Até que ponto seria válido o sacrifício das dez vidas de trabalhadores, que morreram ao tentar resgatar os cinco indivíduos presos na caverna?" Dois juízes votaram pela absolvição dos exploradores sob o argumento de que eles estavam em uma situação de "estado natural" fora da jurisdição das leis, enquanto dois outros juízes votaram pela condenação por considerarem que a vida não pode ser tirada mesmo em situações de sobrevivência.
1. O Caso dos
Exploradores de
Caverna
Lon L. Fuller
Grupo:
Bruna Hatje
Carolina Goulart
Guilherme Ruschel
Rosemeri Munhoz de Andrade
2. Resumo
Cinco integrantes de uma organização amadorística de
exploradores de cavernas, ficam presos ao fazerem uma
escavação em que ocorre um desmoronamento. No momento que tentaram ser
resgatados, acontece outro desabamento e dez operários, contratados para resgatá-los,
morrem soterrados
Quando ficaram sem mantimentos fizeram um acordo entre si: quem perdesse na sorte,
entre os cinco, teria sua vida tirada para servir de alimento para os demais, para que não
morressem de inanição, acordo sugerido por Roger Whetmore.
Ao serem resgatados, descobriu-se que Roger Whetmore fora morto e servira de alimento
aos outros exploradores. Os sobreviventes são processados e condenados a morte pela
forca, pelo assassinato de Roger.
Os acusados recorrem da decisão. Foram julgados então por mais quatro juízes, que
expuseram seus argumentos, deram dois votos a favor da absolvição (Foster e Handy), um
os condenou (Keen) e outro se recusou a participar da decisão do caso(Tatting), contando
com o voto do presidente do Tribunal de Primeira Instância(Truepenny), dá-se o empate e a
sentença condenatória foi confirmada.
3. O ministro Foster, seguindo a corrente jusnaturalista, defendeu os reús, utilizando dois
argumentos:
1 ° Argumento
Premissa segundo a qual os homens deviam conviver em sociedade encontrava-se na base
do princípio territorial.
- Os acusados estavam fora de uma abrangência territorial por estarem presos na caverna,
e encontravam-se não em um “estado de sociedade civil”, mas em um “estado natural” e
que a lei que deve ser-lhes aplicada não era a civil, mas a lei natural.
- Acordo celebrado entre os exploradores, semelhante em espécie ao contratos que
vigoraram nas comunidades remotas.
-“Caso os dramáticos acontecimentos constantes do processo houvessem ocorrido a um
quilômetro e meio além de suas fronteiras territoriais, ninguém postularia a aplicação da
lei local em relação aos réus”.
“Até que ponto seria válido o sacrifício das dez vidas
de trabalhadores, que morreram ao tentar resgatar os
cinco indivíduos presos na caverna?”
Assim ele encerra o primeiro fundamento de seu voto
4. O juiz Foster concede para fins de argumentação que esteja errado, supõe que a
legislação consolidada tenha o poder de penetrar 500 pés de rocha e impor aos
condenados.
2° Argumento
A lei não pode ser levada ao pé da letra quando se diz que “qualquer um que, de própria
vontade, retira a vida de outrem, deverá ser punido com a morte”.
Ressalta: um dos mais antigos princípios gerais do Direito
estabelecia que um homem podia violar a letra da lei sem
infringir o seu espírito.
Como exemplo a exceção da legítima defesa, que não estava na
lei, mas podia ser aceita mediante a utilização da razão e do
bom senso, instrumentos que também poderiam ser aplicados
no caso dos réus que tiveram uma terrível experiência naquela
caverna e que de certa forma agiram na legítima defesa de suas
próprias.
Conclui que os réus eram inocentes em relação ao crime de
homicídio.
6. VOTO PELA CONDENAÇÃO
A vida é um bem indisponível.
Matar alguém ainda que seja para sobrevivência própria é homicídio.
Nenhuma vida é mais valiosa do que a outra.
Os réus praticaram de forma livre e consciente, sem pudor o delito de homicídio
qualificado, no 23° dia. Ficaram em silêncio por nove dias (o dia do resgate), tendo
como desculpa o término da bateria do aparelho. Foram resgatados no 32° dia.
- Estavam a três dias sem comer, porque não esperaram mais tempo conforme propôs
a Wheltmore ?
- Porque não se auto-flagelaram, mutilando a si próprio, e assim fazendo uso de partes
do seu corpo para se alimentar?
- Porque não esperar até que o primeiro viesse a falecer por inanição?
MORAL
ÉTICA
VALORES
VIRTUDES
7. Será que a fome no interior de uma caverna
justifica assassinatos ? E fora dela não?
Segundo relatório da ONU, a fome e a desnutrição, levam à morte todos os anos mais de
5 milhões de crianças, a maioria nos países em desenvolvimento.
https://secure.unicef.org.br/assets/pdf/UNICEF_relatorio2011.pdf publicado em março,2012
Existem, pelo menos, 36 milhões de brasileiros que nunca sabem quando
terão a próxima refeição (pesquisas – médico voluntário Flávio Valente)
Na Somália, 750.000 pessoas correm o risco de morrer nos próximos quatro
meses na ausência de uma resposta adequada em termos de envio de ajuda“
06/09/2011
pelo menos 20% das residências confrontadas
com uma grave penúria alimentar
30% da população com desnutrição aguda
taxa de mortalidade diária de dois sobre 10.000
pessoas
Fonte: www.veja.abril.com.br/onu publicada em set/2011
8. Qual a fronteira entre a razão e a emoção ?
Emoção
Razão
Intransigência
Indiferença
Argumentação
9. - Consequência da decisão sobre casos futuros.
Precedentes, com o surgimento de casos semelhantes.
- A lei é dura mas é a lei (a de Newgarth). Foi escrita
pelos legisladores dentro daquele contexto social.
- Um aplicador não pode julgar amparado por
suas emoções e razões pessoais.
- Mudanças futuras nas Leis de Newgarth.
Cabe a reflexão da manifestação da população a favor da
absolvição ou amenização da pena dos réus para pressionar os
legisladores acerca da promoção de possíveis mudanças na lei.
10. “(...)Um Estado não pode subsistir
quando as sentenças legais nele não
tem força, e o que é mais grave,
quando os indivíduos as desprezam e
destroem(...)”
Sócrates, em um de seus diálogos com CRÍTON, que lhe
aconselhava a fugir, às vésperas de sua condenação à morte.
Fonte: www.JurisWay.com.br publicado em 21/9/2011