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PROGRAMA DE RESIDÊNCIA
MÉDICA
TRAUMATOLOGIA-ORTOPEDIA
Mauricio Custódio Fabiani
R2
Exame físico do cotovelo e
epicondilite
Mauricio Custódio Fabiani
R2
Por sua situação intermediária no membro
superior e por meio dos movimentos de flexo-
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cotovelo complementa a do ombro, permitindo
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o examinador poderá obter informações
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Lateral
Aumento do volume da articulação e atrofia
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O preenchimento do recesso infracondilar, localizado
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derrame articular, proliferação sinovial ou doença da
cabeça do rádio.
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A determinação do ângulo de carregamento é
realizada com o antebraço em supinação e o cotovelo
em extensão. O ângulo formado entre o úmero e o
antebraço é então determinado. O valor do ângulo de
carregamento é variável, sendo em média de 10° no
homem e 13° na mulher. A limitação de extensão do
cotovelo não permite a avaliação correta do ângulo de
carregamento.
A causa mais comum de alteração do ângulo
é sequela de traumatismo ou a alteração da
placa de crescimento.
Posterior
A proeminência da ponta do olécrano sugere
luxação de cotovelo, perda de massa óssea na
articulação úmero-ulnar. Podemos também
visualizar uma bursa olecraneana proeminente
quando esta estiver inflamada e distendida.
Nódulos reumatóides também podem ser visíveis
na borda subcutânea da ulna.
Medial
Poucas informações podemos obter pela
inspeção medial. O epicôndilo medial é visível,
a não ser em obesos. O nervo ulnar somente
pode ser visto quando estiver muito espessado
(hanseníase) ou quando se desloca para frente
(subluxação) durante a flexo-extensão.
Palpação
A palpação do cotovelo inicia-se pela
localização dos epicôndilos lateral e medial,
assim como pela ponta do olécrano. Esses três
pontos, quando observados em vista posterior,
deverão formar um triângulo equilátero.
Lateral
Na face lateral do cotovelo, palpam-se o
epicôndilo lateral, a origem da musculatura extensora
do punho e o complexo ligamentar lateral da cabeça
do rádio. Dor localizada no epicôndilo lateral e na
origem da musculatura extensora está relacionada a
epicondilite lateral ou à síndrome do túnel radial.
A cabeça do rádio é palpável em uma depressão
logo abaixo da musculatura extensora do punho.
Deve ser feita durante a prono-supinação em graus
variáveis de flexo-extensão, avaliando-se a
integridade do contorno. Se o paciente apresentar
prono-supinação completa, ¾ da cabeça do rádio
são palpáveis.
O complexo ligamentar lateral é formado pelo
colateral radial que se origina no epicôndilo lateral
e se insere na lateral da ulna e o ligamento anular
que circunda a cabeça do rádio. O ligamento pode
ser palpado com os dedos indicador e médio. A
presença de dor significa lesão por traumatismo
em varo.
Anterior
Na fossa cubital, limitada pelos músculos
braquial e pronador redondo, existem quatro
estruturas, que são de lateral para medial: nervo
cutâneo lateral do antebraço, tendão do bíceps,
artéria braquial e nervo mediano.
Posterior
A bursa olecraneana encontra-se sobre a
aponeurose do músculo tríceps e está espessa e
dolorosa à palpação quando houver processo
inflamatório local.
Medial
O nervo ulnar situa-se em um sulco formado
entre o epicôndilo medial e o processo
olecraneano. O nervo é suave, flexível e cilindro
à palpação.
O grupo muscular medial, que se originam no
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Devem ser palpados para verificar sua continuidade
e presença de dor. A dor existirá quando houver
processo inflamatório local.
O ligamento colateral medial, principal
estabilizador do cotovelo em valgo, tem sua
origem no epicôndilo medial. A banda anterior,
mais importante, se insere na fossa sigmóide
da ulna. Ele deve ser palpado com o cotovelo
em 30° a 60° de flexão com a atenção a
presença de dor em seu trajeto.
Amplitude de movimento
O cotovelo apresenta quatro tipos de
movimentos, que são: flexão, extensão,
pronação e supinação. A flexo-extensão ocorre
nas articulações úmero-ulnar e úmero-radial, e
a prono-supinação, nas articulações rádio-ulnar
proximal e distal.
Avaliação do arco de movimento
Deverá ser realizada de forma ativa e
passiva. Existindo diferenças em relação a estes
números, isto poderá ser esclarecedor,
podendo sugerir que a dor possa ser um fator
limitante. A presença de crepitação audível ou
palpação devem ser registrada.
Flexão
É medida colocando-se um goniômetro no
plano sagital com seu centro sobre a articulação
do cotovelo. Partindo-se de uma posição de
máxima extensão, o paciente é instruído a realizar
flexão máxima. O movimento deverá ser
acompanhado por um dos braços do goniômetro
determinando-se o grau de movimento.
