Um ano de posse: Obama frente al desgaste de su gobierno
Ag gd cac3
1. Crise econômica internacional
O capitalismo em
DOSSIÊ
crise histórica e suas
tentativas de escapar
da depressão
Gilson Dantas econômica dos países centrais e, mais agudamente, nos
elos mais frágeis da corrente, como a Grécia, a Espanha,
Introdução Portugal e mesmo a Inglaterra.
Diante da mais grave crise econômica desde os Analistas comprometidos com a ordem, como
anos 30, deflagrada em 2008 no centro do capitalismo, Machado (200), depois de constatarem que a recessão
nos Estados Unidos, a reação dos governos centrais perdeu força em vários lados – ou o que PIB parou de
foi basicamente uma: resgatar os grandes oligopólios cair - reconhecem que persiste total incerteza nos Estados
financeiro-industriais em geral. O Estado norte- Unidos e na Europa do euro, que respondem por mais
americano entrou em ação e derramou uma montanha da metade do Produto Interno Bruto (PIB) mundial
de vários trilhões de dólares nos cofres dos bancos, e não por acaso são os principais importadores dos
financeiras e grandes corporações tratando de impedir produtos finais das economias emergentes. Admitem que
sua quebra maciça. Ao mesmo tempo tomou medidas de a melhora na economia mundial se deve não à retomada
certo estímulo ao consumo. Por essa via, o déficit fiscal orgânica do consumo, da produção e do investimento
e a dívida pública norte-americanos foram às alturas, mas fundamentalmente aos anabolizantes fiscais, o que
romperam barreiras históricas mas o objetivo prático prenuncia uma longa temporada de arrocho tributário,
imediato dessa intervenção maciça, histórica, na base corte de gastos públicos e aumento dos juros para restaurar
do dinheiro público, dentro da lógica do governo, foi a solvência nacional e prevenir convulsões inflacionárias.
alcançado. A escalada depressiva foi freada. Dizem, com todas as letras, que a depressão teria vindo
Este artigo pretende contribuir ao debate sobre o arrasadora se os governos não tivessem “mandado às
seguinte problema: considerando que a chamada “saída” favas os escrúpulos e entrado com tudo para reverter a
da crise através da política de ação preventiva do Estado, insolvência formal do sistema financeiro” (MACHADO,
resgatando as grandes corporações e o sistema financeiro 200).
tem suas implicações, seus efeitos, a questão a ser aqui Quanto ao atual crescimento, além de relativo,
examinada será a das conseqüências, para a economia, vem acompanhado de uma Europa vivendo sua maior
dessa política de tentar impedir a queima maciça de crise enquanto o pólo imperialista alemão trata de tirar
capitais. O efeito esperado pelos governos já vimos no proveito da zona do euro2. A Grécia deve 300 bilhões de
amortecimento da marcha para a depressão. Aqui serão euros enquanto seu PIB não vai além dos 240 bilhões.
problematizados alguns dos demais – e previsíveis E sua economia encolheu 2 % em 2009. A zona do euro
– efeitos dessa operação política de tentar impedir a (6 países) vive sua pior crise desde a II Guerra com taxa
limpeza de capitais, de ativos tóxicos. de desemprego média em dezembro e janeiro em 9,9 %,
a maior desde 998 (outubro). Na Grécia (dezembro),
A crise continua chegou a 0 %, país que em pouco tempo atravessou
Em primeiro lugar é importante considerar – outros duas greves gerais.
artigos deste número focalizam essa questão - que o Na verdade “os superávits da Alemanha se tornaram
sistema não saiu da sua escalada depressiva, não emergiu possíveis por meio dos déficits dos outros países e, por
da sua grande crise. Esta foi freada, ou amortecida extensão, a estabilidade alemã se tornou possível através
momentaneamente, mas os indícios de que o processo da instabilidade dos demais países (...) com implicações
depressivo está em marcha são visíveis na vida social e
2 Zona do euro: esta zona – também conhecida como Eurolândia ou
Doutor em Sociologia pela Universidade de Brasília, escreveu EUA: Eurozona - é composta pelos Estados-membros da União Europeia
militarismo e economia da destruição, Achiamé, Rio de Janeiro, 2007 que adotaram o euro como moeda nacional. Até agora são a Bélgica,
e organizou O capital de Karl Marx: resumo (Engels, Lenine, Trotski), Alemanha, Grécia, Espanha, França, Irlanda, Itália, Luxemburgo,
Ícone, Brasília, 2008. Países Baixos, Áustria, Portugal e Finlândia.
2. Contra a Corrente
profundamente negativas para a economia mundial” vida com base em dinheiro público ou de reestruturação
(WOLF, 200). Um default grego poderia arrastar Irlanda com futuro incerto, como CIT, GM, Chrysler, Saab,
e Espanha. E é importante – como parte do dominó – não Opel, Karstad, Quelle, Ibéria, Alitália, e que na
esquecer que o PIB da Irlanda teve queda de 7, % em aparência funcionam como se tudo estivesse normal,
mas em matéria de saúde econômica estamos diante
2009: é o pior resultado já registrado pelo país (Brasil
de um amontoado de verdadeiros zumbis; na China
Econômico 26/03/200). também temos as fábricas-zumbis que se mantêm em
Nos Estados Unidos as vendas de casas novas funcionamento sem clientes graças às subvenções
caiu ,2% em janeiro, batendo um recorde de baixa; do Estado; todos estes mortos-vivos econômicos
o Departamento do Comércio informou que a queda representam a passagem progressiva à economia real
de janeiro em relação a dezembro reduziu o ritmo dos 20 a 30 trilhões de dólares de ativos-fantasmas
anualizado de vendas para 309 mil unidades, o menor mundo afora” (OS ESTADOS FACE... 2009).
