1) O documento discute oportunidades e desafios para o crescimento econômico brasileiro diante da crise internacional.
2) É analisado o cenário econômico mundial e brasileiro, identificando que o Brasil possui mercado interno em expansão ao contrário das principais economias.
3) São apontadas nove cadeias produtivas em São Paulo, como petróleo e gás, automotiva e alimentos, com potencial para investimentos e crescimento.
“CRISE INTERNACIONAL, OPORTUNIDADES E DESAFIOS PARA A RETOMADA DO CRESCIMENTO ECONÔMICO BRASILEIRO”
1. DECOMTEC
DECOMTEC - Departamento de
Competitividade e Tecnologia
“CRISE INTERNACIONAL, OPORTUNIDADES E DESAFIOS
PARA A RETOMADA DO CRESCIMENTO ECONÔMICO
BRASILEIRO”
CONVENÇÃO - CIESP
José Ricardo Roriz Coelho
Agosto de 2012 1
2. DECOMTEC
1. Quais as perspectivas para o crescimento econômico mundial nos
próximos anos e a situação das principais economias? Qual o principal
drive para o crescimento?
2. Quais as principais oportunidades para acelerar o crescimento do PIB
brasileiro nos próximos anos? Quais as cadeias produtivas com maior
potencial de crescimento?
3. O Brasil tem aproveitado e está preparado para aproveitar tais
oportunidades?
4. De que maneira alguns países converteram oportunidades em
crescimento econômico? O que seria um crescimento razoável para o
Brasil nos próximos anos?
5. Qual estratégia o Brasil precisa seguir para crescer novamente?
2
3. A crise financeira internacional afetou o crescimento econômico mundial
em 2008-09. Houve recuperação em 2010-11, mas até 2014 a economia
DECOMTEC
global terá nova desaceleração
Crescimento do PIB (%a.a.)
12,0
10,0
8,0
6,0
Mundo:
3,5%
4,0
2,9%
2,0
0,0
-2,0
60´s 70´s 80´s 90´s 2000-07 2008-09 2010-11 2012-2014
Área do Euro Mundo Brasil China Índia Estados Unidos
Fonte: Banco Mundial. Elaboração:DECOMTEC/FIESP. 3
4. A crise financeira internacional afetou o crescimento econômico mundial
em 2008-09. Houve recuperação em 2010-11, mas até 2014 a economia
DECOMTEC
global terá nova desaceleração
Crescimento do PIB (%a.a.)
12,0
10,0
8,4%
8,0
6,9%
6,0
3,7%
4,0
2,9%
2,0
2,4%
0,0 0,6%
-2,0
60´s 70´s 80´s 90´s 2000-07 2008-09 2010-11 2012-2014
Área do Euro Mundo Brasil China Índia Estados Unidos
Fonte: Banco Mundial. Elaboração:DECOMTEC/FIESP. 4
5. Principais características da crise nas maiores
economias mundiais: Europa, EUA e China DECOMTEC
Europa:
o Elevado endividamento público e privado com aumento expressivo nas taxas de juros
da dívida (por exemplo, Espanha acima de 7,0%a.a. para 10 anos);
o Políticas fiscais recessivas (contração do gasto público) e queda da demanda interna;
o Indefinições na política monetária levando à insuficiência de políticas anticíclicas;
o Estagnação ou retração do mercado interno e retração no comércio externo.
EUA:
o Alto endividamento das famílias;
o Deflação de ativos (imóveis) e insolvência de empresas e famílias;
o Baixo nível de confiança do consumidor, em economia cuja base é o consumo;
o Paralisia nas decisões de política econômica de reação à crise;
o Baixo crescimento do mercado interno, do PIB e retração no comércio externo.
