LITERATURA DE CORDEL Por: JAQUELINE  MURTA
Francisco Ferreira Filho Diniz Literatura de Cordel É poesia popular, É história contada em versos Em estrofes a rimar, Escrita em papel comum Feita pra ler ou cantar. A capa é em xilogravura, Trabalho de artesão, Que esculpe em madeira Um desenho com ponção Preparando a matriz Pra fazer reprodução. Ou pode ser um desenho, Uma foto, uma pintura, Onde o título resume O que diz a escritura; É uma bela tradição Que exprime nossa cultura. Os folhetos de cordel Nas feiras eram vendidos Pendurados num cordão Falando do acontecido, De amor, luta e mistério, De fé e do desassistido. A minha literatura De cordel é reflexão Sobre a questão social E orienta o cidadão A valorizar a cultura E também a educação. Mas trata de outros temas: Da luta do bem contra o mal, Da crença do nosso povo, Do hilário, coisa e tal E você acha nas bancas Por apenas um real. O cordel é uma expressão Da autêntica poesia Do povo da minha terra, Que luta pra que um dia Acabem a fome e miséria, Haja paz e harmonia.
Origem do Nome
Diferenças Estéticas BRASIL PORTUGAL Temos eram do cotidiano nordestino. Temas eram vidas de nobres e cavaleiros. Os folhetos guardavam fortes vínculos com a tradição oral. As matrizes das quais saíam os cordéis pertenciam à cultura escrita. Poetas eram proprietários de sua obra podendo vendê-la. Os editores trabalhavam com obras de domínio público. Autores e público pertenciam às camadas populares. Os textos dirigiam-se ao conjunto da sociedade . Autores que viviam de compor e vender seus versos. Adaptadores de textos de sucesso.
ROMANCE DO EMIGRANTE Os meus olhos emigraram  Como se lágrima fosse….  Na barca Flor das Marés,  - Josèzinho foi para a Bahia. Minha mãe ficou chorando,  Era a sua sorte… acabou-se! Meu Pai, de pobre, morreu; Lá no arejo da Rampa  E em verso eu cate o piolho de oiro Aquele moleque sou eu  Que de saudade se nutria! Faz  cafuné na minha cabeça, Ó Bahia piedosa,  Minha Bahia! Faz cafuné na minha cabeça!  Faz cafuné! Todo eu em ti sou piolhos de oiro,  Que bom que foi meu tio José! De tua talha em meu pecado, Do meu desterro em teu ouvido. Mentira… Não emigrei! O galeguito foi meu Tio Que há bons seis anos eu levei À nossa ilha, tão redonda  (Obras Completas, vol.II) Que minha Avó a choraria  Poesias Vitorino Nemésio
Cordelista Lusitano "O meu nome é José e nesta desventura prefaciadora apresento-lhe, caro leitor, o que escreveu este livro. Desde novo se desinteressou pelas letras, vivendo no meio delas. Antes mais se arriscava em ágeis, e muitas vezes desastradas, subidas a árvores e penedos. Daí que sua mãe o alcunhasse de "espalha-brasas", decerto inspirada na transmontana lareira que a abrigou, até que se fez mulher casada no Porto …” Autor: José Gaspar Ferreira Ilustrações: Joana Quental 76 págs. encadernação em tecido
Poetas niversitário, Poetas de Cademia, De rico vocabularo Cheio de mitologia; Se a gente canta o que pensa, Eu quero pedir licença, Pois mesmo sem português Neste livrinho apresento O prazê e o sofrimento De um poeta camponês Depois que os dois livro eu li, Fiquei me sintindo bem, E ôtras coisinha aprendi Sem tê lição de ninguém. Na minha pobre linguage, A minha lira servage Canto o que minha arma sente E o meu coração incerra, As coisa de minha terra E a vida de minha gente. Se um dotô me perguntá Se o verso sem rima presta, Calado eu não vou ficá, A minha resposta é esta: — Sem a rima, a poesia Perde arguma simpatia E uma parte do primô; Não merece munta parma, É como o corpo sem arma E o coração sem amô. Meu caro amigo poeta, Qui faz poesia branca, Não me chame de pateta Por esta opinião franca. Nasci entre a natureza, Sempre adorando as beleza Das obra do Criadô, Uvindo o vento na serva E vendo no campo a reva  Pintadinha de fulô.  Patativa do Assaré Antônio Gonçalves da Silva . Aos Poetas Clássicos Texto extraído de um livreto de cordel com o mesmo título.