Amplitude normal de flexão é média de 140° ( com
variação normal de +- 5°)
Extensão
Coloca-se o goniômetro no plano sagital, ao
nível da articulação do cotovelo. O paciente
deverá ser orientado a realizar o máximo de
extensão possível, partindo da flexão máxima
possível, acompanhando-se o antebraço com
um dos braços o goniômetro. A amplitude
normal de extensão é em média de 0° ( com
variação de +- 5°).
Pronação
O cotovelo será colocado em 90° de flexão,
junto ao tórax, com o antebraço em rotação
neutra e o polegar apontando para cima. O
goniômetro é colocado no plano coronal. O
paciente será orientado a realizar a rotação
medial do polegar e o braço do goniômetro
deverá acompanhar seu movimento. A
amplitude normal da pronação é 75°.
Supinação
O cotovelo deverá ser colocado em 90° de
flexão, junto ao tórax, com o antebraço em
rotação neutra e o polegar apontando para
cima. O goniômetro é colocado no plano
coronal. O paciente será orientado a realizar
rotação lateral do polegar e o braço do
goniômetro deverá acompanhar seu
movimento. A amplitude normal da supinação
é em média 80°.
A perda da extensão completa do cotovelo é
o movimento mais comumente alterado e o
último a ser recuperado quando existirem
problemas intrínsecos no cotovelo. A
crepitação é inicialmente avaliada por meio da
mobilização passiva e em seguida com
movimento ativos que, em geral, irão acentuar
ou provocar a crepitação.
O arco de flexo-extensão do cotovelo
essencial para a realização das atividades
diárias é de 30° de extensão e 130° de flexão.
Limitação de até 45° de extensão pode ser
admitida, apesar de, na maioria dos casos,
existir uma preocupação de natureza estética.
Em relação a prono-supinação, é necessário,
para a realização da maioria das atividades, que se
tenha 50° em cada uma das direções. Para a
maioria dos indivíduos a pronação é o principal
movimentos necessário para alimentação e
escrever, porém sua perda poderá ser compensada
pela abdução do ombro.
A limitação da supinação poderá comprometer
a higiene pessoal e abertura de portas.
Movimentos do ombro não compensam essa
limitação.
Força muscular e neurológico
O exame neurológico compreende os testes que
avaliam a força muscular do cotovelo, a
integridade do suprimento nervoso, a
sensibilidade e a pesquisa dos reflexos.
A força de extensão do cotovelo, em geral,
corresponde a 70% da flexão, e a supinação é 15%
maior que a força de pronação. A avaliação de
força é realizada contra a resistência estando o
cotovelo fletido a 90°, junto ao tórax , e com o
antebraço em rotação neutra.
Flexão
O examinador deverá manter o cotovelo junto ao
tronco colocando sua mão sobre a face volar do
antebraço que deverá estar em supinação. Dessa forma,
deve-se oferecer resistência à flexão após esta atingir
45°. Em geral, deve-se examinar o lado contralateral de
modo a obter dados comparativos.
Extensão
o examinador deverá manter o cotovelo junto
ao tórax e o antebraço em rotação neutra ou
pronação. Começando pela flexão máxima, solicita
ao paciente que estenda o cotovelo. A resistência
à extensão deverá ser iniciada quando o cotovelo
atingir 90°. Realizar exame contralateral
comparativo.
Supinação
Cotovelo do paciente junto ao tórax e a outra mão
do examinador sobre o dorso do terço distal do
antebraço. Em seguida o paciente é instruído a iniciar o
movimento da posição de pronação completa
aumentando gradativamente a resistência à supinação.
Pronação
Fixa-se o cotovelo do paciente ao tórax e a outra
mão do examinador sobre o terço distal da face volar do
antebraço. O paciente iniciará a pronação a partir da
supinação completa e a resistência aumentará à medida
que se inicia o movimento.
Testes específicos
Instabilidade
A pesquisa da instabilidade em valgo ou varo
é feita com o cotovelo discretamente fletido,
em torno de 15 °, o que relaxara a capsula
anterior, além de retirar o olécrano da sua
fossa.
A instabilidade em varo é pesquisada com o
úmero em rotação interna completa e estresse
em varo é realizado com cotovelo fletido a 15°.
A instabilidade em valgo é pesquisada com o
úmero em rotação externa, cotovelo fletido em
15°, e então um estresse em valgo é realizado.
Teste de pivô shift
A insuficiência do ligamento colateral lateral é
responsável pela instabilidade póstero-lateral.
O teste é realizado colocando-se o antebraço
em supinação total, o examinador segura o punho
do paciente e começando de uma posição de semi-
flexão realiza lentamente a extensão, mantendo a
supinação, realizando ao mesmo tempo um
estresse em valgo no cotovelo e mantendo uma
força de compressão axial.
Se positivo, produzirá uma uma subluxação
das articulações úmero-ulnar e úmero-radial.
Quando o cotovelo estiver atingido extensão
total, nota-se uma proeminência posterior
(cabeça do rádio) e uma depressão da pele
nesse nível.