China:
o Menor capacidade de exportação (queda da demanda nos mercados: EUA e UE);
o Mercado interno ainda insuficiente para sustentar crescimento econômico recente;
o Possíveis pressões por redução no superávit comercial chinês de manufaturados;
o Regime político tem baixa eficácia na resolução de conflitos, o que é especialmente
problemático em épocas de redução do crescimento.
o Alguns trabalhos indicam tendência a significativa redução no crescimento da renda
per capita no nível que a China deverá atingir em quatro anos.
5
6. Cenário econômico Mundo X Brasil DECOMTEC
o Os prognósticos indicam que a expansão das exportações deve dar menor contribuição ao
crescimento da economia mundial até 2014, se comparado às últimas décadas.
o Reduzido crescimento das exportações e queda da demanda interna dos países têm
contribuído para elevação das taxas de desemprego. O Brasil é exceção, com diminuição do
desemprego.
o O aumento do desemprego é agravado pelo crescimento do endividamento do setor privado,
limitando a recuperação das economias centrais. Apesar do crescimento recente, o crédito
no Brasil é relativamente reduzido.
o O endividamento público alto e crescente é mais um fator negativo nas perspectivas de
recuperação do crescimento da economia mundial. Já no Brasil, o endividamento público
tem diminuído.
Mundo = (-) Mercado Interno (+)Endividamento (+)Desemprego (-)Exportações
Nesse quadro, o crescimento com base na demanda externa tem menor potencial...
logo: os países que quiserem crescer, nestes próximos anos, vão depender da
expansão do mercado interno.
O Brasil possui mercado interno com crescimento relevante, e a
curto e médio prazo não existem alternativas
Além disso, o Brasil ainda possui outros aspectos que podem contribuir para
a retomada do crescimento econômico nos próximos anos. 6
7. O processo de mudança na composição de classes (aumento de renda
de parte da população das classes C, D, E + Bônus demográfico), com
consequente crescimento da participação das classes C, bem como A e DECOMTEC
B, projeta mais crescimento do consumo interno nos próximos anos
População Brasileira por Classes Sociais* (milhões de pessoas)
Classes A e B
Classe C
23 31
Classes D e E 20
13
9 13
66
46 95 106 57% da
57% da
55 113
população
população
Elevada
propensão ao
93 96 consumo de
83 73 64 56 produtos
industriais
1993 1995 2003 2009 2011 2014P
Boa parte da população cuja renda tem crescido está ingressando no mercado
consumidor, sobretudo de bens de consumo não duráveis e duráveis.
Fonte: FGV. BC e MF. Elaboração Decomtec/FIESP. *Baseado em dados da PNAD (IBGE) 7
8. No ESTADO DE SÃO PAULO, avalia-se que nove cadeias
produtivas têm potencial de crescimento, favorecendo a realização DECOMTEC
de significativo volume de investimentos nos próximos anos.
• Cadeias produtivas estruturantes no Estado de São Paulo
Petróleo e gás Aeroespacial
Aço-intensiva
- E&P - Aviação/Defesa
- Bens de capital • Outros setores da
- Refino
- Automotiva economia brasileira
Química
- Produtos - Positivamente
Têxtil - Fertilizantes
de metal impactados pelo
- Confecção - Petroquímica aumento da renda e
- Química fina / fármacos dos investimentos
Constr. civil
- Plástico
- Infraestrutura
- Química verde / biodiversidade
- Habitação
Alimentos
- Processamento
de alimentos
• Viabilizadores:
Agropecuária - Política industrial
