Este documento discute a importância da educação sexual na infância e fornece orientações para pais e educadores. Aborda tópicos como o desenvolvimento infantil, curiosidade natural das crianças sobre o corpo, jogos sexuais entre crianças, autoerotismo e como responder às perguntas das crianças de forma apropriada para a idade. O objetivo é ajudar os responsáveis a compreenderem melhor as necessidades de desenvolvimento das crianças e como fornecer informações de forma a evitar sentimentos de culpa em relação à sexualidade.
2. O desenvolvimento infantil ...
Os primeiros anos de vida são os
mais importantes na formação,
estruturação da personalidade e
no futuro desenvolvimento:
Cognitivo,
Social,
Afetivo-emocional,
Moral e SEXUAL do ser humano.
4. PEDAGOGIA
DO
SILÊNCIO,
Ou diálogo do
silêncio
É bom saber que....
assumindo ou não a tarefa de
orientá-los, conversando ou
não, estaremos dando educação
sexual.
Remetendo-se às nossas próprias dúvidas a este respeito quando
éramos crianças e a como teríamos gostado que tivesse sido nossa
orientação
entender a curiosidade de nossos filhos e educandos!!!
5. Desenvolvimento infantil x sexualidade
Sexo = biológico
x
Sexualidade = é uma coisa NATURAL nos seres humanos,
é uma função como tantas outras.
Estimulamos a evolução de nossos filhos em vários aspectos
(comer sozinhos, andar, ler…), mas com a sexualidade somos
cuidadosos e até mesmo preconceituosos.
A criança fica com a sensação de que faltam pedaços em seu
corpo – elogiamos olhos, perninhas, cabelos e outros, mas
não falamos em seus órgãos sexuais.
6. Desenvolvimento infantil x sexualidade
Exercício - Não é fácil para pais que não foram
educados desta forma em sua infância, mas o importante
é tentar melhorar a educação que possam oferecer a seus
filhos.
Dependendo da atitude dos pais, as crianças aprendem
se sexo é bonito ou feio, certo ou errado, conversável
ou não.
Livrando do sentimento de culpa:
Educação sexual é um processo de vida inteira:
teremos tempo de melhorar o que não conseguirmos
explicar da forma como gostaríamos.
7. A educação sexual acontece
indiscriminadamente na família, na escola, no
bairro, amigos, músicas, televisão, jornais,
revistas, internet...
8. Mídia
Sexualização infantil = banalização da sexualidade
Matérias sobre sexo não são informativas = sensacionalismo (Ibope).
Tecnologias - celulares com mídia ou TV= cuidadores e babás substitutos;
Induz o consumismo e a repetição estereótipos que se tornam referência
para o ser em formação;
Diminuição da fase infantil identificação da criança com modelos e jovens
que atendam aos padrões estéticos, fazendo com que essas crianças, gostem,
queiram e se comportem da mesma forma.
Erotização precoce: projetam na criança a moda adulta, só que no
tamanho infantil. Nos shoppings, mães e filhas trocam de papéis. Mães
querem voltar a ser jovens e filhas querem crescer rapidamente.
Como compreender isso: Participem ativamente do que sua criança vê e
escuta; ajudem a desenvolver a autocrítica, o senso do que é certo ou errado.
9. Desenvolvimento sob o aspecto
sexual x Educação Sexual
Repressão/modelo punitivo
Modelo biológico
Omissão
Falsa Liberalidade
“(...) è importante que as crianças e jovens
sejam criados sem sentimentos de culpa
em relação à sexualidade e ao seu próprio
corpo. Sexualidade é mais do que genitália
e, como tal, é parte inerente do ser
humano”
Araújo, 1977, p.63
11. IDADES COMPORTAMENTOS
Até 18
Meses
Capacidade sexual-erótica-fisiológica-reflexa
(princípio de prazer-dor e não em comparação
com a capacidade sexual do adulto – erótica);
Ereções penianas e clitorianas espontâneas,
lubrificação vaginal;
Conhecimento do próprio corpo através da
auto-exploração;
Desenvolvimento da capacidade de falar, andar,
etc;
Afagos e carícias permitem o desenvolvimento
da sensualidade corporal;
Importância da amamentação e contato físico
(inclusive durante a higiene).