Teste de Cozen
Teste específico para avaliação de epicondilite
lateral, “cotovelo do tenista”. Com o cotovelo a 90°
de flexão e o antebraço em pronação, pede-se que
o paciente faça extensão ativa do punho contra a
resistÊncia imposta pelo examinador. O teste será
positivo se paciente referir dor no epicôndilo
lateral, origem da musculatura extensora.
Teste de Mill
Teste alternativo, é realizado com o paciente
com a mão fechada e punho em dorsiflexão e
cotovelo em extensão. O examinador forçará o
punho em flexão e o paciente orientado a resistir
contra o movimento. A presença de dor em
epicôndilo lateral é sugestivo de epicondilite
lateral.
Teste para epicondilite medial
O teste do “cotovelo do golfista” é realizado
com o paciente com cotovelo fletido, o antebraço
mantido em supinação e punho em extensão. Em
seguida, o cotovelo será estendido vagarosamente
e se o paciente apresentar dor em epicôndilo
medial, será sugestivo de epicondilite medial.
Epicondilites
Epicodilite lateral
A epicondilite lateral é uma causa frequente
de dor no cotovelo e afeta de 1 a 3% da
população adulta anualmente. Apesar de ter
sido relatada em 1873 por Runge, a associação
com o termo "cotovelo do tenista" ocorreu em
1883 com Major.
Atualmente, está claro que a epicondilite lateral é
uma afecção degenerativa que compromete os
tendões extensores originários do epicôndilo lateral,
com extensão pouco frequente à articulação.
Embora os termos epicondilite e tendinite sejam
utilizados para descrever o "cotovelo do tenista",
estudos histopatológicos, como os demonstrados
por Nirschl, caracterizam essa afecção não como
uma condição inflamatória e sim como uma
tendinose, com resposta fibroblástica e vascular,
denominada degeneração angiofibroblástica da
epicondilite
Apesar da descrição clássica relacionada à
prática esportiva do tênis, apenas 5 a 10% dos
pacientes que apresentam a epicondilite
praticam este esporte. Sendo assim, a
tendinose do cotovelo é mais comum em não
atletas, principalmente na quarta e quinta
décadas de vida, com acometimento
semelhante em ambos os sexos e com mais
frequência no braço dominante.
A epicondilite lateral ocorre inicialmente por
microlesões na origem da musculatura
extensora do antebraço, sendo mais frequente
o acometimento do tendão extensor radial
curto do carpo (ERCC), que se localiza abaixo do
extensor radial longo do carpo (ERLC). Segundo
Nirschl, em sua série, além do ERCC, em 35%
dos pacientes tratados cirurgicamente existia
acometimento de 10% da face anterior da
aponeurose extensora.
CLASSIFICAÇÃO NIRSCHL:
I) Quadro inflamatório – reversível, sem
alteração patológica, dor leve após atividade
II) Invasão parcial – dor intensa com atividade
III) Extensa invasão / ruptura parcial ou total –
dor ao repouso
IV) além das alterações deste último, encontra-
se a presença de fibrose e calcificação.
O diagnóstico é feito, basicamente,
observando-se a história do paciente e o exame
clínico. A queixa principal é a dor na região do
epicôndilo lateral estendendo-se ao dorso do
antebraço e a incapacidade para a prática
esportiva, atividades laborativas e da vida
diária. Em geral, a dor surge com atividades
que envolvem extensão ativa ou flexão passiva
do punho com o cotovelo em extensão.
EXAME FÍSICO
EXAMES COMPLEMENTARES
A avaliação radiográfica em anteroposterior,
perfil e oblíquas é, na maioria das vezes, normal,
sendo principalmente útil para a exclusão de
outras anormalidades tais como artrose,
osteocondrite dissecante e corpos livres intra-
articulares. A presença de calcificações na
topografia do epicôndilo lateral não é frequente,
ocorrendo em aproximadamente 22% dos casos,
sugerindo, segundo alguns autores, um processo
refratário ao tratamento incruento
A ultrassonografia do cotovelo é um exame
auxiliar simples para avaliação das partes moles,
que podem apresentar alterações no caso da
epicondilite. Entretanto, seu valor é discutível por
ser examinador-dependente. A ressonância
magnética é um exame cada vez mais utilizado nos
casos refratários ao tratamento incruento da
epicondilite, pois auxilia na exclusão de outras
patologias e também pode influenciar na técnica
cirúrgica a ser empregada para o tratamento dessa
tendinose.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Existem afecções que podem ocorrer
independentemente ou associadas à tendinose do
cotovelo. Entre os diagnósticos diferenciais, podemos
destacar a síndrome do túnel radial caracterizada pela
compressão do nervo interósseo posterior, sendo o
diagnóstico essencialmente clínico, visto que a
eletroneuromiografia é frequentemente normal, ou,
ainda, cervicobraquialgia, lesão do manguito rotador e
anormalidades articulares tais como sinovite, corpos
livres intra-articulares, osteoartrose pós-traumática e
lesão ligamentar.
