SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 14
Baixar para ler offline
CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE GÊNERO E RELIGIÃO, 4., 2016, São Leopoldo.
Anais do Congresso Latino-Americano de Gênero e Religião. São Leopoldo: EST, v. 4, 2016. | p.569-582
A IGREJA CATÓLICA E AS MULHERES NO CONTEXTO DA ROMANIZAÇÃO NO
RIO GRANDE DO SUL.
The Catholic Church and the women in the Romanization Context in Rio Grande do Sul.
Vanildo Luiz Zugno*1
Resumo
A partir da análise de relatórios institucionais e correspondências pessoais dos missionários
capuchinhos da Província de Saboia que, no final do século XIX e início do séc. XX
desenvolveram intenso processo de evangelização na metade norte do Rio Grande do Sul, o
trabalho investiga o discurso eclesial sobre as mulheres no contexto de romanização da
igreja católica no estado. Na análise, três são os grupos priorizados: as mulheres dos
imigrantes italianos, as mulheres dos “brasileiros” e as mulheres religiosas de vida
consagrada. Preliminarmente, podemos afirmar que o discurso da Igreja em relação à
mulher no contexto da imigração não é uniforme. Há o discurso a respeito da mulher
imigrante exalta seu papel como filha obediente, esposa e mãe fiel à família e à igreja; o
discurso sobre as “mulheres brasileiras” que são instadas a enquadrar-se no modelo da
mulher imigrante; o discurso sobre a mulher religiosa consagrada que é chamada a tomar
um papel educativo proeminente na Igreja e na sociedade, mas sempre sob as ordens do
clero. Em todos eles, nega-se qualquer protagonismo à mulher e com isso reforça-se seu
papel submisso, tanto na igreja como na sociedade.
Palavras-chave: Mulheres. Imigração. Igreja Católica. Romanização.
Abstract
From the analysis of the institutional reports and personal correspondence of the Capuchin
Missionaries of the Savoy Province at the end of the XIX Century and at the beginning of the
XX Century was developed an intense process of evangelization at the center of the northern
section of Rio Grande do Sul this matter investigates the ecclesial discourse regarding
women in the romanization context of the state of the Catholic Church. There are three
priority groups in the analysis: The immigrant Italian women, the Brazilian women, and the
consecrated religious women. First of all, we can affirm that the church's discourse relative
*
Doutorando em Teologia na Faculdades EST (São Leopoldo, RS). Este artigo faz parte da pesquisa em vista de
tese de doutoramento sobre “Os capuchinhos e o processo de romanização no Rio Grande do Sul” sob a
direção do Prof. Dr. Wilhelm Wachholz. O autor é bolsista CNPQ-Brasil. Endereço: zugno1965@hotmail.com
CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE GÊNERO E RELIGIÃO, 4., 2016, São Leopoldo.
Anais do Congresso Latino-Americano de Gênero e Religião. São Leopoldo: EST, v. 4, 2016. | p. 569-582
570
to women in the context of immigration is not uniform. There is a discourse about immigrant
women that exalts it's roll as an obedient daughter, wife, and faithful mother to the family
and to the church, the discourse about "brazilian women" that are motivated to go into the
immigrant women pattern; the discourse about consecrated religious women that is called
to have an important educational preeminent roll in the church and in society, but always
beneath clergy orders. All of them deny women any leadership and in doing so it reinforces
her submissive roll in the church and in society.
Keywords: Women. Immigration. Catholic Church. Romanization
Considerações Iniciais
Os estudos sobre a condição das mulheres na história brasileira vem avançando
significativamente e, com eles, também os conhecimentos sobre a condição das mulheres na
Igreja e o discurso que os agentes eclesiásticos sobre ela elaboraram no decorrer do tempo.
Conforme Del Priore, no processo de construção da sociedade colonial, ser mulher significou
“ser mãe”, “casada”, “boa esposa”, “humilde, obediente e devota”. Isso foi possível através
de “um eficaz adestramento digerido no cotidiano e consolidado no correr do tempo” que
fazia as mulheres esquecerem e negarem a sua condição real de “mãe dos filhos ilegítimos
de seu marido, a companheira de um bígamo, a manceba do padre, a concubina de um
primo casado”.2
O casamento como dever – não o revestido do amor romântico como o era
na Europa da época – passou a ser o ideal apresentado, tanto pela sociedade como pela
Igreja, para toda mulher. Gerar filhos para manter viva a aristocracia e o sistema colonial era
obrigação moral das mulheres.3
Isso, claro, para as mulheres brancas. Às mulheres indígenas e negras a sorte
reservada era mais cruel. Apesar dos ingentes esforços de alguns pregadores, era consenso
no Brasil colonial “[...] que para essa gente bruta não são os matrimónios, pois tanto que
casaram, deixam assim os maridos como as mulheres, de fazer vida entre si, e se entregam a
maiores pecados depois de casados”.4
Como relata Benci, além de impedir que se casassem
e, deste modo evitassem viver em pecado, os senhores as “violentam e obrigam as suas
2
DEL PRIORE, Mary. As atitudes da Igreja em face da mulher no Brasil colônia. In: MARCÍLIO, Maria Luiza (org).
Família, mulher, sexualidade e Igreja na História do Brasil. São Paulo: Loyola, 1985. p. 171-173.
3
AZZI, Riolando. A Igreja na Formação da Sociedade Brasileira. Aparecida: Santuário, 2008. p. 37-40.
4
BENCI, Jorge. Economia Cristã dos Senhores no Governo dos Escravos. São Paulo: Grijalbo, 1977. p. 103.
CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE GÊNERO E RELIGIÃO, 4., 2016, São Leopoldo.
Anais do Congresso Latino-Americano de Gênero e Religião. São Leopoldo: EST, v. 4, 2016. | p. 569-582
571
escravas a pecarem” e, não contentes com isso, as obrigam à prostituição como modo de
aumentar ainda mais os seus lucros.5
A Independência não significou uma mudança substantiva para a maioria da
população brasileira e, de modo especial, a das mulheres. A continuidade do sistema
escravocrata fez com que as relações sociais permanecessem as mesmas do período
colonial. Apenas nos centros urbanos sentiam-se as mudanças e as tensões entre a nova
classe emergente, a burguesia agrária cafeeira e a industrial e a velha nobreza agrária
latifundiária e escravocrata. A abolição do sistema escravocrata em 1889 e, sua
consequência política, o fim do Império e o estabelecimento do sistema republicano,
marcam o início de um novo período, marcado pela hegemonia do projeto burguês que irá
impulsionar profundas transformações na sociedade brasileira.6
Para a Igreja Católica do Brasil, a separação do Estado aparece como a
oportunidade para livrar-se do jugo do padroado e implantar a reforma que a levaria ao
alinhamento com Roma e ao resgate de sua identidade.7
A reforma do clero e a introdução
de congregações religiosas masculinas e femininas de origem europeia, alinhadas com o
espírito ultramontano e capacitadas para, através da educação, da imprensa e da catequese,
formar um novo tipo de católico, foram centrais na estratégia da Igreja que, alinhando-se
cada vez mais com o ideal romano, enfrenta o Estado republicado e tenta manter a
hegemonia sobre a sociedade.8
Mas há outro campo em que igreja e estado também se enfrentaram. É o espaço da
família e da vida pessoal. Ao instituir o casamento civil, o registro público de nascimento e
5
BENCI, 1977, p. 121-122.
6
AZZI, 2008, p. 67-72
7
Por Padroado entendemos a forma como o sistema de Cristandade se articulou no Brasil colonial e, depois da
Independência, no Brasil Império. Na definição de Richard, por cristandade entende-se “[...] uma forma
determinada de relação entre a Igreja e a sociedade civil, relação cuja mediação fundamental é o Estado”
(RICHARD, Pablo. A morte das cristandade e nascimento da igreja. Análise histórica e interpretação teológica da
Igreja na América Latina. 2 ed. revista e ampliada. São Paulo: Paulinas, 1982. p. 9). Segundo o autor, o mais
importante na definição não são os três polos – igreja, sociedade civil e estado -, mas a relação de mútua
instrumentalização entre igreja e estado e que tem como objetivo manter o controle sobre a sociedade.
8
AZZI, 2008, p. 74-84. Conforme Azzi, quatro são as principais características do movimento reformador. É um
movimento tridentino, pois visa adequar a igreja do Brasil às formulações dogmáticas e às normas eclesiásticas
decorrentes do Concílio de Trento que, até aquele momento, não havia m recebido o placet do Imperador para
serem aplicadas no Brasil. É romano, pois quer purificar o catolicismo no Brasil dos elementos das culturas
ibéricas, africanas e indígenas com as quais se havia amalgamado durante os quatrocentos anos anteriores. É
episcopal pois não responde nem às aspirações do povo e nem do clero e é imposto pela autoridade dos bispos
muitas vezes contra a vontade do clero e do povo. Finalmente, é clerical pois tem como eixo estruturante a
formação de um novo clero que, a partir de sua ação pastoral, renovará o povo (AZZI, Riolando. Os bispos
reformadores. A segunda evangelização do Brasil. Brasília: SER, 1992. p. 15).
CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE GÊNERO E RELIGIÃO, 4., 2016, São Leopoldo.
Anais do Congresso Latino-Americano de Gênero e Religião. São Leopoldo: EST, v. 4, 2016. | p. 569-582
572
óbito e o cemitério público, o Estado passa a disputar com a Igreja o controle sobre a vida
das pessoas.9
A reação da Igreja não se faz esperar. Para recuperar o espaço perdido e
manter o existente, a hierarquia escolhe três prioridades: “a sacralidade do matrimônio, a
indissolubilidade do vínculo e a dependência da mulher”.10
Na sociedade patriarcal, esta
última, a dependência da mulher, é apresentada como a pedra de toque capaz de manter a
sacralidade e a indissolubilidade do matrimônio. A “prole numerosa” e a “dedicação
exclusiva da mulher ao lar” são os instrumentos para garantir a estabilidade da e a
preservação dos valores da família católica.
As mulheres nos relatos dos Capuchinhos franceses no Rio Grande do Sul
A presença no Brasil dos capuchinhos franceses da Província de Savóia deu-se,
como a de outras congregações religiosas, dentro da perspectiva de romanização da Igreja
Católica. A primeira presença remonta a 1853 quando, por um período de 25 anos, dirigiram
o Seminário da Diocese de São Paulo formando toda uma geração de sacerdotes e bispos na
perspectiva ultramontana.11
Menos de 20 anos depois, a convite de Dom Cláudio José Ponce
de Leão, Bispo de Porto Alegre, os frades de Savoia retornam ao Brasil. O interesse de Dom
Cláudio é ter padres para atender pastoralmente a imensa diocese e as sucessivas levas de
imigrantes alemães, italianos e poloneses que aqui chegam. Aos capuchinhos interessa
encontrar um lugar de refúgio para a formação dos jovens franceses, fora da França, para
fugir ao serviço militar obrigatório. Frei Bruno de Gillonnay e Frei Leão de Montsapey são
designados para a visita de inspeção ao lugar da futura instalação. Acompanha-os o Ministro
Provincial, Frei Raphael de La Roche.12
Depois da passagem em Porto Alegre onde negociam com o bispo o local de
instalação, os frades se dirigem a Garibaldi e ali iniciam seu trabalho missionário de
pregadores ambulantes e administradores de sacramentos. Num primeiro momento, sua
ação se restringe à região de colonização italiana. A partir de 1901, primeiramente com
missões populares e, a partir de 1903 quando assumem a administração da Paróquia de
9
GOMES, Edgar da Silva. A separação Estado-Igreja (1890). Uma análise da Pastoral Coletiva do episcopado
brasileiro ao Marechal Deodoro da Fonseca, 2006, 238 p. Dissertação (Mestrado). Pontifícia Faculdade de
Teologia Nossa Senhora da Assunção, São Paulo, 2006. p. 125-128.
10
AZZI, 2008, p. 85.
11
MARTINS, Patrícia Carla de Melo. Conservadorismo, educação e tomismo no Império Brasileiro. Revista
Brasileira de História das Religiões, Ano I, n. 3, pp. 239-257, Jan. 2009.
12
ZAGONEL, Carlos Albino. Província do Rio Grande do Sul. Sagrado Coração de Jesus. In: ZAGONEL, Carlos
Albino (Org.). Capuchinhos no Brasil. Porto Alegre, CCB, 2001. p. 353-379. Esta nota: p. 353-354.
CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE GÊNERO E RELIGIÃO, 4., 2016, São Leopoldo.
Anais do Congresso Latino-Americano de Gênero e Religião. São Leopoldo: EST, v. 4, 2016. | p. 569-582
573
Vacaria e o Seminário Diocesano de Porto Alegre, a ação dos capuchinhos se estende
também à região habitada por “brasileiros”.13
Formados dentro do espírito da estrita
fidelidade ao Papa e às normas romanas, os frades contribuem, em sua ação pastoral, para a
implementação do novo tipo de igreja em curso. Analisaremos nos tópicos a seguir o
discurso dirigida pelos frades a três grupos de mulheres: as mulheres – esposas e filhas – dos