18 Meses /
3 Anos
Desenvolvimento da identidade sexual;
Aprendizagem do controle esfincteriano;
Reconhecimento do próprio corpo;
Descoberta do prazer no próprio corpo: auto-
erotismo;
Definição dos limites entre “eu” e o “outro”;
3 Anos /
4 Anos
Curiosidades a cerca das diferenças sexuais;
Desenvolvimento da socialização;
Curiosidade a cerca do processo reprodutivo;
Jogos sexuais.
5 Anos /
6 Anos
Intensificação das aquisições anteriores;
Contatos sociais mais íntimos – escola,
playground, clube, etc;
Grupos de meninas; Grupos de meninos;
Desenvolvimento dos papéis sexuais.
12. IDADES COMPORTAMENTOS
7 Anos /
9 Anos
Intensificação das aquisições anteriores;
Socialização estabelecida;
Despertar sexual no encontro com outra
pessoa – início do interesse pelo sexo oposto;
Masturbação;
Aprendizagem através dos amigos do
mesmo sexo;
Formação de grupo de iguais (clube do
bolinha e da luluzinha)
União muito forte por sexo (radicais,
marginalizam o outro sexo, “meninas
frescas”, “meninos brutos”);
Fortalecimento dos papéis sexuais:
Meninos (mais machões que os homens) e
Meninas (mais frescas que as mulheres);
Estereótipos sexuais extremamente fortes;
No final da fase pode aparecer a puberdade.
10 Anos /
12 Anos
Puberdade (pré-adolescência);
Mudança abrupta do esquema corporal;
Masturbação intensa;
Início da “saída” do grupo fechado para o
relacionamento entre eles; entre sexos;
Namorados, “ficantes”, etc.
13. FASES DO DESENVOLVIMENTO
1) Descoberta...
Ereção infantil é reflexa (por volta 18 meses)
Se o menino ficar com o pênis duro quando
estiver brincando ou quando alguém for dar
banho ou higienizá-lo, não é para se assustar
achando que isso significa um desejo sexual
explicitado, que ele quer transar com a mãe, com
a avó ou com a babá.
Essa ereção é reflexa e pode acontecer por vários
motivos: vontade de urinar, sensação gostosa de
um toque (que ele se fez ou recebeu na higiene),
o roçar da roupa...
O importante é não assustar-se e nem
reprimir a criança.
14. FASES DO DESENVOLVIMENTO
1) DESCOBERTA 3-4 anos
Corpo / Prazer/Reprodução.
“ Papai me encontrou no shopping”
“Fui presente de Natal do papai noel”
“Mamãe me encontrou no hospital”
“Foi a cegonha que me trouxe,
numa entrega especial”
“Papai colocou uma sementinha dentro
da mamãe;
15. 1) Descoberta
Pais e professores... não se
surpreendam...
Se encontrar seu filho ou aluno
de 3 anos com um amiguinho ou
amiguinha, ambos sem roupa e
mexendo nos órgãos genitais.
Nessa fase aflora a curiosidade
sobre o corpo e a criança começa
a comparar seu corpo com o das
outras.
Ex: Banho com os pais.
16. 1) Descoberta
Ex = Pegar seu filho manipulando o pênis
do amiguinho x Filha vive de mãos dadas e
agarradinha com a melhor amiga da escola.
Os pais ficam logo preocupados pensando
que isso pode ser indício de
homossexualidade/homoafetividade.
Mas essa escolha segue caminhos
complexos (biológicas, sociais, afetivas) e
tem muito mais a ver com a relação afetiva
da criança com os pais do que com suas
brincadeiras infantis...