O tratamento é quase sempre conservador. A
cirurgia é feita em menos de 10% dos casos.
- casos leves: repouso temporário e AINH
- casos moderados: repouso temporário,
AINH, faixa de sustentação para o cotovelo,
infiltração de corticóide com anestésico e
fisioterapia
A infiltração com corticosteroide pode ser
indicada nos casos em que, apesar do
tratamento fisioterápico instituído, não há
melhora da dor, impossibilitando, desta forma,
que o paciente inicie os exercícios de
reabilitação. A infiltração deve ser realizada no
ERCC, em um ponto logo anterior e
discretamente distal ao epicôndilo lateral. A
realização de mais de duas infiltrações pode ser
danosa
Independentemente do tratamento instituído, uma
vez que se tenha conseguido o controle da dor, o
paciente iniciará o alongamento e o ganho da amplitude
articular do punho e cotovelo, seguido de exercícios
isométricos e isocinéticos. Não existindo dor, inicia-se o
processo de reforço muscular, recomendando-se a
utilização de um brace para controle da expansão
muscular. O paciente realizará exercícios e estará
autorizado a retornar à prática esportiva ou atividade
laborativa quando for capaz de realizar exercícios de
repetição até o cansaço, sem que ocorra dor e exista
força muscular comparável aos níveis que precederam a
epicondilite.
TRATAMENTO CIRÚRGICO
Os pacientes que se submeteram à
reabilitação correta por um período não
inferior a nove meses sem que a dor fosse
controlada são candidatos à cirurgia,
principalmente se o tratamento incruento
realizado incluiu três ou mais infiltrações sem
sucesso e quando o processo é um fator de
limitação das atividades da vida diária.
A técnica cirúrgica aberta mais utilizada é a
descrita e popularizada por Nirschl, que
consiste na identificação e ressecção da área de
tendinose, que pode incluir toda a origem do
ERCC e, em alguns casos, a aponeurose
anteromedial do ECD
Uma vez removido o tecido doente, haverá um
defeito de tamanho variável. É conveniente que se
promova o estímulo à circulação sanguínea no
local realizada através da feitura de dois ou três
orifícios ósseos no epicôndilo lateral, favorecendo
a formação de um hematoma no local. A sutura do
restante do ERCC com a aponeurose do extensor
comum não é necessária e, se realizada, tende a
bloquear a extensão completa do cotovelo. Por
outro lado, a sutura da borda posterolateral do
extensor radial longo do carpo com a aponeurose
do extensor comum é recomendada.
O cotovelo é inicialmente imobilizado por cerca
de sete dias. Os exercícios isotônicos e isocinéticos
são iniciados após três semanas utilizando-se o
imobilizador funcional para controle da expansão
muscular, que deverá permanecer por dois a três
meses e até mesmo durante as atividades da vida
diária. O retorno à prática esportiva deverá ser
gradual, iniciando-se após oito semanas e
atingindo níveis próximos do ideal ao redor de seis
meses.
Assim como a técnica aberta, a cirurgia
artroscópica também tem como objetivo a
identificação e a ressecção da tendinose. Alguns
autores argumentam que essa técnica é vantajosa,
uma vez que permite a visualização e o tratamento
de patologias intra-articulares associadas.
COMPLICAÇÕES
As complicações relacionadas ao tratamento
incruento são raras. No cirúrgico, o ligamento
colateral lateral deve ser protegido tendo em
vista a instabilidade iatrogênica posterolateral
do cotovelo.
Epicondilite medial
É semelhante a epicondilite lateral,
embora muito menos comum e de tratamento
mais difícil. Geralmente há envolvimento da
origem do flexor radial do carpo e do pronador
redondo. Essa entidade deve ser diferenciada
da neuropatia do ulnar e instabilidade do
ligamento colateral medial.
Frequentemente, ocorre em atletas que
fazem movimentos acima da cabeça.
Geralmente o exame físico revela dor ao longo
da parte medial do cotovelo; essa dor piora nos
movimentos de pronação do antebraço ou de
flexão do punho contra resistência. A área de
sensibilidade máxima situa-se em um local
aproximadamente 5mm distal e anterior ao
ponto médio do epicôndilo medial.
O tratamento conservador é a chave nos
cuidados com o paciente. Se o tratamento
conservador não for bem, sucedido, terão sucesso
a excisão da origem do tendão doente e sua
reinserção. As técnicas variam, desde uma
liberação percutânea até o desbridamento por
técnica aberta com ou sem liberação da origem do
flexor-pronador.
No geral, os resultados não são tão bem-
sucedidos como nos procedimentos realizados no
epicôndilo lateral

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Exame físico do cotovelo e epicondilite

  • 1.
  • 3. Exame físico do cotovelo e epicondilite Mauricio Custódio Fabiani R2
  • 4. Por sua situação intermediária no membro superior e por meio dos movimentos de flexo- extensão e prono-supinação, a articulação do cotovelo complementa a do ombro, permitindo que a mão seja colocada em qualquer ponto do espaço ao redor do corpo. Local frequente de traumatismo e doenças inflamatórias, tem semiologia rica em detalhes.