imigrantes italianos, as mulheres dos “brasileiros” e as mulheres religiosas de vida
consagrada.
As mulheres italianas
A população migrante italiana que aportou ao Rio Grande do Sul já havia, em sua
maioria, passado pelo processo de romanização nas suas terras de origem, no norte da
Itália.14
Assim descreve Manfrói, de forma idílica, o modelo ideal da família católica no
ambiente da imigração italiana:
A participação das celebrações litúrgicas, nos domingo e dias de festa, era uma
obrigação moral, pois só o praticante era considerado pessoa de fé, digno de
estima e aceitação dos demais. O sacerdote gozava da mais alta consideração e
suas palavras tinham, em geral, a persuasão da lei. Essa educação eles a
receberam, desde o berço, em suas regiões de origem, principalmente no Vêneto,
onde a presença da religião e do clero era determinante na vida da sociedade.
15
O discurso da família imigrante que se mantém fiel às suas origens católicas e às
normas da Igreja já era apresentado por Frei Bruno de Gillonnay em seu relatório a Dom
Scalabrini, por ocasião de sua visita ao Rio Grande do Sul em 1904:
Este sistema de colonização favorece [...] a pureza de costumes, a conservação e o
desenvolvimento da família cristã. [...] Desta maneira, reina uma grande pureza de
costumes nas famílias. As crianças, dia e noite, conservam, facilmente, a inocência.
Os pais, eles mesmos ocupados e isolados, amam-se mutuamente e conservam
fidelidade a seus deveres.
16
A realidade do dia a dia era, no entanto, muito diferente. Conforme os relatos de
Frei Bernardin D’Apremont em seu diário de missionário, a realidade familiar do imigrante
italiano nem sempre se adequava ao tipo ideal propugnado pelo clero.
13
“Brasileiros” eram chamados todos os habitantes do Brasil que não tinham origem migratória recente. O
termo braseiro podia incluir os povos autóctones, os africanos, os portugueses e os mestiços destes grupos.
14
RAMBO, A. Balduíno. Restauração católica no Sul do Brasil. História: Questões & Debates, Curibita, n. 36, p.
279-304, 2002. p. 292.
15
MANFROI, Olívio. A colonização italiana no Rio Grande do Sul; implicações econômicas, políticas e culturais.
Porto Alegre: Grafosul e Instituto Estadual do Livro, 1975. p. 157.
16
GILLONAY, Bruno de. Relatório de Frei Bruno a Dom Scalabrini, bispo de Piacenza. In: D’APREMONT,
Bernardin; GILLONNAY, Bruno. Comunidades indígenas, brasileiras, polonesas e italianas no Rio Grande do Sul.
Porto Alegre: Escola Superior de Teologia São Lourenço de Bríndes; Caxias do Sul: UCS 1976. Pp. 244-248. p.
245.
CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE GÊNERO E RELIGIÃO, 4., 2016, São Leopoldo.
Anais do Congresso Latino-Americano de Gênero e Religião. São Leopoldo: EST, v. 4, 2016. | p. 569-582
574
Segundo Frei Bernardin, um dos problemas constatados pelos missionários e pelos
párocos da região de colonização italiana era causado pelo casamento realizado por casais
muito jovens. Devido ao grande número de filhos, com trinta anos, a mulher estava
envelhecida e, num ambiente familiar extremamente fechado, alguns pais abandonavam a
esposa e passavam a abusar sexualmente das filhas.17
Relações pré-matrimoniais eram frequentes e, em alguns casos, consentidas pelos
próprios pais das moças: “Há mães que dizem ao namorado da filha: Experimente-a. E
acontece.”18
Os casamentos arranjados ou feitos contra a vontade da moça resultavam muitas
vezes em suicídio por parte as mulheres.19
Outras vezes, as mulheres aparecem mortas,
dentro do ambiente doméstico, sem que ninguém conheça a razão de sua morte.20
Em
outros casos, a violência sexual precede o assassinato da mulher. Tal é o caso em que um
homem viola uma menina que trabalhava na sua casa. Quando se dá conta que a menina
estava grávida, mata-a e oculta o corpo no mato. Descoberto, não sofre qualquer tipo de
punição.21
O aborto como técnica para evitar os filhos resultantes da violência sexual cometida
pelo marido contra a própria esposa era conhecido entre as mulheres da região de
colonização italiana.22
Casos de traição que resultam, normalmente, em violência e assassinato da esposa,
também eram frequentes entre os colonos. Quando há a separação, a mulher é expulsa da
casa e é obrigada a partir sem nem um bem ou qualquer meio para sustentar seus filhos.23
17
“Mariage à un âge trop tendre. La femme est alors vieille à 30 ans; de là désordres faciles entre père et filles.
[...] Un fait semblable à La Palmira fut célèbre.” D’APREMONT, Bernardin. Journalier 5 (1898-1899), p. 76.
Archives des Capucins/11A. Apesar do escândalo, o caso de Linha Palmira parece que não teve solução
imediata, pois é novamente citado pelo autor em 1903 (D’APREMONT, Bernardin. Journalier 7 (1900-1903), p.
15. Archives des Capucins/11A).
18
“Des mères qui disent à ‘l’amoroso’ de leur fille: provi la. Et se fait. » D’APREMONT, Bernardin. Journalier 7
(1900-1903), p. 15. Archives des Capucins/11A.
19
D’APREMONT, Bernardin. Journalier 5 (1898-1899), p. 84. Archives des Capucins/11A ; D’APREMONT,
Bernardin. Journalier 7 (1900-1903), p. 200. Archive des Capucins/11A.
20
D’APREMONT, Bernardin. Journalier 6 (1899-1900), p. 75 ; 86. Archives des Capucins/11A.
21
D’APREMONT, Bernardin. Journalier 7 (1900-1903), p. 93. Archive des Capucins/11A.
22
Uma mulher da região de Garibaldi assim relata a Frei Bernardin o procedimento utilizado para evitar os
filhos: “Io obbedisco al marito, sí... Sono andata 4 volte al dottore, che, finalmente, m’há dato uma
machinettaa colla quale me libero e posso cosí, senza pericolo di parto, obbidire al marito.” (D’APREMONT,
Bernardin. Journalier 7 (1900-1903), p. 15. Archives des Capucins/11A).
23
D’APREMONT, Bernardin. Journalier 7 (1900-1903), p. 69-70. Archive des Capucins/11A.
CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE GÊNERO E RELIGIÃO, 4., 2016, São Leopoldo.
Anais do Congresso Latino-Americano de Gênero e Religião. São Leopoldo: EST, v. 4, 2016. | p. 569-582
575
Quando isso acontecia, no entanto, ficavam privados, ambos, dos sacramentos. Na
linha São Silvestre, em Conde d’Eu, um homem de avançada idade que vivia com uma
mulher que havia se separado do marido, solicitou ao Pe. Fronchetti a confissão e os
sacramentos. O pároco obriga-o a expulsar a mulher de casa para depois dar-lhe os
sacramentos. A mulher se recusa a sair da casa. O Padre, junto com outros homens, leva-a à
força da casa e, amarrada numa carroça, expulsa-a da localidade. No dia seguinte, o homem
recebe os sacramentos e morre.24
A prostituição também era uma realidade comum em todas as cidades de
colonização italiana. Em Garibaldi, no ano de 1900, três mulheres que exerciam a
prostituição instalaram-se em uma casa em frente ao convento das irmãs de São José. Fr.
Bruno e o pároco, João Fronchetti, escreveram ao Intendente exigindo a expulsão das três
mulheres da cidade. Elas partiram, mas oito dias depois regressaram. Como o intendente se
negasse a expulsá-las de novo, frei Bruno ameaça com a retirada das irmãs da cidade e dá
prazo até às 11 horas da manhã do dia 25 de fevereiro para que elas fossem retiradas
novamente da cidade. Ao se aproximar a hora, frei Bruno vai com uma carroça para a frente
da casa das irmãs com o propósito de começar a retirada. Diante do fato, começa o alvoroço
entre a população. Informado do fato, o intendente providencia imediatamente a retirada
das três mulheres.25
As normas da igreja em relação ao matrimônio eram podeeroso empecilho para a
regularização das situações familiares. As taxas exigidas pelos párocos para a realização dos
casamentos eram, para muitos colonos, um impedimento para a regularização da vida
familiar diante da igreja. Os casais que não formalizavam sua união na igreja através do
sacramento do matrimônio ficavam excluídos de toda participação na vida sacramental e
inclusive das bênçãos.26
A educação das filhas era extremamente rigorosa. Castigos físicos e a privação da
comida eram usados para inculcar nas filhas o respeito e a obediência aos pais e evitar que
elas caíssem em situações que comprometessem sua boa fama.27
Diante desta dura realidade que está, dia a dia, diante dos olhos dos missionários, o
discurso eclesial continua afirmando a obediência da mulher ao marido e dos filhos ao pai
24
D’APREMONT, Bernardin. Journalier 7 (1900-1903), p. 164. Archive des Capucins/11A.
25
D’APREMONT, Bernardin. Journalier 6 (1899-1900), p. 28-29. Archives des Capucins/11A.
26
D’APREMONT, Bernardin. Journalier 6 (1899-1900), p. 15. Archives des Capucins/11A.
27
D’APREMONT, Bernardin. Journalier 7 (1900-1903), p. 86. Archive des Capucins/11A.
CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE GÊNERO E RELIGIÃO, 4., 2016, São Leopoldo.
Anais do Congresso Latino-Americano de Gênero e Religião. São Leopoldo: EST, v. 4, 2016. | p. 569-582
576
como a única forma de construir uma verdadeira família católica. É o que expressa, em
editorial, o jornal “Il Colono Italiano”, editado em Garibaldi por Pe. João Fronchetti com a
colaboração dos capuchinhos franceses, indicando o caminho para a construção de uma
verdadeira família católica:
A família é um corpo, do qual o homem é o cérebro e a mulher o coração; no pai
domina o juízo e na mãe predomina o afeto. [...] Desse modo, é providencial a
união da mulher com o homem na educação dos filhos. Da mesma forma é
providencial que acima do coração da mãe seja colocado o juízo do pai, para que
este sirva àquele de guia, afim de que a ternura da mãe seja moderada pela
reflexão paterna, e, desse modo, na educação se alcance o bem material
juntamente com o moral dos filhos. A obra da educação dos filhos é resultado do
acordo entre pai e mãe, acordo que, ordinariamente, se dá apenas quando a
vontade da mulher se conforma àquela do marido, o sentimento dela se submete
ao juízo dele, desde que o tenha; isso porque o coração, na ordem moral, deve
submeter-se ao julgamento da razão.
28
As mulheres dos “brasileiros”
Em pouco tempo a missão dos capuchinhos no Rio Grande do Sul se estende para
além da região de imigração italiana e alcança as terras de Vacaria e Lagoa Vermelha
habitadas predominantemente por “brasileiros”. É uma realidade que foge ao esperado
pelos frades franceses, como o descreve Frei Bruno em carta de 25 de março de 1899:
A maioria dos Brasileiros da província do Rio Grande não têm de cristão mais que o
Batismo. Eles vivem e morrem sem instrução religiosa e sem Sacramentos. Quando
se lhes fala de confissão e de comunhão, eles respondem com toda a tranquilidade
que estes costumes não são conhecidos entre eles.
29
Ao relatar uma visita do bispo, acompanhado pelos missionários capuchinhos, em
um lugar habitado por “brasileiros”, Frei Bernardin d’Apremont mostra toda a importância
dada pelos missionários à disputa pela “alma das mulheres”, sejam elas jovens ainda não
casadas ou já senhoras mães de família. Vejamos primeiro o relato da conversão das jovens:
Numa das paróquias mais afastadas da região [...] o bispo coadjutor havia esgotado
todos os recursos de seu zelo e os de seus companheiros para atrair as almas de
boa vontade à prática dos sacramentos. O resultado era quase nulo. Os jovens
eram quase todos ímpios e haviam organizado um clube de oposição. Cada um
doutrinava uma jovem sobre quem exercia bastante influência, conforme o
costume da região, para servir-lhe de diretor de consciência, direção que consistia
em persuadi-la de que Deus é um mito. [...] Todavia, nos últimos dias da missão,
algumas jovens das melhores famílias do lugar [...] decidiram se confessar em
grupo e fazer uma comunhão geral. [...] Mal tinham elas entrado na Igreja, eis que
chega um numeroso batalhão de rapazes que, circundando-as, procuram dissuadi-
28
GENITORI, accordatevi. Il Colono Italiano, Anno I, n. 47, 29 gennaio 1910, p. 1.
29
GILLONNAY, Bruno de. A Igreja e os Capuchinhos no Rio Grande do Sul: correspondência (1895-1909). Porto
Alegre: EST, 2007. p. 130-131.
CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE GÊNERO E RELIGIÃO, 4., 2016, São Leopoldo.
Anais do Congresso Latino-Americano de Gênero e Religião. São Leopoldo: EST, v. 4, 2016. | p. 569-582
577
las do projeto, por palavras irônicas. A maioria não se deixou abalar, outras
capitularam. [...] Na manhã seguinte, o Senhor bispo se preparava para seguir
viagem. [...] Mas eis que de repente [...] um grupo de jovens pede para falar-lhe.
[...] “Senhor bispo”, diz a jovem encarregada de falar em nome de todas, “estamos
aqui para pedir-lhe perdão e gostaríamos que nos dissesse como poderíamos
reparar o mal que fizemos. [...] Sim, Senhor Bispo, temos vergonha de dizê-lo, mas
fomos covardes. Como as nossas amigas, queríamos nos confessar e receber a
santa comunhão. Receando as zombarias dos rapazes recuamos. Fomos covardes.
Tivemos vergonha da religião e de Jesus Cristo. Queremos nos confessar e
