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Curso de Formação Especializada em
Educação Especial: Domínio Cognitivo e
Motor
Diagnóstico, Avaliação e
Intervenção na dislexia
Mariana Alexandra Sá Moreira
Salomé Marques Couto
Sónia Alexandra Peixoto Crisóstomo Moreira
A dislexia
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AVEIRO
Setembro de 2009
Curso de Formação Especializada em
Educação Especial: Domínio Cognitivo e
Motor
Diagnóstico, Avaliação e
Intervenção na dislexia
Este trabalho de Investigação constitui requisito da disciplina de
Métodos e Técnicas de Investigação e Análise em Educação Especial do
curso de Formação Especializada em Educação Especial: domínio
Cognitivo e Motor
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DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais)
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Docente: Dr. Hóracio Saraiva
AVEIRO
Setembro de 2009
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Índice
Introdução 6
1 - A Linguagem
1.1. A linguagem 8
1.2. Alterações da linguagem verbal 10
1.3. Avaliação da linguagem verbal
1.3.1- Para quê avaliar? Objectivos da avaliação
1.3.2 – O que avaliar? Aspectos a avaliar
1.3.3 – Como avaliar? Formas de proceder e estratégias de
avaliação
11
11
12
13
1.4. Intervenção na linguagem Verbal
1.4.1 – Por que intervir? Objectivos da Intervenção
1.4.2 – Como intervir? Modelos e estratégias de intervenção
17
18
18
2 – Enquadramento teórico e histórico de DA 20
3 – Evolução do conceito de dislexia 23
3.1. Definição de dislexia 26
3.2. Tipos e subtipos de dislexia (co-morbilidades) 28
3.2.1 - Disortografia 29
3.2.1 - Disgrafia 32
3.2.3 -Discalculia 35
3.3. Dislexia: Identificação e Caracterização 37
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3.3.1. - Como diagnosticar crianças disléxicas
3.3.2 – Diagnóstico na sala de aula
37
37
4 – Indicadores de dificuldades específicas de aprendizagem 44
5 – Algumas estratégias a utilizar com crianças disléxicas
5.1 – O papel do professor
5.2 – Metodologias de ensino da Linguagem na sala de aula
5.3 – Avaliação na sala de aula
48
48
50
62
Considerações finais 64
Referências Bibliográficas 66
Anexos
- Exemplo de uma avaliação compreensiva de um aluno do 1º CEB com
9 anos.
- PEI
- Plano de aula (modelo)
- Sugestão de provas de avaliação compreensiva de alunos com DEA
70
72
89
102
104
Índice de quadros
Quadro I – Evolução da linguagem infantil 11
Quadro II – Objectivos do processo de avaliação 12
Quadro III – Conteúdos da avaliação 13
Quadro IV – Processos da avaliação 14
Quadro V – Desempenhos das crianças (4-6 anos) 39
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Lista de abreviaturas
AID – Associação Internacional de Dislexia
APDIS – Associação Portuguesa de Dislexia
CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde
DA – Dificuldades de Aprendizagem
DEA – Dificuldades Específicas de Aprendizagem
LBSE – Lei de Bases do Sistema Educativo
NEE – Necessidades Educativas Especiais
PEI – Programa Educativo Individual
“O fim da educação é desenvolver, em cada
indivíduo, toda a perfeição que ele seja capaz.
Kant
Quadro VI – Desempenhos das crianças (6-9 anos) 40
Quadro VII – Desempenhos das crianças (9-10 anos) 42
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Introdução
A dislexia constitui, actualmente, uma das principais preocupações educativas
de pais, professores e outros técnicos da saúde e educação. As crianças disléxicas
tendem a apresentar um baixo rendimento académico e alterações emocionais
decorrentes das suas dificuldades persistentes e recorrentes na aprendizagem e
automatização da leitura e escrita.
Assim, este trabalho procura agregar um conjunto de conceitos importantes
sobre a dislexia que vão desde a sua definição, os sinais de alerta, os critérios de
diagnóstico, a prevalência, a problemática emocional associada e as restantes co-
morbilidades. Contudo, não iniciamos sem antes falar sobre a linguagem e todas
as estratégias para a desenvolver desde tenra idade.
O estudo das dificuldades de leitura e escrita, em geral, e da dislexia, em
particular, vem suscitando desde há muito tempo o interesse de psicólogos,
professores, pediatras e outros profissionais interessados na investigação dos
factores implicados no sucesso e/ou insucesso educativo.
As competências de leitura e escrita são consideradas como objectivos
fundamentais de qualquer sistema educativo, pois constituem aprendizagens de
base e funcionam como um impulso para todas as restantes aprendizagens. Assim,
uma criança com dificuldade nestas áreas apresentará lacunas em todas as
restantes matérias, o que provoca um desinteresse cada vez mais marcado por
todas as aprendizagens escolares e uma diminuição da sua auto-estima.
O número de crianças com Dificuldades Especificas de
Aprendizagem/Dislexia, continua a aumentar. É importante estarmos atentos,
enquanto profissionais da educação, para melhorar as estratégias de ensino. Para
tal não basta querer mudar, é necessário conhecer as causas e os factores que
provocam tanto insucesso nos alunos. Pretende-se com este trabalho investigar a
influência que a atenção/concentração e a memória têm nas dificuldades de
aprendizagem registadas na leitura e na escrita, nos alunos do 1ºciclo. A leitura e a
escrita são actividades extremamente complexas, que estão relacionadas com
diversos processos como a linguagem, a psicomotricidade, a percepção auditiva e
A dislexia
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visual, o comportamento emocional, a memória, a atenção, entre outros. O papel
do professor pode ser um factor decisivo para a diminuição do insucesso dos
alunos a nível da leitura e da escrita se estiver informado e formado nesta
temática. Cabe ao professor envolver todos os intervenientes no processo
ensino/aprendizagem de modo a diminuir as sequelas que todo este problema pode
trazer ao aluno.
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1 – A Linguagem
1.1. A linguagem
A linguagem verbal é o modo de comunicação e representação mais utilizado,
embora a comunicação seja possível sem esta forma de linguagem. A
comunicação não se limita à linguagem verbal (falada e escrita), podendo ser
usados qualquer um dos nossos sentidos. Contudo, a linguagem verbal é o
instrumento ou meio de comunicação e representação mais utilizado pelo Homem.
Através da comunicação, da linguagem, os indivíduos expressam sentimentos,
ideias, opiniões, pensamentos, mas ao mesmo tempo podem captar mensagens
emitidas pelos outros. O principal objectivo da comunicação/linguagem é facilitar
as relações do indivíduo com o seu meio envolvente.
Por linguagem entendemos a faculdade humana que serve para a representação,
expressão e comunicação de pensamentos ou ideias mediante um sistema de
indivíduos. Rondal (1989) refere que a linguagem é aquela função complexa que
permite expressar e perceber estados afectivos, conceitos, ideias, por meio de
sinais acústicos ou gráficos.
Para que a linguagem constitua um meio de comunicação é necessária a
existência de um emissor e um receptor, que utilizando um código comum, envia
uma mensagem através de um canal de comunicação num determinado contexto
referencial.
A linguagem verbal aparece como algo intrínseco no ser humano e inseparável
de comunicação, cumprindo funções. Rondal e Bredart (1991), tomando como
referência as funções reagrupam-nas em duas macro-funções essenciais:
1. Função ideocorrepresentativa: representação da realidade, criatividade,
análise de informação, conceptualização.
2. Função interpessoal, conotativa: intercâmbio de informação, regulação
de condutas.
A dislexia
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Launay (1989), refere que a linguagem é o meio de comunicação mais perfeito
e exclusivamente humano, que pode ser substituída pela comunicação gestual e
mímica. Mas a aquisição e desenvolvimento da linguagem implica aprender a
combinar fonemas, palavras e frases sequencializadas; e conhecer e compartilhar
os significados elaborados socioculturalmente por uma determinada comunidade
linguística e saber utilizar correctamente as regras gramaticais que estruturam as
relações da linguagem.
Em consequência, a complexa actividade da linguagem pode ser alterada por
razões diversas (ausência de código comum, deficiências de articulação,
alterações da mensagem…), dado o conjunto de órgãos que intervêm na produção
e compreensão verbal. Isto porque Akmajian (1984), defende a articulação da fala
humana como sendo um processo que põe em funcionamento cerca de uma
centena de músculos e um sistema nervoso complexo que deve controlar e
sincronizar esses músculos. Daí que as componentes do sistema linguístico
tenham grandes probabilidades de serem alteradas. Estas componentes configuram
uma estrutura dificilmente compartimentável (Quadro I).
IDADE EVOLUÇÃO DA LINGUAGEM
Do 1º ao 2º mês
Do 3º ao 4º mês
Do 5º ao 6º mês
Do 7º ao 8º mês
Do 9º ao 10º mês
Do 11º ao 12º mês
Do 12º ao 18º mês
-Emissão de sons guturais (gorgeios). Sorriso social. Choro com intenção
comunicativa. Vocalizações.
- Emissão de sons vocálicos e consonânticos. Palreios. Idade do balbuciar.
- Idade do lateio. Escuta e brinca com os seus próprios sons e tenta imitar os sons
emitidos pelos outros.
- Enriquecimento da linguagem infantil. Aparecimento das primeiras sílabas.
Idade dos monossílabos.
- Primeiras palavras com sílabas «duplas» (papá, mamã, titi). Compreende a
entoação das frases.
- Conhece algumas palavras. Compreende o significado de algumas frases
habituais utilizadas no seu ambiente.
- Linguagem difícil de entender. Acompanha a fala com gestos e trejeitos. Pode
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Quadro I Evolução da linguagem infantil
A evolução da linguagem infantil deve ser entendida como um processo
integrado pelo que se torna difícil estabelecer «momentos» claramente
diferenciados e pelo que a variabilidade individual é evidente.
1.2. Alterações da linguagem verbal
As realizações linguísticas de um indivíduo estão determinadas por múltiplas
componentes que se poderiam agrupar em variáveis exógenas e variáveis
endógenas. Tanto uma como outra aparecem interligadas a diferentes capacidades
Aos 2 anos
Aos 3 anos
Aos 4 anos
Aos 5 anos
Dos 6 anos em diante
nomear imagens. Compreende e responde a ordens simples. Possui um
vocabulário de 5 a 20 palavras. Utiliza a holofrase (uma só palavra).
- Utiliza a frase como se fosse uma oração. Usa substantivos, verbos, adjectivos e
pronomes. Primeiras combinações substantivo-verbo e substantivo-adjectivo. Uso
frequente do «não». O seu vocabulário vai de 12 a algumas centenas de palavras.
- Linguagem compreensível para os outros. Uso de orações. Começa a diferenciar
tempos e modos verbais. Idade dos «porquês». Pensamento animista e mágico.
Usa artigos e pronomes. Começa a empregar o singular e plural.
- Período florescente da linguagem. Melhora a construção gramatical, faz
conjugação verbal e articulação fonética. Utiliza anexos. Joga com as palavras.
Etapa do monólogo individual e colectivo.
- Importante evolução neuromotora. Progresso intelectual conducente ao
raciocínio. Compreende termos que integram comparação. Compreende os
comentários. É capaz de estabelecer semelhanças e diferenças, noções espaciais,
etc. Desaparece a articulação infantil. Construção gramatical correcta. A partir
daqui incrementa-se o léxico e o grau de abstracção. Uso social da linguagem.
- Progressiva consolidação da noção corporal, espacial e temporal. Leitura/escrita.
Construção de estruturas sintácticas progressivamente mais complexas. Melhora o
emprego de proposições, conjugações e advérbios. Evolui na conjugação verbal.
Articula todos os fonemas nas palavras.
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humanas. O desenvolvimento integral dos indivíduos será facilitado ou alterado
consoante essas variáveis forem positivas ou negativas.
1.3. Avaliação da linguagem verbal
Consideramos a avaliação como um processo evolutivo realizado em conjunto
com a intervenção. A intervenção e avaliação trabalham em conjunto sendo
construções mentais interactivas.
A avaliação na linguagem é representada em diversas etapas: detecção do
problema, avaliação inicial dos comportamentos problemáticos e recomendações
para a intervenção (Miller, 1986).
Para avaliar a linguagem é necessário estabelecer o nível de eficiência na fala,
linguagem e comunicação, em função de todas as suas variáveis, e especificar em
que medida esta está perturbada em si mesma (Forns, 1989).
O comportamento linguístico é alterado e difícil de quantificar e de valorizar
pela natureza subtil da linguagem, a fragmentação dos dados de desenvolvimento,
os problemas inerentes à relação interpessoal e as dificuldades relativas à
estandardização da prova.
Segundo Cruz e Alonso (1987) e Miller (1989), para avaliar o comportamento
linguístico das crianças, deve-se ter em conta determinadas questões, tais como, o
que pretendemos ao avaliar a criança, que é que vamos avaliar e como vamos
avaliar. Estas perguntas cobrem o processo de avaliação. As respostas são
interactivas, influentes e estabelecem objectivos, o conteúdo e as estratégias de
avaliação.
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A. Detectar possíveis problemas:
1. Estabelecer os objectivos desta primeira avaliação.
2. Decidir quais os procedimentos mais adequados.
3. Delinear os critérios de interpretação.
4. Determinar a posterior avaliação.
B. Estabelecer o nível de comportamento linguístico.
1. Determinar o nível de desenvolvimento linguístico.
2. Estabelecer a diferença entre atraso e perturbação.
3. Especificar o comportamento em que se vai intervir.
C. Medir as mudanças de comportamento verificadas durante o programa de intervenção:
1. Comprovar a natureza da mudança, para modificar os conteúdos e/ou estratégias de
intervenção.
2. Avaliar a criança num duplo contexto:
a) escolar,
b) natural (familiar).
1.3.1. Para quê avaliar? Objectivos da avaliação
A resposta a esta pergunta determina os objectivos a ser atingidos durante o
processo de avaliação (Quadro II).
Quadro II. Objectivos do processo de avaliação (Gallardo e Gallego, 1993)
1.3.2. O que avaliar? Aspectos a avaliar
A resposta a esta pergunta determinará o conhecimento dos diferentes aspectos
que devem ser avaliados através dos principais processos de linguagem e
comunicação. A avaliação abrange as dimensões básicas da linguagem: forma,
conteúdo e utilização (Quadro III).
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A. Bases anatómicas e funcionais:
1. Audição.
2. Aparelho fonador:
a) Respiração.
b) Capacidade motora.
c) Voz.
B. Dimensões da linguagem:
1. Forma da linguagem:
a) Fonologia:
1. Capacidade articulatória.
2. Aquisição do sistema fonológico.
b) Sintaxe:
1. Modos de conexão.
2. Análise de formas e estruturas.
3. Ordem de organização dos enunciados.
2. Conteúdo da linguagem:
a) Significado da frase.
b) Relações significativas entre as suas competências.
c) Léxico.
3. Utilização da linguagem:
a) Funções da comunicação.
b) Competência de conversação.
c) Influência no contexto.
C. Processos linguísticos:
1. Compreensão (descodificação linguística):
a) Capacidade auditiva.
b) Eliminação de elementos verbais.
2. Produção (codificação linguística):
a) Linguagem espontânea(que fez a criança?).
b) Construções específicas (o que é capaz de fazer?).
D. Desenvolvimento cognitivo:
1. Períodos de desenvolvimento de Piaget.
2. Nível geral de inteligência.
1.3.3.
Quadro III. Conteúdos da avaliação (Gallardo e Galego, 1993)
1.3.3. Como avaliar? Forma de proceder e
estratégias de avaliação
Costuma-se avaliar o comportamento verbal através de quatro processos
básicos (Quadro IV).
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Quadro IV. Processos de avaliação
A. Testes estandardizados
Segundo Miller (1989), o teste estandardizado é um teste aplicado a um grande
número de indivíduos de populações diferentes, mostrando a sua fiabilidade,
viabilidade sendo normativo permitindo ser comparado segundo as pontuações da
escala e as equivalências etárias na avaliação individual da criança. Estes testes
medem um ou vários aspectos do comportamento verbal, mas não existe nenhum
teste que nos permite avaliar todos os comportamentos ao mesmo tempo.
B. Escalas de desenvolvimento
Estas escalas determinam o nível de desenvolvimento comparando o
comportamento linguístico da criança com os comportamentos apresentados nas
escalas. A informação pode obter-se por observação directa, através dos pais ou
de acordo a realização de tarefas. As escalas mais utilizadas são a Escala de
desenvolvimento Psicomotor para a Primeira Infância de Brunet-Lezine e o
Diagnostico de Desenvolvimento de Gesell e a de Rondal (1982).
C. Teste não estandardizados
Existem outros tipos de avaliação que permitem uma maior flexibilidade na sua
aplicação e podem modificar-se segundo as características das crianças. Podemos
A. Testes estandardizados.
B. Escalas de desenvolvimento.
C. Testes não estandardizados:
1. Produção verbal espontânea.
a) Registo e transcrição de uma amostra.
b) Analise das amostras.
2. Produção verbal provocada.
3. Compreensão:
a) Definir uma respostaadequada.
b) Especificar a natureza da tarefa.
4. Imitação provocada.
D. Observação de comportamentos:
1. Objectivos.
2. Controlo de variáveis.
3. Estabelecimento da linha base de comportamento linguístico.
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agrupá-las em quatro tipos, sendo eles, a produção verbal espontânea, produção
verbal provocada, compreensão e imitação provocada.
a. Produção verbal espontânea
A análise da produção espontânea da criança é um dos processos mais
completos para avaliar as dimensões da linguagem e do processo da produção.
Para isso é necessário recolher-se uma amostra, transcrevê-la e analisá-la. O
registo e transcrição de uma amostra possuem métodos que variam segundo a
pessoa, o contexto e os materiais. A variedade de estruturas e significados da
linguagem será tanto maior quanto menos estruturada for a sessão (Miller, 1986).
Durante o processo podemos usar uma gravação de vídeo, uma cassete ou
notas escritas. Quanto ao tamanho da amostra, não existe um número fixo de
pessoas mas podemos estipular um determinado número de pessoas. O processo
mais flexível e mais utilizado é registar o comportamento verbal num dado
período de tempo. Trinta minutos de recolha da linguagem espontânea costumam
geralmente dar entre cem e duzentas frases (Miller, 1986 e Crystal; Fletcher e
Garman, 1984). Se realizarmos uma transcrição manual podemos recolher tudo o
que a criança diz durante a sessão ou fazer uma amostra temporal registando
durante três ou quatro minutos em vários momentos. Este segundo processo cansa
menos e tem a vantagem de abarcar contextos diferentes. A análise das amostras
depende da amplitude dos aspectos da linguagem que mais nos interessa avaliar e
das exigências do nosso contexto de trabalho.
b. Produção verbal provocada
Podemos utilizar este método quando quisermos analisar aspectos da
linguagem que não aparecem normalmente numa situação de produção espontânea
da fala ou quando não se dispõe de muito tempo. Há várias estratégias para incitar
a produção verbal:
- contar as cenas representadas em quadros ou outras que desencadeiam a
produção verbal;
- organizar logicamente e explicar uma história;
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- exercícios para completar frases;
- exercícios de incitação ao diálogo;
- exercícios de lógica verbal;
- utilização de textos com lacunas;
- perguntas de resposta alternativa (Crystal, Fletcher e Garman, 1984; Aguado,
1989);
- role – taking: mede a capacidade do emissor para avaliar a perspectiva do
receptor e formular as suas mensagens de acordo com o que ouve (Forns, 1989);
- role – playing: consiste em pedir à criança para encarnar personagens, como o
pai ou a mãe, de modo a estimular as frases negativas (Miller, 1986);
- exercícios que levem a negações semânticas e sintácticas através da
representação de desenhos específicos, locuções verbais, plurais e partes de um
todo (Foster e Giddan, 1986);
- exercícios de substituição de palavras ou de grupos de palavras;
- exercícios de desenvolvimento de um texto a partir de um começo dado.
c. Compreensão (Miller, 1986; Cruz e Alonso, 1987)
Este aspecto consiste em assinalar os desenhos que expressam melhor o
significado de uma frase dada (Boehm, 1972; Ducarne, 1977; Pererlló, 1980;
Nieto, 1984; Pita e Aribas; Aguado, 1989).
Podem-se fazer, também exercícios de reconstrução de frases com a ajuda de
objectos e desenhos. Por último, exercícios em que seja necessário escolher, entre
várias frases dadas, aquela que expressa a ideia representada num determinado
desenho (Ducarne, 1977; De Villiers e De Villiers, 1984; Aguado, 1989).
d. Imitação provocada
Utiliza-se frequentemente pedir à criança que repita uma série de palavras ou
frases ditas. Diferentes autores (Filho, 1960; Kirk, McCarthy e Kird, 1968;
Ducarne, 1977; Crystal, Fletcher e Garman, 1984; Nieto, 1984; Aguado, 1989;
Válles, 1990) utilizam a imitação como um processo de avaliação da memória
auditiva ou complemento na avaliação da compreensão e produção verbal.
