Este documento discute a literatura indígena brasileira e o processo de (re)invenção identitária por meio da escrita. Apresenta Daniel Munduruku como um autor indígena que usa sua obra para contrapor estereótipos e criar novos olhares sobre o índio brasileiro. Analisa especificamente seu livro "Meu vô Apolinário" para mostrar como a assinatura do autor representa uma nova consciência de classe fundada em linguagem simples e clara.
O documento discute diversos aspectos relacionados aos povos indígenas no Brasil, incluindo quem são e quantos são, o movimento indígena e sua luta por direitos, a educação e cultura indígenas. Aborda a importância das terras e línguas indígenas e os desafios enfrentados na busca por autonomia cultural dentro da sociedade brasileira.
O documento discute a legislação sobre os povos indígenas brasileiros, incluindo a criação do Serviço de Proteção ao Índio em 1910 e do Dia do Índio. Também aborda as reservas indígenas e as principais etnias do Brasil atualmente, como os Ticuna, Guarani e Caiagangue.
Este plano de aula tem como objetivo ensinar sobre a religião como instituição social e objeto de estudo da sociologia, reconhecendo como a modernidade modifica a religião sem apagá-la. As estratégias incluem discussões, pesquisas de campo e produção de vídeos para entender a diversidade religiosa e a intolerância no Brasil.
Este documento discute a contribuição dos povos indígenas para a cultura brasileira, destacando como elementos de sua cultura como alimentos, remédios, lendas e hábitos fazem parte do dia a dia dos brasileiros. Também ressalta valores indígenas como o respeito às crianças, idosos, natureza e ausência de classes sociais.
O documento descreve a história do movimento feminista ao longo dos séculos XIX e XX, dividido em três ondas principais. A primeira onda lutou principalmente pelo direito ao voto no final do século XIX. A segunda onda emergiu na década de 1960 com foco em conquistar igualdade de direitos e desnaturalizar diferenças entre os gêneros. A terceira onda se estabeleceu na década de 1990, continuando a luta contra a violência de gênero e pela participação política das mulheres.
Aula da disciplina de Ciência, Tecnologia e Sociedade. Universidade Federal do ABC (UFABC). Outubro de 2021. Gravação de aula disponível em: https://youtu.be/tlJhEwkwNyk
O documento discute o cangaço no Nordeste brasileiro, abordando tópicos como o semiárido nordestino, os coronéis e seus jagunços, Lampião e sua quadrilha, e a dualidade entre ver os cangaceiros como heróis ou bandidos.
O documento discute a importância das ações afirmativas no acesso e permanência no ensino superior. Primeiro define o conceito de ações afirmativas e seu histórico no Brasil e em outros países. Em seguida, aborda os desafios da educação superior no Brasil e os debates em torno das cotas raciais versus cotas sociais. Por fim, enumera alguns avanços nas políticas de ações afirmativas.
O documento discute diversos aspectos relacionados aos povos indígenas no Brasil, incluindo quem são e quantos são, o movimento indígena e sua luta por direitos, a educação e cultura indígenas. Aborda a importância das terras e línguas indígenas e os desafios enfrentados na busca por autonomia cultural dentro da sociedade brasileira.
O documento discute a legislação sobre os povos indígenas brasileiros, incluindo a criação do Serviço de Proteção ao Índio em 1910 e do Dia do Índio. Também aborda as reservas indígenas e as principais etnias do Brasil atualmente, como os Ticuna, Guarani e Caiagangue.
Este plano de aula tem como objetivo ensinar sobre a religião como instituição social e objeto de estudo da sociologia, reconhecendo como a modernidade modifica a religião sem apagá-la. As estratégias incluem discussões, pesquisas de campo e produção de vídeos para entender a diversidade religiosa e a intolerância no Brasil.
Este documento discute a contribuição dos povos indígenas para a cultura brasileira, destacando como elementos de sua cultura como alimentos, remédios, lendas e hábitos fazem parte do dia a dia dos brasileiros. Também ressalta valores indígenas como o respeito às crianças, idosos, natureza e ausência de classes sociais.
O documento descreve a história do movimento feminista ao longo dos séculos XIX e XX, dividido em três ondas principais. A primeira onda lutou principalmente pelo direito ao voto no final do século XIX. A segunda onda emergiu na década de 1960 com foco em conquistar igualdade de direitos e desnaturalizar diferenças entre os gêneros. A terceira onda se estabeleceu na década de 1990, continuando a luta contra a violência de gênero e pela participação política das mulheres.
Aula da disciplina de Ciência, Tecnologia e Sociedade. Universidade Federal do ABC (UFABC). Outubro de 2021. Gravação de aula disponível em: https://youtu.be/tlJhEwkwNyk
O documento discute o cangaço no Nordeste brasileiro, abordando tópicos como o semiárido nordestino, os coronéis e seus jagunços, Lampião e sua quadrilha, e a dualidade entre ver os cangaceiros como heróis ou bandidos.
O documento discute a importância das ações afirmativas no acesso e permanência no ensino superior. Primeiro define o conceito de ações afirmativas e seu histórico no Brasil e em outros países. Em seguida, aborda os desafios da educação superior no Brasil e os debates em torno das cotas raciais versus cotas sociais. Por fim, enumera alguns avanços nas políticas de ações afirmativas.
O documento discute as características nacionais do Brasil e do povo brasileiro. Ele explora de onde vem o "jeitinho brasileiro", a criatividade e a falta de disciplina do brasileiro, além de contrastar a visão interna e externa sobre os brasileiros.
O documento discute o tema do caudilhismo na América Latina. O caudilhismo envolve o exercício de poder político por lideranças carismáticas ligadas a setores tradicionais como militares e fazendeiros. Historicamente, os primeiros caudilhos surgiram durante as independências dos países latino-americanos e mantinham o poder apoiados pelo carisma, argumentando que atendiam às necessidades de todos. Os caudilhos caracterizavam-se por regimes autoritários e mantinham os privilégios das elites.
Slides da aula de Sociologia (Luciano) sobre Boko HaramTurma Olímpica
O documento resume a origem, ideologia e atividades do grupo terrorista nigeriano Boko Haram, que busca impor a lei islâmica sharia no norte da Nigéria por meio de ataques violentos. O grupo sequestrou centenas de meninas em 2014 e é acusado de vender algumas como noivas.
A Cabanagem foi uma revolta popular que ocorreu entre 1835-1840 na província do Grão-Pará liderada por pobres chamados "cabano" contra o governo imperial. As causas incluíram a miséria e descontentamento com a elite local. Seu objetivo principal era a independência da província, embora cada grupo tivesse seus próprios interesses. Após sucessivas batalhas, o movimento foi enfraquecendo e terminou com a captura de seu líder em 1836.
Esta aula destina-se aos alunos e alunas do Terceiro Ano do Colégio Militar de Brasília, mas qualquer pessoa pode utilizar o material, basta entrar em contato e citar a fonte.
A luta dos povos indígenas e a violaçãoErica Marcela
O documento descreve a história da violação dos direitos dos povos indígenas no Brasil desde a chegada dos portugueses em 1500. Milhões de indígenas foram exterminados ou forçados a se deslocar à medida que os colonizadores tomavam suas terras tradicionais. Apesar de alguns avanços nas últimas décadas, incluindo o reconhecimento constitucional de suas terras, os povos indígenas ainda enfrentam violência, falta de serviços básicos e ameaças a suas terras.
O documento discute as políticas de cotas raciais no Brasil, criadas em 1999 para garantir o acesso de minorias ao ensino superior. As cotas reservam 50% das vagas para estudantes de escola pública, baixa renda e critérios étnico-raciais, beneficiando negros e indígenas. Essas políticas visam compensar a desigualdade histórica e social enfrentada por esses grupos.
A partir de meados do século XX, a Antropologia concentrou seu interesse nas populações marginalizadas das sociedades nacionais. No Brasil não foi diferente: a Antropologia construiu um acervo de conhecimento sobre populações indígenas, negras, camponesas, entre outras.
Ao contrário das antropologias norte-americana, inglesa e francesa, a antropologia brasileira preocupou-se basicamente em estudar o próprio país. Apenas muito recentemente os antropólogos brasileiros começaram a estudar a diferença em contextos fora do Brasil. Durante praticamente todo o século XX, o principal interesse foi explicar o Brasil, observando as populações marginalizadas do país e também as populações urbanas de classe média e as elites. Este capítulo começa com um breve histórico da Antropologia no Brasil para depois destacar os principais focos e temas da produção antropológica nacional.
O documento descreve as principais características das civilizações Maias, Incas e Astecas pré-colombianas, incluindo sua organização política e social hierárquica, religião, economia baseada na agricultura e tributação, e influência nos povos indígenas da América Central e América do Sul.
A cultura afro-brasileira teve origem nos escravos trazidos da África para o Brasil a partir do século XVI. Ela inclui elementos da arte, religião, música e culinária africanas, que foram incorporados à cultura brasileira. Até hoje, a cultura afro-brasileira influencia vários aspectos da sociedade brasileira, como a capoeira, o samba e a feijoada.
O documento discute a evolução da sociologia brasileira desde as primeiras reflexões sobre a sociedade brasileira nas décadas de 1930 até a consolidação da sociologia como ciência a partir da década de 1940. Destaca autores fundamentais como Euclides da Cunha, Gilberto Freyre, Caio Prado Junior e Florestan Fernandes e como eles analisaram temas como raça, estrutura social e classe no Brasil.
Politicas públicas de ações afirmativas e cotas raciaisAdeildo Vila Nova
O documento discute as políticas de ações afirmativas e cotas raciais no Brasil. Apresenta definições de ação afirmativa e raça, e discute a importância das cotas raciais para promover a igualdade de acesso ao ensino superior, dado o preconceito e desigualdades raciais no sistema educacional. Também resume estudos que indicam que alunos beneficiados por cotas raciais não apresentam desempenho inferior aos demais.
O documento descreve as principais civilizações pré-colombianas da Mesoamérica e dos Andes Centrais: 1) Os astecas dominaram o México central entre os séculos XIV-XV, criando um império com agricultura avançada e sociedade hierárquica; 2) Os maias floresceram entre os séculos VIII-IX na América Central, com cidades-estado, calendário e matemática sofisticados; 3) Os incas criaram um império no Peru e Bolívia entre os séculos XI-XV, com agricultura
Aula de redacao manifesto15112010155533Isabel Sousa
O documento discute o gênero textual manifesto, definindo-o como um texto persuasivo que objetiva denunciar um problema de interesse público para chamar atenção da população. Explica que manifestos geralmente apresentam características expositivo-argumentativas e apelo emocional para convencer e acentuar uma polêmica. Também destaca que manifestos podem ser divulgados em diferentes mídias e ganhar as ruas através de manifestações públicas em defesa de uma causa.
Povos indígenas, afrodescendentes e mulheres na primeira república.Loredana Ruffo
O documento descreve a situação de três grupos marginalizados na Primeira República brasileira: povos indígenas, populações afrodescendentes e mulheres. Os povos indígenas sofreram com o contato com os colonizadores e perderam grande parte de sua população e cultura original. As populações afrodescendentes, apesar da abolição da escravatura, continuaram enfrentando racismo e desigualdade. E as mulheres tiveram poucos direitos garantidos na Constituição de 1891 e lutaram pelo sufrágio.
