SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 3
1


                   História e culturas indígenas no currículo
                   escolar: breves notas para discussões*
                                                                  Edson Silva**

       A ignorância sobre os índios
       Ainda que ocorridas em diferentes contextos e separadas por um tempo
bastante     longo,    duas     situações     são    bastante      ilustrativas   a    respeito    do
desconhecimento reinante sobre os índios no Brasil. Na primeira delas, conta-se que
quando Claude Levi-Strauss se preparava para vir onde Brasil colaboraria na
fundação da USP no início da década de 1930, ele teria procurado o embaixador do
Brasil na França. Ao buscar informações sobre os índios, ouviu da autoridade
diplomática brasileira, que não mais existiam, teriam todos sido dizimados com a
colonização. Se Levi-Strauss tivesse acreditado no embaixador, a Antropologia e as
Ciências Humanas e Sociais não herdariam a vastíssima obra sobre os povos
nativos, a significativa contribuição do considerado fundador do estruturalismo, ainda
vivo, e reconhecidíssmo como um dos maiores, ou senão o maior antropólogo
contemporâneo.
       A segunda situação ocorreu comigo há poucos dias envolvendo uma colega
de trabalho. Em meio a uma conversa, ela me relatou que estava trazendo “um índio”
para conversar com sua turma de alunos/as em sala de aula. Como expressei a
minha desaprovação pela iniciativa, por achá-la sempre folclórico em razão da forma
que geralmente é feito o convite e como se dá essa presença de “um índio” na
escola, a colega procurou me tranqüilizar afirmando: “Mas ele já é mais civilizado”!
Diante dessas palavras a minha perplexidade foi tamanha que apenas silenciei.
       Os povos indígenas conquistaram nas últimas décadas considerável
visibilidade enquanto atores sociais em nosso país. Mas, por outro lado, é facilmente
contestável o desconhecimento, os preconceitos, os equívocos e as desinformações
generalizadas sobre os índios, inclusive entre os educadores. Essas duas situações
aqui relatadas ilustram muito bem como os preconceitos sobre os índios são
expressos cotidianamente pelas pessoas. E o mais grave: independe do lugar social
e político que ocupem! O que dizer então do universo das pessoas pouco letradas,
do senso comum da população em nosso país?
       Sem dúvidas é no âmbito da escola/educação formal, em seus vários níveis
hierárquicos, que se pode constatar a ignorância que resulta as distorções a respeito
dos índios. A Lei nº. 11.465/08 de março/2008 que tornou obrigatório o ensino
sobre a história e culturas indígenas, ainda que careça de maiores definições,
objetiva a superação dessa lacuna na formação escolar. Contribuindo para o
reconhecimento e a inclusão das diferenças étnicas dos povos indígenas, para se

*
 Versão da exposição apresentada na mesa-redonda Lei nº. 11.645/2008 que dispõe sobre a
obrigatoriedade do ensino de História da África e Cultura Indígena nas escolas públicas e particulares,
no IV Fórum das Licenciaturas, ocorrido em 17/11/2008 no Auditório do CE/UFPE.
*
 *Doutor em História Social pela UNICAMP. Mestre em História pela UFPE. Pesquisador do Laboratório
de Estudos em Movimentos Étnicos-LEME/UFCG; do Núcleo de Estudos e Debates sobre a América
Latina-NEDAL/UFPE; e do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Etnicidade-NEPE/UFPE. Leciona
História no Col. de Aplicação/CENTRO DE EDUCAÇÃO-UFPE.
E-mail: edson.edsilva@gmail.com
2

