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A INFLUÊNCIA DA LIBRAS NO PROCESSO EDUCACIONAL DE ESTUDANTES
SURDOS EM ESCOLA REGULAR
Danielle Mirelli da Silva Araújo1
Marcelle de Castro e Silva2
Wilma Pastor de Andrade Sousa3
RESUMO: O presente artigo aborda aspectos da educação de surdos, tendo como objetivo
principal analisar a influência da Língua Brasileira de Sinais - Libras no currículo escolar de
estudantes surdos inseridos em sala de aula regular. Para isto, foi feita uma pesquisa bibliográfica
com a finalidade de se discutir pontos relacionados com a história da educação de surdos, seus
processos cognitivos e a língua de sinais. A seguir, realizamos um questionário com quatro
professores que atuam com estudantes surdos inseridos em sala de aula regular para compreender
as mudanças ocorridas após a inserção da Libras no âmbito escolar. A partir dos resultados obtidos
observamos que a inserção da Libras no ensino regular tem proporcionado melhores condições no
ensino-aprendizagem desses estudantes.
Palavras-chave: Libras, estudantes surdos, escola regular.
_______________________________________________________________
1. Introdução
Ao longo da história da humanidade encontramos registros de que durante
muitos anos as pessoas que nasciam com algum tipo de deficiência eram afastadas
do convívio social. Na história da educação do surdo, desde seus primórdios, havia
pouca compreensão da psicologia acerca dos problemas cognitivos apresentados
pelos surdos, além disso, esses indivíduos eram colocados em asilos e afastados da
sociedade da qual faziam parte.
Segundo Goldfeld (1997), os surdos eram tratados com piedade e vistos
como pessoas castigadas pelos deuses, sendo abandonados ou sacrificados. A
surdez e a conseqüente mudez eram confundidas com uma inferioridade de
inteligência. E até o século quinze foi visto como uma pessoa primitiva que não
poderia ser educado.
1
Graduanda em Pedagogia pela UFPE- e-mail: danim.araujo@bol.com.br
2
Graduanda em Pedagogia pela UFPE- e-mail: marcelle_de_castro@yahoo.com.br
3
Mestre e Doutoranda em Lingüística pela UFPB- Docente do curso de Pedagogia da FACHO e de
Fonoaudiologia da FIR – e-mail: wilmapastor@ig.com.br
2
Atualmente, como a inclusão é um movimento mundial, as pessoas estão
vivendo no campo da educação mudanças nas qual a inclusão envolve um processo
de reforma e reestruturação das escolas como um todo. Como afirma Vilela (2004
p. 16)
Uma das dimensões do processo de inclusão social é a inclusão
escolar: conjunto de políticas, igualmente públicas ou particulares,
que buscam levar a escolarização a todos os segmentos humanos
da sociedade, com ênfase na infância e juventude.
Tal inclusão escolar deve ter um sentido amplo, não incluindo apenas por
incluir um aluno com necessidades educativas especiais na sala de aula regular,
mas sim adaptar a escola às necessidades dos estudantes. Segundo Werneck
(1997) o princípio de normalização4
é o que rege a integração e a inclusão, tal
principio oferece a esses alunos recursos institucionais e profissionais adequados
para que se desenvolva como pessoa, estudante e cidadão. Werneck (op. cit.) ainda
afirma que “normalizar uma pessoa não significa torná-la normal. Significa dar a ela
o direito de ser diferente e ter suas necessidades reconhecidas e atendidas pela
sociedade”.
Nesse contexto, este trabalho tem como temática principal a educação dos
surdos com ênfase na influência exercida pela Língua Brasileira de Sinais – Libras
durante sua trajetória na educação. Com base na literatura consultada e a partir de
nossos interesses pessoais, levantamos o seguinte questionamento: Com a inclusão
de estudantes surdos em classes regulares e a inserção da Libras no currículo
escolar, o surdo deixa de ser visto como um estudante com déficit cognitivo? A partir
desse questionamento, defendemos a hipótese de que a inclusão de estudantes
surdos em salas de aula regular, bem como a inclusão da Libras no âmbito escolar,
possibilitou ao surdo ser visto através de um novo olhar, ou seja, não mais como
uma pessoa com déficit cognitivo, ou inferioridade de inteligência, mas com potencial
para aprender igual aos outros estudantes ouvintes.
O que nos motivou a desenvolver esse projeto de pesquisa foram as
dificuldades que as pessoas surdas têm ao inserir-se na sociedade, quando lhes
4
Normalizar uma pessoa não significa torná-la normal. Significa dar a ela o direito de ser diferente e
ter suas necessidades reconhecidas e atendidas pela sociedade. WERNECK (1997, p.51)
3
falta, parcial ou totalmente, o meio de comunicação utilizado pela imensa maioria
das pessoas: a linguagem oral.
Pretendemos com esse trabalho analisar as possíveis mudanças ocorridas
com a inserção da Libras no currículo escolar, retratando a atual visão do professor
para com o estudante surdo após a inclusão da mesma.
Acreditamos que essa pesquisa favorecerá a nossa prática pedagógica
enquanto educadoras e enriquecerá a nossa vida pessoal e social, à medida que
pretendemos analisar a relação do professor com o estudante surdo e identificar as
mudanças ocorridas após a inserção da Libras na escola.
Este estudo terá como base teórica alguns autores que desenvolveram
trabalhos voltados para estudo da pessoa surda, bem como sua linguagem e
cognição. Dentre eles destacamos Soares (1999), Vygotsky (1994), Quadros (1997;
2004), Fernandes (2003) e Goldfeld (1997), os quais nortearão nossa pesquisa
ampliando nossos conhecimentos e dando subsídios ao nosso trabalho de
conclusão de curso.
2. Educação de surdos
2.1. Breve histórico da educação de surdos
Buscando na história da educação informações significativas sobre o
atendimento educacional às pessoas com deficiência, pudemos constatar que, até o
século XVIII, as noções a respeito da deficiência eram basicamente ligadas ao
misticismo e ocultismo. Não havendo base científica para o desenvolvimento de
noções realistas. Porém, no início do século XX, com os avanços da medicina,
vários estudiosos decidiram analisar algumas patologias com a finalidade de
resolver cada questão especificamente.
Com o aparecimento de novas filosofias educacionais para surdos, como a
Comunicação Total e, mais recentemente, o Bilingüismo, a língua de sinais ressurgiu
associada, em algumas correntes, à forma oral. Segundo Goldfeld (1997), a
Comunicação Total defende a utilização de todos os recursos lingüísticos, orais ou
visuais, simultaneamente, privilegiando a comunicação e não apenas a língua. A
Filosofia Bilíngüe acredita que o surdo deve adquirir a língua de sinais como língua
4
materna5
e a de seu país como segunda língua, vale ressaltar que, segundo
Goldfeld (op. cit.), uma corrente defende que a língua do país deve ser adquirida
apenas na modalidade escrita, outra, no entanto, acredita que o surdo deve adquirir
a língua do seu país nas duas modalidades, oral e escrita. O que ambas concordam
é o fato de a língua de sinais ser adquirida desde cedo como primeira língua.
De acordo com Skliar (2001 p. 85)
Nas últimas três décadas produziu-se uma significativa mudança na
educação dos surdos, tanto no que se refere às concepções
ideológicas quanto à organização educacional e escolar... uma
maior tendência a considerar a língua de sinais como primeira
língua, discussão sobre as didáticas em relação a segundas línguas,
mudanças no currículo escolar, presença de instrutores surdos nas
escolas etc.
A preocupação dos educadores atualmente é respeitar a autonomia das
línguas de sinais e estruturar um plano educacional que não afete a experiência
psicossocial e lingüística da criança surda. De acordo com Quadros (1997), a língua
de sinais é uma língua natural adquirida de forma espontânea pela criança surda,
quando a mesma está em contato com usuários dessa língua, diferente da língua
oral que necessita ser ensinada de forma sistematizada. Porém ser natural não
significa ser inata, pois ela deve ser apreendida nas diferentes situações de
interação entre seus usuários. Segundo Skiliar (apud SAMPAIO, 2007, p.29)
“língua natural deve ser entendida como uma língua que foi criada e
é utilizada por uma comunidade especifica de usuários, que se
transmite de geração em geração, e que muda – tanto estrutural
como funcionalmente- com o passar do tempo”.
Daí o direito de a criança surda ter no processo educacional o acesso pleno a
língua de sinais.
Para Cabral (2002), até o final do século XVI os surdos eram considerados
inaptos para o ensino e não possuíam direitos legais. Porém podemos ainda
observar vestígios dessa época, presentes no Código de Processo Civil Brasileiro6
.
Com o código de Justino de 529 surgiu a possibilidade de desenvolver a expressão
escrita dos surdos, para que os mesmos pudessem tratar dos próprios assuntos e
5
Língua que se adquire naturalmente, ou seja, não há um impedimento para sua aquisição.
