Apresentação desenvolvida para a Disciplina MÉTODOS E TÉCNICAS DE ANÁLISE DA INFORMAÇÃO PARA O PLANEJAMENTO do curso de Bacharelado em Planejamento Territorial da Universidade Federal do ABC (UFABC). São Bernardo do Campo, agosto de 2017.
Análise da Mortalidade por Agressão da População Negra em São Paulo
1.
2. Métodos e Técnicas de Análise da Informação
para o Planejamento Territorial - 2017.2
Prof.ª Dr.ª Flávia Feitosa
Bruna de Souza Fernandes
Isabella Aragao Araujo
Priscila dos Santos
Vinícius Marques Pitanga
21012915
21062913
21035014
21009015
3. Análise da mortalidade por homicídios no Brasil - Filho et al
Analisou a mortalidade por homicídios no Brasil em 2003 e sua tendência de 1980 a 2003. Utilizaram-se os óbitos
captados pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). Houve diferencial no risco de mortalidade segundo
raça/cor e condição social – escolaridade. Indivíduos negros (pretos e pardos) associaram-se a pior condição
social e a maior risco de homicídio, comparados aos brancos. A taxa padronizada de mortalidade por arma de fogo
cresceu no Brasil, de 1980 a 2003, quase quintuplicando entre homens de 15 a 29 anos de idade. Os resultados ilustram
a utilização de sistemas de informações para a produção de resultados que subsidiem ações e políticas públicas de
prevenção e controle desses eventos.
FILHO, ADAUTO ; SOUZA, M F M ; GAZAL-CARVALHO C ; DEBORAH, C. M. ; ALENCAR, A. P. ;
MORAIS NETO, O. L. . Análise da Mortalidade por Homicídios no Brasil. Epidemiologia e
Serviços de Saúde, v. 16, p. 7-18, 2007.
4. Referencial Teórico
É “o fracasso das instituições e organizações em prover um serviço
profissional e adequado às pessoas em virtude de sua cor, cultura, origem
racial ou étnica. Ele se manifesta em normas, práticas e
comportamentos discriminatórios adotados no cotidiano do trabalho, os
quais são resultantes do preconceito racial, uma atitude que combina
estereótipos racistas, falta de atenção e ignorância. Em qualquer caso, o
racismo institucional sempre coloca pessoas de grupos raciais ou étnicos
discriminados em situação de desvantagem no acesso a benefícios
gerados pelo Estado e por demais instituições e organizações”. (CRI, 2006,
p.17)
Racismo Institucional
As taxas de mortalidade da população negra estão associadas ao racismo institucional?
Qual a relação entre as variáveis renda, índice de Gini, IDHM e grau de urbanização e a mortalidade por agressão para
populações brancas e negras? E como se diferenciam os grupos de municípios do Índice Paulista de Responsabilidade
Social - IPRS em relação às taxas de mortalidade?
Hipótese
Refere-se a comportamentos discriminatórios que ocorrem entre
pessoas, correspondendo ao tratamento hostil, desrespeitoso e/ou
excludente direcionado às pessoas negras, motivado pela crença em sua
inferioridade devido a sua raça/cor. É definido como preconceito e
discriminação onde, o preconceito é o pressuposto diferencial sobre as
habilidades, motivações e intenções de outros, motivado por raça; e
discriminação são ações diferenciais em relação a outros motivados por
raça, sendo intencionais ou não, incluindo também atos de omissão. (JONES,
s/ data, p.10-11)
Racismo Interpessoal
5. Área de Estudo
Capital: São Paulo
População estimada 2016: 44.749.699
População2010: 41.262.199
Área (km²) 2016: 248.219,627
Densidade demográfica(hab/km²) 2010: 166,23
Rendimento nominal mensal domiciliar per
capita da população residente (Reais)2016: 1.723
Número de Municípios: 645
6. Análise exploratória das variáveis
Formulação de hipóteses e perguntas a partir da
observação inicial
Levantamento e análise inicial de dadosEtapa 1
Etapa 2
Etapa 3
Autocorrelação espacialEtapa 4
Regressão clássica, múltipla e espacialEtapa 5
ConclusõesEtapa 7
Metodologia
7. Dados Utilizados
Para realizar as análises sobre a mortalidade por agressão da população negra, foram utilizados dados do Sistema de Informações sobre
Mortalidade (SIM), do Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE) do governo do Estado de São Paulo e do Censo Demográfico do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Como variável dependente optou-se pela análise de dados de mortalidade por causas externas do grande grupo da CID-10 de agressões
(X85-Y09). Os óbitos foram analisados por local de residência segundo cor/raça, abrangendo os 645 municípios do estado de São Paulo. No
uso da variável raça/cor foram considerados o total, além das categorias branca e negra, combinando pretos e pardos nesta última. Para
maior precisão nos comparativos foram calculadas três diferentes taxas de mortalidade por agressão por 100.000 habitantes de cada grupo
residente nos municípios de análise, utilizando os números de ocorrências obtidos no portal do DATASUS, da seguinte forma:
TaxMAB = Taxa de mortalidade por agressão da população branca
TaxMAN = Taxa de mortalidade por agressão da população negra
TaxMAT = Taxa de mortalidade por agressão da população total
OMB = Ocorrência de óbitos por mortalidade na população branca
OMN = Ocorrência de óbitos por mortalidade na população negra
OMT = Ocorrência de óbitos por mortalidade na população total
9. Índice Paulista de Responsabilidade Social - IPRS
Dimensão
Escolaridade
IPRS
Dimensão
Longevidade
Dimensão
Riqueza
Geração de um indicador de escolaridade baseado
em registros administrativos e não em base
censitária.