repensar em um novo desenho do Brasil em sua diversidade e da pluralidade
culturais.
       As responsabilidades e desafios para implementação da Lei nº. 11.465/08
       Para a implementação da Lei nº. 11.465/08 é preciso ter claro os diferentes
níveis de responsabilidades, bem como os desafios para sua real efetivação. No
âmbito federal o MEC tem uma tarefa extremamente importante: além de
acompanhar, e quem sabe até onde for de sua alçada, fiscalizar a execução da Lei.
Mas, sobretudo também, produzir subsídios didáticos destinados aos vários níveis do
ensino para colocá-los a disposição principalmente de educadores/as nas escolas
públicas.
       No nível das universidades públicas e privadas se faz necessário à inclusão
de cadeiras sobre a temática indígenas no âmbito das Ciências Humanas e Sociais,
bem como nos demais campos do conhecimento acadêmico incluir a discussão dos
saberes indígenas. A exemplo da área da Matemática, onde podem ser discutidos os
saberes matemáticas de povos culturalmente distintos do pensamento hegemônico
ocidental.
       Caberão as secretarias estaduais e municipais de educação disponibilizar,
favorecer o acesso aos subsídios produzidos pelo MEC, e ainda também produzirem
materiais didáticos enfocando as realidades locais dos povos indígenas. É de
fundamental importância ainda capacitar os quadros técnicos dessas instâncias
governamentais, no âmbito do combate aos racismos institucionais.
       Ainda nas esferas governamentais locais se faz necessário a promoção de
seminários,   encontros   de   estudos,   etc.   sobre   a   temática   indígena   para
professores/as e demais trabalhadores/as na educação.
       Algumas propostas e sugestões
       A UFPE em suas instâncias competentes deve acompanhar e fiscalizar a
implementação da Lei nº. 11.465/08 no âmbito dos currículos dos cursos de
licenciatura oferecidos em seus campi. O que significará a inclusão de cadeiras
obrigatórias que tratem especificamente da temática indígena, em cursos das áreas
das Ciências Humanas e Sociais.
       A UFPE deve estimular, apoiar e ainda viabilizar os meios necessários para a
participação efetiva do professorado, alunos/as e técnicos em eventos acadêmicos
que tratem da temática indígena.
       Por meio de convênios com o MEC e as secretarias estaduais e municipais, a
UFPE pode produzir materiais didáticos que tratem da temática indígena a serem
disponibilizados para o ensino público.
       As secretarias estaduais e municipais devem incluir a temática indígena nos
estudos capacitações periódicas e formação continuada, a ser abordada na
perspectiva da pluralidade cultural historicamente existente no Brasil e na sociedade
em que vivemos: por meio de cursos, seminários, encontros de estudos específicos e
interdisciplinares destinados ao professorado e demais trabalhadores/as em
educação, com a participação de indígenas e assessoria de especialistas
reconhecidos.
3

       Essas secretarias podem favorecer o estimulo às pesquisas, bem como
estimular interessados/as em cursos de aprofundamento em nível de pós-graduação.
       No nível das citadas secretarias ainda, devem ser promovidos estudos
específicos para que o professorado na área das Ciências Humanas e Suas
Tecnologias possam conhecer os povos indígenas no Brasil, possibilitando uma
melhor abordagem ao tratar da temática indígena em sala de aula, particularmente
nos municípios onde atualmente habitam povos indígenas.
       Intensificar a produção, com assessoria de pesquisadores/as especialistas, de
vídeos, cartilhas, subsídios didáticos sobre os povos indígenas para serem utilizados
em sala de aula. Proporcionar o acesso a publicações: livros, periódicos, etc., como
fonte de informação e pesquisa sobre os povos indígenas.
       Promover momentos de intercâmbios entre os povos indígenas e os
estudantes durante o calendário letivo, através de visitas previamente preparadas do
alunado às aldeias, bem como de indígenas às escolas. IMPORTANTE: ação a ser
desenvolvida principalmente nos municípios onde atualmente moram os povos
indígenas, como forma de buscar a superação dos preconceitos e as discriminações.
       Discutir e propor o apoio aos povos indígenas, através do estímulo ao
alunado, com a realização de abaixo-assinados, cartas às autoridades com
denúncias e exigências de providências para as violências contra os povos
indígenas, assassinatos de suas lideranças, etc. Estimulando assim através de
manifestações coletivas na sala de aula, o apoio às campanhas de demarcação das
terras e garantia dos direitos dos povos indígenas.
       Enfim, promover seja nos espaços da UFPE, seja nos demais espaços
institucionais, ações pautadas na perspectiva da diversidade cultural e dos direitos
dos povos indígenas, bem como do reconhecimento de que o Brasil é um país
pluricultural e pluriétnico.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Antropologia e Educação
Antropologia e EducaçãoAntropologia e Educação
Antropologia e EducaçãoIrmão Jáder
 