SAMPAIO (2007, p.29)
6
No Código de Processo Civil Brasileiro art. 405, parágrafo 1º, inciso IV que considera os surdos
incapazes, comparados aos que sofrem de demência ou debilidade mental. SAMPAIO (2007, p.48).
5
administrar suas heranças, comunicando-se através da escrita. Esse código é o
primeiro no qual se encontra referência à escrita do surdo.
Cabral (2002) afirma que em 1880, no século XIX, os surdos foram proibidos
de gestualizar e a aprendizagem da língua oral passou a ser prioridade em
detrimento de toda a educação. Segundo Goldfeld (1997), nesse período houve um
congresso em Milão para decidir a melhor forma de escolarizar os surdos. Em
confronto com o ensino por meio de sinais, venceu o oralismo, o qual sofreu grande
influência do famoso Graham Bell, cuja esposa era surda. Interessante é que não foi
dado aos professores surdos o direito de votar.
Somente no século XX, após a realização do Congresso Mundial em San
Laus, organizado pelos surdos, foi que a língua de sinais voltou a ser a primeira
língua, inclusive no Brasil, apesar de ser apenas um subsídio para a aquisição do
português oral.
Segundo Goldfeld (op. cit.), a educação de surdos no Brasil teve início no
segundo império, com a chegada do educador francês Hernest Huet. Em 1857, foi
fundado o Instituto Nacional de surdos-mudos, atual Instituto Nacional de Educação
dos Surdos (INES), que inicialmente utilizava a língua de sinais, mas que em 1911
passou a adotar o oralismo puro. Na década de 70, com a visita de Ivete
Vasconcelos, educadora de surdos da Universidade Gallaudet, chegou ao Brasil a
filosofia da Comunicação Total, e na década seguinte, a partir das pesquisas da
professora lingüista Lucinda Ferreira Brito sobre a Língua Brasileira de Sinais e da
professora Eulália Fernandes, sobre a educação de surdos, o Bilingüismo passou a
ser difundido.
No final da década de 90 do século XX foi que a Libras7
passou a ser direito
do cidadão surdo, adquirindo maior visibilidade e tendo uma dimensão sociológica e
política. No entanto, como afirma Sampaio (2007, p. 69)
“Há décadas, entidades e instituições vêm lutando para incluí-la – ao
lado da língua portuguesa- como língua materna que tenha acesso e
uso prático em ampla escala. A lei determina que os serviços
públicos de saúde garantam atendimento e tratamento adequado
aos portadores de necessidades especiais. Porém, não os obriga a
ter intérpretes, o que impossibilita o atendimento. Serviços públicos,
supermercados, bancos e a maioria das escolas públicas também
7
A Libras foi oficializada em 1991 e só em 2002 foi aprovada como decreto de Lei. SAMPAIO (2007,
p. 69).
6
não possuem funcionários com conhecimento da LIBRAS, o que
torna o surdo um brasileiro ainda sem direito à cidadania”.
Daí a mudança de olhar dos profissionais ouvintes, que passaram a ver o
surdo como um falante da língua de sinais, que ainda têm muito que lutar por seus
direitos. Soares (1999) define como principal objetivo da educação de surdos
capacitar os estudantes para que os mesmos possam adquirir um código lingüístico
e possuir certa instrumentalização para o trabalho. Para Goldfeld (1997), das três
filosofias educacionais (Oralismo, Comunicação Total e Bilingüismo) o Bilingüismo
atualmente está tendo grande destaque no cenário da educação brasileira.
2.2. A linguagem e os processos cognitivos do surdo
A linguagem desempenha um papel importante no desenvolvimento humano,
visto que, as crianças desenvolvem sua linguagem logo no início da vida, através de
sons, gestos e expressões faciais.
Ao buscarmos compreender a história da linguagem humana, vimos em
Oliveira (1997) que existe a trajetória do pensamento desvinculado da linguagem e a
trajetória da linguagem independente do pensamento, e quando essas duas
trajetórias se unem a linguagem se torna verbal e o pensamento racional. Para
Quadros (2004), a língua começou a se desenvolver pela necessidade que os seres
humanos tinham de interagir com o outro, a fim de sobreviverem e trabalharem
reciprocamente. Surge, então, a primeira função da língua, a de ser a comunicação
e a expressão do pensamento.
No entanto, Vygotsky (1998) atenta para o fato de que o problema da
cognição no surdo está nas condições de acesso a uma língua e que o mesmo
precisa organizar sua interação verbal através de processos comunicativos
alternativos, como por exemplo, a língua de sinais.
No decorrer da história, os seres humanos tentaram aprimorar as formas de
linguagem existente para suprir suas necessidades. Como afirma Oliveira (1997 p.
45)
Para agir coletivamente e de formas cada vez mais sofisticadas, o
grupo humano teve de criar um sistema de comunicação que
permitisse troca de informações específicas, e ação no mundo com
7
base em significados compartilhados pelos vários indivíduos
empenhados no projeto coletivo.
Oliveira (1997) ressalta que existe uma fase pré-verbal no desenvolvimento
do pensamento e uma fase pré-intelectual no desenvolvimento da linguagem, antes
de o pensamento e a linguagem se associar.
Ao observar a relação entre aprendizado e desenvolvimento, Vygotsky (1994),
destaca que as crianças concebem seu aprendizado antes de irem à escola, e que o
aprendizado e desenvolvimento se relacionam desde o primeiro dia de vida da
criança. Dessa forma, acreditamos que se for criado um ambiente lingüístico
apropriado para a criança surda provavelmente facilitará seu desenvolvimento e
consequentemente seu aprendizado. Como afirma Fernandes (2005 p. 18)
(...) através da aquisição de um sistema simbólico, como é o da
língua, o ser humano descobre novas formas de pensamento,
transformando sua concepção de mundo. Tendo em vista estas
colocações, torna-se bastante claro, portanto, que propiciar à pessoa
surda a exposição a uma língua o mais cedo possível, obedecendo às
fases naturais de sua aquisição é fundamental ao seu
desenvolvimento. Privá-la desse direito, sob qualquer alegação, é
desrespeitá-la em sua integridade.
Portanto, devemos propiciar um ambiente lingüístico que desenvolva a
linguagem e a cognição da criança surda, para não haver problemas na sua
comunicação. Nesse sentido, Goldfeld (1997, p. 53) afirma que:
“(...) os problemas comunicativos e cognitivos da criança surda não
têm origem na criança e sim no meio social em que ela está inserida
que frequentemente não é adequado, ou seja, não utiliza uma língua
que esta criança tenha condições de adquirir de forma espontânea, a
língua de sinais”.
4. Línguas de sinais
Desde o início do ensino formal os profissionais envolvidos com pessoas
surdas têm centrado seus esforços no estudo e debate sobre procedimentos que
privilegiam ou não a linguagem gestual. Essa preocupação está sempre relacionada
a duas considerações: a de que a grande parte dos professores de surdos são
ouvintes e de que o meio social e cultural nos quais os surdos estão inseridos são,
também, de ouvintes.
8
Segundo Quadros (2004, p.19), “A língua brasileira de sinais é uma língua
visual-espacial articulada através das mãos, das expressões faciais e do corpo. É
uma língua natural usada pela comunidade surda brasileira”. Logo, é acessível ao
surdo visto que o mesmo não precisa da integridade auditiva para adquirir uma
língua na modalidade visuo-espacial.
Como os surdos precisam se comunicar de alguma forma, tanto com os
ouvintes quanto com os outros surdos. Então, desde cedo começam a adquirir uma
linguagem própria para se desenvolverem. Conforme Fernandes (2003 p.38), “a
garantia do domínio de uma língua desde os primeiros meses de idade é fator
fundamental para o desenvolvimento natural do indivíduo.” Assim’, entendemos a
luta que há em defesa pela a aquisição da língua de sinais como a língua materna
do surdo.
De acordo com Karnopp e Quadros (2004), a língua de sinais é denominada
língua de modalidade gestual-visual, pois a informação lingüística é recebida pelos
olhos e produzida pelas mãos, ou seja, através de gestos. Ao contrário das línguas
orais auditivas a exemplo do português.
Fernandes (2003 p. 39) ressalta o seguinte conceito acerca das línguas de
sinais:
As línguas de sinais são sistemas abstratos de regras
gramaticais, naturais das comunidades de indivíduos surdos
que as utilizam. Como todas as línguas oral-auditivas, não são
universais, isto é, cada comunidade lingüística tem a sua.
Assim, há uma língua de sinais inglesa, uma americana, uma
francesa e várias outras, e vários países, bem como a
brasileira.
Além de ser produzida pelas mãos, a Libras, assim como outras línguas de
sinais, utiliza também movimentos no corpo e expressões na face, para alcançar à
comunicação pretendida. Conforme afirma Quadros (2004), as línguas de sinais, por
serem visual-espaciais, apresentam uma riqueza de expressividade diferente das
línguas orais.
