Este documento discute a história da apropriação do setor público de radiodifusão pelo setor privado no Brasil. Desde a década de 1960, a legislação brasileira tem facilitado os interesses privados de empresas e políticos nas concessões de rádio e TV, em detrimento dos interesses públicos. Ao longo das décadas, apesar de algumas mudanças, o critério que prevaleceu foi sempre a supremacia dos interesses privados sobre o caráter público das concessões.
Aula sobre a Cultura da Convergência, conceito do estudioso de mídias Henry Jenkins. Disciplina Mídia II, Escola de Comunicação Social / Publicidade e Propaganda - Facha (RJ). Prof. Luiz Agner.
O documento discute os gêneros de quadrinhos, incluindo as principais diferenças entre tiras, histórias em quadrinhos e charges. Também aborda os recursos utilizados nos quadrinhos para representar a oralidade, como balões, letras estilizadas, reticências e onomatopeias. Por fim, apresenta os diferentes níveis da fala nos quadrinhos.
O documento descreve os principais tipos de narradores em narrativas: narrador em primeira pessoa, que conta a história usando "eu"; narrador em terceira pessoa, que descreve os eventos sem se referir diretamente; narrador protagonista, que é a personagem central da história; e narrador testemunha, que presencia os eventos sem participar diretamente.
O texto discute a intertextualidade e como os sentidos são construídos a partir de diálogos entre vozes e textos diferentes. Aponta que todo texto é permeado por outros textos e enunciadores, de forma concordante ou dissonante, caracterizando a linguagem como essencialmente dialógica e polifônica.
O documento apresenta a estrutura de uma carta aberta, definindo-a como uma carta dirigida publicamente a alguém por meio da imprensa. Em seguida, descreve a estrutura mínima de uma carta aberta, com título, introdução, desenvolvimento, conclusão, despedida e assinatura. Por fim, analisa um exemplo de carta aberta e discute suas peculiaridades.
O documento discute o gênero textual da propaganda e como ensiná-lo em aulas de língua estrangeira. Ele fornece exemplos de propagandas, objetivos de aprendizagem, e sugestões para atividades como analisar estereótipos de gênero e produzir novas propagandas.
Reportagem ( Gênero textual - conceitos)Luis Lacerda
O documento descreve a estrutura básica de uma reportagem, incluindo título, subtítulo, entretítulos, janela e boxe explicativo. Também discute elementos como linguagem, iconografia e tipos de reportagens, como de ação, fatos e documental.
O documento descreve a literatura de cordel, um gênero literário popular do Brasil escrito em forma rimada e impresso em folhetos. A literatura de cordel teve origem em Portugal e é conhecida no Brasil como folhetos de cordel, abordando temas do cotidiano em versos recitados de forma musical. A Biblioteca Central da UEL possui uma grande coleção desse gênero literário.
Aula sobre a Cultura da Convergência, conceito do estudioso de mídias Henry Jenkins. Disciplina Mídia II, Escola de Comunicação Social / Publicidade e Propaganda - Facha (RJ). Prof. Luiz Agner.
O documento discute os gêneros de quadrinhos, incluindo as principais diferenças entre tiras, histórias em quadrinhos e charges. Também aborda os recursos utilizados nos quadrinhos para representar a oralidade, como balões, letras estilizadas, reticências e onomatopeias. Por fim, apresenta os diferentes níveis da fala nos quadrinhos.
O documento descreve os principais tipos de narradores em narrativas: narrador em primeira pessoa, que conta a história usando "eu"; narrador em terceira pessoa, que descreve os eventos sem se referir diretamente; narrador protagonista, que é a personagem central da história; e narrador testemunha, que presencia os eventos sem participar diretamente.
O texto discute a intertextualidade e como os sentidos são construídos a partir de diálogos entre vozes e textos diferentes. Aponta que todo texto é permeado por outros textos e enunciadores, de forma concordante ou dissonante, caracterizando a linguagem como essencialmente dialógica e polifônica.
O documento apresenta a estrutura de uma carta aberta, definindo-a como uma carta dirigida publicamente a alguém por meio da imprensa. Em seguida, descreve a estrutura mínima de uma carta aberta, com título, introdução, desenvolvimento, conclusão, despedida e assinatura. Por fim, analisa um exemplo de carta aberta e discute suas peculiaridades.
O documento discute o gênero textual da propaganda e como ensiná-lo em aulas de língua estrangeira. Ele fornece exemplos de propagandas, objetivos de aprendizagem, e sugestões para atividades como analisar estereótipos de gênero e produzir novas propagandas.
Reportagem ( Gênero textual - conceitos)Luis Lacerda
O documento descreve a estrutura básica de uma reportagem, incluindo título, subtítulo, entretítulos, janela e boxe explicativo. Também discute elementos como linguagem, iconografia e tipos de reportagens, como de ação, fatos e documental.
O documento descreve a literatura de cordel, um gênero literário popular do Brasil escrito em forma rimada e impresso em folhetos. A literatura de cordel teve origem em Portugal e é conhecida no Brasil como folhetos de cordel, abordando temas do cotidiano em versos recitados de forma musical. A Biblioteca Central da UEL possui uma grande coleção desse gênero literário.
O documento discute os conceitos de texto e compreensão textual. Define texto como uma ocorrência linguística escrita com significado e unidade semântica e formal. Explica que a compreensão textual requer conhecimentos do contexto sócio-histórico-cultural, do sistema linguístico e dos mecanismos de produção de sentido em textos.
Este documento discute os três modos de organização de texto - descrição, narração e dissertação - que são comuns em provas de português. Ele se concentra especificamente na descrição, definindo-a como a caracterização detalhada de objetos, pessoas ou lugares através da observação cuidadosa. O documento explica as características e estruturas da descrição objetiva e subjetiva, fornecendo exemplos literários destes estilos descritivos.
A carta resume a indignação do autor com a prática de nepotismo nos poderes públicos e propõe medidas para conter a empregabilidade ilícita, como a exigência de concursos públicos para ocupação de cargos e a proibição de nomeações de parentes. No primeiro parágrafo, expressa a insatisfação com atos recentes. Nos seguintes, cita a lei que veda nepotismo e defende a qualificação via concurso como critério para ocupação de cargos. Na conclusão, pede providências do deputado.
O documento lista e descreve diferentes tipos de conjunções em português. Ele divide as conjunções em coordenativas, que ligam orações independentes, e subordinativas, que ligam orações dependentes. Em seguida, ele fornece exemplos de cada tipo de conjunção, incluindo aditivas, adversativas, condicionais, causais e outras.
Os slides abordam conceitos de tese, argumento, sua relação sob o tema "Violência contra os animais", com exercícios de fixação interessantes a respeito
AULA 04 - TIPOS DE SUJEITO e EXERCÍCIOS.pptMarliaLiloca
Este documento discute os conceitos de sujeito e predicado na língua portuguesa. Explica que o sujeito representa o ser sobre o qual se diz algo e o predicado representa o que é dito sobre o sujeito. Também classifica os tipos de sujeito e discute as posições que o sujeito pode assumir na oração. Por fim, apresenta exercícios para identificar e classificar sujeitos.
O manifesto alerta que o Supremo Tribunal Federal julgará um recurso que pode desregular a profissão de jornalista ao eliminar a exigência de diploma universitário em Jornalismo. Isso ameaça o direito à informação independente e plural da sociedade brasileira, essencial para a democracia. O manifesto defende a manutenção da formação superior como conquista histórica dos jornalistas e da sociedade que elevou a qualidade do jornalismo no país.
O documento discute os conceitos de coerência e coesão textual. A coerência refere-se à manutenção do mesmo tema e sentido ao longo do texto, enquanto a coesão refere-se às conexões gramaticais entre as partes do texto. Um texto precisa de coerência e coesão para fazer sentido de forma clara e lógica.
O documento discute a importância de ser poliglota em nossa própria língua, ou seja, saber usar diferentes registros linguísticos de acordo com o contexto. Aprendemos que precisamos nos comunicar de forma informal com amigos, mas de forma mais formal com autoridades. Além disso, todas as línguas variam de acordo com fatores como região e nível educacional, portanto não devemos julgar outras variantes linguísticas.
A crônica é uma forma textual que narra fatos do cotidiano de forma curta e em linguagem simples. Ela costuma ser publicada em jornais e revistas com o objetivo de entreter os leitores. As crônicas geralmente possuem caráter humorístico, crítico ou satírico e descrevem personagens comuns em situações do dia a dia.
O documento descreve três tipos de discurso: direto, indireto e indireto livre. O discurso direto reproduz literalmente o que foi dito. O discurso indireto filtra a fala através do narrador, com mudanças gramaticais. O discurso indireto livre insere a fala no meio da narrativa sem aspas ou verbos de fala.
1) A literatura de cordel é uma poesia popular brasileira escrita em folhetos vendidos em feiras e composta por versos, rimas e xilogravuras.
2) As obras de cordel abordam temas do cotidiano nordestino como amor, luta e fé e têm a função de entreter e educar o público.
3) Além de manter tradições culturais e literárias regionais, a literatura de cordel contribui para a disseminação do hábito da leitura e do combate ao analfabetismo.
A cultura de convergência é um conceito onde os velhos meios de comunicação passivos "colidem" com os novos meios interativos, resultando em conteúdos distribuídos em várias plataformas e usuários que produzem e difundem informação, provocando mudanças tecnológicas, culturais, econômicas e sociais.
O texto argumenta que a convivência com a diferença é necessária para uma sociedade pluralista, mas nem sempre fácil. Embora a tolerância e o respeito aos direitos humanos sejam importantes, casos de discriminação e violência contra pessoas por suas características fenotípicas mostram que certos grupos ainda têm dificuldade em aceitar a diferença do outro.
O documento define narrativa como um texto que relata fatos ou acontecimentos de forma linear ou não-linear envolvendo personagens cujas ações são contadas por um narrador. Apresenta os elementos da narrativa como narrador, personagens, espaço, tempo, enredo e tipos de discurso.
A oficina foi desenvolvida com intuito de desenvolver a sensibilidade crítica dos alunos através da ressignificação do assunto histórico “Cangaço”, construindo sua própria versão sobre este. Após a discussão do texto introdutório e da exibição de slides sobre a referida temática, bem como após a exposição de slides sobre a literatura de cordel, foi solicitados que os alunos construíssem capas de cordéis acerca da sua versão sobre “O cangaço”. A oficina foi desenvolvida na turma do 9° Ano “B” do Ensino Fundamental II, no turno da manhã, na Escola Estadual de Ensino Fundamental Senador Humberto Lucena, em 21 de setembro de 2017.
1) Um período composto por coordenação é constituído por orações coordenadas independentes.
2) Existem orações coordenadas sindéticas, que possuem conjunções, e assindéticas, que não possuem.
3) As orações coordenadas sindéticas são classificadas em aditiva, adversativa, alternativa, conclusiva e explicativa.
SEMANA 04 - LÍNGUA PORTUGUESA – 2ª SÉRIE – GÊNEROS DISCURSIVOS E DIGITAISGernciadeProduodeMat
O documento discute diferentes linguagens e suas tecnologias, abordando a linguagem verbal e não verbal. Apresenta a Língua Brasileira de Sinais e como ela se comunica através de movimentos corporais e expressões faciais. Também menciona outras linguagens como música, cinema, teatro e publicidade.
O documento descreve aspectos do Barroco no Brasil, introduzido pelos jesuítas nos séculos XVI-XVII. Apresenta os principais escritores barrocos como Gregório de Matos e Padre Antônio Vieira, além de discutir a arquitetura e pintura barrocas com exemplos de igrejas em Minas Gerais.