Ensino de história e diversidade cultural ricardo oriá
Ensino de história e diversidade cultural   ricardo oriáEnsino de história e diversidade cultural   ricardo oriá
Ensino de história e diversidade cultural ricardo oriáEduardo Dantas
 
Literatura afro-brasileira e indígena na escola: A mediação docente na constr...
Literatura afro-brasileira e indígena na escola: A mediação docente na constr...Literatura afro-brasileira e indígena na escola: A mediação docente na constr...
Literatura afro-brasileira e indígena na escola: A mediação docente na constr...Instituto Uka
 
Projeto Pérola negra
Projeto Pérola negraProjeto Pérola negra
Projeto Pérola negranogcaritas
 
Inclusao da historia cultura afro-brasileira e indigena nos currículos
Inclusao da historia cultura afro-brasileira e indigena nos currículosInclusao da historia cultura afro-brasileira e indigena nos currículos
Inclusao da historia cultura afro-brasileira e indigena nos currículosWilson
 
história e cultura afro brasileira e africana
história e cultura afro brasileira e africanahistória e cultura afro brasileira e africana
história e cultura afro brasileira e africanaculturaafro
 
História e cultura afro brasileira e indígena
História e cultura afro brasileira e indígenaHistória e cultura afro brasileira e indígena
História e cultura afro brasileira e indígenaValeria Santos
 
Cultura Afro-brasileira - 13 de maio
Cultura Afro-brasileira -  13 de maioCultura Afro-brasileira -  13 de maio
Cultura Afro-brasileira - 13 de maiocefaidreguaianases
 
Educação Escolar Indígena no Século XX
Educação Escolar Indígena no Século XXEducação Escolar Indígena no Século XX
Educação Escolar Indígena no Século XXguest6e94856
 
história e cultura afro brasileira e africana
história e cultura afro brasileira e africanahistória e cultura afro brasileira e africana
história e cultura afro brasileira e africanaculturaafro
 
Projeto interdisciplinar
Projeto interdisciplinarProjeto interdisciplinar
Projeto interdisciplinarmlourdes7
 
Quinzena Da Consciencia Negra
Quinzena Da Consciencia NegraQuinzena Da Consciencia Negra
Quinzena Da Consciencia Negraculturaafro
 
O ensino da história africana
O ensino da história africanaO ensino da história africana
O ensino da história africanaprimeiraopcao
 

Mais procurados (18)

Antropologia e Educação
Antropologia e EducaçãoAntropologia e Educação
Antropologia e Educação
 
Ensino de história e diversidade cultural ricardo oriá
Ensino de história e diversidade cultural   ricardo oriáEnsino de história e diversidade cultural   ricardo oriá
Ensino de história e diversidade cultural ricardo oriá
 
Literatura afro-brasileira e indígena na escola: A mediação docente na constr...
Literatura afro-brasileira e indígena na escola: A mediação docente na constr...Literatura afro-brasileira e indígena na escola: A mediação docente na constr...
Literatura afro-brasileira e indígena na escola: A mediação docente na constr...
 
