Atividade realizada para a Disciplina de "Métodos Quantitativos para Ciências Sociais" da Universidade Federal do ABC (UFABC). O objetivo da atividade determinar se havia correlação entre o Consumo de Funk e a Renda, através da estatística. São Bernardo do Campo, abril de 2017.
1. Correlação entre
a renda e o
consumo de funk
Métodos Quantitativos para
Ciências Sociais
Prof.º Dr.º Artur Zimerman
Graciela Medina
Isabela Chiquetto
Isabella Araújo
Isabella França
2. Introdução
● O funk carioca tem sua origem nas periferias do estado do Rio de Janeiro na
década de 80, quando houve o boom dos “bailes funk”;
● O ritmo ainda visto com certo preconceito no país possivelmente pela origem e,
principalmente, pela suposta relação de alguns MCs com a criminalidade - tráfico
de drogas -, já é o ritmo mais tocado em muitas casas noturnas de diversos
estados do Brasil e chega a marcar presença em países europeus;
● É notável a expansão do estilo musical no âmbito territorial e, aparentemente, no
social também.
3. Análise Acadêmica
Fenômeno de massa brasileiro: Funk
- Juventude, pobreza, favelas e periferia;
- Forte sentimento de pertencimento social;
- Contradição: Expansão para fora das barreiras sociais estabelecidas;
- Antropólogo: Hermano Vianna: registro de repressão violenta
- Lei 5.543 (ALERJ) e a lei 4124-A/2008
Parágrafo único: ‘’Qualquer tipo de discriminação, preconceito ou desrespeito, seja de
natureza social, racial, cultural ou administrativo, contra o movimento funk ou seus
integrantes, submeter-se-á às penas da Lei.’’
4. - Antropólogo: Micael Herschmann: Colocando como pauta nas discussões o lugar do
pobre no debate político e intelectual do país.
- Antropóloga: Ilana Strozenberg: Não existe cultura superior/inferior, cultura legítima,
noção de senso comum sobre esse gênero musical prejudica o seu processo cultural,
diálogo entre culturas, produção de manifestações culturais das quais as pessoas se
identifiquem resultando no sentimento de pertencimento.
6. Há correlação entre a renda e o consumo de funk?
Hipótese nula
● “Democratização” do ritmo,
transcendendo para outras classes
sociais;
● Presença do funk em baladas de
alto nível de SP e RJ;
● Visita de estrangeiros e de
brasileiros pertencentes às classes
A e B às favelas pacificadas.
Hipótese de pesquisa
● Consenso entre a população
brasileira de que há relação entre
renda e consumo de funk;
● Origem periférica;
● Bailes funk que ocorrem em
favelas e comunidades pobres.
7. Metodologia
● Análise descritiva;
● Amostra aleatória;
● Utilizou-se o aplicativo Google Forms, ferramenta do Google Drive.
A amostra utilizada para o estudo considerou as respostas de 100 membros às
seguintes perguntas:
❖ Quantos anos você tem?;
❖ Qual é a sua renda (em salários mínimos)?;
❖ Com que frequência você escuta funk? Neste caso, 1 significa que você nunca
escuta e 5 que você escuta muito.
8. Metodologia
Quanto à segunda questão, foram disponibilizadas as seguintes opções de
resposta:
● Até 2 SM (Salários Mínimos);
● De 2 a 4 SM;
● De 4 a 10 SM;
● De 10 a 20 SM;
● Mais de 20 SM.
IBGE 2016
12. Resultados referentes ao Formulário
Renda (X) Consumo de funk (Y)
Média 2,38 2,43
Moda 3
(de 4 a 10 SM)
2
(baixo consumo de funk)
Mediana 2
(de 2 a 4 SM)
2
Em relação à amostra estudada:
● 86% dos entrevistados encontram-se no intervalo de idade de 16-25;
● A maioria deles possuem uma renda familiar de 4 a 10 SM, constituindo 41% da
amostra;
● Pode-se afirmar que a 61% dos membros da amostra não consomem ou
consomem muito pouco este estilo musical.
Tabela I - Medidas de Tendência Central da Amostra Estudada
13. Resultados - Aplicação da Fórmula de Pearson
● Cálculo do coeficiente de correlação (r);
14. Resultados - Aplicação da Fórmula de Pearson
● Cálculo do gl : gl = N-2= 100-2 = 98
● Analisando a tabela de valores críticos para r (link disponível na seção Referências
Bibliográficas), observa-se:
alfa=0,05 -> r tabelado = 0,164
para gl= 100
alfa= 0,01 -> r tabelado = 0,230
● Como r obtido é menor do que r tabelado, conclui-se que a hipótese de pesquisa
pode ser descartada e que a hipótese nula deve ser aceita.
15. Conclusão
● Não tem correlação;
○ Mantém-se a hipótese nula;
● Pode-se dizer, dessa forma, que embora o funk tenha sua origem nas
periferias brasileiras, já é consumido em níveis não muito diferentes em
outros espaços.
○ Nos espaços internacionais ainda começa o consumo desta manifestação cultural;
● É importante pontuar que nem a população nem a amostra utilizadas
nesta investigação podem ser consideradas fielmente representativas do
contexto brasileiro.
16. Referências Bibliográficas
HAAG, Carlos. ‘’A cultura da periferia’’. Revista Continente, nº72. Recife, 2006.
https://www.revistacontinente.com.br/secoes/954-revista/especial-mimo/16852-a-cultura-da-periferia.html <acesso em
24/04/2017>
HERSCHMANN, M. “O funk e o hip hop invadem a cena”. Rio de Janeiro : Editora UFRJ, 2000, v.1
PEREIRA, Alexandre. ‘’Funk ostentação em São Paulo: Imaginação, consumo e novas tecnologias da informação e
da comunicação’’- Revista de Estudos Culturais da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São
Paulo, nº 1. - http://each.uspnet.usp.br/revistaec/?q=revista/1/ funk-ostenta%C3%A7%C3%A3o-em-s%C3%A3o-paulo-
imagina%C3%A7%C3%A3o-consumo-e-novas-tecnologias-da-informa%C3%A7%C3%A3o-e-da <acesso em 23/04/2017>
17. Referências Bibliográficas
SÁ, Simone. “Funk Carioca: Música Eletrônica Popular Brasileira?!”. Revista da Associação Nacional dos Programas
de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Tuiuti do Paraná. Curitiba, 2007.
Tabela de valores críticos de r aos níveis de significância 0,05, 0,025, 0,01 e 0,005. Disponível em
http://www.uv.es/meliajl/Docencia/Tablas/TablaR.PDF.
VIANA, Lucina. “O FUNK NO BRASIL: MÚSICA DESINTERMEDIADA NA CIBERCULTURA”. Sonora, Universidade de
Campinas. Campinas, 2010.
VIANNA, Hermano. ‘’O mundo do funk carioca de Hermano Vianna’’ - BUALA, 2011. http://www.buala.org/pt/a-ler/o-
mundo-do-funk-carioca-de-hermano-vianna <acesso em 23/04/2017>
18. Referências Bibliográficas
PEREIRA, Alexandre. ‘’A escola, a juventude, o funk e a periferia em São Paulo’’ - Revista GGN. 29 de janeiro de
2014. http://jornalggn.com.br/noticia/a-escola-a-juventude-o-funk-e-a-periferia-em-sao-paulo-por-alexandre-pereira <acesso
em 23/04/2017>