Apesar de os argumentos serem favoráveis à aprendizagem da língua de
sinais, existem obstáculos para sua concretização. Tais obstáculos vão além de
habilidades manuais, pois, a competência na língua de sinais depende, também, do
conhecimento de como a própria comunidade de surdos se organiza, através do
9
contato extra-institucional do professor com os surdos. Tal contato é reduzido devido
às limitações de oportunidades para que isso ocorra. Além disso, os surdos, no
contato com os ouvintes, realizam adaptações e ajustes na língua de sinais, visando
a um melhor entendimento. Então, percebemos a importância dessa língua na vida
do surdo, como afirma Goldfeld (1997), a língua de sinais seria a única língua que o
surdo poderia dominar plenamente e que serviria para todas as suas necessidades
de comunicação e cognitivas.
Segundo Quadros (1997) o processo de aquisição da língua de sinais é
equivalente ao processo de aquisição das línguas faladas. Pois, nos estágios da
aquisição da linguagem (período pré-lingüístico, estágio das primeiras combinações,
estágios das múltiplas combinações) compreendemos que crianças ouvintes e
crianças surdas passam pelos mesmos estágios sem haver grandes disparidades.
Então quanto mais cedo à criança surda for apresentada a sua língua materna, ela
terá facilidade no desenvolvimento de sua linguagem.
Contudo, para que haja uma comunicação de melhor qualidade, não é
suficiente apenas o ensino da Libras, a presença de um intérprete8
é imprescindível
no âmbito educacional para que ocorra de fato uma troca de conhecimentos.
Segundo Quadros (2004), o intérprete é o mediador entre pessoas que não falam a
mesma língua, não interferindo, na medida do possível, no processo comunicativo.
Entendemos que cabe aos nossos educadores reconhecer e lutar pela Libras
e pela presença de um intérprete, para que os mesmos sejam sistematizados
efetivamente no âmbito escolar, contribuindo, assim, para uma melhor formação do
surdo e conseqüentemente sua inclusão social. Pois, segundo Quadros (op.cit. p.
28) “quando há carência de intérpretes de língua de sinais, a interação entre surdos
e pessoas que desconhecem a língua de sinais fica prejudicada”.
Este trabalho tem, pois como objetivo analisar as possíveis mudanças
ocorridas com a inserção da Libras no âmbito escolar. Trata-se, portanto, de uma
pesquisa de caráter qualitativo, a qual consiste em analisar as possíveis mudanças
ocorridas com a inserção da Libras no currículo escolar e a inclusão de estudantes
surdos em classes regulares.
8
Intérprete é o profissional que domina a língua de sinais e a língua falada do país e que é qualificado
para desempenhar a função de interprete. QUADROS (2004, p.27).
10
Após uma revisão bibliográfica com base em livros, revistas e artigos
científicos que tratam da temática em questão: a educação do surdo. Realizamos a
pesquisa de campo em uma escola da rede pública estadual de ensino na cidade do
Recife (PE). Participaram dessa pesquisa quatro professores voluntários que atuam
há mais de cinco anos com estudantes surdos inseridos em sala de aula regular.
Foi aplicado um questionário (anexo 2) composto por cinco perguntas
(objetivas e subjetivas) com o devido consentimento (anexo 1), por escrito, de cada
um dos participantes. Diante da falta de disponibilidade dos profissionais em
responder o questionário no ato da entrega, fez-se necessário um segundo encontro
para recebimento do material deixado pelos mesmos na secretaria da escola.
Com base nos resultados obtidos na pesquisa de campo, através do
questionário aplicado, discutiremos os tópicos a seguir.
3. A Libras no âmbito escolar: possibilidades de inclusão.
A influência da surdez na aprendizagem
Considerando que a grande maioria das crianças surdas são filhas de pais
ouvintes e que o aprendizado da língua de sinais tem início tardiamente, ou seja,
quando a criança entra na escola. Percebemos que isso dificulta o desenvolvimento
da linguagem, pois como Vygotsky (1994) afirma, as crianças iniciam seu
aprendizado antes de irem à escola.
Observamos com base na amostra obtida que uma grande parte dos
professores acredita que a surdez exerce influência na aprendizagem. Isso
demonstra, ainda, a concepção equivocada, em nossa opinião de que o aluno surdo
possui problemas de aprendizagem por causa da falta de audição. Como vimos
anteriormente, o surdo foi visto por muito tempo como uma pessoa com déficit
cognitivo, entretanto, esse conceito parece não ter mudado ainda no meio dos
profissionais que atuam diretamente com esse público.
Atualmente já está comprovado que não é a surdez que interfere na
aprendizagem, mas a falta de acesso a língua de sinais desde cedo. Segundo
Goldfeld (1997, p. 55),
11
“Hoje, sabe-se que estas dificuldades cognitivas são decorrentes do
atraso de linguagem, mas a comunidade geral ainda não tem esta
compreensão e em muitas situações ainda percebe-se o surdo sendo
tratado como um incapaz.”.
No entanto, não é nossa intenção nesse trabalho aprofundar esse tópico, pois
a linguagem está inserida em um campo muito amplo e pode ser objeto de estudo
em uma futura pesquisa nessa área.
3.2. A inclusão do estudante surdo na escola regular
A inclusão surge no panorama educacional sob uma nova perspectiva de
rever as concepções de educação, de ensinar e de aprender. Sendo assim,
percebemos a necessidade de criar meios para trabalhar nesse sentido.
A inserção de estudantes surdos na sala de aula regular passa por uma
discussão muito além do que é visto, pois apenas incluir o estudante surdo em salas
regulares sem dar subsídios para ele se desenvolver não proporcionará resultados
positivos. Como afirma Werneck (1997), o princípio de normalização é o que rege a
integração e a inclusão, tal princípio oferece a esses estudantes recursos
institucionais e profissionais adequados para que se desenvolva como pessoa,
estudante e cidadão.
Para que haja uma real inclusão desses estudantes é imprescindível à
presença de um intérprete de Libras. Conforme a afirmação de um dos professores
a presença de intérpretes nas salas de aula facilitou a compreensão do surdo.
Nesse sentido Sampaio (2006) afirma que a grande queixa dos surdos é a carência
de intérpretes e a falta de qualificação desses para atuarem com eles no âmbito
escolar, uma vez que, esses profissionais não devem apenas ter o domínio da
língua de sinais, mas o estar familiarizado com o conteúdo a ser trabalhado. Dessa
forma, seria ideal a presença de um professor-intérprete9
.
Nesse contexto, Quadros (2004) explicita que é fundamental a presença de
um intérprete, pois sua carência na interação entre surdos e ouvintes pode implicar
nas dificuldades da comunicação em termos educacionais. Entendemos, com isso,
9
Profissional que domina o conteúdo de sua disciplina e têm fluência em língua de sinais. SAMPAIO
(2006, p. 414)
12
que a presença do intérprete na sala de aula regular facilita o acesso as informações
veiculadas durante as aulas. Proporcionando, assim, mais clareza e compreensão
ao surdo no processo de ensino-aprendizagem.
Entretanto, é necessário que esse intérprete seja devidamente qualificado e
capaz de interpretar na íntegra as idéias expostas pelos educadores. Segundo
Quadros (op. cit. p. 28) “o profissional intérprete também deve ter formação
específica na área de sua atuação”.
De acordo com as respostas obtidas pelos demais participantes da pesquisa
o estudante surdo, após sua inclusão em sala de aula regular passou a ser
valorizado e respeitado como cidadão. Além disso, a inclusão favoreceu a auto-
estima. Percebemos então muitos pontos positivos na inserção de alunos surdos em
classes regulares.
Outro aspecto apontado pelos participantes da pesquisa foi à troca de
experiências e o desejo de aprender Libras pelos estudantes ouvintes. Verificamos,
assim, que esse movimento sinalizado pelos ouvintes, possibilita um crescimento e
uma melhor comunicação dos estudantes no âmbito escolar. À medida que, as
trocas de idéias e experiências podem ser feitas na língua de sinais propiciando um
maior envolvimento e gerando um intercâmbio entre estudantes ouvintes e surdos.
Resultando assim em uma verdadeira inclusão e contribuindo para o crescimento
profissional e pessoal de todos os envolvidos, visto que, as diferenças possibilitam a
aprendizagem. Segundo Werneck (1997) quando há uma interação espontânea em
situações diferenciadas torna-se mais fácil adquirir o genuíno conhecimento.
3.3. Transformações no ensino-aprendizagem com a inserção da Libras
A inserção da Libras no âmbito escolar possibilitou várias transformações.
Como afirma Skliar (2001) houve significativas mudanças na educação de surdos
tanto nas concepções ideológicas quanto na organização educacional. E uma
dessas mudanças é considerar a língua de sinais como primeira língua.
Conforme as respostas obtidas pelos professores, foram apontados dois
pontos relevantes. O primeiro diz respeito às transformações ocorridas no processo
de ensino-aprendizagem dos estudantes surdos. Segundo o relato dos professores
a Libras facilitou o entendimento das disciplinas e a interação do ensino-
aprendizagem.
