3. QUEM É FAYGA?
Fayga Perla Ostrower nasceu em
14 de setembro de 1920, Lodz - Polônia;
Considerada uma artista plástica brasileira;
Atuou como gravadora, pintora, desenhista, ilustradora, teórica da
arte e professora;
Cursou Artes Gráficas na Fundação Getúlio Vargas (FGV), em 1947.
Conseguiu uma bolsa de estudos em Nova York na Fundação
Fullbright.
4. QUEM É FAYGA?
Fascinada pelas obras de Paul Cezanne
adotou o estilo abstrato;
Realizou inúmeras exposições, sendo
individuais e coletivas, no Brasil e no Exterior;
Recebeu vários prêmios:
• Prêmio Nacional de Gravura da Bienal de São Paulo,1957;
• Prêmio Internacional da Bienal de Veneza ,1958.
5. QUEM É FAYGA?
Cargos importantes:
Em 2015 foi homenageada com o livro “Fayga Ostrower”, com a
curadoria de Anna Bella Geiger.
• Presidente da Associação Brasileira de Artes Plásticas entre 1963 e 1966.
• Membro honorário da Academia de Arte e Desenho de Florença.
6. INTRODUÇÃO
Fayga Ostrower, em sua obra “Criatividade e Processos de
Criação” (2009), considera a criatividade inerente ao Homem,
inerente à vida: mais que uma visão (necessidade);
Parte de uma visão política, histórica e filosófica;
Ser humano criativo;
Os processos criativos não se restringem somente à arte;
Criar e viver estão interligam;
A natureza criativa do homem se elabora no contexto cultural.
7. Criar corresponde a um formar, um dar forma a alguma coisa.
Fayga estabelece a ação de criar como uma possibilidade de evitar
a alienação do Homem contemporâneo, o homem deixa de ser
passivo.
CONSCIENTE-SENSÍVEL-CULTURAL
A integração destes três meios resultam o comportamento do
homem criativo.
9. O ato criador abrange:
O homem é um ser formador;
COMPREENDER
RELACIONAR = ORDENAR = CONFIGURAR = SIGNIFICAR
RELACIONA = FORMA
10. As formas de percepção não são gratuitas nem os relacionamentos
se estabelecem ao acaso.
Em cada ato, no exercê-lo, no compreendê-lo e no compreender-
nos dentro dele, transparece a projeção de nossa ordem interior.
BUSCA DE SIGNIFICADOS
11. Nessa busca de ordenações e significados reside a profunda
motivação humana de criar.
O homem cria, não apenas porque quer, ou porque gosta, e sim porque
precisa, ele só pode crescer, enquanto ser humano, coerentemente,
ordenando, dando forma criando.
12. O ato de criar ocorre por intuição;
Entende-se que a própria consciência nunca é algo acabado ou
definitivo. Ela vai se formando no exercício de si mesma, num
desenvolvimento dinâmico em que o homem, procurando
sobreviver e agindo, ao transformar a natureza se transforma
também. O homem não somente percebe as transformações como
sobretudo nelas se percebe.
A percepção de si mesmo no agir é um aspecto relevante que
distingue a criatividade humana.
13. REALIZAÇÃO E CONSTANTE TRANSFORMAÇÃO
O homem antecipa suas criações mentalmente;
INTENCIONALIDADE DA AÇÃO HUMANA
O ato intencional pressupõe existir uma mobilização interior, não
necessariamente consciente, que é orientada para determinada
finalidade antes mesmo de existir a situação concreta para a qual a
ação seja solicitada.
O ato criador não existe antes ou fora do ato intencional.
14. SER CONSCIENTE-SENSÍVEL-CULTURAL
Fayga afirma que o ser consciente-sensível-cultural existe há muito
tempo, antes mesmo dos HOMO SAPIENS.
Na integração do consciente, do sensível e do cultural se baseiam os
comportamentos criativos do homem.
Somente ante a ação de um ser consciente, faz sentido falar-se da
criação. Sem a consciência, prescinde-se o imaginativo na ação.
O homem será um ser consciente e sensível em qualquer contexto
cultural.
15. SER CONSCIENTE-SENSÍVEL-CULTURAL
A consciência e a sensibilidade das pessoas fazem parte de sua
herança biológica, são qualidades comportamentais inatas, ao passo
que a cultura representa o desenvolvimento social do homem;
configura as formas de convívio entre as pessoas.
As culturas assumem formas variáveis que se alteram com rapidez.
As culturas se acumulam, se diversificam, se complexificam e se
enriquecem. Desenvolvem-se e, por motivos sociais, se extinguem ou
são extintas. São transmitidas!