Projeto Pérola negra
Projeto Pérola negraProjeto Pérola negra
Projeto Pérola negra
 
Inclusao da historia cultura afro-brasileira e indigena nos currículos
Inclusao da historia cultura afro-brasileira e indigena nos currículosInclusao da historia cultura afro-brasileira e indigena nos currículos
Inclusao da historia cultura afro-brasileira e indigena nos currículos
 
história e cultura afro brasileira e africana
história e cultura afro brasileira e africanahistória e cultura afro brasileira e africana
história e cultura afro brasileira e africana
 
Tema
TemaTema
Tema
 
História e cultura afro brasileira e indígena
História e cultura afro brasileira e indígenaHistória e cultura afro brasileira e indígena
História e cultura afro brasileira e indígena
 
Cultura Afro-brasileira - 13 de maio
Cultura Afro-brasileira -  13 de maioCultura Afro-brasileira -  13 de maio
Cultura Afro-brasileira - 13 de maio
 
Educação Escolar Indígena no Século XX
Educação Escolar Indígena no Século XXEducação Escolar Indígena no Século XX
Educação Escolar Indígena no Século XX
 
cultura afro
cultura afrocultura afro
cultura afro
 
história e cultura afro brasileira e africana
história e cultura afro brasileira e africanahistória e cultura afro brasileira e africana
história e cultura afro brasileira e africana
 
Projeto interdisciplinar
Projeto interdisciplinarProjeto interdisciplinar
Projeto interdisciplinar
 
Quinzena Da Consciencia Negra
Quinzena Da Consciencia NegraQuinzena Da Consciencia Negra
Quinzena Da Consciencia Negra
 
O ensino da história africana
O ensino da história africanaO ensino da história africana
O ensino da história africana
 
Portifólio pronto
Portifólio prontoPortifólio pronto
Portifólio pronto
 
SLIDES – TIRINHAS.
SLIDES – TIRINHAS.SLIDES – TIRINHAS.
SLIDES – TIRINHAS.
 
Monografia Noêmia Pedagogia 2009
Monografia Noêmia Pedagogia 2009Monografia Noêmia Pedagogia 2009
Monografia Noêmia Pedagogia 2009
 

Semelhante a Culturas e História Indígena no Currículo Escolar

Dcn educação escolar indígena
Dcn educação escolar indígenaDcn educação escolar indígena
Dcn educação escolar indígenamarcaocampos
 
OT Currículo e histórias indígena, africana e afro-brasileira
OT Currículo e histórias indígena, africana e afro-brasileiraOT Currículo e histórias indígena, africana e afro-brasileira
OT Currículo e histórias indígena, africana e afro-brasileiraClaudia Elisabete Silva
 
Ensino de história e diversidade étnica cultural
Ensino de história e diversidade étnica culturalEnsino de história e diversidade étnica cultural
Ensino de história e diversidade étnica culturalmontorri
 
Superar o racsimo na escola
Superar o  racsimo na escolaSuperar o  racsimo na escola
Superar o racsimo na escolacenpah
 
Projeto diversidade
Projeto diversidadeProjeto diversidade
Projeto diversidadeMarly Correa
 
4 cchladlcvmt06
4 cchladlcvmt064 cchladlcvmt06
4 cchladlcvmt06Geraa Ufms
 
Relato de experiencia Diversidade Cultural - 2014
Relato de experiencia Diversidade Cultural - 2014Relato de experiencia Diversidade Cultural - 2014
Relato de experiencia Diversidade Cultural - 2014Hiarle Oliveira
 
Diversidade livro - educação em diálogos com a diversidade
Diversidade   livro - educação em diálogos com a diversidadeDiversidade   livro - educação em diálogos com a diversidade
Diversidade livro - educação em diálogos com a diversidadeElizete Santos
 
Folhetim do Estudante - Ano VII - Núm. 61
Folhetim do Estudante - Ano VII - Núm. 61Folhetim do Estudante - Ano VII - Núm. 61
Folhetim do Estudante - Ano VII - Núm. 61Valter Gomes
 