comungar. Os rapazes podem voltar, não temos receio deles. Acima de tudo,
queremos agradar a Deus”.
30
O relato sobre a conversão de uma senhora de importância é menos rico em
detalhes, mas não por isso menos revelador da importância que os missionários davam à
conversão das mulheres “brasileiras” como meio de garantir a ordem familiar e religiosa
dentro do novo paradigma religioso em implantação:
Aconteceu, também, numa cidade às margens do Uruguai, onde o mesmo D.
Pimenta, que estava em visita pastoral, insistia pregando a necessidade e a
obrigação dos sacramentos. [...] A esposa do mais importante chefe político do
lugar era muito boa, piedosa, dedicada à Igreja, mas à antiga moda brasileira, i. é.,
não frequentava os sacramentos, mas sempre ajudando as solenidades externas de
algumas festas religiosas do ano. A boa senhora não sentia nenhum entusiasmo em
levar as pessoas à confissão e à comunhão. Achava mesmo que nada conseguiriam.
O mais bonito, contudo, foi que no dia seguinte o Senhor Bispo, que devia celebrar
a Missão, não chegava, continuava retido no confessionário pela boa senhora que,
após ter dado publicamente o exemplo da confissão, apresentou-se com os outros
à mesa da Comunhão. Bispo e Vigário estavam encantados por tão feliz êxito.
31
No caso das jovens, o embate é ideológico. Graças à presença do bispo e dos
missionários, elas são libertadas da má influência dos jovens que as querem convencer da
inexistência de Deus e do caráter perverso da religião. Certamente está frei Bernardin aqui
pensando na influência positivista e maçônica junto à juventude.
No caso da senhora rica e influente, a disputa se dá no interior do próprio
catolicismo. A mulher passa de uma religiosidade “à antiga moda brasileira” a,
publicamente, através da confissão e da participação na Comunhão, dar exemplo público de
fé e de submissão à Igreja, na pessoa do Bispo que representa o modo correto de ser
católico.
Em ambos os casos, a submissão aos sacramentos e o reconhecimento da
autoridade do Bispo são a demonstração da vitória do novo projeto de Igreja sobre a
30
D’APREMONT, Bernardin. Missão dos religiosos franceses nas colônias do Rio Grande do Sul. In:
D’APREMONT, Bernardin; GILLONNAY, Bruno. Comunidades indígenas, brasileiras, polonesas e italianas no Rio
Grande do Sul. Porto Alegre: Escola Superior de Teologia São Lourenço de Bríndes; Caxias do Sul: UCS 1976. Pp.
13-222. Esta nota: p. 51-52.
31
D’APREMONT, 1976, p. 52.
CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE GÊNERO E RELIGIÃO, 4., 2016, São Leopoldo.
Anais do Congresso Latino-Americano de Gênero e Religião. São Leopoldo: EST, v. 4, 2016. | p. 569-582
578
ideologia que sustenta o estado republicano e o catolicismo brasileiro que precisa ser
purificado e enquadrado nos moldes romanos.
Num outro relato, muito similar ao segundo acima apresentado, a “dona da casa
[...] uma senhora imbuída de toda a impiedade moderna [e] com um espírito volteriano dos
mais inflexíveis”, depois de aceitar a confissão, “chamando os filhos e os empregados, dizia-
lhes, em tom autoritário e ao mesmo tempo materno, como é próprio das senhoras das
fazendas brasileiras: ‘Até agora só tinha falsas idéias sobre a religião em geral e, em
particular, sobre a confissão. [...] Vamos, preparem-se, o padre os confessará, um após o
outro”.32
Cabe ainda ressaltar que, em nenhum momento das duas descrições, é feita
qualquer referência à possível mudança dos jovens ou do “chefe político do lugar”, esposo
da senhora que se converte. A lógica do missionário é a que fica explícita no terceiro relato:
a partir da mãe, a “missionária do lar”, filhos, filhas e empregados – a velha casa patriarcal –
são convertidos à verdadeira fé católica.
As religiosas de vida consagrada.
Em carta ao Provincial de Savóia em 16 de julho de 1896, apenas seis meses após
sua chegada em Garibaldi, estão os primeiros registros de que já estão em andamento
tratativas com a finalidade de trazer religiosas francesas com a finalidade de ensinar e visitar
os doentes em suas casas.33
O projeto avançou e as Irmãs de São José de Moutiers chegam a
Garibaldi em 23 de dezembro de 1898 e a escola para meninas inicia atividades em 16 de
janeiro de 1899.
A relação dos missionários capuchinhos com as irmãs de São José foi sempre de
muita proximidade. Nas cartas de Frei Bruno elas aparecem com extrema frequência.34
O
mesmo acontece no relatório de Frei Bernardin.35
A presença e o trabalho delas é estimado
pelos frades e considerado indispensável à missão.36
Isso, no entanto, não é suficiente para
que possa se estabelecer uma relação de igualdade entre os dois grupos. Consciente ou
32
D’APREMONT, 1976, p. 68.
33
GILLONNAY, 2007, p. 37.
34
GILLONNAY, 2007.
35
D’APREMONT, 1976.
36
GILLONNAY, 2007, p. 37; 380.
CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE GÊNERO E RELIGIÃO, 4., 2016, São Leopoldo.
Anais do Congresso Latino-Americano de Gênero e Religião. São Leopoldo: EST, v. 4, 2016. | p. 569-582
579
inconscientemente, o sistema patriarcal de sociedade e igreja na qual os frades se situavam,
aflorava nos momentos de tensão.37
Em carta de 19 de maio de 1907, em resposta a questionamentos sobre seu
relacionamento com as irmãs, Frei Bruno responde violentamente à insinuação de que o
fato de manter-se como orientador espiritual e confessor fosse resultante da vontade da
coordenadora das irmãs: “Dizer que Irmã Margarida me fez renovar os poderes, é insinuar
que eu coloco mulheres nos meus conselhos. Ora, essa fraqueza eu não a tenho.”38
Para frei Bruno, “[...] sem direção, as religiosas se perdem no Brasil”.39
E isso não
pelas dificuldades da realidade brasileira e da missão, mas devido à deficiência da condição
feminina:
Se estas irmãs não tem de vez em quando um padre que as conheça e que as faça
prestar conta do estado de sua alma, o que se tornará sua vida religiosa dentro de
algum tempo? Eu digo um padre que as conheça, pois, a maior parte das mulheres
não se deixam conhece facilmente. Eu li em Sta. Teresa, mas não achava que fosse
tão verdadeiro. A Santa dizia a um padre que ele a fazia rir a dizer-lhe que conhecia
perfeitamente uma postulante; e ela acrescentava; ‘Nós, mulheres, dificilmente
nos conhecem, e eu conheço mulheres que se confessa a um padre há vários anos
sem que este as conheça ainda’”.
40
O medo de encontrar-se e ter que dialogar de igual a igual com mulheres que ele
não conhece e, está consciente, jamais vai poder conhecer, leva-o a refugiar-se no lugar a
partir do qual a instituição eclesial lhe permite autoridade sobre as irmãs que, sente ele,
nem sempre estão dispostas a submeter-se à sua autoridade:
Separar a direção da confissão, eu acho impossível; pois: 1) as mulheres não se dão
a conhecer fora do confessionário, e 2) o cara a cara no parlatório é cheio de
perigo: jamais eu me submeteria a isso nem o aconselharia.
41
O temor de Frei Bruno de que a falta de uma firme orientação levasse as irmãs a
“perder-se ou dar escândalo” não se realizou.42
Em poucos anos a presença das Irmãs de São
José se estendeu a todas as regiões do Rio Grande do Sul e sua atividade educativa e
37
SCHUSSLER FIORENZA, Elisabeth. Caminhos da Sabedoria. Uma introdução à interpretação bíblica feminista.
São Bernardo do Campo, SP: Nhanduti, 2009; SCHUSSLER FIORENZA, Elisabeth. Discipulado de Iguais. Uma
ekklesia-logia feminista crítica da libertação. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995; SCHUSSLER FIORENZA, Elisabeth. O rei
está nu: autocompreenção ekklesial democrática e autoridade romana kyriocrática. Concilium, Petrópolis, RJ, n.
281, p. 69-77, 1993.
38
GILLONNAY, 2006, p. 376
39
GILLONNAY, 2006, p. 377.
40
GILLONNAY, 2006, p. 377.
41
GILLONNAY, 2006, p. 378.
42
GILLONNAY, 2006, p. 381.
CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE GÊNERO E RELIGIÃO, 4., 2016, São Leopoldo.
Anais do Congresso Latino-Americano de Gênero e Religião. São Leopoldo: EST, v. 4, 2016. | p. 569-582
580
missionária ajudou a consolidar o projeto renovador da Igreja através da educação, da saúde
e da assistência social.43
Considerações Finais
Os frades capuchinhos franceses que vieram ao Rio Grande do Sul eram filhos de seu
tempo, de sua cultura e de sua igreja. Aqui chegaram e se dedicaram, de corpo e alma, ao
projeto de evangelização do qual faziam parte.
Em relação às mulheres, seu discurso não se afastou do da Igreja da época. Podemos
afirmar que, nas variantes que encontramos nos discursos conforme são dirigidos às mulheres
dos imigrantes, às “mulheres brasileiras” ou às mulheres pertencentes a congregações
religiosas, há uma constante: as mulheres são responsáveis pela transmissão da fé aos filhos e
pela manutenção da unidade familiar.
Segundo o discurso eclesial, a condição para realizar sua missão é a de, no âmbito da
família, manter-se submissa aos pais e ao marido e, no da igreja, ao poder do padre e do
bispo.
Tal modo de pensar faz parte das estruturas eclesiais obsoletas que o Documento de
Aparecida44
convida a transformar a fim de que a igreja possa responder aos novos desafios
que a sociedade apresenta à fé cristã nos dias de hoje.
Referências
AZZI, Riolando. A Igreja na Formação da Sociedade Brasileira. Aparecida: Santuário, 2008.
________. Os bispos reformadores. A segunda evangelização do Brasil. Brasília: SER, 1992.
BENCI, Jorge. Economia Cristã dos Senhores no Governo dos Escravos. São Paulo: Grijalbo,
1977.
CELAM. Documento de Aparecida. Texto conclusivo da V Conferência Geral do
Espiscopado Latino-americano e do Caribe. Brasília : CNBB; São Paulo: Paulus; São Paulo:
Paulinas, 2007.
43
D’APREMONT, 1976, p. 169-178.
44
CELAM. Documento de Aparecida. Texto conclusivo da V Conferência Geral do Espiscopado Latino-
americano e do Caribe. Brasília : CNBB; São Paulo: Paulus; São Paulo: Paulinas, 2007.
CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE GÊNERO E RELIGIÃO, 4., 2016, São Leopoldo.
Anais do Congresso Latino-Americano de Gênero e Religião. São Leopoldo: EST, v. 4, 2016. | p. 569-582
581
D’APREMONT, Bernardin. Journalier 5-7 (1898-1903), p. 76. Paris, Archives des
Capucins/11A.
________. Missão dos religiosos franceses nas colônias do Rio Grande do Sul. In:
D’APREMONT, Bernardin; GILLONNAY, Bruno. Comunidades indígenas, brasileiras,
polonesas e italianas no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Escola Superior de Teologia São
Lourenço de Bríndes; Caxias do Sul: UCS 1976.
DEL PRIORE, Mary. As atitudes da Igreja em face da mulher no Brasil colônia. In:
MARCÍLIO, Maria Luiza (org). Família, mulher, sexualidade e Igreja na História do Brasil.
São Paulo: Loyola, 1985.
GENITORI, accordatevi. Il Colono Italiano, Anno I, n. 47, 29 gennaio 1910.
GILLONAY, Bruno de. Relatório de Frei Bruno a Dom Scalabrini, bispo de Piacenza. In:
D’APREMONT, Bernardin; GILLONNAY, Bruno. Comunidades indígenas, brasileiras,
polonesas e italianas no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Escola Superior de Teologia São
Lourenço de Bríndes; Caxias do Sul: UCS 1976.
________. A Igreja e os Capuchinhos no Rio Grande do Sul: correspondência (1895-1909).
Porto Alegre: EST, 2007.
GOMES, Edgar da Silva. A separação Estado-Igreja (1890). Uma análise da Pastoral
Coletiva do episcopado brasileiro ao Marechal Deodoro da Fonseca, 2006, 238 p. Dissertação
(Mestrado). Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, São Paulo, 2006.
MANFROI, Olívio. A colonização italiana no Rio Grande do Sul; implicações econômicas,
políticas e culturais. Porto Alegre: Grafosul e Instituto Estadual do Livro, 1975.
MARTINS, Patrícia Carla de Melo. Conservadorismo, educação e tomismo no Império
Brasileiro. Revista Brasileira de História das Religiões, Ano I, n. 3, Jan. 2009.
RAMBO, A. Balduíno. Restauração católica no Sul do Brasil. História: Questões & Debates,
Curibita, n. 36, p. 279-304, 2002.
RICHARD, Pablo. A morte das cristandade e nascimento da igreja. Análise histórica e
interpretação teológica da Igreja na América Latina. 2 ed. revista e ampliada. São Paulo:
Paulinas, 1982.
SCHUSSLER FIORENZA, Elisabeth. Caminhos da Sabedoria. Uma introdução à
interpretação bíblica feminista. São Bernardo do Campo, SP: Nhanduti, 2009.
CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE GÊNERO E RELIGIÃO, 4., 2016, São Leopoldo.
Anais do Congresso Latino-Americano de Gênero e Religião. São Leopoldo: EST, v. 4, 2016. | p. 569-582
582
________. Discipulado de Iguais. Uma ekklesia-logia feminista crítica da libertação.
Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.
________. O rei está nu: autocompreenção ekklesial democrática e autoridade romana
kyriocrática. Concilium, Petrópolis, RJ, n. 281, 1993.
ZAGONEL, Carlos Albino. Província do Rio Grande do Sul. Sagrado Coração de Jesus. In:
ZAGONEL, Carlos Albino (Org.). Capuchinhos no Brasil. Porto Alegre, CCB, 2001..