  • 5. Como em qualquer outra articulação, a semiologia do cotovelo pode ser dividida em história e exame físico. O exame físico consiste em inspeção, palpação, amplitude de movimentos, avaliação da força muscular e exame neurológico e testes específicos.
  • 6. inspeção o examinador poderá obter informações valiosas por meio da inspeção do cotovelo, sabendo que a articulação subcutânea, as alterações esqueléticas, o aumento de volume, a atrofia muscular e as cicatrizes são facilmente observados. A inspeção deverá ser realizada com atenção às regiões laterais, anterior, posterior e medial.
  • 7. Lateral Aumento do volume da articulação e atrofia muscular sugerem artrite séptica ou reumatóide. O preenchimento do recesso infracondilar, localizado logo abaixo do côndilo lateral do úmero, pode significar derrame articular, proliferação sinovial ou doença da cabeça do rádio.
  • 8. Anterior A determinação do ângulo de carregamento é realizada com o antebraço em supinação e o cotovelo em extensão. O ângulo formado entre o úmero e o antebraço é então determinado. O valor do ângulo de carregamento é variável, sendo em média de 10° no homem e 13° na mulher. A limitação de extensão do cotovelo não permite a avaliação correta do ângulo de carregamento.
  • 9. A causa mais comum de alteração do ângulo é sequela de traumatismo ou a alteração da placa de crescimento.
  • 10. Posterior A proeminência da ponta do olécrano sugere luxação de cotovelo, perda de massa óssea na articulação úmero-ulnar. Podemos também visualizar uma bursa olecraneana proeminente quando esta estiver inflamada e distendida. Nódulos reumatóides também podem ser visíveis na borda subcutânea da ulna.
  • 11. Medial Poucas informações podemos obter pela inspeção medial. O epicôndilo medial é visível, a não ser em obesos. O nervo ulnar somente pode ser visto quando estiver muito espessado (hanseníase) ou quando se desloca para frente (subluxação) durante a flexo-extensão.
  • 12. Palpação A palpação do cotovelo inicia-se pela localização dos epicôndilos lateral e medial, assim como pela ponta do olécrano. Esses três pontos, quando observados em vista posterior, deverão formar um triângulo equilátero.
  • 13. Lateral Na face lateral do cotovelo, palpam-se o epicôndilo lateral, a origem da musculatura extensora do punho e o complexo ligamentar lateral da cabeça do rádio. Dor localizada no epicôndilo lateral e na origem da musculatura extensora está relacionada a epicondilite lateral ou à síndrome do túnel radial.
  • 14. A cabeça do rádio é palpável em uma depressão logo abaixo da musculatura extensora do punho. Deve ser feita durante a prono-supinação em graus variáveis de flexo-extensão, avaliando-se a integridade do contorno. Se o paciente apresentar prono-supinação completa, ¾ da cabeça do rádio são palpáveis.
  • 15. O complexo ligamentar lateral é formado pelo colateral radial que se origina no epicôndilo lateral e se insere na lateral da ulna e o ligamento anular que circunda a cabeça do rádio. O ligamento pode ser palpado com os dedos indicador e médio. A presença de dor significa lesão por traumatismo em varo.
  • 16. Anterior Na fossa cubital, limitada pelos músculos braquial e pronador redondo, existem quatro estruturas, que são de lateral para medial: nervo cutâneo lateral do antebraço, tendão do bíceps, artéria braquial e nervo mediano.
  • 17. Posterior A bursa olecraneana encontra-se sobre a aponeurose do músculo tríceps e está espessa e dolorosa à palpação quando houver processo inflamatório local.
  • 18. Medial O nervo ulnar situa-se em um sulco formado entre o epicôndilo medial e o processo olecraneano. O nervo é suave, flexível e cilindro à palpação.
  • 19. O grupo muscular medial, que se originam no epicôndilo medial, é constituído por quatro músculos. Devem ser palpados para verificar sua continuidade e presença de dor. A dor existirá quando houver processo inflamatório local.
  • 20. O ligamento colateral medial, principal estabilizador do cotovelo em valgo, tem sua origem no epicôndilo medial. A banda anterior, mais importante, se insere na fossa sigmóide da ulna. Ele deve ser palpado com o cotovelo em 30° a 60° de flexão com a atenção a presença de dor em seu trajeto.
  • 21. Amplitude de movimento O cotovelo apresenta quatro tipos de movimentos, que são: flexão, extensão, pronação e supinação. A flexo-extensão ocorre nas articulações úmero-ulnar e úmero-radial, e a prono-supinação, nas articulações rádio-ulnar proximal e distal.
  • 22. Avaliação do arco de movimento Deverá ser realizada de forma ativa e passiva. Existindo diferenças em relação a estes números, isto poderá ser esclarecedor, podendo sugerir que a dor possa ser um fator limitante. A presença de crepitação audível ou palpação devem ser registrada.
