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CADEIA DE REFERÊNCIA
DEFINIÇÃO
Quando num texto há um ou mais fragmentos textuais sem referência autônoma, cuja interpretação depende do
valor referencial de uma expressão presente no discurso anterior (anáfora) ou subsequente (catáfora) estamos
perante uma cadeia de referência.
No enunciado "O Pedro lidera a turma. Os colegas apoiam-no incondicionalmente e estão do lado dele em todas
as situações", a expressão nominal [O Pedro] e os pronomes pessoais [o] e [ele] formam uma cadeia de
referência, dado que o referente das formas pronominais é estabelecido pela expressão nominal, presente no
contexto verbal. As três estruturas sublinhadas reenviam para o mesmo referente, ou seja, para a mesma
entidade do mundo.
ANÁFORA
Fala-se de anáfora quando a interpretação de uma expressão (habitualmente designada por termo anafórico)
depende da interpretação de uma outra expressão presente no contexto verbal (o antecedente). Mais
concretamente, a expressão referencialmente não autônoma (o termo anafórico) retoma, total ou parcialmente, o
valor referencial do antecedente.
Há casos de anáfora em que o termo anafórico e o antecedente são co-referentes (isto é, designam a mesma
entidade, como os exemplos (I) e (II) ilustram), mas há também casos de anáfora sem co-referência (veja-se o
exemplo (III).
A anáfora é uma referência deíctica.
(I) O João está doente. Vi-o na semana passada. Neste exemplo, o pronome pessoal [o] é o termo anafórico,
referencialmente dependente, que retoma o valor referencial do grupo nominal [o João].
(II) A Ana comprou um cão. O animal já conhece todos os cantos da casa. Neste exemplo, o termo anafórico é
o grupo nominal [o animal], que retoma o valor referencial do antecedente [o cão]. É a relação de
hiponímia/hiperonímia entre [cão] e [animal] que suporta a co-referência.
(III) A sala de aulas está degradada. As carteiras estão todas riscadas. Neste exemplo, a interpretação
referencial do sintagma nominal [as carteiras] depende da sua relação anafórica com o sintagma nominal [a sala
de aulas]. Há uma relação parte-todo (ver meronímia e holonímia) entre os lexemas em causa que sustenta a
relação anafórica.
O João faz 18 anos no dia 2 de Julho de 2001. No dia seguinte, parte para uma grande viagem pela Europa.
Neste exemplo, o valor referencial da expressão sublinhada constrói-se a partir da interpretação do antecedente,
a expressão adverbial temporal no dia 2 de Julho de 2001. Assim, no dia seguinte designa o dia 3 de Julho de
2001.
CATÁFORA
Numa cadeia de referência, a expressão que estabelece o referente pode ocorrer no discurso subsequente àquele
em que surgem as expressões referencialmente dependentes habitualmente designadas por termos anafóricos
(anáfora). Quando a cadeia de referência exibe esta ordenação linear, o termo catáfora substitui o termo
anáfora. No fragmento textual "A irmã olhou-o e disse: - João, estás com um ar cansado", o pronome pessoal o
é uma expressão referencialmente não autônoma, cujo valor depende da interpretação de uma expressão
presente no contexto discursivo subsequente, o nome próprio João. Catáfora designa este tipo particular de
anáfora, em que o termo anafórico precede o antecedente.
ELIPSE
Numa cadeia de referência, o termo anafórico (ver anáfora) pode não estar lexicalmente realizado. Fala-se de
elipse para designar essa categoria vazia referencialmente dependente, cuja interpretação convoca
necessariamente um antecedente.
exemplo
Na frase "O Rui caiu e fraturou uma perna", verifica-se a elipse do sujeito da segunda oração, mas esse sujeito
continua a ser interpretado anaforicamente, por retomada do valor referencial do antecedente ‘O Rui’.
CO-REFERÊNCIA NÃO ANAFÓRICA
Duas ou mais expressões linguísticas podem identificar o mesmo referente, sem que nenhuma delas seja
referencialmente dependente da outra. Fala-se, então, de co-referência não anafórica (ver anáfora). No texto "O
Rui foi trabalhar para África. Finalmente, o marido da Ana conseguiu concretizar o seu sonho", as expressões
‘O Rui’ e ‘o marido da Ana’ podem ser co-referentes, ou seja, podem identificar a mesma entidade, sem que
nenhuma delas funcione como termo anafórico. Naturalmente, só informação de caráter extra linguístico
permite afirmar se há ou não co-referência entre as duas expressões nominais.
RESUMINDO:
São elementos de referência os itens da língua que não podem ser interpretados semanticamente por si mesmos,
mas remetem para outros itens do discurso necessários à sua interpretação.
A referência será chamada ANÁFORA quando se referir a algo já citado no texto. Será CATÁFORA quando se
referir a algo que será dito no texto, e CO-REFERÊNCIA NÃO ANAFÓRICA quando se referir a algo que
está fora do texto. O apagamento ( ou omissão)de um termo na frase, que puder ser recuperada pelo contexto, é
também um expediente de coesão e chama-se ELIPSE.
Quando um elemento anafórico está empregado num contexto tal que pode referir-se a dois termos antecedentes
distintos, isso rompe a coesão e, por conseguinte, provoca ambiguidade.
Ex: O jornalista desentendeu-se com o jornal por causa de sua campanha a favor do presidente. (a campanha do
jornalista ou do jornal?)
O Jorge criticou severamente a prima da sua amiga que frequentava o mesmo clube. (que = a prima da amiga
ou a amiga?)
A referência pode ser: pessoal (feita por meio de pronomes pessoais e possessivos), demonstrativa (realizada
por meio de pronomes demonstrativos e advérbios indicativos de lugar), e comparativa (efetuada por via
indireta, por meio de identidades e similaridades).