A imitação proporciona informação sobre a capacidade de processamento
auditivo das frases na ausência do contexto (descodificação) e a capacidade de
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memória, permitindo estabelecer comparações entre a imitação, compreensão e
produção, necessárias para estabelecer as estratégias de intervenção. Por outro
lado vemos que estes procedimentos são importantes na hora de avaliar a presença
ou ausência de problemas de processamento auditivo.
Este método não deve ser utilizado sozinho, sobretudo na avaliação das
perturbações da articulação.
Cada um destes quatro testes não estandardizados tem vantagens e
desvantagens. A tomada de decisão deve ser feita em função do juízo clínico do
especialista, do seu contexto de trabalho, da idade da criança e do tipo de
alteração linguística.
D. Observação de comportamentos verbais
Esta observação parte de uma avaliação da linguagem da criança com o
fim de estabelecer os objectos da intervenção. Não se excluem os processos antes
expostos, mas dá-se preferência a técnicas mais específicas: observação
sistemática, registos psicofisiológicos, relatórios específicos e entrevistas
estruturadas. Investigam-se as causas e as consequências do comportamento
verbal. Os objectivos da avaliação do comportamento verbal são conhecer os
comportamentos linguísticos alterados ou atrasados e as variáveis com eles
relacionadas.
1.4.Intervenção na linguagem verbal
Falamos da relação existente entre avaliação e intervenção transformando o
processo em evolutivo único. A avaliação é a primeira componente do processo de
intervenção; é fundamental para a tomada de decisões sobre a intervenção a fazer
e, ao mesmo tempo, serve para controlar a sua eficácia.
O processo de intervenção tem componentes básicos que serão determinados
por uma série de questões:
- Porque é que vamos intervir sobre a linguagem da criança?
- Onde intervir?
- Como intervir?
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1.4.1. Por que intervir? Objectivo da intervenção
Os objectivos da intervenção são modificar a linguagem perturbada, estimular
o desenvolvimento linguístico das crianças com nee, prevenir possíveis alterações
linguísticas e estimular o desenvolvimento da linguagem na população.
1.4.2. Como intervir? Modelos e estratégias de intervenção
1.4.2.1. Modelos de intervenção
Tal como Ruder (1986), deparamo-nos com a impossibilidade de resolver os
diferentes problemas e as diferenças individuais nos tratamentos linguísticos com
um único programa. Há tantos modelos de intervenção como teorias da linguagem
em que se apoiam. Temos então, o modelo linguístico em que Piaget defende que
o desenvolvimento linguístico está separado do desenvolvimento cognitivo. Este
tem como objectivo atingir uma linguagem normalizada e apoia-se em
componentes ou dimensões dessa mesma linguagem. Neste modelo, encontramos
dois enfoques diferentes: funcional e formal; o modelo cognitivo também parte
das teorias de Piaget e Vigotsky e descrevem as características do processamento
humano por analogia aos computadores. O hardware seria formado pelos circuitos
neurais, e o software pelo conjunto de estratégias para recolher, ordenar, elaborar
e utilizar a informação de uma forma eficaz (Defior e Ortúzar, 1993); o modelo
comportamentalista baseia-se na utilização dos princípios experimentais da
Psicologia do Comportamento. As suas técnicas, aplicadas à modificação do
comportamento linguístico, são usadas para implementar ou enriquecer a
linguagem em crianças com nee permanentes, no tratamento das perturbações da
linguagem e para estimular a linguagem em indivíduos socioculturalmente
desfavorecidos ou com atraso de desenvolvimento da linguagem (García Vilchez,
1993). E por ultimo, o modelo clínico que fundamenta a intervenção na etiologia e
sintomas das alterações linguísticas. Utiliza teorias psicanalíticas, procurando
corrigir as deficiências de relação do indivíduo com a família que é considerada
como sendo a origem da deficiência.
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1.4.2.2. Estratégias de intervenção
A decisão da estratégia a utilizar é determinada pelo tipo de perturbação e pelo
modelo de intervenção escolhido.
Ainda quanto à intervenção, temos várias propostas para o tratamento das
diferentes perturbações da linguagem verbal:
a. Formas de intervenção a nível da voz. É necessária a existência de uma
intervenção cooperativa entre a escola, a família e o terapeuta.
- Intervenção Familiar – As intervenções recomendadas pretendem
modificar o ambiente em que se desenvolvem os maus hábitos vocais. Para
isso, no seio familiar, deve-se evitar situações de muito ruído, falar
devagar, não falar ao longe, utilizar os aparelhos áudio com uma
intensidade normal, evitar bebidas frias.
- Intervenção Escolar – A escola deve procurar que a criança perca o hábito
de gritar que eventualmente possa trazer do seu ambiente familiar. O
professor deve evitar os gritos na sala e usar a voz adequadamente,
conseguir criar um bom ambiente na sala sem ruído e não gritar para pedir
silêncio.
- Intervenção Terapêutica – Incide na relaxação, respiração e fonação.
b. Intervenção nos casos de atraso de desenvolvimento da linguagem
Neste caso, propõe-se actividades de atenção auditiva, de discriminação
auditiva, memória auditiva, actividades respiratórias, actividades de sopro,
actividades de imitação de ruídos, imitação vocálica e imitação dinâmica.
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2 - Enquadramento teórico e histórico do conceito de D.A.
A expressão «Dificuldades de Aprendizagem» surgiu da necessidade de
identificar um vasto grupo de crianças que embora não apresentasse qualquer tipo
de deficiência, apresenta problemas de aprendizagem em algumas áreas
específicas.
Embora este campo tenha experimentado bastantes progressos, ainda há
teóricos que não apresentam plena concordância quanto à sua definição, etiologia,
avaliação e mesmo intervenção.
Foi a partir dos anos 60 que se deu um maior ênfase ao estudo das D.A.. Têm
sido várias as definições publicadas e os investigadores que se têm debruçado
sobre tal problemática. Psicólogos, professores, pais e investigadores têm
demonstrado preocupação relativamente ao grupo de crianças que apresentam ao
longo do seu percurso escolar, dificuldades em atingir os objectivos propostos
pelo sistema educativo, ao nível da escolaridade básica.
O termo D.A. foi, segundo Correia (1991), utilizado pela primeira vez por Kirk
em 1962. Este autor define Dificuldades de Aprendizagem como “um atraso,
desordem ou imaturidade num ou mais processos da linguagem falada, da leitura,
da ortografia, da caligrafia ou da aritmética, resultantes de uma possível disfunção
cerebral e/ou distúrbios de comportamento, e não dependentes de uma deficiência
mental, de uma privação sensorial, de uma privação cultural ou de um conjunto de
factores pedagógicos”.
Por seu lado, Myklebust (1963) dá outro enfoque às D.A. incluindo os défices
na aprendizagem em qualquer idade e são essencialmente causadas por desvios no
sistema nervoso central não tendo origem na deficiência mental, privação
sensorial ou por factores psicogenéticos.
De todas as definições existentes, a que recebe ainda maior consenso é a que
consta na Lei Pública Americana, P.L. 94 – 142, (citado por Correia, 1997), que é
a seguinte:
“Dificuldades de aprendizagem específica significa uma perturbação num ou mais processos
psicológicosbásicosenvolvidosna compreensão ou na utilização da linguagem falada ou escrita,
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que pode manifestar-se por uma aptidão imperfeita de escutar, pensar, ler, escrever, soletrar ou
fazer cálculos matemáticos. O termo inclui como deficiências perceptivas, lesão cerebral,
disfunção cerebral mínima, dislexia e afasia de desenvolvimento. O termo não engloba as
crianças que têm problemas de aprendizagem resultantes principalmente de deficiência visual,
auditiva ou motora, de deficiência mental, de perturbação emocional ou de desvantagens
ambientais, culturais ou económicas”.
Embora a definição da Lei Pública Americana seja a mais aceitável, falta-lhe
ainda segundo Correia (1991), especificidade que a torne numa definição
operacional satisfatória.
A Review of Education Research reuniu a opinião de quinze investigadores e
chegou às seguintes conclusões:
1 – As Dificuldades de Aprendizagem constituem um ou mais défices nos
processos essenciais de aprendizagem que necessitam de técnicas especiais de
educação (definição por défice);
2 – As crianças com D.A. apresentam discrepâncias entre o nível de realização
esperado e o atingido em linguagem falada, escrita, na leitura e na matemática
(definição por discrepância);
3 – As D.A. não são devidas a deficiências sensoriais, motoras, intelectuais,
emocionais ou falta de oportunidade de aprendizagem (definição por exclusão).
Por sua vez, na opinião de Garcia (1998) e de Fonseca (2004), apesar de haver
muitas definições de D.A., avançadas por muitos investigadores e academias
reconhecidas a nível internacional, a que parece reunir mais consenso é a
definição do
Comité Nacional Americano de Dificuldades de Aprendizagem (National Join
Commitee of Learning Disabilities – NJCLD – 1988)
“Dificuldades de Aprendizagem é uma expressão genérica que refere um grupo heterogéneo de
desordens manifestadas por dificuldades significativas na aquisição e no uso da compreensão
auditiva, da fala, da leitura, da escrita e da matemática. Tais desordens são intrínsecas, no
indivíduo presumindo-se que sejam devidas a uma disfunção do sistema nervoso que pode ocorrer
e manifestar-se durante toda a vida. Problemas na auto-regulação do comportamento,na atenção,
na percepção e na interacção social podem coexistir com DA. Apesar de as DA ocorrerem com
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outras deficiências (ex: deficiência sensorial, deficiência mental, distúrbio socioemocional) ou
com influências extrínsecas (ex.: diferenças culturais, insuficiente ou inadequada instrução
pedagógica), elas não são o resultado de tais condições:”
Verificamos que cada definição apresenta aspectos particulares do problema, o
que torna pouco possível sintetizá-los numa única definição que englobe os tão
diversificados aspectos com que as D.A. se mascaram.
No sistema de ensino português, não existe uma definição conceptual ou
operacional de D.A.. Estas não são oficialmente reconhecidas como uma categoria
no universo das NEE e os alunos que as apresentam encontram-se perdidos entre o
sistemas de ensino dito regular e o especial. Ficam assim, estes alunos
dependentes de iniciativas individuais dos responsáveis da educação (psicólogos,
professores, educadores e terapeutas).
Embora o termo Dificuldades de Aprendizagem seja relativamente novo, a
existência em crianças e adultos é tão antigo como a própria humanidade. Dada a
variedade de manifestações que se incluem neste termo, a opinião mais
generalizada é a de que existem múltiplas causas para explicar a sua origem, no
entanto, o mais provável é que na maior parte dos casos a etiologia seja
desconhecida ou então muito difusa.
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3- Evolução do conceito de dislexia
As primeiras referências à dislexia remontam a 1896, no âmbito da medicina
por Morgan, descrevendo um caso clínico de um rapaz que, apesar de inteligente,
tinha uma incapacidade absoluta em relação à linguagem escrita, que designou por
“cegueira verbal”, isto é, uma disfunção de desenvolvimento que ocorre em
crianças saudáveis.
Em 1917, Hinshelwood estudou casos de crianças com sérias dificuldades de
aprendizagem de leitura, categorizando este problema como uma “cegueira
verbal”. Explicava deste modo esta dificuldade com a teoria que no cérebro
existiriam áreas separadas para diferentes tipos de memória. Em primeiro lugar,
teríamos uma memória visual de tipo geral e em segundo uma memória visual de
palavras. A causa da dificuldade para ler estaria num deterioramento do cérebro
que afectaria a memória visual de palavras, o que produziria na criança, aquilo a
que chamou de “cegueira verbal congénita”.
Segundo Samuel Orton (1918), a dificuldade de ler devia-se a uma disfunção
cerebral de origem congénita. Para este, esta disfunção cerebral produz-se quando
a criança não possui uma adequada dominância hemisférica.
Esta dominância é importante porque quando a criança aprende a ler, regista e
armazena essa informação nos dois hemisférios. No hemisfério dominante a
informação era armazenada de forma ordenada, ao contrário do hemisfério não
dominante que armazenava a informação de forma desordenada e confusa,
invertida como um espelho.
Para o indivíduo ler correctamente o hemisfério dominante deve anular a
informação do hemisfério não dominante. Caso isto não aconteça, devido a uma
ausência de dominância hemisférica, produzir-se-ão uma série de erros na leitura.
Esses poderão ser de várias ordens tais como: omissões, inversões, substituições
de sons, leitura em espelho, etc. Esse conjunto de dificuldades, Orton dominou-as
de “estrefossimbolia”, ou seja, de símbolos invertidos.
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Segundo Orton, citado por González (1996) essa aparente disfunção na
percepção e memória visual caracterizada por entender as letras e as palavras
invertidas (b por d ou was por saw) era então, a causa da dislexia. Esse distúrbio
explicaria também a escrita em espelho.
Na linha de Orton surge também L. Bender para quem os problemas de leitura
se devem fundamentalmente a uma maturação lenta, especialmente visuo-motora.
Segundo
Bender citado por Baroja (1989), a facilidade para a leitura correlacionava-se com
a capacidade de discriminar formas, distinguir padrões e orientar-se no espaço.
Por isso defendia que a criança disléxica tinha dificuldade na distinção entre
pontos e círculos, entre ângulos e curvas uma tendência para inverter as figuras e
as letras.
Nos anos 60, foram minimizados os aspectos biológicos da dislexia, atribuindo
as dificuldades na leitura a problemas emocionais, afectivos e imaturidade.
Em 1968 a Federação Mundial de Neurologia utiliza pela primeira vez a
expressão «dislexia do desenvolvimento», definindo-a como «um transtorno que
se manifesta por dificuldades na aprendizagem da leitura, apesar das crianças
serem ensinadas com métodos de ensino convencionais, terem inteligência normal
e oportunidades socioculturais adequadas».
Em 1970 Luria estuda a dislexia através das investigações sobre a «afasia
traumática». Para Luria citado por Baroja (1989) a dislexia trata-se de uma lesão
da área occipital (onde se encontra o campo da leitura) que provoca a síndrome de
dislexia.
Este autor subdivide o termo dislexia em: «dislexia literal», que consiste em
confundir as formas das letras isoladas e «dislexia verbal ou simultânea», em que
a criança não é capaz de integrar as letras dentro das palavras.
Em 1994, o Manual de Diagnóstico e Estatística de Doenças Mentais, DSM IV,
inclui a dislexia nas perturbações de aprendizagem, utiliza a denominação
«perturbação da leitura e da escrita», estabelecendo os seguintes critérios de
diagnóstico:
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1. O rendimento na leitura/escrita, medido através de provas normalizadas, situa-
se muito abaixo do nível esperado para a idade do sujeito, quociente de
inteligência e escolaridade própria para a idade;
2. A perturbação interfere significativamente com o rendimento escolar, ou
actividades da vida quotidiana que requerem aptidões de leitura/escrita;
3. Se existisse um défice sensorial, as dificuldades são excessivas em relação às
que lhe estariam habitualmente associadas.
Para terminar esta breve evolução do conceito de dislexia, faremos uma
pequena abordagem aos três períodos históricos propostos por Rueda (1995) sobre
as dificuldades de aprendizagem, que são eles: o período de fundamentação, que
corresponde aos estudos feitos nos finais do século XIX, os quais se baseavam na
medicina em especial à neuropatologia. O período de transição, que acontece
entre os anos 40 e 50, em que se passa da explicação médica para a explicação de
psicólogos e educadores, aparecendo deste modo testes e programas de
recuperação. Fala-se assim, fundamentalmente de disfunções perceptivas
contrapondo-se às lesões do período anterior. Nos anos 60 e 70, situa-se o período
de integração, onde é proposto vários factores que influenciam as dificuldades de
aprendizagem alterando assim as causas da dislexia. Considera-se então que as
causas da dislexia podem ser múltiplas e relacionadas com um inadequado
processamento da informação linguística.
É um período em que as contribuições da psicologia para o estudo da dislexia
se vêem influenciadas por três fontes fundamentais: em primeiro lugar, as
investigações sobre a inteligência artificial que promovem o planeamento e
desenvolvimento da simulação em computadores dos processos cognitivos do ser
humano. Em segundo lugar, destaca-se o impacto do enfoque biográfico da obra
de Piaget, obra que se centra na análise dos processos externos que estão
subjacentes às mudanças evolutivas do ser em desenvolvimento. Por último, a
influência linguista de Chomsky, procedendo à análise das estruturas subjacentes
à compreensão e produção da fala.
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3.1. Definição de dislexia
Do ponto de vista etimológico, o termo dislexia deriva da língua grega,
significando “dificuldade com palavras”, (dys = dificuldade) e (lexis = palavras).
Uma revisão pela bibliografia mais significativa, aponta-nos uma grande
diversidade de opiniões, quer em relação à noção de dislexia, quer aos critérios
usados para classificar eventuais subgrupos de disléxicos.
A dislexia é um dos termos usados para descrever as dificuldades de
aprendizagem que envolvem a linguagem escrita e falada. Esta é caracterizada por
uma grande dificuldade em aprender a escrever, recordar letras, pronunciar
palavras e descriminar sons específicos de letras. As crianças disléxicas têm uma
caligrafia por vezes ilegível e têm uma tendência para trocar letras (ex.: d por b;
tapa por pata). É também frequente, quando falam, trocarem o sentido e o som
das palavras (ex.: quente por frio; atrás por à frente).
À medida que se foi estudando a problemática e se esclareceram algumas
etiologias foi possível perceber que a dislexia não era só “um problema grave de
leitura”.
No entanto, a própria Federação Mundial de Neurologia apresenta uma
definição redutora e já ultrapassada da dislexia, continuando a relacioná-la com a
leitura: “…desordem que se manifesta pela dificuldade em aprender a ler, sem que
tal esteja relacionado com instrução convencional, adequação intelectual e
oportunidades socioculturais.” (Instituto Nacional de Saúde e Desenvolvimento
Humano, 1996).
Ao falarmos da dislexia estamos a referir-nos a problemas de leitura,
problemas na escrita, nas relações espaciais, na obediência a instruções, na
sequência temporal, na capacidade de memorização, entre outros problemas que
afectam os indivíduos disléxicos e que tanto transtorno lhes causam na sua vida
diária.
Diversos autores preocuparam-se em encontrar definições que melhor
descrevessem esta problemática de grande incidência.
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Kamhi (1992) citado por Hennigh (2005) defende uma definição inclusiva
centrada na linguagem e na separação das dificuldades sentidas no processamento
de informação de carácter fonológico. Esta definição vai ao encontro do
pensamento actual, que argumenta a possibilidade de distinção de leitores “pouco
eficientes” e crianças com dislexia. Assim, para uma melhor compreensão da ideia
passamos a citar a referida definição:
“ A dislexia é uma desordem a nível de desenvolvimento da linguagem cuja principal
característica consiste numa dificuldade permanente em processar informação de ordem
fonológica.Esta dificuldade envolve codificar,recuperar e usar de memória códigos fonológicos e
implica défices de consciência fonológica e de produção de discurso. Esta desordem, com
frequência geneticamente transmitida, está por via de regra presente à nascença e persiste ao
longo de toda a vida. Uma característica marcante desta desordem manifesta-se nas deficiências
a nível da oralidade e da escrita.” (Kamhi, 1992 cit. in Henning, 2005).
Esta definição vai de encontro à proposta pela Associação Nacional de Dislexia
Americana que exprime o seguinte:
“ A dislexia é um dos vários tipos de dificuldades de aprendizagem. É uma desordem específica
com base na linguagem, de origem orgânica, caracterizada por problemas na descodificação de
palavras, reflectindo, geralmente capacidades reduzidas no processamento fonológico. Estes
problemas na descodificação da palavra são geralmente inesperados ao considerar-se a idade ou
as aptidões cognitivas; eles não são o resultado de uma incapacidade desenvolvimental
generalizada ou de um impedimento sensorial. A dislexia é manifestada por uma dificuldade
variável nas diferentes formas de linguagem, incluindo, para além de um problema na leitura, um
problema manifesto na aquisição de proficiência na escrita e na soletração.”
Grande parte dos autores é unânime ao afirmar que o termo dislexia, engloba
uma dificuldade na leitura e consequentemente dificuldades de distinção ou
memorização de letras ou grupos de letras, problemas de ordenação, ritmo,
compreensão e de estruturação das frases afectando tanto a leitura como a escrita.
A necessidade de clarificação do termo dislexia torna-se imperiosa, não só para
que a escola e a família possam compreender este tipo de problema, quando de
facto ele existe, mas acima de tudo para que o aluno possa ser ajudado a superar a
sua dificuldade e não se desencoraje de continuar a trabalhar.
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3.2. Tipos e subtipos de dislexia (Co-morbilidades)
Segundo Critchley (1970) podemos classificar a dislexia em dois tipos que são
a dislexia adquirida e a dislexia evolutiva ou de desenvolvimento. A dislexia
adquirida é provocada por um traumatismo ou lesão cerebral. O sujeito que,
anteriormente tinha aprendido a ler e a escrever correctamente após a lesão ou o
trauma, não consegue continuar a ler e a escrever sem erros.
No segundo caso, o sujeito manifesta desde o início da aprendizagem
problemas na aquisição da leitura e/ou escrita. Segundo o mesmo autor acima
referido trata-se de uma perturbação que se manifesta na dificuldade em aprender,
apesar do ensino ser convencional, a inteligência ser adequada e as oportunidades
socioculturais suficientes. Deve-se a uma incapacidade cognitiva fundamental.
