1. Como Organizar um Relatório Científico
Autor original:
Modificado por: Prof. Dr. Alberto Lozéa Feijó Soares
Prof. Mr. Cláudio Márcio Ribeiro Magalhães
V-1.0
22 de Fevereiro de 2011
2. Como Organizar um Relatório Científico
1. O que é e qual o objetivo de um Relatório Científico?
A função principal de um Relatório Científico é descrever como um experimento é
conduzido e comprovar se uma ou mais leis físicas ou matemáticas quaisquer são
verdadeiras. O Relatório deve ser escrito de uma maneira que uma pessoa leiga no assunto
seja capaz de reproduzir e obter as mesmas conclusões que o autor original do experimento.
O Relatório deve ser escrito com uma linguagem técnico-científica [1], nunca coloquial [2], de
maneira organizada e coerente com início, meio e fim, como em uma redação. Um Relatório
Científico deve sempre conter uma conclusão, mesmo que o experimento não tenha dado
certo. Se esse for o caso, a conclusão deve descrever os prováveis motivos da falha do
experimento.
2. Organização de um Relatório
Um relatório deve descrever de forma detalhada, clara e objetiva a realização e
conclusão de um experimento. Apenas os dados relevantes para compreensão dos resultados
devem ser descritos. A clareza e a objetividade têm, por finalidade, uma leitura prática e rápida
sem perdas de informações. Os relatórios devem conter no máximo 10 páginas bem
distribuídas em itens indispensáveis. Para as disciplinas dos Cursos de Engenharia e Ciências
Exatas, o relatório deve conter os seguintes itens:
a. Capa padrão contendo: título do experimento, data de realização, identificação dos
discentes e identificação da turma e curso;
b. Resumo do trabalho;
c. Introdução teórica ao tema;
d. Procedimento experimental;
e. Resultados da análise dos dados e medições;
f. Conclusão e discussão final dos resultados;
g. Referências bibliográficas;
h. Apêndice.
A subdivisão de cada parte acima em dois ou mais itens é possível e recomendada;
mas apenas quando necessária para sua melhor compreensão.
A formatação do relatório e discertações científicas deve seguir as normas da ABNT [3].
A seguir, vamos fazer uma descrição mais detalhada dos itens essenciais para a confecção de
um Relatório Científico bem feito.
2.1. Capa
Muitos alunos costumam negligenciar a capa dos Relatórios. O preenchimento do título
do experimento, data de realização, identificação dos discentes, da turma e do curso é
obrigatório. Relatórios com o preenchimento da capa incompleto não serão corrigidos. Na
última página deste documento, encontra-se a capa padrão para impressão, usada nos
Relatórios da Universidade 9 de Julho. Como dito antes, o seu uso é obrigatório.
2.2. Resumo
O resumo deve conter no máximo 10 linhas (dois ou três parágrafos) e tem como
finalidade dar ao leitor uma razoável descrição do conteúdo total abordado no relatório, bem
como os resultados finais obtidos. O resumo só pode ser escrito no término do relatório e deve
conter uma visão geral do experimento. Entretanto, ele deve sempre ser apresentado no início
do texto. Todo o conteúdo do resumo deve ser retomado de forma mais específica e com mais
detalhes ao longo do relatório. É interessante colocar explicitamente o resultado (ou
resultados) final do experimento no resumo.
3. 2.3 Objetivo
Este é um item opcional que pode estar contido no Resumo (item 2.2) ou na Introdução
Teórica (item 2.4). Se você optar em colocar o objetivo, ele deve conter de maneira clara o
goal [4] do experimento, ou seja, a meta do experimento.