Concessões de rádio e TV: onde a democracia ainda não chegouMatheus Sampaio
O documento discute os problemas do atual sistema brasileiro de concessões de rádio e TV, que permite a apropriação do espectro eletromagnático, um bem público, por interesses privados. A legislação é frágil e permite a renovação automática das concessões sem critérios ou fiscalização, transformando-as em "capitanias hereditárias". Isso concentra a comunicação em poucos grupos em prejuízo da diversidade.
Concessões de Rádio e TV onde a democracia não chegouMiro Santos
O documento discute os problemas do atual sistema brasileiro de concessões de rádio e TV, que permite a apropriação do espectro eletromagnático, um bem público, por interesses privados. A legislação é frágil e permite a renovação automática das concessões sem critérios ou fiscalização, transformando-as em "capitanias hereditárias". Isso concentra a comunicação em poucos grupos em prejuízo da diversidade.
O documento discute os conceitos de texto e compreensão textual. Define texto como uma ocorrência linguística escrita com significado e unidade semântica e formal. Explica que a compreensão textual requer conhecimentos do contexto sócio-histórico-cultural, do sistema linguístico e dos mecanismos de produção de sentido em textos.
Este documento discute os três modos de organização de texto - descrição, narração e dissertação - que são comuns em provas de português. Ele se concentra especificamente na descrição, definindo-a como a caracterização detalhada de objetos, pessoas ou lugares através da observação cuidadosa. O documento explica as características e estruturas da descrição objetiva e subjetiva, fornecendo exemplos literários destes estilos descritivos.
A carta resume a indignação do autor com a prática de nepotismo nos poderes públicos e propõe medidas para conter a empregabilidade ilícita, como a exigência de concursos públicos para ocupação de cargos e a proibição de nomeações de parentes. No primeiro parágrafo, expressa a insatisfação com atos recentes. Nos seguintes, cita a lei que veda nepotismo e defende a qualificação via concurso como critério para ocupação de cargos. Na conclusão, pede providências do deputado.
O documento lista e descreve diferentes tipos de conjunções em português. Ele divide as conjunções em coordenativas, que ligam orações independentes, e subordinativas, que ligam orações dependentes. Em seguida, ele fornece exemplos de cada tipo de conjunção, incluindo aditivas, adversativas, condicionais, causais e outras.
Os slides abordam conceitos de tese, argumento, sua relação sob o tema "Violência contra os animais", com exercícios de fixação interessantes a respeito
AULA 04 - TIPOS DE SUJEITO e EXERCÍCIOS.pptMarliaLiloca
Este documento discute os conceitos de sujeito e predicado na língua portuguesa. Explica que o sujeito representa o ser sobre o qual se diz algo e o predicado representa o que é dito sobre o sujeito. Também classifica os tipos de sujeito e discute as posições que o sujeito pode assumir na oração. Por fim, apresenta exercícios para identificar e classificar sujeitos.
O manifesto alerta que o Supremo Tribunal Federal julgará um recurso que pode desregular a profissão de jornalista ao eliminar a exigência de diploma universitário em Jornalismo. Isso ameaça o direito à informação independente e plural da sociedade brasileira, essencial para a democracia. O manifesto defende a manutenção da formação superior como conquista histórica dos jornalistas e da sociedade que elevou a qualidade do jornalismo no país.
O documento discute os conceitos de coerência e coesão textual. A coerência refere-se à manutenção do mesmo tema e sentido ao longo do texto, enquanto a coesão refere-se às conexões gramaticais entre as partes do texto. Um texto precisa de coerência e coesão para fazer sentido de forma clara e lógica.
O documento discute a importância de ser poliglota em nossa própria língua, ou seja, saber usar diferentes registros linguísticos de acordo com o contexto. Aprendemos que precisamos nos comunicar de forma informal com amigos, mas de forma mais formal com autoridades. Além disso, todas as línguas variam de acordo com fatores como região e nível educacional, portanto não devemos julgar outras variantes linguísticas.
A crônica é uma forma textual que narra fatos do cotidiano de forma curta e em linguagem simples. Ela costuma ser publicada em jornais e revistas com o objetivo de entreter os leitores. As crônicas geralmente possuem caráter humorístico, crítico ou satírico e descrevem personagens comuns em situações do dia a dia.
O documento descreve três tipos de discurso: direto, indireto e indireto livre. O discurso direto reproduz literalmente o que foi dito. O discurso indireto filtra a fala através do narrador, com mudanças gramaticais. O discurso indireto livre insere a fala no meio da narrativa sem aspas ou verbos de fala.
1) A literatura de cordel é uma poesia popular brasileira escrita em folhetos vendidos em feiras e composta por versos, rimas e xilogravuras.
2) As obras de cordel abordam temas do cotidiano nordestino como amor, luta e fé e têm a função de entreter e educar o público.
3) Além de manter tradições culturais e literárias regionais, a literatura de cordel contribui para a disseminação do hábito da leitura e do combate ao analfabetismo.
A cultura de convergência é um conceito onde os velhos meios de comunicação passivos "colidem" com os novos meios interativos, resultando em conteúdos distribuídos em várias plataformas e usuários que produzem e difundem informação, provocando mudanças tecnológicas, culturais, econômicas e sociais.
O texto argumenta que a convivência com a diferença é necessária para uma sociedade pluralista, mas nem sempre fácil. Embora a tolerância e o respeito aos direitos humanos sejam importantes, casos de discriminação e violência contra pessoas por suas características fenotípicas mostram que certos grupos ainda têm dificuldade em aceitar a diferença do outro.
O documento define narrativa como um texto que relata fatos ou acontecimentos de forma linear ou não-linear envolvendo personagens cujas ações são contadas por um narrador. Apresenta os elementos da narrativa como narrador, personagens, espaço, tempo, enredo e tipos de discurso.
A oficina foi desenvolvida com intuito de desenvolver a sensibilidade crítica dos alunos através da ressignificação do assunto histórico “Cangaço”, construindo sua própria versão sobre este. Após a discussão do texto introdutório e da exibição de slides sobre a referida temática, bem como após a exposição de slides sobre a literatura de cordel, foi solicitados que os alunos construíssem capas de cordéis acerca da sua versão sobre “O cangaço”. A oficina foi desenvolvida na turma do 9° Ano “B” do Ensino Fundamental II, no turno da manhã, na Escola Estadual de Ensino Fundamental Senador Humberto Lucena, em 21 de setembro de 2017.
1) Um período composto por coordenação é constituído por orações coordenadas independentes.
2) Existem orações coordenadas sindéticas, que possuem conjunções, e assindéticas, que não possuem.
3) As orações coordenadas sindéticas são classificadas em aditiva, adversativa, alternativa, conclusiva e explicativa.
SEMANA 04 - LÍNGUA PORTUGUESA – 2ª SÉRIE – GÊNEROS DISCURSIVOS E DIGITAISGernciadeProduodeMat
O documento discute diferentes linguagens e suas tecnologias, abordando a linguagem verbal e não verbal. Apresenta a Língua Brasileira de Sinais e como ela se comunica através de movimentos corporais e expressões faciais. Também menciona outras linguagens como música, cinema, teatro e publicidade.
O documento descreve aspectos do Barroco no Brasil, introduzido pelos jesuítas nos séculos XVI-XVII. Apresenta os principais escritores barrocos como Gregório de Matos e Padre Antônio Vieira, além de discutir a arquitetura e pintura barrocas com exemplos de igrejas em Minas Gerais.
Concessões de rádio e TV: onde a democracia ainda não chegouMatheus Sampaio
O documento discute os problemas do atual sistema brasileiro de concessões de rádio e TV, que permite a apropriação do espectro eletromagnático, um bem público, por interesses privados. A legislação é frágil e permite a renovação automática das concessões sem critérios ou fiscalização, transformando-as em "capitanias hereditárias". Isso concentra a comunicação em poucos grupos em prejuízo da diversidade.
Concessões de Rádio e TV onde a democracia não chegouMiro Santos
O documento discute os problemas do atual sistema brasileiro de concessões de rádio e TV, que permite a apropriação do espectro eletromagnático, um bem público, por interesses privados. A legislação é frágil e permite a renovação automática das concessões sem critérios ou fiscalização, transformando-as em "capitanias hereditárias". Isso concentra a comunicação em poucos grupos em prejuízo da diversidade.
O Ministério Público Federal entrou com ações para anular as concessões das TVs Canção Nova e Aparecida por terem sido outorgadas sem licitação, contrariando a Constituição. As emissoras transmitem programação religiosa católica mas a ação não questiona o conteúdo e sim o processo de concessão. As TVs alegam ter seguido a legislação vigente na época das concessões em 1997 e 2001.
Confecom Botucatu LíGia Qualidade Na MíDiaLígia Beatriz
O documento discute a qualidade do conteúdo nos meios de comunicação brasileiros, a concentração da mídia em poucas mãos e a falta de cumprimento da legislação que prevê programação educativa e regionalizada. Argumenta que é necessário um órgão regulador independente para garantir o cumprimento das leis e o acesso a informações diversificadas pela população.
Este documento descreve a história da ação civil pública movida por organizações da sociedade civil e o Ministério Público Federal contra o programa "Tarde Quente" por violação de direitos humanos, resultando na criação do programa "Direitos de Resposta" de 30 episódios para dar voz a grupos marginalizados.
Televisão comunitária: mobilização social para democratizar a comunicação no ...richard_romancini
Este documento resume um estudo sobre a televisão comunitária no Brasil. Começou como TV de rua para educar e mobilizar comunidades, mas agora existem canais comunitários na TV a cabo, geridos de forma coletiva por associações civis. Apesar de avanços, esses canais enfrentam problemas financeiros por falta de apoio do governo.
Apresentação PL de iniciativa popular por uma mídia democráticaGralha App
O documento descreve um projeto de lei de iniciativa popular para regulamentar a mídia no Brasil, visando promover a diversidade e impedir a concentração de poder nas mãos de poucas empresas. O projeto estabelece regras para dividir o espaço entre sistemas público, privado e estatal e cria um fundo para financiar a comunicação pública. Também proíbe a propriedade cruzada e limita o número de canais que podem ser detidos por uma mesma empresa ou família.
O que está em jogo nestas eleições?
É o título da revista INTERATIVA do SINTTEL, o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Telecomunicações do Estado do Rio de Janeiro.
Especial: É tudo um assunto só!
http://goo.gl/cpC8H3
Os que são hoje donos da mídia querem que a sociedade não compreenda os meios de comunicação como bens de interesse público, desconheça seu direito a ter acesso a um conjunto diversificado de informações e opiniões e não possua espaços para fazer denúncias e cobrar reparação diante de notícias falsas, distorções, preconceitos ou do silêncio imposto aos movimentos sociais. Com isso, eles limitam a discussão, a
participação da sociedade e suas possíveis conquistas.
Afinal, uma sociedade que não conhece seus direitos não pode reivindicá-los.
Especial: É tudo um assunto só!
http://goo.gl/cpC8H3
A entrevista discute a importância da televisão pública para a sociedade. A televisão pública deve dar voz a todos os cidadãos e melhorar a qualidade do debate público, promovendo o capital social e comunicacional. No entanto, há fragilidades como a confusão histórica entre comunicação pública e governamental e a influência política excessiva. A televisão pública deve ser financiada de forma independente e manter um diálogo aberto e inclusivo com a sociedade.
O documento discute a história das telecomunicações no Brasil e a inserção de serviços de informação no mercado de TV por assinatura, apresentando os casos da HBO Brasil e FizTV. Aborda o histórico das telecomunicações no país, o modelo de comunicação atual e detalhes sobre os modelos de negócio da TV aberta e por assinatura.
Seminário apresentado à disciplina Territórios Comunicacionais do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura da Universidade de Sorocaba - UNISO - Maio/2015
78 propostas prioritárias elencadas no Seminário Pós-Confecom que foi entregu...Luiza Erundina
Documento com as 78 propostas prioritárias elencadas no Seminário Pós-Confecom que foi entregue ao Ministro Paulo Bernardo pela Deputada Luiza Erundina.