16. SER CONSCIENTE-SENSÍVEL-CULTURAL
Não há um desenvolvimento biológico que possa ocorrer
independente do cultural.
O comportamento de cada ser humano se molda pelos padrões
culturais, históricos, do grupo em que ele, indivíduo, nasce e cresce.
Ainda vinculado aos mesmos padrões coletivos, ele se desenvolverá
enquanto individualidade, com seu modo pessoal de agir, seus
sonhos, suas aspirações e suas eventuais realizações.
Enfoque: CULTURA Para Fayga, o importante é mostrar como a
cultura serve de referência a tudo o que o indivíduo é, faz, comunica,
à elaboração de novas atitudes e novos comportamentos e,
naturalmente, a toda possível criação.
18. SER SENSÍVEL
A sensibilidade é uma porta de entrada das sensações.
Ela representa uma abertura constante ao mundo e nos liga de modo
imediato ao acontecer em torno de nós.
Esse fenômeno é essencial a qualquer forma de vida e inerente à
própria condição de vida.
Os processos de criação interligam-se intimamente com o nosso ser
sensível, pois, são processos intuitivos.
A sensibilidade é inata, e não restrita a artistas ou privilegiados:
É PATRIMÔNIO DE TODOS OS SERES HUMANOS!
CRIAÇÃO
ATRAVÉS DA
SENSIBILIDADE
19. SER SENSÍVEL
Grande parte da sensibilidade, incluindo as sensações internas, permanece
vinculada ao inconsciente.
Uma outra parte, porém, também participando do sensório, chega ao nosso
consciente.
Chega de modo articulado, em formas organizadas. É a nossa percepção.
INCONSCIENTE
CONSCIENTE
PERCEPÇÃO
A PERCEPÇÃO É A
ELABORAÇÃO MENTAL
DAS SENSAÇÕES
20. SER SENSÍVEL
A percepção delimita o que somos capazes de sentir e compreender,
porquanto corresponde a uma ordenação seletiva dos estímulos e
cria uma barreira entre o que percebemos e o que não percebemos.
Articula o mundo que nos atinge, o mundo que chegamos a conhecer
e dentro do qual nós nos conhecemos. Articula o nosso ser dentro
do não ser.
SENSIBILIDADE PERCEPÇÃO
21. SER CULTURAL
Segundo conhecimentos atuais: o homem surge na história como um
ser cultural.
CULTURA
Formas materiais e espirituais com que os
indivíduos de um grupo convivem, nas
quais atuam e se comunicam e cuja
experiência coletiva pode ser transmitida
através de vias simbólicas para a geração
seguinte.
22. SER CULTURAL
Embora não se saiba quais foram as formas de convívio coletivo
inicialmente, entende-se hoje que os comportamentos dos homínidas
devem ser considerados culturais. Entretanto, além desses dados,
existem provas irrefutáveis de seres de percepção consciente e de
vida cultural: as pedras lascadas.
Comunicação dos homínidas
e expressão simbólica.
CARLETON COON
“No homem, a biologia tornou-
se inseparável da cultura, uma
vez que nossos ancestrais
começaram a usar ferramentas.
A partir de então, a seleção
natural favoreceu aqueles que
puderam usar a cultura em seu
melhor benefício.”
Clarke: “fazer qualquer ferramenta, baseia-
se num conhecimento preciso da matéria-
prima [...] é característico dos seres
humanos terem uma apreciação maior do
fator tempo que outros primatas; usam
memórias do passado, servindo como uma
espécie de capital cultural”
23. SER CONSCIENTE
Ao se tornar consciente de sua existência individual, o homem não
deixa de conscientizar-se também de sua existência social.
O modo de sentir e de pensar os fenômenos, o próprio modo de
pensar-se e sentir-se, de vivenciar as aspirações, os possíveis êxitos e
eventuais insucessos, tudo se molda segundo ideias e hábitos
particulares ao contexto social em que se desenvolve o indivíduo.
Os valores culturais vigentes constituem o clima mental para o seu
agir. Criam as referências, discriminam as propostas, pois, conquanto
os objetivos possam ser de caráter estritamente pessoal, neles se
elaboram possibilidades culturais.
24. SER CONSCIENTE
Como ser que se percebe e se interroga, o homem é levado a
interpretar todos os fenômenos; nessa tradução, o âmbito cultural
transpõe o natural.
EX: SOL, no Egito (divindade), Idade Média (coroa gigante
flamejante), pintura moderna (círculo preto entre borrões
vermelhos).
Essas visões diferentes de um mesmo fenômeno natural são também
as diversas formas expressivas por que o fenômeno chega ao
consciente dos indivíduos.