♦ Energia elétrica residencial por ligação;
♦ Energia elétrica na agricultura, no comércio e
nos serviços por ligação
♦ Remuneração média dos empregados com
carteira assinada e do setor público
Valor adicionado fiscal per capita
Taxa de Mortalidade perinatal
Taxa de Mortalidade infantil
Taxa de Mortalidade de adultos de 15 a 39 anos
Taxa de Mortalidade de adultos de 60 anos e mais
Os indicadores do IPRS sintetizam a situação de cada
município no que diz respeito à riqueza, escolaridade e
longevidade, e quando combinados geram uma tipologia
que classifica os municípios do Estado de São Paulo
em cinco grupos.
GRUPOS
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
Grupo 4
Grupo 5
Nível elevado de riqueza com bons níveis nos
indicadores sociais.
Níveis de riqueza elevados, mas não são capazes
de atingir bons indicadores sociais
Nível de riqueza baixo, mas com bons
indicadores sociais
Baixos níveis de riqueza e níveis intermediários
de longevidade e/ou escolaridade
Municípios mais desfavorecidos do Estado, tanto
em riqueza quanto nos indicadores sociais
DESCRIÇÃO
10.
11. Autocorrelação Espacial - Negra
● Ausência de aleatoriedade na
distribuição espacial
● Matriz de contiguidade
○ Índice de Moran = 0,0946635
■ p-valor = 0,001
12. Autocorrelação Espacial - Negra
● Ausência de aleatoriedade na
distribuição espacial
● Matriz de contiguidade
○ Índice de Moran = 0,0946635
■ p-valor = 0,001
● Autocorrelação positiva e significante
28. Análise de Variância
SQM ≠ 0, linha de regressão
não horizontal.
SQR ≠ 0, as observações não
caem na linha de regressão.
Teste F > 1.
29. Parâmetros do Modelo
Coeficientes não
Padronizados
Taxa Mortalidade por
Agressão da População
Negra = [3,656 + (-2,296) x
IDHM + 0,006 x IPRS
Escolaridade + (-0,004) x
Grau Urbanização + (-
0,006) x IPRS Riqueza + (-
0,635) x GINI]
30. Parâmetros do Modelo
Valores significativos de t:
menores que 0,05, então
as variáveis X estão
fazendo uma contribuição
significativa.
Estatísticas de
Colinearidade
FIV < 10
Tolerância > 0,02
Colinearidade não é um
problema nesta análise.
Intervalos de confiança:
apresentaram valores
pequenos e a maioria das
relações entre X e Y foram
negativas.
31. Variáveis Excluídas
A cada estágio da
análise de regressão é
fornecido um resumo do
SPSS sobre qualquer
variável que ainda não
tenha sido adicionada ao
modelo.
Na regressão passo a
passo (stepwise), a
variável com estatística t
mais alta é adicionada e
o processo continua até
que não reste nenhum
com estatística t com
valor inferior a 0,05.
34. Normalidade dos Resíduos da População Negra
Histograma dos Resíduos Padronizados da
Regressão.