17. 1) Descoberta
Situação muito comum na escola e nas unidades de
educação infantil.
Relatos indicam que, por volta de 4 a 6 anos, muitas crianças
indicam e verbalizam no grupo o fato de estarem
“namorando” esta ou aquela outra criança.
A criança NÃO VIVE UM REAL NAMORO, é um pseudo
namoro, baseado em imitações da TV e dos estereótipos de
namoro do momento.
Toma força por volta dos 8 ou 9 anos, sendo um jogo
carregado de emoções para a criança.
Orientação: Deixá-los viver essa fase tão necessária e
passageira, mantendo-os sob uma observação pedagógica
discreta calcada no bom senso.
18. 2) Autoerotismo infantil
Ele ou ela começam a brincar com os órgãos genitais, passando a mão nessa
região durante um tempão (intensificação a partir de 3 anos...). Ou roçando
essa parte do corpo em um brinquedo, móvel, ou outro objeto.
Sim, ele(a) está se masturbando!!!
PRAZER que sentem, embora localizado, é difuso, e NÃO SE IGUALA AO
AUTOEROTISMO ADULTO.
Faz parte do processo de descobrimento do corpo e as suas sensações.
É importante desde cedo dar aos filhos a noção de limite, mas também é
importante respeitar o direito dele viver seu prazer corporal.
Delimitar espaços e locais.
Orientar sobre objetos que possam machucá-los.
Alvo de preconceito adulto.
Orientação: Falar para a criança que é gostoso acariciar o próprio corpo, mas
que não dá para fazer isso o tempo todo (senão pode machucar, deixar assado), e
nem dá para fazer em qualquer lugar, como também não se faz xixi em qualquer
lugar.
19. 3) Jogos sexuais
Jogos sexuais entre crianças da mesma idade ou idade
aproximada:
Jogos sexuais (tocar o outro) e observacionismo entre as
crianças, comuns entre 3 a 6 anos: são uma atitude típica da
ansiedade em conhecer as identidades sexuais do outro.
Atitudes como espiar nos banheiros, espiar a cor da calcinha e
da cueca, levantar as saias, brincar de médico, são expressões
dessa curiosidade.
Como agimos???
Castigamos os envolvidos, fazemos um discurso moral.
Fazemos uma análise maliciosa e contamos piadinhas sobre o
fato. Achamos que o mundo está perdido...
O que podemos fazer? Sugestões...
Encarar esses jogos como forma de satisfazer a curiosidade
sexual, não existindo contra-indicação para eles.
20. 3) Jogos sexuais
Orientação:
Ficar atentos se ocorrer entre faixas de idade
diferentes – coerção sexual.
Abuso sexual infantil -É muito importante
também que os pais expliquem que sexo ou toque
nos órgãos sexuais é algo que é realizado entre dois
adultos, e nunca entre adulto e criança, e que, se
qualquer adulto sugerir algum tipo de atividade ou
brincadeira sexual, a criança deve se recusar e contar
aos pais imediatamente.
21. • Espaço para discussão e crescimento
• A criança descobre o outro e a si própria
• IDENTIDADE SEXUAL
• PAPEL SÓCIO-SEXUAL
• IDENTIFICAÇÃO SEXUAL
Importância da Família
22. Importância da Família
Na troca de carícias,
nos gestos protetores
nas palavras carinhosas de seus pais
Durante seu desenvolvimento, a criança transita das
sensações graduais do conhecimento do próprio corpo à
curiosidade sobre o corpo das outras pessoas:
à descoberta do prazer ligado aos seus órgãos sexuais
aprende a encontrar o prazer erótico nos brinquedos e
na fantasia.
Com o passar do tempo, ela vai tomando consciência de
sentimentos e sensações que não fazem parte do seu
universo infantil e evolui então para a busca de emoções
compartilhadas, a busca do outro - o par.