Bicastiradentes pluralidadeculturalii etnias
Bicastiradentes pluralidadeculturalii etniasBicastiradentes pluralidadeculturalii etnias
Bicastiradentes pluralidadeculturalii etniastemastransversais
 
Entendendo a legislação sobre Gestão Democrática
Entendendo a legislação sobre Gestão DemocráticaEntendendo a legislação sobre Gestão Democrática
Entendendo a legislação sobre Gestão DemocráticaPaulo Alves da Silva
 
PROJETO EDUCAÇÃO: DIVERSIDADE CULTURAL
PROJETO EDUCAÇÃO: DIVERSIDADE CULTURALPROJETO EDUCAÇÃO: DIVERSIDADE CULTURAL
PROJETO EDUCAÇÃO: DIVERSIDADE CULTURALAline Martendal
 
Pcn história
Pcn históriaPcn história
Pcn históriacmsrial13
 
Projetodiversidade 131103135555-phpapp02
Projetodiversidade 131103135555-phpapp02Projetodiversidade 131103135555-phpapp02
Projetodiversidade 131103135555-phpapp02maluryan
 
Comparacao ldb e dcn
Comparacao ldb  e dcnComparacao ldb  e dcn
Comparacao ldb e dcnLena Medeiros
 

Semelhante a Culturas e História Indígena no Currículo Escolar (20)

Dcn educação escolar indígena
Dcn educação escolar indígenaDcn educação escolar indígena
Dcn educação escolar indígena
 
OT Currículo e histórias indígena, africana e afro-brasileira
OT Currículo e histórias indígena, africana e afro-brasileiraOT Currículo e histórias indígena, africana e afro-brasileira
OT Currículo e histórias indígena, africana e afro-brasileira
 
Ensino de história e diversidade étnica cultural
Ensino de história e diversidade étnica culturalEnsino de história e diversidade étnica cultural
Ensino de história e diversidade étnica cultural
 
Superar o racsimo na escola
Superar o  racsimo na escolaSuperar o  racsimo na escola
Superar o racsimo na escola
 
Educaçao multicultural
Educaçao multiculturalEducaçao multicultural
Educaçao multicultural
 
Projeto diversidade
Projeto diversidadeProjeto diversidade
Projeto diversidade
 
4 cchladlcvmt06
4 cchladlcvmt064 cchladlcvmt06
4 cchladlcvmt06
 
Relato de experiencia Diversidade Cultural - 2014
Relato de experiencia Diversidade Cultural - 2014Relato de experiencia Diversidade Cultural - 2014
Relato de experiencia Diversidade Cultural - 2014
 
Diversidade livro - educação em diálogos com a diversidade
Diversidade   livro - educação em diálogos com a diversidadeDiversidade   livro - educação em diálogos com a diversidade
Diversidade livro - educação em diálogos com a diversidade
 
Folhetim do Estudante - Ano VII - Núm. 61
Folhetim do Estudante - Ano VII - Núm. 61Folhetim do Estudante - Ano VII - Núm. 61
Folhetim do Estudante - Ano VII - Núm. 61
 
Educação indígena
Educação indígenaEducação indígena
Educação indígena
 
Educação indígena
Educação indígenaEducação indígena
Educação indígena
 
Bicastiradentes pluralidadeculturalii etnias
Bicastiradentes pluralidadeculturalii etniasBicastiradentes pluralidadeculturalii etnias
Bicastiradentes pluralidadeculturalii etnias
 
Entendendo a legislação sobre Gestão Democrática
Entendendo a legislação sobre Gestão DemocráticaEntendendo a legislação sobre Gestão Democrática
Entendendo a legislação sobre Gestão Democrática
 
PROJETO EDUCAÇÃO: DIVERSIDADE CULTURAL
PROJETO EDUCAÇÃO: DIVERSIDADE CULTURALPROJETO EDUCAÇÃO: DIVERSIDADE CULTURAL
PROJETO EDUCAÇÃO: DIVERSIDADE CULTURAL
 