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Texto-Base do 3º Congresso Missionário Nacional
Texto-Base do 3º Congresso Missionário NacionalTexto-Base do 3º Congresso Missionário Nacional
Texto-Base do 3º Congresso Missionário NacionalBernadetecebs .
 
Padroado no sertão negociação e conflito entre igreja e poder político em con...
Padroado no sertão negociação e conflito entre igreja e poder político em con...Padroado no sertão negociação e conflito entre igreja e poder político em con...
Padroado no sertão negociação e conflito entre igreja e poder político em con...UNEB
 
Os capuchihos de Saboia e a educação indígena no Rio Grande do Sul
Os capuchihos de Saboia e a educação indígena no Rio Grande do SulOs capuchihos de Saboia e a educação indígena no Rio Grande do Sul
Os capuchihos de Saboia e a educação indígena no Rio Grande do SulVanildo Zugno
 
Construção do catolicismo em conc. do coité da coloinização ao primeiro cente...
Construção do catolicismo em conc. do coité da coloinização ao primeiro cente...Construção do catolicismo em conc. do coité da coloinização ao primeiro cente...
Construção do catolicismo em conc. do coité da coloinização ao primeiro cente...UNEB
 
Resenha: A violência de gênero nas religiões afro-brasileiras
Resenha: A violência de gênero nas religiões afro-brasileirasResenha: A violência de gênero nas religiões afro-brasileiras
Resenha: A violência de gênero nas religiões afro-brasileirasSílvia Andrade
 
A prática social bíblica e as igrejas evangélicas da cidade de parnaiba – pi
A prática social bíblica e as igrejas evangélicas da cidade de parnaiba – piA prática social bíblica e as igrejas evangélicas da cidade de parnaiba – pi
A prática social bíblica e as igrejas evangélicas da cidade de parnaiba – piOaidson Silva
 
Dgae da igreja no brasil, dom eduardo 2
Dgae da igreja no brasil, dom eduardo 2Dgae da igreja no brasil, dom eduardo 2
Dgae da igreja no brasil, dom eduardo 2domeduardo
 
COMO FALAR DE DEUS HOJE?
COMO FALAR DE DEUS HOJE?COMO FALAR DE DEUS HOJE?
COMO FALAR DE DEUS HOJE?domeduardo
 
Folha de São Pedro - O Jornal da Paróquia de São Pedro (Salvador-BA) - Novemb...
Folha de São Pedro - O Jornal da Paróquia de São Pedro (Salvador-BA) - Novemb...Folha de São Pedro - O Jornal da Paróquia de São Pedro (Salvador-BA) - Novemb...
Folha de São Pedro - O Jornal da Paróquia de São Pedro (Salvador-BA) - Novemb...ParoquiaDeSaoPedro
 
Pensamento papa bento xvi sobre os meios comunicação
Pensamento  papa bento xvi sobre os meios comunicaçãoPensamento  papa bento xvi sobre os meios comunicação
Pensamento papa bento xvi sobre os meios comunicaçãodomeduardo
 
2 abordagem histórica do ensino religioso no brasil
2 abordagem histórica do ensino religioso no brasil2 abordagem histórica do ensino religioso no brasil
2 abordagem histórica do ensino religioso no brasilKlicia Souza
 
1 isaia o campo religioso brasileiro e suas transformações históricas
1   isaia o campo religioso brasileiro e suas transformações históricas1   isaia o campo religioso brasileiro e suas transformações históricas
1 isaia o campo religioso brasileiro e suas transformações históricasElisa Rodrigues
 
Cartilha sobre Intolerância Religiosa
Cartilha sobre Intolerância ReligiosaCartilha sobre Intolerância Religiosa
Cartilha sobre Intolerância ReligiosaAscomRenata
 
O projeto político participativo “mandato popular” em riachão do jacuípe
O projeto político participativo “mandato popular” em riachão do jacuípeO projeto político participativo “mandato popular” em riachão do jacuípe
O projeto político participativo “mandato popular” em riachão do jacuípeUNEB
 
Entre a casa e a roça: trajetórias de socialização no candomblé de habitantes...
Entre a casa e a roça: trajetórias de socialização no candomblé de habitantes...Entre a casa e a roça: trajetórias de socialização no candomblé de habitantes...
Entre a casa e a roça: trajetórias de socialização no candomblé de habitantes...Geraa Ufms
 
Considerações sobre a História do franciscanismo na idade média
Considerações sobre a História do franciscanismo na idade médiaConsiderações sobre a História do franciscanismo na idade média
Considerações sobre a História do franciscanismo na idade médiaEugenio Hansen, OFS
 
Homo Serviens - Sou feliz, sirvo à vida! Prof. Jaci Rocha Gonçalves
Homo Serviens - Sou feliz, sirvo à vida! Prof. Jaci Rocha GonçalvesHomo Serviens - Sou feliz, sirvo à vida! Prof. Jaci Rocha Gonçalves
Homo Serviens - Sou feliz, sirvo à vida! Prof. Jaci Rocha GonçalvesLuan Silva Gonçalves
 

Mais procurados (20)

Texto-Base do 3º Congresso Missionário Nacional
Texto-Base do 3º Congresso Missionário NacionalTexto-Base do 3º Congresso Missionário Nacional
Texto-Base do 3º Congresso Missionário Nacional
 
Padroado no sertão negociação e conflito entre igreja e poder político em con...
Padroado no sertão negociação e conflito entre igreja e poder político em con...Padroado no sertão negociação e conflito entre igreja e poder político em con...
Padroado no sertão negociação e conflito entre igreja e poder político em con...
 
