPR/GOST Fonte: Acervo CBPMPR/GOST
  • 72. Pg. 69 INC Espeleoresgate  Auto segurança – São dispositivos que tem por finalidade agregar segurança ao operador em situações de exposição ao risco de queda de plano elevado. Deve apresentar regulagem de distância do ponto de ancoragem, garantindo melhor posicionamento e reduzindo o tamanho de possíveis quedas. As mais utilizadas são a Daisychain e o Spezzione. Cada operação requer um conjunto de EPI’s específicos, são de suma importância o resgatista se manter atualizado e se adaptar a operação que irá realizar. Equipamentos Flexíveis São confeccionados em poliamida, que é uma fibra sintética de grande resistência. Essas fibras são utilizadas na fabricação de cordas, fitas de ancoragem, cintos, etc. Geralmente são maleáveis, porém, podem ser encontrados na forma semirrígida.  Cordas – são aqueles formados por um conjunto de fios, fibras, cordões, alma e capa, confeccionadas em material sintético ou natural, torcidos ou trançados entre si. Cordas dinâmicas – alto percentual de alongamento, que atuam como absorvedores de choque, quando ocorre uma queda, sendo recomendadas para escalada técnica, onde o risco de queda é maior. Algumas cordas alongam-se em até 60% de seu comprimento original antes de seu ponto de ruptura. Fonte: Acervo CBPMPR/GOST Fonte: Acervo CBPMPR/GOST Fonte: Acervo CBPMPR/GOST Figura 17: Spezzione Figura 18: Daisychain Figura 19: Corda
  • 73. Pg. 70 INC Espeleoresgate Cordas Estáticas – baixo percentual de alongamento, não mais que 20% antes de seu ponto de ruptura, suas capas são mais grossas e apertadas do que as dinâmicas, ajudando a proteger a alma da abrasão e impurezas. Adequada para a atividade de resgate, por sua resistência e alta força tencil.  Cordeletes – cabos de diâmetro reduzido, muito utilizado em operações de resgate, no auxílio das ancoragens, na segurança primária na forma de nós bloqueadores.  Fitas tubulares – conjunto trançado de fios de material sintético, formando um tubo com formato plano, com alta capacidade de carga, podendo ter a forma de fitas com extremidades livres, ou ainda ter suas extremidades costuradas formando um anel fechado. Sua utilização principal é facilitar as ancoragens, tornando-as ágil, fácil de desfazer. Equipamentos Rígidos São confeccionados em ligas de metal como: aço, duralumínio, titânio, etc..  Mosquetões - São elos metálicos fabricados de uma liga especial de alumínio ou aço de alta resistência. A Carga Nominal do mosquetão normalmente vem impresso no seu corpo em kilo Newton (KN), equivalendo a grosso modo a 100 kg por KN. Figura 20: Cordelete Fonte: Acervo CBPMPR/GOST Fonte: Acervo CBPMPR/GOST Figura 21: Fitas Tubulares Figura 22: Mosquetões Fonte: Acervo CBPMPR/GOST
  • 74. Pg. 71 INC Espeleoresgate Os mosquetões não devem ser tracionados no seu sentido transversal e jamais devem sofrer torções, com risco de seu rompimento, por isso, devemos no que atentar e evitar que os mosquetões fiquem em arestas e saliências. Existem vários formatos de mosquetões e cada um tem suas características, por isso, para segurança de todos, deve se tomar conhecimento das especificações do equipamento. Podem ser do tipo sem rosca, utilizados nas progressões de escalada ou mosquetões com rosca, seja de travamento manual ou automático, utilizados nas operações de resgate. Os cuidados básicos com o mosquetão começam orientando corretamente as forças opostas exercidas sobre a peça, jamais permita que uma terceira força com outra direção trabalhe sobre uma mesma peça. Quando sem carga os gatilhos devem abrir com suavidade, caso enrosquem verificar a lubrificação ou talvez torção da peça. Nunca tente abrir um mosquetão que esteja sob tração, pois este pode se romper comprometendo a segurança da atividade. Mantenham sempre limpos, principalmente depois de submetidos as condições diversas, como areia, ou sal da maresia. Ao devolver um equipamento é de sua responsabilidade comunicar qualquer incidente que por ventura tenha acontecido. Fonte: Acervo CBPMPR/GOST Figura 23: Uso incorreto de Mosquetões