  • 23. Flexão É medida colocando-se um goniômetro no plano sagital com seu centro sobre a articulação do cotovelo. Partindo-se de uma posição de máxima extensão, o paciente é instruído a realizar flexão máxima. O movimento deverá ser acompanhado por um dos braços do goniômetro determinando-se o grau de movimento. Amplitude normal de flexão é média de 140° ( com variação normal de +- 5°)
  • 24.
  • 25. Extensão Coloca-se o goniômetro no plano sagital, ao nível da articulação do cotovelo. O paciente deverá ser orientado a realizar o máximo de extensão possível, partindo da flexão máxima possível, acompanhando-se o antebraço com um dos braços o goniômetro. A amplitude normal de extensão é em média de 0° ( com variação de +- 5°).
  • 26.
  • 27. Pronação O cotovelo será colocado em 90° de flexão, junto ao tórax, com o antebraço em rotação neutra e o polegar apontando para cima. O goniômetro é colocado no plano coronal. O paciente será orientado a realizar a rotação medial do polegar e o braço do goniômetro deverá acompanhar seu movimento. A amplitude normal da pronação é 75°.
  • 28.
  • 29. Supinação O cotovelo deverá ser colocado em 90° de flexão, junto ao tórax, com o antebraço em rotação neutra e o polegar apontando para cima. O goniômetro é colocado no plano coronal. O paciente será orientado a realizar rotação lateral do polegar e o braço do goniômetro deverá acompanhar seu movimento. A amplitude normal da supinação é em média 80°.
  • 30.
  • 31. A perda da extensão completa do cotovelo é o movimento mais comumente alterado e o último a ser recuperado quando existirem problemas intrínsecos no cotovelo. A crepitação é inicialmente avaliada por meio da mobilização passiva e em seguida com movimento ativos que, em geral, irão acentuar ou provocar a crepitação.
  • 32. O arco de flexo-extensão do cotovelo essencial para a realização das atividades diárias é de 30° de extensão e 130° de flexão. Limitação de até 45° de extensão pode ser admitida, apesar de, na maioria dos casos, existir uma preocupação de natureza estética.
  • 33. Em relação a prono-supinação, é necessário, para a realização da maioria das atividades, que se tenha 50° em cada uma das direções. Para a maioria dos indivíduos a pronação é o principal movimentos necessário para alimentação e escrever, porém sua perda poderá ser compensada pela abdução do ombro. A limitação da supinação poderá comprometer a higiene pessoal e abertura de portas. Movimentos do ombro não compensam essa limitação.
  • 34. Força muscular e neurológico O exame neurológico compreende os testes que avaliam a força muscular do cotovelo, a integridade do suprimento nervoso, a sensibilidade e a pesquisa dos reflexos. A força de extensão do cotovelo, em geral, corresponde a 70% da flexão, e a supinação é 15% maior que a força de pronação. A avaliação de força é realizada contra a resistência estando o cotovelo fletido a 90°, junto ao tórax , e com o antebraço em rotação neutra.
  • 35. Flexão O examinador deverá manter o cotovelo junto ao tronco colocando sua mão sobre a face volar do antebraço que deverá estar em supinação. Dessa forma, deve-se oferecer resistência à flexão após esta atingir 45°. Em geral, deve-se examinar o lado contralateral de modo a obter dados comparativos.
  • 36. Extensão o examinador deverá manter o cotovelo junto ao tórax e o antebraço em rotação neutra ou pronação. Começando pela flexão máxima, solicita ao paciente que estenda o cotovelo. A resistência à extensão deverá ser iniciada quando o cotovelo atingir 90°. Realizar exame contralateral comparativo.
  • 37. Supinação Cotovelo do paciente junto ao tórax e a outra mão do examinador sobre o dorso do terço distal do antebraço. Em seguida o paciente é instruído a iniciar o movimento da posição de pronação completa aumentando gradativamente a resistência à supinação.
  • 38. Pronação Fixa-se o cotovelo do paciente ao tórax e a outra mão do examinador sobre o terço distal da face volar do antebraço. O paciente iniciará a pronação a partir da supinação completa e a resistência aumentará à medida que se inicia o movimento.
  • 39. Testes específicos Instabilidade A pesquisa da instabilidade em valgo ou varo é feita com o cotovelo discretamente fletido, em torno de 15 °, o que relaxara a capsula anterior, além de retirar o olécrano da sua fossa.
  • 40. A instabilidade em varo é pesquisada com o úmero em rotação interna completa e estresse em varo é realizado com cotovelo fletido a 15°.
  • 41. A instabilidade em valgo é pesquisada com o úmero em rotação externa, cotovelo fletido em 15°, e então um estresse em valgo é realizado.