13
A esse respeito Goldfeld (1997) afirma que a língua de sinais atende todas as
necessidades de comunicação e cognitivas do surdo. Isso confirma o relato dos
professores em sua prática pedagógica, no que diz respeito ao ensino-
aprendizagem, uma vez que a inserção da Libras tem resultado em uma melhor
compreensão das disciplinas, além disso, o surdo tem apreendido os conteúdos de
maneira mais satisfatória, resultando, assim, em um maior êxito na vida educacional.
Conforme postula Cabral (2002, p. 25), “O acesso a sua própria língua é que permite
ao surdo a liberdade para aprender, ensinar, pesquisar e divulgar sua cultura”.
O segundo ponto é em relação ao professor na busca de especializações que
os capacitem a trabalhar com estudantes surdos. Não se restringindo, assim, a
aprender apenas a língua de sinais, uma vez que uma especialização nessa área
permite um conhecimento mais amplo do sujeito surdo, como sua cultura,
identidade, dentre outros.
È importante lembrar que as formações continuadas também assumem um
papel decisivo nessa formação, pois complementa e auxilia o desenvolvimento
profissional e supre deficiências com relação às diferenças dos alunos e a presença
destes em classes regulares.
No entanto, Werneck (2004, p. 61) afirma que:
(...) enquanto os cursos e as universidades que formam professores
não tiverem como ponto de honra conscientizá-los de que alunos com
deficiência são responsabilidade de todos os educadores, e não
apenas do profissional que se interessa por educação especial,
caminharemos feitos tartarugas.
Então, percebemos que uma conscientização por parte das instituições de
ensino, formadoras de futuros educadores, poderá desencadear um maior interesse
por novas pesquisas não somente por quem trabalha diretamente com educação de
surdos, mas, por todos envolvidos no sistema educacional.
3.4. O atual perfil do estudante surdo falante da Libras
Conforme já discutimos, durante muito tempo o surdo foi tratado com piedade
e compaixão. Segundo Goldfeld (1997), a sociedade apresentava aspectos
negativos em relação a essas pessoas, que eram marginalizados e não tinham
nenhum direito assegurado. Cabral (2002) afirma que o surdo no século XIX foi
14
privado de exercer sua linguagem, sendo proibidos de gestualizar. Apenas no século
seguinte é que eles adquiriram o direito de ter a língua de sinais como primeira
língua.
Atualmente percebemos que o olhar da sociedade mudou em relação a
pessoa surda, pois, de acordo com os dados coletados na pesquisa de campo, o
surdo passou a ser visto como uma pessoa mais segura e consciente. Entretanto,
toda mudança é processual e lenta, por isso acreditamos que ainda há muito a ser
feito para que cheguemos a uma educação de qualidade na qual o surdo possa ter
pleno acesso.
A língua de sinais possibilitou ao surdo o reconhecimento de sua identidade
enquanto sujeito, o qual deixa de ser visto como incapaz e passa a ter direito como
cidadão. Ao possuir uma língua, o surdo passou a se comunicar de maneira
consciente, tornando-se mais participativo, não apenas na sala de aula, como nas
relações sociais.
Essa comunicabilidade tem sido ampliada após a interação entre ouvintes e
surdos no âmbito escolar. Mediante uma inclusão que vai além da mera aceitação
do surdo na escola. Pois, à medida que esse sujeito tem acesso aos conhecimentos
através da sua língua através de um intérprete, ele passa, também, a participar de
forma ativa e participativa igualmente aos ouvintes. O surdo como dominador de sua
língua, deixa de ser surdo-mudo e passa a ser visto apenas como surdo, uma vez
que ele não é mudo, pois ele tem uma língua e faz uso dela para conseguir seus
direitos. Com isso, tem alcançado respeito na comunidade escolar.
Um dos professores apontou para a dificuldade na estruturação da Língua
Portuguesa, levantando a necessidade de uma melhor apropriação do português
escrito. Entendemos, com isso, que há uma necessidade da escola rever o processo
de ensino da Língua Portuguesa, pois, segundo Cabral (2002), como a Libras não
possui sua forma escrita, o surdo deve aprender o português escrito para se inserir
na comunidade letrada. Porém, para que esse aprendizado seja completo é
necessária à apropriação da língua de sinais. Pois a Libras vai funcionar como
mediadora para a aquisição da segunda língua. Como vimos em Quadros (1997, p.
99):
A escrita exige habilidades especificas que só podem ser
desenvolvidas quando se tem o domínio da linguagem. Dessa forma, os
15
surdos precisam dominar a língua de sinais, pois é nessa língua que
eles aprendem que palavras, frases, sentenças e parágrafos significam
algo e que palavras devem ser situadas em um contexto.
Os métodos de ensino de língua portuguesa para surdos ainda não são
satisfatórios, pois se baseiam na oralidade. E para que haja realmente um resultado
satisfatório, Sampaio (2007) afirma que, é preciso valorizar o conteúdo semântico
em detrimento a forma dos textos. Sendo o trabalho de o professor oportunizar,
desenvolver e despertar o gosto e o prazer pela leitura e escrita nos alunos.
Em função dos dados analisados percebemos que o processo educacional dos
surdos sofreu várias influências ao longo dos anos. Sendo a mais relevante a
inserção da Libras no âmbito escolar. Esta inserção tornou o surdo mais seguro,
participativo e consciente. Como afirma Cabral (2002), o ensino da Libras deve ter a
finalidade de inserir o surdo na sociedade de maneira crítica e participativa, para que
ele possa exercer a cidadania, como é direito de todo cidadão.
De acordo com a pesquisa realizada, vimos que na prática docente os
professores constatam que a Libras exerceu e vem exercendo grande influência no
processo educacional de estudantes surdos. Além disso, a inserção desses
estudantes em salas de aula regular contribuiu para a socialização da língua de
sinais não apenas entre surdos, como também entre ouvintes. Hoje os surdos estão
mais comunicativos, com isso, buscam novos conhecimentos e a compreensão dos
ouvintes através de trocas de experiências, conquistando o respeito da comunidade
escolar e da sociedade.
O presente artigo pode gerar uma reflexão na sociedade geral e em especial
na comunidade escolar, esperamos, então, que sejam abertos novos espaços para
essas reflexões e que se encontrem mais artigos dessa natureza. Para que se possa
trabalhar uma verdadeira inclusão de estudantes surdos no âmbito educacional e na
sociedade como um todo, respeitando-o como cidadão e dando subsídios para o seu
desenvolvimento.
Nos limites desse trabalho foram discutidos pontos relevantes no processo
educacional do estudante surdo, tendo como aspectos positivos às transformações
ocorridas no âmbito escolar, como foram vistas anteriormente. Propomos, assim,
que sejam desenvolvidas novas pesquisas científicas as quais abordem esse tema:
Educação de Surdos, que é tão amplo. Podendo ser utilizados alguns tópicos que
16
foram discutidos nesse artigo, como base em novos estudos. Pretendemos,
posteriormente, aprofundar esse tema com vistas à influência da surdez na
aprendizagem: mitos e verdades, bem como, a função do tradutor e intérprete de
Libras no processo educacional dos surdos, entre outros.
4. Referências Bibliográficas
CABRAL, G. Algumas considerações sobre o ensino do português escrito, como
segunda língua para surdos. In: A discriminação em questão II. / Estudos surdos.
Secretaria da Educação. Diretoria de Política e Programas Educacionais. Diretoria
Executiva de Educação Especial. – Recife: Secretaria de Educação, 2002 – p.17-22.
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FERNANDES, E. (org.) Surdez e bilingüismo. Porto Alegre: Mediação, 2005.
GÓES, M.C.R.de. Linguagem, surdez e educação. Campinas, SP: Autores
Associados, 1996.
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QUADROS, R. M. Educação de surdos a aquisição da linguagem. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1997.
__________,KARNOPP, L.B. Língua de sinais brasileira: estudos lingüísticos. Porto
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Lingüística na América do Sul- CIPLA, 2006, João Pessoa - PB. Língua(s) e povos:
unidade e diversidade. João Pessoa- PB: Idéia, 2006. p. 408-414.
17
_____________ A construção de textos na escrita de surdos: estratégias do sujeito
na transição entre sistemas lingüísticos. Dissertação (Mestrado em Linguagem e
Ensino). Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa, 2007.
SKLIAR, C. Perspectivas políticas e pedagógicas da educação bilíngüe para surdos.
In. SILVA, S. e VIZIM, M. (org). Educação especial: múltiplas leituras e diferentes
significados. Campinas, SP: Mercado de Letras: Associação de Leitura do Brasil –
ALB, 2001. p. 85-107
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Associados; Bragança Paulista, SP: EDUSF, 1999.
VILELA, G.B. Proposta de inclusão e mudanças de paradigmas sofridas pelas
escolas nos dias atuais. Revista Construirnotícias. Recife, n.27, p.14-16, março/abril,
2006.