nível em quase meio século, ou seja, o setor de casas deu
outro grande passo para trás, apesar da ajuda do governo Este é o quadro atual em meio à reanimação da
(Valor Econômico 25/2/0). E enquanto as vendas de economia. Afinal, levada a cabo a intervenção dos
casas estão em queda, a retomada de imóveis por falta Bancos Centrais, depois de certo tempo, ao final de 2009,
de pagamento está em alta; isso sinaliza que o setor de indicadores revelaram uma economia que se reanimava.
construção civil não dará grande impulso à recuperação
econômica; o programa do governo Obama para evitar Como foi amortecida a marcha para a
a retomada de imóveis tem sido um fracasso (Valor depressão
Econômico, 6/03/200). E a capacidade ociosa da No entanto, o próprio Wall Street Journal
indústria americana já se encontra abaixo dos níveis dos reconhece o ponto fraco desse crescimento movido,
anos 60 (MILLER, 200). como reconhecem, a estímulo fiscal e monetário mais
E mais: a ansiedade dos empresários em preencher estoques
vazios e ao final argumentam que “pelo padrão de outras
“o volume de mercadorias impagáveis e invendáveis recuperações, todavia, o crescimento não é tão veloz. Os
revelados pela crise, são maiores que os de todas as consumidores americanos, agora mais parcimoniosos,
crises passadas; e há, ainda por cima, um endividamento hesitam em gastar. Os bancos não querem emprestar.
geral das empresas e das famílias. Isso eleva as As empresas não querem contratar. O governo não quer
dificuldades da crise atual a um grau nunca visto. Os
injetar mais estímulos” (WESSEL, 200).
bancos não estão apenas com falta de caixa para atender
correntistas eventualmente assustados; estão também
Os pacotes de estímulos econômicos frearam a
abarrotados de títulos que representam, além de créditos queda nos estoques – que as empresas vinham liquidando
irrecuperáveis, um enorme capital fictício evaporado. na recessão – e foi assim que recomposição de estoque,
As empresas não estão apenas com vendas inferiores que não é propriamente crescimento orgânico, apareceu,
às esperadas, mas também arcando com prejuízos de nas estatísticas, como crescimento.
operações de hedge, fracassadas porque a economia No fundo, controlando o euro e controlando o dólar, o
mundial mudou de modo inesperado, além de estarem imperialismo norte-americano e o alemão tentam proteger
perdendo os ganhos financeiros “normais”, esperados seus oligopólios contra os demais, ao mesmo tempo em
no sistema de gestão corporativa dominante. E as que deslocam a crise para suas contas públicas. Cada
famílias não estão simplesmente com renda insuficiente
imperialismo trata de proteger-se da concorrência com o
para manter seu consumo normal, estão devendo parte
de sua renda insuficiente, além de terem perdido grande
rival: Alemanha vem propondo restringir a circulação dos
parte de suas reservas, desfeitas pela crise financeira” hedge funds “de fora” no mercado europeu, os Estados
(LETIZIA. 2009). Unidos se movem com suas medidas protecionistas.
Obama, por seu lado, com alto desemprego, vê sua
O próprio The Economist (3/06/09) argumenta popularidade em queda. O déficit fiscal dos Estados
que a grande crise no horizonte é a maciça dívida Unidos está em torno dos % do PIB e a dívida pública
pública, que levará o governo à fome de receita, de deste tradicional emprestador de última instância já anda
fundos, comprometendo crescimento econômico, além nos 85 % do PIB.
do perigo de alta inflação na tentativa oficial de cortar
endividamento. E a OCDE reconhece que globalmente Implicações da atual política anti-crise: lucros e
a fatura da crise foi de 27 milhões de desempregados a investimentos
mais desde 2007 com tendência de mais perda de vagas A crise agora deflagrada em 2008 vinha sendo
nas economias ricas (MOREIRA, 200). adiada. As breves ondas de prosperidade continuavam
Temos se alimentando de dívidas por um lado e, na base, na
extração de mais-valia, desfrutavam da superexploração
“empresas em falência mantidas artificialmente em do trabalho em espaços como a China, e outros como o
3. O capitalismo em crise histórica e suas tentativas de escapar da depressão
México. Estabelecera-se uma certa divisão mundial do dificuldade esta que igualmente se manifestava na
trabalho principalmente com a China funcionando como “preferência” pelos lucros financeiros, pela esfera da
plataforma industrial para as grandes corporações norte- especulação, do capital fictício. A financeirização não
americanas e, no outro pólo, os Estados Unidos, (e parte surgiu por “escolha” ou política de Estado mas sobretudo
dos emergentes) como mercado de consumo. pela dificuldade de valorização do capital na produção.