Pcn história
Pcn históriaPcn história
Pcn história
 
Pcn história
Pcn históriaPcn história
Pcn história
 
Maria rosa ticiane erika
Maria rosa ticiane erikaMaria rosa ticiane erika
Maria rosa ticiane erika
 
Projetodiversidade 131103135555-phpapp02
Projetodiversidade 131103135555-phpapp02Projetodiversidade 131103135555-phpapp02
Projetodiversidade 131103135555-phpapp02
 
Comparacao ldb e dcn
Comparacao ldb  e dcnComparacao ldb  e dcn
Comparacao ldb e dcn
 

Último

CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBAline Santana
 
tabela desenhos projetivos REVISADA.pdf1
tabela desenhos projetivos REVISADA.pdf1tabela desenhos projetivos REVISADA.pdf1
tabela desenhos projetivos REVISADA.pdf1Michycau1
 
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMCOMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMVanessaCavalcante37
 
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdfRedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdfAlissonMiranda22
 
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasCenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasRosalina Simão Nunes
 
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolaresALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolaresLilianPiola
 
interfaces entre psicologia e neurologia.pdf
interfaces entre psicologia e neurologia.pdfinterfaces entre psicologia e neurologia.pdf
interfaces entre psicologia e neurologia.pdfIvoneSantos45
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxPedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxleandropereira983288
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Mary Alvarenga
 
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfPROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfMarianaMoraesMathias
 
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumGÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumAugusto Costa
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividadeMary Alvarenga
 
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaRotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaronaldojacademico
 
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptxAULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptxLaurindo6
 
Transformações isométricas.pptx Geometria
Transformações isométricas.pptx GeometriaTransformações isométricas.pptx Geometria
Transformações isométricas.pptx Geometriajucelio7
 
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...licinioBorges
 
SEMINÁRIO QUIMICA AMBIENTAL - PPGEEA - FINAL.pptx
SEMINÁRIO QUIMICA AMBIENTAL -  PPGEEA - FINAL.pptxSEMINÁRIO QUIMICA AMBIENTAL -  PPGEEA - FINAL.pptx
SEMINÁRIO QUIMICA AMBIENTAL - PPGEEA - FINAL.pptxCompartilhadoFACSUFA
 

Último (20)

CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
 
tabela desenhos projetivos REVISADA.pdf1
tabela desenhos projetivos REVISADA.pdf1tabela desenhos projetivos REVISADA.pdf1
tabela desenhos projetivos REVISADA.pdf1
 
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMCOMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
 
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdfRedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
 
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasCenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
 
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
 
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolaresALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
 
interfaces entre psicologia e neurologia.pdf
interfaces entre psicologia e neurologia.pdfinterfaces entre psicologia e neurologia.pdf
interfaces entre psicologia e neurologia.pdf
 
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULACINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
 
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxPedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
 
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfPROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
 
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumGÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
 
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaRotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
 
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptxAULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
 
Transformações isométricas.pptx Geometria
Transformações isométricas.pptx GeometriaTransformações isométricas.pptx Geometria
Transformações isométricas.pptx Geometria
 
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
 
SEMINÁRIO QUIMICA AMBIENTAL - PPGEEA - FINAL.pptx
SEMINÁRIO QUIMICA AMBIENTAL -  PPGEEA - FINAL.pptxSEMINÁRIO QUIMICA AMBIENTAL -  PPGEEA - FINAL.pptx
SEMINÁRIO QUIMICA AMBIENTAL - PPGEEA - FINAL.pptx
 