Os mesmos autores salientam os atrasos de maturação e afirmaram que estes se
verificaram a nível neurológico ou das funções psicológicas e que podem
ocasionar dificuldades concretas na aprendizagem da leitura e da escrita,
especificando que os atrasos evolutivos produzem alterações perceptivas nos
processos simbólicos, que poderão ser originados por anomalias neuroanatómicas.
No que se refere ao atraso da maturação das funções psicológicas, e que
interferem na aquisição da leitura e da escrita, manifesta-se ao nível do atraso do
desenvolvimento perceptivo-visual; atraso na aquisição do esquema corporal;
atraso no desenvolvimento da coordenação dinâmica e atraso no desenvolvimento
dos processos psicolinguísticos básicos.
Em investigações mais recentes e após uma análise dos padrões de leitura e
ortografia a dislexia é dividida, segundo Fernadez e Torres (2001), em três tipos: a
dislexia “disfonética” ou auditiva; a dislexia “diseidética” ou visual e a dislexia
“aléxica” ou visuoauditiva.
A dislexia “disfonética” é a mais frequente e tem como principal característica
a dificuldade de integração letra – som, isto é, a soletração não se assemelha à
palavra lida. O erro mais visível é a alteração de uma palavra por outra de sentido
semelhante (ex.: pasta por mala).
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A dislexia “diseidética” é caracterizada por uma deficiência primária na
percepção de palavras completas. O erro mais comum é a substituição de uma
palavra ou fonema por outra de sonoridade idêntica (ex.: apertar por apartar).
Por fim a dislexia “aléxica” onde o indivíduo manifesta uma quase total
incapacidade para a leitura. Esta verifica-se tanto na análise fonética das palavras
como na percepção de letras e palavras completas.
Para as mesmas autoras, e depois de uma série de provas neuropsicológicas,
foram identificados dois subtipos de dislexia de desenvolvimento (evolutivas): a
“audiolinguistica” e a “visuoespacial”.
Os indivíduos com dislexia “audiolinguistica” revelam atraso na linguagem,
perturbações articulatórias – dislalias -, dificuldades em nomear objectos – anomia
-, e erros na leitura e na escrita, por problemas nas correspondências grafemas –
fonemas.
Os disléxicos “visuoespaciais” apresentam dificuldades de orientação esquerda
- direita, de reconhecimento de objectos familiares pelo tacto, fraca qualidade da
letra e erros de leitura e escrita que indicam falhas na codificação da informação
visual, como por exemplo escrita invertida ou em espelho.
No ponto seguinte faremos uma breve abordagem no que se refere a outros
tipos de perturbações da escrita, leitura e cálculo.
3.2.1. Disortografia
A disortografia pode definir-se como “o conjunto de erros da escrita que
afectam a palavra mas não o seu traçado ou grafia” (Vidal, 1989).
Para Moura (2000) a disortografia é uma perturbação que afecta as aptidões da
escrita, e que se traduz por dificuldades persistentes e recorrentes na capacidade
da criança em compor textos escritos. As dificuldades centram-se na organização,
estruturação e composição de textos escritos. A construção frásica é pobre e
geralmente curta, observa-se a presença de muitos erros ortográficos e por vezes
uma má qualidade gráfica.
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Esta má qualidade gráfica resulta da confusão ortográfica quando relacionada a
grafia da palavra com os sons das mesmas. A característica mais importante de
um disortográfico é a constante confusão de letras, sílabas de palavras e trocas
ortográficas (erros) em palavras do seu campo lexical e que foram já trabalhadas
pelo professor.
A disortografia implica uma série de erros sistemáticos na escrita e na
ortografia que por vezes torna ilegível os escritos. Segundo Torres (2002) estes
erros podem ser classificados da seguinte forma:
a) Erros de carácter linguístico-perceptivo:
– Substituição de fonemas vocálicos ou consonânticos pelo ponto ou modo de
articulação semelhantes;
– Omissões de fonemas (“como” em vez de “cromo”), omissões de sílabas inteiras
(“car” em vez de “carta”) e omissões de palavras;
– Adições de fonemas (“cereto” em vez de “certo”), adições de sílabas inteiras
(“castelolo” em vez de “castelo”) e adições de palavras;
– Inversões de grafemas (“aldo” em vez de “lado”), inversões de sílabas numa
palavra e inversões de palavras.
b) Erros de carácter visuoespacial:
– Substituição de letras que se diferenciam pela sua posição no espaço (d/p; p/q);
– Substituição de letras semelhantes nas suas características visuais (m/n; o/a; i/j);
– Confusão em palavras que admitem dupla grafia (ch/x; s/z);
– Omissão da letra “h” por não ter correspondência fonética.
c) Erros de carácter visuoanalítico:
– Dificuldade em fazer a síntese e a associação entre fonema e grafema.
d) Erros relativos ao conteúdo:
– Dificuldade em separar sequências gráficas (“acasa” em vez de “a casa”),
separação de sílabas que compõem uma palavra e união de sílabas pertencentes a
duas palavras.
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e) Erros referentes às regras de ortografia:
– Não colocar “m” antes de “p” e “b”;
– Não respeitar as maiúsculas;
– Infringir regras de pontuação.
Para Tsvetkova (1997) e Luria (1980), podemos distinguir sete tipos de
disortografia:
– Disortografia Temporal – o sujeito não é capaz de ter uma percepção dos
aspectos fonéticos da fala, com a correspondente tradução fonética e a ordenação
e separação dos seus elementos;
– Disortografia perceptivo-cinestésica – o défice situa-se na incapacidade para
analisar correctamente as sensações cinestésicas que intervêm na articulação. Esta
incapacidade impede o sujeito de repetir com exactidão os sons escutados;
– Disortografia cinética – a sequência fonética do discurso apresenta-se alterada,
esta dificuldade de ordenação e sequenciação origina erros de união-separação;
– Disortografia visuoespacial – consiste numa alteração perceptiva da imagem
dos grafemas ou conjunto de grafemas;
– Disortografia dinâmica – onde se verificam alterações na exposição escrita das
ideias e na estruturação sintáctica das orações;
– Disortografia cultural – onde se verifica uma grave dificuldade na
aprendizagem da ortografia convencional de regras.
Citoler (1996) aponta como justificativos possíveis das dificuldades
disortográficas, os seguintes factores:
– Problemas na produção de texto por falta de automatização dos procedimentos
da escrita de palavras os quais, podem interferir com a geração de frases e ideias;
– As estratégias utilizadas no que se refere aos diferentes processos de
composição escrita são imaturas ou ineficazes;
– Falta de conhecimento sobre os processos e subprocessos implicados na escrita
ou dificuldade para aceder a eles, o que implica uma carência nas capacidades
metacognitivas de regulação e controlo da actividade.
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3.2.2. Disgrafia
A disgrafia, constitui uma perturbação da escrita e tem uma componente
exclusivamente motora, a qual origina dificuldades na morfologia e na qualidade
da escrita. A disgrafia deve ser entendida como uma perturbação de origem
motora que pode ter uma origem maturativa.
Para Johnson e Mykelbust (1991) a disgrafia é uma desordem resultante de um
distúrbio da integração visuomotora, em que apesar de o indivíduo não possuir um
defeito visual ou motor, ele não consegue transmitir as informações visuais ao
sistema motor, isto é, o indivíduo vê o que quer escrever mas não consegue
recordar ou idealizar o plano motor, e em consequência é incapaz de escrever ou
copiar letras, palavras e números.
Moura (2000), diz-nos que a disgrafia é uma perturbação de tipo funcional na
componente motora do acto de escrever que afecta a qualidade da escrita, sendo
caracterizada por dificuldade na grafia, no traçado e na forma das letras, surgindo
estas de forma irregular, disforme e rasurada.
O estudo das causas da disgrafia é bastante complexo, sendo as causas mais
frequentes, segundo Linares (1993), de origem motora. Mas segundo Torres
(2002) existem outros factores que podem influenciar a perturbação disgráfica que
são importantes de salientar:
a) Causas de tipo maturativo:
– Perturbações da lateralidade;
– Perturbações da eficiência psicomotora.
b) Causas caracteriais:
– Factores de personalidade.
– Factores psicoafectivos.
c) Causas pedagógicas:
– Orientação deficiente do processo de aquisição de destrezas motoras;
– Instrução ou ensino rígido e inflexível.
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Já Brueckner e Bond (1986) apontavam que estas dificuldades teriam origem
essencialmente em dois tipos de factores: instrutivos: ensino inadequado e
pessoais: imaturidade física e motora.
Por sua vez, Citoler (1996) sugere uma classificação que faz distinção entre
disgrafias adquiridas e disgrafias evolutivas ou desenvolvimentais. Quanto às
disgrafias adquiridas, Citoler (1996) subdivide-as em disgrafia adquirida central,
quando uma ou ambas as vias de acesso léxico são afectadas, com
correspondentes consequências na produção de escrita das palavras e disgrafia
adquirida periférica, que se refere às dificuldades nos processos motores (da
escrita) posteriores à recuperação léxica das palavras.
Referenciando agora as disgrafias evolutivas, Citoler (1996) diz-nos que estas
dizem respeito às dificuldades na aprendizagem inicial da escrita e que ocorrem
na ausência de uma razão objectiva para isso. Isso significa que apesar de os
alunos terem tido uma escolarização adequada, terem uma capacidade intelectual
normal, um ambiente familiar sem problemas, um desenvolvimento emocional
sem bloqueios e processos perceptivos e motores concretos, manifestam
dificuldade na aprendizagem da escrita.
A disgrafia está associada à dificuldade física existente para monitorizar a
posição da mão que escreve, com a coordenação do direccionado espacial
necessário à grafia da letra ou do número, integrados nos movimentos de fixação e
alternância da visão.
A postura característica dos disgráficos é a de quem está a fazer um grande
esforço, depositando muita força no desenrolar da escrita, com a cabeça inclinada
para tentar regular a distorção para o seu campo ocular fixo. O esforço atrás
referido deve-se ao facto de o disgráfico não conseguir controlar a mão durante a
escrita. O disgráfico exerce uma grande força sob o objecto de escrita com vista a
tentar fazer representar o melhor possível aquilo que pretende mas, resulta uma
grande frustração por não conseguir fazer representar o que pretende. Este esforço
e insucesso faz com que estas pessoas passem por momentos de grande frustração,
sensação de insegurança, desequilíbrio em relação à gravidade, atrasos no
desenvolvimento da marcha, dificuldade na aprendizagem de andar de bicicleta,
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no manuseamento de tesouras, no atar os cordões dos sapatos, ou seja, todas as
actividades que envolvam domínio de coordenação de movimentos e de destreza
manual da motricidade fina.
As dificuldades dos disgráficos não se aplicam apenas no desenho das letras e
dos números, mas também na construção de puzzles, na realização de jogos e até
mesmo passatempos que envolvam uma motorização da motricidade fina.
Em alguns casos podemos verificar erros ortográficos graves, a omissão ou
acrescento de letras assim como a sua inversão. Os disgráficos foram vistos,
durante muito tempo como “alunos com letra feia”. Existem disgráficos com a
letra mal grafada mas legível, no entanto, existem outros que não deixam
possibilidade de leitura para a sua escrita, pois em muitos casos a esta “letra feia”
vêem associados os borrões que tornam os textos ilegíveis.
Para que se possa identificar melhor a disgrafia, vejamos algumas das suas
características mais relevantes e sistemáticas:
– Lentidão na escrita;
– Letra ilegível;
– Escrita desorganizada;
– Traços irregulares: por vezes muito fortes que chegam a marcar o papel, ou
então muito leves;
– Desorganização geral na folha por não possuir orientação espacial;
– Desorganização do texto, pois não observam a margem parando muito antes ou
ultrapassando-as. Quando este último acontece, tende a amontoar letras na borda
da folha;
– Desorganização das letras: letras retocadas, omissão de letras, palavras e
números, formas distorcidas, movimentos contrários à escrita;
– Desorganização das formas: tamanho muito pequeno ou muito grande, escrita
alongada ou comprida;
– O espaço que dá entre as linhas, palavras e letras são irregulares;
– Liga as letras de forma inadequada e com espaçamento irregular.
A dislexia
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É importante referir que não se pode assumir um aluno como disgráfico por
apresentar características isoladas mas sim, um conjunto de características. Este
deverá ter que ter sempre um apoio psicopedagógico.
3.2.3. Discalculia
Discalculia etiologicamente significa dificuldade no cálculo. Contudo as
abordagens à discalculia referem dificuldades em matemática e/ou aritmética.
Cruz (1999), define a discalculia como uma disfunção neuropsicológica
caracterizada por dificuldades no processo de aprendizagem do cálculo,
constatando-se, geralmente, em pessoas com um grau de inteligência normal que
apresentam inabilidade na realização das operações matemáticas e falhas no
raciocínio lógico matemático.
O termo é usado frequentemente para referir a inabilidade em executar
operações matemáticas, mas é definido por alguns profissionais educacionais
como uma inabilidade mais fundamental para conceptualizar números. Casas
(1988), define como um conceito abstracto de quantidades comparativas.
A discalculia de um modo geral não é rara, havendo muitas pessoas com
dislexia ou dispraxia que tem problemas de discalculia havendo alguma evidência
para sugerir que há indicações de que é um impedimento congénito ou hereditário,
com um contexto neurológico atingindo crianças e adultos.
A definição mais clássica de discalculia foi proposta por Kosc, em 1974, que
engloba seis tipos de discalculia, afirmando que essas discalculias podem
manifestar-se sob diferentes combinações e ligadas a transtornos de
aprendizagem, como é o caso, por exemplo, de crianças com dislexia ou défice de
atenção e hiperactividade. Esses subtipos dividem-se em:
– Discalculia verbal – dificuldade para aprender conceitos matemáticos e relações
apresentadas oralmente e para nomear quantidades, números, termos, símbolos e
as relações matemáticas;
– Discalculia practognósica – dificuldades na enumeração, comparação e
manipulação de objectos matemáticos reais ou imagens;
– Discalculia léxica – dificuldade para ler números ou símbolos matemáticos;
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– Discalculia gráfica – dificuldade em escrever símbolos matemáticos, ou seja, a
criança não é capaz de copiar ou de escrever ditados numéricos;
– Discalculia ideognósica – dificuldades na compreensão dos conceitos
matemáticos e das suas relações bem como para fazer cálculos numéricos
requeridos.
Torna-se imprescindível saber reconhecer alguns sintomas. Para tal, Casas
(1988) refere que tomemos atenção aos seguintes sintomas: lentidão extrema da
velocidade do trabalho, problemas com orientação espacial, dificuldades para lidar
com operações e memória de curto e longo prazo, a não automatização de
informações, confusão de símbolos matemáticos e uma tendência a transcrever
números e sinais erradamente.
Alguns problemas associados com a discalculia provêm das dificuldades com o
processamento da linguagem e sequências, característico da dislexia. A criança
com discalculia pode ser capaz de entender conceitos matemáticos de um modo
bem concreto, uma vez que o pensamento lógico está intacto, porém tem extrema
dificuldade em trabalhar com números e símbolos matemáticos, fórmulas e
enunciados.
Caso não seja detectado a tempo, o distúrbio pode comprometer o
desenvolvimento escolar da criança. Inseguro devido à sua limitação, a criança
tem medo de enfrentar novas experiências de aprendizagem por acreditar que não
é capaz de evoluir. Pode também adoptar comportamentos inadequados tornando-
se agressiva, apática ou desinteressada. Sem, por vezes, saber o que se passa, pais,
professores e até colegas correm o risco de abalar ainda mais a sua autoestima
com críticas e punições. Por isso é importante chegar a um diagnóstico rápido, de
preferência com a avaliação de psicopedagogos, neurologistas, professores e
começar a adoptar todos os mecanismos que possam ajudar a ultrapassar este
distúrbio.
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3.3. Dislexia: Identificação e Caracterização
3.3.1. Como diagnosticar uma criança disléxica
O diagnóstico da dislexia é uma tarefa difícil a comprovar pela frequente
confusão que gera entre professores e outros profissionais competentes. A
formulação do diagnóstico da dislexia requer a conjugação de esforços de uma
equipa interdisciplinar, especialmente se se tratar de uma dislexia severa. O
conhecimento dos métodos e mecanismos usados na leitura eficiente e a
experiência na aplicação de programações individualizadas quer dos professores
do ensino regular quer da educação especial não são por si só suficientes,
requerendo a aplicação de testes adequados administrados por profissionais
competentes, para comprovação da problemática.
Devido à proximidade com os filhos, deveriam ser os próprios pais da criança a
darem-se conta dos sintomas desta problemática. Mas, normalmente são os
professores que se apercebem desses sinais. O diagnóstico da dislexia ocorre
geralmente por volta do 2º ou 3º ano de escolaridade, altura em que o mecanismo
da leitura já deverá estar adquirido. É fundamental que o diagnóstico seja precoce,
porque se a dislexia for detectada tardiamente poderá comprometer bastante a vida
académica e social do aluno.
A inesperada e acentuada dificuldade na leitura apresentada por um aluno
inteligente é um dos primeiros sinais detectados pelo professor e que apanha de
surpresa os pais, que criaram altas expectativas para o filho.
Quando um professor suspeita da existência de dislexia num aluno, mediante
um conjunto de sinais observados, ele deverá iniciar um processo que permita a
observação e avaliação desse aluno no mais curto espaço de tempo. Se a
intervenção for atempada, maior é a probabilidade de se minimizarem ou até
suprimirem os problemas do aluno.
O processo de avaliação é denominado por Correia (2003) como uma
avaliação compreensiva que deve ser sempre efectuada por uma equipa
interdisciplinar na medida em que a dislexia é uma problemática complexa que
requer o trabalho conjunto de vários especialistas (professores de educação
especial, psicólogos, neurologistas, terapeutas, técnicos do serviço social) que
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permita a formulação de um diagnóstico fiável, que terá como consequência a
elaboração de um Programa Educativo Individual (PEI).
De acordo com Correia (2003), através do processo de avaliação compreensiva
deve proceder-se à determinação da acuidade auditiva e visual do aluno e do seu
estado geral de saúde. Seguidamente deve-se obter os resultados da avaliação da
capacidade intelectual, das capacidades verbais e não verbais estabelecendo uma
comparação com a sua realização académica e social. Em termos de competências
adquiridas nas várias áreas académicas e socioemocional, é importante definir o
nível de realização escolar do aluno. Interessa também obter informações quanto à
percepção visual e auditiva, à lateralidade e memória, à consciência fonológica à
fala e ao processamento da informação em geral, essencialmente no que concerne
ao tempo que o aluno leva desde a recepção até à expressão da informação.
Uma avaliação estruturada permite detectar os problemas que estão na origem
da perturbação, auxilia no acompanhamento e o trabalho de outros profissionais
que no futuro possam tomar conta do caso. A análise etimológica da dislexia
propõe um sistema de avaliação bidireccional, partindo-se em avaliação
neurológica e avaliação psicolinguística. Esta dupla avaliação permite avaliar
tanto o comportamento como os défices ou problemas associados, permitindo
ainda uma avaliação das competências específicas (através de provas de referência
a critérios ou análises de tarefas de leitura). A avaliação neurológica permite
conhecer a natureza do fracasso na leitura e na escrita. A avaliação através de
exploração facilita a identificação de problemas relacionados com o
funcionamento cerebral. Esta exploração destina-se à recolha de informação
relativa às capacidades da criança permitindo um despiste de uma possível origem
comportamental ou disfunção neurológica. A recolha de informação de carácter
desenvolvimental, educativo, médico e social antecede a exploração. Os principais
dados de interesse pela possível ligação à perturbação em cada um dos níveis de
expressão são descritos nos seguintes parágrafos.
Nos tópicos principais é de referir a história de desenvolvimento. Assim a
informação relativa aos acontecimentos mais importantes do desenvolvimento
facilita o estabelecimento de ligação entre atrasos anteriores e o problema actual
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do sujeito. De referir que a informação por parte dos pais sobre a idade em que se
iniciaram determinadas aquisições são especialmente relevantes.
A história educativa foca especialmente a alternância entre os estabelecimentos
de ensino e processos errados no ensino da leitura e da escrita.
A história médica pretende descobrir se existe problemas físicos.
A história social procura analisar uma possível existência de outros casos
familiares com dificuldades de aprendizagem ou com dislexia.
Além destes quatro conceitos também temos que ter em conta a percepção, que
permite a apreensão da realidade através dos sentidos.
A motricidade através de uma morosa integração das estruturas físicas, que
permite que o indivíduo manifeste determinadas respostas perante os estímulos do
mundo exterior. De referir que na avaliação do sistema motor avalia-se o
funcionamento cerebral e a motricidade ampla e fina. A funcionalidade cognitiva
é muito importante na avaliação, onde é considerada fundamental para o
diagnóstico da dislexia a avaliação global (QI) e da capacidade intelectual. A
psicomotricidade, isto é, o Esquema Corporal (identificação em si mesmo e no
outro); a Lateralidade (dominância lateral); Orientação Espacial (no espaço real e
no espaço gráfico) e a Orientação Temporal (Organização e sequenciação do
tempo), os défices nesta área dificultam a consequente aprendizagem.