O dinheiro mundial vem sendo acoplado ao “déficit “As transformações do sistema financeiro devem ser
em conta corrente dos EUA. Tal acoplamento cinde analisadas com base em duas tendências essenciais
a contradição entre entesouramento e circulação de que ocorrem desde o Início dos anos 80. A primeira é a
mercadorias, ao desenvolver uma complementaridade alta tendencial da taxa de exploração: em quase todo o
entre o entesouramento negativo dos EUA e o mundo, a parte da riqueza produzida que corresponde
entesouramento hipertrofiado dos países que sustentam aos assalariados está em baixa, e os países emergentes
esse dinheiro mundial. O resultado disso é que a máxima não são a exceção a esta tendência. Inclusive o FMI
circulação internacional de mercadorias passa a exigir, ou a Comissão Européia constam isso. Esta baixa da
nos EUA, um déficit constante em conta corrente e, parte relativa aos salários permitiu uma recuperação
nos demais países, um superávit, cujo efeito é restringir espetacular da taxa média de lucro a partir de meados
seu consumo interno e, portanto, gerar um crescimento dos anos 80. Mas a segunda tendência mostra que a taxa
econômico contraposto ao desenvolvimento real” de acumulação continuou a flutuar em um nível inferior
(LETIZIA, 2009). ao que existia previamente à crise. Dito de outra forma,
a punção sobe os salários não foi utilizada para ampliar
Este foi o quadro estabelecido nas últimas décadas, os investimentos. O ‘teorema de Schmidt’ do início dos
especialmente através da “divisão do trabalho” entre a anos 80 (“o lucro de hoje são as inversões de amanhã
China e os Estados Unidos. Na crise atual esse equilíbrio e os empregos de depois de amanhã”) não funcionou”
(HUSSON, 2009).
começou a ser violentamente rompido: a grande boca
consumidora norte-americana começou a encolher com a
inadimplência dos portadores de hipotecas (sub-prime). Este processo pode ser graficamente perceptível;
É, importante considerar, em primeiro lugar que os ganhos em rentabilidade para o capital, na fase
a crise atual estava em desenvolvimento desde longa “neoliberal” podem ser vistos no gráfico abaixo, mais
data, desde a crise dos anos 70, dentro de uma dinâmica claramente nos anos 80 e 90, referente aos Estados
estagnacionista, em um processo onde o sistema Unidos:
capitalista se debatia ante a dificuldade arrastada em
conseguir levantar a taxa média de lucro. Conseguira
alcançar taxas mais elevadas de lucro em nichos (como
as plataformas de produção da China e regiões de mão
de obra quase escrava, barata) mas não se tratava de um
processo global, extensivo aos países centrais como um
todo, pelo contrário.
O que se desenvolvia nessas décadas era uma
espécie de globalização de nicho.
Prova disso é que a taxa média de lucro que crescia,
mais recentemente, após uma longa ofensiva do capital
contra o trabalho, se desenvolvia em aberto descompasso
com a taxa de acumulação do capital.
Há estudos mostrando (HUSSON, 2008) que a partir
dos anos 80 acumula-se mais-valia não investida (“não-
acumulada”). Ou em outras palavras, a ofensiva política
anti-operária neoliberal, dos anos 80, 90, não resultou
em taxas de extração de mais-valia proporcionalmente
maiores, correspondentemente maiores, na esfera da
Fonte: Seisdedos, Paul Cooney, 2009. A crise atual e o papel do
acumulação do capital.
capital fictício, 2009. 6º. Colóquio Internacional MARX e Engels,
Os investimentos globais não acompanhavam a taxa UNICAMP, Campinas, 3//2009
de lucro na produção, nos nichos produtivos. Tinha-se
uma situação historicamente nova, onde o sistema fugia à O descompasso entre o crescimento da rentabilidade
sua regra de fazer acompanhar a taxa de lucro de uma taxa e a taxa de acumulação já foi analisado mais de uma vez
de acumulação à altura. Esta contradição era reveladora por Husson (2008) que, depois de chamar a atenção para
das dificuldades do capital para obter rentabilidade, esse processo – de crescente massa de mais-valia não-
4. Contra a Corrente
acumulada – como sendo a raiz da financeirização da somente conseguiu uma relativa recuperação, na Grande
economia mundial, adverte: Depressão dos anos 30 (por volta de 933) depois de
quatro anos de destruição de forças produtivas, de capitais
“No entanto, não podemos aplicar ao capitalismo e de desvalorização da força de trabalho (rebaixamento
contemporâneo uma leitura “financista” que consistiria salarial, desemprego etc) e contando com a vantagem
em diferenciar uma tendência autônoma para a de que os Estados Unidos de então eram uma potência
financeirização que estaria parasitando o funcionamento capitalista emergente com amplas reservas de ouro dentre
normal do “boom” capitalismo industrial. Isto viria a
outras bases que se foram.