Culturas e História Indígena no Currículo Escolar

  • 1. 1 História e culturas indígenas no currículo escolar: breves notas para discussões* Edson Silva** A ignorância sobre os índios Ainda que ocorridas em diferentes contextos e separadas por um tempo bastante longo, duas situações são bastante ilustrativas a respeito do desconhecimento reinante sobre os índios no Brasil. Na primeira delas, conta-se que quando Claude Levi-Strauss se preparava para vir onde Brasil colaboraria na fundação da USP no início da década de 1930, ele teria procurado o embaixador do Brasil na França. Ao buscar informações sobre os índios, ouviu da autoridade diplomática brasileira, que não mais existiam, teriam todos sido dizimados com a colonização. Se Levi-Strauss tivesse acreditado no embaixador, a Antropologia e as Ciências Humanas e Sociais não herdariam a vastíssima obra sobre os povos nativos, a significativa contribuição do considerado fundador do estruturalismo, ainda vivo, e reconhecidíssmo como um dos maiores, ou senão o maior antropólogo contemporâneo. A segunda situação ocorreu comigo há poucos dias envolvendo uma colega de trabalho. Em meio a uma conversa, ela me relatou que estava trazendo “um índio” para conversar com sua turma de alunos/as em sala de aula. Como expressei a minha desaprovação pela iniciativa, por achá-la sempre folclórico em razão da forma que geralmente é feito o convite e como se dá essa presença de “um índio” na escola, a colega procurou me tranqüilizar afirmando: “Mas ele já é mais civilizado”! Diante dessas palavras a minha perplexidade foi tamanha que apenas silenciei. Os povos indígenas conquistaram nas últimas décadas considerável visibilidade enquanto atores sociais em nosso país. Mas, por outro lado, é facilmente contestável o desconhecimento, os preconceitos, os equívocos e as desinformações generalizadas sobre os índios, inclusive entre os educadores. Essas duas situações aqui relatadas ilustram muito bem como os preconceitos sobre os índios são expressos cotidianamente pelas pessoas. E o mais grave: independe do lugar social e político que ocupem! O que dizer então do universo das pessoas pouco letradas, do senso comum da população em nosso país? Sem dúvidas é no âmbito da escola/educação formal, em seus vários níveis hierárquicos, que se pode constatar a ignorância que resulta as distorções a respeito dos índios. A Lei nº. 11.465/08 de março/2008 que tornou obrigatório o ensino sobre a história e culturas indígenas, ainda que careça de maiores definições, objetiva a superação dessa lacuna na formação escolar. Contribuindo para o reconhecimento e a inclusão das diferenças étnicas dos povos indígenas, para se * Versão da exposição apresentada na mesa-redonda Lei nº. 11.645/2008 que dispõe sobre a obrigatoriedade do ensino de História da África e Cultura Indígena nas escolas públicas e particulares, no IV Fórum das Licenciaturas, ocorrido em 17/11/2008 no Auditório do CE/UFPE. * *Doutor em História Social pela UNICAMP. Mestre em História pela UFPE. Pesquisador do Laboratório de Estudos em Movimentos Étnicos-LEME/UFCG; do Núcleo de Estudos e Debates sobre a América Latina-NEDAL/UFPE; e do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Etnicidade-NEPE/UFPE. Leciona História no Col. de Aplicação/CENTRO DE EDUCAÇÃO-UFPE. E-mail: edson.edsilva@gmail.com
  • 2. 2 repensar em um novo desenho do Brasil em sua diversidade e da pluralidade culturais. As responsabilidades e desafios para implementação da Lei nº. 11.465/08 Para a implementação da Lei nº. 11.465/08 é preciso ter claro os diferentes níveis de responsabilidades, bem como os desafios para sua real efetivação. No âmbito federal o MEC tem uma tarefa extremamente importante: além de acompanhar, e quem sabe até onde for de sua alçada, fiscalizar a execução da Lei. Mas, sobretudo também, produzir subsídios didáticos destinados aos vários níveis do ensino para colocá-los a disposição principalmente de educadores/as nas escolas públicas. No nível das universidades públicas e privadas se faz