2.4. Introdução Teórica ao Tema
Os objetivos da experiência podem ser discutidos nesta seção. As leis físicas
necessárias para compreensão do tema devem ser abordadas impreterivelmente aqui, bem
como os comentários relevantes na abordagem do experimento e que não se enquadram nas
outras partes do relatório. A Introdução Teórica deve conter as leis físicas ou matemáticas
usadas ou comprovadas durante o experimento, bem como, a explicação ou relação com os
conceitos físicos relevantes, ou seja, essas leis devem ser bem explicadas nesta seção. Note
como fazê-lo neste exemplo simples:
Neste experimento, comprovaremos a 2ª Lei de Newton:
onde, FR é resultante das forças que atuam no corpo, m é a massa medida com a
balança e a, é a aceleração do móvel em questão.
Note que na Eq. (1) e no texto, as expressões ou termos matemáticos devem ser
escritas obrigatoriamente em itálico. Se precisarmos voltar a usar estas leis em outra parte do
Relatório, a referência deve ser feita pela citação do número da equação. Você deve fazer da
seguinte maneira:
Após medir a massa com a balança e a aceleração com os sensores do
experimento, podemos obter a força resultante usando a Eq. (1).
Se a lei física ou matemática precisar de uma explicação ou dedução mais detalhada,
essas passagens devem ser colocadas em um Apêndice (item 2.9). Na Introdução Teórica, as
equações devem ser apresentadas de maneira prática e clara e nunca uma grandeza física ou
matemática citada no texto pode ficar sem explicação.
Não copiar a Introdução Teórica do roteiro do experimento e não utilizar uma
página da internet como introdução do tema. Se você utilizar algum texto de qualquer fonte,
escreva-o com as suas próprias palavras citando a fonte original. Lembre-se que copiar textos
sem citar o autor é plágio que é um crime previsto no Código Penal [5].
2.5. Procedimento Experimental
Esta seção deve conter principalmente, uma descrição detalhada do material utilizado,
bem como o procedimento utilizado durante a realização das medidas e tomada de dados. As
características dos instrumentos utilizados, suas incertezas e cuidados particulares adotados
são informações extremamente importantes.
Tente organizar as etapas em uma seqüência lógica e coerente que seja fácil de ser
seguida por uma pessoa inexperiente. Para ter uma idéia deste procedimento, siga o exemplo
da medida da densidade1 de um bloco metálico qualquer:
1
A densidade ou massa específica d é propriedade dos materiais dada pela razão de sua massa m pelo seu volume
V.
4. Em primeiro lugar, descreva o material e equipamento utilizado:
Régua milimetrada;
Balança analítica;
Bloco metálico cúbico.
Agora descreva o procedimento que seu grupo seguiu para obter a densidade analiticamente:
Utilizamos a régua para medir a aresta do bloco;
Utilizamos a balança analítica para medir a massa;
Com base nos valores obtidos, calculamos a densidade usando a Eq. (2).
Se necessário, para um melhor entendimento do procedimento pelo leitor, organize
estes itens em subitens desta seção.
2.6. Análise dos Dados e Medições
Os dados obtidos nos experimento devem aparecer obrigatoriamente nesta seção.
Quando esses dados forem repetitivos, estes devem ser apresentados na forma de tabelas
contendo legendas explicativas. Lembre-se de construir suas tabelas da forma mais
simples possível e que a legenda deve explicar de maneira sucinta os dados
apresentados nela.
A seguir, mostraremos um exemplo de uma tabela contendo o período médio de um pêndulo
simples [6] e seu desvio padrão da média [7]:
Medidas
1 1,186 -0,1492 2,2226×10-2
2 1,211 -0,1242 1,5426×10-2
3 1,917 0,5818 0,3385×10-2
4 1,173 -0,1622 2,6309×10-2
5 1,189 -0,1462 2,1374×10-2
Tabela 1: Cálculo da média do período de um pêndulo e seu desvio padrão da média
para cinco medidas.
Ao realizar a análise dos dados, explique em detalhes os cálculos feitos, assim como os
gráficos utilizados se nescessario e indique as equações usadas na análise. Sempre coloque
as unidades corretas nas grandezas medidas e calculadas.