- Agro: açúcar/ - Fundamentos macroeconômicos
etanol, laranja Eletrônica - Inovação e tecnologia
- Pecuária: bovino, -TIC´s
frango, suíno, lácteos - Semicondutores
8
9. Foram identificados os setores potencialmente mais dinâmicos,
com papel indutor no desenvolvimento de suas cadeias no DECOMTEC
ESTADO DE SÃO PAULO
+ Grau de dinamismo -
Setores vetores
ancorados na demanda
externa:
Petróleo e gás Alimentos Aeroespacial
Autopeças
Setores vetores
ancorados na
demanda interna:
Automotiva Construção Civil Química Etanol Eletrônicos
+ Grau de dinamismo -
Fonte: análise Bain
9
10. Foram identificados os setores potencialmente mais dinâmicos,
com papel indutor no desenvolvimento de suas cadeias no DECOMTEC
ESTADO DE SÃO PAULO
+ Grau de dinamismo -
Setores vetores
ancorados na demanda
externa:
Petróleo e gás Alimentos Aeroespacial
Autopeças Bens de capital
Setores vetores
ancorados na
demanda interna:
Automotiva Construção Civil Química Etanol Eletrônicos
+ Grau de dinamismo -
Fonte: análise Bain
10
11. Foram identificados os setores potencialmente mais dinâmicos,
com papel indutor no desenvolvimento de suas cadeias no DECOMTEC
ESTADO DE SÃO PAULO
+ Grau de dinamismo -
Setores vetores
ancorados na demanda
externa:
Petróleo e gás Alimentos Aeroespacial
Autopeças Bens de capital Fertilizantes
Setores vetores
ancorados na
demanda interna:
Automotiva Construção Civil Química Etanol Eletrônicos
+ Grau de dinamismo -
Fonte: análise Bain
11
12. Foram identificados os setores potencialmente mais dinâmicos,
com papel indutor no desenvolvimento de suas cadeias no DECOMTEC
ESTADO DE SÃO PAULO
+ Grau de dinamismo -
Setores vetores
ancorados na demanda
externa:
Petróleo e gás Alimentos Aeroespacial
Autopeças Bens de capital Fertilizantes Engenharia
Setores vetores
ancorados na
demanda interna:
Automotiva Construção Civil Química Etanol Eletrônicos
+ Grau de dinamismo -
Fonte: análise Bain
12
13. Foram identificados os setores potencialmente mais dinâmicos,
com papel indutor no desenvolvimento de suas cadeias no DECOMTEC
ESTADO DE SÃO PAULO
+ Grau de dinamismo -
Setores vetores
ancorados na demanda
externa:
Petróleo e gás Alimentos Aeroespacial
Autopeças Bens de capital Fertilizantes Engenharia Logística
Setores vetores
ancorados na
demanda interna:
Automotiva Construção Civil Química Etanol Eletrônicos
+ Grau de dinamismo -
Fonte: análise Bain
13
14. Foram identificados os setores potencialmente mais dinâmicos,
com papel indutor no desenvolvimento de suas cadeias no DECOMTEC
ESTADO DE SÃO PAULO
+ Grau de dinamismo -
Setores vetores
ancorados na demanda
externa:
Petróleo e gás Alimentos Aeroespacial
Autopeças Bens de capital Fertilizantes Engenharia Logística Energia/TIC
Setores vetores
ancorados na
demanda interna:
Automotiva Construção Civil Química Etanol Eletrônicos
+ Grau de dinamismo -
Fonte: análise Bain
14
15. As cadeias indicadas correspondem a parcela expressiva do
PIB, dos investimentos e do emprego nos últimos anos no DECOMTEC
Estado de São Paulo
Representatividade das cadeias produtivas selecionadas no ESP, 2009 (%)
100%
8%
80% 40%
69% 69%
60%
92%
40%
Demais
60%
cadeias
20%
31% 31% Cadeias
selecionadas
0%
PIB PIB indústria Investimento* Emprego
transformação
*Investimento ponderado pela participação dos setores selecionados nas Contas Regionais e PIA-IBGE, SEADE.
Fonte: SCN-IBGE, PIA-IBGE, Rais-MTE, SEADE, Análise Bain.