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___________. Pensamento e Linguagem. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
WERNECK, C. Ninguém mais vai ser bonzinho, na sociedade inclusiva. Rio de
Janeiro: WVA,1997.

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A influncia da libras no processo educacional de estudantes surdos em escola regular (1)

  • 1. A INFLUÊNCIA DA LIBRAS NO PROCESSO EDUCACIONAL DE ESTUDANTES SURDOS EM ESCOLA REGULAR Danielle Mirelli da Silva Araújo1 Marcelle de Castro e Silva2 Wilma Pastor de Andrade Sousa3 RESUMO: O presente artigo aborda aspectos da educação de surdos, tendo como objetivo principal analisar a influência da Língua Brasileira de Sinais - Libras no currículo escolar de estudantes surdos inseridos em sala de aula regular. Para isto, foi feita uma pesquisa bibliográfica com a finalidade de se discutir pontos relacionados com a história da educação de surdos, seus processos cognitivos e a língua de sinais. A seguir, realizamos um questionário com quatro professores que atuam com estudantes surdos inseridos em sala de aula regular para compreender as mudanças ocorridas após a inserção da Libras no âmbito escolar. A partir dos resultados obtidos observamos que a inserção da Libras no ensino regular tem proporcionado melhores condições no ensino-aprendizagem desses estudantes. Palavras-chave: Libras, estudantes surdos, escola regular. _______________________________________________________________ 1. Introdução Ao longo da história da humanidade encontramos registros de que durante muitos anos as pessoas que nasciam com algum tipo de deficiência eram afastadas do convívio social. Na história da educação do surdo, desde seus primórdios, havia pouca compreensão da psicologia acerca dos problemas cognitivos apresentados pelos surdos, além disso, esses indivíduos eram colocados em asilos e afastados da sociedade da qual faziam parte. Segundo Goldfeld (1997), os surdos eram tratados com piedade e vistos como pessoas castigadas pelos deuses, sendo abandonados ou sacrificados. A surdez e a conseqüente mudez eram confundidas com uma inferioridade de inteligência. E até o século quinze foi visto como uma pessoa primitiva que não poderia ser educado. 1 Graduanda em Pedagogia pela UFPE- e-mail: danim.araujo@bol.com.br 2 Graduanda em Pedagogia pela UFPE- e-mail: marcelle_de_castro@yahoo.com.br 3 Mestre e Doutoranda em Lingüística pela UFPB- Docente do curso de Pedagogia da FACHO e de Fonoaudiologia da FIR – e-mail: wilmapastor@ig.com.br
  • 2. 2 Atualmente, como a inclusão é um movimento mundial, as pessoas estão vivendo no campo da educação mudanças nas qual a inclusão envolve um processo de reforma e reestruturação das escolas como um todo. Como afirma Vilela (2004 p. 16) Uma das dimensões do processo de inclusão social é a inclusão escolar: conjunto de políticas, igualmente públicas ou particulares, que buscam levar a escolarização a todos os segmentos humanos da sociedade, com ênfase na infância e juventude. Tal inclusão escolar deve ter um sentido amplo, não incluindo apenas por incluir um aluno com necessidades educativas especiais na sala de aula regular, mas sim adaptar a escola às necessidades dos estudantes. Segundo Werneck (1997) o princípio de normalização4 é o que rege a integração e a inclusão, tal principio oferece a esses alunos recursos institucionais e profissionais adequados para que se desenvolva como pessoa, estudante e cidadão. Werneck (op. cit.) ainda afirma que “normalizar uma pessoa não significa torná-la normal. Significa dar a ela o direito de ser diferente e ter suas necessidades reconhecidas e atendidas pela sociedade”. Nesse contexto, este trabalho tem como temática principal a educação dos surdos com ênfase na influência exercida pela Língua Brasileira de Sinais – Libras durante sua trajetória na educação. Com base na literatura consultada e a partir de nossos interesses pessoais, levantamos o seguinte questionamento: Com a inclusão de estudantes surdos em classes regulares e a inserção da Libras no currículo escolar, o surdo deixa de ser visto como um estudante com déficit cognitivo? A partir desse questionamento, defendemos a hipótese de que a inclusão de estudantes surdos em salas de aula regular, bem como a inclusão da Libras no âmbito escolar, possibilitou ao surdo ser visto através de um novo olhar, ou seja, não mais como uma pessoa com déficit cognitivo, ou inferioridade de inteligência, mas com potencial para aprender igual aos outros estudantes ouvintes. O que nos motivou a desenvolver esse projeto de pesquisa foram as dificuldades que as pessoas surdas têm ao inserir-se na sociedade, quando lhes 4 Normalizar uma pessoa não significa torná-la normal. Significa dar a ela o direito de ser diferente e ter suas necessidades reconhecidas e atendidas pela sociedade. WERNECK (1997, p.51)
  • 3. 3 falta, parcial ou totalmente, o meio de comunicação utilizado pela imensa maioria das pessoas: a linguagem oral. Pretendemos com esse trabalho analisar as possíveis mudanças ocorridas com a inserção da Libras no currículo escolar, retratando a atual visão do professor para com o estudante surdo após a inclusão da mesma. Acreditamos que essa pesquisa favorecerá a nossa prática pedagógica enquanto educadoras e enriquecerá a nossa vida pessoal e social, à medida que pretendemos analisar a relação do professor com o estudante surdo e identificar as mudanças ocorridas após a inserção da Libras na escola. Este estudo terá como base teórica alguns autores que desenvolveram trabalhos voltados para estudo da pessoa surda, bem como sua linguagem e cognição. Dentre eles destacamos Soares (1999), Vygotsky (1994), Quadros (1997; 2004), Fernandes (2003) e Goldfeld (1997), os quais nortearão nossa pesquisa ampliando nossos conhecimentos e dando subsídios ao nosso trabalho de conclusão de curso. 2. Educação de surdos 2.1. Breve histórico da educação de surdos Buscando na história da educação informações significativas sobre o atendimento educacional às pessoas com deficiência, pudemos constatar que, até o século XVIII, as noções a respeito da deficiência eram basicamente ligadas ao misticismo e ocultismo. Não havendo base científica para o desenvolvimento de noções realistas. Porém, no início do século XX, com os avanços da medicina, vários estudiosos decidiram analisar algumas patologias com a finalidade de resolver cada questão especificamente. Com o aparecimento de novas filosofias educacionais para surdos, como a Comunicação Total e, mais recentemente, o Bilingüismo, a língua de sinais ressurgiu associada, em algumas correntes, à forma oral. Segundo Goldfeld (1997), a Comunicação Total defende a utilização de todos os recursos lingüísticos, orais ou visuais, simultaneamente, privilegiando a comunicação e não apenas a língua. A Filosofia Bilíngüe acredita que o surdo deve adquirir a língua de sinais como língua
  • 4. 4 materna5 e a de seu país como segunda língua, vale ressaltar que, segundo Goldfeld (op. cit.), uma corrente defende que a língua do país deve ser adquirida apenas na modalidade escrita, outra, no entanto, acredita que o surdo deve adquirir a língua do seu país nas duas modalidades, oral e escrita. O que ambas concordam é o fato de a língua de sinais ser adquirida desde cedo como primeira língua. De acordo com Skliar (2001 p. 85) Nas últimas três décadas produziu-se uma significativa mudança na educação dos surdos, tanto no que se refere às concepções ideológicas quanto à organização educacional e escolar... uma maior tendência a considerar a língua de sinais como primeira língua, discussão sobre as didáticas em relação a segundas línguas, mudanças no currículo escolar, presença de instrutores surdos nas escolas etc. A preocupação dos educadores atualmente é respeitar a autonomia das línguas de sinais e estruturar um plano educacional que não afete a experiência psicossocial e lingüística da criança surda. De acordo com Quadros (1997), a língua de sinais é uma língua natural adquirida de forma espontânea pela criança surda, quando a mesma está em contato com usuários dessa língua, diferente da língua oral que necessita ser ensinada de forma sistematizada. Porém ser natural não significa ser inata, pois ela deve ser apreendida nas diferentes situações de interação entre seus usuários. Segundo Skiliar (apud SAMPAIO, 2007, p.29) “língua natural deve ser entendida como uma língua que foi criada e é utilizada por uma comunidade especifica de usuários, que se transmite de geração em geração, e que muda – tanto estrutural como funcionalmente- com o passar do tempo”. Daí o direito de a criança surda ter no processo educacional o acesso pleno a língua de sinais. Para Cabral (2002), até o final do século XVI os surdos eram considerados inaptos para o ensino e não possuíam direitos legais. Porém podemos ainda observar vestígios dessa época, presentes no Código de Processo Civil Brasileiro6 . Com o código de Justino de 529 surgiu a possibilidade de desenvolver a expressão escrita dos surdos, para que os mesmos pudessem tratar dos próprios assuntos e 5 Língua que se adquire naturalmente, ou seja, não há um impedimento para sua aquisição. SAMPAIO (2007, p.29) 6 No Código de Processo Civil Brasileiro art. 405, parágrafo 1º, inciso IV que considera os surdos incapazes, comparados aos que sofrem de demência ou debilidade mental. SAMPAIO (2007, p.48).