O documento discute o potencial democrático dos meios de comunicação de massa e da internet. Apresenta diferentes perspectivas sobre como esses meios podem ser usados para fins democráticos ou comerciais. Também discute os desafios colocados pelas corporações e governos para controlar a internet, e os movimentos contra-hegemônicos que defendem a liberdade na rede.
Propostas da Confecom municipal para a cidade de São Paulo Frentex
O documento propõe a criação de políticas públicas municipais para fortalecer a comunicação democrática em São Paulo, incluindo a criação de um Conselho Municipal de Comunicação, um Fundo Municipal de Comunicação e planos para ampliar o acesso digital e as rádios comunitárias.
A entrevista discute o papel da Telebrás na universalização da banda larga no Brasil. O entrevistado afirma que (1) a Telebrás desempenha um papel fundamental para ampliar a cobertura da banda larga, fazendo com que as operadoras ampliem sua rede; (2) o Plano Nacional de Banda Larga tem como objetivos promover a inclusão digital e reduzir desigualdades, além de gerar empregos de qualidade na área tecnológica e ampliar o acesso aos serviços públicos digitais
O documento discute a importância do direito humano à comunicação e propõe 7 ações para candidatos às eleições municipais de 2012 no Brasil: 1) criação de secretarias municipais de comunicação focadas nos cidadãos; 2) fortalecimento de sistemas públicos de comunicação; 3) fomento à produção independente e comunicação comunitária.
Caderno de Textos do seminário “Por um Novo Marco Regulatório para as Comunic...PT Paraná
1) O documento discute a necessidade de um novo Marco Regulatório para as Comunicações no Brasil que amplie a democracia e a participação dos cidadãos.
2) O PT defende que o novo marco regulatório deve garantir a liberdade de expressão, o acesso plural às redes de comunicação e a participação social na elaboração de políticas do setor.
3) O documento traça a história da defesa da democratização dos meios de comunicação pelo PT desde sua fundação.
Gestão das Rádios Comunitárias do Vale do Itajaí: Uma tentativa de mapeamento...Inara Oliveira Souza
1) O documento analisa o perfil das equipes que trabalham nas rádios comunitárias do Vale do Itajaí, um assunto pouco estudado.
2) Foi realizada uma pesquisa com as 31 rádios comunitárias da região para mapear o perfil de quem produz e administra as emissoras.
3) O estudo mostra que é importante conhecer a gestão e equipe das rádios comunitárias, já que isso influencia o conteúdo e qualidade da programação.
O documento discute os impactos da digitalização nos meios de comunicação de massa, especialmente na televisão. A digitalização derrubou barreiras entre meios e conteúdos e descentralizou a produção e distribuição, ameaçando o monopólio das emissoras de TV. O consumidor no ambiente digital tem mais poder de escolha sobre fornecedores e formatos de consumo de conteúdo.
Semelhante a Concessões de Rádio e TV - Intervozes (20)
Direito à Comunicação no Brasil - IntervozesJuliana Lofego
O documento discute o direito à comunicação no Brasil, abordando sua base constitucional e legal, implementação, papel dos diferentes atores envolvidos e tendências atuais e futuras. É dividido em quatro pilares: a) a esfera pública; b) uso do conhecimento e domínio público; c) liberdades civis na sociedade da informação; e d) acesso eqüitativo às TICs. O relatório analisa cada pilar com base em indicadores como liberdade de expressão, pluralidade, propriedade intelectual, priv
Este documento resume conceitos-chave da obra de Christian Metz sobre o significante imaginário no cinema. Ele discute como a psicanálise pode elucidar o significante cinematográfico, focando nos conceitos de desejo, voyerismo, feitiçismo e negação. Também aborda como o cinema explora as paixões perceptivas do espectador através de estratégias como a distância, ausência e duplicação.
Introdução à analise da Imagem (Joly, Martine)Juliana Lofego
Este documento apresenta uma introdução à análise da imagem escrita por Martine Joly. Resume os principais pontos teóricos abordados pela autora, incluindo a definição de imagem na perspectiva semiótica de Peirce e Barthes, as funções comunicativas da imagem, e a metodologia proposta para análise de imagens baseada na retórica visual. A autora parte da abordagem semiótica e destaca a importância do contexto na interpretação das imagens.
O documento descreve uma pesquisa sobre a implantação do Plano Diretor de Regionalização no estado do Acre, Brasil. A pesquisa avalia como as questões geográficas e sociais locais influenciam as estratégias de descentralização dos serviços de saúde. O estudo usa o câncer de colo de útero como condição traçadora e analisa os processos de mediação no acesso aos cuidados de saúde considerando as redes sociais e a integralidade.
1. RENOVAÇÃO AUTOMÁTICA Legislação precária e burocracia transformam concessões em capitanias hereditárias
informativo INTERVOZES | Novembro 2007
SEM CRITÉRIOS O IMPÉRIO DO VALE-TUDO A FARRA DOS PARLAMENTARES
Renovação das outorgas não Programação de muitas emissoras Embora a Constituição Federal
conta com avaliação dos serviços é ilegal, mas responsáveis fingem proíba, deputados e senadores
prestados pelos concessionários que não é com eles mantêm o controle de emissoras
2. Índice
Em nome do público,
mas sem o público 3
Uma história de apropriação
do público pelo privado 5
Renovação sem critérios 8
As capitanias hereditárias 10
No vale tudo, vende-se de tudo 13
O show da fé 15
Uma grande caixa-preta 16
Editorial A farra dos parlamentares
continua, apesar da Constituição 18
A Campanha por Democracia e Transparência nas Concessões de Rádio e TV –
liderada pela Coordenação de Movimentos Sociais (que reúne CUT, MST, UNE,
Marcha Mundial das Mulheres, entre outros) e por movimentos da área da Educativo, pero no mucho 21
comunicação, como o Intervozes e a Campanha pela Ética na TV – está nas ruas
desde o dia 5 de outubro, data em que venceram concessões de importantes emissoras
de televisão brasileira.
No rádio, o símbolo da barbárie 22
Com a iniciativa, as organizações pretendem sensibilizar a sociedade para a urgente
necessidade de alterar o sistema de concessão e renovação das outorgas de radiodifu-
Negócio da China 23
são, que hoje fazem com que alguns poucos privilegiados possam se expressar a partir A TV digital e a
da utilização de um bem público (o espectro de freqüências por onde se transmitem os multiplicação da mesmice 24
sinais de rádio e TV), enquanto mais de 180 milhões de brasileiros não têm meios e
condições para se manifestar. Propostas para enfrentar o caos 26
A luta pela reforma no sistema de concessões se insere em uma luta mais ampla, pela
garantia do direito humano à comunicação e, conseqüentemente, por uma sociedade
justa e democrática, onde dos direitos dos trabalhadores e de toda a população sejam
respeitados. Em um país onde o rádio e a televisão ainda são os meios de comunica-
Expediente
ção mais importantes, não há como pensar em democracia sem a criação de mecanis-
mos que tornem transparentes a outorga e a renovação destas concessões. Esta é uma publicação do Intervozes –
Coletivo Brasil de Comunicação Social.
Esta publicação é uma contribuição do Intervozes ao debate que agora se inicia. Com Equipe de redação: Bia Barbosa, Bráulio
ela, pretendemos dar subsídios para que a sociedade possa se mobilizar e reivindicar Ribeiro, Carolina Ribeiro, Cristina Charão,
mudança imediatas na forma como são concedidas as concessões de rádio e TV. Diogo Moyses, Gustavo Gindre, João Brant,
Jonas Valente, Lucas Milhomens, Mayrá Lima,
Boa leitura, Marcy Picanço e Michelle Prazeres.
Diagramação e arte: Henrique Costa
Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social
3. Em nome do público,
mas sem o público
As concessões de rádio e televisão são públicas, ou seja, pertencem ao conjunto da sociedade
brasileira, mas na prática os empresários agem como se fossem eles os proprietários dos canais.
N
e m to d o m u n d o sabe, mas rádios e exemplo, que emissoras as utilizem para
TVs abertas no Brasil operam com promover a criminalização dos movimentos
concessões públicas. É comum as sociais e impor uma agenda política que lhes
pessoas pensarem que as emissoras de interessa. Também é comum a discrimina-
rádio e TV são donas dos canais e que ção contra mulheres, negros, indígenas,
podem fazer deles o que bem entendem. Na homossexuais, pessoas com deficiência e
realidade, o conteúdo transmitido pelo rádio idosos, além de determinadas religiões e
e pela TV trafega pelo ar, no chamado classes sociais. Estipulam padrões estéti-
espectro eletromagnético, um bem público e cos, éticos e morais, impondo valores que
finito. Para transmitir determinada progra- promovem e perpetuam preconceitos. A
mação, as emissoras precisam, portanto, de sociedade, em nome de quem é dada a
uma autorização do Estado, ou seja, uma concessão, não tem como proteger-se,
concessão pública. Está no artigo 21 da apesar da Constituição garantir este direito.
Constituição Federal: “C ompete à União (...)
explorar, diretamente ou mediante autoriz a-
çã o, conce ss ão ou permiss ão (...) os
serviços de radiodifusão sonora e de sons e Quadro dramático
imagens”. Ao se debruçar sobre o atual modelo de
outorgas – concessões, permissões e
Em tese, rádio e televisão estão na mesma autorizações – de rádio e TV no Brasil, o que
categoria que os serviços de energia se encontra é um quadro pior do que a
elétrica, de navegação aérea, de transporte pessoa mais pessimista poderia esperar. Os
ferroviário e rodoviário, por exemplo. No empresários e políticos representantes das
entanto, diferentemente destes serviços, a elites reinam sozinhos, ditam as regras e não
radiodifusão opera sem critérios claros e cumprem nem o pouco que a lei prevê. Não
com privilégios estranhos a um sistema há participação da sociedade no debate
democrático. Para que se tenha uma idéia, a sobre a concessão e renovação das outor-
lei que define as concessões públicas vale gas, que acontece sem responder a nenhum
para todas as modalidades de serviço, critério público. O processo é lento e sem
menos para a radiodifusão. As emissoras de transparência. Também não há fiscalização
TV recebem a concessão por 15 anos e as por parte do poder público, o que permite que
de rádio, por 10 anos, e durante todo esse haja emissoras em funcionamento com
período os detentores das concessões não outorgas que já venceram há quase 20 anos.
têm que prestar contas a ninguém sobre o Deputados e senadores continuam contro-
uso que fazem delas. lando emissoras, embora a Constituição
proíba. Licenças de TVs e rádios educativas
Assim, embora a concessão seja pública, ela são usadas para escapar da obrigatoriedade
é usada para fins privados. É comum, por de licitação e proteger negócios com fins
CONCESSÕES DE RÁDIO E TV | Novembro 2007 3
4. Embora a comerciais. As concessões públicas são com as rádios comunitárias não legalizadas,
fecham os olhos para as constantes ilegali-
usadas para dar lucro para as empresas -
concessão seja que determinam a programação de acordo dades praticadas pelas emissoras comercia-
pública, ela é com o mercado publicitário -, mas nenhum is. Além disso, o processo de renovação das
outorgas é, na prática, automático, já que
tostão é revertido em benefício social. Nem
usada para fins sequer o contrato, documento que deveria não conta com nenhuma avaliação do uso
privados, dando estabelecer os deveres dos concessionários feito pelos concessionários e nem abre
espaço para novos concorrentes. O que era
e as sanções, no caso de descumprimento
suporte a um de obrigações, é tornado público. para ser concessão se transformou em
sistema de capitania hereditária.