dissociar artificialmente o papel das finanças e da luta
de classes pela repartição do valor agregado. Deve-se O capitalismo daquela época, é bom lembrar ainda
articular corretamente a análise dos fenômenos: a partir era relativamente juvenil nos EUA, com um mercado de
do momento no qual a taxa de lucro aumenta graças trabalho há pouco plenamente constituído (a ocupação
ao retrocesso salarial sem produzir oportunidades de do Oeste só terminara às vésperas da Grande Guerra
acumulação rentável, as finanças começam a jogar de 94-8) e uma base rural importante de pequenos
um papel funcional na reprodução procurando saídas agricultores (LETIZIA, 2009). E, no fim de contas,
alternativas à demanda salarial: o consumo dos superar mesmo a depressão só foi possível por meio da
rentistas e o sobre-endividamento dos trabalhadores. A carnificina da II Guerra, da aguda e brutal destruição
característica principal do capitalismo contemporâneo de forças produtivas. E tomando de conjunto, por outro
não reside então na oposição entre um capital financeiro
lado, a maciça intervenção do Estado com Roosevelt de
e um capital produtivo, mas na hiper-concorrência entre
capitais como resultado da financeirização” (HUSSON, um lado e Hitler de outro exprimem o esgotamento de
2009). um sistema que já não consegue se safar da crise através
do ciclo, dos mecanismos semi-automáticos do ciclo
A crise atual encontra o sistema, portanto, em um econômico.
patamar nunca visto de acumulação do capital. Em A primeira questão da política anti-crise atual pode
especial na esfera financeira. É comum que técnicos ser assim formulada: o sistema lançou mão de suficiente
do sistema falem em empresas “zumbi”, em massas de destruição de forças produtivas? O grande capital encontra
ativos “tóxicos”, em obsolescência de muitas das grandes o estímulo para produzir (e realizar sua produção) com
corporações frente às novas tecnologias de produção. base no dinheiro público que recebeu de presente?
No entanto, a “saída” do governo à crise foi justamente Ora, o primeiro problema, portanto, da atual
salvar esses oligopólios ‘grandes demais para se deixar tentativa de resgatar – inchando a dívida pública - essas
quebrar’. Veremos que isso, no fundo, só aumenta as grandes corporações (industriais/financeiras) encontra-se
contradições da situação anterior. no fato de que grandes investidores só vão entrar em ação
Aqui é preciso lembrar da clássica e atualíssima se reencontrarem uma taxa média de lucro à altura do
observação de que, por si mesma, a acumulação capitalista seu porte. O capital-zumbi foi preservado, já sabemos;
é engendradora de crise. A teoria marxista da acumulação a questão é se o grande capital irá para a produção. Ora
do capital já contém, em si mesma, a teoria da crise do ele não se encontra mais presente na produção pela razão
capitalismo, um sistema impossibilitado de qualquer tipo de que não encontrava rentabilidade em produzir. Mais
de equilíbrio harmônico (GILL, 2002). Menos ainda em vantajoso era emprestar a juros, sobretudo aos governos,
sua fase de declínio (leia-se quando se estreitam as bases perspectiva que atualmente continua de pé.
históricas de valorizações do capital). O próprio processo A falsa idéia de que irrigando o grande investidor
de reprodução ampliada do capital engendra o aumento da com massas de recursos públicos isso fará com que ele se
composição orgânica do capital, da massa de capital fixo, lance a aplicar capitais na produção ao ponto de superar
o que, tendencialmente, tende a derrubar a taxa média a tendência depressiva não encontra respaldo. E aqui o
de lucro. O capital, portanto, em seu funcionamento de argumento de Mandel continua atual:
conjunto, constrói, necessariamente, dificuldades para
sua auto-valorização, independente dos processos na “Os capitalistas não estão obrigados a reinvestir seus
lucros suplementares na produção. Podem optar por
esfera da inflação, dos juros, dos salários etc: reafirma-
entesourá-los ou utilizá-los com fins estritamente
se aqui sua condição de processo histórico, transitório especulativos. Mesmo quando os investem pode
e, nos dias atuais, destrutivo por excelência, ecocida e ser na condição de inversões de racionalização que
reacionário em toda linha. suprimem empregos em vez de criá-los. Os capitalistas
Essa dificuldade de valorização se concentra e não trabalham para o ‘interesse geral’. O que buscam
explode em crise: sem a maciça destruição de capitais é aumentar ao máximo seus lucros. Esta conduta é a
(bens, equipamentos; desemprego, rebaixamento da força que acaba por provocar o crescimento periódico da
de trabalho etc), o sistema não como tentar reencontrar a estagnação e as crises econômicas mais ou menos longas.
taxa de lucro. No curso destas crises, o volume e a taxa de lucro caem.
Um exemplo histórico: o sistema capitalista A restauração da taxa de lucro é uma prioridade absoluta
5. O capitalismo em crise histórica e suas tentativas de escapar da depressão
para a burguesia. O aumento da taxa de exploração dos burguesia a não investir (elevar a taxa de acumulação)
assalariados – em termos marxistas, a taxa de mais-valia está justamente dado pelo que a crise expressa: a
– é o meio que utiliza para isso. A política de austeridade necessidade de queimar capitais hoje comprometidos
se converte em seu programa. A deflação monetarista e – na sua capacidade de auto-valorização – por uma
a inflação keynesiana não são mais que variantes dessa
elevada produtividade. “Nas sociedades ricas em capital
mesma orientação fundamental” (992).
do centro do sistema, a principal restrição à acumulação
Não há nenhum indício concreto, portanto e nem
não é o fato de a economia não ser produtiva o bastante e,
argumento teórico, que sustente a idéia de que essa enorme
sim, de ser produtiva demais” (FOSTER, 200).
bolha de dívida pública ou de capitais superacumulados,
A crescente tecnificação (elevadíssima composição
venha nos marcos atuais, a traduzir-se em investimentos
orgânica do capital) e a dificuldade em obter lucros
na produção, em reanimação orgânica da economia.
na produção em países como os Estados Unidos ou os
Esta enorme bolha de dívida pública – caso
europeus, o Japão, atingiu a um nível muito elevado (o
“puro” de capital fictício segundo Marx já que não tem
que tendencialmente joga para baixo a taxa média de
contrapartida alguma em termos de criação real de valor
lucro) e o que precisa ser levado em conta é que nada
– envolve
disso chega a ser substancialmente alterado por essa
política de resgate dos países ricos.