Gráfico de Probabilidade Normal
Acumulada Observada
Diagrama de Dispersão dos Valores
Previstos da Regressão Padronizados
Hipótese nula rejeitada!
35. Regressão Múltipla da Taxa de Mortalidade por Agressão da População Branca de 2010
Taxa de mortalidade por agressão da população branca = [3,994 + (-0,431) x GINI + (-2,590) x IDHM + (-0,002) x Grau
Urbanização + (0,002) x IPRS Riqueza + (-0,005) x IPRS Longevidade + (-0,004) x IPRS Escolaridade]
Normalidade dos Resíduos da População Branca
Histograma dos Resíduos Padronizados da
Regressão.
Gráfico de Probabilidade Normal
Acumulada Observada
Diagrama de Dispersão dos Valores
Previstos da Regressão Padronizados
37. Conclusão: Questões Complexas para Debate
Após o processo de estudo e análise dos dados,
percebemos que para que exista a possibilidade da hipótese
nula ser rejeitada, seria necessário um detalhamento maior
sobre a mortalidade por agressão e as taxas relacionadas ao
que conceituamos como racismo institucional. Houve então, um
problema com a escala de tratamento da análise, uma
vez que o racismo institucional é um fenômeno complexo e
imbricado em todo sistema institucional e a mortalidade por
agressão do grupo CID10 abrange todo tipo de agressão e não
somente as associadas às instituições.
Os resultados obtidos demonstram que o
modelo final satisfaz os testes de colinearidade e
independência de resíduos, além disso, os gráficos
apresentaram normalidade, possibilitando concluir que
existe uma relação entre as taxas de mortalidade por
agressão e a riqueza ou grau de urbanização de
determinado município.
38. Referências Bibliográficas
COSTA, Marli; D’OLIVEIRA, Marcele; D’OLIVEIRA, Mariane. Discurso e Poder: A Midiatização das Relações de Gênero.
Santa Maria: 2012. Disponível em: <http://coral.ufsm.br/congressodireito/anais/2012/16.pdf>. Acesso em: 19/06/2017.
ARAÚJO, E. M.; COSTA, M. C. N. ; Hogan, V. ; ARAÚJO, T. M. ; DIAS, Acácia Batista ; OLIVEIRA, L.O.A . A Utilização da
Variável Raça/Cor em Saúde Pública: Possibilidades e Limites. Interface (Botucatu. Impresso), v. 13, p. 383-394, 2009.
ARAÚJO, E. M.; Costa, Maria Conceição Nascimento ; Mota, E ; Hogan, V. ; Oliveira, N. F. ; ARAÚJO, T. M. . Diferenciais de
Raça/Cor da Pele em Anos Potenciais de Vida Perdidos por Causas Externas. Revista de Saúde Pública (USP. Impresso), v.
43, p. 405-412, 2009.
SOUZA, Arivaldo Santos de. RACISMO INSTITUCIONAL: PARA COMPREENDER O CONCEITO. Revista da Associação
Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN), [S.l.], v. 1, n. 3, p. 77-88, fev. 2011. ISSN 2177-2770. Disponível em:
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LIMA, Maria Luiza Carvalho de ; Ximenes, Ricardo Arraes de Alencar ; SOUZA, Edinilsa Ramos de ; LUNA, C F ;
ALBUQUERQUE, Maria de Fátima Pessoa Militão de . Análise espacial dos determinantes socioeconômicos dos homicídios
no Estado de Pernambuco. Revista de Saúde Pública / Journal of Public Health, v. 39, p. 176-182, 2005.
39. Referências Bibliográficas
FILHO,ADAUTO ; SOUZA, M F M ; GAZAL-CARVALHO C ; DEBORAH, C. M. ; ALENCAR, A. P. ; MORAIS NETO, O. L. .
Análise da Mortalidade por Homicídios no Brasil. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 16, p. 7-18, 2007.
Brasil. Ministério da Saúde. Painel de Indicadores SUS Temático Saúde da População Negra. Br sília. 2016. 82 p. : il. (Painel
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IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Atlas da Violência. Brasília. 2017. 69 p. : il. Disponível em:
http://www.ipea.gov.br/portal/images/170602_atlas_da_violencia_2017.pdf.
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19/06/2017.
ROSENBERG, M. S. 2001. PASSAGE. Pattern Analysis, Spatial Statistics, and Geographic Exegesis. Version 1.1.
Department of Biology, Arizona State University, Tempe, AZ.