Editorial - Viver para Trabalhar ou Trabalhar para Viver?
1. Viver para Trabalhar ou Trabalhar para Viver ?
Os Advogados vivem sob o enorme stresse que as responsabilidades
profissionais lhes acarretam, nomeadamente devido à pressão dos prazos
judiciais, à multiplicidade e diversidade de casos e de Clientes, à constante
necessidade de actualização do saber, às inúmeras entidades e Tribunais
com que têm de interagir e de depender.
Por isso muitos vivem numa entrega quase exclusiva à profissão debatendo-
se, quer com sentimentos de culpa por descurarem a família e amigos, quer
com sentimentos de frustração por não terem dado asas a outros sonhos ou
desenvolvido outras competências.
Muitos vivem quase exclusivamente só para trabalhar.
Mas a vida tem muito mais para nos oferecer . Tem a Natureza, a Cultura, o
Desporto, o Lazer, a entrega aos outros e/ou a causas sociais e muitos outros
saberes para além do Direito.
É muito importante que nos dediquemos ao nosso trabalho com afinco e
entrega, não só por imperativo moral, ético e profissional mas também
porque dele dependemos para assegurarmos a nossa sobrevivência e, a
mais das vezes, também dos nossos.
Uma vez que não temos, na esmagadora maioria, a segurança de um
rendimento certo, torna-se particularmente difícil interiorizarmos que temos
de deixar espaço ao nosso Eu para que este se desenvolva de forma mais
completa e realizada .
Devemos, porém, abandonar os nossos medos , atavismos e
constrangimentos e ousar viver os nossos sonhos, dedicando-nos também a
outras actividades que se demonstrem essenciais ao Bem Estar do nosso
corpo e da nossa alma.
Da minha experiência pessoal e de tantos outros Colegas, entre os quais
aqueles que aceitaram dar o seu testemunho nesta Newsletter, a conciliação
do exercício da nossa profissão com outras actividades muito distintas do
Direito pode proporcionar-nos, humana e até profissionalmente, o
conhecimento, a completude e a realização que todos almejamos.