Os capuchihos de Saboia e a educação indígena no Rio Grande do Sul
Os capuchihos de Saboia e a educação indígena no Rio Grande do SulOs capuchihos de Saboia e a educação indígena no Rio Grande do Sul
Os capuchihos de Saboia e a educação indígena no Rio Grande do Sul
 
Construção do catolicismo em conc. do coité da coloinização ao primeiro cente...
Construção do catolicismo em conc. do coité da coloinização ao primeiro cente...Construção do catolicismo em conc. do coité da coloinização ao primeiro cente...
Construção do catolicismo em conc. do coité da coloinização ao primeiro cente...
 
Resenha: A violência de gênero nas religiões afro-brasileiras
Resenha: A violência de gênero nas religiões afro-brasileirasResenha: A violência de gênero nas religiões afro-brasileiras
Resenha: A violência de gênero nas religiões afro-brasileiras
 
Cristianismo: uma utopia no sertão
Cristianismo: uma utopia no sertãoCristianismo: uma utopia no sertão
Cristianismo: uma utopia no sertão
 
A prática social bíblica e as igrejas evangélicas da cidade de parnaiba – pi
A prática social bíblica e as igrejas evangélicas da cidade de parnaiba – piA prática social bíblica e as igrejas evangélicas da cidade de parnaiba – pi
A prática social bíblica e as igrejas evangélicas da cidade de parnaiba – pi
 
Revista Virtual Ocds - Monte Carmelo n° 144 - Brasil
Revista Virtual Ocds - Monte Carmelo n° 144 - BrasilRevista Virtual Ocds - Monte Carmelo n° 144 - Brasil
Revista Virtual Ocds - Monte Carmelo n° 144 - Brasil
 
Dgae da igreja no brasil, dom eduardo 2
Dgae da igreja no brasil, dom eduardo 2Dgae da igreja no brasil, dom eduardo 2
Dgae da igreja no brasil, dom eduardo 2
 
COMO FALAR DE DEUS HOJE?
COMO FALAR DE DEUS HOJE?COMO FALAR DE DEUS HOJE?
COMO FALAR DE DEUS HOJE?
 
Co 2009 Ir Isabel
Co 2009   Ir  IsabelCo 2009   Ir  Isabel
Co 2009 Ir Isabel
 
Folha de São Pedro - O Jornal da Paróquia de São Pedro (Salvador-BA) - Novemb...
Folha de São Pedro - O Jornal da Paróquia de São Pedro (Salvador-BA) - Novemb...Folha de São Pedro - O Jornal da Paróquia de São Pedro (Salvador-BA) - Novemb...
Folha de São Pedro - O Jornal da Paróquia de São Pedro (Salvador-BA) - Novemb...
 
Pensamento papa bento xvi sobre os meios comunicação
Pensamento  papa bento xvi sobre os meios comunicaçãoPensamento  papa bento xvi sobre os meios comunicação
Pensamento papa bento xvi sobre os meios comunicação
 
2 abordagem histórica do ensino religioso no brasil
2 abordagem histórica do ensino religioso no brasil2 abordagem histórica do ensino religioso no brasil
2 abordagem histórica do ensino religioso no brasil
 
1 isaia o campo religioso brasileiro e suas transformações históricas
1   isaia o campo religioso brasileiro e suas transformações históricas1   isaia o campo religioso brasileiro e suas transformações históricas
1 isaia o campo religioso brasileiro e suas transformações históricas
 
Cartilha sobre Intolerância Religiosa
Cartilha sobre Intolerância ReligiosaCartilha sobre Intolerância Religiosa
Cartilha sobre Intolerância Religiosa
 
O projeto político participativo “mandato popular” em riachão do jacuípe
O projeto político participativo “mandato popular” em riachão do jacuípeO projeto político participativo “mandato popular” em riachão do jacuípe
O projeto político participativo “mandato popular” em riachão do jacuípe
 
Entre a casa e a roça: trajetórias de socialização no candomblé de habitantes...
Entre a casa e a roça: trajetórias de socialização no candomblé de habitantes...Entre a casa e a roça: trajetórias de socialização no candomblé de habitantes...
Entre a casa e a roça: trajetórias de socialização no candomblé de habitantes...
 
Considerações sobre a História do franciscanismo na idade média
Considerações sobre a História do franciscanismo na idade médiaConsiderações sobre a História do franciscanismo na idade média
Considerações sobre a História do franciscanismo na idade média
 
Homo Serviens - Sou feliz, sirvo à vida! Prof. Jaci Rocha Gonçalves
Homo Serviens - Sou feliz, sirvo à vida! Prof. Jaci Rocha GonçalvesHomo Serviens - Sou feliz, sirvo à vida! Prof. Jaci Rocha Gonçalves
Homo Serviens - Sou feliz, sirvo à vida! Prof. Jaci Rocha Gonçalves
 

Semelhante a Igreja Católica e as Mulheres na Romanização do RS

História da Igreja II: Aula 12: Protestantismo na AL e Brasil (parte 2)
História da Igreja II: Aula 12: Protestantismo na AL e Brasil (parte 2)História da Igreja II: Aula 12: Protestantismo na AL e Brasil (parte 2)
História da Igreja II: Aula 12: Protestantismo na AL e Brasil (parte 2)Andre Nascimento
 
antonio inacio ferraz-Congregaçáo Cristã do Brasil
antonio inacio ferraz-Congregaçáo Cristã do Brasilantonio inacio ferraz-Congregaçáo Cristã do Brasil
antonio inacio ferraz-Congregaçáo Cristã do BrasilANTONIO INACIO FERRAZ
 
via-sacra-sao-josemaria-escriva-pdf
via-sacra-sao-josemaria-escriva-pdfvia-sacra-sao-josemaria-escriva-pdf
via-sacra-sao-josemaria-escriva-pdfMariGiopato
 
Gênero e Religião,Poder e Identidade a Liderança Feminina na Igreja Evangelica
Gênero e Religião,Poder e Identidade a Liderança Feminina na Igreja EvangelicaGênero e Religião,Poder e Identidade a Liderança Feminina na Igreja Evangelica
Gênero e Religião,Poder e Identidade a Liderança Feminina na Igreja EvangelicaMiguel Braga
 
Candomblé e umbanda reginaldo prandi
Candomblé e umbanda reginaldo prandiCandomblé e umbanda reginaldo prandi
Candomblé e umbanda reginaldo prandiMoacir Carvalho
 
Macumbeiros e neopentecostais 27-ari-oro
Macumbeiros e neopentecostais   27-ari-oroMacumbeiros e neopentecostais   27-ari-oro
Macumbeiros e neopentecostais 27-ari-oroRita Candeu
 
Contribuição da vocação do leigo e da irmã da consolação na américa latina
Contribuição da vocação do leigo e da irmã da consolação na américa latinaContribuição da vocação do leigo e da irmã da consolação na américa latina
Contribuição da vocação do leigo e da irmã da consolação na américa latinaRenata R. Lucas
 
SEM LENÇO E NEM DOCUMENTO
SEM LENÇO E NEM DOCUMENTOSEM LENÇO E NEM DOCUMENTO
SEM LENÇO E NEM DOCUMENTOCaio César
 
Agrissênior Notícias Nº 567 an 12 abril 2016.
Agrissênior Notícias Nº 567 an 12 abril 2016.Agrissênior Notícias Nº 567 an 12 abril 2016.
Agrissênior Notícias Nº 567 an 12 abril 2016.Roberto Rabat Chame
 
Relatorio leitura 2013
Relatorio leitura 2013Relatorio leitura 2013
Relatorio leitura 2013Jair Luna
 
A história dos batistas
A história dos batistasA história dos batistas
A história dos batistasVerdade Gospel
 
Uma breve análise da inserção do protestantismo no brasil
Uma breve análise da inserção do protestantismo no brasilUma breve análise da inserção do protestantismo no brasil
Uma breve análise da inserção do protestantismo no brasilPaulo Dias Nogueira
 
Celestino artigo
Celestino artigoCelestino artigo
Celestino artigosanlena
 
Niilismo eclesiástico
Niilismo eclesiásticoNiilismo eclesiástico
Niilismo eclesiásticoSamuel Lima
 
Um Pouco De HistóRia Das Ce Bs No Brasil
Um Pouco De HistóRia Das Ce Bs No BrasilUm Pouco De HistóRia Das Ce Bs No Brasil
Um Pouco De HistóRia Das Ce Bs No BrasilPastoral da Juventude
 
eclesiologia 7 igreja nos dias atuais.pptx
eclesiologia 7 igreja nos dias atuais.pptxeclesiologia 7 igreja nos dias atuais.pptx
eclesiologia 7 igreja nos dias atuais.pptxBelmirofil
 
Relação existente entre Religião e Cultura
Relação existente entre Religião e CulturaRelação existente entre Religião e Cultura
Relação existente entre Religião e CulturaMárcio Batista
 

Semelhante a Igreja Católica e as Mulheres na Romanização do RS (20)

História da Igreja II: Aula 12: Protestantismo na AL e Brasil (parte 2)
História da Igreja II: Aula 12: Protestantismo na AL e Brasil (parte 2)História da Igreja II: Aula 12: Protestantismo na AL e Brasil (parte 2)
História da Igreja II: Aula 12: Protestantismo na AL e Brasil (parte 2)
 
antonio inacio ferraz-Congregaçáo Cristã do Brasil
antonio inacio ferraz-Congregaçáo Cristã do Brasilantonio inacio ferraz-Congregaçáo Cristã do Brasil
antonio inacio ferraz-Congregaçáo Cristã do Brasil
 
via-sacra-sao-josemaria-escriva-pdf
via-sacra-sao-josemaria-escriva-pdfvia-sacra-sao-josemaria-escriva-pdf
via-sacra-sao-josemaria-escriva-pdf
 
Gênero e Religião,Poder e Identidade a Liderança Feminina na Igreja Evangelica
Gênero e Religião,Poder e Identidade a Liderança Feminina na Igreja EvangelicaGênero e Religião,Poder e Identidade a Liderança Feminina na Igreja Evangelica
Gênero e Religião,Poder e Identidade a Liderança Feminina na Igreja Evangelica
 
PENSAMENTO CRISTÃO E O MST.pdf
PENSAMENTO CRISTÃO E O MST.pdfPENSAMENTO CRISTÃO E O MST.pdf
PENSAMENTO CRISTÃO E O MST.pdf
 
Candomblé e umbanda reginaldo prandi
Candomblé e umbanda reginaldo prandiCandomblé e umbanda reginaldo prandi
Candomblé e umbanda reginaldo prandi
 
Macumbeiros e neopentecostais 27-ari-oro
Macumbeiros e neopentecostais   27-ari-oroMacumbeiros e neopentecostais   27-ari-oro
Macumbeiros e neopentecostais 27-ari-oro
 
Contribuição da vocação do leigo e da irmã da consolação na américa latina
Contribuição da vocação do leigo e da irmã da consolação na américa latinaContribuição da vocação do leigo e da irmã da consolação na américa latina
Contribuição da vocação do leigo e da irmã da consolação na américa latina
 
SEM LENÇO E NEM DOCUMENTO
SEM LENÇO E NEM DOCUMENTOSEM LENÇO E NEM DOCUMENTO
SEM LENÇO E NEM DOCUMENTO
 
Agrissênior Notícias Nº 567 an 12 abril 2016.
Agrissênior Notícias Nº 567 an 12 abril 2016.Agrissênior Notícias Nº 567 an 12 abril 2016.
Agrissênior Notícias Nº 567 an 12 abril 2016.
 