“dinheiro barato que não está indo para a economia
real. Ao contrário, a maior parte da emissão monetária
está guardada nos bancos ou foi para a Bolsa, seja Implicações sobre o Estado
porque os bancos não querem usar esse dinheiro para Outra dimensão – e grave problema – da atual política
oferecer créditos, seja porque a indústria não deseja anti-crise é o de que a pirâmide da especulação continua
endividar-se. Nestes marcos, não surpreende que os rodando, agora mais que nunca na esfera dos cofres e
atores econômicos (...) encontrem o crédito escasso dívidas públicas. E mais que antes comprometendo
e de alto custo. Os diferenciais (spreads) são maiores receitas e capacidade de investimento público, de
que antes e mesmo as taxas absolutas são, como regra, empréstimo público.
mais altas em mercados como o hipotecário onde a FED O consumo de massa crescente, por parte dos
interveio.
Estados Unidos, já era inflado, descolado da produção,
(...) Mas, ao mesmo tempo, as baixas taxas estão
alimentado a dívidas. As grandes massas de capitais
permitindo aos bancos fazer dinheiro (certamente não estavam lucrando na especulação, no crédito, nas
é difícil conseguir ganhos quando se dispõe de dinheiro seguradoras, nos papéis do governo.
emprestado pela Reserva Federal quase sem juros e O governo impediu a quebra colossal desses capitais
se empresta depois ao Governo a 3,5%), melhorando anunciada pela crise. E não apenas se trata de esfera
seus balanços. Esta política busca deliberadamente financeira: as grandes corporações industriais estavam e
uma alta dos ativos com a peregrina crença de que estão metidas até o pescoço com ganhos especulativos
isto impulsionará a economia real. As autoridades se (no caso do Brasil quem não lembra do exemplo da
opuseram a um saneamento dos bancos como forma de Parmalat que ganhava mais especulando que produzindo
lidar com a crise financeira priorizando, pelo contrário,
leite e a Votorantim, salva da quebra pelo governo e
uma restauração da bolha naqueles ativos nos quais os
bancos e firmas do mercado de capitais estão fortemente
que ia à falência também no mesmo processo, em seu
expostos. Os três ou quatro bancos que dominam o engajamento na especulação, com banco próprio?)
setor nos Estados Unidos, que têm uma posição quase A extrema irracionalidade da situação atual, em
monopólica, estão usando toda sua influência para meio a tamanha sobre-acumulação de capitais, está na
proteger seus negócios” (CHINGO, 200, 7). Grifo volta dos banqueiros “aos negócios como de costume”,
nosso. nas palavras de Foster (200). E a China, como detentora
maior de papéis públicos norte-americanos, não está fora
E não será demasiado lembrar que capitais desse processo.
“sobrantes” e podres não são compartimentos separados Na opinião do ex-economista-chefe do Fundo
da produção se tomamos o capitalismo de conjunto. Não Monetário Internacional (FMI), “a reação chinesa à
se trata de crise do capital fictício, mas antes de mais recente crise financeira aumentou claramente os riscos
nada, do capital. Capacidade ociosa, sobreprodução, de que a China tenha uma bolha alimentada a dívidas
sobreacumulação de capital (fixo portanto), desemprego na economia” (ROGOFF..., 200). Em 2008, a China
estrutural são expressões concretas da crise, portanto da cortou os juros, começou a implementar um pacote de
baixa rentabilidade do capital que acumulou mais-valia gastos de 4 trilhões de iuans (US $ 586 bilhões) e aboliu
movido mais a crédito, a bolhas de empréstimos para as cotas que limitavam os empréstimos dos bancos,
consumo, dinheiro barato; aqui se encontra o chão da para combater a queda nas exportações. Os valores dos
crise, o substrato ou as razões do parasitismo. imóveis em Xangai e Pequim descolaram da realidade
Um dos problemas de fundo que leva a grande (ROGOFF... 200).
6. Contra a Corrente
Ou seja, um dos mecanismos que conduziu à crise relação à sua possibilidade real de geração de valor em
está sendo usado como “remédio” anti-crise. O exemplo aberta contradição com uma base ainda menor de auto-
do crédito ao consumidor é ainda mais patente. E a valorização.
opção do Estado se lançar à oferta maciça de crédito ao Em conseqüência tem-se a exacerbação da
consumidor esbarra nas barreiras criadas no processo tal concorrência por um espaço menor de rentabilidade,
como ele se desenvolve até aqui: assim como os movimentos por parte dos Estados em
“A nova versão do crédito ao consumidor levou, com o proteção dos grupos oligárquicos. Em conseqüência tem-
passar do tempo, à criação de uma grande capacidade se uma piora do comércio internacional (que ano passado
de consumo falsa, isto é, não baseada em ganhos sofreu sua maior queda) e isso em uma fase em que o
reais, a qual foi enormemente facilitada pela expansão governo norte-americano já vinha depreciando o dólar
dos cartões de crédito, que permitem endividamento
desde antes, procurando estimular suas exportações por
instantâneo, sem contrato específico de empréstimo.