A ilegalidade e a imoralidade sustentam um
comunicações sistema de comunicações concentrado e Ficam aí algumas perguntas: é democrático
concentrado que impedem que os meios reflitam a pluralidade que a liberdade de expressão seja um direito
de 11 famílias e que os 190 milhões de
e a diversidade existentes na sociedade
impede a brasileira. O monopólio e o oligopólio brasileiros tenham apenas a liberdade de
manifestação da proibidos pela Constituição em seu artigo trocar de canal? Será que nunca houve no
220, por exemplo, estão presentes regional e Brasil um fato que justificasse a não renova-
diversidade e da nacionalmente. O controle sobre as conces- ção de uma concessão de rádio ou TV? Com
pluralidade sões e sua renovação deveria ser um que justificativa renovam-se contratos de
instrumento para evitar esse quadro, mas as emissoras que praticam diversas irregulari-
existentes na brechas legais e a ausência de regulamenta- dades fiscais e trabalhistas? Será que nos
sociedade ção das obrigações das emissoras impedem interessa a grilagem eletrônica promovida
a aplicação do que diz a Constituição. Para por emissoras que se apropriam de um
brasileira. piorar, impera no Brasil a histórica promiscui- espaço público e o negociam a seu bel
dade entre governos, parlamento e empre- prazer? Do ponto de vista econômico,
sários da radiodifusão. Não é à toa, nunca interessa-nos um mercado em que há
uma outorga de rádio ou TV deixou de ser barreiras de entrada eternas e em que se
renovada no Brasil. protege aqueles que têm poder de mercado
significativo? É democrático a população
não participar de nenhuma das etapas
desses processos?
Em busca de outro modelo
Embora o quadro seja dramático, não O debate sobre concessões de rádio e TV é
significa que não existam saídas. Elas um debate sobre democracia. Se é por esses
dependem fundamentalmente de algumas veículos que circulam idéias, valores,
mudanças legais e de vontade política dos informação e cultura, e se eles são um dos
órgãos competentes, especialmente do principais espaços em que identidades se
Ministério das Comunicações e da Anatel. afirmam ou se desfazem, eles têm que estar
livres de interesses privados. Se é em nome
Esses dois órgãos, que deveriam garantir o do público que são dadas as concessões, é
interesse público no setor, pouco ou nada preciso que ele seja ouvido sobre como quer
fazem para isso. Enquanto são implacáveis que esse espaço seja utilizado.
4 CONCESSÕES DE RÁDIO E TV | Novembro 2007
5. Uma história de apropriação
do público pelo privado
Desde o surgimento dos meios de comunicação eletrônicos no país, a promiscuidade entre
radiodifusores e políticos determinou a prevalência de interesses privados no rádio e na TV.
A c o nfu s ã o encabeçada para as outorgas de TVs
pelo próprio Executivo educativas. Além dessas
Federal nas concessões, condições, o decreto faz
autorizações e permissões menção de limites de
de outorgas de rádio e TV detenção de concessões,
tem origem quase concomi- mas é omisso em relação a
tante ao aparecimento dos princípios para evitar o uso
veículos de comunicação privado deste bem público.
eletrônica no Brasil. Apoi-
ada numa legislação cheia A década de 70 é marcada
de brechas, a farra das por uma aliança do governo
concessões assumiu faces militar com a Rede Globo de
diferentes ao longo das Televisão. Foco de uma CPI
últimas décadas, respeitan- que considerou ilegal o
do, porém, o mesmo critério desde os anos aporte de dinheiro do grupo Time-Life na sua
50: a supremacia de interesses privados de estrutura, a Rede Globo cumpriu o estratégi-
empresas e políticos. co papel de unidade nacional, sendo
subserviente à censura do Regime, o que
O marco legal que dá início à promiscuidade contribuiu sobremaneira com as vistas
na relação entre o público e o privado nas grossas do Estado em relação à expansão
Comunicações é o Código Brasileiro de não controlada do setor. Data dessa época o
Telecomunicações (CBT), aprovado em 27 crescimento dos nove maiores grupos de
de agosto de 1962. Ele facilitou ao máximo a comunicação do país que até hoje controlam Apoiada numa
ocupação das freqüências previstas, abrindo 90% dos canais de rádio e TV existentes. legislação frágil,
espaço para um enorme crescimento do
setor privado. Durante o governo Figueiredo (1979-1985), a farra das
foram concedidos nada menos do que 634 concessões
Coincide com esse período a fundação da canais de radiodifusão, 295 rádios AM, 299
Associação Brasileira de Emissoras de rádios FM e 40 emissoras de TV. Com a assumiu faces
Rádio e Televisão (Abert), formada a partir “transição democrática” e a condução de diferentes ao
da reunião de radiodifusores que começa- Tancredo Neves à Presidência da República,
vam a mostrar seu poder político no Con- a Abert voltou a entrar em cena para garantir longo das últimas
gresso. Na aprovação do Código, a Abert foi que a ausência de critérios e regras claras décadas,
responsável pela derrubada de cada um dos permanecesse. Tancredo recebeu de três
52 vetos do presidente João Goulart, que congressistas um documento com propostas respeitando,
tentava barrar o caráter excessivamente progressistas de mudança nas políticas de porém, o mesmo
liberalizante da Lei. Um dos vetos dizia comunicação. Os parlamentares também
respeito ao artigo que determinava que a mostraram preocupação com a possibilida- critério desde os
concessão seria renovada automaticamente de da indicação de Antônio Carlos Maga- anos 50: a
em caso de não haver irregularidades lhães ao cargo de ministro e com a manuten-
comprovadas contra a emissora. ção de Rômulo Villar Furtado na Secretaria prevalência de
Geral do Ministério das Comunicações. interesses
Em 1963, dois decretos (52.795 e 52.026) Furtado era homem de confiança da Globo, e
regulamentaram o CBT, estabelecendo, estava no cargo desde 1974. A pressão privados de
entre outras questões, o período de validade política, no entanto, não surtiu efeito. empresas e
das concessões de rádio para 10 anos e de
TV para 15 anos. Em 1967, foi promulgado o Ao assumir o Ministério das Comunicações, políticos.
Decreto-lei 236, que determinou condições ACM tentou dar um caráter de moralidade
CONCESSÕES DE RÁDIO E TV | Novembro 2007 5
6. Com a instalação nas concessões distribuídas por Figueiredo
e prometeu “promover estudos para fixar
em torno das outorgas para retransmissoras
(RTVs) e, em seguida, para as educativas.
da Constituinte, a critérios de concessão de emissoras de rádio Em 1996, o decreto 2.108 definiu que "é
partir de 1987, e TV”. Em março de 85, ele assina a portaria
128, que suspende as concessões dadas a
dispensável a licitação para a outorga para a
execução de serviço de radiodifusão com
Sarney e ACM partir de outubro de 84. As concessões ficam fins exclusivamente educativos".
encontraram nas suspensas até o final do ano, mas ACM
acaba chancelando os pedidos e dá início a Em agosto de 2002, a repórter Elvira Lobato,
concessões de uma das maiores distribuições de outorgas a da Folha de S. Paulo, publicou uma série de
rádio e TV uma políticos da história brasileira. reportagens que revelaram como o governo
Fernando Henrique havia dado continuidade
maneira de à prática de distribuição de TVs a políticos
agradar os seus Moeda de troca
aliados: Na matéria intitulada “FHC distribuiu
rádios e TVs educativas para políticos”,
aliados, Com a instalação da Constituinte, a partir de consta que "em sete anos e meio de gover-
utilizando-as como 1987, Sarney e ACM encontraram nas no, além das 539 emissoras comerciais
concessões uma maneira de agradar os vendidas por licitação, FHC autorizou 357
moeda de troca seus aliados políticos e utilizaram-nas para concessões educativas sem licitação. (...) A
política. troca de favores. Em três anos e meio – de distribuição foi concentrada nos três anos
15/03/85 a 5/10/88 –, Sarney distribuiu 1.028 em que o deputado federal Pimenta da Veiga
outorgas, sendo 25% delas no mês de (PSDB-MG), coordenador da campanha
setembro de 1988, que antecedeu a promul- [presidencial] de José Serra, esteve à frente
gação da Constituição. O Diário Oficial da do Ministério das Comunicações. Ele
União do dia 29/9/88, seis dias antes de ocupou o cargo de janeiro de 1999 a abril de
promulgada a Constituição, trouxe 59 2002, quando, segundo seus próprios
outorgas em um só dia, todas assinadas na cálculos, autorizou perto de cem TVs
noite anterior. educativas. Pelo menos 23 foram para
políticos. A maioria dos casos detectados
Com raras exceções, os beneficiados foram pela Folha é em Minas Gerais, base eleitoral
parlamentares, que direta ou indiretamente de Pimenta da Veiga, mas há em São Paulo,
(por meio de seus familiares ou sócios) Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia,
receberam as outorgas em troca de apoio Pernambuco, Alagoas, Maranhão, Roraima
político a projetos de Sarney, especialmente e Mato Grosso do Sul".
para a extensão do mandato do presidente
para cinco anos. Dos 91 constituintes que
foram premiados com pelo menos uma
concessão de rádio ou televisão, 84 (92,3%) Sem mudanças no Governo Lula
votaram a favor do presidencialismo e 82 Na atual gestão do Ministério das Comunica-
(90,1%) votaram a favor do mandato de ções, a prática de distribuir outorgas em
cinco anos. troca de apoio político continuou. De forma
inédita, integrantes da Comissão de Ciência
No início do governo FHC, o ministro das e Tecnologia, Comunicação e Informática
Comunicações, Sérgio Mota, promoveu (CCTCI) da Câmara dos Deputados amea-
algumas mudanças no sentido de dar çaram não renovar e devolver ao Executivo
transparência ao processo. Duas delas 227 processos de renovação de outorgas em
aparecem no Decreto 1720/95, estabelecen- função da ausência de documentação,
do a necessidade de licitação e o pagamento necessária para a análise dos pedidos.
pelo uso da concessão. A norma, porém, Jader Barbalho (PMDB-PA), ex-presidente
passou a privilegiar empresas com maior da Comissão, estava entre os 10 parlamen-
poder econômico, dando ao preço do tares envolvidos com as emissoras cuja não
outorga um peso maior do que as definições renovação parecia iminente. Tratou de pedir
sobre a programação. pessoalmente ao presidente Lula que
intercedesse, o que de fato aconteceu.