Relatorio leitura 2013
Relatorio leitura 2013Relatorio leitura 2013
Relatorio leitura 2013
 
A história dos batistas
A história dos batistasA história dos batistas
A história dos batistas
 
Uma breve análise da inserção do protestantismo no brasil
Uma breve análise da inserção do protestantismo no brasilUma breve análise da inserção do protestantismo no brasil
Uma breve análise da inserção do protestantismo no brasil
 
Celestino artigo
Celestino artigoCelestino artigo
Celestino artigo
 
Niilismo eclesiástico
Niilismo eclesiásticoNiilismo eclesiástico
Niilismo eclesiástico
 
Um Pouco De HistóRia Das Ce Bs No Brasil
Um Pouco De HistóRia Das Ce Bs No BrasilUm Pouco De HistóRia Das Ce Bs No Brasil
Um Pouco De HistóRia Das Ce Bs No Brasil
 
O Papa Francisco
O Papa FranciscoO Papa Francisco
O Papa Francisco
 
Historiado metodismobrasileiro
Historiado metodismobrasileiroHistoriado metodismobrasileiro
Historiado metodismobrasileiro
 
eclesiologia 7 igreja nos dias atuais.pptx
eclesiologia 7 igreja nos dias atuais.pptxeclesiologia 7 igreja nos dias atuais.pptx
eclesiologia 7 igreja nos dias atuais.pptx
 
Relação existente entre Religião e Cultura
Relação existente entre Religião e CulturaRelação existente entre Religião e Cultura
Relação existente entre Religião e Cultura
 

Mais de Vanildo Zugno

Frei Salvador Pinzetta: a santidade no cotidiano
Frei Salvador Pinzetta: a santidade no cotidianoFrei Salvador Pinzetta: a santidade no cotidiano
Frei Salvador Pinzetta: a santidade no cotidianoVanildo Zugno
 
O voto de pobreza: uma aproximação a partir do magistério do Papa Francisco
O voto de pobreza: uma aproximação a partir do magistério do Papa FranciscoO voto de pobreza: uma aproximação a partir do magistério do Papa Francisco
O voto de pobreza: uma aproximação a partir do magistério do Papa FranciscoVanildo Zugno
 
missoes populares: teatralidade e conversão
missoes populares: teatralidade e conversãomissoes populares: teatralidade e conversão
missoes populares: teatralidade e conversãoVanildo Zugno
 
Laicato no brasil: do protagonismo à marginalidade
Laicato no brasil: do protagonismo à marginalidadeLaicato no brasil: do protagonismo à marginalidade
Laicato no brasil: do protagonismo à marginalidadeVanildo Zugno
 
Clero católico e conflitos na Região Colonial Italiana do Rio Grande do Sul (...
Clero católico e conflitos na Região Colonial Italiana do Rio Grande do Sul (...Clero católico e conflitos na Região Colonial Italiana do Rio Grande do Sul (...
Clero católico e conflitos na Região Colonial Italiana do Rio Grande do Sul (...Vanildo Zugno
 
Congresso de mariologia devocoes marianas
Congresso de mariologia devocoes marianasCongresso de mariologia devocoes marianas
Congresso de mariologia devocoes marianasVanildo Zugno
 
As capelas como espaço de disputa do protagonismo e poder na Igreja da Imigra...
As capelas como espaço de disputa do protagonismo e poder na Igreja da Imigra...As capelas como espaço de disputa do protagonismo e poder na Igreja da Imigra...
As capelas como espaço de disputa do protagonismo e poder na Igreja da Imigra...Vanildo Zugno
 
Episcopado e profecia: Las Casas, Proaño e Romero.
Episcopado e profecia: Las Casas, Proaño e Romero.Episcopado e profecia: Las Casas, Proaño e Romero.
Episcopado e profecia: Las Casas, Proaño e Romero.Vanildo Zugno
 
As capelas como experiência de eclesiogênese na imigração italiana do Rio Gra...
As capelas como experiência de eclesiogênese na imigração italiana do Rio Gra...As capelas como experiência de eclesiogênese na imigração italiana do Rio Gra...
As capelas como experiência de eclesiogênese na imigração italiana do Rio Gra...Vanildo Zugno
 
O correio riograndense e a identidade eclesial
O correio riograndense e a identidade eclesialO correio riograndense e a identidade eclesial
O correio riograndense e a identidade eclesialVanildo Zugno
 
As capelas como experiência de eclesiogênese na imigração italiana do Rio Gra...
As capelas como experiência de eclesiogênese na imigração italiana do Rio Gra...As capelas como experiência de eclesiogênese na imigração italiana do Rio Gra...
As capelas como experiência de eclesiogênese na imigração italiana do Rio Gra...Vanildo Zugno
 
Capuchinhos de saboia no Rio Grande do Sul
Capuchinhos de saboia no Rio Grande do SulCapuchinhos de saboia no Rio Grande do Sul
Capuchinhos de saboia no Rio Grande do SulVanildo Zugno
 
Artigo espiritualidade
Artigo espiritualidadeArtigo espiritualidade
Artigo espiritualidadeVanildo Zugno
 
Vocês todos são irmãos!
Vocês todos são irmãos!Vocês todos são irmãos!
Vocês todos são irmãos!Vanildo Zugno
 
Vida Religiosa Leiga: presente e perspectivas.
Vida Religiosa Leiga: presente e perspectivas.Vida Religiosa Leiga: presente e perspectivas.
Vida Religiosa Leiga: presente e perspectivas.Vanildo Zugno
 
Elias e a espiritualidade biblica
Elias e  a espiritualidade biblicaElias e  a espiritualidade biblica
Elias e a espiritualidade biblicaVanildo Zugno
 
Espiritualidade eucaristica
Espiritualidade eucaristicaEspiritualidade eucaristica
Espiritualidade eucaristicaVanildo Zugno
 

Mais de Vanildo Zugno (20)

Frei Salvador Pinzetta: a santidade no cotidiano
Frei Salvador Pinzetta: a santidade no cotidianoFrei Salvador Pinzetta: a santidade no cotidiano
Frei Salvador Pinzetta: a santidade no cotidiano
 
O voto de pobreza: uma aproximação a partir do magistério do Papa Francisco
O voto de pobreza: uma aproximação a partir do magistério do Papa FranciscoO voto de pobreza: uma aproximação a partir do magistério do Papa Francisco
O voto de pobreza: uma aproximação a partir do magistério do Papa Francisco
 
missoes populares: teatralidade e conversão
missoes populares: teatralidade e conversãomissoes populares: teatralidade e conversão
missoes populares: teatralidade e conversão
 
Laicato no brasil: do protagonismo à marginalidade
Laicato no brasil: do protagonismo à marginalidadeLaicato no brasil: do protagonismo à marginalidade
Laicato no brasil: do protagonismo à marginalidade
 
Crises na vrc
Crises na vrcCrises na vrc
Crises na vrc
 
Clero católico e conflitos na Região Colonial Italiana do Rio Grande do Sul (...
Clero católico e conflitos na Região Colonial Italiana do Rio Grande do Sul (...Clero católico e conflitos na Região Colonial Italiana do Rio Grande do Sul (...
Clero católico e conflitos na Região Colonial Italiana do Rio Grande do Sul (...
 
Congresso de mariologia devocoes marianas
Congresso de mariologia devocoes marianasCongresso de mariologia devocoes marianas
Congresso de mariologia devocoes marianas
 
As capelas como espaço de disputa do protagonismo e poder na Igreja da Imigra...
As capelas como espaço de disputa do protagonismo e poder na Igreja da Imigra...As capelas como espaço de disputa do protagonismo e poder na Igreja da Imigra...
As capelas como espaço de disputa do protagonismo e poder na Igreja da Imigra...
 
Episcopado e profecia: Las Casas, Proaño e Romero.
Episcopado e profecia: Las Casas, Proaño e Romero.Episcopado e profecia: Las Casas, Proaño e Romero.
Episcopado e profecia: Las Casas, Proaño e Romero.
 
As capelas como experiência de eclesiogênese na imigração italiana do Rio Gra...
As capelas como experiência de eclesiogênese na imigração italiana do Rio Gra...As capelas como experiência de eclesiogênese na imigração italiana do Rio Gra...
As capelas como experiência de eclesiogênese na imigração italiana do Rio Gra...
 
O correio riograndense e a identidade eclesial
O correio riograndense e a identidade eclesialO correio riograndense e a identidade eclesial
O correio riograndense e a identidade eclesial
 
As capelas como experiência de eclesiogênese na imigração italiana do Rio Gra...
As capelas como experiência de eclesiogênese na imigração italiana do Rio Gra...As capelas como experiência de eclesiogênese na imigração italiana do Rio Gra...
As capelas como experiência de eclesiogênese na imigração italiana do Rio Gra...
 
Capuchinhos de saboia no Rio Grande do Sul
Capuchinhos de saboia no Rio Grande do SulCapuchinhos de saboia no Rio Grande do Sul
Capuchinhos de saboia no Rio Grande do Sul
 
Artigo espiritualidade
Artigo espiritualidadeArtigo espiritualidade
Artigo espiritualidade
 
Vocês todos são irmãos!
Vocês todos são irmãos!Vocês todos são irmãos!
Vocês todos são irmãos!
 
Vida Religiosa Leiga: presente e perspectivas.
Vida Religiosa Leiga: presente e perspectivas.Vida Religiosa Leiga: presente e perspectivas.
Vida Religiosa Leiga: presente e perspectivas.
 
Ano da fé
Ano da féAno da fé
Ano da fé
 
Porta fidei
Porta fideiPorta fidei
Porta fidei
 
Elias e a espiritualidade biblica
Elias e  a espiritualidade biblicaElias e  a espiritualidade biblica
Elias e a espiritualidade biblica
 
Espiritualidade eucaristica
Espiritualidade eucaristicaEspiritualidade eucaristica
Espiritualidade eucaristica
 

Último

AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptxAULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptxLaurindo6
 
Bullying - Texto e cruzadinha
Bullying        -     Texto e cruzadinhaBullying        -     Texto e cruzadinha
Bullying - Texto e cruzadinhaMary Alvarenga
 
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOLEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOColégio Santa Teresinha
 
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesMary Alvarenga
 
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024Jeanoliveira597523
 
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasCassio Meira Jr.
 
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptxSlides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.silves15
 
Slide língua portuguesa português 8 ano.pptx
Slide língua portuguesa português 8 ano.pptxSlide língua portuguesa português 8 ano.pptx
Slide língua portuguesa português 8 ano.pptxssuserf54fa01
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBAline Santana
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Mary Alvarenga
 
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfWilliam J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfAdrianaCunha84
 
Livro O QUE É LUGAR DE FALA - Autora Djamila Ribeiro
Livro O QUE É LUGAR DE FALA  - Autora Djamila RibeiroLivro O QUE É LUGAR DE FALA  - Autora Djamila Ribeiro
Livro O QUE É LUGAR DE FALA - Autora Djamila RibeiroMarcele Ravasio
 
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxPedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxleandropereira983288
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManuais Formação
 
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasPrograma de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasCassio Meira Jr.
 
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdfRedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdfAlissonMiranda22
 

Último (20)

AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptxAULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
 
Em tempo de Quaresma .
Em tempo de Quaresma                            .Em tempo de Quaresma                            .
Em tempo de Quaresma .
 