  • 75. Pg. 72 INC Espeleoresgate  Malha rápida - elo metálico com uma porca sextavada com a facilidade de rosquear e unir as extremidades do anel, travando- o e formando uma peça única, com característica de suportar cargas em todas as direções;  Descensores – São equipamentos que exercem frenagem sobre uma corda possibilitando uma descida controlada. Podem ser do tipo travamento mecânico ou manual. Travamento Mecânico: são aqueles que não precisam das mãos do operador para o travamento. Alguns até apresentam um sistema antipânico que impossibilita atitudes involuntárias. Travamento Manual: São dispositivos que para sua blocagem necessitam a ação das mãos no travamento da descida.  Ascensores – derivados dos blocantes, destinados as atividades de subida pelos resgatistas, bloqueios em tracionamentos ou içamento de materiais e vítimas. Esses equipamentos podem ser Figura 24: Malha Fonte: Acervo CBPMPR/GOST Fonte: Acervo CBPMPR/GOST Fonte: Acervo CBPMPR/GOST Fonte: Acervo CBPMPR/GOST Figura 25: Descensores Travamento Mecânico Stop Gri-Gri ID Rack Oito ATC Figura 26: Descensores Travamento Manual Figura 27: Ascensor de Punho
  • 76. Pg. 73 INC Espeleoresgate de elevação ou ascensor de punho (esquerdo direito) e ventral, também chamado de Kroll. Geralmente os ascensores apresentam mordentes pontiagudos no seu dispositivo de blocagem, por isso devemos tomar cuidado para não ultrapassar o limite máximo de carga, que é de 400 Kg (4KN). Os blocantes mecânicos travam a corda em um sentido e liberam no outro. Funcionam através de compressão da corda. São mais indicados para trabalhos de blocagem em operações de salvamento.  Polias – utilizadas para reduzir o atrito nos cabos em diversas manobras para transposição de obstáculos e planos inclinados, sua utilização principal é na elevação ou descida de cargas através de sistemas de redução de força. Podem ser simples, duplas ou ainda as polias auto blocantes; Figura 28: Ascensores Fonte: Acervo CBPMPR/GOST Rescucender Shunt Tibloc Croll Fonte: Acervo CBPMPR Figura 29: Polia Simples e Dupla
  • 77. Pg. 74 INC Espeleoresgate  Placas de ancoragem – permite a ancoragem de mais de um cabo em um mesmo ponto de fixação. Muito utilizado em sistemas de redução de força, onde se utilizam mais de uma roldana no sistema, bem como em sistemas de tracionamento, possui grande capacidade de trabalho;  Ancoragens artificiais – equipamentos de alpinismo sendo os mais conhecidos as chapeletas, os pinos, nuts e friends, estes dois últimos com fixação móvel, podendo ser recolhidos mais facilmente após seu uso. Figura 30: Placa de Ancoragem Fonte: Acervo CBPMPR/GOST Figura 31: Ancoragem Artificiais Chapeleta Friends Nuts Fonte: Acervo CBPMPR/GOST
  • 78. Pg. 75 INC Espeleoresgate Técnicas de Progressão e Evacuação OBJETIVOS: Ao final desse módulo os participantes serão capazes de : 1. Conceituar e desenvolver Nós e Amarrações; 2. Elencar e descrever o funcionamento das principais ancoragens; 3. Realizar técnicas de Ascensão e Descensão; 4. Tipificar progressões e sistemas com maca; 5. Conceituar e desenvolver manobras, S.T.E.F. e Vantagens Mecânica. Nós e Amarrações É preferível conhecer poucos nós e ter completo domínio dos mesmos, do que conhecer muitos, porém sem dominá-los por completo. Segundo Cunha e Cariocane (2008), um nó é uma combinação de voltas, a maioria das vezes entrelaçadas, destinadas a reunir dois cabos, a fixa-los entre um ponto e outro, ou entre um ponto e um objeto ou aumentar a extremidade de outro cabo. Devido a grande variedade de nós disponíveis para emprego em operações com cordas, hoje já se faz necessário uma boa seleção e