O funcionamento psicolinguístico implica a relação das capacidades da fala e
linguagem com o comportamento apropriado para a idade. Esta avaliação abarca
mais que a capacidade de fala e da linguagem, já que as relaciona com processos
psicológicos dos quais dependem. Requer também a avaliação da linguagem quer
seja a compreensiva através de ordens simples e complexas, mas também a
expressiva pelo conto e reconto de histórias e situações vividas. Como a dislexia
constitui uma perturbação que se manifesta de forma específica no contexto
escolar, é necessário avaliar os possíveis erros, tanto na leitura como na escrita.
A avaliação psicolinguística permite especificar o mecanismo ou mecanismos
responsáveis pelo problema, baseando-se na elaboração de uma série de tarefas,
tais como: de vocalização, de decisão lexical, de decisão semântica e de
processamento visual.
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Explicitando em que consistem as tarefas acima referidas, referiremos que nas
tarefas de vocalização inclui-se um grupo de palavras curtas (três grafemas) e
outro de palavras mais longas (oito grafemas). Deve ainda utilizar-se palavras de
alta frequência e igual número de palavras de baixa frequência. Por último deve
acrescentar-se uma série de pseudopalavras (termos que têm estrutura de palavras,
mas que não existem no nosso idioma) e palavras funcionais.
Para as tarefas de decisão lexical é conveniente seleccionar um número
idêntico de palavras de alta e baixa frequência e de pseudopalavras, que serão
apresentadas visual e auditivamente ao sujeito, cabendo-lhe decidir se os
estímulos apresentados representam ou não palavras.
No que concerne às tarefas de decisão semântica, os estímulos que compõem
estas tarefas subdividem-se igualmente em palavras de alta e baixa frequência,
mas cada grupo integra diversas categorias nominais. A apresentação é visual e
auditiva, devendo o sujeito decidir a qual das categorias semânticas pertence cada
uma das palavras apresentadas.
Por fim, as tarefas de processamento visual consistem em escolher termos de
alta e baixa frequência que são apresentados na forma habitual (horizontal), na
vertical e em ziguezague. O sujeito terá de proceder à leitura dos termos
apresentados nas três posições espaciais.
Depois destes preciosos dados, a equipa interdisciplinar deverá proceder à
elaboração de uma intervenção (PEI) onde deve focar as competências a adquirir
as bem como as estratégias a seguir e os materiais que levam à sua aquisição não
esquecendo os processos de avaliação que permitem verificar se o aluno está a
adquirir as competências propostas.
Caso não estejam as estratégias delineadas, devem ser revistas porque poderão
estar a impedir o aluno de atingir os objectivos propostos e, consequentemente, de
adquirir as competências desejadas.
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3.3.2. Diagnóstico na sala de aula
Qualquer que seja a razão para que uma pessoa exiba padrões de leitura que
apontam para a dislexia, o professor não se deve centrar na causa mas sim nos
padrões em si. O professor não diagnostica dislexia ou qualquer outro tipo de
dificuldades. Isto fica a cargo de especialistas. O professor é muitas vezes o
primeiro a detectar um possível problema e é ele que indica a criança para uma
avaliação compreensiva. O primeiro passo que um professor deve dar, no caso de
suspeita da existência de possíveis padrões de leitura que apontem para a dislexia
é a realização de testes de leitura informais. Existem dois tipos de teste que
fornecem muitas informações acerca dos hábitos de leitura de uma criança:
Registo qualitativo de Leitura
Trata-se de um teste que permite que um professor com pouca preparação
avalie a competência da leitura de uma criança. Consiste em listas de palavras que
se inscrevem em diferentes níveis, acompanhadas por histórias correspondentes a
cada uma das listas. A criança começa por ler as listas de palavras. O professor
selecciona a história correspondente à lista que a criança leu e conduz a criança
mobilizar conhecimentos anteriores. Antes de ler a história, o professor faz
perguntas acerca dos conteúdos porque importa saber se a criança domina o
assunto/tema uma vez que pode afectar a sua compreensão da narrativa. A criança
lê, então, em voz alta a história. O professor tem uma cópia do texto e, à medida
que a criança lê, este assinala as palavras que este lê automaticamente, as que tem
de descodificar ou soletrar, as que omite, repete ou substitui. Depois do texto ter
sido lido, o professor pede à criança que reconte a história por suas palavras. Por
fim são feitas quatro ou cinco perguntas acerca do texto e as respostas são
textualmente registadas.
O objectivo principal deste teste é estabelecer um perfil do aluno relativamente
aos pontos fortes e aos pontos fracos da leitura, ao reconhecimento de palavras, às
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estratégias usadas face a uma palavra que não é familiar, aos padrões de leitura e à
compreensão do que é lido.
Para identificar uma criança possivelmente disléxica, o professor pode
comparar o nível instrucional mais elevado do aluno com a sua colocação em
termos de ano de escolaridade.
O professor deve também observar padrões de leitura e procurar inversões e
omissões recorrentes, bem como dificuldades com sons, letras e reconhecimento
de palavras. Se detectar que esta evidencia dificuldades de forma consistente, o
professor deve indicá-la para uma avaliação compreensiva.
Registo simultâneo
O método seguido neste teste requer maior preparação por parte do professor.
O professor começa por seleccionar um texto que deve ser interessante e
corresponder ao nível instrucional da criança. Enquanto a criança lê a história em
voz alta, o professor assinala numa cópia cada erro de leitura e regista as situações
em que a criança exibe padrões consistentes, como, por exemplo:
-gaguez
-repetição de palavra ou de expressão
-substituição de uma palavra
-inversão de palavras
-incorrecta articulação de palavras
-omissão de palavras
-autocorrecção
À medida que acompanha a leitura da criança, o professor vai assinalando cada
palavra do texto. Podem ser usadas marcas de verificação por cima das palavras
lidas de forma correcta e notações especiais ou códigos por cima de cada palavra
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lida inadequadamente, indicando, dessa forma o tipo de erro. Depois de lido o
texto o professor faz perguntas de compreensão. No entanto há questões a ser
evitadas:
- Evite perguntas longas ou complicadas
- Evite questões que induzam respostas do tipo “sim” ou “não”
- evite perguntas que possam ser respondidas sem a leitura do texto
- evite perguntas que se prendam com a memorização de listas de coisas
relacionadas com o assunto da história.
Depois de ter sido realizado o teste, o professor deve analisar os resultados
procurando padrões de leitura consistentes com a dislexia. Este teste pode ser
ministrado diariamente ou semanalmente e cada teste deve ser comparado com os
anteriores para verificar a consistência das ocorrências.
Se forrem recorrentemente observados padrões de leitura que caracterizam a
dislexia, o professor deve indicar a criança para a realização de teste com um
especialista.
Conjuntamente com estes testes, o professor pode, no diagnóstico referenciar o
historial clínico, desenvolvimental e familiar do aluno. O professor deve verificar
os registos da criança relativamente à visão, à audição ou problemas de nutrição
uma vez que problemas deste tipo podem afectar o diagnóstico de dislexia.
Provas que permitem discriminar indivíduos com dislexia
Amplitude da memória de curto prazo (e.g., McCrory et al., 2000; Paulesu et al.,
2001)
Leitura de palavras (e.g., McCrory et al., 2000)
Leitura de pseudo-palavras (e.g., Edwards et al., 2003)
Leitura de textos (e.g., Lehtola & Lehto, 2000)
Ortografia (e.g., Ramus et al., 2003)
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Velocidade de escrita (e.g., Hatcher et al., 2002)
Nomeação rápida em série (e.g., Ramus et al., 2003)
Fluência fonémica (e.g., Hatcher et al., 2002)
Consciência articulatória (e.g., Griffiths & Frith, 2002)
Indicação da sílaba tónica (e.g., Paulesu et al., 2001)
Spoonerismos (e.g., Ramus et al., 2003
4. Indicadores de dificuldades específicas de aprendizagem
As consequências da dislexia são muitas vezes consideráveis, quer ao nível do
seu comportamento quer ao nível do seu desempenho escolar. Para Ribeiro e
Baptista (2001) os alunos com dislexia denotam um nível de frustração e de stress
elevado face à leitura e aos testes e os erros aumentam de forma significativa sob
o efeito da pressão de incerteza, do tempo e do cansaço.
Pesquisas efectuadas mostram, também, que a tensão emocional, criada à volta
desta dificuldade escolar, tem convertido o aluno numa criança agressiva,
indisciplinada ou, pelo contrário, numa criança tímida, insegura e fechada sobre si
própria. Ambas são o resultado de um problema que pede uma mudança urgente
nas práticas escolares, e muito em particularmente nas práticas de avaliação.
Em relação às manifestações escolares, a dislexia apresenta características
determinadas, consoante a idade da criança, que dentro de amplos limites se
agrupam, segundo Baroja (1989) em três níveis. Os quadros que se seguem
apresentam essas características, de acordo com a autora acima mencionada.
Quadro V
Desempenhos das crianças – 4 a 6 ANOS
Ao nível da
linguagem:
· Dislalias
· Omissões de fonemas, principalmente emsílabas compostas ou inversas
e também supressão do último fonema.
· Confusão de fonemas, que podem ser acompanhadas por linguagem
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Fonte: Baroja, 1989
Este período coincide com a etapa pré-escolar. As crianças estão a iniciar-
se nas aquisições básicas da leitura e escrita, mediante exercícios preparatórios,
todavia não pode falar-se propriamente de leitura e escrita como tais. Deste modo
será mais correcto, na nossa opinião, dizer que estas crianças denotam uma
predisposição à dislexia, que se manifestará no nível seguinte.
Quadro VI
Desempenhos das crianças – 6 a 9 anos
confusa.
· Inversões que podem ser fonemas dentro de uma sílaba, ou de sílabas
dentro de uma palavra.
· Pobreza de vocabulário e de expressão, ligada a uma compreensão
verbal baixa.
· Atraso na estruturação e conhecimento do esquema corporal.
· Dificuldade na realização de exercícios sensório-perceptivos: distinção
de cores, formas, tamanhos e posições.
· Descoordenação motora, com pouca habilidade para exercícios manuais
e de grafia.
· Movimentos gráficos de bases invertidos. Em vez de realizar os círculos
para a direita, realiza-os para a esquerda.
· No final deste período, aparece a escrita em espelho de letras e
números. Também por vezes, realizam os exercícios gráficos da direita
para a esquerda, ainda que não necessariamente emespelho.
Ao nível da
linguagem
· As dislalias e as omissões do período anterior (4-6 anos) encontram-se
em fase de superação (menos as inversões e a troca de fonemas).
Observa-se, igualmente, uma expressão verbal pobre e dificuldade para
aprender vocábulos novos, especialmente se são polissilábicos ou
foneticamente complicados.
· O seu rendimento nas áreas linguísticas apresenta-se relativamente
baixo.
Ao nível da leitura Na apresentação da leitura, observam-se as seguintes alterações:
Nas letras:
· Confusões – produzem-se especialmente nas letras que têm uma certa
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Fonte: Baroja, 1989
Este período incide os primeiros anos de escolaridade, durante os quais se
presta especial atenção à aquisição de técnicas instrumentais (leitura, escrita e
cálculo), que devem ser executadas com certo domínio e destreza no seu final.
Precisamente por se tratar da aquisição destas técnicas, é nesta etapa que a criança
encontra mais dificuldades e poderá revelar algumas das características
específicas da dislexia.
No período seguinte, em crianças com idade superior aos dez anos, as
características são muito variadas e dependem de factores diversos, como sejam o
semelhança morfológica ou fonética (por exemplo, a e o nas vogais
manuscritas, a e e nas desimpressão). Dentro destas confusões, há a
salientar as das letras cuja forma é semelhante, diferenciando-se na sua
posição em relação a um eixo de simetria (d/b; p/q; b/g; u/n; d/p).
· Omissões ou supressão de letras, principalmente no final da palavra e
em sílabas compostas.
Em sílabas:
· Inversões que podem ser: mudança da ordem das letras dentro de uma
sílaba (amam por mamã; ravore por árvore), mudança da ordem das
sílabas dentro de uma palavra (drala por ladra).
· Repetições (bolalacha).
· Omissões de sílabas, ainda que em grau menor que as missões de letras.
Em palavras:
· Omissões.
· Repetições
· Substituição de uma palavra por outra que começa pela mesma sílaba ou
com som parecido.
Outras situações Para além das alterações citadas dentro da leitura, ainda se observam as
seguintes características:
· Falta de ritmo na leitura.
· Lentidão.
· Respiração sincrónica.
· Não respeito pelos sinais de pontuação.
· Saltos de linha ou repetição da mesma linha.
· Leitura mecânica não compreensiva.
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nível mental, a gravidade e o tipo de dislexia, o ter tido ou não uma resposta
educativa adequada às necessidades. As crianças com uma capacidade intelectual
alta frequentemente compensam, nesta idade, as suas dificuldades e, desta
maneira, a dislexia aparece muito atenuada, principalmente ao nível da leitura. As
alterações profundas, são mais difíceis de superar do que as leves. Por seu turno,
se houver um diagnóstico/avaliação precoce e uma resposta educativa adequada, a
criança reúne as condições para obter sucesso académico.
Quadro VII
Desempenhos das crianças - 9 a 10 anos
Ao nível da
linguagem
· Dificuldades em elaborar e estruturar correctamente frases, expressar-se
com termos precisos e no emprego adequado dos tempos verbais.
· De um modo geral, persiste uma linguagem com pobreza expressiva,
assim como uma compreensão verbal desajustada à sua capacidade
mental.
Ao nível da leitura · É usual que continuem a apresentar uma leitura vacilante e muito
mecânica, a qual os faz, por umlado, não encontrar gosto na leitura e, por
outro, lhes dificulta as aprendizagens escolares das restantes áreas
académicas.
Esta situação é o resultado de todo o esforço que a criança faz ao centrar-
se exclusivamente na decifração das palavras, não conseguindo, por isso,
abstrair-se do significado dos mesmos.
· Dificuldades na utilização do dicionário, pelo facto de lhes custar a
aprenderem a ordem alfabética das letras e pela sua dificuldade geral para
organização das letras dentro de uma palavra.
Fonte: Baroja, 1989
Não sendo só ao nível da linguagem e da leitura que a dislexia se manifesta,
podemos referir que este distúrbio tem projecções noutras matérias. Como tal, na
História, revelam dificuldades em captar a sucessão temporal dos acontecimentos
e a duração dos períodos, localizar e estabelecer as coordenadas geográficas e os
pontos cardeais; na Matemática têm dificuldade em memorizar a tabuada e
realizar expressões de alguma complexidade.
Nestas idades as dificuldades variam muito de aluno para aluno. Podemos
deparar-nos com alunos bons a História e menos bons a Matemática ou o inverso.
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Há alunos que gostam de determinadas matérias e desinvestem e fogem de outras.
Assim, é frequente que lhes custe automatizar as noções espaciais e temporais, a
sua leitura seja lenta e a expressão oral pode ser restrita, mas isto não impede que
profissionalmente possam alcançar os seus níveis de aspiração incluindo os que
exigem nível universitário.
Concluindo, podemos dizer que depois de identificar e detectar os casos, a
escola deve rodeá-los de compreensão, adoptar atitudes correctas que passam por
um ensino diferenciado, apoio, motivação e uma avaliação justa evitando os erros
de julgamento.
5. Algumas estratégias a utilizar com crianças disléxicas
A Associação Internacional de Dislexia (AID) defende que a criança disléxica
pode aprender a ler, a escrever e a desenvolver as suas capacidades especiais e
talentos mediante a oferta de uma educação apropriada às suas características e
necessidades.
Como tal, a AID acredita que os programas direccionados para as necessidades
dos alunos com dislexia devem incluir o ensino directo de conceitos e
capacidades linguísticas, o ensino multissensorial, o ensino sistemático e
ambientes estruturados e consistentes (AID, 1993).
5.1- O Papel do professor - Ajudar a criança com dislexia
Quando um professor recebe um aluno disléxico na sua sala de aula, deverá
acima de tudo ter a consciência de que ele é um aluno inteligente e capaz de
aprender.
Em primeiro lugar, referenciando Orton (1937), o docente deverá privilegiar
métodos de ensino/aprendizagem, dado que os alunos com estas características
aprendem melhor através do uso simultâneo e integrado das diferentes
modalidades sensoriais. Em segundo lugar, o professor deve promover uma visão
positiva de leitura já que este domínio é o mais frustrante para a maior parte dos
A dislexia
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alunos com dislexia. Em terceiro lugar, o professor deve tentar minimizar o efeito
“rotulador” do diagnóstico da dislexia, que poderá afectar a auto-estima da criança
e diminuir tanto as expectativas que esta tem em relação a si própria, como as que
o professor tem a respeito dela. Em quarto lugar, deverá haver uma promoção de
padrões correctos de leitura (aluno/professor), a fim de servirem como modelos à
criança com dislexia, no sentido de compensar e eliminar os padrões de leitura
típicos deste distúrbio. Por fim deve haver um reforço por parte dos professores,
das competências de leitura fundamentais.
Existem cinco princípios de aprendizagem que o professor deve ter em mente
para ajudar a criança disléxica que frequenta a sua sala de aula:
- Deve tentar desenvolver métodos de ensino-aprendizagem multissensoriais, uma
vez que alunos com estas características aprendem melhor através do uso
simultâneo e integrado das diferentes modalidades sensoriais (os olhos, os
ouvidos, as mãos..)
- Deve promover uma visão positiva da leitura dado que, neste domínio, a
frustração sentida pela maior parte dos alunos com dislexia conduz a uma
motivação muito reduzida para aprenderem a ler.
- Deve tentar minimizar o efeito “rotulador” do diagnóstico da dislexia, o qual
pode danificar a auto-estima da criança e diminuir tanto as expectativas que esta
tem em relação a si própria como as que o professor tem a respeito dela.
- Tanto os professores como os alunos devem permitir que os seus padrões de
leitura correctos sirvam de modelo à criança com dislexia, trabalhando no sentido
de compensar e de eliminar os padrões de leitura típicos deste distúrbio.
- Deve reforçar competências de leitura fundamentais como o som, a letra e o
reconhecimento de palavras visto que estas crianças apresentam atrasos e
problemas na aprendizagem da forma como os símbolos impressos correspondem
à fala e aos seus sons e têm dificuldade em estabelecer a correspondência
grafema-fonema.
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- Estabelecer objectivos para os alunos -
Quando os alunos sentem que se encontram num ambiente não repressivo
começam a confiar no professor. Quando já se atinge este patamar, o professor
deve estabelecer com a criança objectivos pessoais promovendo a motivação do
aluno. O estabelecimento de objectivos é muito importante uma vez que o aluno
com dislexia mantém o professor informado dos progressos do discente. Podem
ser estabelecido novos objectivos sempre que algum seja alcançado ou se entenda
que deva ser alterado.
Ex:
-Objectivos pessoais (evitar brigas, ter confiança no que faz, ter uma melhor
prestação na equipa de voleibol…)
- Objectivos académicos ( entregar trabalhos de casa no tempo determinado, usar
letras maiúsculas nos trabalhos escritos que realiza…)
- Objectivos de casa (limpar o quarto dia sim dia não, obedecer à mãe…)
Podem ser elaborados mapas para controlar a forma como os objectivos estão a
ser mantidos.
5.2- Metodologias de ensino da Linguagem na sala de aula -
Segundo Ferreira (2006), embora existam vários tipos de programas que
podem ajudar a criança com dislexia, o método fonético parece ser a chave para a
sua aprendizagem da leitura. Este método caracteriza-se pelo ensino dos sons das
letras e da sua configuração visual e sonora quando se agrupam para formar
palavras. No entanto, muitos professores usam o método global para a iniciação à
leitura e outros recorrem a métodos mistos.
Um dos factores importantes a ter em conta, é o perfil específico das áreas
fortes e as necessidades de cada aluno. O professor deve tentar maximiza-los,
procurando encontrar alternativas que permitam minimizar os défices. Estes
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défices apresentados pelos disléxicos situam-se no processamento visual e/ou
auditivo, na coordenação motora fina, na memória visual ou auditiva, na
linguagem oral e escrita. Por conseguinte é importante que o professor ensine o
aluno de uma forma individualizada, organizada e sequenciada, começando-se
pela apresentação de ideias simples para a apresentação de ideias simples para se
partir para situações mais complexas.
Através do recurso à literatura, uma criança terá potencial para desenvolver
uma maior motivação para a leitura. As competências de análise da palavra devem
ser ensinadas num contexto significativo. Quando as competências são ensinadas
num contexto significativo, o aluno disléxico tem uma maior probabilidade de as
recordar.
As rimas e as canções são muito motivadoras e são uma excelente forma de
estes alunos aprenderem as letras, dado que são estratégias multissensoriais e
fáceis de reter. Os livros de rimas utilizam padrões de repetição que fazem com
que a leitura seja agradável e mais acessível.