necessário à inclusão de cadeiras sobre a temática indígenas no âmbito das Ciências Humanas e Sociais, bem como nos demais campos do conhecimento acadêmico incluir a discussão dos saberes indígenas. A exemplo da área da Matemática, onde podem ser discutidos os saberes matemáticas de povos culturalmente distintos do pensamento hegemônico ocidental. Caberão as secretarias estaduais e municipais de educação disponibilizar, favorecer o acesso aos subsídios produzidos pelo MEC, e ainda também produzirem materiais didáticos enfocando as realidades locais dos povos indígenas. É de fundamental importância ainda capacitar os quadros técnicos dessas instâncias governamentais, no âmbito do combate aos racismos institucionais. Ainda nas esferas governamentais locais se faz necessário a promoção de seminários, encontros de estudos, etc. sobre a temática indígena para professores/as e demais trabalhadores/as na educação. Algumas propostas e sugestões A UFPE em suas instâncias competentes deve acompanhar e fiscalizar a implementação da Lei nº. 11.465/08 no âmbito dos currículos dos cursos de licenciatura oferecidos em seus campi. O que significará a inclusão de cadeiras obrigatórias que tratem especificamente da temática indígena, em cursos das áreas das Ciências Humanas e Sociais. A UFPE deve estimular, apoiar e ainda viabilizar os meios necessários para a participação efetiva do professorado, alunos/as e técnicos em eventos acadêmicos que tratem da temática indígena. Por meio de convênios com o MEC e as secretarias estaduais e municipais, a UFPE pode produzir materiais didáticos que tratem da temática indígena a serem disponibilizados para o ensino público. As secretarias estaduais e municipais devem incluir a temática indígena nos estudos capacitações periódicas e formação continuada, a ser abordada na perspectiva da pluralidade cultural historicamente existente no Brasil e na sociedade em que vivemos: por meio de cursos, seminários, encontros de estudos específicos e interdisciplinares destinados ao professorado e demais trabalhadores/as em educação, com a participação de indígenas e assessoria de especialistas reconhecidos.
  • 3. 3 Essas secretarias podem favorecer o estimulo às pesquisas, bem como estimular interessados/as em cursos de aprofundamento em nível de pós-graduação. No nível das citadas secretarias ainda, devem ser promovidos estudos específicos para que o professorado na área das Ciências Humanas e Suas Tecnologias possam conhecer os povos indígenas no Brasil, possibilitando uma melhor abordagem ao tratar da temática indígena em sala de aula, particularmente nos municípios onde atualmente habitam povos indígenas. Intensificar a produção, com assessoria de pesquisadores/as especialistas, de vídeos, cartilhas, subsídios didáticos sobre os povos indígenas para serem utilizados em sala de aula. Proporcionar o acesso a publicações: livros, periódicos, etc., como fonte de informação e pesquisa sobre os povos indígenas. Promover momentos de intercâmbios entre os povos indígenas e os estudantes durante o calendário letivo, através de visitas previamente preparadas do alunado às aldeias, bem como de indígenas às escolas. IMPORTANTE: ação a ser desenvolvida principalmente nos municípios onde atualmente moram os povos indígenas, como forma de buscar a superação dos preconceitos e as discriminações. Discutir e propor o apoio aos povos indígenas, através do estímulo ao alunado, com a realização de abaixo-assinados, cartas às autoridades com denúncias e exigências de providências para as violências contra os povos indígenas, assassinatos de suas lideranças, etc. Estimulando assim através de manifestações coletivas na sala de aula, o apoio às campanhas de demarcação das terras e garantia dos direitos dos povos indígenas. Enfim, promover seja nos espaços da UFPE, seja nos demais espaços institucionais, ações pautadas na perspectiva da diversidade cultural e dos direitos dos povos indígenas, bem como do reconhecimento de que o Brasil é um país pluricultural e pluriétnico.