15
16. Uma das cadeias com maior potencial é de O&G. Com a E&P em águas
profundas, o Brasil pode se tornar um dos poucos países que combina
DECOMTEC
grandes reservas com estabilidade institucional
Brasil será um dos países mais estáveis
Bacia de Santos – Pré Sal
dentre os 10 maiores detentores de reservas
Reservas de petróleo, 2010 Estabilidade política
(Bboe) comparada ao Brasil
Estima-se que os
Santos investimentos projetados em
9o
E&P (US$ 528 bilhões até
2020) tem o potencial de
gerar 3,9 milhões de pré-sal
Efeito do
empregos na economia
nas reservas
brasileiras
nesse período (~40% no
ESP)
23o
Estabilidade política Estabilidade política pior
melhor que o Brasil que o Brasil
16
17. Valor Adicionado Fiscal* do Setor Industrial (Proxi PIB)
DECOMTEC
Segmentado por RA (Região Administrativa)
RA Araçatuba RA Barretos
1,2% VA Fiscal 1,0% VA Fiscal
• Alimentos 47,9% • Alimentos 63,3%
• Etanol 27,8% • Etanol 28,6%
• Couro Calçados 8,7% • Máquinas 2,5%
Acumulado 84,4% Acumulado 94,4%
RA Campinas
27,7% VA Fiscal
• Combustível 18,4%
• Auto-Peças 14,3%
• Alimentos 9,4%
• Químicos 7,7%
• Maquinas Equip. 7,1%
• Papel Celulose 5,0%
• Farmacêuticos 4,2%
• Informática 3,6%
Acumulado 69,7%
RA Registro
0,2% VA Fiscal Estado
• Químicos 67,4%
• Minerais Não Metálicos 16,9%
• Extrativo 5,0%
17
(*) VA Fiscal 2009 Fonte Secretaria da Fazenda Acumulado 89,3% 17
18. Valor Adicionado Fiscal* do Setor Industrial (Proxi PIB)
DECOMTEC
Segmentado por RA (Região Administrativa)
Presidente Prudente RA Ribeirão Preto
0,9% VA Fiscal 3,1% VA Fiscal
• Alimentos 63,8% • Alimentos 37,2%
• Etanol 22,5% • Etanol 20,8%
Acumulado 86,3% • Máquinas Equip. 13,2%
Acumulado 71,2%
RA Sorocaba
6,5% VA Fiscal
• Alimentos 16,9%
• Transporte 11,2%
• Maquinas Equip. 10,9%
• Químicos 7,9% RA SANTOS
• Minerais Ñ Metal 5,4%
• Equip. Elétrico 5,1% 3,3% VA Fiscal
• Bebidas 4,7% • Combustível 32,6%
• Metalurgia Basica 4,3% • Químicos 21,0%
• Prod Metal 4,1% • Metalúrgica Básica 19,9% 18
Acumulado 70,5% (*) VA Fiscal 2009 Fonte Secretaria da Fazenda Acumulado 73,5% 18
19. Valor Adicionado Fiscal* do Setor Industrial (Proxi PIB)
DECOMTEC
Segmentado por RA (Região Administrativa)
RA Central
2,1% VA Fiscal RA Franca
Alimentos 41,4% 1,3% VA Fiscal
Máquinas Equip. 11,3% • Alimentos 50,5%
Eletrodomésticos 8,7% • Etanol 17,7%
Vestuário 5,1% Acumulado 68,2%
Minerais Não Metálico 4,7%
Acumulado 71,2%
RA RMSP
37,2% VA Fiscal
• Equip Transporte 19,8%
• Químicos 11,7%
• Farmacêutico 9,1%
RA Marília • Máquina Equip 7,1%
1,5% VA Fiscal • Produtos Metal 6,5%
• Alimentos 61,3% • Edição Impressão 5,4%
• Maq Equipamentos 9,8 % • Plástico 4,8%
• Etanol 8,3% Acumulado 64,4% 19
Acumulado 79,4% (*) VA Fiscal 2009 Fonte Secretaria da Fazenda 19
20. Valor Adicionado Fiscal* do Setor Industrial (Proxi PIB)
DECOMTEC
Segmentado por RA (Região Administrativa)
RA S. J. Rio Preto RA S. J. Campos
2,1% VA Fiscal 9,7% VA Fiscal
• Alimentos 59,6% • Alimentos 16,9%
• Etanol 9,4% • Transporte 11,2%
Acumulado 69,0% • Maquinas Equip 10,9%
• Químicos 7,9%
• Minerais Ñ Metal 5,4%
• Equip Elétrico 5,1%
• Bebidas 4,7%
• Metalurgia Básica 4,3%
• Produtos Metal 4,1%
Acumulado 71,2%
VA Bauru
2,1% VA Fiscal
• Alimentos 38,2%
• Bebidas 14,8%
• Etanol 11,2%
• Máquinas Equip. 7,3%
Acumulado 71,5% 20
(*) VA Fiscal 2009 Fonte Secretaria da Fazenda 20
21. Por que o aumento do consumo no mercado interno (visto pelo volume