Vários são os métodos e recursos disponíveis para a reeducação destas
crianças, dos quais salientamos os Cadernos de Reeducação Pedagógica,
composto por 6 livros, destinados a crianças e jovens dos 5 aos 16 anos, com
exercícios para desenvolver os domínios perceptivo, linguístico e psicomotor, o
que permitirá à criança ou jovem melhorar substancialmente o seu desempenho na
leitura e escrita, portanto, o seu rendimento escolar. Podendo desta forma, pais e
educadores acompanhar e monitorizar o progresso do educando.
Segundo as suas autoras Serra & Alves (2008), estes exercícios contribuem
para a superação das dificuldades em áreas desenvolvimentais básicas, que
constituem pré-competências das exigências simbólicas da escolaridade.
Potenciam as aprendizagens das crianças e adolescentes, promovem a sua auto-
estima e alento para continuarem o esforço nos seus estudos.
O Método Distema, consiste num método de Ensino e Reeducação da Leitura e
da Escrita, Multissenssorial, Fonomínico, Estruturado e Cumulativo e tem como
objectivo treinar e automatizar as fusões silábicas sequenciais a fim de realizar a
descodificação automática e imediata de cada palavra e a aquisição de uma leitura
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Avaliação e intervenção na dislexia

  • 1. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 1 Curso de Formação Especializada em Educação Especial: Domínio Cognitivo e Motor Diagnóstico, Avaliação e Intervenção na dislexia Mariana Alexandra Sá Moreira Salomé Marques Couto Sónia Alexandra Peixoto Crisóstomo Moreira
  • 2. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 2 AVEIRO Setembro de 2009 Curso de Formação Especializada em Educação Especial: Domínio Cognitivo e Motor Diagnóstico, Avaliação e Intervenção na dislexia Este trabalho de Investigação constitui requisito da disciplina de Métodos e Técnicas de Investigação e Análise em Educação Especial do curso de Formação Especializada em Educação Especial: domínio Cognitivo e Motor
  • 3. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 3 Docente: Dr. Hóracio Saraiva AVEIRO Setembro de 2009
  • 4. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 4 Índice Introdução 6 1 - A Linguagem 1.1. A linguagem 8 1.2. Alterações da linguagem verbal 10 1.3. Avaliação da linguagem verbal 1.3.1- Para quê avaliar? Objectivos da avaliação 1.3.2 – O que avaliar? Aspectos a avaliar 1.3.3 – Como avaliar? Formas de proceder e estratégias de avaliação 11 11 12 13 1.4. Intervenção na linguagem Verbal 1.4.1 – Por que intervir? Objectivos da Intervenção 1.4.2 – Como intervir? Modelos e estratégias de intervenção 17 18 18 2 – Enquadramento teórico e histórico de DA 20 3 – Evolução do conceito de dislexia 23 3.1. Definição de dislexia 26 3.2. Tipos e subtipos de dislexia (co-morbilidades) 28 3.2.1 - Disortografia 29 3.2.1 - Disgrafia 32 3.2.3 -Discalculia 35 3.3. Dislexia: Identificação e Caracterização 37
  • 5. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 5 3.3.1. - Como diagnosticar crianças disléxicas 3.3.2 – Diagnóstico na sala de aula 37 37 4 – Indicadores de dificuldades específicas de aprendizagem 44 5 – Algumas estratégias a utilizar com crianças disléxicas 5.1 – O papel do professor 5.2 – Metodologias de ensino da Linguagem na sala de aula 5.3 – Avaliação na sala de aula 48 48 50 62 Considerações finais 64 Referências Bibliográficas 66 Anexos - Exemplo de uma avaliação compreensiva de um aluno do 1º CEB com 9 anos. - PEI - Plano de aula (modelo) - Sugestão de provas de avaliação compreensiva de alunos com DEA 70 72 89 102 104 Índice de quadros Quadro I – Evolução da linguagem infantil 11 Quadro II – Objectivos do processo de avaliação 12 Quadro III – Conteúdos da avaliação 13 Quadro IV – Processos da avaliação 14 Quadro V – Desempenhos das crianças (4-6 anos) 39
  • 6. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 6 Lista de abreviaturas AID – Associação Internacional de Dislexia APDIS – Associação Portuguesa de Dislexia CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde DA – Dificuldades de Aprendizagem DEA – Dificuldades Específicas de Aprendizagem LBSE – Lei de Bases do Sistema Educativo NEE – Necessidades Educativas Especiais PEI – Programa Educativo Individual “O fim da educação é desenvolver, em cada indivíduo, toda a perfeição que ele seja capaz. Kant Quadro VI – Desempenhos das crianças (6-9 anos) 40 Quadro VII – Desempenhos das crianças (9-10 anos) 42
  • 7. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 7 Introdução A dislexia constitui, actualmente, uma das principais preocupações educativas de pais, professores e outros técnicos da saúde e educação. As crianças disléxicas tendem a apresentar um baixo rendimento académico e alterações emocionais decorrentes das suas dificuldades persistentes e recorrentes na aprendizagem e automatização da leitura e escrita. Assim, este trabalho procura agregar um conjunto de conceitos importantes sobre a dislexia que vão desde a sua definição, os sinais de alerta, os critérios de diagnóstico, a prevalência, a problemática emocional associada e as restantes co- morbilidades. Contudo, não iniciamos sem antes falar sobre a linguagem e todas as estratégias para a desenvolver desde tenra idade. O estudo das dificuldades de leitura e escrita, em geral, e da dislexia, em particular, vem suscitando desde há muito tempo o interesse de psicólogos, professores, pediatras e outros profissionais interessados na investigação dos factores implicados no sucesso e/ou insucesso educativo. As competências de leitura e escrita são consideradas como objectivos fundamentais de qualquer sistema educativo, pois constituem aprendizagens de base e funcionam como um impulso para todas as restantes aprendizagens. Assim, uma criança com dificuldade nestas áreas apresentará lacunas em todas as restantes matérias, o que provoca um desinteresse cada vez mais marcado por todas as aprendizagens escolares e uma diminuição da sua auto-estima. O número de crianças com Dificuldades Especificas de Aprendizagem/Dislexia, continua a aumentar. É importante estarmos atentos, enquanto profissionais da educação, para melhorar as estratégias de ensino. Para tal não basta querer mudar, é necessário conhecer as causas e os factores que provocam tanto insucesso nos alunos. Pretende-se com este trabalho investigar a influência que a atenção/concentração e a memória têm nas dificuldades de aprendizagem registadas na leitura e na escrita, nos alunos do 1ºciclo. A leitura e a escrita são actividades extremamente complexas, que estão relacionadas com diversos processos como a linguagem, a psicomotricidade, a percepção auditiva e
  • 8. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 8 visual, o comportamento emocional, a memória, a atenção, entre outros. O papel do professor pode ser um factor decisivo para a diminuição do insucesso dos alunos a nível da leitura e da escrita se estiver informado e formado nesta temática. Cabe ao professor envolver todos os intervenientes no processo ensino/aprendizagem de modo a diminuir as sequelas que todo este problema pode trazer ao aluno.
  • 9. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 9 1 – A Linguagem 1.1. A linguagem A linguagem verbal é o modo de comunicação e representação mais utilizado, embora a comunicação seja possível sem esta forma de linguagem. A comunicação não se limita à linguagem verbal (falada e escrita), podendo ser usados qualquer um dos nossos sentidos. Contudo, a linguagem verbal é o instrumento ou meio de comunicação e representação mais utilizado pelo Homem. Através da comunicação, da linguagem, os indivíduos expressam sentimentos, ideias, opiniões, pensamentos, mas ao mesmo tempo podem captar mensagens emitidas pelos outros. O principal objectivo da comunicação/linguagem é facilitar as relações do indivíduo com o seu meio envolvente. Por linguagem entendemos a faculdade humana que serve para a representação, expressão e comunicação de pensamentos ou ideias mediante um sistema de indivíduos. Rondal (1989) refere que a linguagem é aquela função complexa que permite expressar e perceber estados afectivos, conceitos, ideias, por meio de sinais acústicos ou gráficos. Para que a linguagem constitua um meio de comunicação é necessária a existência de um emissor e um receptor, que utilizando um código comum, envia uma mensagem através de um canal de comunicação num determinado contexto referencial. A linguagem verbal aparece como algo intrínseco no ser humano e inseparável de comunicação, cumprindo funções. Rondal e Bredart (1991), tomando como referência as funções reagrupam-nas em duas macro-funções essenciais: 1. Função ideocorrepresentativa: representação da realidade, criatividade, análise de informação, conceptualização. 2. Função interpessoal, conotativa: intercâmbio de informação, regulação de condutas.
  • 10. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 10 Launay (1989), refere que a linguagem é o meio de comunicação mais perfeito e exclusivamente humano, que pode ser substituída pela comunicação gestual e mímica. Mas a aquisição e desenvolvimento da linguagem implica aprender a combinar fonemas, palavras e frases sequencializadas; e conhecer e compartilhar os significados elaborados socioculturalmente por uma determinada comunidade linguística e saber utilizar correctamente as regras gramaticais que estruturam as relações da linguagem. Em consequência, a complexa actividade da linguagem pode ser alterada por razões diversas (ausência de código comum, deficiências de articulação, alterações da mensagem…), dado o conjunto de órgãos que intervêm na produção e compreensão verbal. Isto porque Akmajian (1984), defende a articulação da fala humana como sendo um processo que põe em funcionamento cerca de uma centena de músculos e um sistema nervoso complexo que deve controlar e sincronizar esses músculos. Daí que as componentes do sistema linguístico tenham grandes probabilidades de serem alteradas. Estas componentes configuram uma estrutura dificilmente compartimentável (Quadro I). IDADE EVOLUÇÃO DA LINGUAGEM Do 1º ao 2º mês Do 3º ao 4º mês Do 5º ao 6º mês Do 7º ao 8º mês Do 9º ao 10º mês Do 11º ao 12º mês Do 12º ao 18º mês -Emissão de sons guturais (gorgeios). Sorriso social. Choro com intenção comunicativa. Vocalizações. - Emissão de sons vocálicos e consonânticos. Palreios. Idade do balbuciar. - Idade do lateio. Escuta e brinca com os seus próprios sons e tenta imitar os sons emitidos pelos outros. - Enriquecimento da linguagem infantil. Aparecimento das primeiras sílabas. Idade dos monossílabos. - Primeiras palavras com sílabas «duplas» (papá, mamã, titi). Compreende a entoação das frases. - Conhece algumas palavras. Compreende o significado de algumas frases habituais utilizadas no seu ambiente. - Linguagem difícil de entender. Acompanha a fala com gestos e trejeitos. Pode
  • 11. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 11 Quadro I Evolução da linguagem infantil A evolução da linguagem infantil deve ser entendida como um processo integrado pelo que se torna difícil estabelecer «momentos» claramente diferenciados e pelo que a variabilidade individual é evidente. 1.2. Alterações da linguagem verbal As realizações linguísticas de um indivíduo estão determinadas por múltiplas componentes que se poderiam agrupar em variáveis exógenas e variáveis endógenas. Tanto uma como outra aparecem interligadas a diferentes capacidades Aos 2 anos Aos 3 anos Aos 4 anos Aos 5 anos Dos 6 anos em diante nomear imagens. Compreende e responde a ordens simples. Possui um vocabulário de 5 a 20 palavras. Utiliza a holofrase (uma só palavra). - Utiliza a frase como se fosse uma oração. Usa substantivos, verbos, adjectivos e pronomes. Primeiras combinações substantivo-verbo e substantivo-adjectivo. Uso frequente do «não». O seu vocabulário vai de 12 a algumas centenas de palavras. - Linguagem compreensível para os outros. Uso de orações. Começa a diferenciar tempos e modos verbais. Idade dos «porquês». Pensamento animista e mágico. Usa artigos e pronomes. Começa a empregar o singular e plural. - Período florescente da linguagem. Melhora a construção gramatical, faz conjugação verbal e articulação fonética. Utiliza anexos. Joga com as palavras. Etapa do monólogo individual e colectivo. - Importante evolução neuromotora. Progresso intelectual conducente ao raciocínio. Compreende termos que integram comparação. Compreende os comentários. É capaz de estabelecer semelhanças e diferenças, noções espaciais, etc. Desaparece a articulação infantil. Construção gramatical correcta. A partir daqui incrementa-se o léxico e o grau de abstracção. Uso social da linguagem. - Progressiva consolidação da noção corporal, espacial e temporal. Leitura/escrita. Construção de estruturas sintácticas progressivamente mais complexas. Melhora o emprego de proposições, conjugações e advérbios. Evolui na conjugação verbal. Articula todos os fonemas nas palavras.
  • 12. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 12 humanas. O desenvolvimento integral dos indivíduos será facilitado ou alterado consoante essas variáveis forem positivas ou negativas. 1.3. Avaliação da linguagem verbal Consideramos a avaliação como um processo evolutivo realizado em conjunto com a intervenção. A intervenção e avaliação trabalham em conjunto sendo construções mentais interactivas. A avaliação na linguagem é representada em diversas etapas: detecção do problema, avaliação inicial dos comportamentos problemáticos e recomendações para a intervenção (Miller, 1986). Para avaliar a linguagem é necessário estabelecer o nível de eficiência na fala, linguagem e comunicação, em função de todas as suas variáveis, e especificar em que medida esta está perturbada em si mesma (Forns, 1989). O comportamento linguístico é alterado e difícil de quantificar e de valorizar pela natureza subtil da linguagem, a fragmentação dos dados de desenvolvimento, os problemas inerentes à relação interpessoal e as dificuldades relativas à estandardização da prova. Segundo Cruz e Alonso (1987) e Miller (1989), para avaliar o comportamento linguístico das crianças, deve-se ter em conta determinadas questões, tais como, o que pretendemos ao avaliar a criança, que é que vamos avaliar e como vamos avaliar. Estas perguntas cobrem o processo de avaliação. As respostas são interactivas, influentes e estabelecem objectivos, o conteúdo e as estratégias de avaliação.
  • 13. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 13 A. Detectar possíveis problemas: 1. Estabelecer os objectivos desta primeira avaliação. 2. Decidir quais os procedimentos mais adequados. 3. Delinear os critérios de interpretação. 4. Determinar a posterior avaliação. B. Estabelecer o nível de comportamento linguístico. 1. Determinar o nível de desenvolvimento linguístico. 2. Estabelecer a diferença entre atraso e perturbação. 3. Especificar o comportamento em que se vai intervir. C. Medir as mudanças de comportamento verificadas durante o programa de intervenção: 1. Comprovar a natureza da mudança, para modificar os conteúdos e/ou estratégias de intervenção. 2. Avaliar a criança num duplo contexto: a) escolar, b) natural (familiar). 1.3.1. Para quê avaliar? Objectivos da avaliação A resposta a esta pergunta determina os objectivos a ser atingidos durante o processo de avaliação (Quadro II). Quadro II. Objectivos do processo de avaliação (Gallardo e Gallego, 1993) 1.3.2. O que avaliar? Aspectos a avaliar A resposta a esta pergunta determinará o conhecimento dos diferentes aspectos que devem ser avaliados através dos principais processos de linguagem e comunicação. A avaliação abrange as dimensões básicas da linguagem: forma, conteúdo e utilização (Quadro III).
  • 14. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 14 A. Bases anatómicas e funcionais: 1. Audição. 2. Aparelho fonador: a) Respiração. b) Capacidade motora. c) Voz. B. Dimensões da linguagem: 1. Forma da linguagem: a) Fonologia: 1. Capacidade articulatória. 2. Aquisição do sistema fonológico. b) Sintaxe: 1. Modos de conexão. 2. Análise de formas e estruturas. 3. Ordem de organização dos enunciados. 2. Conteúdo da linguagem: a) Significado da frase. b) Relações significativas entre as suas competências. c) Léxico. 3. Utilização da linguagem: a) Funções da comunicação. b) Competência de conversação. c) Influência no contexto. C. Processos linguísticos: 1. Compreensão (descodificação linguística): a) Capacidade auditiva. b) Eliminação de elementos verbais. 2. Produção (codificação linguística): a) Linguagem espontânea(que fez a criança?). b) Construções específicas (o que é capaz de fazer?). D. Desenvolvimento cognitivo: 1. Períodos de desenvolvimento de Piaget. 2. Nível geral de inteligência. 1.3.3. Quadro III. Conteúdos da avaliação (Gallardo e Galego, 1993) 1.3.3. Como avaliar? Forma de proceder e estratégias de avaliação Costuma-se avaliar o comportamento verbal através de quatro processos básicos (Quadro IV).
  • 15. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 15 Quadro IV. Processos de avaliação A. Testes estandardizados Segundo Miller (1989), o teste estandardizado é um teste aplicado a um grande número de indivíduos de populações diferentes, mostrando a sua fiabilidade, viabilidade sendo normativo permitindo ser comparado segundo as pontuações da escala e as equivalências etárias na avaliação individual da criança. Estes testes medem um ou vários aspectos do comportamento verbal, mas não existe nenhum teste que nos permite avaliar todos os comportamentos ao mesmo tempo. B. Escalas de desenvolvimento Estas escalas determinam o nível de desenvolvimento comparando o comportamento linguístico da criança com os comportamentos apresentados nas escalas. A informação pode obter-se por observação directa, através dos pais ou de acordo a realização de tarefas. As escalas mais utilizadas são a Escala de desenvolvimento Psicomotor para a Primeira Infância de Brunet-Lezine e o Diagnostico de Desenvolvimento de Gesell e a de Rondal (1982). C. Teste não estandardizados Existem outros tipos de avaliação que permitem uma maior flexibilidade na sua aplicação e podem modificar-se segundo as características das crianças. Podemos A. Testes estandardizados. B. Escalas de desenvolvimento. C. Testes não estandardizados: 1. Produção verbal espontânea. a) Registo e transcrição de uma amostra. b) Analise das amostras. 2. Produção verbal provocada. 3. Compreensão: a) Definir uma respostaadequada. b) Especificar a natureza da tarefa. 4. Imitação provocada. D. Observação de comportamentos: 1. Objectivos. 2. Controlo de variáveis. 3. Estabelecimento da linha base de comportamento linguístico.
  • 16. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 16 agrupá-las em quatro tipos, sendo eles, a produção verbal espontânea, produção verbal provocada, compreensão e imitação provocada. a. Produção verbal espontânea A análise da produção espontânea da criança é um dos processos mais completos para avaliar as dimensões da linguagem e do processo da produção. Para isso é necessário recolher-se uma amostra, transcrevê-la e analisá-la. O registo e transcrição de uma amostra possuem métodos que variam segundo a pessoa, o contexto e os materiais. A variedade de estruturas e significados da linguagem será tanto maior quanto menos estruturada for a sessão (Miller, 1986). Durante o processo podemos usar uma gravação de vídeo, uma cassete ou notas escritas. Quanto ao tamanho da amostra, não existe um número fixo de pessoas mas podemos estipular um determinado número de pessoas. O processo mais flexível e mais utilizado é registar o comportamento verbal num dado período de tempo. Trinta minutos de recolha da linguagem espontânea costumam geralmente dar entre cem e duzentas frases (Miller, 1986 e Crystal; Fletcher e Garman, 1984). Se realizarmos uma transcrição manual podemos recolher tudo o que a criança diz durante a sessão ou fazer uma amostra temporal registando durante três ou quatro minutos em vários momentos. Este segundo processo cansa menos e tem a vantagem de abarcar contextos diferentes. A análise das amostras depende da amplitude dos aspectos da linguagem que mais nos interessa avaliar e das exigências do nosso contexto de trabalho. b. Produção verbal provocada Podemos utilizar este método quando quisermos analisar aspectos da linguagem que não aparecem normalmente numa situação de produção espontânea da fala ou quando não se dispõe de muito tempo. Há várias estratégias para incitar a produção verbal: - contar as cenas representadas em quadros ou outras que desencadeiam a produção verbal; - organizar logicamente e explicar uma história;
  • 17. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 17 - exercícios para completar frases; - exercícios de incitação ao diálogo; - exercícios de lógica verbal; - utilização de textos com lacunas; - perguntas de resposta alternativa (Crystal, Fletcher e Garman, 1984; Aguado, 1989); - role – taking: mede a capacidade do emissor para avaliar a perspectiva do receptor e formular as suas mensagens de acordo com o que ouve (Forns, 1989); - role – playing: consiste em pedir à criança para encarnar personagens, como o pai ou a mãe, de modo a estimular as frases negativas (Miller, 1986); - exercícios que levem a negações semânticas e sintácticas através da representação de desenhos específicos, locuções verbais, plurais e partes de um todo (Foster e Giddan, 1986); - exercícios de substituição de palavras ou de grupos de palavras; - exercícios de desenvolvimento de um texto a partir de um começo dado. c. Compreensão (Miller, 1986; Cruz e Alonso, 1987) Este aspecto consiste em assinalar os desenhos que expressam melhor o significado de uma frase dada (Boehm, 1972; Ducarne, 1977; Pererlló, 1980; Nieto, 1984; Pita e Aribas; Aguado, 1989). Podem-se fazer, também exercícios de reconstrução de frases com a ajuda de objectos e desenhos. Por último, exercícios em que seja necessário escolher, entre várias frases dadas, aquela que expressa a ideia representada num determinado desenho (Ducarne, 1977; De Villiers e De Villiers, 1984; Aguado, 1989). d. Imitação provocada Utiliza-se frequentemente pedir à criança que repita uma série de palavras ou frases ditas. Diferentes autores (Filho, 1960; Kirk, McCarthy e Kird, 1968; Ducarne, 1977; Crystal, Fletcher e Garman, 1984; Nieto, 1984; Aguado, 1989; Válles, 1990) utilizam a imitação como um processo de avaliação da memória auditiva ou complemento na avaliação da compreensão e produção verbal. A imitação proporciona informação sobre a capacidade de processamento auditivo das frases na ausência do contexto (descodificação) e a capacidade de
  • 18. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 18 memória, permitindo estabelecer comparações entre a imitação, compreensão e produção, necessárias para estabelecer as estratégias de intervenção. Por outro lado vemos que estes procedimentos são importantes na hora de avaliar a presença ou ausência de problemas de processamento auditivo. Este método não deve ser utilizado sozinho, sobretudo na avaliação das perturbações da articulação. Cada um destes quatro testes não estandardizados tem vantagens e desvantagens. A tomada de decisão deve ser feita em função do juízo clínico do especialista, do seu contexto de trabalho, da idade da criança e do tipo de alteração linguística. D. Observação de comportamentos verbais Esta observação parte de uma avaliação da linguagem da criança com o fim de estabelecer os objectos da intervenção. Não se excluem os processos antes expostos, mas dá-se preferência a técnicas mais específicas: observação sistemática, registos psicofisiológicos, relatórios específicos e entrevistas estruturadas. Investigam-se as causas e as consequências do comportamento verbal. Os objectivos da avaliação do comportamento verbal são conhecer os comportamentos linguísticos alterados ou atrasados e as variáveis com eles relacionadas. 1.4.Intervenção na linguagem verbal Falamos da relação existente entre avaliação e intervenção transformando o processo em evolutivo único. A avaliação é a primeira componente do processo de intervenção; é fundamental para a tomada de decisões sobre a intervenção a fazer e, ao mesmo tempo, serve para controlar a sua eficácia. O processo de intervenção tem componentes básicos que serão determinados por uma série de questões: - Porque é que vamos intervir sobre a linguagem da criança? - Onde intervir? - Como intervir?