Bullying - Texto e cruzadinha
Bullying        -     Texto e cruzadinhaBullying        -     Texto e cruzadinha
Bullying - Texto e cruzadinha
 
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOLEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
 
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
 
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
 
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
 
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptxSlides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
 
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
 
Slide língua portuguesa português 8 ano.pptx
Slide língua portuguesa português 8 ano.pptxSlide língua portuguesa português 8 ano.pptx
Slide língua portuguesa português 8 ano.pptx
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
 
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfWilliam J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
 
Livro O QUE É LUGAR DE FALA - Autora Djamila Ribeiro
Livro O QUE É LUGAR DE FALA  - Autora Djamila RibeiroLivro O QUE É LUGAR DE FALA  - Autora Djamila Ribeiro
Livro O QUE É LUGAR DE FALA - Autora Djamila Ribeiro
 
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxPedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
 
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasPrograma de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
 
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA -
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA      -XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA      -
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA -
 
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdfRedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
 

Igreja Católica e as Mulheres na Romanização do RS

  • 1. CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE GÊNERO E RELIGIÃO, 4., 2016, São Leopoldo. Anais do Congresso Latino-Americano de Gênero e Religião. São Leopoldo: EST, v. 4, 2016. | p.569-582 A IGREJA CATÓLICA E AS MULHERES NO CONTEXTO DA ROMANIZAÇÃO NO RIO GRANDE DO SUL. The Catholic Church and the women in the Romanization Context in Rio Grande do Sul. Vanildo Luiz Zugno*1 Resumo A partir da análise de relatórios institucionais e correspondências pessoais dos missionários capuchinhos da Província de Saboia que, no final do século XIX e início do séc. XX desenvolveram intenso processo de evangelização na metade norte do Rio Grande do Sul, o trabalho investiga o discurso eclesial sobre as mulheres no contexto de romanização da igreja católica no estado. Na análise, três são os grupos priorizados: as mulheres dos imigrantes italianos, as mulheres dos “brasileiros” e as mulheres religiosas de vida consagrada. Preliminarmente, podemos afirmar que o discurso da Igreja em relação à mulher no contexto da imigração não é uniforme. Há o discurso a respeito da mulher imigrante exalta seu papel como filha obediente, esposa e mãe fiel à família e à igreja; o discurso sobre as “mulheres brasileiras” que são instadas a enquadrar-se no modelo da mulher imigrante; o discurso sobre a mulher religiosa consagrada que é chamada a tomar um papel educativo proeminente na Igreja e na sociedade, mas sempre sob as ordens do clero. Em todos eles, nega-se qualquer protagonismo à mulher e com isso reforça-se seu papel submisso, tanto na igreja como na sociedade. Palavras-chave: Mulheres. Imigração. Igreja Católica. Romanização. Abstract From the analysis of the institutional reports and personal correspondence of the Capuchin Missionaries of the Savoy Province at the end of the XIX Century and at the beginning of the XX Century was developed an intense process of evangelization at the center of the northern section of Rio Grande do Sul this matter investigates the ecclesial discourse regarding women in the romanization context of the state of the Catholic Church. There are three priority groups in the analysis: The immigrant Italian women, the Brazilian women, and the consecrated religious women. First of all, we can affirm that the church's discourse relative * Doutorando em Teologia na Faculdades EST (São Leopoldo, RS). Este artigo faz parte da pesquisa em vista de tese de doutoramento sobre “Os capuchinhos e o processo de romanização no Rio Grande do Sul” sob a direção do Prof. Dr. Wilhelm Wachholz. O autor é bolsista CNPQ-Brasil. Endereço: zugno1965@hotmail.com
  • 2. CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE GÊNERO E RELIGIÃO, 4., 2016, São Leopoldo. Anais do Congresso Latino-Americano de Gênero e Religião. São Leopoldo: EST, v. 4, 2016. | p. 569-582 570 to women in the context of immigration is not uniform. There is a discourse about immigrant women that exalts it's roll as an obedient daughter, wife, and faithful mother to the family and to the church, the discourse about "brazilian women" that are motivated to go into the immigrant women pattern; the discourse about consecrated religious women that is called to have an important educational preeminent roll in the church and in society, but always beneath clergy orders. All of them deny women any leadership and in doing so it reinforces her submissive roll in the church and in society. Keywords: Women. Immigration. Catholic Church. Romanization Considerações Iniciais Os estudos sobre a condição das mulheres na história brasileira vem avançando significativamente e, com eles, também os conhecimentos sobre a condição das mulheres na Igreja e o discurso que os agentes eclesiásticos sobre ela elaboraram no decorrer do tempo. Conforme Del Priore, no processo de construção da sociedade colonial, ser mulher significou “ser mãe”, “casada”, “boa esposa”, “humilde, obediente e devota”. Isso foi possível através de “um eficaz adestramento digerido no cotidiano e consolidado no correr do tempo” que fazia as mulheres esquecerem e negarem a sua condição real de “mãe dos filhos ilegítimos de seu marido, a companheira de um bígamo, a manceba do padre, a concubina de um primo casado”.2 O casamento como dever – não o revestido do amor romântico como o era na Europa da época – passou a ser o ideal apresentado, tanto pela sociedade como pela Igreja, para toda mulher. Gerar filhos para manter viva a aristocracia e o sistema colonial era obrigação moral das mulheres.3 Isso, claro, para as mulheres brancas. Às mulheres indígenas e negras a sorte reservada era mais cruel. Apesar dos ingentes esforços de alguns pregadores, era consenso no Brasil colonial “[...] que para essa gente bruta não são os matrimónios, pois tanto que casaram, deixam assim os maridos como as mulheres, de fazer vida entre si, e se entregam a maiores pecados depois de casados”.4 Como relata Benci, além de impedir que se casassem e, deste modo evitassem viver em pecado, os senhores as “violentam e obrigam as suas 2 DEL PRIORE, Mary. As atitudes da Igreja em face da mulher no Brasil colônia. In: MARCÍLIO, Maria Luiza (org). Família, mulher, sexualidade e Igreja na História do Brasil. São Paulo: Loyola, 1985. p. 171-173. 3 AZZI, Riolando. A Igreja na Formação da Sociedade Brasileira. Aparecida: Santuário, 2008. p. 37-40. 4 BENCI, Jorge. Economia Cristã dos Senhores no Governo dos Escravos. São Paulo: Grijalbo, 1977. p. 103.
  • 3. CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE GÊNERO E RELIGIÃO, 4., 2016, São Leopoldo. Anais do Congresso Latino-Americano de Gênero e Religião. São Leopoldo: EST, v. 4, 2016. | p. 569-582 571 escravas a pecarem” e, não contentes com isso, as obrigam à prostituição como modo de aumentar ainda mais os seus lucros.5 A Independência não significou uma mudança substantiva para a maioria da população brasileira e, de modo especial, a das mulheres. A continuidade do sistema escravocrata fez com que as relações sociais permanecessem as mesmas do período colonial. Apenas nos centros urbanos sentiam-se as mudanças e as tensões entre a nova classe emergente, a burguesia agrária cafeeira e a industrial e a velha nobreza agrária latifundiária e escravocrata. A abolição do sistema escravocrata em 1889 e, sua consequência política, o fim do Império e o estabelecimento do sistema republicano, marcam o início de um novo período, marcado pela hegemonia do projeto burguês que irá impulsionar profundas transformações na sociedade brasileira.6 Para a Igreja Católica do Brasil, a separação do Estado aparece como a oportunidade para livrar-se do jugo do padroado e implantar a reforma que a levaria ao alinhamento com Roma e ao resgate de sua identidade.7 A reforma do clero e a introdução de congregações religiosas masculinas e femininas de origem europeia, alinhadas com o espírito ultramontano e capacitadas para, através da educação, da imprensa e da catequese, formar um novo tipo de católico, foram centrais na estratégia da Igreja que, alinhando-se cada vez mais com o ideal romano, enfrenta o Estado republicado e tenta manter a hegemonia sobre a sociedade.8 Mas há outro campo em que igreja e estado também se enfrentaram. É o espaço da família e da vida pessoal. Ao instituir o casamento civil, o registro público de nascimento e 5 BENCI, 1977, p. 121-122. 6 AZZI, 2008, p. 67-72 7 Por Padroado entendemos a forma como o sistema de Cristandade se articulou no Brasil colonial e, depois da Independência, no Brasil Império. Na definição de Richard, por cristandade entende-se “[...] uma forma determinada de relação entre a Igreja e a sociedade civil, relação cuja mediação fundamental é o Estado” (RICHARD, Pablo. A morte das cristandade e nascimento da igreja. Análise histórica e interpretação teológica da Igreja na América Latina. 2 ed. revista e ampliada. São Paulo: Paulinas, 1982. p. 9). Segundo o autor, o mais importante na definição não são os três polos – igreja, sociedade civil e estado -, mas a relação de mútua instrumentalização entre igreja e estado e que tem como objetivo manter o controle sobre a sociedade. 8 AZZI, 2008, p. 74-84. Conforme Azzi, quatro são as principais características do movimento reformador. É um movimento tridentino, pois visa adequar a igreja do Brasil às formulações dogmáticas e às normas eclesiásticas decorrentes do Concílio de Trento que, até aquele momento, não havia m recebido o placet do Imperador para serem aplicadas no Brasil. É romano, pois quer purificar o catolicismo no Brasil dos elementos das culturas ibéricas, africanas e indígenas com as quais se havia amalgamado durante os quatrocentos anos anteriores. É episcopal pois não responde nem às aspirações do povo e nem do clero e é imposto pela autoridade dos bispos muitas vezes contra a vontade do clero e do povo. Finalmente, é clerical pois tem como eixo estruturante a formação de um novo clero que, a partir de sua ação pastoral, renovará o povo (AZZI, Riolando. Os bispos reformadores. A segunda evangelização do Brasil. Brasília: SER, 1992. p. 15).