A utilização de canais de rádio e TV como
moeda política logo voltou a aparecer. Com a Em junho de 2006, o Executivo pediu os
regra da licitação valendo apenas para as processos de volta, alegando que caberia ao
comerciais, a “negociação” passou a girar Ministério das Comunicações, e não ao
6 CONCESSÕES DE RÁDIO E TV | Novembro 2007
7. Congresso, exigir das empresas a comple- parar, diretamente ou indiretamente, nas
mentação dos documentos. O curioso é que mãos deles".
foi o próprio Ministério que repassou a
documentação incompleta para a Câmara. Fato é que permanece o uso das outorgas
Com a manobra, garantiu-se que Barbalho como moeda política. Além disso, o cargo
mantivesse em atividade duas emissoras de mais alto do Ministério das Comunicações é
sua família com concessões vencidas. Além ocupado por um senador e ex-funcionário da
da Rádio Clube do Pará, que opera sem Globo, notadamente defensor de interesses
autorização há mais de 13 anos, também dos empresários de radiodifusores. Ele
foram beneficiadas com a medida a Rede mesmo, dono de uma rádio em Barbacena
Brasil Amazônia de Televisão (RBA), cuja (MG) e, portanto, violador do princípio
concessão venceu em 2002, e a Rádio constitucional que proíbe que parlamentares
Carajás FM. possuam canais de rádio e TV. Foi também
Hélio Costa o maestro da implementação da
A manobra salvou também emissoras de TV digital no Brasil, que escandalosamente
outros aliados do governo, como os senado- beneficiou os interesses das emissoras de
res José Sarney (PMDB-AP), José Mara- TV, escolhendo o padrão japonês e dando
nhão (PMDB-PB) e Flávio Arns (PT-PR), gratuitamente às atuais emissoras de
além dos deputados Marcondes Gadelha televisão um outro canal para a exibição
(PSB-PB) e Humberto Michiles (PL-AM). digital. Essa última decisão está sendo
questionada na Justiça por meio de uma
A repórter Elvira Lobato seguiu com as Ação Direta de Inconstitucionalidade no
investigações e, em 2006, publicou que Superior Tribunal Federal. Fato é que deu-se
foram distribuídas pelo menos sete conces- continuidade ao
sões de TV e 27 rádios educativas a funda- Mais recentemente, o ministério das Comu-
ções ligadas a políticos: nicações convocou os concessionários para uso das outorgas
recadastrarem as informações de suas como moeda
“Entre políticos contemplados estão os empresas. A portaria, publicada no dia 13 de
senadores Magno Malta (PL-ES) e Leonel agosto, deu 60 dias para que emissoras de política, com um
Pavan (PSDB-SC). A lista inclui ainda os rádio e TV passem para o Ministério dados notório defensor
deputados federais João Caldas (PL-AL), como a composição societária das organiza-
Wladimir Costa (PMDB-PA) e Silas Câmara ções. O que parece ser um ato de controle do de interesses dos
(PTB-AM), além de deputados estaduais, Executivo só reforça, mais uma vez, a total empresários da
ex-deputados, prefeitos e ex-prefeitos. Em falta de conhecimento do governo em
três anos e meio de governo, Lula aprovou relação à utilização das concessões. Por lei, radiodifusão no
110 emissoras educativas, sendo 29 qualquer mudança no quadro societário e cargo mais alto do
televisões e 81 rádios. Levando em conta contrato social das empresas deveria ser
somente as concessões a políticos, significa solicitada previamente ao Ministério. Pelo Ministério das
que ao menos uma em cada três rádios foi visto, não foram. Comunicações.
CONCESSÕES DE RÁDIO E TV | Novembro 2007 7
8. Renovação sem critérios
Ao contrário de outros serviços públicos, na renovação das concessões de rádio e TV não há a
avaliação do cumprimento pelos concessionários da Constituição e da legislação.
E m q u alq u er serviço objeto de concessão não necessariamente quem possui mais
pública existem critérios tanto para a outorga dinheiro é mais capacitado para prestar este
quanto para a renovação das concessões. serviço público. Nas novas outorgas, são
Mas não é isso que acontece com o rádio e a apreciados o tempo a ser destinado a
televisão, onde empresários, políticos e programas jornalísticos, educativos e
líderes religiosos recebem a outorga sem a informativos, ao serviço noticioso, à progra-
necessária avaliação de suas condições mação regional e o prazo para colocar o
para o oferecimento, com qualidade, do canal no ar (entre estes, o critério mais
serviço público de radiodifusão. valioso). No entanto, no caso das emissoras
de alta potência, todos esses quesitos valem
Mas grave ainda é o momento de renovação menos do que o critério econômico. Além
das outorgas, quando não há qualquer disso, pouco interessa avaliar essas ques-
análise sobre o cumprimento pelo concessi- tões nas novas outorgas, se na renovação
onário das obrigações previstas na legisla- das obtidas antes de 1996 (a grande maioria)
ção, especialmente aquelas que constam na elas não são levadas em conta.
Constituição Federal. Além de um tempo
demasiadamente longo para a finalização do
processo de renovação – fazendo com que
as concessões permaneçam em funciona- Avaliação zero
mento por anos sem a necessária aprovação A ausência de critérios que não os econômi-
do Congresso –, tanto o parlamento quanto o cos é a regra no processo de outorga. No
governo verificam somente se a emissora entanto, é na renovação das concessões
está com o pagamento de impostos em dia. que reside boa parte do problema com as
E, mesmo em relação a isso, não são poucas concessões de rádio e TV, quando o mínimo
as histórias de concessionários que deram que se poderia esperar de um país democrá-
“jeitinhos” para burlar a legislação e escon- tico é que governo e Congresso avaliassem
der dívidas fiscais e trabalhistas. se, no período em que exploraram os sinais
de rádio e TV, os concessionários cumpriram
Antes da Constituição de 1988, a outorga seus deveres e responsabilidades. Não há,
para a exploração do serviço de rádio e TV entretanto, mecanismos para avaliar, por
Fosse avaliado o era feita a partir da vontade exclusiva do exemplo, se as empresas respeitaram o que
Ministério das Comunicações, que indicava determina o artigo 221 da Constituição
cumprimento dos quem teria o direito de explorar as conces- Federal, que afirma que a programação das
princípios sões públicas. A partir da aprovação da nova emissoras deve dar preferência às finalida-
Constituição, a posterior aprovação do des educativas, artísticas, culturais e
constitucionais no Congresso Nacional passou a ser necessá- informativas, assim como promover a cultura
momento da ria. Isso, em tese, deveria ter dado mais regional e estimular as produções indepen-
transparência ao processo. Até 1995, dentes. É notório que boa parte das emisso-
renovação das entretanto, a indicação do Executivo ao ras despreza tais princípios e, mesmo assim,
concessões, não Congresso daqueles que deveriam ser os tem a sua concessão renovada, sem
concessionários permanecia nas mãos do qualquer questionamento.
seria tão comum governo. Esse procedimento só foi rompido
assistir a com o decreto que estabeleceu o processo O mesmo acontece com outras obrigações e
de licitação para a outorga das concessões. responsabilidades dos concessionários,
programas que como o cumprimento da classificação
violam a A lei de licitações, entretanto, criou um novo indicativa determinada pelo Estatuto da
problema: a da prevalência do poder Criança e do Adolescente, e o respeito aos
dignidade econômico na decisão de quem irá explorar direitos humanos, previsto na garantia
humana. os serviços de radiodifusão. Acontece que constitucional do respeito aos valores éticos
8 CONCESSÕES DE RÁDIO E TV | Novembro 2007
9. ser aplicados. A maioria dos artigos do O capítulo de
capítulo de Comunicação Social, entretanto,
Comunicação
Social da
Constituição
permanece sem
regulamentação
por força do lobby
das emissoras, que
acusam de
“censura” as
tentativas de
regulamentar o
campo das
comunicações, em
uma inversão de
valores impossível
de se assistir nas
e sociais (art. 221, IV). Fosse avaliado o democracias mais
cumprimento de tais princípios no momento consolidadas.
da renovação das concessões, não seria tão
comum assistir a programas construídos a
partir da violação à dignidade humana e da
exploração e exposição abusiva de tragédi-
as pessoais e coletivas, além da exploração
da imagem de crianças, tão comum nos
programas de auditório.
Outra ilegalidade comum é a renovação das
concessões sem o cumprimento da veicula-
ção do mínimo de conteúdo jornalístico
determinado por lei. O mesmo acontece com
as emissoras cujo conteúdo é baseado na
venda de produtos. Além de ignorarem as
diretrizes para a programação estabelecidas
na Constituição, estas emissoras ultrapas-
sam – e muito – o limite máximo de tempo
destinado à publicidade (25% da grade de
programação). Ou seja, os concessionários
fazem o que bem entendem e, mesmo
assim, têm a sua concessão renovada.
20 anos sem regulamentação
A atual Constituição Federal foi promulgada
há quase vinte anos e, desde então, diversos
artigos foram regulamentados, para que
todos os princípios ali presentes pudessem
CONCESSÕES DE RÁDIO E TV | Novembro 2007 9
10. As capitanias hereditárias
Somados, legislação ultrapassada, burocracia leniente e desvio conceitual do que é liberdade de
expressão transformam outorgas temporárias em capitanias hereditárias.
O pro c e s s o de renovação das outorgas de rádio e TV de forma diferente de todos os
rádio e TV é um capítulo à parte na história outros tipos de concessão: durante sua
da radiodifusão brasileira. Afinal, é no vigência, a outorga só pode ser cancelada
momento da renovação que se deveria por decisão judicial.
analisar se determinada emissora atendeu
ao interesse público e se a melhor opção
para o país é que a outorga fique nas mãos
da mesma empresa que já desfrutou da Licença precária, processo idem
concessão por 15 anos, no caso de TVs, ou Outro problema est? na legislação, que
10, no caso das rádios. Entretanto, além da acaba por estabelecer na prática a renova-
O processo falta de critérios (ver texto anterior), o ção automática em caso de omissão do
processo administrativo é cheio de proble- Ministério das Comunicações.
administrativo mas, acobertando uma política de renova-
acoberta uma ção automática das concessões, em que a Genericamente, o Código Brasileiro de
sociedade não é ouvida e o Estado abre mão Telecomunicações, a lei que regula o setor,
política de de seu papel de avaliador das outorgas. diz que as concessões podem ser renovadas
renovação “por per?odos sucessivos e iguais, se os
Os problemas começam na Constituição concessionários houverem cumprido todas
automática das Federal. O artigo 223 determina que a as obrigações legais e contratuais, mantido a
concessões, em responsabilidade pela outorga é do Poder mesma idoneidade técnica, financeira e
Executivo, mas diz também que ela só passa moral, e atendido o interesse público”.
que a sociedade a valer quando é aprovada pelo Legislativo. Embora previstas em lei, essas exigências
não é ouvida e o No entanto, o mesmo artigo estabelece não são analisadas. O volume de processos
regras próprias para a renovação. Ela só não e a falta de acompanhamento durante a
Estado abre mão acontece se 2/5 do Congresso Nacional, em vigência da concessão fazem com que não
de seu papel de votação nominal, se pronunciar contra. Esse haja uma análise cuidadosa sobre seu uso,
procedimento de exceção torna rara a tornando o sistema de renovação um
avaliador das apreciação da renovação de outorgas. Além processo praticamente burocrático. A
outorgas. disso, a Constituição trata a concessão de decisão é sempre pela renovação.
10 CONCESSÕES DE RÁDIO E TV | Novembro 2007
11. Pior ainda: um decreto de 1983 garante às
emissoras que “caso expire a concess?o ou
emissora cumpriu “as exigências legais e
regulamentares”, apenas verifica questões
Toda essa via crucis
permissão, sem decisão sobre o pedido de burocráticas - importantes, mas insuficientes deveria ser feita
renovação, o serviço poderá ser mantido em
funcionamento, em caráter precário”,
- como o encaminhamento da papelada com
a ficha de cadastramento dos sócios que têm
em menos de um
mesmo se a própria emissora estiver mais de 5% de participação. ano, mas dura em
devendo documentos. Basta apresentar o
pedido de renovação e ela obtém a licença Do Ministério das Comunicações, o pedido
média mais de 7
prec?ria. parte para a Casa Civil da Presidência da anos (no caso das
Esse fato se agrava com a enorme demora
República, que burocraticamente assina a
renovação, encaminhando o processo para
rádios FM), sendo
na apreciação dos processos. O tempo o Congresso Nacional. 6,5 anos só na
médio de tramitação para as permissões de
rádio FM, por exemplo, é de sete anos. Isso No Congresso, o processo passa primeiro
primeira passagem
significa que quando a outorga é renovada, a pela Comiss?o de Ciência e Tecnologia, no Poder Executivo.
emissora já funcionou em média sete anos Comunicação e Informática da Câmara dos
com ela vencida. A figura da licença precária Deputados. Apenas as decisões pela não
protege tanto a vagareza do ministério na renovação da outorga vão a Plenário. As
an?lise, quanto o interesse das emissoras decisões da CCTCI favoráveis à renovação
em postergar os processos, quando lhes só são apreciadas pelo conjunto dos
faltam documentos de regularidade fiscal e deputados se houver recurso de pelo menos
trabalhista. 10% dos parlamentares.