de vendas no varejo ampliado) não foi capturado em crescimento da
produção da ind. de transformação? DECOMTEC
Produção Industrial e Volume de Vendas no Varejo (jan/2004 = 100)
Obs: Varejo Ampliado considera Veículos, motocicletas, partes e peças" e "Material de construção"
Fonte: IBGE. Elaboração: DECOMTEC/FIESP. 21
22. Como indicado, a expansão do consumo doméstico tem sido absorvida
sobretudo pelas importações. Entre 2003 e 2011 o coeficiente de
DECOMTEC
importação da ind. de transformação aumentou de 10,5% para 21,9%
Coeficiente de Importação da Indústria de Transformação Aumento de 11,4p. p. no
21,9% coeficiente, o que
20,4% equivale a
US$ 102,8 bi ou
18,3%
R$ 171,7 bi (efeito
16,4% 16,6%
direto). Contando os
14,4% efeitos direto e indireto
12,6% em toda economia, isso
11,6%
10,5% significou R$ 381 bi a
menos na produção
R$ 1,00 de aumento na produção da
indústria de transformação eleva em R$
2,22 a produção da economia.
Dessa forma, 4,5
milhões de empregos
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 deixaram de ser
gerados na economia
22
Fonte: DEREX/FIESP. Elaboração: DECOMTEC/FIESP. 22
23. O aumento recente e previsto para o consumo, o excesso de oferta de
manufaturados no mercado internacional, associados a competição em
condições não isonômicas com importados, podem levar a maior DECOMTEC
elevação do coeficiente de penetração de importações
Produção Industrial, Volume de Vendas no Varejo e coeficiente de
penetração de importações
300
Ativ. ind. transf. e vendas no varejo, (jan04=100)
Coeficiente de penetração de importações (%)
1°tri/2015:
1°tri/2012: 26,5% 30
250 21,6%
25
Tendência de piora para a
Coef. Import.
200indústria nacional (e paulista)
no mercado interno provocado 20
Vol. Vendas
pelo redirecionamento das
Varejo Ampliado
150 exportações mundiais
(chinesas): de países com 15
fraco desempenho (EUA e UE)
Indústria de
100 para países com melhor 10
Transformação
desempenho (Brasil)
50 5
Fonte: FUNCEX, IBGE, FIESP. Elaboração: DECOMTEC/FIESP. 23
24. O que há em comum entre países com alto e prolongado aumento
do PIB per capita? (acima de 4,5% a.a. por 30 anos ou mais) DECOMTEC
Crescimento anual do PIB per capita dos países (%)
Fonte: Rodrik, 2012. Elaboração: DECOMTEC/FIESP. 24
25. Quais foram as principais políticas adotadas por esses
países? DECOMTEC
O elevado desempenho desses países se deveu, em boa medida, a generalizada
aplicação de políticas macroeconômicas e industriais com foco na industrialização
acelerada. Tais países utilizaram, com variações, tais instrumentos de política:
o Coerência da política macroeconômica favorecendo a estratégia de
desenvolvimento industrial;
o Alto nível de investimento em educação;
o Taxas de câmbio administradas e competitivas internacionalmente;
o Estrutura tributária racional, proporcionando isonomia vis-à-vis competidores
internacionais;
o Financiamento com baixo custo, para capital de giro, investimento e
exportações;
o Insumos básicos com custos muito competitivos e oferta abundante,
favorecendo a agregação de valor nos elos a jusante das cadeias de valor;
o Regras de conteúdo local e outros instrumentos de adensamento de cadeias
produtivas;
o Incentivos tributários e subvenção econômica a atividades de P&D;
o Incentivos diversos a exportações e formação e expansão de empresas de
capital nacional;
o Institucionalização da Política Industrial como política de Estado, com eficazes
mecanismos de coordenação.