Mostraremos através de um outro exemplo como realizar a análise dos dados
apresentados da Tab. 1:
A partir das medidas agrupadas na Tab. 1, calculou-se o período médio do
pêndulo dado pela equação:
onde são as medidas individuais do período do pêndulo e n é o número de medidas
realizadas no experimento. O desvio padrão da média σm foi calculado somando-se os
quadrados dos desvios e aplicando a fórmula:
5. Em trabalhos experimentais o resultado final sempre deve ser apresentado
acompanhado de uma incerteza, e esta incerteza depende de vários fatores, neste caso
usaremos o desvio padrão da média :
Onde T é período do pêndulo medido em segundos.
É imprescindível que os valores calculados experimentalmente, sejam escritos
acompanhados de uma incerteza, neste caso optamos pela incerteza padrão da média e todos
os resultados necessariamente devem seguir as regras específicas de arredondamentos da
ABNT [8], bem como devem conter a quantidade correta de algarismos significativos. Abaixo
apresentaremos como exemplo os resultados do período médio calculado na Tab. 1 com a
quantidade correta de algarismos significativos acompanhado de sua respectiva incerteza,
neste caso, o desvio padrão da média .
Usando o valor do período médio , e da incerteza padrão média encontrados
na Tab. 1, o resultado final para o valor do período do pêndulo medido foi:
Gráficos e figuras utilizados ou feitos durante a análise dos dados também devem ser
incluídos no Relatório Cientifico. Do mesmo modo que as tabelas, eles devem conter
obrigatoriamente uma legenda explicativa. Lembrando que tabelas, gráficos e fórmulas físicas
ou matemáticas utilizados durante o texto devem ser apresentadas devidamente enumeradas
para uso em citações posteriores.
Observação: Gráficos desenhados manualmente em papel milimitrado, podem
preferencialmente ser colocados no Apêndice (Item 2.9).
2.7. Conclusão
É nesta parte que a experiência deve ser discutida como um todo. Os valores
experimentais obtidos podem ser comparados com outras medidas ou valores de outras
referências teóricas ou experimentais (sempre citando a orígem). Comentários, sugestões e
críticas relevantes aos equipamentos utilizados, suas incertezas e métodos de medidas
utilizados para obtenção do resultado final devem ser feitos. É essencial que se discutam os
resultados, os quais, os dados do experimento permitem atingir. O resultado principal do
experimento deve ser mostrado na conclusão com sua respectiva incerteza no formato da Eq.
(6). Procure fazer uma conclusão clara e coerente sobre a experiência. Mesmo experimentos
que não deram certo ou que tiveram um erro final acima do valor aceitável, devem conter uma
conclusão compatível. Se este for o caso, a conclusão deve mostrar os motivos da falha ou as
possíveis orígem e causas dos erros. Muitas vezes os experimentos – e por sua vez o
Relatório Científico – podem ser considerados corretos se a conclusão for bem feita e
compatível com o resultado final.
2.8. Referências Bibliográficas
Todas as referências bibliográficas citadas no texto devem ser enumeradas entre
colchetes [...] no final do Relatório. Existem muitas maneiras de se fazer essas referências,
mas preferencialmente utilize as normas da ABNT para a colocação de referencias
bibliográficas [9] . Por exemplo, para citar partes de um livro ou texto, a referência deve conter
6. SOBRENOME, Prenome. Título (do capítulo) In: Título (do livro no todo) Local: Editora, ano.
Cap nº (se houver), página inicial e final. Faça desta maneira:
GADOTTI, Moacir. A Paixão de Conhecer o Mundo. Pensamento Pedagógico Brasileiro.
São Paulo: Atlas, 1987. Cap. 5, p. 58-73.
Para citar um documento na internet [10] coloque AUTOR(ES) (se houver). Título: subtítulo (se
houver) Disponível em:<endereço da URL>. Data de acesso:
FACULDADE DE AGRONOMIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL.
Manual de referências bibliográficas. Disponível em:
http://www.ufrgs.br/agronomia/manualcap1.htm. Acesso em: 20/07/2002.
Para outros exemplos de referências bibliográficas, consulte [9, 10].