XILOGRAVURAS
Gonçalo Ferreira da Silva e um acervo de 13 mil títulos.
fatos do cotidiano  episódios históricos  lendas temas religiosos  É comum os autores criarem seus versos improvisadamente diante de um acontecimento ou uma pessoa que queiram homenagear. As formas variaram pouco ao longo do tempo.  TEMÁTICA
Forma fixa de rimas sendo quadras setessilábicas com rimas em ABCB que é a própria de Portugal Eu me chamo Zé Limeira   Da Paraiba falada   Cantando nas escritura   Saudando o pai da coaiada   A lua branca alumia   Jesus, Jose e Maria   Três anjos na farinhada.   Napoleão era um   Bom capitão de navio   Sofria de tosse braba   No tempo que era sadio,   Foi poeta e demagogo   Numa coivara de fogo   Morreu tremendo de frio ESTRUTURA POÉTICA Grande Contribuição Lusitana para o Cordel
1. As suas gravuras,  xilogravuras , representam um importante espólio do imaginário popular;  2. Pelo fato de funcionarem como divulgadoras da arte do cotidiano, das tradições populares e dos autores locais, a literatura de cordel é de inestimável importância na manutenção das identidades locais e das tradições literárias regionais, contribuindo para a manutenção do  folclore  nacional;  3. Pelo fato de poderem ser lidas em sessões públicas e de atingirem um número elevado de exemplares distribuídos, ajudam na disseminação de hábitos de leitura e lutam contra o analfabetismo;  4. A tipologia de assuntos que cobrem, crítica social e política e textos de opinião, elevam a literatura de cordel ao estandarte de obras de teor  didático  e educativo  IMPORTÂNCIA
http://www.ablc.com.br/historia/hist_ablc.htm http://literaturadecordel.vilabol.uol.com.br/ http://www.biblarte.gulbenkian.pt/main.asp http://www.in-libris.pt NEMÉSIO, Vitorino. Obras Completas. Vol.II-poesia. Imprensa Nacional-Casa da Moeda. 1989.Lisboa ABREL, Márcia. Histórias de Cordéis e Folhetos. Coleção Histórias de Leituras. Mercado de Letras/Associação de Leituras do Brasil. 1999. Campinas BIBLIOGRAFIA

Literatura de Cordel

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    LITERATURA DE CORDELPor: JAQUELINE MURTA
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    Francisco Ferreira FilhoDiniz Literatura de Cordel É poesia popular, É história contada em versos Em estrofes a rimar, Escrita em papel comum Feita pra ler ou cantar. A capa é em xilogravura, Trabalho de artesão, Que esculpe em madeira Um desenho com ponção Preparando a matriz Pra fazer reprodução. Ou pode ser um desenho, Uma foto, uma pintura, Onde o título resume O que diz a escritura; É uma bela tradição Que exprime nossa cultura. Os folhetos de cordel Nas feiras eram vendidos Pendurados num cordão Falando do acontecido, De amor, luta e mistério, De fé e do desassistido. A minha literatura De cordel é reflexão Sobre a questão social E orienta o cidadão A valorizar a cultura E também a educação. Mas trata de outros temas: Da luta do bem contra o mal, Da crença do nosso povo, Do hilário, coisa e tal E você acha nas bancas Por apenas um real. O cordel é uma expressão Da autêntica poesia Do povo da minha terra, Que luta pra que um dia Acabem a fome e miséria, Haja paz e harmonia.
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    Diferenças Estéticas BRASILPORTUGAL Temos eram do cotidiano nordestino. Temas eram vidas de nobres e cavaleiros. Os folhetos guardavam fortes vínculos com a tradição oral. As matrizes das quais saíam os cordéis pertenciam à cultura escrita. Poetas eram proprietários de sua obra podendo vendê-la. Os editores trabalhavam com obras de domínio público. Autores e público pertenciam às camadas populares. Os textos dirigiam-se ao conjunto da sociedade . Autores que viviam de compor e vender seus versos. Adaptadores de textos de sucesso.