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Cadeia de referência

  • 1. CADEIA DE REFERÊNCIA DEFINIÇÃO Quando num texto há um ou mais fragmentos textuais sem referência autônoma, cuja interpretação depende do valor referencial de uma expressão presente no discurso anterior (anáfora) ou subsequente (catáfora) estamos perante uma cadeia de referência. No enunciado "O Pedro lidera a turma. Os colegas apoiam-no incondicionalmente e estão do lado dele em todas as situações", a expressão nominal [O Pedro] e os pronomes pessoais [o] e [ele] formam uma cadeia de referência, dado que o referente das formas pronominais é estabelecido pela expressão nominal, presente no contexto verbal. As três estruturas sublinhadas reenviam para o mesmo referente, ou seja, para a mesma entidade do mundo. ANÁFORA Fala-se de anáfora quando a interpretação de uma expressão (habitualmente designada por termo anafórico) depende da interpretação de uma outra expressão presente no contexto verbal (o antecedente). Mais concretamente, a expressão referencialmente não autônoma (o termo anafórico) retoma, total ou parcialmente, o valor referencial do antecedente. Há casos de anáfora em que o termo anafórico e o antecedente são co-referentes (isto é, designam a mesma entidade, como os exemplos (I) e (II) ilustram), mas há também casos de anáfora sem co-referência (veja-se o exemplo (III). A anáfora é uma referência deíctica. (I) O João está doente. Vi-o na semana passada. Neste exemplo, o pronome pessoal [o] é o termo anafórico, referencialmente dependente, que retoma o valor referencial do grupo nominal [o João]. (II) A Ana comprou um cão. O animal já conhece todos os cantos da casa. Neste exemplo, o termo anafórico é o grupo nominal [o animal], que retoma o valor referencial do antecedente [o cão]. É a relação de hiponímia/hiperonímia entre [cão] e [animal] que suporta a co-referência. (III) A sala de aulas está degradada. As carteiras estão todas riscadas. Neste exemplo, a interpretação referencial do sintagma nominal [as carteiras] depende da sua relação anafórica com o sintagma nominal [a sala de aulas]. Há uma relação parte-todo (ver meronímia e holonímia) entre os lexemas em causa que sustenta a relação anafórica. O João faz 18 anos no dia 2 de Julho de 2001. No dia seguinte, parte para uma grande viagem pela Europa. Neste exemplo, o valor referencial da expressão sublinhada constrói-se a partir da interpretação do antecedente, a expressão adverbial temporal no dia 2 de Julho de 2001. Assim, no dia seguinte designa o dia 3 de Julho de 2001. CATÁFORA Numa cadeia de referência, a expressão que estabelece o referente pode ocorrer no discurso subsequente àquele em que surgem as expressões referencialmente dependentes habitualmente designadas por termos anafóricos (anáfora). Quando a cadeia de referência exibe esta ordenação linear, o termo catáfora substitui o termo anáfora. No fragmento textual "A irmã olhou-o e disse: - João, estás com um ar cansado", o pronome pessoal o é uma expressão referencialmente não autônoma, cujo valor depende da interpretação de uma expressão presente no contexto discursivo subsequente, o nome próprio João. Catáfora designa este tipo particular de anáfora, em que o termo anafórico precede o antecedente.
  • 2. ELIPSE Numa cadeia de referência, o termo anafórico (ver anáfora) pode não estar lexicalmente realizado. Fala-se de elipse para designar essa categoria vazia referencialmente dependente, cuja interpretação convoca necessariamente um antecedente. exemplo Na frase "O Rui caiu e fraturou uma perna", verifica-se a elipse do sujeito da segunda oração, mas esse sujeito continua a ser interpretado anaforicamente, por retomada do valor referencial do antecedente ‘O Rui’. CO-REFERÊNCIA NÃO ANAFÓRICA Duas ou mais expressões linguísticas podem identificar o mesmo referente, sem que nenhuma delas seja referencialmente dependente da outra. Fala-se, então, de co-referência não anafórica (ver anáfora). No texto "O Rui foi trabalhar para África. Finalmente, o marido da Ana conseguiu concretizar o seu sonho", as expressões ‘O Rui’ e ‘o marido da Ana’ podem ser co-referentes, ou seja, podem identificar a mesma entidade, sem que nenhuma delas funcione como termo anafórico. Naturalmente, só informação de caráter extra linguístico permite afirmar se há ou não co-referência entre as duas expressões nominais. RESUMINDO: São elementos de referência os itens da língua que não podem ser interpretados semanticamente por si mesmos, mas remetem para outros itens do discurso necessários à sua interpretação. A referência será chamada ANÁFORA quando se referir a algo já citado no texto. Será CATÁFORA quando se referir a algo que será dito no texto, e CO-REFERÊNCIA NÃO ANAFÓRICA quando se referir a algo que está fora do texto. O apagamento ( ou omissão)de um termo na frase, que puder ser recuperada pelo contexto, é também um expediente de coesão e chama-se ELIPSE. Quando um elemento anafórico está empregado num contexto tal que pode referir-se a dois termos antecedentes distintos, isso rompe a coesão e, por conseguinte, provoca ambiguidade. Ex: O jornalista desentendeu-se com o jornal por causa de sua campanha a favor do presidente. (a campanha do jornalista ou do jornal?) O Jorge criticou severamente a prima da sua amiga que frequentava o mesmo clube. (que = a prima da amiga ou a amiga?) A referência pode ser: pessoal (feita por meio de pronomes pessoais e possessivos), demonstrativa (realizada por meio de pronomes demonstrativos e advérbios indicativos de lugar), e comparativa (efetuada por via indireta, por meio de identidades e similaridades).