O documento descreve os principais movimentos sociais no Brasil desde o período colonial até a década de 1960. Durante o período colonial, os movimentos mais significativos foram dos indígenas e escravos africanos, que lutaram contra a escravidão. No período imperial, surgiram movimentos abolicionistas e republicanos. No século XX, destacaram-se movimentos operários, tenentistas, e as Ligas Camponesas. A maioria foi violentamente reprimida pelo Estado.
O documento discute a sociologia brasileira, abordando suas principais fases e autores. A primeira fase incluiu estudos históricos como Os Sertões de Euclides da Cunha. A segunda fase teve ensaístas como Gilberto Freyre e Caio Prado Júnior. A terceira fase viu o surgimento de sociólogos como Florestan Fernandes, que fez uma análise crítica da desigualdade racial no Brasil.
O documento descreve a história dos povos indígenas que habitam a região do Rio Paraguai no Brasil, incluindo os Terena. Ele discute como arqueólogos, registros históricos e memórias preservadas fornecem informações sobre esses povos, como os Guaná, cujas embarcações são mostradas em um desenho de 1827. Ele também aborda as dificuldades enfrentadas pelos Terena após a Guerra do Paraguai, quando perderam suas terras e foram forçados a trabalhar em condições
PRECONCEITO E AÇÕES AFIRMATIVAS: combatendo o mito da democracia racial no Brasil
Professor: Viegas Fernandes da Costa
Material preparado para as aulas de Geopolítica e Atualidades do Acesso Educação, Blumenau, em 05/05/2014.
Permitido o uso deste material, desde que citado o autor e sem fins lucrativos.
O documento discute os diferentes sentidos de literatura negra, seja como objeto ou sujeito. Como objeto, o negro é estereotipado na literatura do século XIX de acordo com visões racistas da época. Como sujeito, a literatura escrita por negros revela suas próprias visões e identidades. Exemplos literários ilustram estereótipos positivos e negativos do negro ao longo dos séculos.
DANIEL MUNDURUKU E KAKA WERÁ JECUPÉ: UMA EXPERIÊNCIA DE LEITURA DO MUNDO DO O...Instituto Uka
Este artigo analisa as experiências de leitura de dois textos de autoria indígena - "Karaíba: uma história do pré-Brasil", de Daniel Munduruku, e "Todas as vezes que dissemos adeus", de Kaka Werá Jecupé - para além do âmbito literário estrito. Argumenta-se que a relação do leitor com estas literaturas é complexa devido a fatores históricos, sociológicos e culturais. Reflete-se sobre a construção do conceito de "outro" indígena
1. Os textos indígenas refletem uma visão de mundo onde há uma integração e identificação com a natureza, reconhecendo animais, plantas e elementos naturais como parte de sua comunidade e memória ancestral.
2. As narrativas indígenas representam suas culturas sem hierarquizar humanos e não-humanos, mostrando uma relação de totalidade e bem comum onde todos os seres, visíveis ou invisíveis, são parte do conhecimento sobre a vida.
3. Enquanto os povos indígenas preservam
O documento discute as características nacionais do Brasil e do povo brasileiro. Ele explora de onde vem o "jeitinho brasileiro", a criatividade e a falta de disciplina do brasileiro, além de contrastar a visão interna e externa sobre os brasileiros.
O documento discute o tema do caudilhismo na América Latina. O caudilhismo envolve o exercício de poder político por lideranças carismáticas ligadas a setores tradicionais como militares e fazendeiros. Historicamente, os primeiros caudilhos surgiram durante as independências dos países latino-americanos e mantinham o poder apoiados pelo carisma, argumentando que atendiam às necessidades de todos. Os caudilhos caracterizavam-se por regimes autoritários e mantinham os privilégios das elites.
Slides da aula de Sociologia (Luciano) sobre Boko HaramTurma Olímpica
O documento resume a origem, ideologia e atividades do grupo terrorista nigeriano Boko Haram, que busca impor a lei islâmica sharia no norte da Nigéria por meio de ataques violentos. O grupo sequestrou centenas de meninas em 2014 e é acusado de vender algumas como noivas.
A Cabanagem foi uma revolta popular que ocorreu entre 1835-1840 na província do Grão-Pará liderada por pobres chamados "cabano" contra o governo imperial. As causas incluíram a miséria e descontentamento com a elite local. Seu objetivo principal era a independência da província, embora cada grupo tivesse seus próprios interesses. Após sucessivas batalhas, o movimento foi enfraquecendo e terminou com a captura de seu líder em 1836.
Esta aula destina-se aos alunos e alunas do Terceiro Ano do Colégio Militar de Brasília, mas qualquer pessoa pode utilizar o material, basta entrar em contato e citar a fonte.
A luta dos povos indígenas e a violaçãoErica Marcela
O documento descreve a história da violação dos direitos dos povos indígenas no Brasil desde a chegada dos portugueses em 1500. Milhões de indígenas foram exterminados ou forçados a se deslocar à medida que os colonizadores tomavam suas terras tradicionais. Apesar de alguns avanços nas últimas décadas, incluindo o reconhecimento constitucional de suas terras, os povos indígenas ainda enfrentam violência, falta de serviços básicos e ameaças a suas terras.
O documento discute as políticas de cotas raciais no Brasil, criadas em 1999 para garantir o acesso de minorias ao ensino superior. As cotas reservam 50% das vagas para estudantes de escola pública, baixa renda e critérios étnico-raciais, beneficiando negros e indígenas. Essas políticas visam compensar a desigualdade histórica e social enfrentada por esses grupos.
A partir de meados do século XX, a Antropologia concentrou seu interesse nas populações marginalizadas das sociedades nacionais. No Brasil não foi diferente: a Antropologia construiu um acervo de conhecimento sobre populações indígenas, negras, camponesas, entre outras.
Ao contrário das antropologias norte-americana, inglesa e francesa, a antropologia brasileira preocupou-se basicamente em estudar o próprio país. Apenas muito recentemente os antropólogos brasileiros começaram a estudar a diferença em contextos fora do Brasil. Durante praticamente todo o século XX, o principal interesse foi explicar o Brasil, observando as populações marginalizadas do país e também as populações urbanas de classe média e as elites. Este capítulo começa com um breve histórico da Antropologia no Brasil para depois destacar os principais focos e temas da produção antropológica nacional.
O documento descreve as principais características das civilizações Maias, Incas e Astecas pré-colombianas, incluindo sua organização política e social hierárquica, religião, economia baseada na agricultura e tributação, e influência nos povos indígenas da América Central e América do Sul.
A cultura afro-brasileira teve origem nos escravos trazidos da África para o Brasil a partir do século XVI. Ela inclui elementos da arte, religião, música e culinária africanas, que foram incorporados à cultura brasileira. Até hoje, a cultura afro-brasileira influencia vários aspectos da sociedade brasileira, como a capoeira, o samba e a feijoada.
O documento discute a evolução da sociologia brasileira desde as primeiras reflexões sobre a sociedade brasileira nas décadas de 1930 até a consolidação da sociologia como ciência a partir da década de 1940. Destaca autores fundamentais como Euclides da Cunha, Gilberto Freyre, Caio Prado Junior e Florestan Fernandes e como eles analisaram temas como raça, estrutura social e classe no Brasil.
Politicas públicas de ações afirmativas e cotas raciaisAdeildo Vila Nova
O documento discute as políticas de ações afirmativas e cotas raciais no Brasil. Apresenta definições de ação afirmativa e raça, e discute a importância das cotas raciais para promover a igualdade de acesso ao ensino superior, dado o preconceito e desigualdades raciais no sistema educacional. Também resume estudos que indicam que alunos beneficiados por cotas raciais não apresentam desempenho inferior aos demais.
O documento descreve as principais civilizações pré-colombianas da Mesoamérica e dos Andes Centrais: 1) Os astecas dominaram o México central entre os séculos XIV-XV, criando um império com agricultura avançada e sociedade hierárquica; 2) Os maias floresceram entre os séculos VIII-IX na América Central, com cidades-estado, calendário e matemática sofisticados; 3) Os incas criaram um império no Peru e Bolívia entre os séculos XI-XV, com agricultura
Aula de redacao manifesto15112010155533Isabel Sousa
O documento discute o gênero textual manifesto, definindo-o como um texto persuasivo que objetiva denunciar um problema de interesse público para chamar atenção da população. Explica que manifestos geralmente apresentam características expositivo-argumentativas e apelo emocional para convencer e acentuar uma polêmica. Também destaca que manifestos podem ser divulgados em diferentes mídias e ganhar as ruas através de manifestações públicas em defesa de uma causa.
Povos indígenas, afrodescendentes e mulheres na primeira república.Loredana Ruffo
O documento descreve a situação de três grupos marginalizados na Primeira República brasileira: povos indígenas, populações afrodescendentes e mulheres. Os povos indígenas sofreram com o contato com os colonizadores e perderam grande parte de sua população e cultura original. As populações afrodescendentes, apesar da abolição da escravatura, continuaram enfrentando racismo e desigualdade. E as mulheres tiveram poucos direitos garantidos na Constituição de 1891 e lutaram pelo sufrágio.
O documento descreve os principais movimentos sociais no Brasil desde o período colonial até a década de 1960. Durante o período colonial, os movimentos mais significativos foram dos indígenas e escravos africanos, que lutaram contra a escravidão. No período imperial, surgiram movimentos abolicionistas e republicanos. No século XX, destacaram-se movimentos operários, tenentistas, e as Ligas Camponesas. A maioria foi violentamente reprimida pelo Estado.
O documento discute a sociologia brasileira, abordando suas principais fases e autores. A primeira fase incluiu estudos históricos como Os Sertões de Euclides da Cunha. A segunda fase teve ensaístas como Gilberto Freyre e Caio Prado Júnior. A terceira fase viu o surgimento de sociólogos como Florestan Fernandes, que fez uma análise crítica da desigualdade racial no Brasil.
O documento descreve a história dos povos indígenas que habitam a região do Rio Paraguai no Brasil, incluindo os Terena. Ele discute como arqueólogos, registros históricos e memórias preservadas fornecem informações sobre esses povos, como os Guaná, cujas embarcações são mostradas em um desenho de 1827. Ele também aborda as dificuldades enfrentadas pelos Terena após a Guerra do Paraguai, quando perderam suas terras e foram forçados a trabalhar em condições
PRECONCEITO E AÇÕES AFIRMATIVAS: combatendo o mito da democracia racial no Brasil
Professor: Viegas Fernandes da Costa
Material preparado para as aulas de Geopolítica e Atualidades do Acesso Educação, Blumenau, em 05/05/2014.
Permitido o uso deste material, desde que citado o autor e sem fins lucrativos.
O documento discute os diferentes sentidos de literatura negra, seja como objeto ou sujeito. Como objeto, o negro é estereotipado na literatura do século XIX de acordo com visões racistas da época. Como sujeito, a literatura escrita por negros revela suas próprias visões e identidades. Exemplos literários ilustram estereótipos positivos e negativos do negro ao longo dos séculos.
DANIEL MUNDURUKU E KAKA WERÁ JECUPÉ: UMA EXPERIÊNCIA DE LEITURA DO MUNDO DO O...Instituto Uka
Este artigo analisa as experiências de leitura de dois textos de autoria indígena - "Karaíba: uma história do pré-Brasil", de Daniel Munduruku, e "Todas as vezes que dissemos adeus", de Kaka Werá Jecupé - para além do âmbito literário estrito. Argumenta-se que a relação do leitor com estas literaturas é complexa devido a fatores históricos, sociológicos e culturais. Reflete-se sobre a construção do conceito de "outro" indígena
1. Os textos indígenas refletem uma visão de mundo onde há uma integração e identificação com a natureza, reconhecendo animais, plantas e elementos naturais como parte de sua comunidade e memória ancestral.
2. As narrativas indígenas representam suas culturas sem hierarquizar humanos e não-humanos, mostrando uma relação de totalidade e bem comum onde todos os seres, visíveis ou invisíveis, são parte do conhecimento sobre a vida.
3. Enquanto os povos indígenas preservam
DE PERI A MUNDURUKU: A INSERÇÃO DO INDÍGENA NO CONTEXTO LITERÁRIO BRASILEIROInstituto Uka
O documento discute a inserção do indígena no contexto literário brasileiro. Ele descreve como os nativos brasileiros foram desconsiderados e maltratados por séculos e como a Constituição de 1988 deu início a um processo de resgate cultural, abrindo caminho para a produção de literatura indígena. A literatura indígena vem conquistando espaço e servindo como porta-voz desse grupo, tendo um caráter emocional, filosófico e político.
As manifestações da sabedoria popular nos contos trinta e dois e tangerinos d...Almiranes Dos Santos Silva
O documento discute a presença de elementos da sabedoria popular e da tradição cultural no conto "Trinta e Dois" de João Nonom de Moura Fontes Ibiapina. O conto retrata a seca de 1932 na região de Samambaia e como a população local utilizava sinais da natureza e crenças para interpretar a chegada das chuvas. A literatura é apresentada como forma de preservar a cultura e identidade do povo piauiense.
HISTÓRIA, POVOS INDÍGENAS E EDUCAÇÃO: (RE) CONHECENDO E DISCUTINDO A DIVERSID...Fábio Fernandes
1) O documento discute a representação estereotipada dos povos indígenas no Brasil e a necessidade de uma nova abordagem reconhecendo a diversidade cultural.
2) Existem atualmente 225 povos indígenas no Brasil, falando 180 línguas diferentes, com população de 734.000 indivíduos.
3) Ao longo da história, os povos indígenas desenvolveram estratégias de resistência à violência e imposição cultural, mantendo suas identidades apesar de serem tidos como "extintos"
Este documento analisa a representação dos povos indígenas na Literatura Brasileira e nos Livros Didáticos de História. Argumenta que os indígenas são frequentemente representados de forma estereotipada ou excluídos, a partir da perspectiva dos conquistadores europeus. Também discute como conceitos como território, fronteira e identidade são aplicados aos povos indígenas. Finalmente, defende uma abordagem que inclua a perspectiva dos próprios povos indígenas na elaboração de materiais didáticos.
O documento analisa como as obras literárias dos períodos quinhentista e seiscentista construíram a imagem do Brasil e seus habitantes na visão européia. Os autores como Caminha, Gândavo e Soares de Sousa alternaram entre retratar os nativos como nobres selvagens em harmonia com a natureza ou como bárbaros canibais em contraste com a civilização européia. A narrativa européia dominou a formação do imaginário nacional brasileiro, silenciando outras perspectivas.
Este artigo discute a "centralidade da cultura" e sua importância para grupos culturais que buscam reconhecimento de suas diferenças. Aborda a constituição da "essencialidade" da cultura surda, propondo deslocá-la para um território híbrido e de fronteira. Também discute a cristalização de uma identidade surda pura e propõe entender a surdez como contingência histórica e cultural.
Quilombo Mata Cavalo: O negro e a identidade quilombola no mundo globalizadoSilvânio Barcelos
Este artigo discute a identidade quilombola da comunidade Mata Cavalo no Mato Grosso e sua luta para preservar sua memória e cultura afro-brasileira. A comunidade vive na área da antiga sesmaria Boa Vida há mais de 120 anos e luta contra fazendeiros locais pela posse da terra. Sua identidade quilombola lhes permite reivindicar legalmente a propriedade da terra, ao mesmo tempo em que preservam seus valores étnicos e culturais.
O documento discute vários conceitos relacionados à cultura, incluindo o que é cultura, seus pilares, etnocentrismo, contracultura, popular versus erudito, o Manifesto da Poesia Pau-Brasil, o Caso Dreyfus, o conceito de intelectual, os discursos fundadores da nação brasileira, e as visões de Silvio Romero, Euclides da Cunha e três intérpretes do Brasil no século XX.
O documento discute vários conceitos relacionados à cultura, incluindo o que é cultura, seus pilares, etnocentrismo, contracultura, popular versus erudito, o Manifesto da Poesia Pau-Brasil, o Caso Dreyfus, o conceito de intelectual, os discursos fundadores da nação brasileira, as visões de Silvio Romero e Euclides da Cunha sobre a identidade brasileira, e os intérpretes do Brasil no século XX como Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e
Literatura Infantil de Autoria IndígenaInstituto Uka
Este artigo analisa 15 livros de literatura infantil escritos por autores indígenas publicados depois de 2000. Discute como essas obras representam a vida indígena e estratégias usadas para apresentar essa realidade para leitores não-indígenas. Analisa se referendam ou contestam imagens tradicionais sobre indígenas e como dão a conhecer culturas indígenas de forma acessível.
Este artigo discute as representações da diferença indígena em 15 livros de literatura infantil escritos por autores indígenas. Analisa como esses livros representam o cotidiano indígena e as estratégias usadas para apresentar essa realidade diferente aos leitores não-indígenas. Explora como as identidades e diferenças são construídas culturalmente e como as representações das diferenças indígenas evoluíram ao longo do tempo.
Pretende-se analisar a questão racial enquanto “choque de civilizações” implícita na rapsódia do anti-herói Macunaíma, ao passo que personifica a síntese de elementos étnico-culturais dos índios, negros e brancos simbolizando a formação do “modo de ser” brasileiro. O corpus analítico-literário principal destaca-se na obra de Mário de Andrade, Macunaíma, no Capítulo V (Piaimã), momento do banho no Sumé, quando o anti-herói, índio, preto, e feio, após banhar-se na água encantada, milagrosamente sai transformado, branco louro e de olhos azuis. Depuramos a sensibilidade étnica-cultural presente na alegoria antropofágica que mistura o estilo épico lírico com a crônica jocosa claramente permeada pelo debate da questão racial em pauta no modernismo brasileiro.
Invocação à natureza e mítico-simbólico originário: a jornada indígena em Can...MoniqueParente2
Este artigo se propõe a analisar as manifestações do mítico-simbólico indígena em Canto a las Flores (2006), poemário bilíngue publicado pela pesquisadora têxtil e poeta Elvira Espejo, enquanto caminho para a ancestralidade dos povos originários da Bolívia. Nesse processo, o estudo investigará a invocação à natureza como recurso épico, a partir dos estudos de Christina Bielinski Ramalho (2013 e 2015), e o heroísmo indígena na trajetória do eu-poético/narradora, com aporte na teoria do monomito de Joseph Campbell (1990). A obra tomada como corpus se origina a partir dos cantos da tradição oral aymara e quechua dos Andes bolivianos, reconstituindo ritos e preceitos da cultura originária. Os versos retomam narrativas características da produção têxtil andina e conduzem a uma viagem de revisitação e ressignificação da sabedoria ancestral, na qual reconhece-se a natureza enquanto espaço do sagrado indígena. Com isso, destacam-se motivos arquetípicos que convergem com a imagética do heroísmo mítico e apontam a resistência cultural na produção andina. A base teórica fundamenta-se a partir dos estudos de Denise Y. Arnold e Juan de Dios Yapita (2018) sobre a cultura e simbologia têxtil andina e alcança as considerações de Mircea Eliade (1998) sobre o mito.
Este artigo analisa dois livros infantis sobre Cinderela e Rapunzel surdas, focando nas representações de identidade e diferença. O objetivo é contribuir para o debate sobre a produção de literatura surda, vinculada à discussão sobre cultura e identidade surda. O artigo defende que esses livros buscam a auto-representação da comunidade surda através da língua de sinais e da adaptação de histórias clássicas à perspectiva surda.
Entre a fé e a folia festas de reis realizadas em conceição do coité (1990 ...UNEB
1) O documento discute as festividades em homenagem aos Santos Reis realizadas em Conceição do Coité entre 1990-2009, analisando as imbricações entre os aspectos sagrados e profanos e como a cultura africana contribuiu para o festejo.
2) A festa passou a ser objeto de estudo da historiografia a partir da década de 1970, permitindo compreender a religiosidade popular e suas relações com diferentes segmentos sociais.
3) O conceito de cultura popular é complexo e dinâmico, não fixo
1. O documento discute a construção da identidade nacional brasileira no século XIX, com intelectuais buscando entender o "caráter nacional" a partir das teorias raciais e evolucionistas da época.
2. Intelectuais como Silvio Romero, Euclides da Cunha e Nina Rodrigues usaram o binômio raça/clima para explicar as particularidades do povo brasileiro, vista como entrave ao progresso civilizatório.
3. A mestiçagem foi inicialmente vista como sinal de degeneração pela her
Este documento fornece um resumo da história dos povos indígenas no Brasil colonial e imperial, dividido em três seções. A primeira seção traça um mapa dos diversos povos indígenas e seus costumes nos primeiros séculos da colonização. A segunda seção discute o uso da religião católica pelos colonizadores para "civilizar" os indígenas. A terceira seção aborda as guerras e revoltas lideradas pelos indígenas, sozinhos ou com outras forças, para defender seus interesses ou de ter
Este documento apresenta um panorama da literatura indígena contemporânea no Canadá, mostrando como ela critica o sistema colonial através de novas definições de gênero, uso de línguas tribais e outras estratégias. A literatura indígena contemporânea contribui para a "indianização" da literatura canadense e a abertura do cânone eurocanadense. No entanto, sua produção, publicação e ensino ocorrem em contextos controlados pela cultura dominante no Canadá.
Semelhante a As identidades indígenas na escrita de Daniel Munduruku (20)
Caro(a) professor(a),
as atividades presentes neste roteiro de leitura são apenas sugestões. Cada professor
pode adaptá-las à realidade de sua escola e de sua turma, bem como à faixa etária de
seus alunos, podendo criar outras atividades que julgue mais adequadas. Lembre que as
atividades que envolvem a leitura devem priorizar aspectos lúdicos e também aspectos
reflexivos, a fim de contribuir com o crescimento intelectual do leitor, despertando nele o
desejo de mais e mais descobertas com os livros. Lembre sempre, ao indicar um livro, que
o(a) professor é um orientador da leitura, um mediador entre a criança/o jovem e o livro.
Tese completa e com revisão das notas pele silenciosa, pele sonoraInstituto Uka
O objetivo desta tese de doutoramento é investigar a construção da
identidade do índio pela perspectiva ocidental (de tradição européia) e pela perspectiva
indígena, nas literaturas brasileira e norte-americana. Assim, estudamos textos
produzidos no Brasil e nos Estados Unidos da América por escritores vinculados à
tradição literária ocidental, do período colonial ao século XX, e pelo próprio índio, nas
contra-narrativas do final do século XX. Ao longo de cinco séculos de dominação da
América, o colonizador europeu construiu uma representação etnocêntrica do índio
que ainda hoje preenche o imaginário ocidental. Lido e traduzido pelo olhar do outro,
o ameríndio tem sua identidade elaborada a partir de eixos de representação europeus e
de estereótipos. No entanto, o índio não ficou silencioso desde seu encontro com o
colonizador; sua voz de resistência tem se manifestado há séculos por meio de
multimodalidades discursivas que também constroem representações da identidade
indígena.
Ilustração em obras de autores indígenasInstituto Uka
Resumo
Este trabalho é parte de uma pesquisa mais ampla, que tem como foco as produções de
literatura que abordam a temática indígena. Trata-se, aqui, de um recorte, cujo objetivo é
discutir as representações que se produzem sobre os índios nas ilustrações de algumas
obras que compõem o acervo da pesquisa. Foram selecionados 10 livros para crianças,
ilustrados por três profissionais diferentes. No texto são apresentadas duas categorias
analíticas resultantes deste estudo: o uso de estereótipos na composição dos personagens
e algumas estratégias utilizadas pelos ilustradores para dar dinamicidade às representações
dos povos indígenas. Observa-se, nas imagens, uma tipificação que parece marcar tanto na
caracterização dos personagens, quanto na composição dos cenários das histórias, e que
tem por base alguns estereótipos. Por outro lado, a análise mostra que, em algumas obras,
os autores utilizam estratégias variadas na composição das ilustrações, aspecto que, em
certa medida, contribui para dar dinamicidade às representações.
Palavras-Chave: Estudos Culturais, Literatura Indígena, Literatura Infantil.
A Voz Indígena - por Evandro Vieira OuriquesInstituto Uka
O II Cumbre Continental de los Pueblos Indígenas de las Américas, em Quito, e
a reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência-SBPC, Brasil, pela
primeira vez com a participação oficial de povos indígenas, nos estimula a entender -
mais do que nunca- que vivemos um momento decisivo para a questão indígena em
todo o mundo.
Com o aprofundamento brutal da crise gerada pelo materialismo, e a
consequente re-valorização dos sistemas de entendimento e de ação concreta
fundados no amor e no brincar
2
, no diálogo e na cooperação, a situação sócio-histórica
indígena e a contribuição de sua cultura para a Humanidade passam a ocupar um lugar
determinante.
Determinante porque escutar a voz indígena -que clama em todo o mundo por
respeito, de maneira dramática- é escutar a voz indígena que está dentro de cada um
de nós mesmos. Esta voz que nos fala do fundo de nossa consciência. Do fundo de
nossa mente e de nosso coração, a respeito de nossa origem. Que nos identifica como
uma só família -irmãos e irmãs. Partes da Totalidade.
Hoje esta consciência está quase esquecida, pois é uma outra lógica de
"irmandade", a Big Brother, que articula os interesses, as pessoas, as nações e a
globalização neo-liberal. Todos (des)afinados na unidimensionalidade do desespero e
da ignorância do individualismo competitivo e destrutivo. Motivados pela vã esperança e
pela ardilosa ilusão do poder.
Olá Professores,
A Tv Escola esta contratando professores/conteudistas via Edital da Unesco para as nossas produções e outras ações da coordenação.
Buscamos conteudistas para o Ensino Médio, Fundamental e Educação Infantil. Pode ser professor universitário sim.
Em especial estamos buscando conteudistas para uma co-produção que faremos com a Marinha, “Aventura em alto-mar”, precisamos de professores de diferentes áreas (ciências, biologia, química, física... sempre tendo o mar como cenário e pensando na integração dessas áreas – visão sistêmica).
Divulguem na sua rede de contatos o prazo e curto.
Em anexo, seguem as orientações.
Qualquer dúvida, pode me ligar ou mandar email.
As inscrições se encerram dia 16/11.
Daniela Pontes Vieira
TV Escola - CGMID /SEB/MEC
tel: (61) 2022-9584
1) O Fundo Brasil anunciou o resultado de seu primeiro edital específico, apoiando 13 novos projetos de direitos humanos em 9 estados.
2) Os 13 projetos selecionados pelo edital específico em parceria com a Fundação Ford começarão a desenvolver suas atividades nos próximos meses.
3) O Fundo Brasil lançará seu edital anual 2013 em 30 de novembro, oferecendo apoio a iniciativas em todo o país que combatam a discriminação e violência institucional.
Edital - Mestrado em Patrimônio Cultural e SociedadeInstituto Uka
O documento anuncia a abertura das inscrições para o processo seletivo do Mestrado em Patrimônio Cultural e Sociedade da UNIVILLE para 2013, com 20 vagas disponíveis. Detalha os requisitos para inscrição, critérios e etapas de seleção, calendário, estrutura curricular do programa e corpo docente.
V ENCONTRO DA REDE MUNICIPAL DE BIBLIOTECAS ESCOLARES DEInstituto Uka
O documento descreve a programação do 5o Encontro da Rede Municipal de Bibliotecas Escolares de Curitiba, ocorrendo entre os dias 23 e 25 de julho. A programação inclui palestras, intervenções literárias, momentos culturais como teatro e visitas monitoradas ao Museu Oscar Niemayer. O objetivo é promover a literatura e a cultura entre professores e alunos da rede municipal.
Literatura afro-brasileira e indígena na escolaInstituto Uka
Este documento discute como os professores de uma escola no interior do Rio de Janeiro abordam a literatura afro-brasileira e indígena em suas aulas de acordo com as leis 10 639/2003 e 11 645/2008. Os professores reconhecem a importância dessas leis, mas relatam dificuldades em encontrar recursos e internalizar essas culturas em seu ensino de forma consistente. Eles tendem a abordar esses temas de forma pontual em vez de integrada ao currículo.
O Índio Brasileiro: O que você precisa saber sobre os Povos Indígenas no Bras...Instituto Uka
Here is a 3 sentence summary of the document:
[SUMMARY] The document discusses a book titled "O Índio Brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos indígenas no Brasil de hoje" (The Brazilian Indian: What You Need to Know About Indigenous Peoples in Brazil Today), which aims to provide information and context about indigenous peoples in Brazil to educate readers. The book was published by the Brazilian Ministry of Education and UNESCO, and written by Gersem dos Santos Luciano.
As identidades indígenas na escrita de Daniel MundurukuInstituto Uka
Este documento discute a literatura indígena brasileira e como ela contribui para novas configurações de identidade indígena. A autoria nativa visa contrapor estereótipos sobre os povos indígenas e evidenciar suas próprias experiências e tradições por meio da escrita. O documento analisa a obra de Daniel Munduruku como exemplo de como a literatura indígena cria novos olhares sobre os índios brasileiros.
Declaração dos Direitos dos Povos Indígenas (PDF)Instituto Uka
1. A Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas reconhece os direitos coletivos e individuais dos povos indígenas.
2. Ela visa promover a igualdade e combater a discriminação contra os povos indígenas, reconhecendo seu direito à autodeterminação e à propriedade de suas terras tradicionais.
3. A Declaração foi adotada pela Assembleia Geral da ONU em 2007 para promover o respeito, a proteção e a realização dos direitos humanos e liberdades fundamentais
A [re]construção da identidade indígena pela literatura munduruku e o diálo...Instituto Uka
Munduruku e o diálogo com a tradição
Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação apresentado ao Departamento de Ciências Sociais e Letras da Universidade de Taubaté, como parte dos requisitos para colação de grau no curso de Letras.
Orientadora: Professora Mestre Isabelita Maria Crosario
Leia a última edição do jornal Museu ao Vivo. Instituto Uka
O documento descreve o Programa de Documentação de Línguas e Culturas Indígenas (PROGDOC) do Museu do Índio, que tem como objetivo preservar, reforçar e revitalizar o patrimônio cultural indígena brasileiro. O PROGDOC atua em 109 aldeias de 39 culturas diferentes com a participação das próprias comunidades indígenas. Um dos pontos positivos é o grande envolvimento das comunidades no programa.
A LITERATURA INDÍGENA NA ESCOLA: UM CAMINHO PARA A REFLEXÃO SOBRE A PLURALID...Instituto Uka
Este documento discute a importância de incluir a literatura indígena na educação escolar para promover o respeito à diversidade cultural. Argumenta que os Parâmetros Curriculares Nacionais determinam que o tema da pluralidade cultural seja abordado na escola para combater a discriminação. Defende que a literatura indígena mostra diferentes perspectivas culturais e deve ser valorizada como parte da identidade cultural brasileira.
1) A exposição "Reflexos da Ancestralidade" apresenta obras dos artistas indígenas Uziel Guainê e Jaider Esbell Macuxi, retratando a cultura e história de seus povos.
2) Os artistas buscam transmitir os reflexos da ancestralidade indígena, mostrando que o passado está dentro do presente.
3) A exposição ocorre na Galeria Gustavo Schnoor em Brasília entre 2 de abril e 30 de abril de 2012.
1) O deputado indígena Mario Juruna usava um gravador para registrar o que os outros deputados falavam, mas um dia ele foi roubado em Brasília.
2) Anos depois, um homem idoso levou o mesmo gravador para o NEARIN, dizendo que Juruna tinha esquecido na casa dele.
3) Um indígena xavante reconheceu o gravador como sendo de Juruna por ter suas iniciais gravadas, provando que na verdade o homem idoso tinha roubado.
Livros de autores indígenas com 20% de desconto e frete grátis para todo o Brasil. O catálogo inclui obras de Cristino Wapichana, Graça Graúna, Daniel Munduruku e Elias Yaguakag sobre temas como criaturas da mitologia indígena, história do Brasil pré-colonial e contos tradicionais. Os pedidos devem ser enviados para o e-mail dmunduruku@gmail.com.
Fnlij lança edição de concursos para 2012Instituto Uka
O documento descreve dois concursos promovidos pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) para incentivar a literatura indígena: o Concurso Curumim para professores e o Concurso Tamoios para escritores indígenas. Os concursos premiarão trabalhos que promovam a leitura e a produção de obras literárias indígenas. As inscrições podem ser feitas até 28 de fevereiro de 2012.
O documento anuncia uma série de atividades sobre literatura e cultura indígenas promovidas pela Caravana Mekukradjá e Funarte. Inclui palestras, contação de histórias, mesas redondas e sarau para crianças, jovens, educadores e público em geral nos dias 24 e 25 de março na Escola Estadual Professor Gilberto Mestrinho em Manaus.
Slides Lição 11, CPAD, A Realidade Bíblica do Inferno, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
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As identidades indígenas na escrita de Daniel Munduruku
1. Anais do SIELP. Volume 2, Número 1. Uberlândia: EDUFU, 2012. ISSN 2237-8758
1
AS IDENTIDADES INDÍGENAS NA ESCRITA DE DANIEL MUNDURUKU
SANTOS, Waniamara J.
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)
waniamaraj@yahoo.com.br
Resumo: Conforme Hall (2002), os efeitos da globalização ocasionaram mudanças rápidas e
permanentes no cenário mundial e contribuíram para o descentramento do sujeito. As
minorias (negros, índios, mulheres, homossexuais, etc.) ganham voz e, por meio de seus
discursos, contrapõem suas identidades aos modelos estáticos vigentes na sociedade. Sob esse
viés, discute-se o lugar da literatura indígena no cenário literário brasileiro. Almeida (2009)
aponta a fundação dessa literatura na tradição oral de conservação e transmissão de suas
“histórias”. Ao constituir uma voz de questionamento e contrapor-se ao discurso hegemônico,
aos povos indígenas é possível evidenciar uma nova configuração identitária. Dentre os
autores indígenas, Daniel Munduruku destaca-se no cenário literário brasileiro. Sua ação é de
militância, sua literatura é política. Este trabalho busca refletir sobre o processo de escrita e
(re)invenção indígena em sua obra premiada pela UNESCO na questão da tolerância, em
2002, Meu vô Apolinário: um mergulho no rio da (minha) memória. A análise do texto
evidencia que a assinatura desse escritor representa uma nova consciência de classe fundada
em linguagem simples e clara. O autor indígena cria novos olhares sobre o índio brasileiro,
em que não vigora os estereótipos da barbárie, da preguiça e do atraso cultural.
Palavras-chave: Identidades; Literatura indígena; Alteridade
A pós-modernidade é marcada por mudanças significativas no contexto sócio-
político-econômico-cultural em nível global. Essas alterações assinalam o desenvolvimento
de novas identidades que surgem do pertencimento (ou do desejo de pertencimento) a étnicas,
raças, línguas, religiões e, acima de tudo, nações. As classes ditas minoritárias – tais como
negros, mestiços, índios, mulheres, homossexuais, judeus, etc. – ganham voz nesse novo
cenário e, por meio da evidencia de seus discursos, contrapõem suas „imagens‟ aos modelos
estáticos existentes na sociedade vigente.
Na concepção Bakhtiniana, identidades são relacionais. Conforme esse teórico,
nós e os outros constituímos múltiplos centros concretos, responsáveis emocional-
volitivamente, em que não há uma centralidade de pontos de vista, visto que esses múltiplos
centros „orbitam‟ no entorno do eu-para-mim, justificando diversas formas de percepção do
mundo. Daí tem-se, que não existem verdades únicas, histórias únicas, linguagens (sentidos)
únicos. Existem negociações entre os seres. Portanto, a multiplicidade de centros, e seus
deslocamentos identitários constituem-se a característica básica do homem na
contemporaneidade.
Conforme Hall (2002), o conceito de identidades constitui-se como algo plástico,
complexo, pouco compreendido na ciência social contemporânea para ser amplamente
questionado. Assim, discute-se a mudança de uma política de identidades para uma política de
diferenças. É sob esse viés que se discute o lugar da literatura indígena na cena literária no
Brasil.
2. Anais do SIELP. Volume 2, Número 1. Uberlândia: EDUFU, 2012. ISSN 2237-8758
2
A introdução de obras literárias indígenas no espaço de leitura dos não-índios
representa o estabelecimento de questionamentos e discussões acerca do lugar da alteridade,
das identidades indígenas e a questão das estereotipias. Conforme Marilena Chauí (1994):
Quem lê os primeiros relatos sobre o Novo Mundo - diários e cartas de
Colombo, Vespúcio, Caminha, Las Casas – observa que a descrição dos
nativos da terra obedece a um padrão sempre igual: são seres belos, fortes,
livres, "sem fé, sem rei e sem lei". As descrições de Vespúcio, mais do que
as dos outros, são de deslumbramento, particularmente quando se referem
aos homens jovens e às mulheres. A imagem dos "índios" não é casual: os
primeiros navegantes estão convencidos de que aportaram no Paraíso
Terrestre e descrevem as criaturas belas e inocentes que viveriam nas
cercanias paradisíacas. [...] Contraposta à imagem boa e bela dos nativos, a
ação da conquista ergueu uma outra, avesso e negação da primeira. Agora,
os "índios" são traiçoeiros, bárbaros, indolentes, pagãos, imprestáveis e
perigosos. Postos sob o signo da barbárie, deveriam ser escravizados,
evangelizados e, quando necessário, exterminados. Durante os últimos 500
anos, a América não cessou de oscilar entre as duas imagens brancas dos
índios e, nos dois casos, as gentes e as culturas só puderam aparecer filtradas
pelas lentes da bondade ou da barbárie originária. [...] Entre os efeitos dessa
obra - colonização, evangelização, escravidão, aculturação, extermínio -
destaca-se uma certeza de que os povos indígenas pertencem ao passado das
Américas e ao passado do Brasil. (p.11-12)
A autoria nativa visa a contrapor-se às identidades indígenas cunhadas no Brasil a
partir do séc. XVI pelos “brancos europeus”, vigentes até hoje na sociedade brasileira, em que
se concebem o índio a partir do exótico, do ingênuo, do selvagem, do atrasado cultural, da
animália. Contra o nativo surge uma essencialização negativa que limita seu espaço de
existência a uma condição de inferioridade. Segundo Almeida e Queiroz (2004):
Os indígenas brasileiros, através da aquisição e do domínio da escrita,
passam a fazer história, como produção de sentidos para a própria
ressubjetivação. Não há história sem discurso. E a escrita e seus meios são
instrumentos que os índios estão utilizando para configurar suas identidades.
Identidades, não como essência, mas resultantes de processos de
identificação do sujeito ao complexo de formações discursivas
historicamente (ideologicamente) determinadas. O que se exige de um
discurso não é uma verdade é uma lógica discursiva. (p. 204)
Identidades, nessa perspectiva, é um conceito abordado „sob rasura‟ por
apresentar-se de difícil definição atualmente. Até então, esse conceito permaneceu associado a
um modelo fixo de constituição de sujeitos. Entretanto, hoje, implica na idéia de
fragmentação de sujeitos. Os efeitos da globalização, num mundo pós-colonial, ocasionaram
mudanças rápidas, constantes e permanentes que contribuíram para o descentramento do
sujeito, tanto do seu lugar no mundo social e cultural quanto de si próprio. Sabe-se que as
identidades são formadas no decurso do tempo, por processos inconscientes e não inatos.
Associam-se as ideias de identificação e pertencimento. Mas, também, aos jogos de poder que
emanam nas sociedades. Assim, a nova configuração de sujeitos estabelece a coexistência de
identidades adotadas em razão da adequação aos contextos de uso, isentas de unicidade em
torno do eu coerente, em crise. É nesse momento de crise e de novas configurações que surge
a possibilidade de as identidades minoritárias serem repensadas. Sob esse viés, acredita-se que
ao constituir uma voz de discussão de sua condição minoritária, de contrapor-se ao discurso
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hegemônico, aos povos indígenas é possível evidenciar uma nova configuração identitária
para si e seus povos.
A memória dos povos nativos retrocede ao passado colonial brasileiro e há tempos
míticos. O presente dos povos indígenas é legitimado pelas experiências do passado; sua
transmissão e conservação são realizadas por meio de práticas sociais, cerimoniais, rituais,
pela tradição oral e pela incorporação de velhos hábitos pelas novas gerações. Basicamente,
existe o trabalho de coleta e transcrição, tradução para a língua portuguesa e publicação de
narrativas provenientes de representantes das duzentas e cinquenta etnias indígenas
brasileiras. Para Maria Inês de Almeida (2009), o texto indígena é sempre autobiográfico
porque se resume em “por em linguagem (grafia) própria (auto) todo o vivo (bio),
textualizando toda a matéria figural que brota dos mundos.” (p. 55). Os relatos orais,
repassados pelos índios mais velhos, transformam-se em palavra escrita que reitera a vida
coletiva na aldeia, na floresta, a paisagem, os saberes e os conhecimentos nativos.
E foi ouvindo as histórias que meu avô contava que percebi o que os povos
tradicionais podiam oferecer à cidade. [...] E isso me dá um álibi para usar as
narrativas míticas para falar às pessoas com a mesma paixão com que o
velho falava comigo. Acho que foi assim que surgiu em mim o interesse de
narrar histórias para ajudar as pessoas a olharem para dentro de si mesmas,
compreenderem sua própria história e aceitá-la amorosamente.
(MUNDURUKU, 2009, p. 14-16)
Relatos de assassinatos e extermínios de grupos indígenas, expulsão de seus
territórios e da prática generalizada de violências contra os indígenas são comuns no cenário
brasileiro, sendo postos em evidência, principalmente, na década de 70. Nessa época, eclodem
movimentos sociais que tratam da questão indígena no Brasil. Fruto da conquista desses
movimentos, a promulgação da Constituição Federal, em 1988, implicou no reconhecimento e
na garantia de direitos aos indígenas brasileiros. Dentre esses direitos, talvez o mais
importante, o direito à educação diferenciada e bilingue.
É sabido que, como resultado do processo de aculturamento, os nativos brasileiros
tinham pouco acesso à escolarização sem direito ao currículo diferenciado. São raros os
indígenas que conseguiram a apropriação da cultura do branco, chegando a adquirir titulação
em Instituições de Ensino Superior no Brasil. Com o advento da educação diferenciada e
bilingue, as escolas indígenas, implantadas de forma acentuada na última década, promoveu-
se a formação do indígena pelo próprio indígena, utilizando-se de material didático criado por
eles próprios.
Os povos indígenas brasileiros, após a implantação das Escolas da Floresta1, no
início da década de 1980 e, enquanto fruto da elaboração de seu material didático,
experimenta a construção dos primeiros livros sob sua autoria, inicialmente uma autoria
coletiva. Os livros são entendidos como arquivos de suas memórias, em que as diferentes
etnias, por meio da prática da escrita em língua nativa e portuguesa, ganham visibilidade. A
literatura indígena busca coletar, traduzir e publicar a memória ancestral (cultural e
individual), mostrando os povos nativos à sociedade não-indígena num processo de respeito
às diferenças. A sabedoria e os conhecimentos ancestrais arquivados promovem a construção
da “identidade indígena” contemporânea e a desconstrução do estigma e dos preconceitos que
vigoram em torno da figura do índio brasileiro.
Desse modo, a sociedade brasileira convive com a presença de escritores nativos
que experimentam a escrita de uma literatura fundada na memória de suas experiências,
1
Os povos indígenas no Brasil preferem denominar suas escolas pela expressão “das florestas”, indicativo de
uma territorialidade simbólica que se instaura para esses povos.
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individuais e coletivas, nas tradições ancestrais de suas etnias. Silenciados por quinhentos
anos de dominação cultural, política, religiosa e econômica, esse grupo de escritores
indígenas busca uma forma de dar visibilidade às suas experiências, as suas existências.
Durante os anos de aculturação, a identidade indígena construiu-se a partir do olhar do
“estrangeiro”, sob o signo da diferença, do preconceito, de uma imagem que não condiz com
a realidade dos povos nativos brasileiros. A literatura indígena de cunho memorialista,
portanto, institui a construção de uma nova identidade pautada no resgate do vivido (sob a
perspectiva do presente, do agora). Nessa medida, essa literatura funda-se na tradição oral de
conservação e transmissão de suas “histórias” – mitos, lendas, autohistória, ritos, cantos,
artesanato, grafismo, etc. e promove o renascimento do indígena pela linguagem própria.
Ressalta-se que embora seja grande o número de autores indígenas ainda é
pequeno o número de obras no mercado. Souza (2009), afirma que:
O mercado editorial é constituído por modelos. No geral, as editoras querem
vender livros. “São aquelas obras que tem um grande campo de
comercialização. Os grupos editoriais ainda mistificam a literatura indígena.
(p.23)
A literatura indígena nasce e em grande parte mantém-se na oralidade, voltada
para a desconstrução e a reconstrução de fatos histórico-literários e a construção da imagem
do índio real. Esse movimento de escrita indígena é comum a outros países americanos
(Canadá, Estados Unidos, Peru, Bolívia, Paraguai, Guatemala, Chile, México), no entanto,
não tão recente quanto à incipiente Literatura Nativa Brasileira.
Volver-se para os textos indígenas estruturados na memória desses povos é,
também, pensar na condição indígena brasileira dentro da sociedade vigente. Essa perspectiva
remonta o processo de aculturamento determinado pela colonização portuguesa. É
significativo o grande número de obras literárias em que se testemunham invasões de terra,
assassinatos, massacres, violências contra mulheres, promovidos em primeiro plano pelos
europeus e depois por donos de terra, seringueiros, posseiros, garimpeiros e outros tantos.
Quando se pensa no cerne do termo colonização, depara-se com a ideia de
ocupação territorial, de exploração dos bens, de submissão. A colônia, nessa medida, é o
espaço ocupado, o povo sujeitado. Como povos nativos quando do „achamento‟ do Brasil
pelos portugueses, são os povos indígenas os sujeitados, mandados, dominados e explorados
por esses estrangeiros. Segundo Homi Bhabha, “(...) ao negar ao colonizado a capacidade de
se autogovernar, a independência, os modos de civilidade ocidentais, confere autoridade à
versão e missão oficiais do poder colonial” (1998, p. 127). Assim,
Não se pode negar o caráter constante de coação e dependência estrita a que
foram submetidos índios, negros e mestiços nas várias formas produtivas das
Américas portuguesa e espanhola. Para extrair os seus bens com mais
eficácia e segurança o conquistador enrijou os mecanismos de exploração e
de controle. (BOSI, 1996, p. 13)
O discurso colonial promoveu a dominação pela cultura, pelo povo, pela língua e
pela fé dos povos nativos brasileiros. Calados por mais de quinhentos anos os povos nativos
permaneceram invisíveis à sociedade brasileira (Governo e população), chegando quase a um
processo de extermínio com o decaimento progressivo da população até a década de 1980.
Essa condição de existência (e persistência) encontra-se amparada sob o signo do preconceito,
da intolerância às diferenças, pelo desrespeito à raça indígena. Essa situação é a herança
histórica da colonização exploratória conduzida pelos europeus no Brasil. Entretanto, na
atualidade,
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5
Os indígenas brasileiros, através da aquisição e do domínio da escrita,
passam a fazer história, como produção de sentidos para a própria
ressubjetivação. Não há história sem discurso. E a escrita e seus meios são
instrumentos que os índios estão utilizando para configurar suas identidades.
Identidades, não como essência, mas resultantes de processos de
identificação do sujeito ao complexo de formações discursivas
historicamente (ideologicamente) determinadas. O que se exige de um
discurso não é uma verdade é uma lógica discursiva. (ALMEIDA &
QUEIROZ, 2004, p. 204)
É, essencialmente, uma literatura que se funda (e que se assina) em razão de uma
coletividade. Amparada em Lejeune (2008), percebe-se que o esforço de memória e o esforço
de escrita são realizados por pessoas diferenciadas, dentro de um processo de coleta do
material disponibilizado por via oral, em diálogo. Essa coletividade, também, evidencia sua
origem na tradição da oralidade em que comumente inexiste a assinatura de uma autoria
individual (lembremos dos contos populares). Para os indígenas, enquanto representativos de
uma minoria,
(...) o fato de assumir o próprio relato de vida (e eventualmente tentar
publicá-lo) representará, mais ou menos voluntariamente, um ato de
ascensão social e de integração à cultura dominante, mesmo se isso for feito
no âmbito de uma luta militante destinada a suscitar uma consciência de
classe. (LEJEUNE, 2008, p. 133)
Dos mais de cem autores indígenas, o escritor Daniel Munduruku destaca-se no
cenário literário brasileiro. Para a etnia Munduruku, Daniel constitui-se como um embaixador,
promovendo à sociedade Brasileira não-indígena o conhecimento acerca de sua etnia. Ele é,
ainda, o grande representante dos mais de duzentos povos indígenas existentes no país.
Conforme Munduruku (2010):
(...) povos indígenas inteiros tem sofrido as consequências de viver em
contato permanente com uma sociedade que lhes prendem em conceitos que
os tornam menores e marginalizados. A isso se inclui a negação da
identidade cultural. Se, por um lado, manter-se indígena é condição
fundamental para o reconhecimento étnico – pois assim a sociedade
complexa pode manipulá-lo – aprender e conviver com a sociedade em igual
condição é considerado um abandono de identidade. Em outras palavras: se
vou para a universidade e compreendo a lógica do ocidente, acabo
desqualificado como membro de uma sociedade indígena. Ser indígena, na
lógica ocidental, é manter-se no atraso cultural. Ao pertencer ao mundo
globalizado, perco minha afirmação étnica. Essa forma de pensar tem
ocasionado sérias crises de identidade em nosso meio. (...) As conseqüências
disso são o sofrimento, a dor, o suicídio. (p.67)
Ressalta-se que, no caso de Daniel Munduruku, essa ascensão social e a
integração na cultura dominante são claramente evidenciadas pela notoriedade e transparência
com a qual sua imagem surge na mídia, nos últimos anos. Ao assumir uma posição de
destaque, o escritor coloca-se numa situação de “negociação” em razão da coletividade. Sua
ação é de militância, sua literatura é engajada e, portanto, política. Ressalta-se que a Literatura
Indígena tem um caráter político. Conforme afirma Almeida e Queiroz (2004):
6. Anais do SIELP. Volume 2, Número 1. Uberlândia: EDUFU, 2012. ISSN 2237-8758
6
Não se trata de uma invenção qualquer. Trata-se de uma deliberação política.
Os escritores indígenas o fazem de um território imaginário, em que as
coisas se renomeiam, no exercício da ocupação do solo simbólico. A
escritura é coletiva porque é expressão do que é comum, ou de um consenso
em torno do “quem somos”. É política porque reordena a coletividade,
valendo-se das palavras pronunciadas pelos seus representantes. Cada livro
editado nesse processo de criação literária serve para indicar que é a partir da
terra que os livros são escritos. Assim como na tradição literária européia se
baseia na textualidade (ou representação) – um livro nasce de outro livro, e
assim por diante – as várias literaturas indígenas servem-se da
territorialidade: cada trecho de livro copiado, cada voz transcrita, cada
tradição interlingual, cada parte do mosaico, que são os livros aqui referidos,
é um pedaço de terra concretamente desapropriado e reapropriado ao mesmo
tempo. (p. 197-198).
A assinatura de autor instaura a relação com a coletividade (sua etnia). É uma
forma de: “Nascer de si mesmo, nascer de sua obra, tornar-se homem pelo acesso à
assinatura, à recriação do nome próprio.” (BRANDÃO, 2006, p. 23). Munduruku significa
guerreiro e é esse o papel do autor indígena para seu povo: lutar pelo pertencimento da nação
indígena à sociedade brasileira.
Derpo2 nasceu na capital Paraense, em 28-02-1964. Sétimo filho de indígena
Munduruku3, ele foi registrado com o nome de Daniel Monteiro da Costa. Viveu sua infância
entre a cidade e a aldeia de Maracanã (sua aldeia familiar). No entremeio das culturas
indígena e não-indígena, Daniel frequentou a Escola Salesiana do Trabalho, onde foi
alfabetizado. Finalizado o primeiro grau, ele dedica-se à Ordem Salesiana, inclusive,
pensando em ser padre. Em 1987, muda-se para Lorena, interior de São Paulo, dando
continuidade aos estudos. Graduou-se, em 1989, em Filosofia pela Universidade Salesiana e
cursou na Universidade de São Paulo (USP) mestrado em Antropologia (1992-1996) e
doutorado em Educação (2003-2006).
Lecionou por dez anos na rede estadual e particular de ensino e atuou como
educador social de rua pela Pastoral do Menor de São Paulo. A partir da experiência com
crianças e adolescentes torna-se escritor. Seu primeiro livro Histórias de Índio foi publicado
pela editora Companhia de Letrinhas, em 1996. Até 2011, Daniel publicou mais de cinquenta
livros (vários volumes traduzidos para o inglês), a maioria focando a temática indígena, tais
como: Coisas de Índio (Callis, 2000), O Banquete dos Deuses (Angra, 2000), O Sinal do Pajé
(Peirópolis, 2003) e Um Estranho Sonho de Futuro: casos de índio (FTD, 2004). Recebeu
premiações em nível nacional e internacional por seus trabalhos como escritor.
Desde 2001, o escritor preside o Instituto Indígena Brasileiro para Propriedade
Intelectual (INBRAPI), organização não governamental (ONG) criada para promover a
proteção dos conhecimentos tradicionais das aldeias e participa ativamente de atividades
ligadas à causa indígena. É, também, diretor presidente do Instituto UK‟a4 (Casa dos Saberes
Ancestrais), Conselheiro Consultivo do Museu do Índio/RJ e membro da Academia de Letras
de Lorena. Anualmente, desde 2004, organiza o encontro nacional de escritores e ilustradores
indígenas (a oitava edição aconteceu entre 14 e 16 de junho de 2011).
2
Significa peixe maluco em Munduruku, língua do tronco Tupi.
3
Povo de tradição guerreira realizava grandes excursões do Madeira ao Tocantins, com a finalidade, entre outras,
de obter troféus de cabeças de inimigos que eram mumificadas e as quais se atribuíam poderes mágicos.
Dominava culturalmente a região do Vale do Tapajós, que nos primeiros tempos de contato e durante o século
XIX era conhecida como Mundurukânia.
4
Palavra da língua Munduruku que significa casa.
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7
Daniel Monteiro da Costa mora na cidade de Lorena, é casado com Tânia Maria e
tem três filhos: Gabriela, Lucas e Beatriz. Mantém um website e um blog, em que publica
textos e informações de interesse indígena.
Dentre as mais de duzentas obras indígenas publicadas desde 1977, elenca-se o
livro premiado pela UNESCO na questão da tolerância, em 2002, Meu vô Apolinário: um
mergulho no rio da (minha) memória, de autoria de Daniel Munduruku, para reflexão sobre o
processo de escrita e (re)invenção indígena.
A obra literária trata da recordação de sua infância vivida na aldeia familiar,
fortemente influenciado pela tradição étnica de arquivamento da memória ancestral via
transmissão oral pelos mais velhos da aldeia e, nesse processo, evidencia a figura do avô
paterno, o índio Apolinário, como figura fundamental para sua constituição identitária
indígena
Seu trabalho de construção das memórias infantis inicia-se com o relato do seu
nascimento em Belém – primeiro filho nascido em hospital. Daniel escreve sobre o ambiente
familiar, destaca a profissão do pai (um habilidoso carpinteiro) e conta sobre a importância do
trabalho para ele e seus irmãos no auxilio do sustento da família. E, ainda, ele relembra o
início da vida escolar e a dificuldade de relacionamento com as crianças não-indígenas.
Destaca a raiva que sentia em ser chamado de Aritana5, de ser índio e parecer-se com índio,
porque ser índio representava ser preguiçoso, selvagem, canibal e atrasado... Embora tivesse
amigos no ambiente escolar, é apenas no quintal de casa e na aldeia Maracanã que Daniel se
lembra da sensação de paz consigo mesmo.
Os relatos de infância trazidos no texto têm uma finalidade clara de ensinar, de
promover o respeito às diferenças. Nas palavras de Munduruku: “Minha idéia é fazer com que
as pessoas que lerão este livro olhem para dentro de si – e também para fora – e vejam como é
possível conviver com o diferente sem perder a própria identidade.” (2009, p. 38). A
rememoração de sua infância para Daniel Munduruku em Meu vô Apolinário: um mergulho
no rio da (minha) memória visa à discussão quanto à alteridade, a tolerância racial e a
construção da identidade indígena.
A escrita de Daniel Munduruku, sutilmente, rompe com estereótipos indígenas e
preconceitos, como se pode observar abaixo:
Eu nasci índio. Mas não nasci como nascem todos os índios. Não nasci numa
aldeia, rodeada de mato por todo lado; com um rio onde as pessoas pescam
peixe quase com a mão de tão límpida que é a água. Não nasci dentro de
uma Uk‟a Munduruku. Eu nasci na cidade. Acho que dentro de um hospital.
E nasci numa cidade onde a maioria das pessoas se parece com índio: Belém
do Pará. (MUNDURUKU, 2009, p. 9).
A afirmação do autor assinala sua condição de índio urbano, desconstruindo os
mitos do selvagem, da animalidade, do “bicho nascido nas florestas”. Essa condição é
compartilhada por um grande número de indígenas (puros ou descendentes) nascidos em
território brasileiro - exceto o Estado do Piauí e o Distrito Federal, os demais Estados
brasileiros atestam a presença de povos indígenas aldeados ou urbanos. Portanto, ser índio
não significa ser selvagem, nascer no meio das matas e florestas como os animais, mas sim
uma condição de pertença a uma raça, tal como nascer italiano, africano ou japonês.
Nessa mesma afirmação, Daniel discute o lugar do mito da raça pura. O autor
assinala a evidência de um Brasil, cuja população é constituída, historicamente, pela
miscigenação de raças, mesmo que a sociedade brasileira (o senso-comum) insista em negar
5
Nome de uma novela, cujo protagonista, chamado de Aritana, era Carlos Alberto Ricceli em seu primeiro papel
na televisão. É também o nome de um grande líder do povo Yawalapiti do Parque Nacional do Xingu.
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sua descendência indígena (e africana). A marca da mistura racial é trazida no corpo, no rosto
da população, mesmo que ela não queira assumir sua condição (por razões diversas).
Em contraposição ao ambiente difícil da cidade, Daniel reconstrói o mundo
familiar da aldeia Munduruku, em que destaca as lembranças de aventuras na mata perdidos
na caça ao curupira, os banhos no igarapé, as caminhadas (com muita brincadeira) até o
roçado com as mulheres da aldeia, a noite escura em torno da fogueira escutando as histórias
contadas pelos mais velhos, de fazer xixi na rede (e no irmão mais velho) com medo de sair
da oca à noite para procurar um lugar para urinar em virtude das histórias de “assombrações”
e até do rito de iniciação no mangal (ou manguezal). Um ambiente construído de forma
positiva, embora identificado como local de atraso, de falta de perspectivas, tecnologias e
possibilidades.
O próximo preconceito desfeito é o da preguiça do índio brasileiro. Para tanto,
Daniel relembra o ofício do pai, o trabalho dos irmãos e o seu esforço próprio em auxiliar nas
despesas familiares. Sua escrita desfaz o mito da preguiça (lembremos de Macunaíma, de
Oswald de Andrade, sob o mote do “Ai! Que preguiça!”), encenando uma vida marcada pelo
trabalho diário e constante (realizado com alegria e orgulho). Em Meu vô Apolinário vê-se:
(...) meu pai era um grande artesão e foi graças a essa sua habilidade que
pode alimentar tantos filhos durante tanto tempo. (...) Meus irmãos tiveram
que ir trabalhar na cidade para ajudar nas despesas. Eu mesmo fui vendedor
de doces, paçocas, sacos de feira, amendoim, chopp (é um suco colocado em
saquinhos plásticos congelados. Em São Paulo chamam de geladinho). Fazia
tudo isso com alegria. (...) E por que eu não gostava de que me chamassem
de índio? Por causa das ideias e imagens que essa palavra trazia. Chamar
alguém de índio era classificá-lo como atrasado, selvagem e preguiçoso. E
como já contei, eu era uma pessoa trabalhadora e ajudava meus pais e meus
irmãos e isso era uma honra para mim. Mas uma honra que ninguém levava
em consideração. Para meus colegas, só contava a minha aparência... e não o
que eu era e fazia. (MUNDURUKU, 2009, p.10-11).
Também no ambiente da aldeia o escritor destaca as diversas atividades
desenvolvidas pelo grupo familiar e a divisão de trabalhos entre homens, mulheres, velhos e
crianças. Retira da imaginação dos leitores a ideia de um índio que permanece deitado na rede
por horas a fio, sem fazer nada, esperando da “graça” de Nhanderu (do Deus indígena) e da
natureza o sustento de cada dia. Destaca, ainda, as atividades do povo Munduruku que para
sua subsistência promovem o plantio e o cuidado com o roçado, à caça de animais, a pesca, a
extração e coleta de frutas e medicinas, conforme destacados nos trechos seguintes:
(O ROÇADO):
Quando era dia de ir à roça, saíamos cedo e caminhávamos mais de três
horas até chegar ao local. Nós, os meninos, íamos na frente para proteger o
grupo. Bem, na verdade, íamos mais é brincando mesmo, coisa que toda
criança gosta de fazer. Na roça eu gostava de ficar perseguindo as formigas.
Elas são interessantes porque trabalham o tempo todo. (...) Só deixava de
observar as formigas quando minha mãe me chamava para algum serviço.
(MUNDURUKU, 2009, p. 15)
(O TRABALHO DAS MULHERES):
Eu e meus companheiros estávamos brincando juntos em um lugar de onde
dava para ver as mulheres trabalhando no roçado. (MUNDURUKU, 2009, p.
15)
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(A DIVISÃO DAS TAREFAS):
Nós temos o costume de tomar banhos comunitários nos igarapés. As
mulheres vão primeiro e fazem o serviço da casa, como lavar os utensílios
domésticos e as roupas sujas. Passam horas dentro d‟água junto com as
crianças de colo e aquelas com menos de cinco anos. (MUNDURUKU,
2009, p. 25)
(A PESCA DE CARANGUEJOS):
Quando eu cresci um pouco mais e já tinha oito anos, meu tio me levou para
tirar caranguejo no mangal (ou manguezal). (...) Os tiradores de caranguejo
tem de esticar o braço atrás dele. Quando tem sorte, conseguem trazer o
bicho na mão. Algumas vezes ele vem pendurado no dedo, pois para se
defender pinça o agressor com as patas. A mordida é bem dolorosa. Essa
“pesca” do caranguejo durava o dia inteirinho e só retornávamos para a
aldeia quando já estava escurecendo e todos nos esperavam para fazer um
gostoso jantar com os bichos que a gente trazia. (MUNDURUKU, 2009, p.
19)
(O TRABALHO DOS HOMENS):
Na época em que se passa esta história, ele já devia estar com mais de
oitenta anos. Mesmo assim, fazia todas as coisas que um homem mais
jovem: caçava, pescava, ia para a roça, preparava belíssimos paneiros com
talas de buriti. Estava sempre trabalhando. (MUNDURUKU, 2009, p. 26)
Portanto, Daniel Munduruku assinala a importância do trabalho e a existência do
desenvolvimento diário de todas as atividades sem o auxilio de tecnologias (inclusive sem
energia elétrica e abastecimento de água potável), trabalho esse realizado sem as comodidades
do ambiente urbano e da facilidade de aquisição em mercados e supermercados.
Lugar comum no imaginário brasileiro é a figura do índio que promove a
antropofagia. As cenas de canibalismo descritas pelas missões científicas financiadas pelos
governos europeus para conhecer a “terra brasilis”, por volta de 1550, (vide Hans Staden e
Theodore de Bry) perpetuam essa associação do indígena com a animalidade, a falta de
espiritualidade, a violência. Astutamente, Daniel identifica os costumes alimentares de sua
aldeia: o beiju, o mingau de mandioca, a banana com farinha de tapioca, o caranguejo, as
caças, o peixe, os produtos do roçado. Índio, portanto, não come carne humana! E se bem o
faziam, existe uma justificativa culturalmente mediada. Não é, necessariamente, fruto de uma
condição humana inferior, animal, desumanizada.
Magistralmente, o indígena escritor utiliza-se da ficcionalização de sua história de
vida, desse sujeito de escrita, para construir a partir de sua relação com o mundo da leitura (de
mundo e de obras) o universo do qual é parte constituinte. Ele destaca o rito de ouvir
histórias. Tudo é preparado: fogueira, espíritos. A atmosfera é direcionada ao ato em que um
fala, os mais velhos, e a aldeia ouve. A tradição transmitida via oralidade sedimentam
importantes ensinamentos aos participantes da “fogueira”. É assim que a educação indígena
acontece. No texto de Derpo, há o destaque para a lembrança da sabedoria de vida, de
relações, de espiritualidade e de mundo do vô Apolinário que a compartilhada com seus
familiares (entendidos como todos os pertencentes à aldeia) via oralidade. É ele quem o
ensina a aceitar sua diferença em contraposição aos amigos da escola. É quem o ensina a ser
índio. Segundo Daniel:
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Foi meu avô quem me ajudou a superar estas dificuldades. Ele me mostrou a
beleza de ser o que eu era. Foi ele quem me disse um dia que eu deveria
mostrar para as pessoas da cidade esta beleza e a riqueza que os povos
indígenas representam para a sociedade brasileira. Naquela época eu achei
que meu velho avô estava tentando apenas me animar com palavras de
incentivo. No entanto, hoje percebo que ele estava expressando um desejo de
ver o nosso povo ser mais compreendido e respeitado. Parecia que ele sabia
o que iria acontecer no futuro, pois quando deixei minha aldeia fiquei com o
compromisso de levar esta riqueza junto comigo, mesmo sem saber se minha
vida na cidade seria positiva ou não. (MUNDURUKU, 2009, P. 6-7).
A rememoração do seu velho avô, o índio Apolinário, é a questão central da obra.
É com esse vô que Daniel aprende a ser índio. A imagem do avô é trazida na cena literária
quando da rememoração da primeira paixão e da primeira decepção amorosa vivenciadas por
Derpo. Conforme Munduruku, ao apaixonar-se por uma menina branca – a Lindalva – e ter
coragem em contar-lhe sobre sua paixão, ele se depara com o preconceito e a vergonha.
Lindalva o recusa por ser índio, por ser feio e, para piorar, conta o ocorrido a todos da turma.
A situação causa grande constrangimento e tristeza. Era uma sexta-feira e a família estava
para viajar até a aldeia dos Mundurukus. Quando na aldeia, todos os familiares notam as
mudanças no comportamento do pequeno indígena: calado, triste, irritadiço... Observando seu
neto, o índio Apolinário o convida, pela primeira vez, para conversarem e tomarem banho a
sós no igarapé. Quando chegam ao local do banho, Daniel relembra que é convidado a sentar-
se numa pedra ao lado da queda d‟água e escutar o rio. Passam-se horas e Daniel permanece
em silêncio observando o rio, sem nada escutar. Depois de muito tempo, seu avô o convida a
juntar-se no banho. Após o mergulho, Daniel procura seu vô Apolinário para conversar. Nesse
momento, recebe a primeira de muitas lições de sabedoria provenientes desse velho índio.