  • 5. 5 administrar suas heranças, comunicando-se através da escrita. Esse código é o primeiro no qual se encontra referência à escrita do surdo. Cabral (2002) afirma que em 1880, no século XIX, os surdos foram proibidos de gestualizar e a aprendizagem da língua oral passou a ser prioridade em detrimento de toda a educação. Segundo Goldfeld (1997), nesse período houve um congresso em Milão para decidir a melhor forma de escolarizar os surdos. Em confronto com o ensino por meio de sinais, venceu o oralismo, o qual sofreu grande influência do famoso Graham Bell, cuja esposa era surda. Interessante é que não foi dado aos professores surdos o direito de votar. Somente no século XX, após a realização do Congresso Mundial em San Laus, organizado pelos surdos, foi que a língua de sinais voltou a ser a primeira língua, inclusive no Brasil, apesar de ser apenas um subsídio para a aquisição do português oral. Segundo Goldfeld (op. cit.), a educação de surdos no Brasil teve início no segundo império, com a chegada do educador francês Hernest Huet. Em 1857, foi fundado o Instituto Nacional de surdos-mudos, atual Instituto Nacional de Educação dos Surdos (INES), que inicialmente utilizava a língua de sinais, mas que em 1911 passou a adotar o oralismo puro. Na década de 70, com a visita de Ivete Vasconcelos, educadora de surdos da Universidade Gallaudet, chegou ao Brasil a filosofia da Comunicação Total, e na década seguinte, a partir das pesquisas da professora lingüista Lucinda Ferreira Brito sobre a Língua Brasileira de Sinais e da professora Eulália Fernandes, sobre a educação de surdos, o Bilingüismo passou a ser difundido. No final da década de 90 do século XX foi que a Libras7 passou a ser direito do cidadão surdo, adquirindo maior visibilidade e tendo uma dimensão sociológica e política. No entanto, como afirma Sampaio (2007, p. 69) “Há décadas, entidades e instituições vêm lutando para incluí-la – ao lado da língua portuguesa- como língua materna que tenha acesso e uso prático em ampla escala. A lei determina que os serviços públicos de saúde garantam atendimento e tratamento adequado aos portadores de necessidades especiais. Porém, não os obriga a ter intérpretes, o que impossibilita o atendimento. Serviços públicos, supermercados, bancos e a maioria das escolas públicas também 7 A Libras foi oficializada em 1991 e só em 2002 foi aprovada como decreto de Lei. SAMPAIO (2007, p. 69).
  • 6. 6 não possuem funcionários com conhecimento da LIBRAS, o que torna o surdo um brasileiro ainda sem direito à cidadania”. Daí a mudança de olhar dos profissionais ouvintes, que passaram a ver o surdo como um falante da língua de sinais, que ainda têm muito que lutar por seus direitos. Soares (1999) define como principal objetivo da educação de surdos capacitar os estudantes para que os mesmos possam adquirir um código lingüístico e possuir certa instrumentalização para o trabalho. Para Goldfeld (1997), das três filosofias educacionais (Oralismo, Comunicação Total e Bilingüismo) o Bilingüismo atualmente está tendo grande destaque no cenário da educação brasileira. 2.2. A linguagem e os processos cognitivos do surdo A linguagem desempenha um papel importante no desenvolvimento humano, visto que, as crianças desenvolvem sua linguagem logo no início da vida, através de sons, gestos e expressões faciais. Ao buscarmos compreender a história da linguagem humana, vimos em Oliveira (1997) que existe a trajetória do pensamento desvinculado da linguagem e a trajetória da linguagem independente do pensamento, e quando essas duas trajetórias se unem a linguagem se torna verbal e o pensamento racional. Para Quadros (2004), a língua começou a se desenvolver pela necessidade que os seres humanos tinham de interagir com o outro, a fim de sobreviverem e trabalharem reciprocamente. Surge, então, a primeira função da língua, a de ser a comunicação e a expressão do pensamento. No entanto, Vygotsky (1998) atenta para o fato de que o problema da cognição no surdo está nas condições de acesso a uma língua e que o mesmo precisa organizar sua interação verbal através de processos comunicativos alternativos, como por exemplo, a língua de sinais. No decorrer da história, os seres humanos tentaram aprimorar as formas de linguagem existente para suprir suas necessidades. Como afirma Oliveira (1997 p. 45) Para agir coletivamente e de formas cada vez mais sofisticadas, o grupo humano teve de criar um sistema de comunicação que permitisse troca de informações específicas, e ação no mundo com
  • 7. 7 base em significados compartilhados pelos vários indivíduos empenhados no projeto coletivo. Oliveira (1997) ressalta que existe uma fase pré-verbal no desenvolvimento do pensamento e uma fase pré-intelectual no desenvolvimento da linguagem, antes de o pensamento e a linguagem se associar. Ao observar a relação entre aprendizado e desenvolvimento, Vygotsky (1994), destaca que as crianças concebem seu aprendizado antes de irem à escola, e que o aprendizado e desenvolvimento se relacionam desde o primeiro dia de vida da criança. Dessa forma, acreditamos que se for criado um ambiente lingüístico apropriado para a criança surda provavelmente facilitará seu desenvolvimento e consequentemente seu aprendizado. Como afirma Fernandes (2005 p. 18) (...) através da aquisição de um sistema simbólico, como é o da língua, o ser humano descobre novas formas de pensamento, transformando sua concepção de mundo. Tendo em vista estas colocações, torna-se bastante claro, portanto, que propiciar à pessoa surda a exposição a uma língua o mais cedo possível, obedecendo às fases naturais de sua aquisição é fundamental ao seu desenvolvimento. Privá-la desse direito, sob qualquer alegação, é desrespeitá-la em sua integridade. Portanto, devemos propiciar um ambiente lingüístico que desenvolva a linguagem e a cognição da criança surda, para não haver problemas na sua comunicação. Nesse sentido, Goldfeld (1997, p. 53) afirma que: “(...) os problemas comunicativos e cognitivos da criança surda não têm origem na criança e sim no meio social em que ela está inserida que frequentemente não é adequado, ou seja, não utiliza uma língua que esta criança tenha condições de adquirir de forma espontânea, a língua de sinais”. 4. Línguas de sinais Desde o início do ensino formal os profissionais envolvidos com pessoas surdas têm centrado seus esforços no estudo e debate sobre procedimentos que privilegiam ou não a linguagem gestual. Essa preocupação está sempre relacionada a duas considerações: a de que a grande parte dos professores de surdos são ouvintes e de que o meio social e cultural nos quais os surdos estão inseridos são, também, de ouvintes.
  • 8. 8 Segundo Quadros (2004, p.19), “A língua brasileira de sinais é uma língua visual-espacial articulada através das mãos, das expressões faciais e do corpo. É uma língua natural usada pela comunidade surda brasileira”. Logo, é acessível ao surdo visto que o mesmo não precisa da integridade auditiva para adquirir uma língua na modalidade visuo-espacial. Como os surdos precisam se comunicar de alguma forma, tanto com os ouvintes quanto com os outros surdos. Então, desde cedo começam a adquirir uma linguagem própria para se desenvolverem. Conforme Fernandes (2003 p.38), “a garantia do domínio de uma língua desde os primeiros meses de idade é fator fundamental para o desenvolvimento natural do indivíduo.” Assim’, entendemos a luta que há em defesa pela a aquisição da língua de sinais como a língua materna do surdo. De acordo com Karnopp e Quadros (2004), a língua de sinais é denominada língua de modalidade gestual-visual, pois a informação lingüística é recebida pelos olhos e produzida pelas mãos, ou seja, através de gestos. Ao contrário das línguas orais auditivas a exemplo do português. Fernandes (2003 p. 39) ressalta o seguinte conceito acerca das línguas de sinais: As línguas de sinais são sistemas abstratos de regras gramaticais, naturais das comunidades de indivíduos surdos que as utilizam. Como todas as línguas oral-auditivas, não são universais, isto é, cada comunidade lingüística tem a sua. Assim, há uma língua de sinais inglesa, uma americana, uma francesa e várias outras, e vários países, bem como a brasileira. Além de ser produzida pelas mãos, a Libras, assim como outras línguas de sinais, utiliza também movimentos no corpo e expressões na face, para alcançar à comunicação pretendida. Conforme afirma Quadros (2004), as línguas de sinais, por serem visual-espaciais, apresentam uma riqueza de expressividade diferente das línguas orais. Apesar de os argumentos serem favoráveis à aprendizagem da língua de sinais, existem obstáculos para sua concretização. Tais obstáculos vão além de habilidades manuais, pois, a competência na língua de sinais depende, também, do conhecimento de como a própria comunidade de surdos se organiza, através do
  • 9. 9 contato extra-institucional do professor com os surdos. Tal contato é reduzido devido às limitações de oportunidades para que isso ocorra. Além disso, os surdos, no contato com os ouvintes, realizam adaptações e ajustes na língua de sinais, visando a um melhor entendimento. Então, percebemos a importância dessa língua na vida do surdo, como afirma Goldfeld (1997), a língua de sinais seria a única língua que o surdo poderia dominar plenamente e que serviria para todas as suas necessidades de comunicação e cognitivas. Segundo Quadros (1997) o processo de aquisição da língua de sinais é equivalente ao processo de aquisição das línguas faladas. Pois, nos estágios da aquisição da linguagem (período pré-lingüístico, estágio das primeiras combinações, estágios das múltiplas combinações) compreendemos que crianças ouvintes e crianças surdas passam pelos mesmos estágios sem haver grandes disparidades. Então quanto mais cedo à criança surda for apresentada a sua língua materna, ela terá facilidade no desenvolvimento de sua linguagem. Contudo, para que haja uma comunicação de melhor qualidade, não é suficiente apenas o ensino da Libras, a presença de um intérprete8 é imprescindível no âmbito educacional para que ocorra de fato uma troca de conhecimentos. Segundo Quadros (2004), o intérprete é o mediador entre pessoas que não falam a mesma língua, não interferindo, na medida do possível, no processo comunicativo. Entendemos que cabe aos nossos educadores reconhecer e lutar pela Libras e pela presença de um intérprete, para que os mesmos sejam sistematizados efetivamente no âmbito escolar, contribuindo, assim, para uma melhor formação do surdo e conseqüentemente sua inclusão social. Pois, segundo Quadros (op.cit. p. 28) “quando há carência de intérpretes de língua de sinais, a interação entre surdos e pessoas que desconhecem a língua de sinais fica prejudicada”. Este trabalho tem, pois como objetivo analisar as possíveis mudanças ocorridas com a inserção da Libras no âmbito escolar. Trata-se, portanto, de uma pesquisa de caráter qualitativo, a qual consiste em analisar as possíveis mudanças ocorridas com a inserção da Libras no currículo escolar e a inclusão de estudantes surdos em classes regulares. 8 Intérprete é o profissional que domina a língua de sinais e a língua falada do país e que é qualificado para desempenhar a função de interprete. QUADROS (2004, p.27).