Há mais um motivo para se dizer que a Os critérios usados pela CCTCI estão
renovação se dá automaticamente: enquan- definidos em um Ato Normativo interno,
to para novas outorgas há um processo de modificado em julho deste ano, que abriu
licitação, para a renovação não há nenhuma espaço para a realização de audiências
abertura para outros interessados em públicas, além de incluir também o resumo
explorar o serviço. das eventuais denúncias contra a emissora
feitas ao Minicom. O documento também
determina a criação de um sistema público
de informações que permita o acesso a
Renovação passo-a-passo todos os dados dos processos que estão na
Analisar quais os passos para a renovação Câmara. Entretanto, as novas regras não
das concessões e permissões ajuda a vão fundo na definição de critérios para a
identificar as causas dos problemas decor- renovação das outorgas, não se avaliando
rentes. A primeira etapa para a renovação é a se o conteúdo veiculado pela emissora
manifestação de interesse da emissora. De seguiu minimamente os critérios constitucio-
três a seis meses antes da data de venci- nais.
mento da concessão, ela deve comunicar ao
Ministério das Comunicações seu desejo em Da CCTCI, os processos vão para a Comis-
renová-la. são de Constituição e Justiça e de Cidadania
(CCJC). De lá, seguem para o Senado, onde
O órgão, que em tese deveria analisar se a são analisados pela Comissão de Ciência,
Que tipos de outorgas existem?
C o n c e s s õ e s > s?o dadas para emissoras de TV e para emissoras de r?dio de caráter nacional ou regional, isto é,
para ondas curtas e para ondas médias em alta potência. A concess?o é prerrogativa do Presidente da República,
e é dada sempre por decreto.
P ermis s õ e s > dadas para emissoras de r?dio de âmbito local, como as FMs e as AMs de potência mais baixa.
A permissão é prerrogativa do Ministério das Comunicações, e é dada por portaria.
A utoriz a ç ? e s > dadas para rádios comunitárias, retransmissoras e repetidoras de r?dio e TV.
CONCESSÕES DE RÁDIO E TV | Novembro 2007 11
12. Recentemente, o Tecnologia, Inovação, Comunicação e
Informática. Aprovados nessa comissão do
mento sistemático do uso das concessões,
não apenas na renovação.
Ministério das Senado Federal, os processos voltam à
Comunicações Casa Civil para que seja publicado o decreto
presidencial que oficializa a renovação da
anunciou o outorga. Toda essa via crucis deveria ser
recadastramento feita em menos de um ano, mas dura em
média mais de 7 anos (no caso das rádios
das emissoras. O FM), sendo 6,5 anos só na primeira passa-
que poderia gem pelo Poder Executivo.
indicar uma
medida positiva, Concessão pública sem público
na prática Além de ajudar a entender alguns problemas
evidencia a total decorrentes, o roteiro dos processos de
renovaç?o de outorgas revela a ausência de
falta de controle instrumentos de participação social nesse
sobre as processo. Apenas agora, em julho de 2007,
abriu-se uma pequena brecha de participa-
concessões. ção via audiência pública, mas isso se a
Câmara dos Deputados fizer a convocação,
que precisa ser detalhadamente justificada.
Muito pouco para uma concessão que dá o
direito de utilização, por 15 anos, de um bem
escasso pertencente ao povo. Além disso,
como nos países com a democracia mais
consolidada, deveria haver o acompanha-
Licitação é definida por critério econômico
A partir de 1996, o processo de novas outorgas ganhou mais
transparência com a adoção do mecanismo de licitação. As
emissoras interessadas em obter uma concessão ou permissão
devem declarar seu interesse ao Ministério das Comunicações. A
partir de avaliação de viabilidade técnica e econômica, publica-se
um edital de licitação para ocupação daquela freqüência.
A regulamentação para novas outorgas permite ao ministério
fazer consulta pública prévia, definir quesitos e critérios mais
claros e exige um instrumento contratual que contemple as
definições todas. Mas o que deveria trazer democracia do
processo, na prática cria outros problemas.
Em primeiro lugar, porque para as emissoras de FM e de TV que
transmitem em alta potência (chamadas de classe E), o principal
critério de avaliação é o financeiro. No frigir dos ovos, o que pesa
mais é o poder econômico das emissoras.
Segundo, porque a licitação é obrigatória para as comerciais,
mas dispensável para emissoras educativas. Isso deixa espaço
para que centenas de concessões que são, na prática, comercia-
is, sejam outorgadas como educativas (ver texto sobre as
educativas).
12 CONCESSÕES DE RÁDIO E TV | Novembro 2007
13. No vale tudo,
vende-se de tudo
Grade de programação da maioria da
emissoras é ocupada ilegalmente, mas os
responsáveis pela fiscalização das concessões
fingem que não têm nada a ver com isso.
É c o m u m ouvir que a televisão brasileira é grade de programação foi comprado por
uma das melhores do mundo. Em público, terceiros. Em ambos os casos, a ilegalidade
proprietários das empresas concessionárias é flagrante, e as autoridades brasileiras,
e seus mais altos funcionários gabam-se da assim como em outras questões ligadas às
difusão de nossas telenovelas ao redor do concessões de radiodifusão, fingem que não
mundo. Somos, afinal, junto com mexicanos, têm nada a ver com isso.
argentinos e venezuelanos, os maiores
exportadores de um gênero televisivo Ao mesmo tempo, as mesmas “autoridades” Enquanto impera a
consagrado em quase todo o planeta. dizem que não há espaço na TV aberta para
os canais comunitários, universitários e barbárie no uso do
A qualidade do conjunto da programação da legislativos. Enquanto impera a barbárie no espectro por onde
televisão brasileira, entretanto, é diariamen- uso do espectro por onde trafegam os sinais
te colocada em xeque: telejornais sensacio- de televisão, até a nascente TV Brasil corre o trafegam os sinais
nalistas e tendenciosos, programas de risco de ficar fora do sinal aberto em algumas de televisão, as
auditório que expõem pessoas ao ridículo, cidades brasileiras.
'pegadinhas' preconceituosas, entre tantos emissoras
outros exemplos, evidenciam que a progra-
Os supermercados eletrônicos legislativas,
mação televisiva não é um mar de rosas.
Pelo contrário. A legislação brasileira é clara: o limite de universitárias e
publicidade para as emissoras de televisão é comunitárias -
Mas se a avaliação da qualidade do conteú- de 25% do tempo de programação (art. 28,
do veiculado pelas emissoras muitas vezes Decreto 52.795). Apesar disso, como além da nascente
pode ser subjetiva, o mesmo não pode ser qualquer brasileiro ou brasileira pode TV Brasil - não têm
dito de algumas aberrações bastante facilmente notar, alguns canais veiculam
comuns nas telas de TV. É o caso das exclusivamente programas cuja intenção é espaço na
emissoras exclusivamente voltadas à venda vender produtos. Por meio destas emisso- televisão aberta.
de produtos e dos programas cujo horário na ras, vendem-se tapetes, brincos, anéis,
CONCESSÕES DE RÁDIO E TV | Novembro 2007 13
14. carros, casas e apartamentos, material de concessões (como “Polishop”, “Bestshop” e
construção, roupas e instrumentos de “Shoptime”). Mas podem ser também
culinária... Quem nunca viu a chapa do ex- “games”, em que o telespectador é induzido
boxeador norte-americano George Foreman a acreditar que, ao fazer uma ligação e
sendo testada “ao vivo”? A lista é grande. acertar a pergunta proposta pelos apresen-
tadores, automaticamente ganhará o prêmio
Além da evidente ilegalidade no abuso do em questão. Neste caso, trata-se de um
limite de conteúdo publicitário, tais concessi- verdadeiro estelionato eletrônico.
onários exploram um bem público (o ar por
onde trafegam os sinais de rádio e TV) sem A sublocação da grade de programação
que a contrapartida estabelecida pela tornou-se tão comum que hoje é parte
legislação brasileira seja cumprida. Não essencial do modelo de negócios da maioria
custa lembrar que, em seu artigo 221, a das emissoras. As mesmas que, em tese,
Constituição Federal determina que a deveriam ofertar uma programação de
programação das emissoras deve dar qualidade e lucrar por meio de anúncios
preferência a finalidades educativas, publicitários. Mas, como no Brasil tudo vale,
artísticas, culturais e informativas, promo- tanto o Ministério das Comunicações quanto
vendo a cultura nacional e regional. No caso a Anatel omitem-se, dando o aval para que a
destes “supermercados eletrônicos” – cada “produção independente” seja tratada em
vez mais comuns em todo o país –, é seu avesso: enquanto nos países desenvol-
flagrante o desrespeito a estes princípios. vidos as emissoras são obrigadas a comprar
Afinal, nem com muito esforço é possível parte de sua programação de produtores
considerar que informar preços de tapetes e independentes (dinamizando o mercado
anéis seja um serviço de interesse público. audiovisual), no Brasil produção indepen-
dente é o conteúdo veiculado por quem pode
Para os detentores destas concessões, o comprar espaço na grade de programação
lucro é líquido e certo, pois não há a necessi- das emissoras. Hoje, conta-se no dedo os
dade de investimentos em produção de canais que não cometem tal ilegalidade.
conteúdo jornalístico ou ficcional, da
contratação de recursos humanos qualifica-
dos (roteiristas, diretores, fotógrafos,
editores, etc), entre tantos outros requisitos Merchandising fora da lei
de uma emissora convencional de televisão. O não cumprimento da legislação vai além.
Bastam pequenas equipes, com apresenta- Desde a década de 1970, o merchandising é
dores eloqüentes, para que o empreendi- uma prática comum na programação da
mento dê certo. Quem não gostaria de televisão brasileira. Cada vez mais, novelas
possuir um negócio assim? e programas de auditórios trazem apresen-
Além da evidente tadores e artistas divulgando produtos de
forma subliminar, sem a necessária informa-
ilegalidade no A sublocação da ção de que determinado conteúdo é, na
abuso do limite de grade de programação verdade, publicidade comercial, como
manda o Código de Defesa do Consumidor
conteúdo Outra ilegalidade bastante cometida pelos (art. 36). Segundo o código,"a publicidade
publicitário, tais concessionários de televisão é a venda de deve ser veiculada de tal forma que o
espaço na grade de programação para consumidor, fácil e imediatamente, a
concessionários terceiros. Muitas vezes chamadas de identifique como tal”.
exploram um bem “produções independentes” pelas emisso-
ras, que afirmam que tais conteúdos não são O merchandising, portanto, não é proibido,
público sem que a de sua responsabilidade, estes programas mas sua prática deve estar dentro dos limites
contrapartida evidenciam que, para participar da televisão da legislação, que é cada vez mais despre-
brasileira, basta pagar. zada pelas emissoras. Hoje a publicidade
estabelecida pela subliminar é uma das principais fontes de
Constituição Não é necessário muito esforço para receitas dos canais. Dados divulgados pela
identificar exemplos. Em geral, são cultos Bandeirantes e pela Record demonstram
Federal seja religiosos e programas de vendas de que essas ações representam até 16% de
cumprida. empresas que não detêm suas próprias seu faturamento comercial.