  • 19. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 19 1.4.1. Por que intervir? Objectivo da intervenção Os objectivos da intervenção são modificar a linguagem perturbada, estimular o desenvolvimento linguístico das crianças com nee, prevenir possíveis alterações linguísticas e estimular o desenvolvimento da linguagem na população. 1.4.2. Como intervir? Modelos e estratégias de intervenção 1.4.2.1. Modelos de intervenção Tal como Ruder (1986), deparamo-nos com a impossibilidade de resolver os diferentes problemas e as diferenças individuais nos tratamentos linguísticos com um único programa. Há tantos modelos de intervenção como teorias da linguagem em que se apoiam. Temos então, o modelo linguístico em que Piaget defende que o desenvolvimento linguístico está separado do desenvolvimento cognitivo. Este tem como objectivo atingir uma linguagem normalizada e apoia-se em componentes ou dimensões dessa mesma linguagem. Neste modelo, encontramos dois enfoques diferentes: funcional e formal; o modelo cognitivo também parte das teorias de Piaget e Vigotsky e descrevem as características do processamento humano por analogia aos computadores. O hardware seria formado pelos circuitos neurais, e o software pelo conjunto de estratégias para recolher, ordenar, elaborar e utilizar a informação de uma forma eficaz (Defior e Ortúzar, 1993); o modelo comportamentalista baseia-se na utilização dos princípios experimentais da Psicologia do Comportamento. As suas técnicas, aplicadas à modificação do comportamento linguístico, são usadas para implementar ou enriquecer a linguagem em crianças com nee permanentes, no tratamento das perturbações da linguagem e para estimular a linguagem em indivíduos socioculturalmente desfavorecidos ou com atraso de desenvolvimento da linguagem (García Vilchez, 1993). E por ultimo, o modelo clínico que fundamenta a intervenção na etiologia e sintomas das alterações linguísticas. Utiliza teorias psicanalíticas, procurando corrigir as deficiências de relação do indivíduo com a família que é considerada como sendo a origem da deficiência.
  • 20. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 20 1.4.2.2. Estratégias de intervenção A decisão da estratégia a utilizar é determinada pelo tipo de perturbação e pelo modelo de intervenção escolhido. Ainda quanto à intervenção, temos várias propostas para o tratamento das diferentes perturbações da linguagem verbal: a. Formas de intervenção a nível da voz. É necessária a existência de uma intervenção cooperativa entre a escola, a família e o terapeuta. - Intervenção Familiar – As intervenções recomendadas pretendem modificar o ambiente em que se desenvolvem os maus hábitos vocais. Para isso, no seio familiar, deve-se evitar situações de muito ruído, falar devagar, não falar ao longe, utilizar os aparelhos áudio com uma intensidade normal, evitar bebidas frias. - Intervenção Escolar – A escola deve procurar que a criança perca o hábito de gritar que eventualmente possa trazer do seu ambiente familiar. O professor deve evitar os gritos na sala e usar a voz adequadamente, conseguir criar um bom ambiente na sala sem ruído e não gritar para pedir silêncio. - Intervenção Terapêutica – Incide na relaxação, respiração e fonação. b. Intervenção nos casos de atraso de desenvolvimento da linguagem Neste caso, propõe-se actividades de atenção auditiva, de discriminação auditiva, memória auditiva, actividades respiratórias, actividades de sopro, actividades de imitação de ruídos, imitação vocálica e imitação dinâmica.
  • 21. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 21 2 - Enquadramento teórico e histórico do conceito de D.A. A expressão «Dificuldades de Aprendizagem» surgiu da necessidade de identificar um vasto grupo de crianças que embora não apresentasse qualquer tipo de deficiência, apresenta problemas de aprendizagem em algumas áreas específicas. Embora este campo tenha experimentado bastantes progressos, ainda há teóricos que não apresentam plena concordância quanto à sua definição, etiologia, avaliação e mesmo intervenção. Foi a partir dos anos 60 que se deu um maior ênfase ao estudo das D.A.. Têm sido várias as definições publicadas e os investigadores que se têm debruçado sobre tal problemática. Psicólogos, professores, pais e investigadores têm demonstrado preocupação relativamente ao grupo de crianças que apresentam ao longo do seu percurso escolar, dificuldades em atingir os objectivos propostos pelo sistema educativo, ao nível da escolaridade básica. O termo D.A. foi, segundo Correia (1991), utilizado pela primeira vez por Kirk em 1962. Este autor define Dificuldades de Aprendizagem como “um atraso, desordem ou imaturidade num ou mais processos da linguagem falada, da leitura, da ortografia, da caligrafia ou da aritmética, resultantes de uma possível disfunção cerebral e/ou distúrbios de comportamento, e não dependentes de uma deficiência mental, de uma privação sensorial, de uma privação cultural ou de um conjunto de factores pedagógicos”. Por seu lado, Myklebust (1963) dá outro enfoque às D.A. incluindo os défices na aprendizagem em qualquer idade e são essencialmente causadas por desvios no sistema nervoso central não tendo origem na deficiência mental, privação sensorial ou por factores psicogenéticos. De todas as definições existentes, a que recebe ainda maior consenso é a que consta na Lei Pública Americana, P.L. 94 – 142, (citado por Correia, 1997), que é a seguinte: “Dificuldades de aprendizagem específica significa uma perturbação num ou mais processos psicológicosbásicosenvolvidosna compreensão ou na utilização da linguagem falada ou escrita,
  • 22. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 22 que pode manifestar-se por uma aptidão imperfeita de escutar, pensar, ler, escrever, soletrar ou fazer cálculos matemáticos. O termo inclui como deficiências perceptivas, lesão cerebral, disfunção cerebral mínima, dislexia e afasia de desenvolvimento. O termo não engloba as crianças que têm problemas de aprendizagem resultantes principalmente de deficiência visual, auditiva ou motora, de deficiência mental, de perturbação emocional ou de desvantagens ambientais, culturais ou económicas”. Embora a definição da Lei Pública Americana seja a mais aceitável, falta-lhe ainda segundo Correia (1991), especificidade que a torne numa definição operacional satisfatória. A Review of Education Research reuniu a opinião de quinze investigadores e chegou às seguintes conclusões: 1 – As Dificuldades de Aprendizagem constituem um ou mais défices nos processos essenciais de aprendizagem que necessitam de técnicas especiais de educação (definição por défice); 2 – As crianças com D.A. apresentam discrepâncias entre o nível de realização esperado e o atingido em linguagem falada, escrita, na leitura e na matemática (definição por discrepância); 3 – As D.A. não são devidas a deficiências sensoriais, motoras, intelectuais, emocionais ou falta de oportunidade de aprendizagem (definição por exclusão). Por sua vez, na opinião de Garcia (1998) e de Fonseca (2004), apesar de haver muitas definições de D.A., avançadas por muitos investigadores e academias reconhecidas a nível internacional, a que parece reunir mais consenso é a definição do Comité Nacional Americano de Dificuldades de Aprendizagem (National Join Commitee of Learning Disabilities – NJCLD – 1988) “Dificuldades de Aprendizagem é uma expressão genérica que refere um grupo heterogéneo de desordens manifestadas por dificuldades significativas na aquisição e no uso da compreensão auditiva, da fala, da leitura, da escrita e da matemática. Tais desordens são intrínsecas, no indivíduo presumindo-se que sejam devidas a uma disfunção do sistema nervoso que pode ocorrer e manifestar-se durante toda a vida. Problemas na auto-regulação do comportamento,na atenção, na percepção e na interacção social podem coexistir com DA. Apesar de as DA ocorrerem com
  • 23. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 23 outras deficiências (ex: deficiência sensorial, deficiência mental, distúrbio socioemocional) ou com influências extrínsecas (ex.: diferenças culturais, insuficiente ou inadequada instrução pedagógica), elas não são o resultado de tais condições:” Verificamos que cada definição apresenta aspectos particulares do problema, o que torna pouco possível sintetizá-los numa única definição que englobe os tão diversificados aspectos com que as D.A. se mascaram. No sistema de ensino português, não existe uma definição conceptual ou operacional de D.A.. Estas não são oficialmente reconhecidas como uma categoria no universo das NEE e os alunos que as apresentam encontram-se perdidos entre o sistemas de ensino dito regular e o especial. Ficam assim, estes alunos dependentes de iniciativas individuais dos responsáveis da educação (psicólogos, professores, educadores e terapeutas). Embora o termo Dificuldades de Aprendizagem seja relativamente novo, a existência em crianças e adultos é tão antigo como a própria humanidade. Dada a variedade de manifestações que se incluem neste termo, a opinião mais generalizada é a de que existem múltiplas causas para explicar a sua origem, no entanto, o mais provável é que na maior parte dos casos a etiologia seja desconhecida ou então muito difusa.
  • 24. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 24 3- Evolução do conceito de dislexia As primeiras referências à dislexia remontam a 1896, no âmbito da medicina por Morgan, descrevendo um caso clínico de um rapaz que, apesar de inteligente, tinha uma incapacidade absoluta em relação à linguagem escrita, que designou por “cegueira verbal”, isto é, uma disfunção de desenvolvimento que ocorre em crianças saudáveis. Em 1917, Hinshelwood estudou casos de crianças com sérias dificuldades de aprendizagem de leitura, categorizando este problema como uma “cegueira verbal”. Explicava deste modo esta dificuldade com a teoria que no cérebro existiriam áreas separadas para diferentes tipos de memória. Em primeiro lugar, teríamos uma memória visual de tipo geral e em segundo uma memória visual de palavras. A causa da dificuldade para ler estaria num deterioramento do cérebro que afectaria a memória visual de palavras, o que produziria na criança, aquilo a que chamou de “cegueira verbal congénita”. Segundo Samuel Orton (1918), a dificuldade de ler devia-se a uma disfunção cerebral de origem congénita. Para este, esta disfunção cerebral produz-se quando a criança não possui uma adequada dominância hemisférica. Esta dominância é importante porque quando a criança aprende a ler, regista e armazena essa informação nos dois hemisférios. No hemisfério dominante a informação era armazenada de forma ordenada, ao contrário do hemisfério não dominante que armazenava a informação de forma desordenada e confusa, invertida como um espelho. Para o indivíduo ler correctamente o hemisfério dominante deve anular a informação do hemisfério não dominante. Caso isto não aconteça, devido a uma ausência de dominância hemisférica, produzir-se-ão uma série de erros na leitura. Esses poderão ser de várias ordens tais como: omissões, inversões, substituições de sons, leitura em espelho, etc. Esse conjunto de dificuldades, Orton dominou-as de “estrefossimbolia”, ou seja, de símbolos invertidos.
  • 25. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 25 Segundo Orton, citado por González (1996) essa aparente disfunção na percepção e memória visual caracterizada por entender as letras e as palavras invertidas (b por d ou was por saw) era então, a causa da dislexia. Esse distúrbio explicaria também a escrita em espelho. Na linha de Orton surge também L. Bender para quem os problemas de leitura se devem fundamentalmente a uma maturação lenta, especialmente visuo-motora. Segundo Bender citado por Baroja (1989), a facilidade para a leitura correlacionava-se com a capacidade de discriminar formas, distinguir padrões e orientar-se no espaço. Por isso defendia que a criança disléxica tinha dificuldade na distinção entre pontos e círculos, entre ângulos e curvas uma tendência para inverter as figuras e as letras. Nos anos 60, foram minimizados os aspectos biológicos da dislexia, atribuindo as dificuldades na leitura a problemas emocionais, afectivos e imaturidade. Em 1968 a Federação Mundial de Neurologia utiliza pela primeira vez a expressão «dislexia do desenvolvimento», definindo-a como «um transtorno que se manifesta por dificuldades na aprendizagem da leitura, apesar das crianças serem ensinadas com métodos de ensino convencionais, terem inteligência normal e oportunidades socioculturais adequadas». Em 1970 Luria estuda a dislexia através das investigações sobre a «afasia traumática». Para Luria citado por Baroja (1989) a dislexia trata-se de uma lesão da área occipital (onde se encontra o campo da leitura) que provoca a síndrome de dislexia. Este autor subdivide o termo dislexia em: «dislexia literal», que consiste em confundir as formas das letras isoladas e «dislexia verbal ou simultânea», em que a criança não é capaz de integrar as letras dentro das palavras. Em 1994, o Manual de Diagnóstico e Estatística de Doenças Mentais, DSM IV, inclui a dislexia nas perturbações de aprendizagem, utiliza a denominação «perturbação da leitura e da escrita», estabelecendo os seguintes critérios de diagnóstico:
  • 26. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 26 1. O rendimento na leitura/escrita, medido através de provas normalizadas, situa- se muito abaixo do nível esperado para a idade do sujeito, quociente de inteligência e escolaridade própria para a idade; 2. A perturbação interfere significativamente com o rendimento escolar, ou actividades da vida quotidiana que requerem aptidões de leitura/escrita; 3. Se existisse um défice sensorial, as dificuldades são excessivas em relação às que lhe estariam habitualmente associadas. Para terminar esta breve evolução do conceito de dislexia, faremos uma pequena abordagem aos três períodos históricos propostos por Rueda (1995) sobre as dificuldades de aprendizagem, que são eles: o período de fundamentação, que corresponde aos estudos feitos nos finais do século XIX, os quais se baseavam na medicina em especial à neuropatologia. O período de transição, que acontece entre os anos 40 e 50, em que se passa da explicação médica para a explicação de psicólogos e educadores, aparecendo deste modo testes e programas de recuperação. Fala-se assim, fundamentalmente de disfunções perceptivas contrapondo-se às lesões do período anterior. Nos anos 60 e 70, situa-se o período de integração, onde é proposto vários factores que influenciam as dificuldades de aprendizagem alterando assim as causas da dislexia. Considera-se então que as causas da dislexia podem ser múltiplas e relacionadas com um inadequado processamento da informação linguística. É um período em que as contribuições da psicologia para o estudo da dislexia se vêem influenciadas por três fontes fundamentais: em primeiro lugar, as investigações sobre a inteligência artificial que promovem o planeamento e desenvolvimento da simulação em computadores dos processos cognitivos do ser humano. Em segundo lugar, destaca-se o impacto do enfoque biográfico da obra de Piaget, obra que se centra na análise dos processos externos que estão subjacentes às mudanças evolutivas do ser em desenvolvimento. Por último, a influência linguista de Chomsky, procedendo à análise das estruturas subjacentes à compreensão e produção da fala.
  • 27. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 27 3.1. Definição de dislexia Do ponto de vista etimológico, o termo dislexia deriva da língua grega, significando “dificuldade com palavras”, (dys = dificuldade) e (lexis = palavras). Uma revisão pela bibliografia mais significativa, aponta-nos uma grande diversidade de opiniões, quer em relação à noção de dislexia, quer aos critérios usados para classificar eventuais subgrupos de disléxicos. A dislexia é um dos termos usados para descrever as dificuldades de aprendizagem que envolvem a linguagem escrita e falada. Esta é caracterizada por uma grande dificuldade em aprender a escrever, recordar letras, pronunciar palavras e descriminar sons específicos de letras. As crianças disléxicas têm uma caligrafia por vezes ilegível e têm uma tendência para trocar letras (ex.: d por b; tapa por pata). É também frequente, quando falam, trocarem o sentido e o som das palavras (ex.: quente por frio; atrás por à frente). À medida que se foi estudando a problemática e se esclareceram algumas etiologias foi possível perceber que a dislexia não era só “um problema grave de leitura”. No entanto, a própria Federação Mundial de Neurologia apresenta uma definição redutora e já ultrapassada da dislexia, continuando a relacioná-la com a leitura: “…desordem que se manifesta pela dificuldade em aprender a ler, sem que tal esteja relacionado com instrução convencional, adequação intelectual e oportunidades socioculturais.” (Instituto Nacional de Saúde e Desenvolvimento Humano, 1996). Ao falarmos da dislexia estamos a referir-nos a problemas de leitura, problemas na escrita, nas relações espaciais, na obediência a instruções, na sequência temporal, na capacidade de memorização, entre outros problemas que afectam os indivíduos disléxicos e que tanto transtorno lhes causam na sua vida diária. Diversos autores preocuparam-se em encontrar definições que melhor descrevessem esta problemática de grande incidência.
  • 28. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 28 Kamhi (1992) citado por Hennigh (2005) defende uma definição inclusiva centrada na linguagem e na separação das dificuldades sentidas no processamento de informação de carácter fonológico. Esta definição vai ao encontro do pensamento actual, que argumenta a possibilidade de distinção de leitores “pouco eficientes” e crianças com dislexia. Assim, para uma melhor compreensão da ideia passamos a citar a referida definição: “ A dislexia é uma desordem a nível de desenvolvimento da linguagem cuja principal característica consiste numa dificuldade permanente em processar informação de ordem fonológica.Esta dificuldade envolve codificar,recuperar e usar de memória códigos fonológicos e implica défices de consciência fonológica e de produção de discurso. Esta desordem, com frequência geneticamente transmitida, está por via de regra presente à nascença e persiste ao longo de toda a vida. Uma característica marcante desta desordem manifesta-se nas deficiências a nível da oralidade e da escrita.” (Kamhi, 1992 cit. in Henning, 2005). Esta definição vai de encontro à proposta pela Associação Nacional de Dislexia Americana que exprime o seguinte: “ A dislexia é um dos vários tipos de dificuldades de aprendizagem. É uma desordem específica com base na linguagem, de origem orgânica, caracterizada por problemas na descodificação de palavras, reflectindo, geralmente capacidades reduzidas no processamento fonológico. Estes problemas na descodificação da palavra são geralmente inesperados ao considerar-se a idade ou as aptidões cognitivas; eles não são o resultado de uma incapacidade desenvolvimental generalizada ou de um impedimento sensorial. A dislexia é manifestada por uma dificuldade variável nas diferentes formas de linguagem, incluindo, para além de um problema na leitura, um problema manifesto na aquisição de proficiência na escrita e na soletração.” Grande parte dos autores é unânime ao afirmar que o termo dislexia, engloba uma dificuldade na leitura e consequentemente dificuldades de distinção ou memorização de letras ou grupos de letras, problemas de ordenação, ritmo, compreensão e de estruturação das frases afectando tanto a leitura como a escrita. A necessidade de clarificação do termo dislexia torna-se imperiosa, não só para que a escola e a família possam compreender este tipo de problema, quando de facto ele existe, mas acima de tudo para que o aluno possa ser ajudado a superar a sua dificuldade e não se desencoraje de continuar a trabalhar.