  • 10. 10 Após uma revisão bibliográfica com base em livros, revistas e artigos científicos que tratam da temática em questão: a educação do surdo. Realizamos a pesquisa de campo em uma escola da rede pública estadual de ensino na cidade do Recife (PE). Participaram dessa pesquisa quatro professores voluntários que atuam há mais de cinco anos com estudantes surdos inseridos em sala de aula regular. Foi aplicado um questionário (anexo 2) composto por cinco perguntas (objetivas e subjetivas) com o devido consentimento (anexo 1), por escrito, de cada um dos participantes. Diante da falta de disponibilidade dos profissionais em responder o questionário no ato da entrega, fez-se necessário um segundo encontro para recebimento do material deixado pelos mesmos na secretaria da escola. Com base nos resultados obtidos na pesquisa de campo, através do questionário aplicado, discutiremos os tópicos a seguir. 3. A Libras no âmbito escolar: possibilidades de inclusão. A influência da surdez na aprendizagem Considerando que a grande maioria das crianças surdas são filhas de pais ouvintes e que o aprendizado da língua de sinais tem início tardiamente, ou seja, quando a criança entra na escola. Percebemos que isso dificulta o desenvolvimento da linguagem, pois como Vygotsky (1994) afirma, as crianças iniciam seu aprendizado antes de irem à escola. Observamos com base na amostra obtida que uma grande parte dos professores acredita que a surdez exerce influência na aprendizagem. Isso demonstra, ainda, a concepção equivocada, em nossa opinião de que o aluno surdo possui problemas de aprendizagem por causa da falta de audição. Como vimos anteriormente, o surdo foi visto por muito tempo como uma pessoa com déficit cognitivo, entretanto, esse conceito parece não ter mudado ainda no meio dos profissionais que atuam diretamente com esse público. Atualmente já está comprovado que não é a surdez que interfere na aprendizagem, mas a falta de acesso a língua de sinais desde cedo. Segundo Goldfeld (1997, p. 55),
  • 11. 11 “Hoje, sabe-se que estas dificuldades cognitivas são decorrentes do atraso de linguagem, mas a comunidade geral ainda não tem esta compreensão e em muitas situações ainda percebe-se o surdo sendo tratado como um incapaz.”. No entanto, não é nossa intenção nesse trabalho aprofundar esse tópico, pois a linguagem está inserida em um campo muito amplo e pode ser objeto de estudo em uma futura pesquisa nessa área. 3.2. A inclusão do estudante surdo na escola regular A inclusão surge no panorama educacional sob uma nova perspectiva de rever as concepções de educação, de ensinar e de aprender. Sendo assim, percebemos a necessidade de criar meios para trabalhar nesse sentido. A inserção de estudantes surdos na sala de aula regular passa por uma discussão muito além do que é visto, pois apenas incluir o estudante surdo em salas regulares sem dar subsídios para ele se desenvolver não proporcionará resultados positivos. Como afirma Werneck (1997), o princípio de normalização é o que rege a integração e a inclusão, tal princípio oferece a esses estudantes recursos institucionais e profissionais adequados para que se desenvolva como pessoa, estudante e cidadão. Para que haja uma real inclusão desses estudantes é imprescindível à presença de um intérprete de Libras. Conforme a afirmação de um dos professores a presença de intérpretes nas salas de aula facilitou a compreensão do surdo. Nesse sentido Sampaio (2006) afirma que a grande queixa dos surdos é a carência de intérpretes e a falta de qualificação desses para atuarem com eles no âmbito escolar, uma vez que, esses profissionais não devem apenas ter o domínio da língua de sinais, mas o estar familiarizado com o conteúdo a ser trabalhado. Dessa forma, seria ideal a presença de um professor-intérprete9 . Nesse contexto, Quadros (2004) explicita que é fundamental a presença de um intérprete, pois sua carência na interação entre surdos e ouvintes pode implicar nas dificuldades da comunicação em termos educacionais. Entendemos, com isso, 9 Profissional que domina o conteúdo de sua disciplina e têm fluência em língua de sinais. SAMPAIO (2006, p. 414)
  • 12. 12 que a presença do intérprete na sala de aula regular facilita o acesso as informações veiculadas durante as aulas. Proporcionando, assim, mais clareza e compreensão ao surdo no processo de ensino-aprendizagem. Entretanto, é necessário que esse intérprete seja devidamente qualificado e capaz de interpretar na íntegra as idéias expostas pelos educadores. Segundo Quadros (op. cit. p. 28) “o profissional intérprete também deve ter formação específica na área de sua atuação”. De acordo com as respostas obtidas pelos demais participantes da pesquisa o estudante surdo, após sua inclusão em sala de aula regular passou a ser valorizado e respeitado como cidadão. Além disso, a inclusão favoreceu a auto- estima. Percebemos então muitos pontos positivos na inserção de alunos surdos em classes regulares. Outro aspecto apontado pelos participantes da pesquisa foi à troca de experiências e o desejo de aprender Libras pelos estudantes ouvintes. Verificamos, assim, que esse movimento sinalizado pelos ouvintes, possibilita um crescimento e uma melhor comunicação dos estudantes no âmbito escolar. À medida que, as trocas de idéias e experiências podem ser feitas na língua de sinais propiciando um maior envolvimento e gerando um intercâmbio entre estudantes ouvintes e surdos. Resultando assim em uma verdadeira inclusão e contribuindo para o crescimento profissional e pessoal de todos os envolvidos, visto que, as diferenças possibilitam a aprendizagem. Segundo Werneck (1997) quando há uma interação espontânea em situações diferenciadas torna-se mais fácil adquirir o genuíno conhecimento. 3.3. Transformações no ensino-aprendizagem com a inserção da Libras A inserção da Libras no âmbito escolar possibilitou várias transformações. Como afirma Skliar (2001) houve significativas mudanças na educação de surdos tanto nas concepções ideológicas quanto na organização educacional. E uma dessas mudanças é considerar a língua de sinais como primeira língua. Conforme as respostas obtidas pelos professores, foram apontados dois pontos relevantes. O primeiro diz respeito às transformações ocorridas no processo de ensino-aprendizagem dos estudantes surdos. Segundo o relato dos professores a Libras facilitou o entendimento das disciplinas e a interação do ensino- aprendizagem.