Essa falsa procura, criada por artifício financeiro, essa via. Aliás mesmo com o dólar sendo depreciado (3
poderia, em tese, permitir o adiamento indefinido da % na década passada) os Estados Unidos não conseguem
crise de ruptura da barreira do capital, desde que fosse reduzir o déficit comercial (foi de 2,8 % do PIB em 999
possível expandi-la indefinidamente. para 4,8 % em 2008).
Evidentemente, isso não é possível, porque dar mais Outros efeitos lógicos são a onda de fusões e
crédito a consumidores que estão perdendo benefícios aquisições de empresas mais vulneráveis pelas maiores e
sociais e tendo sua renda disponível amputada implica mais fortes, assim como a pressão dos setores mais fortes
onerá-los cada vez mais com o pagamento de juros, o do imperialismo sobre os elos mais fracos, sobre países
que tende a desembocar em castelos de dívidas para como a Grécia, a Espanha mas também sobre a China
pagar dívidas e, finalmente, em restrição de consumo.
para que se “abra” à produção dos países imperialistas
O fato de que, um ano após o estouro da chamada
“bolha imobiliária” americana, tenha sobrevindo uma aumentando seu consumo interno de elite.
onda de demissões de trabalhadores nos EUA (as crises Ao mesmo tempo, a tentativa de escapar da depressão
financeiras precedentes, ou foram setoriais ou não através do deslocamento dos problemas da esfera privada
aconteceram nos EUA), cuja população está altamente para a da dívida pública e crise fiscal tem como seqüela
endividada em cartão de crédito, é significativo da o fortalecimento dos mais poderosos grupos financeiro-
natureza desta crise e explica a ineficácia das medidas industriais, das forças imperialistas dos Estados Unidos
de socorro à finança tomadas até agora. Esse tipo de e Alemanha, por exemplo, enredadas com a China, o
dificuldade aponta para algo pior do que a ‘recessão que desemboca em acirramento da concorrência entre
mais longa’, anunciada pela maioria dos analistas os gigantescos centros do capital. O resultado é maior
econômicos” (LETIZIA, 2009).
fricção e tensão entre esses grupos imperialistas e os
Estados que os sustentam, para ver quem paga o custo da
Mesmo que se conceba explosão da crise e a escalada da crise.
entrada da dívida pública como mercado de substituição, De 996 a 2008 o superávit comercial da Alemanha
gerador de demanda, amortecedor da contradição mais com os demais membros da Europa passou de 20 bilhões
profunda da economia, o fato, analisado desta vez por de euros para 00 bilhões por ano. E a Alemanha, mesmo
Mandel, é que “a hora da verdade pode ser atrasada dando passos adiante na produtividade, consegue manter
mas não indefinidamente. O endividamento crescente 20% do emprego total na manufatura, enquanto os
alimenta inevitavelmente a inflação. A partir de um demais países da zona do euro não chegam aos 6% e
certo limiar, em vez de estimular a expansão, começa a em processo de queda (BELUZZO, 200). Esse processo
estrangulá-la”(992). E a situação atual norte-americana é a expressão acabada de uma fase – “o equilíbrio”
corresponde a enorme volume de capital ocioso a pesar capitalista anterior – onde se desenvolveu um processo
sobre a economia real, grandes empresas salvas mas de espoliação imperialista dos países mais débeis pelos
em retirada do processo reprodutivo e as famílias ainda mais fortes, também em plena Europa, na zona do euro;
endividadas e com sua capacidade de consumo diminuída com industrialização relativa de um pólo (Alemanha) às
(LETIZIA, 2009). E a injeção maciça de dinheiro público custas do enfraquecimento (colonização) do outro.
não melhorou substancialmente a escassez de crédito. A Alemanha segurou os custos da mão de obra
Esta continua existindo. Produzir não é tão estimulante tornando suas exportações capazes de concorrer em preço
como especular ou lucrar com juros que os Estados terão a despeito de um euro valorizado, segundo Blackstone
que oferecer, para não serem engolfados pelas dívidas. (200). E, de toda forma, não se trata de um processo
onde a Alemanha ou o conjunto dos países imperialistas
Impasses na dinâmica atual viessem desenvolvendo aumento da massa salarial.
Em síntese, a dinâmica atual, com grandes Trata-se de uma fase do capitalismo na qual, como
corporações e bancos sendo salvos, continua tendo explica Letizia, pôde até ter havido aumento salarial em
como pano de fundo a super-acumulação de capitais em números brutos, porém
7. O capitalismo em crise histórica e suas tentativas de escapar da depressão
capital.
“na fase atual do capitalismo, mesmo salários crescentes Temos um sistema que, de relativamente reacionário
se traduzem em renda líquida disponível decrescente, passa a ser “absolutamente reacionário”, mesmo que
uma vez que boa parte dos anteriores ganhos indiretos atravessando bolhas de crescimento. “O declínio do
em produtos subsidiados de empresas estatais (que capitalismo tem a ver com o fato de que as de relações de
foram privatizadas) e em serviços sociais (que deixaram
valor possuem uma base mais estreita. A lei do valor, a lei
de ser gratuitos) desapareceu. E não poderia haver
aumentos salariais que compensassem tais perdas,
básica do capitalismo, encontra crescentes dificuldades
porque esta fase capitalista é a da pressão permanente para desenvolver-se automaticamente. É isto que declina
pelo rebaixamento dos trabalhadores do mundo ao nível e o que está por trás dos esforços cada vez mais custosos
dos min gong da indústria chinesa” (2009). do capitalismo para sua sobrevivência” (MERCATANTE,
2007, 47).