14 CONCESSÕES DE RÁDIO E TV | Novembro 2007
15. religiões que ocupam a televisão somente
para ganhar dinheiro seduzindo telespecta-
Se o debate é
dores a fazerem contato telefônico. complexo, uma
Sendo o problema complexo, como resolvê-
coisa é certa: não
lo? Proibir as religiões na televisão, como é possível
fazem alguns países? Ou construir regras permanecer com
O show da fé capazes de garantir equilíbrio em sua
ocupação e o direito dos pais e responsáveis uma ocupação
por crianças a preservá-las de determinadas
imagens? A resposta não é simples e exige
indiscriminada da
A invasão das religiões na TV evidenciam a
necessidade de se discutir a questão. reflexão. Uma das possibilidades é adotar televisão pelas
algum critério de classificação indicativa,
onde, por exemplo, cultos não poderiam ser
religiões, onde o
A pre s e n ç a das religiões na televisão é um
tema complexo, mas a velocidade com que transmitidos em horários em que os pais que vale é
surgem os programas baseados na fé faz encontram-se normalmente fora de casa. somente o poder
com que a questão precise necessariamente Somado a isso, um canal exclusivo poderia
ser enfrentada, sem sectarismos ou fanatis- ser reservado para as religiões, com alguns político e
mos. Por um lado, é preciso considerar que a critérios de representatividade, para que sua econômico de
religião é, em certa medida, uma manifesta- ocupação aconteça de forma justa.
ção cultural. Isso, em tese, faz com que sua
algumas igrejas.
presença na televisão seja justificável. Por Por fim, há que se restringir de forma radical
outro lado, trata-se de uma manifestação determinados conteúdos, como os cultos
essencialmente privada, o que faz com que que discriminam outras religiões, os que
as outras pessoas tenham o direito de que expõem as pessoas sem seu conhecimento
este conteúdo não invada a sua casa. e os “tele-cultos”. Mas, se o debate é
complexo, uma coisa é certa: não é possível
A questão se torna ainda mais complexa permanecer com uma ocupação indiscrimi-
quando lembramos que a Constituição nada da televisão pelas religiões, onde o que
define o Estado brasileiro como laico, ou vale é somente o poder político e econômico
seja, não-religioso. Sendo as concessões de de algumas igrejas.
radiodifusão públicas, outorgadas pelo
Estado, em tese elas não poderiam ser
utilizadas para o proselitismo religioso.
Feitas estas observações, o fato é que a
ocupação da telinha pelas religiões é
indiscriminada e desigual. Algumas reli-
giões, com ampla maioria para os evangéli-
cos e católicos, possuem suas próprias
emissoras ou compram horário na grade de
programação de outras. Tal ocupação é
possível graças ao poder político de algumas
destas religiões (que conseguem pressionar
o Estado a conceder as outorgas) ou ao seu
poder econômico (que permite a compra de
horário em outros canais). Desta forma, as
religiões desprovidas destes poderes não
conseguem ocupar o espaço televisivo.
Emissoras de matrizes africanas, por
exemplo, estão fora das telas.
Há que se considerar, por fim, que a própria
programação religiosa é diversa, existindo
desde programas de “debates” à transmis-
são de cultos e missas. Há também as
CONCESSÕES DE RÁDIO E TV | Novembro 2007 15
16. Uma grande caixa-preta
A falta de transparência dos processos de concessão de rádio e TV faz com que a sociedade não
tenha como fiscalizar o uso de um bem público que pertence ao conjunto dos brasileiros.
Q u a n d o, e m 2003, ordenou que fossem Contribui ainda para esta privatização
publicadas as informações relativas aos simbólica o caráter confidencial do contrato
proprietários de concessões de rádio e TV no de concessão celebrado entre uma empresa
site do Ministério das Comunicações, o ex- e o Estado, que tem extrato é publicado no
ministro Miro Teixeira referiu-se ao problema Diário Oficial da União, mas cujo o conteúdo
A falta de com o qual tentava lidar como “a caixa-preta integral é de difícil acesso. Em palestra
da radiodifusão”. A expressão foi retomada recente sobre o assunto, o coordenador do
transparência tem em recente entrevista do sociólogo e Laboratório de Políticas de Comunicação da
como símbolo o professor da Universidade de São Paulo Universidade de Brasília (UnB), Murilo
(USP) Laurindo Leal Lalo Filho para qualifi- Ramos, lançou um desafio para que qual-
caráter car a situação do setor. Lalo, que pesquisa a quer jornalista ou pesquisador conseguisse
confidencial do temática da TV pública, destaca que este obter um destes contratos. A brincadeira
“mistério” envolvendo a radiodifusão impede explicita a dificuldade de acesso ao instru-
contrato de que a população compreenda que rádio e TV mento jurídico que materializa o início da
concessão são serviços públicos, prestados diretamen- concessão por parte do poder público para
te pelo Estado ou por meio de concessão. exploração comercial deste tipo de serviço.
celebrado entre “Ao não ter acesso a essa informação, a
uma empresa e o população acaba criando no seu imaginário Outro pesquisador da UnB, Israel Bayma,
a idéia de que as empresas são proprietárias compara as outorgas de radiodifusão às de
Estado, cujo desses canais, quando na verdade esses outros setores. “Os atos de assinatura dos
conteúdo é canais são bens públicos, outorgados pelo contratos das demais áreas são formais,
Estado em nome da sociedade para que os comparece todo mundo, inclusive a impren-
inacessível à concessionários prestem esse serviço por sa. Já os contratos de rádio e TV ninguém
sociedade. um período limitado de tempo”, lembra. nunca viu”. Murilo Ramos cita o exemplo da
16 CONCESSÕES DE RÁDIO E TV | Novembro 2007
17. telefonia, em que os contratos estão disponí-
veis para consulta na Internet.
societários das empresas de comunicação,
o que fere diretamente o artigo 54 da
A denúncia contra
o presidente do
A reportagem procurou o Tribunal de Contas
da União (TCU), onde, acredita-se, estão
Senado, Renan
todos os contratos de concessão de rádio e Calheiros, por uso
TV. Segundo a assessoria do TCU, eles são
disponibilizados apenas após algum
de “laranjas” para
julgamento do Tribunal, a partir de alguma comprar emissoras
fiscalização ou denúncia. de rádio sem ter
seu nome
Sigilo oficial divulgado no
Uma entrada no site do Ministério das negócio é um
Comunicações evidencia a falta de informa- exemplo de uma
ções disponível ao público. Nas seções
reservadas à radiodifusão de sons (rádio) e prática comum
de sons e imagens (TV), só há breves Brasil afora.
explicações sobre o que são estes serviços.
No site da Anatel, foi criado o Sistema de
Dados sobre Comunicação de Massa
(SisCom). Mas em nenhum dos dois órgãos
há qualquer relação dos contratos de
concessão.
O Siscom disponibiliza dados sobre o
processo das outorgas (se as licenças estão
concedidas ou em processo de renovação) e
sobre a localização dos estúdios e antenas.
Outro sistema da Anatel mostra os canais de
TV e de Rádio disponíveis, em reserva ou em
uso. No entanto, estes dados são pouco
úteis ao cidadão e servem apenas aos
concessionários interessados em se
candidatar ao serviço ou àqueles já em
processo de obtenção da licença.
Para pesquisadores e entidades do setor, a
lógica da caixa-preta se mantém em relação
aos dados mais importantes: aqueles Fato consumado?
relativos aos proprietários dos meios de
comunicação. Foram estas informações que
o ex-ministro Miro Teixeira publicou em
2003. Apesar de desatualizadas, as informa-
ções foram fundamentais para identificar
diversos canais de rádio e TV irregulares.
Tornada pública, a lista permitiu perceber
como os donos de grandes emissoras
utilizavam laranjas ou parentes para burlar a
lei e ultrapassar o limite de até 5 geradoras
de VHF por proprietário em todo o país. O
cadastro também foi importante, por exem-
plo, para rastrear a participação de 10% dos
parlamentares do Congresso nos quadros
CONCESSÕES DE RÁDIO E TV | Novembro 2007 17
18. A farra dos parlamentares
continua, apesar da Constituição
Historicamente as concessões são concedidas a parlamentares. A prática, apesar de contrariar
a Constituição Federal, é facilmente comprovada com um simples cruzamento de informações.
O artig o 54 da Constituição Federal (CF) que 10% da Câmara e assustadores 33,3%
define que deputados e senadores não do Senado.
poderão, no exercício de seus cargos,
De acordo com “firmar ou manter contrato com pessoa O artigo “Coronelismo, radiodifusão e voto: a
jurídica de direito público, autarquia, empre- nova face de um velho conceito”, escrito pela
levantamento da sa pública, sociedade de economia mista ou professora da Universidade de Brasília
Agência Repórter empresa concessionária de serviço público”. (UnB), Suzy dos Santos, ainda em 2005,
O artigo seguinte diz que um parlamentar revela o caso íntimo do ex-senador Antônio
Social, a 'bancada perderá seu mandato caso “infringir qualquer Carlos Magalhães (ex-PFL) e sua família
da comunicação' das proibições estabelecidas no artigo com os meios de comunicação baianos. A
anterior”. Televisão Bahia, retransmissora da TV
no Congresso Globo em Salvador (BA), está em nome de
Nacional No entanto, são visíveis os casos em que sua esposa, de seu filho e dos netos. A
parlamentares ou seus familiares são donos família do ex-senador ainda detém o controle
representa nada ou mesmo sócios das empresas que detêm de uma TV em Feira de Santana, outra em
concessões. De acordo com um levanta- Vitória da Conquista e da rádio Antena 1, em
menos do que mento feito pela Agência Repórter Social, 53 Ribeira do Pombal.
10% da Câmara e deputados federais e 27 senadores declara-
ram possuir algum tipo de controle sobre Essa mesma intimidade entre as elites
assustadores veículos de comunicação. A 'bancada da políticas e as comunicações pode ser
33,3% do Senado. Comunicação' representa nada menos do encontrada no Maranhão, com a família do
18 CONCESSÕES DE RÁDIO E TV | Novembro 2007
19. ex-presidente e senador José Sarney O Ministério
A lei que não vale (PMDB), conhecida pelo controle do grupo
Público Federal já
Mirante (90% de todo o aparato de comuni-
cação do Estado). Ou no Ceará, cujo
senador representante, Tasso Jereissati
conseguiu
Veja o q u e diz a C o n stituiç ã o: (PSDB), tem vínculo com uma operadora de identificar 10
MMDS (TV paga via satélite), três operado-
ras de televisão a cabo, uma geradora de
deputados que
Artigo 54. O s D eputados e S enadores
não poderão: televisão, afiliada ao SBT, 31 retransmisso- votaram nos
ras e três rádios FM. processos de
I - desde a expedição do diploma:
A farra das concessões a parlamentares não renovação das
a) firmar ou manter contrato com é um fenômeno novo. Desde os anos 50,
esse tipo de prática se consolida no país.
concessões de
pessoa jurídica de direito público,
autarquia, empresa pública, sociedade Mas a situação piorou durante o Governo suas próprias
de economia mista ou empresa Sarney, quando o então ministro das emissoras.
concessionária de serviço público, Comunicações, Antônio Carlos Magalhães,
salvo quando o contrato obedecer a concedeu 82 concessões de TV, sendo 43
cláusulas uniformes; (...) delas distribuídas no ano da votação da
emenda constitucional. Como se não
Artigo 55. P erderá o mandato o bastasse, o próprio ministro ACM e o
D eputado ou S enador: presidente Sarney presentearam a si
mesmos com sete e três concessões de
I - que infringir qualquer das proibições geradoras de televisão, respectivamente. No
estabelecidas no artigo anterior; (...) total, Sarney e ACM, em três anos e meio,
distribuíram 1.028 outorgas, sendo 25%
delas em setembro de 1988, mês que
E ntreta nto: antecedeu a promulgação da Constituição.