23. Como responder? Quando devo falar
sobre sexualidade?
As respostas devem ser simples e
claras, não havendo necessidade de
responder além do que lhe for
perguntado.
Dar respostas insuficientes faz
com que a criança pergunte mais e
mais ou, ainda, que vá procurar as
respostas em outras fontes nem
sempre confiáveis; por outro lado
Dar respostas extensas demais, do
tipo “aula completa”, também não é
indicado, é preciso buscar respostas
de acordo com o que a criança for
solicitando...
É preciso buscar
respostas de acordo
com o que a criança
for solicitando.
A própria criança
dará os sinais do
momento mais
adequado de saber
cada coisa.
24. Dicas...
Quem deve falar com a criança???
O ideal será sempre que o casal possa fazer isto junto, pois
oferecerão visões diferentes e enriquecedoras, mas dependerá
da identificação que a criança tiver com os pais ou com um
deles em especial naquela fase da vida, ou, ainda, do
temperamento de cada um.
Pode ser mais fácil para um dos dois tocar neste assunto,
evitando o “jogo do empurra”. Ajudará muito o casal discutir
claramente entre si antes de conversar com a criança.
Como deve ser a atitude ao responder às perguntas???
O tom de voz, a segurança nas informações, o fato de
estarmos ou não à vontade, tudo isto é captado pela criança
também sob a forma de informação.
25. Dicas...
Fale de sexo com a criança de forma objetiva, da mesma
maneira que você falaria sobre qualquer outro assunto;
Evite fazer sermões sobre sexo;
Certifique-se de que suas explicações incluam mais do que
simples fatos biológicos;
Quando a criança usar palavrões, explique o que significam e
depois diga porque você não quer que ele use essas palavras.
Lembre de que rir ou fazer brincadeira sobre os palavrões que a
criança diz, poderá encorajá-lo a repetição do feito;
26. Dicas...
Utilize os nomes corretos para as partes sexuais do
corpo, em vez de usar termos como: “pintinho” “lulu”
para o pênis e “periquita” “pepeca” para a vulva;
Fale com as crianças sobre as transformações físicas
(desenvolvimento dos seios, menstruação, poluções
noturnas...) antes que elas ocorram, de maneira
natural e afetiva;
Ensine à criança que é certo dizer “não” a um adulto,
afim de que ela possa se defender de abusos sexuais;
27. Dicas
Auxilie a criança a se sentir confortável em falar
com você sobre sexo;
Não faça a criança ficar constrangida diante de
acontecimentos de ordem sexual;
Se você não sabe a resposta para uma pergunta
feita pela criança, não tenha medo de confessá-
lo;
Depois de ter respondido às perguntas da
criança, verifique se ele entendeu sua resposta e
dê-lhe a oportunidade de fazer outras perguntas.
28. Por derradeiro...
Aos pais
Quanto aos desenvolvimento sexual e
afetivo de nossos filhos... Não devemos
nos culpar por isto!!!
Não nascemos sabendo e somos frutos da
educação que tivemos.
Assim como nossos pais, certamente
fazemos o melhor que somos capazes, e
será muito bom que possamos ter a
oportunidade de repensar algumas
situações e atitudes.
29. Por derradeiro...
Aos educadores e a escola...
Jogos, vídeos que abordem temáticas especificas a cada fase
do desenvolvimento, brincadeiras, imitação, representação,
teatro, dança, música e artes plásticas, de um modo geral,
são de extrema importância para se trabalhar a temática
sexualidade com crianças.
Essa forma não inibe a criança, permitindo que ela avance
no sentido de superação de suas curiosidades e com isso
manifeste novos interesses pelo assunto.
Pensando no desenvolvimento como algo sexual- estamos
trabalhando com prevenção e naturalizando esse processo...
Evitando o pensamento mágico – isso só acontece com
esse individuo e não com os outros...