Quando se leva em conta que a necessidade premente Na China (ou na Alemanha) houve crescimento
do sistema é levar adiante o processo de rebaixamento relativo, parcial, de forças produtivas, mas como parte
e precarização da força de trabalho, destruir forças de um processo mais amplo, histórico, do declínio de um
produtivas, queimar capitais, ao mesmo tempo em que sistema, do não desenvolvimento histórico das forças
pressiona os elos mais fracos, pode-se deduzir que a produtivas. Cada fase ou foco de crescimento tornou-
depressão está no horizonte. se parte de um processo de decadência, decomposição.
Eles mesmos reconhecem o dilema: o Finantial Basta examinar o peso dos gastos militares em épocas
Times, dirigindo-se à China e Alemanha em editorial “de paz”, o gigantismo das dívidas - o porte histórico da
intitulado Líderes mundiais estão escolhendo a recessão, dívida pública -, ou o a escala astronômica alcançada
argumenta que “o mundo enfrenta uma escolha: ou os pela especulação e pelo parasitismo sob todas as suas
exportadores em série podem optar por consumir mais e formas.
reequilibrar a economia mundial através do crescimento Setores como o ponto.com e imobiliário foram parte
ou podem sentar sobre suas mãos e permitir que a de um momento de crescimento. Mas basta focarmos seu
demanda desabe e reequilibrar a economia mundial aspecto de bolha para se ter claro o que se quer dizer
através da estagnação” (22/3/200). por decadência; especialmente se consideramos aquele
argumento anterior de que toda essa sobre-acumulação
Declínio de um sistema de capitais não vem lado a lado com uma elevação, à
Em outras palavras – e voltando a uma questão de altura, da taxa média de lucro.
fundo - não queimar capitais na magnitude necessária Ao tratar de impedir a queima de capitais, os
para o sistema significa ter que arcar com: - taxa média Estados Unidos terão que tomar medidas para favorecer
de lucro que não retorna a um nível capaz de dar fôlego suas grandes corporações na busca de rentabilidade;
ao capitalismo; - manter o Estado sufocado com dívida no espaço-mundo isto significa forçar a compra de
pública (e menor capacidade de investimento, de crédito, mercadorias norte-americanas, forçar toda medida que
de demanda); - significa também que a tendência melhore a posição dos capitais dos Estados Unidos no
depressiva é apenas contornada, maquiada e que continua mundo. Certamente tensionar a China3. E, de uma maneira
contida a capacidade de gerar emprego na produção. geral, os agentes do sistema necessitam avançar sobre o
Na outra ponta do dilema: destruir capitais significa patrimônio público que seja capaz de gerar lucros.
ter que criar a correlação de forças políticas para isso, para O sistema precisa, ao mesmo tempo, aumentar o
uma empreitada de magnitude histórica de devastação da consumo interno sendo que nos Estados Unidos temos
força de trabalho e do capital acumulado. Cabe observar o consumidor em potencial endividado ao extremo –
o quanto esse dilema reflete decadência: incapacidade de como foi argumentado antes - e parte dele sob ameaça
desenvolver, historicamente, as forças produtivas a não de desemprego ou de hipoteca da casa. E o dilema dos
ser como forças destrutivas. Estados Unidos vai mais longe: “se as famílias aumentam
O processo de fundo é de declínio histórico de um sua taxa de poupança, o consumo se reduz e o crescimento
sistema ou decadência. Quando certos autores marxistas não poderia voltar a deslanchar. Se o gasto público toma
mencionam esta condição estão querendo dizer que o seu lugar, o déficit comercial exterior vai aprofundar-
sistema enfrenta crescente disfuncionalidade diante da se outra vez, e o fluxo de capital necessário para seu
sua lei básica, que rege seu funcionamento, que o mantém financiamento pode converter-se em um problema”
de pé: a lei do valor (MERCATANTE, 2007, 47). O
sistema pode ter momentos de crescimento, de equilíbrio 3 A ilusão de muitos “de que estaríamos diante de uma
relativo (como a fase anterior, onde se estabeleceu a divisão internacional do trabalho harmoniosa, em que a China
ponte ou “divisão mundial do trabalho” Estados Unidos- funcionaria como provedora de manufaturas e os Estados
China) mas invariavelmente trata-se de um processo que Unidos como consumidores em última instância, começou
reflete aquela crescente dificuldade para valorização do a ruir a partir do advento da crise capitalista” (ISHIBASHI,
2009, 46).
8. Contra a Corrente
(HOUSSON, 2009). Europe Anticipation Bulletin n.39, de 5//2009. GEAB.
Em suma, se é certo que o governo norte-americano Disponível em: http://resistir.info/crise/geab_39
tenta a jogada de buscar evitar a plena e aguda depressão RIBEIRO, Alex, 200. Obama sob pressão para declarar
econômica que estava na pauta ano passado (já que que China controla iuan. Valor Econômico, 5/3/200, p.A3.