2.9. Apêndice
Este é um item opcional. Pode, entretanto, ser utilizado para resolução de exercícios
sobre o assunto, desde que o Relatório os forneça, e para a apresentação de tópicos que
podem ser discutidos ou relembrados separadamente do texto principal, como, por exemplo, a
dedução muito longa de uma lei física ou matemática. Os Apêndices devem ser usados
basicamente para aliviar o Relatório de um conteúdo grande ou repetitivo.
Referências Bibliográficas:
[1] Linguagem Cientifica: um caminho de regras para um mundo social e cultural, Solange
Gomes da Fonseca. Disponível em: http://www.portalliteral.com.br/artigos/linguagem-cientifica-
um-caminho-de-regras-para-um-mundo-social-e-cultural. Acesso em: 11/02/2011.
[2] Dicionário informal, Linguagem coloquial. Disponível em:
http://www.dicionarioinformal.com.br/buscar.php?palavra=linguagem%20coloquial. Acesso em:
11/02/2011.
[3] Normas ABNT, LabFlex, IF – USP. Disponível em:
http://sampa.if.usp.br/~suaide/LabFlex/blog/pivot/entry.php?id=98. Acesso em: 11/02/2011.
[4] Wikipédia: Goal. Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Goal. Acesso em: 11/02/2011.
[5] Plágio em trabalhos científicos. Disponível em:
http://substantivoconcreto.wordpress.com/2010/11/24/plgio-em-trabalhos-cientficos/. Acesso
em: 15/02/2011.
[6] Pêndulo simples. Disponível em:
http://www.sofisica.com.br/conteudos/Ondulatoria/MHS/pendulo.php. Acesso em: 18/02/2011.
[7] Desvio padrão da média, ITA. Disponível em:
http://www.fis.ita.br/labfis45/erros/errostextos/erros4.htm. Acesso em: 18/02/2011.
[8] Roteiro 1, FGE I, p. 3, Diretoria de Ciências Exatas, Universidade 9 de Julho - UNINOVE.
[9] Normas de entrada das referências segundo a norma NBR 6023/2002. Disponível em:
http://www.cdcc.usp.br/cda/sessao-astronomia/sessao-astronomia-padrao/referencia-
bibliografica-ufrgs.htm. Acesso em: 21/02/2011.
[10] Normas da ABNT para citações e Referências Bibliográficas. Disponível em:
http://www.leffa.pro.br/textos/abnt.htm#5.16.4. Acesso em: 21/02/2011.
7. UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO
Diretoria de Exatas
Curso de Engenharia __________________________________
Laboratório de Física Geral e Experimental _____
Data de realização do Experimento: ___/___/2011
Professor: _______________________________________
RA Nome completo de cada aluno Assinatura
1
2
3
4
5
6
7
8
Experimento:
Campus: ( ) VM ( ) MM ( ) VG ( ) SA Turma: Sala :
Requisito Notas
1. Capa: preenchimento completo e legível.
2. Itens: organização e encadeamento lógico do trabalho.
3. Resumo: correspondência do resumo com o conteúdo do trabalho.
4. Objetivos do experimento: coerência com o conteúdo do experimento.
A introdução teórica ao tema está adequada: leis físicas do experimento abordadas e
5.
relacionadas com o experimento.
Procedimento experimental: descrição do procedimento utilizado incluindo relação do
6.
material utilizado, esquemas e figuras quando necessário.
Dados das medições: apresentação de todas as grandezas medidas e adotadas no
7.
experimento, com as respectivas unidades.
Análise de resultados: fórmulas e cálculos corretos; resultados apresentados com o uso
8.
adequado dos algarismos significativos e unidades de medidas.
Conclusões: discussão da validade ou não dos resultados encontrados, considerando-se,
9. por exemplo, a precisão dos equipamentos e valores de referências teóricas – coerência
com os objetivos gerais e específicos do experimento.
10. Bibliografia: pertinente e apresentada de acordo com as normas da ABNT
Nota final do Relatório: