O documento fornece uma introdução à filosofia e antropologia, definindo o ser humano como constituído de três dimensões - física, mental e espiritual. Também discute as atitudes e níveis mentais que influenciam o dinamismo humano.
1. APOSTILA
DE
FILOSOFIA
pelo
Prof. Ms. Luiz Fellippe Matta Ramos
luiz.mramos@sp.senac.br
SÃO PAULO
2012
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conteúdo por parte do leitor e/ou reprodutor destes originais.
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Boa leitura e que este material lhe seja útil
em sua vida pessoal e profissional.
Saudações Acadêmicas
O autor
4. 1.- Considerações Introdutórias.
O estudo da Filosofia em cursos de Bacharelado,
Tecnólogo e outros nos dias atuais tem o propósito de capacitar o
aluno(a) a aprender a pensar para poder conduzir com
competência e moral o processo de uma instituição e de sua própria
vida. Com efeito, pobres serão os resultados de quem é detentor de
conhecimentos pertinentes às teorias e seus procedimentos, se não
possui extensão e compreensão dos desdobramentos decorrentes
de suas decisões.
Dentro do universo filosófico destacamos a
antropologia como o conteúdo para os nossos estudos. O termo é
constituído de dois vocábulos de origem grega: antropos
() cujo significado é homem, no sentido de humanidade e
logos () cujo significado é estudo sistemático. A
Antropologia é o estudo sistematizado da natureza humana no
intuito de conhecê-la melhor em seus recursos e potencialidades,
proporcionando assim um maior autoconhecimento.
Com efeito, não basta nos dias atuais ser um
profissional tecnicamente competente. Ele precisa ser competente
em todos os aspectos de sua vida, inclusive vida pessoal, esta
constituída de relacionamentos, decisões, projeto de vida, objetivos,
metas, etc.
Mas afinal, quem o que é o ser humano? Esta é a
primeira pergunta que a Antropologia faz. Em primeira instância
5. podemos afirmar que o ser humano constitui-se em uma realidade
extremamente complexa. Muitas vezes identificados como um
triângulo eqüilátero, podemos com isso definir nossa tríplice
natureza conforme ilustra a figura 1:
Fig. 1
Toda estrutura humana é constituída de três
dimensões. A primeira entendida como a dimensão somática (
soma, = corpo) que representa a nossa organicidade material
e que se constitui em um instrumento pelo qual e através do qual eu
me relaciono com o mundo. Sem a dimensão somática, o ser
humano deixaria de sê-lo, uma vez que nós precisamos do nosso
corpo para poder nos manifestar existencialmente.
A segunda dimensão deste tripé corresponde à
dimensão psíquica(psique, = mente). Nossos pensamentos
e nossos sentimentos, nossas impressões e nossas sensações
também exercem uma influência considerável sobre a maneira de
como nós nos relacionamos conosco próprios e com as outras
pessoas.
A terceira e última dimensão constitutiva do ser
humano é a dimensão anímica ou espiritual (anima, = alma).
Sem uma alma o homem não seria um ser vivo e sim um cadáver,
pois lhe faltaria o princípio vital, o sopro anímico do Criador sobre a
criatura.
Pois bem: somos a integração de corpo + mente +
espírito. Ocorre que ao nascermos desconhecedores das regras da
6. boa convivência com as outras pessoas. Quando criança somos
atendidos quase todas as vezes que choramos ou utilizamos algum
artifício. Com isso, pensamos que somos os “donos do mundo”.
Complicada fica a situação quando o pequeno “reizinho” da casa
cresce e continua pensando que pode fazer o que bem entende...
A Filosofia é, pois o esforço deliberado do Homem
em querer se tornar alguém melhor e que busca mediante o
exercício da sua inteligência e do seu livre arbítrio, aprender a
coordenar suas atitudes, suas potencialidades em busca de um fim
último qual seja, o de ser feliz. A Filosofia e a própria Ética é arte
porque devemos aprender a conduzir com certa elegância o nosso
projeto de vida.
Lembremo-nos de que somos sempre os
responsáveis pelas atitudes tomadas ou não tomadas,
implementadas ou não diante dos desafios do nosso cotidiano.
7. 2.- O dinamismo do ser humano.
Muitos se espantam quando argumentamos que o
homem é um ser considerado como ser de relações e destinado ao
sucesso. Na verdade somos como out doors ambulantes. Todos
nos observam e somos constantemente avaliados, apreciados,
comparados e até mesmo imitados. Pensemos: qual é a imagem
que passamos para o mundo? Isto vai depender da maneira como
utilizamos este vasto potencial que nos constitui humanos. Vejamos
a seguir quais são estas forças que podem ser utilizadas tanto para
o sucesso e para a felicidade ou para o fracasso e para a tristeza.
2.1.- As atitudes do soma.
Podemos utilizar inteligentemente a nossa
dimensão orgânica ou somática, através da compreensão de alguns
conceitos fundamentais.
São eles:
° Ouvir é diferente de escutar!
Escutar significa receber, captar os sons que são
transmitidos pelo ambiente externo ou pelas pessoas. Muitas vezes
8. apenas “escutamos” os outros e não percebemos a importância
daquilo que é dito.
A atitude inteligente de ouvir representa o grau de
atenção necessária que foi concedida ao interlocutor.
Ouvimos quando focamos nossa atenção no
conteúdo do que está sendo transmitido e principalmente na pessoa
que está atuando como nosso interlocutor.
Quantas vezes apenas escutamos alguém mas
não a ouvimos ?
° Dizer é diferente de falar!
Você deve conhecer pessoas que falam, falam... e
não chegam a lugar algum. Que situação incômoda, não é
verdade? Então tomemos muito cuidado com o que falamos e com
o que dizemos. Falar significa transmitir palavras, emitir conceitos
ou expressões. Qualquer pessoa em condições psicológicas
normais pode falar muitas coisas e tratar de muitos assuntos.
Dizer significa um processo inteligente mais
requintado. Dizemos algo quando oferecemos ao nosso interlocutor
algo mais que palavras. Transmitimos idéias, valores e convicções.
Dizer algo significa que já amadurecemos no laboratório da nossa
razão o elixir da inteligência e queremos oferecê-lo ao próximo de
maneira respeitosa.
9. ° Observar é diferente de ver!
O ato de ver é constitutivo a qualquer pessoa que
possua boa saúde visual e neurológica. Ver significa captar luz para
poder interpretar a realidade que se manifesta em nosso cotidiano.
A atitude da observação significa um procedimento
que vai além da recepção de luz e imagens.
Observar significa conduzir nossa atenção àquilo
que nós vemos ou presenciamos. Observar significa prestar
atenção àquilo que nós vemos, independentemente de gostarmos
ou não do assunto ou da situação à qual estamos vinculados pela
observação.
° Demonstrar é diferente de gesticular!
O gesto simboliza o propósito da demonstração de
uma idéia. Através do corpo e mais especificamente através da
cabeça, dos braços e das mãos, procuramos sempre reforçar,
salientar, destacar, confirmar uma idéia ou um conjunto de
argumentos. O gesto em si mesmo não significa muita coisa, uma
vez que ele precisa estar contextualizado na dinâmica corporal e
verbal. A demonstração busca o reforço da idéia que está sendo
apresentada. Queremos com isso concluir que a postura de uma
pessoa e de um profissional afeta em muito as relações inter
pessoais.
10. 2.2.- As atitudes da psique.
A psique corresponde ao conjunto de
pensamentos e sentimentos que criamos, processamos, mantemos
e utilizamos por toda nossa vida. Os pensamentos podem ser
definidos como a expressão do que eu entendo a respeito de um
fato ou de uma dada realidade por mim experimentada ou
vivenciada. O pensamento - ou um conjunto deles - é a
compreensão racional e a interpretação que eu tenho de algo
que eu vivi ou estou vivendo e mesmo daquilo que eu quero viver.
Diferentemente desta concepção, temos os sentimentos. Mas como
podemos definir algo tão abstrato?
Os sentimentos são a expressão de como eu me
sinto e interpreto diante de um fato ou situação. Um sentimento é
a tradução do meu estado emocional frente a um acontecimento
ou experiência.
A partir destas duas definições podemos encontrar
posturas que variam de acordo com a personalidade das pessoas.
Assim duas são as atitudes que a psique ou a nossa dimensão
afetiva pode assumir.
A primeira caracteriza-se como o predomínio ou
influência predominante dos sentimentos sobre os pensamentos.
Você já observou aquelas pessoas que “ficam magoadas” diante de
um incidente ou acontecimento sem grande importância? São
pessoas definidas como reativas (P x S – pensamentos versus
11. sentimentos), porque reagem ao que lhes acontece. Uma pessoa
reativa sempre permite que os sentimentos determinem os padrões
psicológicos dos seus pensamentos. É a característica postura
daquele “estourado que não leva desaforo para casa” ou daquela
que “comigo é assim: bateu, levou”. Também conhecemos o
valente: “Comigo é assim: escreveu não leu, o pau comeu!”.
Pessoas que possuem o cérebro no coração e pensam com os
sentimentos.
O oposto da atitude reativa é a postura pró-ativa.
(P + S – pensamentos junto com os sentimentos). Os pró-ativos são
pessoas que buscam um equilíbrio emocional. Sabem do valor e da
riqueza dos sentimentos no cotidiano das suas relações, mas não
se permitem conduzir por um ataque de fúria. Os pró-ativos buscam
conduzir seus pensamentos de tal modo que os mesmos
administrem os sentimentos. Com isso, em uma discussão,
entendem que este não é o momento mais adequado para
convencer alguém. Esperam que a tempestade vá embora, para
iniciar um diálogo de maneira racional.
Para quem quer agir eticamente, ser e agir de
maneira pró-ativa permite que a pessoa tenha mais autodomínio de
qualquer situação em que se encontrar.
2.2.1.- A estrutura do nosso psiquismo.
Nosso psiquismo articula não apenas os
pensamentos e sentimentos nele contidos. Na verdade, ele é muito
mais do que isto. Como um perfeito sistema operacional, é
12. constituído de uma estrutura que se divide em três partes
inteiramente associadas na seguinte relação:
Consciente = 10% do nosso psiquismo.
Subconsciente = 20% do nosso psiquismo.
Inconsciente = 70 % do nosso psiquismo.
Sobre a estrutura apresentada, funcionam
ativamente dois princípios ou duas forças: o “id” que é o conjunto
dos nossos impulsos regidos pelo princípio do prazer e o “super-
ego” que é regido pelo princípio do dever constituído pelos nossos
valores morais. Ainda dentro da estrutura do nosso psiquismo, é
fundamental o conhecimento do funcionamento dos níveis mentais.
Os níveis mentais.
Os níveis mentais correspondem aos diferentes
tipos em que nos encontramos em atuação durante as diversas e
múltiplas atividades mentais e cerebrais. Ao nos referirmos ao
cérebro, entendemos ser este o órgão que administra todo o nosso
organismo e a nossa mente que equivale à função que o mesmo
desempenha.
O cérebro equivale ao órgão e a mente equivale à
função exercida por este órgão. Conhecendo seu funcionamento e
seu dinamismo, podemos ter mais e melhores condições de
administrarmo-nos com melhores resultados e maior auto controle.
13. C.P.S
Nível (ciclos Comportamentos e
por atitudes
segundo)
Estado de vigília e atenção.
Processo de estudo e
concentração. Nível do
Beta 14 a 21 trabalho e da produtividade.
Corresponde a tudo o que
fazemos acordado e com o
emprego da atenção.
Estado de relaxamento
físico, mental e espiritual.
Também encontrado nos
estados de meditação
transcendental ou religioso.
Alfa 7 a 14 Excelente nível para o
exercício do relaxamento
anti-estresse e para a
criatividade. É o nível da
aprendizagem e da fixação
de tudo o que planejamos,
estudamos e produzimos.
Estado de cochilo, torpor e
Teta 4a7 sonolência. Encontra-se na
semiconsciência e antecede
o sono profundo.
Nível de total inconsciência.
Neste nível o cérebro pode
descansar e sonhar. Em
Delta 0,5 a 4 delta estamos na vida intra-
uterina, sono profundo e
estado de coma.
Estado de estresse elevado
X e de grande agressividade.
Estado de esquecimento
Obinubilação 21 a 30 ou 40 provocado por emoções
mental. negativas como rancor,
ódio, raiva, medo,
“Branco”. insegurança e preocupação.
14. 2.2.2.- A formação e atuação da personalidade humana
na vida pessoal e profissional.
O termo “personalidade” é de origem latina e significa
na compreensão da época em que os romanos participavam
entusiasticamente das peças teatrais, máscara. Com efeito, para se
poder entender o personagem e a sua fala durante as peças, os
atores utilizavam a máscara (persona) para serem reconhecidos.
Com efeito, a personalidade é o canal pelo qual nós nos
relacionamos com o mundo.
Na Ética, personalidade é o modo de alguém ser e viver
tanto no diálogo consigo próprio (relações intrapessoais) como no
diálogo com o mundo (relações interpessoais), entendendo-se este
mundo o círculo de relações sociais que estabelecemos ao longo da
vida com a família, com os amigos, no mundo do trabalho, na vida
acadêmica e tantas quantas forem as relações que eu vier a
conquistar e manter na vida.
Nossa personalidade é formada a partir de duas fontes.
A primeira é originária da herança genética que recebemos dos
nossos pais biológicos. Assim como a cor dos olhos, da pele, altura
e outras características familiares, também herdamos o
temperamento que vai influenciar nossa personalidade ou modo de
ser diante do mundo. O temperamento é uma tendência que nos
influencia na maneira de entender o mundo e de reagir frente aos
desafios e oportunidades, uma vez que o conceito (= tempero) é
bastante sugestivo.
15. A segunda fonte de formação da nossa personalidade é
originária do processo de socialização que recebemos da nossa
família, escola, igreja, meios de comunicação social, faculdade, etc.
A socialização é o processo de transmissão e
ensinamento de valores morais, éticos, culturais, religiosos,
familiares, afetivos que recebemos de alguém. Pense um pouco em
você. Muitas das atitudes por você tomadas foram resultado dos
valores que você recebeu. Esses valores ou paradigmas são o
modo pelo qual eu interpreto o mundo, a vida e as pessoas. Há
famílias em que é imperioso o dever de todos almoçarem juntos à
mesa nos domingos. Em outras, o importante é que ninguém fique
sem comer, podendo cada um escolher onde vai saborear a sua
refeição. Qual família está certa ? As duas! Trata-se de uma
questão de valores ou se preferir, de paradigmas.
Assim é a nossa personalidade na vida pessoal e
profissional. Cabe a cada um o bom uso da liberdade e da
inteligência em suas escolhas.
2.2.3.- Considerações sobre a vida afetiva.
Um dos temas que mais chama a atenção das
pessoas no que se refere ao campo das relações humanas e
interpessoais é sem a menor sombra de dúvida, a temática
relacionada à vida afetiva.
Com efeito, quem não gosta de discutir assuntos
sobre paixão, amor, ciúmes, possessividade ? Diariamente a mídia
nos bombardeia com músicas, filmes, casos policiais... Não dá para
ficarmos isentos da polêmica.
16. Para o propósito de esclarecermos estes conceitos
e nos aprofundarmos no assunto, iniciemos nosso raciocínio pela
compreensão sobre o conceito vida afetiva.
O termo “vida” significa em latim vita: dinamismo,
movimento, atitudes. Ora, a vida é o conjunto de atitudes que
empregamos ou deixamos de empregar na intenção de administrar
uma situação em que estejamos sós ou façamos parte de um
contexto maior. A vida é este conjunto de atitudes e deliberações
que fazem com ela se expanda, cresça e se manifeste em diversas
dimensões e perspectivas. As atitudes que eu adoto ou não em
minha vida, irão influenciar diretamente o meu futuro.
Já o termo “afetivo” é muito rico em seu
significado. De origem latina, grafa-se affectus como um
sentimento de amizade. Affectivus significa sujeito a, dependente
de.
A definição oportuniza um aprofundamento maior.
Nossos afetos correspondem a um vínculo para com alguém e que
nos torna dependente desta pessoa. Por mais que estejamos nos
sentindo felizes, se temos uma pessoa amada que está passando
por uma dificuldade qualquer, nossa felicidade não é completa
porque pensamos imediatamente naquela pessoa a quem amamos
e queremos ajudar. Na vida afetiva existe um vínculo que nos une e
nos sustenta no cotidiano.
A vida afetiva corresponde à nossa vida de
sentimentos (emoções) + pensamentos (compreensões) +
valores (convicções) que temos e desenvolvemos de nós próprios,
dos outros e da própria vida. É importante que em minha vida eu
saiba combinar o que eu sinto pela pessoa (emoção) com o que eu
17. compreendo dela (compreensão, colocar-se no lugar do outro) e em
que eu acredito (convicção, valor moral) ser viável.
2.2.3.1.- Sobre o amor.
O que é o amor? Como poderemos definir este
sentimento do ponto de vista da Ética? Considerando-se a
experiência de amar alguém um fenômeno tipicamente humano,
podemos afirmar que este sentimento corresponde à seguinte
afirmação:
Amor = busca de completude no outro. Eu possuo um patrimônio
afetivo (experiências passadas, sonhos, desejos, valores familiares,
convicções, etc.) que busco compartilhar (com+partilhar) com o
outro. Esse patrimônio afetivo corresponde a 50 % das minhas
“ações” para esta parceria ou empreendimento.
IMPORTANTE !!!
Para amar e ser amado. Necessidade de se conhecer o outro e ser
conhecido pelo outro.
Conhecer ( do latim cognoscere ): Ter ou estabelecer intimidade
com algo ou com alguém.
Pai: chama-se tempo ( tanto cronológico como
psicológico ).
Intimidade
Mãe: chama-se convivência (vide adiante a explicação
do termo).
18. 2.2.3.2.- Sobre a paixão.
A paixão é muito valorizada em uma sociedade de
consumo. Estar apaixonado (a) por alguém representa vivenciar
uma experiência muito intensa e bastante singular. Sua
compreensão do ponto de vista filosófico é:
Paixão = busca de preenchimento do outro. O preenchimento é
decorrente de um vazio existencial, de um momento ou fase de
fragilidade em que a pessoa encontra-se momentaneamente. A
pessoa envolvida possui um vazio afetivo que busco conquistar,
preencher às custas do outro.
A paixão é a divinização do outro. “Você precisa conhecer a
Maristela. Ela é per – fei – ta!”. Típica afirmação de um rapaz
apaixonado que os gregos já definiam como um comportamento de
desequilíbrio (paixão vem do grego pathós que significa
desequilíbrio, desarmonia). Depois o conceito foi traduzido para o
latim e ficou conhecido como passio, daí a expressão em Língua
Portuguesa “crime passional”.
2.3.- Sobre os tipos de amor ou das diferentes
maneiras de se entender o outro e a nós próprios.
Será que amamos da mesma maneira? Quais os
parâmetros para identificarmos um verdadeiro amor? Podemos
deixar de amar uma pessoa ou podemos aprender a amar outra?
19. Estas são algumas de várias interrogações que o
ser humano faz a si próprio desde o momento em que ele se
entende pertencente a um gênero de superioridade em relação à
Criação. A seguir apresentamos algumas ferramentas para ajudá-lo
neste processo de auto conhecimento.
2.3.1.- Amor próprio.
Nasce do auto conhecimento de nós próprios. O
amor próprio decorre de uma rica vida intrapessoal que é o discurso
de nós conosco. Autós (grego) = próprio e conhecimento que é
derivado do verbo conhecer, cognoscere (latim) = que significa ter
ou estabelecer intimidade com algo ou com alguém.
Intimidade = tempo + convivência
Individualidade
(é a minha privacidade, o meu espaço
interno. Corresponde ao centro de
referência em que eu me encontro
comigo mesmo e de onde elaboro
minhas interpretações do mundo, da
vida, dos outros e de mim mesmo).
20. Aqui temos duas letras
“v” que significam as
duas vidas em conjunto.
Atenção para:-
Convivência = viver com, ao lado de.
Conivência = viver sob, embaixo de ou sob o jugo de alguém.
Conveniência = viver sobre, acima de ou dominando alguém.
2.3.2.- Amor eros.
Eros foi a divindade grega do amor também
conhecida como cupido na mitologia romana. Corresponde ao amor
físico que se manifesta e se realiza por meio da corporeidade
(soma). Há uma necessidade imperiosa do contato físico e corporal
para que a libido (energia sexual) possa se manifestar em sua
totalidade. Cumpre esclarecer que o amor erótico não se manifesta
ou restringe apenas ao ato sexual. Ele é decorrência de outras
dimensões físicas como o beijo, o abraço, o estar junto fisicamente
e demais demonstrações de carinho, amor, desejo, saudade,
alegria, apoio, bem estar, etc.
2.3.3.- Amor philia (ou ágape).
Trata-se do amor amizade que sentimos pelas
pessoas com quem nos identificamos (empatia) e de quem nós
21. gostamos, bem como de quem gosta de nós. É o amor dos pais
pelos filhos e destes para com seus genitores.
É também o sentimento de afinidade dos amigos,
parentes de todas as demais pessoas com quem nos relacionamos
e construímos uma afinidade de pensamentos, sentimentos e
convicções. Deve também ser um amor cultivado pelo casal para
além do amor erótico e em concomitância com ele, uma vez que é a
sustentação de um relacionamento maduro.
2.3.4.- Amor cáritas.
É o amor referência do Cristianismo. Cumpre
esclarecer que o amor caridade ou amor cristão caracteriza-se pelo
respeito pela natureza do outro e pela valorização da pessoa como
alguém que é depositário de uma dignidade entendida como a
condição de filho (a) de Deus. A partir desta premissa, esta pessoa
é considerada um projeto de vida que merece consideração e
respeito independentemente do seu histórico de vida. Isto não
significa que a pessoa não deve responder pelas suas atitudes mas
que ela não deva ser confundida com as mesmas.
Uma realidade é a pessoa merecedora de valor e
outra são os erros (sempre reprováveis) que ela comete e que não
se deve permitir ou ser leniente para com os mesmos.
A capacidade que uma pessoa apresenta para o
amor e para a paixão traduz-se em inúmeras atitudes e formas de
comportamento. É claro que uma pessoa introvertida vai se
comportar afetivamente de acordo com esta característica da sua
22. personalidade. Já o extrovertido demonstrará seu amor ou sua
paixão de maneira própria e até em algumas vezes extravagante.
O próximo item que vamos abordar está também
relacionado com a vida afetiva e com uma certa insegurança de
nossa parte no que diz respeito ao relacionamento com o outro. Por
fim, apresentamos alguns princípios norteadores de um
relacionamento maduro e passível de bons frutos.
2.4.- Ciúme e Possessividade.
Ciúme: medo da perda do outro. Porque eu amo então
posso manifestar este receio da perda de alguém
com quem me relaciono afetivamente e construí
uma existência com esta pessoa.
Possessividade: desespero da perda do outro. Porque eu estou
apaixonado então sinto a tragédia (imaginária) que
está por acontecer se esta pessoa não fizer parte do
enredo do sonho que estou vivenciando.
2.5.- Princípios éticos norteadores do bom
relacionamento.
2.5.1.- o exercício do diálogo: dia = dual (latim), dois e logos (grego)
razão, idéia. O diálogo corresponde mais do que uma atitude ou
iniciativa. O diálogo deve ser o reflexo e o desdobramento de um
testemunho de vida, de uma convicção.
2.5.2.- a prática da humildade: capacidade de reconhecimento do
valor de si próprio e do outro. Isto não significa que tenhamos de
23. sempre aceitar o outro, mas de identificar os aspectos favoráveis e
desfavoráveis de sua personalidade.
2.5.3.- o princípio da causa e efeito: eu não me relaciono para ser
feliz. Porque eu sou feliz então eu me relaciono. Lembre-se de que
o pássaro está feliz porque canta...
2.5.4.- todo relacionamento afetivo é uma conta conjunta, uma
parceria. Nunca ultrapasse o limite da conta seja ela bancária ou
afetiva. A empresa de Consultoria Franklin Covey (vide bibliografia)
apresenta um quadro bastante interessante do que afirmamos.
Preste atenção nos depósitos e nas retiradas:
A CONTA BANCÁRIA EMOCIONAL® (1)
DEPÓSITOS RETIRADAS
Gentileza e cortesia Falta de gentileza e descortesia
Manter promessas Quebrar promessas
Honrar expectativas Violar expectativas
Lealdade a quem está ausente Deslealdade e falsidade
Pedir desculpas Orgulho, presunção e arrogância
2.5.5.- a iniciativa de cultivarem juntos uma filosofia de vida ou
algum credo religioso juntos.
(1) FONTE: www.franklincovey.com.br
24. 2.5.6. – Qual a sua escolha em sua vida ? A estrutura
da moralidade pessoal e profissional.
Pense neste enigma atribuído ao famoso filósofo e
psicólogo norte-americano William James, um dos fundadores do
Pragmatismo: “O pássaro está feliz porque canta ou ele canta
porque está feliz?” A resposta desta charada e a sua escolha
representa a nossa postura de reativos ou pró-ativos diante da vida.
2.6.- As atitudes do anima.
O anima corresponde à dimensão espiritual do ser
humano. Deste termo deriva o conceito alma em Língua
Portuguesa. É curioso como as pessoas não atentam para este
enorme potencial do nosso comportamento. Veja que desfigurante é
a compreensão e o diálogo com uma pessoa des-animada...
Um desanimado demonstra a ausência de
entusiasmo pela vida. Nosso anima pode tanto valorizar as forças
espirituais do crescimento como as forças espirituais da morte. Com
25. isso, as pessoas caminham para o fracasso ou para o sucesso
dependendo da qualidade dos seus padrões espirituais. Não é a toa
que conhecemos vários “vampiros de energia”.
Você já conversou com uma pessoa negativista?
Então já conheceu um destes vampiros...
2.6.1.- Das deformidades morais. Preliminares.
É particularmente interessante a situação que
constatamos diariamente no trabalho, em casa ou com os amigos
quando ouvimos a expressão: “fulano não tem caráter. É uma
pessoa totalmente despida de sentimentos e respeito...”.
Na Ética como área da natureza humana em que
nos dedicamos a estudar o ser humano no exercício da sua
existência, como podemos mensurar os desdobramentos dos seus
atos e das suas atitudes? Em quais circunstâncias uma pessoa
pode ser considerada responsável pelos seus atos? Vamos analisar
alguns aspectos importantes.
2.6.2.- Ato moralmente válido.
Um ato para ser considerado moralmente válido ou
aceito como merecedor de uma dimensão ética ou não, precisa
estar relacionado com dois elementos.
O primeiro elemento constitutivo é a inteligência ou
razão. Como uma faculdade própria do ser humano (somos
definidos na Filosofia como “animais racionais”), a inteligência
26. corresponde à capacidade que uma pessoa tem de exercer a
reflexão e o pensamento sobre a decisão que vai tomar a respeito
de algo. Utilizar a inteligência no momento de uma decisão significa
aplicar o conhecimento obtido ao longo da vida e agregá-lo à
consciência da atitude do momento. É rica a etimologia do termo:
intus significa dentro e legere significa ler. É pela inteligência que
aprendemos com as decisões tomadas e é também pela
inteligência que adquirimos experiência, conhecimento de vida.
Sem ela a Humanidade não teria evoluído tanto e já estaria
superada como inúmeros animais extintos há milhares de anos.
O segundo elemento que constitui um ato
moralmente válido é a liberdade também conhecida como livre
arbítrio. Também é uma faculdade que constitui a nossa natureza
humana.
A liberdade é a capacidade que uma pessoa tem
em escolher entre duas ou mais opções ou alternativas. Sem esta
condição, não podemos afirmar que uma pessoa é livre. Por outro
lado, a afirmação de alguns “não tive escolha, fui forçado...” é um
tanto uma “desculpite” de alguém que quer justificar uma conduta
ou decisão. Geralmente ou quase sempre possuímos opções de
escolha, mesmo que as mesmas não sejam aquelas ideais que nós
desejamos.
Cumpre esclarecermos também que toda escolha
envolve duas dimensões. Podemos falar em escolhas primárias que
se caracterizam pela opção que fazemos por algo. Também
possuímos as escolhas secundárias que são as conseqüências das
escolhas anteriores. Desta forma se um rapaz faz a escolha
primária de constituir uma família por meio do casamento e ter
27. filhos, isto pode representar uma importante escolha primária. As
escolhas secundárias não poderão ser mais as saídas noturnas,
chegar de madrugada, levar uma vida descompromissada com
alguém.
Se eu faço a escolha primária de cursar faculdade
no período noturno, minhas escolhas secundárias estarão
centradas no compromisso de assistir às aulas de 2ª. à 6ª. feira,
realizar trabalhos, provas, pagar a mensalidade, ter freqüência,
comprar e ler livros, etc, etc, etc.
Ocorre que muitas pessoas preferem o “caminho
mais fácil” e optam por atitudes não tão livres ou não inteligentes. É
o que trataremos a seguir no próximo tópico.
Por fim, também lembramos as duas outras
situações referentes às nossas atitudes: o do ato imoral e a do ato
amoral.
Ato imoral = aquele pelo qual eu assumo um comportamento
conscientemente contrário à moral (i = não, contra).
Ato amoral = aquele pelo qual eu assumo um comportamento
não consciente da moral em questão (a = não, ausência).
2.6.3.- As deformações éticas e capitais de uma
empresa, de um relacionamento e/ou de uma pessoa.
As deformidades éticas correspondem à maneira
própria do ser humano buscar a sua felicidade e construir a sua vida
de uma maneira desrespeitosa para consigo e para com o próximo.
28. A tabela abaixo nos oferece uma visão mais
ampla.
QUADRO DAS DEFICIÊNCIAS MORAIS
Desdobramentos na vida
Deficiência Significado ético da empresa ou da
pessoa
Agressividade Nervosismo, stress, problemas
Ira espontânea e voluntária de relacionamento interpessoal.
contra alguém.
Sentimento de raiva e
ódio
Prontidão para não Intrigas, fofocas, armações,,
Inveja reconhecer o mérito do boicotes.
outro.
Busca pela retenção dos Roubos, desvios de verba e
Avareza bens materiais. Também material.
conhecida como cobiça.
Postura desenfreada pela Assédio sexual, inconstância,
Luxúria busca constante e “casos” no trabalho,
incontrolável do prazer infidelidade, promiscuidade.
físico, sensual.
Recusa ao trabalho de Atrasos, postergações, demora
Preguiça qualquer natureza, seja na entrega de documentos,
físico ou intelectual. esquecimentos, improvisações.
Demonstração agressiva Assédio moral, agressividade
de superioridade em verbal, insegurança no grupo,
Soberba qualquer instância no chantagem.
propósito de humilhar
uma ou mais pessoas.
29. Desejo e iniciativa de se Aumento de peso, síndrome da
Gula alimentar de algo, seja abstinência, indisciplina pessoal e
comida, bebida, drogas, profissional, dificuldade ao ajuste
remédios, cigarro no intuito de alimentação, sono exagerado,
de se obter um prazer insegurança.
como ganho secundário
2.7.- Sobre o exercício da liderança e da chefia.
É particularmente interessante a oportunidade que
temos em discutir a identidade, a natureza e a postura de duas
situações muito comuns na vida profissional. Referimo-nos à
situação de liderança e de chefia.
Embora muitos considerem termos sinônimos (liderança
= chefia), trata-se esta maneira de raciocinar como um modo
equivocado de se interpretar as relações no mundo do trabalho. Ao
tratarmos deste tema, cumpre esclarecer que liderança e chefia são
termos independentes. Eu posso ocupar um cargo de chefia e não
obstante não possuir nenhuma liderança. Por outro aspecto na
mesma empresa, há funcionários com liderança em sua equipe sem
possuir nenhum cargo de chefe, não é mesmo?
Para que o leitor (a) possa compreender ser dificuldades
a distinção entre os dois termos, é fundamental que você saiba o
significado de um termo correlato: o da autoridade. Em seguida,
apresento outros conceitos de fundamental importância.
Autoridade = poder, instrumento ou ferramenta para
a resolução de um problema, desafio, projeto e qualquer
30. outra situação ou dinâmica que requer uma deliberação por
parte de pessoa física, jurídica, acadêmica ou afins.
Chefe = responsável pelo andamento dos trabalhos
em um determinado setor ou departamento. Aquele que
recebeu uma deliberação ou ordem para cumprir ou fazer
cumprir um cronograma ou projeto. Cargo recebido por
delegação. Status recebido, deliberado.
Chefia = É o exercício de quem obteve o poder da
autoridade
Líder = responsável pelo andamento dos trabalhos em um
determinado setor ou departamento. Aquele que
conquistou a colaboração do grupo, colegas e funcionários.
Competência conquistada pelo mérito e dedicação.
Carisma trabalhado, aperfeiçoado.
Liderança = É o exercício de quem conquistou o poder da
autoridade.
2.7.1.- Características de um líder.
Então, meu querido. Você pensa ou entende que
alguém é líder? Faça uma análise das 5 características !
31. Um líder possui bom humor. Isto
significa ter uma postura amigável
1a. característica consigo mesmo (intrapessoal), com os
outros (interpessoal) e com a vida.
Um líder procura não apenas falar,
mas dizer. Não apenas escutar, mas
2a. característica ouvir. Não apenas gesticular e se
mover, mas demonstrar. Ele sabe que
ele é uma referência para os outros e
sabe desta responsabilidade.
Um líder é autônomo, ou seja: sabe
cumprir ordens, mas também possui
iniciativa para criar dinâmicas e
alternativas para resolver os
3a. característica
problemas. Ele não apenas leva os
problemas para o seu superior, mas
acrescenta as possíveis soluções para
o quadro que se apresenta.
Um líder tem consciência de que os
cargos vêm e vão de acordo com o
momento em que a empresa está
vivenciando e em muitas vezes o
4a. característica
poder se desloca de acordo com as
pessoas envolvidas e cargos em
questão. Não obstante entende a
liderança é uma conquista pessoal e é
exercida em qualquer circunstância
com ou sem cargo.
Um líder procura sempre ser pró-ativo.
Ele não constata o que falta e sim o
que possui. Não é um profissional que
reage ao que lhe acontece, mas sim
5a. característica
que procurar construir atitudes e
posturas que venham resolver o
problema ou a situação problemática.
32. 2.7.2.- Liderança e o papel das críticas construtiva e
destrutiva.
Crítica: “Exame criterioso a aprofundado a respeito de
um assunto, tema, circusntância ou fato.Busca
identificar os elementos positivos e negativos
pertinentes a uma realidade observada”.
Crítica construtiva é sempre direcionada às atitudes da
pessoa ou da empresa, em vista ao bem comum ou à
melhoria dos procedimentos.
Crítica destrutiva é sempre direcionada à pessoa em
vista à destruição (humilhação, coação moral) desta
pessoa.
2.7.3.- DECÁLOGO DA ARTE DE CRITICAR
Você quer ser uma pessoa saudável sob uma
perspectiva ética ?
1 – Comece sempre destacando os pontos positivos.
2 – Pense ( e se possível escreva de maneira organizada ) antes de
dizer aquilo que será exposto. Jamais improvise críticas.
33. 3 – Coloque-se no lugar de quem irá ouvir sua crítica.
4 – Não faça piadinhas sobre a pessoa ou situação. Às vezes
piadinha = “tiração de sarro”.
5 – Seja honesto (a) naquilo que você está avaliando.
6 – Não emita opiniões sobre os valores das pessoas.
7 – Lembre-se de que você hoje julga (critica). Amanhã talvez (e
com certeza) será a sua vez de ser criticado.
8 – Proponha alternativas para a solução de um problema ou
situação.
9 – Não “embace”. Diga o que tem a dizer e cale-se. Em seguida,
espere o que a outra pessoa tem a dizer e não a interrompa.
10 – Termine agradecendo à pessoa (s) pela oportunidade de dizer
isto pessoalmente.
34. 2.8.- Projeto de Vida e seu Gerenciamento.
2.8.1.- Sobre o tempo.
O que é o tempo? Qual o seu significado para as
pessoas em geral e para nós próprios? Sabemos bem aproveita-lo
ou somos vítimas dos nossos atrasos? Vários filósofos já tentaram
definir o que significa este fluxo contínuo da existência e que é parte
constitutiva e visível da eternidade. Tempo para nós é um mistério
que convive conosco e que se apresenta aos poucos de maneira
discreta. Vamos procurar entendê-lo.
2.8.2.- Definição.
Tempo é para o ser humano um patrimônio que
não lhe pertence, mas que a ele é confiada a sua administração.
Pense nas pessoas que você ama e analise se o tempo que “é seu”
pertence a você de verdade. Seu filho ou a sua namorada pede que
você providencie algo. Talvez alguém esteja restabelecendo-se de
uma operação e pede a sua companhia. O que você faz? Você não
vai ficar com esta pessoa? Por conseguinte inferimos que o tempo
representa este patrimônio que precisa ser muito bem administrado
35. para que possamos nos dedicar às questões verdadeiramente
importantes em nossa vida.
2.8.3.- Compreensão.
Podemos compreender o tempo sob duas
categorias. O tempo cronológico é aquele que todos nós
conhecemos. É o tempo constituído de 24 horas que fluem
inexoravelmente. Deus em sua infinita justiça concedeu o mesmo
tempo para o ocupado e para o desocupado, para o pobre e para o
rico... Sobre o tempo cronológico não podemos fazer alterações ou
modificar o fluxo dos acontecimentos.
Ao tratarmos do tempo subjetivo, referimo-nos ao
conjunto de escolhas que devemos fazer para poder realizar os
nossos compromissos e tarefas ao longo do dia, da semana, do
mês, do ano e mesmo da vida.
O tempo subjetivo é aquele pelo qual eu
estabeleço e realizo as minhas escolhas por meio das minhas
prioridades. É deste tempo que iremos tratar na elaboração do
Projeto de Vida mais adiante.
2.8.4.- Extensão.
A extensão do meu tempo deve ser direcionada
para algum sentido próprio. Muitas pessoas vivem no corre-corre da
vida sem saber por onde começar as suas tarefas. Com isso
36. equivocam-se em muitas decisões precipitadas porque não
conseguem estabelecer critérios de decisão.
A extensão do tempo permite que abordemos dois
conceitos: urgente e importante segundo a explicação em aula
sobre o “Quadrante do Tempo”.
Uma situação é urgente pela circunstância de que
o compromisso ou a tarefa deveriam ter sido cumpridos ou
realizados e por qualquer motivo (sério ou não) não o foram. A
mensalidade da faculdade que deveria ter sido paga e não o foi,
trata de uma questão urgente... A entrega dos relatórios que o
supervisor do meu departamento vem cobrando desde a semana
passada e que eu ainda nem comecei a pensar, também é uma
questão urgente...
Uma situação é importante pela oportunidade que
eu ainda tenho de realiza-la. Os compromissos e tarefas
importantes ainda apresentam uma certa “folga” de tempo para que
sejam realizados. Com isso, podemos nos dedicar com mais
atenção, tempo, esforço e boa vontade. Deveríamos sempre nos
dedicar às coisas importantes e nem sempre às coisas urgentes,
pois somente assim poderemos ter em nossas mãos o nosso
destino. Refiro-me ao Projeto de Vida.
2.8.5.- Sobre a vida e a elaboração do seu projeto
37. Pense em sua vida por alguns instantes. Pense na
qualidade da sua vida e do seu dia-a-dia. Você está satisfeito com
ela ou com você mesmo? Você já conseguiu tudo aquilo que você
sonhou na virada do ano de 2008 para 2009? Você conseguiu
realizar pelo menos metade dos objetivos que você estabeleceu?
Aliás, como andam os seus objetivos? Sem tempo para pensar
neles? E quando você vai ter este tempo?
2.8.6.- A busca do sucesso.
É interessante como muitas pessoas buscam de
maneira desesperada o sucesso, a aprovação, o reconhecimento.
Mas sob uma perspectiva ética, o que é sucesso?
Objetivamente sucesso significa a arte de
conquistarmos tudo aquilo que queremos. O parâmetro da certeza
de que eu obtive sucesso é exatamente este: sua conquista. É
importante que você compreenda que o sucesso não traz
necessariamente a felicidade. Com isso, expressões como:
“Quando eu conseguir isto, vou ser feliz!” são puro engano !
Felicidade representa um outro estado da nossa existência.
38. 2.8.7.- A procura da felicidade.