A cultura influencia também a visão de vida de cada um.
25. SER CONSCIENTE
Por se vincular no ser consciente a um fazer intencional e
cultural em busca de conteúdos significativos, a sensibilidade
se transforma. Incorpora um princípio configurador seletivo.
Nessa integração que se dá de potencialidades individuais com
possibilidades culturais, a criatividade não seria então senão a
própria sensibilidade.
26. CONCLUSÃO
Fayga se dirige a todos, por considerar a criatividade
inerente ao Homem, inerente à vida: mais que uma visão
artística é uma visão política, histórica e filosófica.
A natureza criativa é elaborada dentro de um contexto
cultural e age de acordo com as potencialidades individuais
que, realizadas, configuram as particularidades de uma
época...
27. MEMÓRIA
O espaço vivencial da memória representa portanto, uma ampliação
extraordinária, multidirecional, do espaço físico natural.
Formas de inteligência associativa.
Os processos de memória se baseiam na ativação de certos
contextos e não em fatos isolados.
28. A memória corresponderia uma
retenção de dados já interligados
em conteúdos vivenciais.
Articulam-se limites entre o que
lembramos, pensamos,
imaginamos, e a infinidade de
incidentes que se passaram em
nossa vida.
Cada instante relembrado
constitui uma situação em si nova
e específica.
MEMÓRIA
29. ASSOCIAÇÕES
As associações compõe a essência de nosso mundo imaginativo.
Geram um mundo experimental.
Afluem em nossa mente como uma velocidade extraordinária.
Embora as associações venham com tanta insistência que talvez
possam tender para o difuso, estabelecem-se determinadas
combinações, interligando-se ideais e sentimentos.
O nosso mundo imaginativo será povoado por expectativas.
As prioridades interiores influem em nosso fazer e naquilo que
“queremos” criar.
30. FALAR, SIMBOLIZAR
Grande parte das associações liga-se à fala, nela submerge e com ela
se funde, pois muito do que imaginamos é verbal, ou torna-se verbal.
A fala está inserida no complexo de relacionamentos afetivos e
intelectuais próprios de uma cultura.
Cada um pensa e
imagina nos termos
de sua língua.
Pensamos através
da fala silenciosa.
31. As palavras servem de mediador entre o nosso consciente e o
mundo.
Na língua dá-se um deslocamento do real físico do objeto para o real
da ideia do objeto.
A palavra evoca o objeto por intermédio da sua noção.
O falar não é neutro.
A função das palavras é variada, porquanto são variados os
relacionamentos em que as palavras formulam o conhecimento que
temos do mundo.
Signos e símbolos.
Representação das coisas.
Simbolizam não só objetos, mas também ideias e correlações.
32. Na percepção de si mesmo o homem pode distanciar-se dentro de si
e imaginativamente colocar-se no lugar de outra pessoa.
A expressão de sensações pode transformar-se na comunicação de
conteúdos subjetivos.
Falar com emoção e transmitir verbalmente suas emoções.
Perfazer toda a espécie de abstrações mentais.
Experiência e a criatividade individual se tornaram anônimas.
Ainda que a capacidade de falar simbolizar seja um potencial inato, o
aprendizado da fala implica um aprendizado cultural.
33. FORMAS SIMBÓLICAS E ORDENAÇÕES INTERIORES
As línguas constituem sistemas de comunicação verbal. Conquanto a
fala seja da maior importância, a nossa capacidade de comunicar
conteúdos expressivos não se restringe às palavras.
No que o homem faz, imagina compreende, ele o faz ordenando.
Se a fala representa um modo de ordenar, o comportamento
também é ordenação.
Forma simbólica.
Através da estrutura formal, a mensagem simbólica sempre articula
modos de ser essenciais – justamente pelos aspectos de
espaço/tempo – que são entendidos como qualificações de vida.
34. POTENCIAL CRIADOR
Uma realidade configurada exclui outras realidades.
O potencial criador elabora-se nos múltiplos níveis do ser sensível-
cultural-consciente do homem, e se faz presente nos múltiplos
caminho em que o homem procura captar e configurar as realidades
da vida.
35. TENSÃO PSÍQUICA
A criatividade implica uma força crescente.
Em cada atuação nossa, assim como também em cada forma criada,
existe um estado de tensão.
A tensão psíquica pode de deve ser elaborada. Assim, nos processos
criativos, o essencial será poder concentrar-se e poder manter a
tensão psíquica.
Compreendemos, na criação, que a finalidade de nosso fazer seja
poder ampliar em nós a experiência de vitalidade.
Conflitos emocionais.