“Fiquei apaixonado pelo vô Apolinário”. (MUNDURUKU, 2009, p.32). Surgem, então, as
lembranças da cumplicidade entre ambos, dos ensinamentos e da construção de sua identidade
indígena.
O tempo que passam juntos é pouco, o avô, na época, contava com oitenta anos.
As lembranças finais do livro descrevem a morte e o enterro do vô Apolinário. E, nessa
recordação, o escritor busca construir o processo gradativo em que se percebeu índio e passou
a orgulhar-se de sua condição.
Na verdade não sei muita coisa sobre meu avô porque o via muito pouco. No
entanto, esse pouco de convivência marcou profundamente minha vida,
formou minha memória, meu coração e meu corpo de índio. Acho até que
falar dele me faz resgatar a história de meu povo e me dá mais entusiasmo e
aceitação da condição que não pedi a Deus, mas que recebi Dele por algum
motivo. (Munduruku, 2009, p. 7)
O ponto central desse mergulho memorialista reside nesse velho índio, de oitenta
anos, misterioso, de grande sabedoria, que fazia todas as atividades de um homem jovem:
caçava, pescava, trabalhava na roça e fazia paneiros com talas de buriti6. A cumplicidade
surgida entre ambos é instaura o inicio de um processo de aceitação de sua condição indígena,
a sabedoria do rio:
(...) Meu avô Apolinário – que ainda não apareceu nesta história, porque até
aqui não havia marcado presença em minha memória infantil – surgiu ao
6
Cestos pequenos de vime, com duas asas, confeccionados artesanalmente com palmeira do coqueiro-buriti (ou
buritizeiro, miriti, muriti, muritim, muruti, palmeira-dos-brejos, carandá-guaçu, carandaí-guaçu).
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meu lado como num passe de mágica. Passou a mão suavemente sobre
minha cabeça e disse:
– Hoje vamos tomar banho só nós dois.
Em seguida, começou a andar em direção ao igarapé e eu senti que devia
acompanhá-lo. (...) Quando chegamos ao igarapé onde a gente sempre
tomava banho eu parei. Apolinário apenas balançou a cabeça negativamente
e apontou um lugar mais adiante. Fui atrás dele. Eu nunca tinha tido coragem
de subir o rio, mas não fiquei surpreso com o convite de meu avô. Ele me
levou para um lugar belíssimo, com uma queda d‟água mais ou menos alta.
(...)
– Está vendo aquela pedra lá na cachoeira?
Respondi que sim.
– Então sente nela e fique lá. Não saia enquanto eu não mandar. Você só tem
que observar e escutar o que o rio quer dizer pra você.
(...) Eu olhava fixamente para as águas pensando no que eu deveria ouvir.
Não ouvi nada, é claro. Não daquela vez. Quando a tarde já estava caindo,
meu avô me chamou.
– Agora já pode tomar banho.
(...)
– Você chegou à aldeia muito nervoso estes dias, não foi? Veio assim da
cidade, lugar de muito barulho e maldade. Lá as pessoas o maltrataram e
você se sentiu aliviado quando soube que viria para cá, não foi? Sei que está
assim porque as pessoas o julgam inferior a elas e seus pais não o ajudam
muito a compreender tudo isso. Pois bem. Já é hora de saber algumas
verdades sobre quem você é. Por isso eu o trouxe aqui. Você viu o rio, olhou
para as águas. O que eles lhe ensinam? A paciência e a perseverança.
Paciência de seguir o próprio caminho de forma constante, sem nunca
apressar seu curso; perseverança para ultrapassar todos os obstáculos que
surgirem no caminho. Ele sabe aonde quer chegar e sabe que vai chegar, não
importa o que tenha de fazer para isso. Ele sabe que o destino dele é unir-se
ao grande rio Tapajós, dono de todos os rios. Temos de ser como o rio, meu
neto. Temos de ter paciência e coragem, Caminhar lentamente, mas sem
parar. (...) Quando você estiver com esses pensamentos outra vez, venha
para cá ouvir o rio. (Munduruku, 2009, p. 30-31).
Destaca também os conhecimentos sobre medicamentos e ervas, sobre a floresta,
sobre a construção de utensílios domésticos, sobre o trato com os animais, sobre as técnicas
de pesca de caranguejo. Sua escrita assinala como os pais e avôs eram grandes conhecedores
das coisas da floresta.
Minhas primeiras lembranças – além de um terremoto que vivi aos quatro
anos – são as de meu pai martelando, serrando e falando sobre as
propriedades da madeira (acho que ele falava era do espírito das árvores, só
que não me lembro bem disso). (MUNDURUKU, 2009, p.10).
Essa nova percepção do mundo indígena instaura um novo significado quanto ao
atraso cultural dos povos indígenas. Ao contrário, evidencia que os povos nativos brasileiros
estão cercados de grandes conhecimentos o que não justifica a pretensa superioridade da raça
européia sobre os nativos em razão da sua ignorância.
Cabe ainda ressaltar a questão da folclorização das histórias indígenas. Os nativos
brasileiros afirmam que os estrangeiros ao apropriarem-se de seus ensinamentos acabaram por
revesti-los de novas roupagens, folclorizando os seus conhecimentos tradicionais.
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Pode-se também pensar no fato de que a folclorização da literatura indígena
cumpre antes o papel de ocultá-la. A folclorização é a literatura em
suspensão. Há literatura quando se vê a letra, assim como faz história quem a
escreve. (ALMEIDA & QUEIROZ, 2004, p. 205)
Uma das passagens rememoradas por Daniel Munduruku relaciona-se com o seu
encontro com o curupira. Para sua etnia, os seres coexistem com a figura dos seres encantados
que vivem nas florestas e possuem uma função nesse universo, como é o caso do curupira. Ao
contrário dessa crença, para a sociedade brasileira esse personagem foi apresentado ao público
como uma lenda indígena, fazendo parte do folclore nacional. Sua intenção é a de mostrar as
diferenças de credos, de espiritualidade: “Nossa fantasia era alimentada e visitada por esses
pequenos seres – verdadeiros – trazidos até nós pela voz cantilena de nossos avôs.”
(MUNDURUKU, 2009, p.14).
E por fim, tem-se que ao final de sua escrita, que coincide com a rememoração da
morte do velho Apolinário, Munduruku faz conhecer aos seus leitores o resultado do trabalho
paciente efetuado pelo velho índio. A escrita de Daniel processa-se a partir do toque na mão
do avô. O sentido do tato é acompanhado de uma memória involuntária – tal como as
“madeleines” de Proust – que coroa a construção de sua identidade indígena. Em razão da
beleza da cena construída por meio das palavras escolhidas pelo escritor, a seguir, o trecho é
apresentado na íntegra, encerrando o percurso de reflexão sobre a obra de autoria indígena.
Fiz questão de ir vê-lo pela última vez. Meu pai pediu dispensa no trabalho e
me acompanhou. Fomos ele e eu apenas. Chegando lá, o velho já estava no
caixão. Tinha um rosto bem sereno e tranqüilo. Peguei nas mãos dele para
sentir, uma última vez, a energia do ancião que se transformaria em ancestral
para meus filhos e netos. Nesse momento, minha mente recuou alguns meses
antes, quando timidamente perguntei a ele o que era ser índio. A resposta
veio como um relâmpago:
– É ter uma história que não tem começo nem fim. É viver o presente como
um presente, uma dádiva de Deus.
Tocando nas mãos do meu avô falecido, recordei-me ainda de nosso último
encontro, em que ele me anunciou que sua hora havia chegado. (...) Antes,
ele ouviu o que eu tinha para lhe dizer, pois eu havia chegado à aldeia todo
contente e fui imediatamente procurá-lo. Com todo o orgulho do mundo,
anunciei a meu avô: sou índio. Ele abriu um lindo sorriso com a boca já um
tanto desdentada, abraçou-me e disse:
– Então a minha hora já chegou. Preciso me unir ao Grande Rio. Lembre
sempre, porém, que só existem duas coisas importantes para saber na vida:
1) Nunca se preocupe com coisas pequenas; 2) Todas as coisas são
pequenas. (Munduruku, 2009, p.36-37)
Sob uma nova perspectiva, a perspectiva indígena, a obra fundamentada na
memória de Daniel Munduruku serve de cenário e mote para a reinvenção da identidade
indígena contemporânea, rompendo com preconceitos e estereótipos cristalizados na
“consciência” do povo não-indígena brasileiro.
Sob a égide de um contrato de leitura firmado com seu público infanto-juvenil, o
escritor indígena ficcionaliza seu mundo infantil e dá voz aos povos indígenas brasileiros para
desconstruir essa identidade indígena firmada no século XVI pelos estrangeiros europeus. Ao
utilizar de forma clara e atual, uma linguagem próxima das crianças e adolescentes, Daniel
constrói uma nova identidade para o indígena brasileiro em que não mais vigora os mitos da
preguiça, da animalidade, da antropofagia, do atraso cultural, da ignorância, da falta de
espiritualidade, da “necessidade de humanização”.
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Muitas vezes, o escritor evidencia a situação de uma criança que é igual às demais
(aos seus leitores, aos pais de seus leitores, aos pais dos pais e assim por diante). Em sua
essência é uma criança que brinca, ajuda e obedece aos pais, que faz traquinagens, se mete em
confusões, tem amigos, ama, se apaixona e sonha... Não há razões, portanto, para se pensar
em diferenças significativas. Essas são frutos de sua localização no mundo, de sua pertença
num grupo social, de uma tradição cultural.
É, portanto, sob a assinatura que manifesta o desejo de uma coletividade,
sustentando os ensinamentos, a sabedoria e os conhecimentos dos velhos da aldeia
(simbolizado na figura de seu avô Apolinário), que o escritor indígena inaugura uma nova
identidade cultural. O que representa não a criação de uma memória, mas sim de uma
consciência de classe fundada na análise do presente dessas comunidades. Daniel Munduruku
transforma-se em contador de histórias, em detentor de uma (sua) memória ancestral, para dar
conta aos povos não-indígenas de seu (seus) lugar no mundo.
Dessa forma, com linguagem simples e clara, Daniel Munduruku cria novos
olhares sobre o índio brasileiro, em que não vigorem os estereótipos da barbárie, exótico,
preguiça, animália, ingenuidade, canibalismo, atraso cultural e ignorância.
O que se evidencia ao longo de quinze anos de escrita é o trabalho de recordação
das experiências infantis, fortemente influenciadas pela figura do avô paterno, o índio
Apolinário. A assinatura Daniel Munduruku nasce como um contador de histórias (e guardião
da sabedoria e dos conhecimentos indígenas) para modificar a percepção da sociedade
brasileira branca quanto às questões indígenas (e as suas identidades) pela palavra escrita.
(...) fui vítima do sistema ocidental de ensino e aprendi a manipular a
memória usando a escrita e tornando-me, assim, um redator da memória oral
da gente indígena, o que faz de mim um escritor. Meu amigo Ailton Krenak
prefere me chamar de escrevinhador das memórias, título que muito me
honra. (MUNDURUKU, 2010, p.66)
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