Do ponto de vista ético, felicidade é também uma
arte. Constitui-se na arte de sabermos reconhecer, valorizar aquilo
que somos e aquilo que possuímos.
Ser feliz representa um estado que supera a
alegria do momento ou da situação. Uma pessoa é feliz quando ela
está feliz, porque consegue dar valor àquilo que constitui o universo
da sua existência.
2.8.8.- A definição dos papéis
Um Projeto de Vida deve ter seu início a partir da
definição dos papéis que exercemos na vida e que
desempenhamos cotidianamente. Assim em um único dia somos
filho(a), esposo(a), funcionário(a), aluno(a), etc... O papel diz aquilo
que nós representamos para um determinado grupo de pessoas,
inclusive para a nossa família. A identificação dos nossos papéis
ajuda-nos a redigir a nossa Declaração de Missão Pessoal. No item
”Anexo” seguem alguns modelos de Declaração.
39. 2.8.9.- A construção dos sonhos.
Os sonhos são fundamentais na vida de uma
pessoal. Há quanto tempo você não sonha? Parece que nós
brasileiros cansados de tantas situações antiéticas cansamos de
sonhar.
Não obstante a isto, os sonhos fazem parte e são
produto do exercício de uma poderosa faculdade que possuímos
chamada imaginação. A imaginação é a capacidade (=ação) que
todo ser humano tem de construir imagens, ou seja, sonhos. Se eu
não sei o que eu quero ser, ter e fazer daqui para frente, de que
vale tanto trabalho, tanto esforço, tanta dedicação? Antes de
estabelecermos qualquer procedimento, precisamos colocar no
papel qual é o nosso sonho, ou quais são os nossos sonhos.
2.9.- A formação dos objetivos.
O passo seguinte à construção dos sonhos está na
formação dos objetivos. O que são objetivos? São sonhos com uma
data marcada para acontecer! Se eu quero ter o meu carro 0 Km,
isto significa que eu tenho um sonho. Mas se eu estabeleço que até
o final de 2010 (mês de Dezembro) estarei dirigindo o meu carro de
marca X, cor vermelha, com tantos acessórios, etc., é muito
40. provável que a minha mente vai trabalhar para que este objetivo
seja realizado.
Você já se pegou falando desta maneira: “Quando
eu tiver um tempinho, vou ler aquele livro ou fazer aquela tarefa...”
Este tempo chegou? Você leu o livro que está na estante há cerca
de um ano? É preciso entender que a mente humana trabalha com
prazos bem definidos. Somos indisciplinados por natureza e
precisamos de um plano muito bem definido acompanhado de uma
boa dose de autodisciplina.
Em relação aos objetivos, precisamos estabelece-
los da seguinte forma: mapear a nossa vida e encontrar as
possibilidades em que nós atuamos e vivemos. Assim como
sugestão podemos ter como objetivos mais ou menos a seguinte
relação:
- Objetivos familiares.
- Objetivos financeiros.
- Objetivos físicos (saúde).
- Objetivos profissionais.
- Objetivos sociais (amizades)
- Objetivos espirituais.
- Objetivos acadêmicos.
- Etc.
41. 2.9.1.- O estabelecimento das metas.
Uma meta corresponde às etapas intermediárias
que eu vou estabelecer para a consecução dos objetivos formados.
Como no exemplo da aquisição do carro tão desejado em dezembro
de 2005, podemos dizer que o objetivo será alcançado nesta data.
Todos os passos que serão dados ao longo dos meses que fazem
parte do cronograma, eu defino como metas. Assim eu devo ter
tantas metas estabelecidas quanto necessárias forem as exigências
para eu conseguir conquistar os meus objetivos.
Aliás, o segredo da realização dos objetivos está
na consecução de pequenas (e constantes) metas.
Finalizando quero que você pense nisto: Não
existem sonhos que não possam ser configurados em objetivos.
Não existem objetivos que não possam se
traduzidos em metas. Não existem metas que não possam ser
satisfatoriamente cumpridas. Então por que você não toma a
decisão de assumir o controle da sua vida?
42. Questões de apoio ao estudo.
1.- Qual a importância do soma para a condução da nossa vida ?
Explique as diferenças entre os comportamentos e atitudes que
podemos adotar em nosso cotidiano.
2.- A dimensão psíquica tem algum papel em nosso sucesso e
fracasso ? Por quê?
3.- O que podemos entender por “dimensão anímica”? Cite e
comente a estrutura do nosso psiquismo.
4.- Defina e exemplifique os conceitos urgente e importante.
5.- Explique o funcionamento do “Quadrante do Tempo” explicado
em aula.
6.- O que é o tempo? Podemos possuí-lo? Explique seus
argumentos.
7.- O que podemos entender por projeto de vida ?
8.- Quais os elementos constitutivos de um projeto de vida?
9.- Sucesso e felicidade são incompatíveis? Justifique seu
posicionamento.
10.- O que são sonhos? Eles existem?
11.- O que são objetivos? Como transformar os sonhos em
objetivos concretos e mensuráveis?
12.- O que são metas? Como determiná-la?
13.- Por quê é importante que tenhamos bem definidos os nossos
papéis e elaboremos uma “Declaração de Missão Pessoal”? O que
vem a ser esta Declaração?
14.- Cite e explique os diferentes tipos de amor.
43. 15.- O que é uma crítica ? Como pode ser classificada ?
16.- Em sua opinião, qual o melhor item do “Decálogo da Crítica” ?
Por quê ?
17.- O que vem a ser um ato moralmente válido ? Cite dois
exemplos.
18.- Quais as características de um líder ?
19.- Cite e explique o “Quadro de Deficiências Morais”.
20.- Qual a diferença entre eficácia e eficiência ? Cite exemplos da
vida pessoal e profissional.
44. Bibliografia.
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contemporânea. [s.l.]: Círculo de Leitores, 1991
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administre sua vida: novas técnicas de PNL para o sucesso
pessoal e profissional. Trad. de Orlando Bandeira. Rio de Janeiro:
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