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    ROMANCE DO EMIGRANTEOs meus olhos emigraram Como se lágrima fosse…. Na barca Flor das Marés, - Josèzinho foi para a Bahia. Minha mãe ficou chorando, Era a sua sorte… acabou-se! Meu Pai, de pobre, morreu; Lá no arejo da Rampa E em verso eu cate o piolho de oiro Aquele moleque sou eu Que de saudade se nutria! Faz cafuné na minha cabeça, Ó Bahia piedosa, Minha Bahia! Faz cafuné na minha cabeça! Faz cafuné! Todo eu em ti sou piolhos de oiro, Que bom que foi meu tio José! De tua talha em meu pecado, Do meu desterro em teu ouvido. Mentira… Não emigrei! O galeguito foi meu Tio Que há bons seis anos eu levei À nossa ilha, tão redonda (Obras Completas, vol.II) Que minha Avó a choraria Poesias Vitorino Nemésio
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    Cordelista Lusitano "Omeu nome é José e nesta desventura prefaciadora apresento-lhe, caro leitor, o que escreveu este livro. Desde novo se desinteressou pelas letras, vivendo no meio delas. Antes mais se arriscava em ágeis, e muitas vezes desastradas, subidas a árvores e penedos. Daí que sua mãe o alcunhasse de "espalha-brasas", decerto inspirada na transmontana lareira que a abrigou, até que se fez mulher casada no Porto …” Autor: José Gaspar Ferreira Ilustrações: Joana Quental 76 págs. encadernação em tecido
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    Poetas niversitário, Poetasde Cademia, De rico vocabularo Cheio de mitologia; Se a gente canta o que pensa, Eu quero pedir licença, Pois mesmo sem português Neste livrinho apresento O prazê e o sofrimento De um poeta camponês Depois que os dois livro eu li, Fiquei me sintindo bem, E ôtras coisinha aprendi Sem tê lição de ninguém. Na minha pobre linguage, A minha lira servage Canto o que minha arma sente E o meu coração incerra, As coisa de minha terra E a vida de minha gente. Se um dotô me perguntá Se o verso sem rima presta, Calado eu não vou ficá, A minha resposta é esta: — Sem a rima, a poesia Perde arguma simpatia E uma parte do primô; Não merece munta parma, É como o corpo sem arma E o coração sem amô. Meu caro amigo poeta, Qui faz poesia branca, Não me chame de pateta Por esta opinião franca. Nasci entre a natureza, Sempre adorando as beleza Das obra do Criadô, Uvindo o vento na serva E vendo no campo a reva Pintadinha de fulô. Patativa do Assaré Antônio Gonçalves da Silva . Aos Poetas Clássicos Texto extraído de um livreto de cordel com o mesmo título.
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    Gonçalo Ferreira daSilva e um acervo de 13 mil títulos.
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    fatos do cotidiano episódios históricos lendas temas religiosos É comum os autores criarem seus versos improvisadamente diante de um acontecimento ou uma pessoa que queiram homenagear. As formas variaram pouco ao longo do tempo. TEMÁTICA
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    Forma fixa derimas sendo quadras setessilábicas com rimas em ABCB que é a própria de Portugal Eu me chamo Zé Limeira Da Paraiba falada Cantando nas escritura Saudando o pai da coaiada A lua branca alumia Jesus, Jose e Maria Três anjos na farinhada. Napoleão era um Bom capitão de navio Sofria de tosse braba No tempo que era sadio, Foi poeta e demagogo Numa coivara de fogo Morreu tremendo de frio ESTRUTURA POÉTICA Grande Contribuição Lusitana para o Cordel
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    1. As suasgravuras, xilogravuras , representam um importante espólio do imaginário popular; 2. Pelo fato de funcionarem como divulgadoras da arte do cotidiano, das tradições populares e dos autores locais, a literatura de cordel é de inestimável importância na manutenção das identidades locais e das tradições literárias regionais, contribuindo para a manutenção do folclore nacional; 3. Pelo fato de poderem ser lidas em sessões públicas e de atingirem um número elevado de exemplares distribuídos, ajudam na disseminação de hábitos de leitura e lutam contra o analfabetismo; 4. A tipologia de assuntos que cobrem, crítica social e política e textos de opinião, elevam a literatura de cordel ao estandarte de obras de teor didático e educativo IMPORTÂNCIA
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    http://www.ablc.com.br/historia/hist_ablc.htm http://literaturadecordel.vilabol.uol.com.br/ http://www.biblarte.gulbenkian.pt/main.asphttp://www.in-libris.pt NEMÉSIO, Vitorino. Obras Completas. Vol.II-poesia. Imprensa Nacional-Casa da Moeda. 1989.Lisboa ABREL, Márcia. Histórias de Cordéis e Folhetos. Coleção Histórias de Leituras. Mercado de Letras/Associação de Leituras do Brasil. 1999. Campinas BIBLIOGRAFIA