A Coréia do Sul foi exemplar na aplicação dessas políticas, com resultados excepcionais
25
26. Aumento do investimento produtivo:
O crescimento econômico dos países que aumentaram seu PIB per DECOMTEC
capita com maior rapidez foi apoiado em altas taxas de investimento.
26
27. O investimento fixo deve contemplar a infraestrutura. Outros aspectos
fundamentais são os investimentos em educação e inovação/P&D. O DECOMTEC
Brasil tem desempenho muito deficiente nesses fatores.
Infraestrutura: os investimentos em infraestrutura no Brasil ainda não são
suficientes para gerar as condições necessárias tanto ao crescimento
econômico como para ganhos sustentados de competitividade. O país tem
baixa classificação quando comparado a demais países.
Educação: o nível de escolaridade no Brasil é inferior aos alcançados por
países com praticamente mesmo gasto como, por exemplo: Colômbia,
Chile e Argentina. Ainda, a China gasta o correspondente a 48,5% do gasto
do Brasil, mas tem anos de escolaridade 19% superior além de menor taxa
de analfabetismo. Ou seja, é preciso dar maior eficiência aos investimentos
em educação.
Inovação/P&D: o Brasil tem contribuído muito pouco com o gasto mundial
de P&D: em 2007, contribuiu com 1,8%; enquanto a China com 8,9%,
Alemanha 6,3%, Coréia do Sul 3,6%, Japão 12,9% e EUA 32,6%. O
Investimento bem direcionado é a grande alavanca da Inovação.
Fonte: Banco Mundial, IBGE
27
28. Os principais entraves ao desenvolvimento da Indústria de
Transformação no país estão relacionados ao “Custo Brasil”.
DECOMTEC
Ficou muito caro produzir no Brasil, principalmente devido a:
28
29. O câmbio se tornou um dos principais instrumentos de competitividade
entre os países. A perda de competitividade do Brasil é em parte devido
à fortíssima valorização do real. Entre jan/04 e mai/12, o real foi a mais DECOMTEC
valorizada ante o dólar (78,5%) dentre várias moedas relevantes
Câmbio Real - Evolução em relação ao Dólar Americano - jan/2004 a mai/2012
base: jan 2004 = 100
140
120
100
80
60 Valorização real das moedas em relação
ao Dólar Americano - mai12/jan04
Brasil 78,5%
40 Russia 61,5%
China 34,8%
India 27,0%
20 Coreia do Sul 5,5%
Africa do Sul 5,5%
Euro 2,2%
0
jan-04 jan-05 jan-06 jan-07 jan-08 jan-09 jan-10 jan-11 jan-12
Brasil EUA Coreia do Sul Russia India China Euro Africa do Sul
Fonte: OCDE e BCB. Elaboração: DECOMTEC/FIESP
29
30. Juros e spread elevados / Tributação e burocracia DECOMTEC
Os juros básicos e spread bancário implicam em custo de R$ 156
bilhões com financiamento para capital de giro da indústria de
transformação. Considerando a cumulatividade na cadeia, em 2011, 7,5%
do preço dos produtos industriais na porta da fábrica se deveram ao
custo de capital de giro. O spread brasileiro é 11,5 vezes maior do
que os países que calculam com critério idêntico ao nosso (*).