53 deputados possuem diretamente
veículos de comunicação;
27 senadores possuem diretamente Afiliadas da Rede Globo vinculadas a políticos*
veículos de comunicação;
G era d ora s R etra n s mis s ora s
40 geradoras de televisão afiliadas e
705 retransmissoras da Rede Globo E sta d o s Total (%) Q u a ntid a d e Total (%) Q u a ntid a d e
estão nas mãos de políticos; AL 100 1 100 8
BA 100 6 100 311
128 geradoras de televisão e 1765
retransmissoras estão nas mãos de CE 100 1 100 58
políticos; GO 100 8 100 85
MA 100 4 100 97
Dos 80 membros da Comissão de MG 25 2 22 13
Ciência e Tecnologia, Comunicação e PA 66,6 2 - 0
Informática, pelo menos 16 têm relação PB 100 2 100 5
direta com emissoras de rádio ou TV;
PE 66,6 2 66,6 4
Só em 2004, 10 deputados votaram PI 100 2 - -
na renovação de suas próprias conces- RJ 40 2 30 6
sões; RN 100 1 100 3
SE 100 1 100 16
Metade das 2.205 autorizações SP 28,5 4 32,6 31
dadas a rádios comunitárias entre 1999 TO 100 2 100 68
e 2004 estão sob o controle de grupos
Total 39,6 40 49,5 705
partidários.
*Outorgas em nome próprio ou de parentes.
Fonte: Suzy dos Santos, “Coronelismo, radiodifusão e voto: a nova face de um velho conceito”, 2005.
CONCESSÕES DE RÁDIO E TV | Novembro 2007 19
20. Conflito de interesses Outorgas de televisão controladas por políticos
Segundo o artigo 180 do regimento interno
da Câmara Federal dos Deputados, o G era d ora s R etra n s mis s ora s
deputado deve se declarar impedido de votar
em determinada pauta, caso se configure E sta d o s Q u a ntid a d e Total (%) Q u a ntid a d e Total (%)
legislação em causa própria. No entanto, dos AC 2 40% 1 1,06%
80 membros da Comissão de Ciência e AL 3 60% 14 12,84%
Tecnologia, Comunicação e Informática AM 3 42,85% 72 29,75%
(CCTCI), pelo menos 16 têm envolvimento AP 2 50% 5 15,15%
direto com emissoras de rádio ou TV. Seis BA 8 57,14% 392 55,44%
deles são do DEM (ex-PFL), como o segun- CE 55,5% 30,11%
5 103
do vice-presidente da Comissão, presidente
DF 1 9,1% 3 11,53%
da Frente Parlamentar pela Radiodifusão,
Paulo Bornhausen (DEM-SC), parente de ES 1 9,1% 1 0,50%
sócios de uma rádio em Santa Catarina. A GO 10 62,5% 213 42,68%
região Nordeste possui sete deputados na MA 8 72,7% 178 58,74%
CCTCI ligados a empresas de radiodifusão. MG 13 27,65% 37 2,66%
Recentemente, o Instituto para o Desenvol- MS 1 9,09% 8 3,22%
vimento do Jornalismo (ProJor), ligado à MT 3 33,3% 23 8,07%
Universidade de Campinas (Unicamp),
PA 4 40% 43 14,19%
encaminhou representação à Procuradoria
Geral da República defendendo a apuração PB 3 50% 12 13,04%
desta questão. Hoje, o Ministério Público PE 2 20% 6 3,87%
Federal acompanha a mesma denúncia e já PI 4 57,14% 53 56,38%
conseguiu identificar 10 deputados da PR 15 41,6% 131 27,75%
CCTCI que votaram em seus próprios RJ 5 26,31% 33 8,22%
processos de renovação de concessão. RN 6 85,71% 13 12,74%
Com base nos mesmos dados, o Ministério RO 2 33,33% 37 24,02%
Público do Distrito Federal propôs a anula-
ção das concessões de seis empresas locais RR 2 100% 3 6,81%
de radiodifusão. RS 2 7,69% 16 2,08%
SC 5 25% 76 9,88%
SE 2 50% 21 35%
A atual relação SP 13 20,63% 56 3,22%
TO 60% 52,25%
com as comunitárias Todas
3
128 33,6%
81
1765 18,03%
Ao menos metade das 2.205 autorizações
dadas a rádios comunitárias entre 1999 e Fonte: Suzy dos Santos, “Coronelismo, radiodifusão e voto: a nova face de um velho conceito”, 2005.
2004 estão sob o controle de grupos partidá-
rios. A conclusão é do estudo realizado pelos
professores Venício Artur de Lima e Cristiano Quantidade de parlamentares do Congresso Nacional (deputados federais e
Aguiar Lopes, com o apoio do Instituto senadores) que possuem o controle de rádio ou TV por região
ProJor. A pesquisa analisou os representan-
G era d ora s N ú m ero d e p arla m e ntare s
tes legais e/ou diretores destas rádios e
constatou que pelo menos 350 pessoas são N ord e ste 44
ligadas de alguma forma a grandes partidos. S u d e ste 18
Assim, o que deveria servir à comunidade S ul 8
passa a ser instrumento de determinado N orte 7
político ou partido, a partir da prática do
C e ntro-o e ste 3
clientelismo.
Fonte: Agência Repórter Social, 2006.
20 CONCESSÕES DE RÁDIO E TV | Novembro 2007
21. Educativo, pero no mucho A partir daí, o governo federal, que antes
distribuía outorgas comerciais em troca de
Parte das emissoras que possuem outorga de “educativa” funcionam, na favores políticos, passa a usar as educativas
prática, como emissoras comerciais ou de grupos religiosos. como moeda. Dados da Comissão de
Ciência e Tecnologia, Comunicação e
Informática da Câmara dos Deputados
(CCTCI) revelam que há um percentual
muito maior de concessões educativas, sem
licitação, do que de outorgas comerciais. Em
2006, das 19 novas outorgas de TV concedi-
das, 15 delas (correspondentes a 78,9% do
total) eram para fins exclusivamente educati-
vos. Para FMs, 27,8% das novas conces-
sões eram educativas.
Educativo para quem?
Além da utilização das educativas como
moeda política, falta fiscalização sobre a
programação destas emissoras. A lei atual
estabelece que a radiodifusão educativa
destina-se exclusivamente à divulgação de
programação de caráter educativo-cultural e
não tem finalidades lucrativas. Entretanto,
há mais de 200 outorgas concedidas para
emissoras educativas, que, sem fiscaliza-
ção, funcionam como bem entendem.
A s e mis s ora s de TV educativas nascem na
década de 60 no Brasil com uma programa- Um levantamento feito pelo Observatório do
ção restrita “à divulgação de programas Direito à Comunicação com emissoras FM
educacionais, mediante transmissão de em São Paulo mostrou que quatro delas
aulas, conferências e debates”. O público- funcionam com outorgas educativas. Uma
alvo, à época, eram os 15 milhões de jovens delas é a emissora Gospel FM, ligada à
e adultos sem escolarização no país. Igreja Evangélica Renascer, de propriedade
da “bispa” Sônia Rodrigues e do “apóstolo”
A primeira emissora educativa a entrar no ar Estevam Hernandes, onde a programação é
foi a TV Universitária de Pernambuco, em baseada em cultos, pregações e programas
Além da utilização 1967. Neste mesmo ano, o Decreto-Lei 236, com a clara intenção de arrecadar dinheiro
que complementou o Código Brasileiro de para a igreja.
das educativas Telecomunicações, de 1962, proibiu a
como moeda veiculação de publicidade e qualquer Outra é a Brasil 2000 que, além de ter
utilização comercial desses canais. Em programação idêntica a das rádios comerci-
política, falta 1989, o Sinted (Sistema Nacional de ais, veicula anúncios publicitários. Segundo
fiscalização sobre Televisão Educativa) já contava com 15 o Departamento Comercial da rádio,
emissoras. somente são vetadas propaganda de
a programação cigarros e bebidas alcoólicas. Embora a
destas emissoras. legislação que trata das educativas seja
focada nas emissoras de TV, o Ministério das
Com isso, muitas A nova moeda Comunicações determina que tais rádios só
delas funcionam Nos anos de 95 e 96, decretos alteraram a podem veicular anúncios em caráter de
regulamentação das outorgas para emisso- apoio cultural. Todas as emissoras educati-
como emissoras ras comerciais, estabelecendo a obrigatorie- vas do município (as outras duas rádios com
dade de licitações nestes processos, mas
tipicamente rádios e TVs educativas ficaram dispensa-
outorgas educativas são a Rádio USP e a
Rádio Cultura FM), estão com suas outorgas
comerciais. das da obrigação. vencidas.
CONCESSÕES DE RÁDIO E TV | Novembro 2007 21
22. No rádio, o símbolo
da barbárie
De uma ponta a outra, o dial FM é uma coleção de absurdos e desvios
que só favorecem o modelo comercial de radiodifusão.
E m q u alq u er cidade brasileira, o dial das
rádios FM revela um cenário absurdo, criado
tanto pela legislação precária sobre as
concessões de radiodifusão quanto pela
burocracia leniente.
Situação exemplar das aberrações: ao parar
em qualquer estação para ouvir o seu
programa favorito, é bastante provável que o viraram a regra. Em média, um processo
ouvinte sintonize o sinal de uma emissora leva sete anos para ser concluído, incluindo
cuja outorga encontra-se vencida. Há anos. a tramitação no Ministério das Comunica-
ções, Casa Civil, Câmara e Senado. O que
Uma pesquisa no Sistema de Controle de significa que, em média, as emissoras
Radiodifusão da Agência Nacional de funcionam durante sete anos em caráter
Telecomunicações (Anatel) mostra, por precário. A responsabilidade, na maioria dos
exemplo, que das 12 outorgas para trans- casos, é do Ministério das Comunicações,
missão em FM no município de Porto Alegre, que mantém os processos parados por
apenas uma não está vencida. Em outras absurdos 4,5 anos.
capitais, a situação se repete: em Belém, das
12 outorgas, apenas três estão em dia; no
Rio de Janeiro, são 15 outorgas e apenas
quatro não estão vencidas; em Recife, só Outras cidades
uma em onze está com situação regular; em No mundo bizarro do rádio FM, o número de
São Paulo, das 39 emissoras FM, 36 estão rádios oficializadas que podem ser mapea-
Em média, um com as outorgas vencidas. das no dial será, certamente, maior do que
processo leva sete aquele que se pode identificar no registro da
Em vários casos, a licença para a transmis- Anatel.
anos para ser são está vencida duas vezes. A concessão
concluído, para rádios dura 10 anos, mas há prazos A consulta de outorgas por município aponta
vencidos há 12, 13 e até 17 anos. Uma rádio que, na cidade de São Paulo, existem 17
incluindo a cuja outorga venceu em 1991 – como em rádios autorizadas a funcionar. Uma volta
tramitação no dois casos registrados em Belém – deveria completa no dial mostra 39 rádios que
ter tido a autorização renovada naquele ano, podem ser sintonizadas na capital paulista e
Ministério das depois em 2001 e, agora, logo mais, em que têm algum registro nos órgãos regulado-
Comunicações, 2011. res. Ou seja, 22 rádios outorgadas para
outros municípios transmitem seu sinal para
Casa Civil, Câmara Todas estas emissoras seguem funcionando São Paulo. As rádios “intermunicipais” estão
e Senado. O que graças ao artigo 9º do decreto 88.066/1983, em flagrante conflito com o caráter eminen-
que diz: “Caso expire a concessão ou temente local do serviço de FM.
significa que, em permissão, sem decisão sobre o pedido de
média, as renovação, o serviço poderá ser mantido em Enquanto isso, Anatel e Minicom dizem que
funcionamento, em caráter precário (...)”. Na não há espaço na própria capital paulista
emissoras prática, esta previsão estabelece a renova- para as emissoras comunitárias, reservando
funcionam durante ção automática. a elas uma única freqüência no dial (87,5
MHz) que alguns aparelhos receptores não
sete anos em As situações de atraso na apreciação dos conseguem nem captar. E assim segue o
caráter precário. processos, que deveriam ser a exceção, rádio brasileiro.
22 CONCESSÕES DE RÁDIO E TV | Novembro 2007