ROGOFF PREVÊ BAQUE PARA A CHINA. Valor
não via condições políticas e econômicas de suportar a
Econômico 25/2/200, p. A.
ampla queima de capitais e seu impacto político-social) é SEISDEDOS, Paul Cooney, 2009. A crise atual e o papel
igualmente verdade que o resgate das finanças e grandes do capital fictício, 2009. 6º. Colóquio Internacional MARX e
corporações – sua política atual – revela não apenas a Engels, UNICAMP, Campinas, 3//2009.
miséria de um sistema mas também que a descarga TOUSSAINT, Eric, 200. Si no hay uma salida
plena da crise será dirigida contra os que vivemos anticapitalista a esta crisis, habrá una salida capitalista,
apenas do nosso trabalho. O próximo lance está com a 8/3/200. Disponível em: www.rebelion.org. Acessado em
classe trabalhadora. Neste momento, com os gregos, os 20/3/200.
espanhóis e o proletariado europeu sobre quem as forças WESSEL, David, 200. Ásia puxa retomada global, mas
imanentemente destrutivas do capital esperam buscar sua será que o fôlego vai durar? Valor Econômico, 25/2/200, p.
A.
válvula de escape.
WOOLF, Martins, 200. O debate na zona do euro. Valor
Econômico, 24/03/200, p. A-3.
Bibliografia
BELUZZO, Luis G., A Alemanha e a Eurolândia. Valor
econômico, 2/03/200, p. A-3.
BLACKSTONE, Brian, 200. Competitividade alemã “O caso argentino nos demonstra que, ao contrário
assusta vizinhos, Valor Econômico, 22/3/200, p. A5. do que afirmaram alguns autores que decretaram o
CHINGO, Juan, 200. La difícil vuleta aun nuevo fim da classe operária ou do trabalho, o cenário dos
equilíbrio capitalista, revista Estratégia Internacional, n.26, anos noventa expressou grande debilitamento da classe
Buenos Aires, marzo 200, p. a 53. trabalhadora, pois sua força social foi atacada ao
jogar para fora da produção milhares de
FOSTER, Bellamy, McCHESNEY, Robert, 200. O
assalariados. Mas mesmo neste cenário,
dilema do escorpião, Retrato do Brasil, n. 3, fev 200, p. 8 encontramos a sobrevivência
a 25. e o resgate de métodos de luta da tradição operária,
GILL, Louis, 2002. Fundamentos y limites del do classismo, no interior do movimento de
capitalismo. Madrid: Trotta. desempregados. (...) O resultado da luta em Zanon,
HUGHES, Jennifer, 200. Em crise fiscal, Europa avalia a sua gestão operária, é fruto do resgate das
novo ciclo de privatizações. Valor Econômico, 7/3/200, p. concepções classistas. É uma pequena experiência
A. de luta da classe trabalhadora que contou com
HUSSON, Michel, 2008. Le capitalisme toxique. grandes lições para o seu conjunto. Ela foi a
prova evidente de que os trabalhadores, mesmo
Disponível em: www.hussonet.free.fr/toxicapw.pdf. Acessado:
num contexto em que sofreu profundos ataques,
2/4/2009. continuam vivos enquanto sujeitos sociais e
HUSSON, Michel, 2009. La dictadura de la economia va políticos da transformação social”.
a volverse más brutal. El Aromo (Argentina), n. 49, 2009.
ISHIBASHI, Simone, 2009. China: salvação do (Ricardo Festi, tese mestrado sobre a ocupação
capitalismo ou palco de inflexões? Uma leitura crítica de Adam operária da fábrica de Cerâmicas Zanon, na Argentina
intitulada ZANON, FÁBRICA SEM PATRÃO:
Smith em Pequim. In Iskra, n.2, São Paulo, nov.2009, p. 38-
um debate sobre classismo e controle
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MACHADO, Os EUA respiram, Antônio Machado,
Correio Braziliense 30/0/200, p. 5
MANDEL, Ernest, 992. Déficit presupuestario e
internacionalizacion del capital en la teoria marxista. “A propriedade privada nos fez tão cretinos e
Disponível em: www.rebelion.org. Acessado em: 0/3/200. unilaterais que um objeto somente é o nosso
MERCATANTE, Esteban, 2007. Entre el escepticismo y [objeto] se o temos, portanto, quando existe para nós
la catástrofe inminente. Revista Lucha de Clases n. 7, Buenos como capital ou é por nós imediatamente possuído,
Aires, junio 2007, pp 35-5. comido, bebido, trazido em nosso corpo, habitado
MILLER, Rich, 200. Risco de deflação preocupa os por nós etc., enfim, usado. [...] O lugar de todos os
Estados Unidos. Valor Econômico, /3/200, p. A. sentidos físicos e espirituais passou a ser ocupado,
MOREIRA, Assis, 200. Fim prematuro de estímulos portanto, pelo simples estranhamento de todos esses
sentidos, pelo sentido do ter”
deve gerar crise social, diz OIT, Valor Econômico, 22/3/200,
(Karl Marx, Manuscritos Econômico-Filosoficos).
p.A3.
Os Estados face às três opções brutais de 200: inflação,
forte pressão fiscal ou cessação de pagamentos, 200. Global