  • 29. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 29 3.2. Tipos e subtipos de dislexia (Co-morbilidades) Segundo Critchley (1970) podemos classificar a dislexia em dois tipos que são a dislexia adquirida e a dislexia evolutiva ou de desenvolvimento. A dislexia adquirida é provocada por um traumatismo ou lesão cerebral. O sujeito que, anteriormente tinha aprendido a ler e a escrever correctamente após a lesão ou o trauma, não consegue continuar a ler e a escrever sem erros. No segundo caso, o sujeito manifesta desde o início da aprendizagem problemas na aquisição da leitura e/ou escrita. Segundo o mesmo autor acima referido trata-se de uma perturbação que se manifesta na dificuldade em aprender, apesar do ensino ser convencional, a inteligência ser adequada e as oportunidades socioculturais suficientes. Deve-se a uma incapacidade cognitiva fundamental. Os mesmos autores salientam os atrasos de maturação e afirmaram que estes se verificaram a nível neurológico ou das funções psicológicas e que podem ocasionar dificuldades concretas na aprendizagem da leitura e da escrita, especificando que os atrasos evolutivos produzem alterações perceptivas nos processos simbólicos, que poderão ser originados por anomalias neuroanatómicas. No que se refere ao atraso da maturação das funções psicológicas, e que interferem na aquisição da leitura e da escrita, manifesta-se ao nível do atraso do desenvolvimento perceptivo-visual; atraso na aquisição do esquema corporal; atraso no desenvolvimento da coordenação dinâmica e atraso no desenvolvimento dos processos psicolinguísticos básicos. Em investigações mais recentes e após uma análise dos padrões de leitura e ortografia a dislexia é dividida, segundo Fernadez e Torres (2001), em três tipos: a dislexia “disfonética” ou auditiva; a dislexia “diseidética” ou visual e a dislexia “aléxica” ou visuoauditiva. A dislexia “disfonética” é a mais frequente e tem como principal característica a dificuldade de integração letra – som, isto é, a soletração não se assemelha à palavra lida. O erro mais visível é a alteração de uma palavra por outra de sentido semelhante (ex.: pasta por mala).
  • 30. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 30 A dislexia “diseidética” é caracterizada por uma deficiência primária na percepção de palavras completas. O erro mais comum é a substituição de uma palavra ou fonema por outra de sonoridade idêntica (ex.: apertar por apartar). Por fim a dislexia “aléxica” onde o indivíduo manifesta uma quase total incapacidade para a leitura. Esta verifica-se tanto na análise fonética das palavras como na percepção de letras e palavras completas. Para as mesmas autoras, e depois de uma série de provas neuropsicológicas, foram identificados dois subtipos de dislexia de desenvolvimento (evolutivas): a “audiolinguistica” e a “visuoespacial”. Os indivíduos com dislexia “audiolinguistica” revelam atraso na linguagem, perturbações articulatórias – dislalias -, dificuldades em nomear objectos – anomia -, e erros na leitura e na escrita, por problemas nas correspondências grafemas – fonemas. Os disléxicos “visuoespaciais” apresentam dificuldades de orientação esquerda - direita, de reconhecimento de objectos familiares pelo tacto, fraca qualidade da letra e erros de leitura e escrita que indicam falhas na codificação da informação visual, como por exemplo escrita invertida ou em espelho. No ponto seguinte faremos uma breve abordagem no que se refere a outros tipos de perturbações da escrita, leitura e cálculo. 3.2.1. Disortografia A disortografia pode definir-se como “o conjunto de erros da escrita que afectam a palavra mas não o seu traçado ou grafia” (Vidal, 1989). Para Moura (2000) a disortografia é uma perturbação que afecta as aptidões da escrita, e que se traduz por dificuldades persistentes e recorrentes na capacidade da criança em compor textos escritos. As dificuldades centram-se na organização, estruturação e composição de textos escritos. A construção frásica é pobre e geralmente curta, observa-se a presença de muitos erros ortográficos e por vezes uma má qualidade gráfica.
  • 31. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 31 Esta má qualidade gráfica resulta da confusão ortográfica quando relacionada a grafia da palavra com os sons das mesmas. A característica mais importante de um disortográfico é a constante confusão de letras, sílabas de palavras e trocas ortográficas (erros) em palavras do seu campo lexical e que foram já trabalhadas pelo professor. A disortografia implica uma série de erros sistemáticos na escrita e na ortografia que por vezes torna ilegível os escritos. Segundo Torres (2002) estes erros podem ser classificados da seguinte forma: a) Erros de carácter linguístico-perceptivo: – Substituição de fonemas vocálicos ou consonânticos pelo ponto ou modo de articulação semelhantes; – Omissões de fonemas (“como” em vez de “cromo”), omissões de sílabas inteiras (“car” em vez de “carta”) e omissões de palavras; – Adições de fonemas (“cereto” em vez de “certo”), adições de sílabas inteiras (“castelolo” em vez de “castelo”) e adições de palavras; – Inversões de grafemas (“aldo” em vez de “lado”), inversões de sílabas numa palavra e inversões de palavras. b) Erros de carácter visuoespacial: – Substituição de letras que se diferenciam pela sua posição no espaço (d/p; p/q); – Substituição de letras semelhantes nas suas características visuais (m/n; o/a; i/j); – Confusão em palavras que admitem dupla grafia (ch/x; s/z); – Omissão da letra “h” por não ter correspondência fonética. c) Erros de carácter visuoanalítico: – Dificuldade em fazer a síntese e a associação entre fonema e grafema. d) Erros relativos ao conteúdo: – Dificuldade em separar sequências gráficas (“acasa” em vez de “a casa”), separação de sílabas que compõem uma palavra e união de sílabas pertencentes a duas palavras.
  • 32. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 32 e) Erros referentes às regras de ortografia: – Não colocar “m” antes de “p” e “b”; – Não respeitar as maiúsculas; – Infringir regras de pontuação. Para Tsvetkova (1997) e Luria (1980), podemos distinguir sete tipos de disortografia: – Disortografia Temporal – o sujeito não é capaz de ter uma percepção dos aspectos fonéticos da fala, com a correspondente tradução fonética e a ordenação e separação dos seus elementos; – Disortografia perceptivo-cinestésica – o défice situa-se na incapacidade para analisar correctamente as sensações cinestésicas que intervêm na articulação. Esta incapacidade impede o sujeito de repetir com exactidão os sons escutados; – Disortografia cinética – a sequência fonética do discurso apresenta-se alterada, esta dificuldade de ordenação e sequenciação origina erros de união-separação; – Disortografia visuoespacial – consiste numa alteração perceptiva da imagem dos grafemas ou conjunto de grafemas; – Disortografia dinâmica – onde se verificam alterações na exposição escrita das ideias e na estruturação sintáctica das orações; – Disortografia cultural – onde se verifica uma grave dificuldade na aprendizagem da ortografia convencional de regras. Citoler (1996) aponta como justificativos possíveis das dificuldades disortográficas, os seguintes factores: – Problemas na produção de texto por falta de automatização dos procedimentos da escrita de palavras os quais, podem interferir com a geração de frases e ideias; – As estratégias utilizadas no que se refere aos diferentes processos de composição escrita são imaturas ou ineficazes; – Falta de conhecimento sobre os processos e subprocessos implicados na escrita ou dificuldade para aceder a eles, o que implica uma carência nas capacidades metacognitivas de regulação e controlo da actividade.
  • 33. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 33 3.2.2. Disgrafia A disgrafia, constitui uma perturbação da escrita e tem uma componente exclusivamente motora, a qual origina dificuldades na morfologia e na qualidade da escrita. A disgrafia deve ser entendida como uma perturbação de origem motora que pode ter uma origem maturativa. Para Johnson e Mykelbust (1991) a disgrafia é uma desordem resultante de um distúrbio da integração visuomotora, em que apesar de o indivíduo não possuir um defeito visual ou motor, ele não consegue transmitir as informações visuais ao sistema motor, isto é, o indivíduo vê o que quer escrever mas não consegue recordar ou idealizar o plano motor, e em consequência é incapaz de escrever ou copiar letras, palavras e números. Moura (2000), diz-nos que a disgrafia é uma perturbação de tipo funcional na componente motora do acto de escrever que afecta a qualidade da escrita, sendo caracterizada por dificuldade na grafia, no traçado e na forma das letras, surgindo estas de forma irregular, disforme e rasurada. O estudo das causas da disgrafia é bastante complexo, sendo as causas mais frequentes, segundo Linares (1993), de origem motora. Mas segundo Torres (2002) existem outros factores que podem influenciar a perturbação disgráfica que são importantes de salientar: a) Causas de tipo maturativo: – Perturbações da lateralidade; – Perturbações da eficiência psicomotora. b) Causas caracteriais: – Factores de personalidade. – Factores psicoafectivos. c) Causas pedagógicas: – Orientação deficiente do processo de aquisição de destrezas motoras; – Instrução ou ensino rígido e inflexível.
  • 34. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 34 Já Brueckner e Bond (1986) apontavam que estas dificuldades teriam origem essencialmente em dois tipos de factores: instrutivos: ensino inadequado e pessoais: imaturidade física e motora. Por sua vez, Citoler (1996) sugere uma classificação que faz distinção entre disgrafias adquiridas e disgrafias evolutivas ou desenvolvimentais. Quanto às disgrafias adquiridas, Citoler (1996) subdivide-as em disgrafia adquirida central, quando uma ou ambas as vias de acesso léxico são afectadas, com correspondentes consequências na produção de escrita das palavras e disgrafia adquirida periférica, que se refere às dificuldades nos processos motores (da escrita) posteriores à recuperação léxica das palavras. Referenciando agora as disgrafias evolutivas, Citoler (1996) diz-nos que estas dizem respeito às dificuldades na aprendizagem inicial da escrita e que ocorrem na ausência de uma razão objectiva para isso. Isso significa que apesar de os alunos terem tido uma escolarização adequada, terem uma capacidade intelectual normal, um ambiente familiar sem problemas, um desenvolvimento emocional sem bloqueios e processos perceptivos e motores concretos, manifestam dificuldade na aprendizagem da escrita. A disgrafia está associada à dificuldade física existente para monitorizar a posição da mão que escreve, com a coordenação do direccionado espacial necessário à grafia da letra ou do número, integrados nos movimentos de fixação e alternância da visão. A postura característica dos disgráficos é a de quem está a fazer um grande esforço, depositando muita força no desenrolar da escrita, com a cabeça inclinada para tentar regular a distorção para o seu campo ocular fixo. O esforço atrás referido deve-se ao facto de o disgráfico não conseguir controlar a mão durante a escrita. O disgráfico exerce uma grande força sob o objecto de escrita com vista a tentar fazer representar o melhor possível aquilo que pretende mas, resulta uma grande frustração por não conseguir fazer representar o que pretende. Este esforço e insucesso faz com que estas pessoas passem por momentos de grande frustração, sensação de insegurança, desequilíbrio em relação à gravidade, atrasos no desenvolvimento da marcha, dificuldade na aprendizagem de andar de bicicleta,
  • 35. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 35 no manuseamento de tesouras, no atar os cordões dos sapatos, ou seja, todas as actividades que envolvam domínio de coordenação de movimentos e de destreza manual da motricidade fina. As dificuldades dos disgráficos não se aplicam apenas no desenho das letras e dos números, mas também na construção de puzzles, na realização de jogos e até mesmo passatempos que envolvam uma motorização da motricidade fina. Em alguns casos podemos verificar erros ortográficos graves, a omissão ou acrescento de letras assim como a sua inversão. Os disgráficos foram vistos, durante muito tempo como “alunos com letra feia”. Existem disgráficos com a letra mal grafada mas legível, no entanto, existem outros que não deixam possibilidade de leitura para a sua escrita, pois em muitos casos a esta “letra feia” vêem associados os borrões que tornam os textos ilegíveis. Para que se possa identificar melhor a disgrafia, vejamos algumas das suas características mais relevantes e sistemáticas: – Lentidão na escrita; – Letra ilegível; – Escrita desorganizada; – Traços irregulares: por vezes muito fortes que chegam a marcar o papel, ou então muito leves; – Desorganização geral na folha por não possuir orientação espacial; – Desorganização do texto, pois não observam a margem parando muito antes ou ultrapassando-as. Quando este último acontece, tende a amontoar letras na borda da folha; – Desorganização das letras: letras retocadas, omissão de letras, palavras e números, formas distorcidas, movimentos contrários à escrita; – Desorganização das formas: tamanho muito pequeno ou muito grande, escrita alongada ou comprida; – O espaço que dá entre as linhas, palavras e letras são irregulares; – Liga as letras de forma inadequada e com espaçamento irregular.
  • 36. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 36 É importante referir que não se pode assumir um aluno como disgráfico por apresentar características isoladas mas sim, um conjunto de características. Este deverá ter que ter sempre um apoio psicopedagógico. 3.2.3. Discalculia Discalculia etiologicamente significa dificuldade no cálculo. Contudo as abordagens à discalculia referem dificuldades em matemática e/ou aritmética. Cruz (1999), define a discalculia como uma disfunção neuropsicológica caracterizada por dificuldades no processo de aprendizagem do cálculo, constatando-se, geralmente, em pessoas com um grau de inteligência normal que apresentam inabilidade na realização das operações matemáticas e falhas no raciocínio lógico matemático. O termo é usado frequentemente para referir a inabilidade em executar operações matemáticas, mas é definido por alguns profissionais educacionais como uma inabilidade mais fundamental para conceptualizar números. Casas (1988), define como um conceito abstracto de quantidades comparativas. A discalculia de um modo geral não é rara, havendo muitas pessoas com dislexia ou dispraxia que tem problemas de discalculia havendo alguma evidência para sugerir que há indicações de que é um impedimento congénito ou hereditário, com um contexto neurológico atingindo crianças e adultos. A definição mais clássica de discalculia foi proposta por Kosc, em 1974, que engloba seis tipos de discalculia, afirmando que essas discalculias podem manifestar-se sob diferentes combinações e ligadas a transtornos de aprendizagem, como é o caso, por exemplo, de crianças com dislexia ou défice de atenção e hiperactividade. Esses subtipos dividem-se em: – Discalculia verbal – dificuldade para aprender conceitos matemáticos e relações apresentadas oralmente e para nomear quantidades, números, termos, símbolos e as relações matemáticas; – Discalculia practognósica – dificuldades na enumeração, comparação e manipulação de objectos matemáticos reais ou imagens; – Discalculia léxica – dificuldade para ler números ou símbolos matemáticos;
  • 37. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 37 – Discalculia gráfica – dificuldade em escrever símbolos matemáticos, ou seja, a criança não é capaz de copiar ou de escrever ditados numéricos; – Discalculia ideognósica – dificuldades na compreensão dos conceitos matemáticos e das suas relações bem como para fazer cálculos numéricos requeridos. Torna-se imprescindível saber reconhecer alguns sintomas. Para tal, Casas (1988) refere que tomemos atenção aos seguintes sintomas: lentidão extrema da velocidade do trabalho, problemas com orientação espacial, dificuldades para lidar com operações e memória de curto e longo prazo, a não automatização de informações, confusão de símbolos matemáticos e uma tendência a transcrever números e sinais erradamente. Alguns problemas associados com a discalculia provêm das dificuldades com o processamento da linguagem e sequências, característico da dislexia. A criança com discalculia pode ser capaz de entender conceitos matemáticos de um modo bem concreto, uma vez que o pensamento lógico está intacto, porém tem extrema dificuldade em trabalhar com números e símbolos matemáticos, fórmulas e enunciados. Caso não seja detectado a tempo, o distúrbio pode comprometer o desenvolvimento escolar da criança. Inseguro devido à sua limitação, a criança tem medo de enfrentar novas experiências de aprendizagem por acreditar que não é capaz de evoluir. Pode também adoptar comportamentos inadequados tornando- se agressiva, apática ou desinteressada. Sem, por vezes, saber o que se passa, pais, professores e até colegas correm o risco de abalar ainda mais a sua autoestima com críticas e punições. Por isso é importante chegar a um diagnóstico rápido, de preferência com a avaliação de psicopedagogos, neurologistas, professores e começar a adoptar todos os mecanismos que possam ajudar a ultrapassar este distúrbio.
  • 38. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 38 3.3. Dislexia: Identificação e Caracterização 3.3.1. Como diagnosticar uma criança disléxica O diagnóstico da dislexia é uma tarefa difícil a comprovar pela frequente confusão que gera entre professores e outros profissionais competentes. A formulação do diagnóstico da dislexia requer a conjugação de esforços de uma equipa interdisciplinar, especialmente se se tratar de uma dislexia severa. O conhecimento dos métodos e mecanismos usados na leitura eficiente e a experiência na aplicação de programações individualizadas quer dos professores do ensino regular quer da educação especial não são por si só suficientes, requerendo a aplicação de testes adequados administrados por profissionais competentes, para comprovação da problemática. Devido à proximidade com os filhos, deveriam ser os próprios pais da criança a darem-se conta dos sintomas desta problemática. Mas, normalmente são os professores que se apercebem desses sinais. O diagnóstico da dislexia ocorre geralmente por volta do 2º ou 3º ano de escolaridade, altura em que o mecanismo da leitura já deverá estar adquirido. É fundamental que o diagnóstico seja precoce, porque se a dislexia for detectada tardiamente poderá comprometer bastante a vida académica e social do aluno. A inesperada e acentuada dificuldade na leitura apresentada por um aluno inteligente é um dos primeiros sinais detectados pelo professor e que apanha de surpresa os pais, que criaram altas expectativas para o filho. Quando um professor suspeita da existência de dislexia num aluno, mediante um conjunto de sinais observados, ele deverá iniciar um processo que permita a observação e avaliação desse aluno no mais curto espaço de tempo. Se a intervenção for atempada, maior é a probabilidade de se minimizarem ou até suprimirem os problemas do aluno. O processo de avaliação é denominado por Correia (2003) como uma avaliação compreensiva que deve ser sempre efectuada por uma equipa interdisciplinar na medida em que a dislexia é uma problemática complexa que requer o trabalho conjunto de vários especialistas (professores de educação especial, psicólogos, neurologistas, terapeutas, técnicos do serviço social) que
  • 39. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 39 permita a formulação de um diagnóstico fiável, que terá como consequência a elaboração de um Programa Educativo Individual (PEI). De acordo com Correia (2003), através do processo de avaliação compreensiva deve proceder-se à determinação da acuidade auditiva e visual do aluno e do seu estado geral de saúde. Seguidamente deve-se obter os resultados da avaliação da capacidade intelectual, das capacidades verbais e não verbais estabelecendo uma comparação com a sua realização académica e social. Em termos de competências adquiridas nas várias áreas académicas e socioemocional, é importante definir o nível de realização escolar do aluno. Interessa também obter informações quanto à percepção visual e auditiva, à lateralidade e memória, à consciência fonológica à fala e ao processamento da informação em geral, essencialmente no que concerne ao tempo que o aluno leva desde a recepção até à expressão da informação. Uma avaliação estruturada permite detectar os problemas que estão na origem da perturbação, auxilia no acompanhamento e o trabalho de outros profissionais que no futuro possam tomar conta do caso. A análise etimológica da dislexia propõe um sistema de avaliação bidireccional, partindo-se em avaliação neurológica e avaliação psicolinguística. Esta dupla avaliação permite avaliar tanto o comportamento como os défices ou problemas associados, permitindo ainda uma avaliação das competências específicas (através de provas de referência a critérios ou análises de tarefas de leitura). A avaliação neurológica permite conhecer a natureza do fracasso na leitura e na escrita. A avaliação através de exploração facilita a identificação de problemas relacionados com o funcionamento cerebral. Esta exploração destina-se à recolha de informação relativa às capacidades da criança permitindo um despiste de uma possível origem comportamental ou disfunção neurológica. A recolha de informação de carácter desenvolvimental, educativo, médico e social antecede a exploração. Os principais dados de interesse pela possível ligação à perturbação em cada um dos níveis de expressão são descritos nos seguintes parágrafos. Nos tópicos principais é de referir a história de desenvolvimento. Assim a informação relativa aos acontecimentos mais importantes do desenvolvimento facilita o estabelecimento de ligação entre atrasos anteriores e o problema actual
  • 40. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 40 do sujeito. De referir que a informação por parte dos pais sobre a idade em que se iniciaram determinadas aquisições são especialmente relevantes. A história educativa foca especialmente a alternância entre os estabelecimentos de ensino e processos errados no ensino da leitura e da escrita. A história médica pretende descobrir se existe problemas físicos. A história social procura analisar uma possível existência de outros casos familiares com dificuldades de aprendizagem ou com dislexia. Além destes quatro conceitos também temos que ter em conta a percepção, que permite a apreensão da realidade através dos sentidos. A motricidade através de uma morosa integração das estruturas físicas, que permite que o indivíduo manifeste determinadas respostas perante os estímulos do mundo exterior. De referir que na avaliação do sistema motor avalia-se o funcionamento cerebral e a motricidade ampla e fina. A funcionalidade cognitiva é muito importante na avaliação, onde é considerada fundamental para o diagnóstico da dislexia a avaliação global (QI) e da capacidade intelectual. A psicomotricidade, isto é, o Esquema Corporal (identificação em si mesmo e no outro); a Lateralidade (dominância lateral); Orientação Espacial (no espaço real e no espaço gráfico) e a Orientação Temporal (Organização e sequenciação do tempo), os défices nesta área dificultam a consequente aprendizagem. O funcionamento psicolinguístico implica a relação das capacidades da fala e linguagem com o comportamento apropriado para a idade. Esta avaliação abarca mais que a capacidade de fala e da linguagem, já que as relaciona com processos psicológicos dos quais dependem. Requer também a avaliação da linguagem quer seja a compreensiva através de ordens simples e complexas, mas também a expressiva pelo conto e reconto de histórias e situações vividas. Como a dislexia constitui uma perturbação que se manifesta de forma específica no contexto escolar, é necessário avaliar os possíveis erros, tanto na leitura como na escrita. A avaliação psicolinguística permite especificar o mecanismo ou mecanismos responsáveis pelo problema, baseando-se na elaboração de uma série de tarefas, tais como: de vocalização, de decisão lexical, de decisão semântica e de processamento visual.