A indústria de transformação é o setor que mais contribui com a
arrecadação dentre todos os setores (33,9% do total da carga em 2010),
mas sua participação no PIB foi de 16,2%;
A carga tributária da indústria de transformação é de 59,5% do seu PIB,
representando 40,3% dos preços dos produtos industriais.
Os custos da burocracia para pagar os tributos existentes no país
representam R$ 19,7 bilhões do faturamento da indústria de transformação.
Considerando o carregamento na cadeia à montante, totaliza um custo
anual de 2,6% do preço dos produtos industriais
(*) Malásia, Japão, Chile e Itália 30
31. Encargos trabalhistas elevados
Quando medidos em % do custo da mão de obra, o Brasil é DECOMTEC
campeão em encargos sobre folha de pagamento
Os encargos trabalhistas representam 32,4% do total dos custos de
mão de obra na indústria, aumentando o custo de produção
O problema é mais grave na indústria de transformação, que compete em
mercados com escala global
Encargos trabalhistas (% do custo da mão de obra industrial)
• XX encargos de nossos competidores são muito
Os
menores: 14,7% em Taiwan, 17% na Argentina e
• XX do Sul e 27% no México
Coréia
31
31
32. Energia cara
A tarifa de energia elétrica para a indústria no Brasil é uma das DECOMTEC
mais caras do mundo
Tarifa de energia elétrica para a indústria (US$/MWh)
Nossa elevada tarifa não se justifica pela matriz energética. O
Canadá é o país que tem a matriz mais semelhante à do
Brasil, mas sua tarifa é 64% menor
Fonte: EIA - Energy Information Administration. Elaboração: DECOMTEC/FIESP 32
33. Infraestrutura deficiente DECOMTEC
Classificação do Brasil entre 142 países
104º Geral
66º Telefonia celular
124º Procedimentos alfandegários
91º Ferrovias
122º Aeroportos
118º Estradas
130º Portos
Os produtos industriais são encarecidos em R$ 17,1 bilhões pelos custos
de um sistema logístico deficiente, que não faz jus aos tributos
arrecadados pelo Estado. Considerando o carregamento de custo na
cadeia à montante, as deficiências da infraestrutura logística
representam 1,8% do preço desses produtos.
Fonte: Word Economic Forum- The Global Competitiviness Report 2011-2012 33
34. Custo Brasil DECOMTEC
Em síntese, produzir no Brasil é muito caro, especialmente devido aos
seis fatores a seguir:
1. Câmbio valorizado Valorização de 78,5% ante o dólar desde jan/04
Custo do capital de giro é 7,5% do preço dos
2. Juros e spreads elevados
produtos industrializados (2011)
Carga tributária do setor é 40,3% dos preços dos
3. Tributação e burocracia produtos.
Custos da burocracia = 2,6% dos preços
4. Encargos trabalhistas Igual a 32,4% do total dos custos de mão de
elevados obra
Uma das mais caras do mundo. O Canadá, com
5. Energia cara
matriz semelhante, tem tarifa 64% menor
Muito ruim. Custos das deficiências da
6. Infraestrutura deficiente infraestrutura logística = 1,8% do preço dos
produtos industriais
34
35. Qual a estratégia a seguir, de modo a atingir essa meta de
crescimento? DECOMTEC
Manter controle sobre as principais variáveis
macroeconômicas é importante, mas não suficiente...
O Brasil precisa de uma estratégia de desenvolvimento, na
qual os seguintes aspectos são fundamentais:
• Expressivo aumento do investimento produtivo;
• Reindustrialização, readensando as cadeias produtivas
comprometidas no período de valorização cambial, e outras
com maior intensidade tecnológica;
• Programa de redução do Custo Brasil
35
36. DECOMTEC
José Ricardo Roriz Coelho
jrroriz@fiesp.org.br
Vice-Presidente – FIESP
Diretor Titular – Departamento de Competitividade e Tecnologia
Coordenador - Comite de Petroleo e Gas
Presidente - Abiplast
36