  • 42. Teste de pivô shift A insuficiência do ligamento colateral lateral é responsável pela instabilidade póstero-lateral. O teste é realizado colocando-se o antebraço em supinação total, o examinador segura o punho do paciente e começando de uma posição de semi- flexão realiza lentamente a extensão, mantendo a supinação, realizando ao mesmo tempo um estresse em valgo no cotovelo e mantendo uma força de compressão axial.
  • 43. Se positivo, produzirá uma uma subluxação das articulações úmero-ulnar e úmero-radial. Quando o cotovelo estiver atingido extensão total, nota-se uma proeminência posterior (cabeça do rádio) e uma depressão da pele nesse nível.
  • 44. Teste de Cozen Teste específico para avaliação de epicondilite lateral, “cotovelo do tenista”. Com o cotovelo a 90° de flexão e o antebraço em pronação, pede-se que o paciente faça extensão ativa do punho contra a resistÊncia imposta pelo examinador. O teste será positivo se paciente referir dor no epicôndilo lateral, origem da musculatura extensora.
  • 45. Teste de Mill Teste alternativo, é realizado com o paciente com a mão fechada e punho em dorsiflexão e cotovelo em extensão. O examinador forçará o punho em flexão e o paciente orientado a resistir contra o movimento. A presença de dor em epicôndilo lateral é sugestivo de epicondilite lateral.
  • 46. Teste para epicondilite medial O teste do “cotovelo do golfista” é realizado com o paciente com cotovelo fletido, o antebraço mantido em supinação e punho em extensão. Em seguida, o cotovelo será estendido vagarosamente e se o paciente apresentar dor em epicôndilo medial, será sugestivo de epicondilite medial.
  • 48. Epicodilite lateral A epicondilite lateral é uma causa frequente de dor no cotovelo e afeta de 1 a 3% da população adulta anualmente. Apesar de ter sido relatada em 1873 por Runge, a associação com o termo "cotovelo do tenista" ocorreu em 1883 com Major.
  • 49. Atualmente, está claro que a epicondilite lateral é uma afecção degenerativa que compromete os tendões extensores originários do epicôndilo lateral, com extensão pouco frequente à articulação. Embora os termos epicondilite e tendinite sejam utilizados para descrever o "cotovelo do tenista", estudos histopatológicos, como os demonstrados por Nirschl, caracterizam essa afecção não como uma condição inflamatória e sim como uma tendinose, com resposta fibroblástica e vascular, denominada degeneração angiofibroblástica da epicondilite
  • 50. Apesar da descrição clássica relacionada à prática esportiva do tênis, apenas 5 a 10% dos pacientes que apresentam a epicondilite praticam este esporte. Sendo assim, a tendinose do cotovelo é mais comum em não atletas, principalmente na quarta e quinta décadas de vida, com acometimento semelhante em ambos os sexos e com mais frequência no braço dominante.
  • 51. A epicondilite lateral ocorre inicialmente por microlesões na origem da musculatura extensora do antebraço, sendo mais frequente o acometimento do tendão extensor radial curto do carpo (ERCC), que se localiza abaixo do extensor radial longo do carpo (ERLC). Segundo Nirschl, em sua série, além do ERCC, em 35% dos pacientes tratados cirurgicamente existia acometimento de 10% da face anterior da aponeurose extensora.
  • 52.
  • 53. CLASSIFICAÇÃO NIRSCHL: I) Quadro inflamatório – reversível, sem alteração patológica, dor leve após atividade II) Invasão parcial – dor intensa com atividade III) Extensa invasão / ruptura parcial ou total – dor ao repouso IV) além das alterações deste último, encontra- se a presença de fibrose e calcificação.
  • 54. O diagnóstico é feito, basicamente, observando-se a história do paciente e o exame clínico. A queixa principal é a dor na região do epicôndilo lateral estendendo-se ao dorso do antebraço e a incapacidade para a prática esportiva, atividades laborativas e da vida diária. Em geral, a dor surge com atividades que envolvem extensão ativa ou flexão passiva do punho com o cotovelo em extensão.
  • 56. EXAMES COMPLEMENTARES A avaliação radiográfica em anteroposterior, perfil e oblíquas é, na maioria das vezes, normal, sendo principalmente útil para a exclusão de outras anormalidades tais como artrose, osteocondrite dissecante e corpos livres intra- articulares. A presença de calcificações na topografia do epicôndilo lateral não é frequente, ocorrendo em aproximadamente 22% dos casos, sugerindo, segundo alguns autores, um processo refratário ao tratamento incruento
  • 57. A ultrassonografia do cotovelo é um exame auxiliar simples para avaliação das partes moles, que podem apresentar alterações no caso da epicondilite. Entretanto, seu valor é discutível por ser examinador-dependente. A ressonância magnética é um exame cada vez mais utilizado nos casos refratários ao tratamento incruento da epicondilite, pois auxilia na exclusão de outras patologias e também pode influenciar na técnica cirúrgica a ser empregada para o tratamento dessa tendinose.