  • 41. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 41 Explicitando em que consistem as tarefas acima referidas, referiremos que nas tarefas de vocalização inclui-se um grupo de palavras curtas (três grafemas) e outro de palavras mais longas (oito grafemas). Deve ainda utilizar-se palavras de alta frequência e igual número de palavras de baixa frequência. Por último deve acrescentar-se uma série de pseudopalavras (termos que têm estrutura de palavras, mas que não existem no nosso idioma) e palavras funcionais. Para as tarefas de decisão lexical é conveniente seleccionar um número idêntico de palavras de alta e baixa frequência e de pseudopalavras, que serão apresentadas visual e auditivamente ao sujeito, cabendo-lhe decidir se os estímulos apresentados representam ou não palavras. No que concerne às tarefas de decisão semântica, os estímulos que compõem estas tarefas subdividem-se igualmente em palavras de alta e baixa frequência, mas cada grupo integra diversas categorias nominais. A apresentação é visual e auditiva, devendo o sujeito decidir a qual das categorias semânticas pertence cada uma das palavras apresentadas. Por fim, as tarefas de processamento visual consistem em escolher termos de alta e baixa frequência que são apresentados na forma habitual (horizontal), na vertical e em ziguezague. O sujeito terá de proceder à leitura dos termos apresentados nas três posições espaciais. Depois destes preciosos dados, a equipa interdisciplinar deverá proceder à elaboração de uma intervenção (PEI) onde deve focar as competências a adquirir as bem como as estratégias a seguir e os materiais que levam à sua aquisição não esquecendo os processos de avaliação que permitem verificar se o aluno está a adquirir as competências propostas. Caso não estejam as estratégias delineadas, devem ser revistas porque poderão estar a impedir o aluno de atingir os objectivos propostos e, consequentemente, de adquirir as competências desejadas.
  • 42. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 42 3.3.2. Diagnóstico na sala de aula Qualquer que seja a razão para que uma pessoa exiba padrões de leitura que apontam para a dislexia, o professor não se deve centrar na causa mas sim nos padrões em si. O professor não diagnostica dislexia ou qualquer outro tipo de dificuldades. Isto fica a cargo de especialistas. O professor é muitas vezes o primeiro a detectar um possível problema e é ele que indica a criança para uma avaliação compreensiva. O primeiro passo que um professor deve dar, no caso de suspeita da existência de possíveis padrões de leitura que apontem para a dislexia é a realização de testes de leitura informais. Existem dois tipos de teste que fornecem muitas informações acerca dos hábitos de leitura de uma criança: Registo qualitativo de Leitura Trata-se de um teste que permite que um professor com pouca preparação avalie a competência da leitura de uma criança. Consiste em listas de palavras que se inscrevem em diferentes níveis, acompanhadas por histórias correspondentes a cada uma das listas. A criança começa por ler as listas de palavras. O professor selecciona a história correspondente à lista que a criança leu e conduz a criança mobilizar conhecimentos anteriores. Antes de ler a história, o professor faz perguntas acerca dos conteúdos porque importa saber se a criança domina o assunto/tema uma vez que pode afectar a sua compreensão da narrativa. A criança lê, então, em voz alta a história. O professor tem uma cópia do texto e, à medida que a criança lê, este assinala as palavras que este lê automaticamente, as que tem de descodificar ou soletrar, as que omite, repete ou substitui. Depois do texto ter sido lido, o professor pede à criança que reconte a história por suas palavras. Por fim são feitas quatro ou cinco perguntas acerca do texto e as respostas são textualmente registadas. O objectivo principal deste teste é estabelecer um perfil do aluno relativamente aos pontos fortes e aos pontos fracos da leitura, ao reconhecimento de palavras, às
  • 43. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 43 estratégias usadas face a uma palavra que não é familiar, aos padrões de leitura e à compreensão do que é lido. Para identificar uma criança possivelmente disléxica, o professor pode comparar o nível instrucional mais elevado do aluno com a sua colocação em termos de ano de escolaridade. O professor deve também observar padrões de leitura e procurar inversões e omissões recorrentes, bem como dificuldades com sons, letras e reconhecimento de palavras. Se detectar que esta evidencia dificuldades de forma consistente, o professor deve indicá-la para uma avaliação compreensiva. Registo simultâneo O método seguido neste teste requer maior preparação por parte do professor. O professor começa por seleccionar um texto que deve ser interessante e corresponder ao nível instrucional da criança. Enquanto a criança lê a história em voz alta, o professor assinala numa cópia cada erro de leitura e regista as situações em que a criança exibe padrões consistentes, como, por exemplo: -gaguez -repetição de palavra ou de expressão -substituição de uma palavra -inversão de palavras -incorrecta articulação de palavras -omissão de palavras -autocorrecção À medida que acompanha a leitura da criança, o professor vai assinalando cada palavra do texto. Podem ser usadas marcas de verificação por cima das palavras lidas de forma correcta e notações especiais ou códigos por cima de cada palavra
  • 44. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 44 lida inadequadamente, indicando, dessa forma o tipo de erro. Depois de lido o texto o professor faz perguntas de compreensão. No entanto há questões a ser evitadas: - Evite perguntas longas ou complicadas - Evite questões que induzam respostas do tipo “sim” ou “não” - evite perguntas que possam ser respondidas sem a leitura do texto - evite perguntas que se prendam com a memorização de listas de coisas relacionadas com o assunto da história. Depois de ter sido realizado o teste, o professor deve analisar os resultados procurando padrões de leitura consistentes com a dislexia. Este teste pode ser ministrado diariamente ou semanalmente e cada teste deve ser comparado com os anteriores para verificar a consistência das ocorrências. Se forrem recorrentemente observados padrões de leitura que caracterizam a dislexia, o professor deve indicar a criança para a realização de teste com um especialista. Conjuntamente com estes testes, o professor pode, no diagnóstico referenciar o historial clínico, desenvolvimental e familiar do aluno. O professor deve verificar os registos da criança relativamente à visão, à audição ou problemas de nutrição uma vez que problemas deste tipo podem afectar o diagnóstico de dislexia. Provas que permitem discriminar indivíduos com dislexia Amplitude da memória de curto prazo (e.g., McCrory et al., 2000; Paulesu et al., 2001) Leitura de palavras (e.g., McCrory et al., 2000) Leitura de pseudo-palavras (e.g., Edwards et al., 2003) Leitura de textos (e.g., Lehtola & Lehto, 2000) Ortografia (e.g., Ramus et al., 2003)
  • 45. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 45 Velocidade de escrita (e.g., Hatcher et al., 2002) Nomeação rápida em série (e.g., Ramus et al., 2003) Fluência fonémica (e.g., Hatcher et al., 2002) Consciência articulatória (e.g., Griffiths & Frith, 2002) Indicação da sílaba tónica (e.g., Paulesu et al., 2001) Spoonerismos (e.g., Ramus et al., 2003 4. Indicadores de dificuldades específicas de aprendizagem As consequências da dislexia são muitas vezes consideráveis, quer ao nível do seu comportamento quer ao nível do seu desempenho escolar. Para Ribeiro e Baptista (2001) os alunos com dislexia denotam um nível de frustração e de stress elevado face à leitura e aos testes e os erros aumentam de forma significativa sob o efeito da pressão de incerteza, do tempo e do cansaço. Pesquisas efectuadas mostram, também, que a tensão emocional, criada à volta desta dificuldade escolar, tem convertido o aluno numa criança agressiva, indisciplinada ou, pelo contrário, numa criança tímida, insegura e fechada sobre si própria. Ambas são o resultado de um problema que pede uma mudança urgente nas práticas escolares, e muito em particularmente nas práticas de avaliação. Em relação às manifestações escolares, a dislexia apresenta características determinadas, consoante a idade da criança, que dentro de amplos limites se agrupam, segundo Baroja (1989) em três níveis. Os quadros que se seguem apresentam essas características, de acordo com a autora acima mencionada. Quadro V Desempenhos das crianças – 4 a 6 ANOS Ao nível da linguagem: · Dislalias · Omissões de fonemas, principalmente emsílabas compostas ou inversas e também supressão do último fonema. · Confusão de fonemas, que podem ser acompanhadas por linguagem
  • 46. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 46 Fonte: Baroja, 1989 Este período coincide com a etapa pré-escolar. As crianças estão a iniciar- se nas aquisições básicas da leitura e escrita, mediante exercícios preparatórios, todavia não pode falar-se propriamente de leitura e escrita como tais. Deste modo será mais correcto, na nossa opinião, dizer que estas crianças denotam uma predisposição à dislexia, que se manifestará no nível seguinte. Quadro VI Desempenhos das crianças – 6 a 9 anos confusa. · Inversões que podem ser fonemas dentro de uma sílaba, ou de sílabas dentro de uma palavra. · Pobreza de vocabulário e de expressão, ligada a uma compreensão verbal baixa. · Atraso na estruturação e conhecimento do esquema corporal. · Dificuldade na realização de exercícios sensório-perceptivos: distinção de cores, formas, tamanhos e posições. · Descoordenação motora, com pouca habilidade para exercícios manuais e de grafia. · Movimentos gráficos de bases invertidos. Em vez de realizar os círculos para a direita, realiza-os para a esquerda. · No final deste período, aparece a escrita em espelho de letras e números. Também por vezes, realizam os exercícios gráficos da direita para a esquerda, ainda que não necessariamente emespelho. Ao nível da linguagem · As dislalias e as omissões do período anterior (4-6 anos) encontram-se em fase de superação (menos as inversões e a troca de fonemas). Observa-se, igualmente, uma expressão verbal pobre e dificuldade para aprender vocábulos novos, especialmente se são polissilábicos ou foneticamente complicados. · O seu rendimento nas áreas linguísticas apresenta-se relativamente baixo. Ao nível da leitura Na apresentação da leitura, observam-se as seguintes alterações: Nas letras: · Confusões – produzem-se especialmente nas letras que têm uma certa
  • 47. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 47 Fonte: Baroja, 1989 Este período incide os primeiros anos de escolaridade, durante os quais se presta especial atenção à aquisição de técnicas instrumentais (leitura, escrita e cálculo), que devem ser executadas com certo domínio e destreza no seu final. Precisamente por se tratar da aquisição destas técnicas, é nesta etapa que a criança encontra mais dificuldades e poderá revelar algumas das características específicas da dislexia. No período seguinte, em crianças com idade superior aos dez anos, as características são muito variadas e dependem de factores diversos, como sejam o semelhança morfológica ou fonética (por exemplo, a e o nas vogais manuscritas, a e e nas desimpressão). Dentro destas confusões, há a salientar as das letras cuja forma é semelhante, diferenciando-se na sua posição em relação a um eixo de simetria (d/b; p/q; b/g; u/n; d/p). · Omissões ou supressão de letras, principalmente no final da palavra e em sílabas compostas. Em sílabas: · Inversões que podem ser: mudança da ordem das letras dentro de uma sílaba (amam por mamã; ravore por árvore), mudança da ordem das sílabas dentro de uma palavra (drala por ladra). · Repetições (bolalacha). · Omissões de sílabas, ainda que em grau menor que as missões de letras. Em palavras: · Omissões. · Repetições · Substituição de uma palavra por outra que começa pela mesma sílaba ou com som parecido. Outras situações Para além das alterações citadas dentro da leitura, ainda se observam as seguintes características: · Falta de ritmo na leitura. · Lentidão. · Respiração sincrónica. · Não respeito pelos sinais de pontuação. · Saltos de linha ou repetição da mesma linha. · Leitura mecânica não compreensiva.
  • 48. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 48 nível mental, a gravidade e o tipo de dislexia, o ter tido ou não uma resposta educativa adequada às necessidades. As crianças com uma capacidade intelectual alta frequentemente compensam, nesta idade, as suas dificuldades e, desta maneira, a dislexia aparece muito atenuada, principalmente ao nível da leitura. As alterações profundas, são mais difíceis de superar do que as leves. Por seu turno, se houver um diagnóstico/avaliação precoce e uma resposta educativa adequada, a criança reúne as condições para obter sucesso académico. Quadro VII Desempenhos das crianças - 9 a 10 anos Ao nível da linguagem · Dificuldades em elaborar e estruturar correctamente frases, expressar-se com termos precisos e no emprego adequado dos tempos verbais. · De um modo geral, persiste uma linguagem com pobreza expressiva, assim como uma compreensão verbal desajustada à sua capacidade mental. Ao nível da leitura · É usual que continuem a apresentar uma leitura vacilante e muito mecânica, a qual os faz, por umlado, não encontrar gosto na leitura e, por outro, lhes dificulta as aprendizagens escolares das restantes áreas académicas. Esta situação é o resultado de todo o esforço que a criança faz ao centrar- se exclusivamente na decifração das palavras, não conseguindo, por isso, abstrair-se do significado dos mesmos. · Dificuldades na utilização do dicionário, pelo facto de lhes custar a aprenderem a ordem alfabética das letras e pela sua dificuldade geral para organização das letras dentro de uma palavra. Fonte: Baroja, 1989 Não sendo só ao nível da linguagem e da leitura que a dislexia se manifesta, podemos referir que este distúrbio tem projecções noutras matérias. Como tal, na História, revelam dificuldades em captar a sucessão temporal dos acontecimentos e a duração dos períodos, localizar e estabelecer as coordenadas geográficas e os pontos cardeais; na Matemática têm dificuldade em memorizar a tabuada e realizar expressões de alguma complexidade. Nestas idades as dificuldades variam muito de aluno para aluno. Podemos deparar-nos com alunos bons a História e menos bons a Matemática ou o inverso.
  • 49. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 49 Há alunos que gostam de determinadas matérias e desinvestem e fogem de outras. Assim, é frequente que lhes custe automatizar as noções espaciais e temporais, a sua leitura seja lenta e a expressão oral pode ser restrita, mas isto não impede que profissionalmente possam alcançar os seus níveis de aspiração incluindo os que exigem nível universitário. Concluindo, podemos dizer que depois de identificar e detectar os casos, a escola deve rodeá-los de compreensão, adoptar atitudes correctas que passam por um ensino diferenciado, apoio, motivação e uma avaliação justa evitando os erros de julgamento. 5. Algumas estratégias a utilizar com crianças disléxicas A Associação Internacional de Dislexia (AID) defende que a criança disléxica pode aprender a ler, a escrever e a desenvolver as suas capacidades especiais e talentos mediante a oferta de uma educação apropriada às suas características e necessidades. Como tal, a AID acredita que os programas direccionados para as necessidades dos alunos com dislexia devem incluir o ensino directo de conceitos e capacidades linguísticas, o ensino multissensorial, o ensino sistemático e ambientes estruturados e consistentes (AID, 1993). 5.1- O Papel do professor - Ajudar a criança com dislexia Quando um professor recebe um aluno disléxico na sua sala de aula, deverá acima de tudo ter a consciência de que ele é um aluno inteligente e capaz de aprender. Em primeiro lugar, referenciando Orton (1937), o docente deverá privilegiar métodos de ensino/aprendizagem, dado que os alunos com estas características aprendem melhor através do uso simultâneo e integrado das diferentes modalidades sensoriais. Em segundo lugar, o professor deve promover uma visão positiva de leitura já que este domínio é o mais frustrante para a maior parte dos
  • 50. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 50 alunos com dislexia. Em terceiro lugar, o professor deve tentar minimizar o efeito “rotulador” do diagnóstico da dislexia, que poderá afectar a auto-estima da criança e diminuir tanto as expectativas que esta tem em relação a si própria, como as que o professor tem a respeito dela. Em quarto lugar, deverá haver uma promoção de padrões correctos de leitura (aluno/professor), a fim de servirem como modelos à criança com dislexia, no sentido de compensar e eliminar os padrões de leitura típicos deste distúrbio. Por fim deve haver um reforço por parte dos professores, das competências de leitura fundamentais. Existem cinco princípios de aprendizagem que o professor deve ter em mente para ajudar a criança disléxica que frequenta a sua sala de aula: - Deve tentar desenvolver métodos de ensino-aprendizagem multissensoriais, uma vez que alunos com estas características aprendem melhor através do uso simultâneo e integrado das diferentes modalidades sensoriais (os olhos, os ouvidos, as mãos..) - Deve promover uma visão positiva da leitura dado que, neste domínio, a frustração sentida pela maior parte dos alunos com dislexia conduz a uma motivação muito reduzida para aprenderem a ler. - Deve tentar minimizar o efeito “rotulador” do diagnóstico da dislexia, o qual pode danificar a auto-estima da criança e diminuir tanto as expectativas que esta tem em relação a si própria como as que o professor tem a respeito dela. - Tanto os professores como os alunos devem permitir que os seus padrões de leitura correctos sirvam de modelo à criança com dislexia, trabalhando no sentido de compensar e de eliminar os padrões de leitura típicos deste distúrbio. - Deve reforçar competências de leitura fundamentais como o som, a letra e o reconhecimento de palavras visto que estas crianças apresentam atrasos e problemas na aprendizagem da forma como os símbolos impressos correspondem à fala e aos seus sons e têm dificuldade em estabelecer a correspondência grafema-fonema.
  • 51. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 51 - Estabelecer objectivos para os alunos - Quando os alunos sentem que se encontram num ambiente não repressivo começam a confiar no professor. Quando já se atinge este patamar, o professor deve estabelecer com a criança objectivos pessoais promovendo a motivação do aluno. O estabelecimento de objectivos é muito importante uma vez que o aluno com dislexia mantém o professor informado dos progressos do discente. Podem ser estabelecido novos objectivos sempre que algum seja alcançado ou se entenda que deva ser alterado. Ex: -Objectivos pessoais (evitar brigas, ter confiança no que faz, ter uma melhor prestação na equipa de voleibol…) - Objectivos académicos ( entregar trabalhos de casa no tempo determinado, usar letras maiúsculas nos trabalhos escritos que realiza…) - Objectivos de casa (limpar o quarto dia sim dia não, obedecer à mãe…) Podem ser elaborados mapas para controlar a forma como os objectivos estão a ser mantidos. 5.2- Metodologias de ensino da Linguagem na sala de aula - Segundo Ferreira (2006), embora existam vários tipos de programas que podem ajudar a criança com dislexia, o método fonético parece ser a chave para a sua aprendizagem da leitura. Este método caracteriza-se pelo ensino dos sons das letras e da sua configuração visual e sonora quando se agrupam para formar palavras. No entanto, muitos professores usam o método global para a iniciação à leitura e outros recorrem a métodos mistos. Um dos factores importantes a ter em conta, é o perfil específico das áreas fortes e as necessidades de cada aluno. O professor deve tentar maximiza-los, procurando encontrar alternativas que permitam minimizar os défices. Estes
  • 52. A dislexia DAIEE (Diagnóstico Avaliação e Intervenção em Necessidades Educativas Especiais) --------------- Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração -------------- 52 défices apresentados pelos disléxicos situam-se no processamento visual e/ou auditivo, na coordenação motora fina, na memória visual ou auditiva, na linguagem oral e escrita. Por conseguinte é importante que o professor ensine o aluno de uma forma individualizada, organizada e sequenciada, começando-se pela apresentação de ideias simples para a apresentação de ideias simples para se partir para situações mais complexas. Através do recurso à literatura, uma criança terá potencial para desenvolver uma maior motivação para a leitura. As competências de análise da palavra devem ser ensinadas num contexto significativo. Quando as competências são ensinadas num contexto significativo, o aluno disléxico tem uma maior probabilidade de as recordar. As rimas e as canções são muito motivadoras e são uma excelente forma de estes alunos aprenderem as letras, dado que são estratégias multissensoriais e fáceis de reter. Os livros de rimas utilizam padrões de repetição que fazem com que a leitura seja agradável e mais acessível. Vários são os métodos e recursos disponíveis para a reeducação destas crianças, dos quais salientamos os Cadernos de Reeducação Pedagógica, composto por 6 livros, destinados a crianças e jovens dos 5 aos 16 anos, com exercícios para desenvolver os domínios perceptivo, linguístico e psicomotor, o que permitirá à criança ou jovem melhorar substancialmente o seu desempenho na leitura e escrita, portanto, o seu rendimento escolar. Podendo desta forma, pais e educadores acompanhar e monitorizar o progresso do educando. Segundo as suas autoras Serra & Alves (2008), estes exercícios contribuem para a superação das dificuldades em áreas desenvolvimentais básicas, que constituem pré-competências das exigências simbólicas da escolaridade. Potenciam as aprendizagens das crianças e adolescentes, promovem a sua auto- estima e alento para continuarem o esforço nos seus estudos. O Método Distema, consiste num método de Ensino e Reeducação da Leitura e da Escrita, Multissenssorial, Fonomínico, Estruturado e Cumulativo e tem como objectivo treinar e automatizar as fusões silábicas sequenciais a fim de realizar a descodificação automática e imediata de cada palavra e a aquisição de uma leitura