  • 13. 13 A esse respeito Goldfeld (1997) afirma que a língua de sinais atende todas as necessidades de comunicação e cognitivas do surdo. Isso confirma o relato dos professores em sua prática pedagógica, no que diz respeito ao ensino- aprendizagem, uma vez que a inserção da Libras tem resultado em uma melhor compreensão das disciplinas, além disso, o surdo tem apreendido os conteúdos de maneira mais satisfatória, resultando, assim, em um maior êxito na vida educacional. Conforme postula Cabral (2002, p. 25), “O acesso a sua própria língua é que permite ao surdo a liberdade para aprender, ensinar, pesquisar e divulgar sua cultura”. O segundo ponto é em relação ao professor na busca de especializações que os capacitem a trabalhar com estudantes surdos. Não se restringindo, assim, a aprender apenas a língua de sinais, uma vez que uma especialização nessa área permite um conhecimento mais amplo do sujeito surdo, como sua cultura, identidade, dentre outros. È importante lembrar que as formações continuadas também assumem um papel decisivo nessa formação, pois complementa e auxilia o desenvolvimento profissional e supre deficiências com relação às diferenças dos alunos e a presença destes em classes regulares. No entanto, Werneck (2004, p. 61) afirma que: (...) enquanto os cursos e as universidades que formam professores não tiverem como ponto de honra conscientizá-los de que alunos com deficiência são responsabilidade de todos os educadores, e não apenas do profissional que se interessa por educação especial, caminharemos feitos tartarugas. Então, percebemos que uma conscientização por parte das instituições de ensino, formadoras de futuros educadores, poderá desencadear um maior interesse por novas pesquisas não somente por quem trabalha diretamente com educação de surdos, mas, por todos envolvidos no sistema educacional. 3.4. O atual perfil do estudante surdo falante da Libras Conforme já discutimos, durante muito tempo o surdo foi tratado com piedade e compaixão. Segundo Goldfeld (1997), a sociedade apresentava aspectos negativos em relação a essas pessoas, que eram marginalizados e não tinham nenhum direito assegurado. Cabral (2002) afirma que o surdo no século XIX foi
  • 14. 14 privado de exercer sua linguagem, sendo proibidos de gestualizar. Apenas no século seguinte é que eles adquiriram o direito de ter a língua de sinais como primeira língua. Atualmente percebemos que o olhar da sociedade mudou em relação a pessoa surda, pois, de acordo com os dados coletados na pesquisa de campo, o surdo passou a ser visto como uma pessoa mais segura e consciente. Entretanto, toda mudança é processual e lenta, por isso acreditamos que ainda há muito a ser feito para que cheguemos a uma educação de qualidade na qual o surdo possa ter pleno acesso. A língua de sinais possibilitou ao surdo o reconhecimento de sua identidade enquanto sujeito, o qual deixa de ser visto como incapaz e passa a ter direito como cidadão. Ao possuir uma língua, o surdo passou a se comunicar de maneira consciente, tornando-se mais participativo, não apenas na sala de aula, como nas relações sociais. Essa comunicabilidade tem sido ampliada após a interação entre ouvintes e surdos no âmbito escolar. Mediante uma inclusão que vai além da mera aceitação do surdo na escola. Pois, à medida que esse sujeito tem acesso aos conhecimentos através da sua língua através de um intérprete, ele passa, também, a participar de forma ativa e participativa igualmente aos ouvintes. O surdo como dominador de sua língua, deixa de ser surdo-mudo e passa a ser visto apenas como surdo, uma vez que ele não é mudo, pois ele tem uma língua e faz uso dela para conseguir seus direitos. Com isso, tem alcançado respeito na comunidade escolar. Um dos professores apontou para a dificuldade na estruturação da Língua Portuguesa, levantando a necessidade de uma melhor apropriação do português escrito. Entendemos, com isso, que há uma necessidade da escola rever o processo de ensino da Língua Portuguesa, pois, segundo Cabral (2002), como a Libras não possui sua forma escrita, o surdo deve aprender o português escrito para se inserir na comunidade letrada. Porém, para que esse aprendizado seja completo é necessária à apropriação da língua de sinais. Pois a Libras vai funcionar como mediadora para a aquisição da segunda língua. Como vimos em Quadros (1997, p. 99): A escrita exige habilidades especificas que só podem ser desenvolvidas quando se tem o domínio da linguagem. Dessa forma, os
  • 15. 15 surdos precisam dominar a língua de sinais, pois é nessa língua que eles aprendem que palavras, frases, sentenças e parágrafos significam algo e que palavras devem ser situadas em um contexto. Os métodos de ensino de língua portuguesa para surdos ainda não são satisfatórios, pois se baseiam na oralidade. E para que haja realmente um resultado satisfatório, Sampaio (2007) afirma que, é preciso valorizar o conteúdo semântico em detrimento a forma dos textos. Sendo o trabalho de o professor oportunizar, desenvolver e despertar o gosto e o prazer pela leitura e escrita nos alunos. Em função dos dados analisados percebemos que o processo educacional dos surdos sofreu várias influências ao longo dos anos. Sendo a mais relevante a inserção da Libras no âmbito escolar. Esta inserção tornou o surdo mais seguro, participativo e consciente. Como afirma Cabral (2002), o ensino da Libras deve ter a finalidade de inserir o surdo na sociedade de maneira crítica e participativa, para que ele possa exercer a cidadania, como é direito de todo cidadão. De acordo com a pesquisa realizada, vimos que na prática docente os professores constatam que a Libras exerceu e vem exercendo grande influência no processo educacional de estudantes surdos. Além disso, a inserção desses estudantes em salas de aula regular contribuiu para a socialização da língua de sinais não apenas entre surdos, como também entre ouvintes. Hoje os surdos estão mais comunicativos, com isso, buscam novos conhecimentos e a compreensão dos ouvintes através de trocas de experiências, conquistando o respeito da comunidade escolar e da sociedade. O presente artigo pode gerar uma reflexão na sociedade geral e em especial na comunidade escolar, esperamos, então, que sejam abertos novos espaços para essas reflexões e que se encontrem mais artigos dessa natureza. Para que se possa trabalhar uma verdadeira inclusão de estudantes surdos no âmbito educacional e na sociedade como um todo, respeitando-o como cidadão e dando subsídios para o seu desenvolvimento. Nos limites desse trabalho foram discutidos pontos relevantes no processo educacional do estudante surdo, tendo como aspectos positivos às transformações ocorridas no âmbito escolar, como foram vistas anteriormente. Propomos, assim, que sejam desenvolvidas novas pesquisas científicas as quais abordem esse tema: Educação de Surdos, que é tão amplo. Podendo ser utilizados alguns tópicos que
  • 16. 16 foram discutidos nesse artigo, como base em novos estudos. Pretendemos, posteriormente, aprofundar esse tema com vistas à influência da surdez na aprendizagem: mitos e verdades, bem como, a função do tradutor e intérprete de Libras no processo educacional dos surdos, entre outros. 4. Referências Bibliográficas CABRAL, G. Algumas considerações sobre o ensino do português escrito, como segunda língua para surdos. In: A discriminação em questão II. / Estudos surdos. Secretaria da Educação. Diretoria de Política e Programas Educacionais. Diretoria Executiva de Educação Especial. – Recife: Secretaria de Educação, 2002 – p.17-22. FERNANDES, E. Linguagem e surdez. Porto Alegre: Artmed, 2003. FERNANDES, E. (org.) Surdez e bilingüismo. Porto Alegre: Mediação, 2005. GÓES, M.C.R.de. Linguagem, surdez e educação. Campinas, SP: Autores Associados, 1996. GOLDFELD, M. A criança surda: linguagem e cognição numa perspectiva sócio- interacionista. São Paulo: Plexus, 1997. OLIVEIRA, M.K.de. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento: um processo sócio- histórico. São Paulo: Scipione, 1997. QUADROS, R. M. Educação de surdos a aquisição da linguagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. __________,KARNOPP, L.B. Língua de sinais brasileira: estudos lingüísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004. SAMPAIO, M.J.A. Uma reflexão sobre o surdo enquanto minoria lingüística: direitos lingüísticos também são direitos humanos. In: Congresso Internacional de Política Lingüística na América do Sul- CIPLA, 2006, João Pessoa - PB. Língua(s) e povos: unidade e diversidade. João Pessoa- PB: Idéia, 2006. p. 408-414.
  • 17. 17 _____________ A construção de textos na escrita de surdos: estratégias do sujeito na transição entre sistemas lingüísticos. Dissertação (Mestrado em Linguagem e Ensino). Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa, 2007. SKLIAR, C. Perspectivas políticas e pedagógicas da educação bilíngüe para surdos. In. SILVA, S. e VIZIM, M. (org). Educação especial: múltiplas leituras e diferentes significados. Campinas, SP: Mercado de Letras: Associação de Leitura do Brasil – ALB, 2001. p. 85-107 SOARES, M.A.L. A educação do surdo no Brasil. Campinas, SP: Autores Associados; Bragança Paulista, SP: EDUSF, 1999. VILELA, G.B. Proposta de inclusão e mudanças de paradigmas sofridas pelas escolas nos dias atuais. Revista Construirnotícias. Recife, n.27, p.14-16, março/abril, 2006. VYGOSTSKY, L.S. A formação Social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1994. ___________. Pensamento e Linguagem. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998. WERNECK, C. Ninguém mais vai ser bonzinho, na sociedade inclusiva. Rio de Janeiro: WVA,1997.