  • 58. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Existem afecções que podem ocorrer independentemente ou associadas à tendinose do cotovelo. Entre os diagnósticos diferenciais, podemos destacar a síndrome do túnel radial caracterizada pela compressão do nervo interósseo posterior, sendo o diagnóstico essencialmente clínico, visto que a eletroneuromiografia é frequentemente normal, ou, ainda, cervicobraquialgia, lesão do manguito rotador e anormalidades articulares tais como sinovite, corpos livres intra-articulares, osteoartrose pós-traumática e lesão ligamentar.
  • 59. O tratamento é quase sempre conservador. A cirurgia é feita em menos de 10% dos casos. - casos leves: repouso temporário e AINH - casos moderados: repouso temporário, AINH, faixa de sustentação para o cotovelo, infiltração de corticóide com anestésico e fisioterapia
  • 60. A infiltração com corticosteroide pode ser indicada nos casos em que, apesar do tratamento fisioterápico instituído, não há melhora da dor, impossibilitando, desta forma, que o paciente inicie os exercícios de reabilitação. A infiltração deve ser realizada no ERCC, em um ponto logo anterior e discretamente distal ao epicôndilo lateral. A realização de mais de duas infiltrações pode ser danosa
  • 61.
  • 62. Independentemente do tratamento instituído, uma vez que se tenha conseguido o controle da dor, o paciente iniciará o alongamento e o ganho da amplitude articular do punho e cotovelo, seguido de exercícios isométricos e isocinéticos. Não existindo dor, inicia-se o processo de reforço muscular, recomendando-se a utilização de um brace para controle da expansão muscular. O paciente realizará exercícios e estará autorizado a retornar à prática esportiva ou atividade laborativa quando for capaz de realizar exercícios de repetição até o cansaço, sem que ocorra dor e exista força muscular comparável aos níveis que precederam a epicondilite.
  • 63. TRATAMENTO CIRÚRGICO Os pacientes que se submeteram à reabilitação correta por um período não inferior a nove meses sem que a dor fosse controlada são candidatos à cirurgia, principalmente se o tratamento incruento realizado incluiu três ou mais infiltrações sem sucesso e quando o processo é um fator de limitação das atividades da vida diária.
  • 64. A técnica cirúrgica aberta mais utilizada é a descrita e popularizada por Nirschl, que consiste na identificação e ressecção da área de tendinose, que pode incluir toda a origem do ERCC e, em alguns casos, a aponeurose anteromedial do ECD
  • 65. Uma vez removido o tecido doente, haverá um defeito de tamanho variável. É conveniente que se promova o estímulo à circulação sanguínea no local realizada através da feitura de dois ou três orifícios ósseos no epicôndilo lateral, favorecendo a formação de um hematoma no local. A sutura do restante do ERCC com a aponeurose do extensor comum não é necessária e, se realizada, tende a bloquear a extensão completa do cotovelo. Por outro lado, a sutura da borda posterolateral do extensor radial longo do carpo com a aponeurose do extensor comum é recomendada.
  • 66.
  • 67. O cotovelo é inicialmente imobilizado por cerca de sete dias. Os exercícios isotônicos e isocinéticos são iniciados após três semanas utilizando-se o imobilizador funcional para controle da expansão muscular, que deverá permanecer por dois a três meses e até mesmo durante as atividades da vida diária. O retorno à prática esportiva deverá ser gradual, iniciando-se após oito semanas e atingindo níveis próximos do ideal ao redor de seis meses.
  • 68. Assim como a técnica aberta, a cirurgia artroscópica também tem como objetivo a identificação e a ressecção da tendinose. Alguns autores argumentam que essa técnica é vantajosa, uma vez que permite a visualização e o tratamento de patologias intra-articulares associadas.
  • 69. COMPLICAÇÕES As complicações relacionadas ao tratamento incruento são raras. No cirúrgico, o ligamento colateral lateral deve ser protegido tendo em vista a instabilidade iatrogênica posterolateral do cotovelo.
  • 70. Epicondilite medial É semelhante a epicondilite lateral, embora muito menos comum e de tratamento mais difícil. Geralmente há envolvimento da origem do flexor radial do carpo e do pronador redondo. Essa entidade deve ser diferenciada da neuropatia do ulnar e instabilidade do ligamento colateral medial.
  • 71. Frequentemente, ocorre em atletas que fazem movimentos acima da cabeça. Geralmente o exame físico revela dor ao longo da parte medial do cotovelo; essa dor piora nos movimentos de pronação do antebraço ou de flexão do punho contra resistência. A área de sensibilidade máxima situa-se em um local aproximadamente 5mm distal e anterior ao ponto médio do epicôndilo medial.
  • 72. O tratamento conservador é a chave nos cuidados com o paciente. Se o tratamento conservador não for bem, sucedido, terão sucesso a excisão da origem do tendão doente e sua reinserção. As técnicas variam, desde uma liberação percutânea até o desbridamento por técnica aberta com ou sem liberação da origem do flexor-pronador. No geral, os resultados não são tão bem- sucedidos como nos procedimentos realizados no epicôndilo lateral