  • 4. CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE GÊNERO E RELIGIÃO, 4., 2016, São Leopoldo. Anais do Congresso Latino-Americano de Gênero e Religião. São Leopoldo: EST, v. 4, 2016. | p. 569-582 572 óbito e o cemitério público, o Estado passa a disputar com a Igreja o controle sobre a vida das pessoas.9 A reação da Igreja não se faz esperar. Para recuperar o espaço perdido e manter o existente, a hierarquia escolhe três prioridades: “a sacralidade do matrimônio, a indissolubilidade do vínculo e a dependência da mulher”.10 Na sociedade patriarcal, esta última, a dependência da mulher, é apresentada como a pedra de toque capaz de manter a sacralidade e a indissolubilidade do matrimônio. A “prole numerosa” e a “dedicação exclusiva da mulher ao lar” são os instrumentos para garantir a estabilidade da e a preservação dos valores da família católica. As mulheres nos relatos dos Capuchinhos franceses no Rio Grande do Sul A presença no Brasil dos capuchinhos franceses da Província de Savóia deu-se, como a de outras congregações religiosas, dentro da perspectiva de romanização da Igreja Católica. A primeira presença remonta a 1853 quando, por um período de 25 anos, dirigiram o Seminário da Diocese de São Paulo formando toda uma geração de sacerdotes e bispos na perspectiva ultramontana.11 Menos de 20 anos depois, a convite de Dom Cláudio José Ponce de Leão, Bispo de Porto Alegre, os frades de Savoia retornam ao Brasil. O interesse de Dom Cláudio é ter padres para atender pastoralmente a imensa diocese e as sucessivas levas de imigrantes alemães, italianos e poloneses que aqui chegam. Aos capuchinhos interessa encontrar um lugar de refúgio para a formação dos jovens franceses, fora da França, para fugir ao serviço militar obrigatório. Frei Bruno de Gillonnay e Frei Leão de Montsapey são designados para a visita de inspeção ao lugar da futura instalação. Acompanha-os o Ministro Provincial, Frei Raphael de La Roche.12 Depois da passagem em Porto Alegre onde negociam com o bispo o local de instalação, os frades se dirigem a Garibaldi e ali iniciam seu trabalho missionário de pregadores ambulantes e administradores de sacramentos. Num primeiro momento, sua ação se restringe à região de colonização italiana. A partir de 1901, primeiramente com missões populares e, a partir de 1903 quando assumem a administração da Paróquia de 9 GOMES, Edgar da Silva. A separação Estado-Igreja (1890). Uma análise da Pastoral Coletiva do episcopado brasileiro ao Marechal Deodoro da Fonseca, 2006, 238 p. Dissertação (Mestrado). Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, São Paulo, 2006. p. 125-128. 10 AZZI, 2008, p. 85. 11 MARTINS, Patrícia Carla de Melo. Conservadorismo, educação e tomismo no Império Brasileiro. Revista Brasileira de História das Religiões, Ano I, n. 3, pp. 239-257, Jan. 2009. 12 ZAGONEL, Carlos Albino. Província do Rio Grande do Sul. Sagrado Coração de Jesus. In: ZAGONEL, Carlos Albino (Org.). Capuchinhos no Brasil. Porto Alegre, CCB, 2001. p. 353-379. Esta nota: p. 353-354.
  • 5. CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE GÊNERO E RELIGIÃO, 4., 2016, São Leopoldo. Anais do Congresso Latino-Americano de Gênero e Religião. São Leopoldo: EST, v. 4, 2016. | p. 569-582 573 Vacaria e o Seminário Diocesano de Porto Alegre, a ação dos capuchinhos se estende também à região habitada por “brasileiros”.13 Formados dentro do espírito da estrita fidelidade ao Papa e às normas romanas, os frades contribuem, em sua ação pastoral, para a implementação do novo tipo de igreja em curso. Analisaremos nos tópicos a seguir o discurso dirigida pelos frades a três grupos de mulheres: as mulheres – esposas e filhas – dos imigrantes italianos, as mulheres dos “brasileiros” e as mulheres religiosas de vida consagrada. As mulheres italianas A população migrante italiana que aportou ao Rio Grande do Sul já havia, em sua maioria, passado pelo processo de romanização nas suas terras de origem, no norte da Itália.14 Assim descreve Manfrói, de forma idílica, o modelo ideal da família católica no ambiente da imigração italiana: A participação das celebrações litúrgicas, nos domingo e dias de festa, era uma obrigação moral, pois só o praticante era considerado pessoa de fé, digno de estima e aceitação dos demais. O sacerdote gozava da mais alta consideração e suas palavras tinham, em geral, a persuasão da lei. Essa educação eles a receberam, desde o berço, em suas regiões de origem, principalmente no Vêneto, onde a presença da religião e do clero era determinante na vida da sociedade. 15 O discurso da família imigrante que se mantém fiel às suas origens católicas e às normas da Igreja já era apresentado por Frei Bruno de Gillonnay em seu relatório a Dom Scalabrini, por ocasião de sua visita ao Rio Grande do Sul em 1904: Este sistema de colonização favorece [...] a pureza de costumes, a conservação e o desenvolvimento da família cristã. [...] Desta maneira, reina uma grande pureza de costumes nas famílias. As crianças, dia e noite, conservam, facilmente, a inocência. Os pais, eles mesmos ocupados e isolados, amam-se mutuamente e conservam fidelidade a seus deveres. 16 A realidade do dia a dia era, no entanto, muito diferente. Conforme os relatos de Frei Bernardin D’Apremont em seu diário de missionário, a realidade familiar do imigrante italiano nem sempre se adequava ao tipo ideal propugnado pelo clero. 13 “Brasileiros” eram chamados todos os habitantes do Brasil que não tinham origem migratória recente. O termo braseiro podia incluir os povos autóctones, os africanos, os portugueses e os mestiços destes grupos. 14 RAMBO, A. Balduíno. Restauração católica no Sul do Brasil. História: Questões & Debates, Curibita, n. 36, p. 279-304, 2002. p. 292. 15 MANFROI, Olívio. A colonização italiana no Rio Grande do Sul; implicações econômicas, políticas e culturais. Porto Alegre: Grafosul e Instituto Estadual do Livro, 1975. p. 157. 16 GILLONAY, Bruno de. Relatório de Frei Bruno a Dom Scalabrini, bispo de Piacenza. In: D’APREMONT, Bernardin; GILLONNAY, Bruno. Comunidades indígenas, brasileiras, polonesas e italianas no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Escola Superior de Teologia São Lourenço de Bríndes; Caxias do Sul: UCS 1976. Pp. 244-248. p. 245.
  • 6. CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE GÊNERO E RELIGIÃO, 4., 2016, São Leopoldo. Anais do Congresso Latino-Americano de Gênero e Religião. São Leopoldo: EST, v. 4, 2016. | p. 569-582 574 Segundo Frei Bernardin, um dos problemas constatados pelos missionários e pelos párocos da região de colonização italiana era causado pelo casamento realizado por casais muito jovens. Devido ao grande número de filhos, com trinta anos, a mulher estava envelhecida e, num ambiente familiar extremamente fechado, alguns pais abandonavam a esposa e passavam a abusar sexualmente das filhas.17 Relações pré-matrimoniais eram frequentes e, em alguns casos, consentidas pelos próprios pais das moças: “Há mães que dizem ao namorado da filha: Experimente-a. E acontece.”18 Os casamentos arranjados ou feitos contra a vontade da moça resultavam muitas vezes em suicídio por parte as mulheres.19 Outras vezes, as mulheres aparecem mortas, dentro do ambiente doméstico, sem que ninguém conheça a razão de sua morte.20 Em outros casos, a violência sexual precede o assassinato da mulher. Tal é o caso em que um homem viola uma menina que trabalhava na sua casa. Quando se dá conta que a menina estava grávida, mata-a e oculta o corpo no mato. Descoberto, não sofre qualquer tipo de punição.21 O aborto como técnica para evitar os filhos resultantes da violência sexual cometida pelo marido contra a própria esposa era conhecido entre as mulheres da região de colonização italiana.22 Casos de traição que resultam, normalmente, em violência e assassinato da esposa, também eram frequentes entre os colonos. Quando há a separação, a mulher é expulsa da casa e é obrigada a partir sem nem um bem ou qualquer meio para sustentar seus filhos.23 17 “Mariage à un âge trop tendre. La femme est alors vieille à 30 ans; de là désordres faciles entre père et filles. [...] Un fait semblable à La Palmira fut célèbre.” D’APREMONT, Bernardin. Journalier 5 (1898-1899), p. 76. Archives des Capucins/11A. Apesar do escândalo, o caso de Linha Palmira parece que não teve solução imediata, pois é novamente citado pelo autor em 1903 (D’APREMONT, Bernardin. Journalier 7 (1900-1903), p. 15. Archives des Capucins/11A). 18 “Des mères qui disent à ‘l’amoroso’ de leur fille: provi la. Et se fait. » D’APREMONT, Bernardin. Journalier 7 (1900-1903), p. 15. Archives des Capucins/11A. 19 D’APREMONT, Bernardin. Journalier 5 (1898-1899), p. 84. Archives des Capucins/11A ; D’APREMONT, Bernardin. Journalier 7 (1900-1903), p. 200. Archive des Capucins/11A. 20 D’APREMONT, Bernardin. Journalier 6 (1899-1900), p. 75 ; 86. Archives des Capucins/11A. 21 D’APREMONT, Bernardin. Journalier 7 (1900-1903), p. 93. Archive des Capucins/11A. 22 Uma mulher da região de Garibaldi assim relata a Frei Bernardin o procedimento utilizado para evitar os filhos: “Io obbedisco al marito, sí... Sono andata 4 volte al dottore, che, finalmente, m’há dato uma machinettaa colla quale me libero e posso cosí, senza pericolo di parto, obbidire al marito.” (D’APREMONT, Bernardin. Journalier 7 (1900-1903), p. 15. Archives des Capucins/11A). 23 D’APREMONT, Bernardin. Journalier 7 (1900-1903), p. 69-70. Archive des Capucins/11A.
  • 7. CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE GÊNERO E RELIGIÃO, 4., 2016, São Leopoldo. Anais do Congresso Latino-Americano de Gênero e Religião. São Leopoldo: EST, v. 4, 2016. | p. 569-582 575 Quando isso acontecia, no entanto, ficavam privados, ambos, dos sacramentos. Na linha São Silvestre, em Conde d’Eu, um homem de avançada idade que vivia com uma mulher que havia se separado do marido, solicitou ao Pe. Fronchetti a confissão e os sacramentos. O pároco obriga-o a expulsar a mulher de casa para depois dar-lhe os sacramentos. A mulher se recusa a sair da casa. O Padre, junto com outros homens, leva-a à força da casa e, amarrada numa carroça, expulsa-a da localidade. No dia seguinte, o homem recebe os sacramentos e morre.24 A prostituição também era uma realidade comum em todas as cidades de colonização italiana. Em Garibaldi, no ano de 1900, três mulheres que exerciam a prostituição instalaram-se em uma casa em frente ao convento das irmãs de São José. Fr. Bruno e o pároco, João Fronchetti, escreveram ao Intendente exigindo a expulsão das três mulheres da cidade. Elas partiram, mas oito dias depois regressaram. Como o intendente se negasse a expulsá-las de novo, frei Bruno ameaça com a retirada das irmãs da cidade e dá prazo até às 11 horas da manhã do dia 25 de fevereiro para que elas fossem retiradas novamente da cidade. Ao se aproximar a hora, frei Bruno vai com uma carroça para a frente da casa das irmãs com o propósito de começar a retirada. Diante do fato, começa o alvoroço entre a população. Informado do fato, o intendente providencia imediatamente a retirada das três mulheres.25 As normas da igreja em relação ao matrimônio eram podeeroso empecilho para a regularização das situações familiares. As taxas exigidas pelos párocos para a realização dos casamentos eram, para muitos colonos, um impedimento para a regularização da vida familiar diante da igreja. Os casais que não formalizavam sua união na igreja através do sacramento do matrimônio ficavam excluídos de toda participação na vida sacramental e inclusive das bênçãos.26 A educação das filhas era extremamente rigorosa. Castigos físicos e a privação da comida eram usados para inculcar nas filhas o respeito e a obediência aos pais e evitar que elas caíssem em situações que comprometessem sua boa fama.27 Diante desta dura realidade que está, dia a dia, diante dos olhos dos missionários, o discurso eclesial continua afirmando a obediência da mulher ao marido e dos filhos ao pai 24 D’APREMONT, Bernardin. Journalier 7 (1900-1903), p. 164. Archive des Capucins/11A. 25 D’APREMONT, Bernardin. Journalier 6 (1899-1900), p. 28-29. Archives des Capucins/11A. 26 D’APREMONT, Bernardin. Journalier 6 (1899-1900), p. 15. Archives des Capucins/11A. 27 D’APREMONT, Bernardin. Journalier 7 (1900-1903), p. 86. Archive des Capucins/11A.
  • 8. CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE GÊNERO E RELIGIÃO, 4., 2016, São Leopoldo. Anais do Congresso Latino-Americano de Gênero e Religião. São Leopoldo: EST, v. 4, 2016. | p. 569-582 576 como a única forma de construir uma verdadeira família católica. É o que expressa, em editorial, o jornal “Il Colono Italiano”, editado em Garibaldi por Pe. João Fronchetti com a colaboração dos capuchinhos franceses, indicando o caminho para a construção de uma verdadeira família católica: A família é um corpo, do qual o homem é o cérebro e a mulher o coração; no pai domina o juízo e na mãe predomina o afeto. [...] Desse modo, é providencial a união da mulher com o homem na educação dos filhos. Da mesma forma é providencial que acima do coração da mãe seja colocado o juízo do pai, para que este sirva àquele de guia, afim de que a ternura da mãe seja moderada pela reflexão paterna, e, desse modo, na educação se alcance o bem material juntamente com o moral dos filhos. A obra da educação dos filhos é resultado do acordo entre pai e mãe, acordo que, ordinariamente, se dá apenas quando a vontade da mulher se conforma àquela do marido, o sentimento dela se submete ao juízo dele, desde que o tenha; isso porque o coração, na ordem moral, deve submeter-se ao julgamento da razão. 28 As mulheres dos “brasileiros” Em pouco tempo a missão dos capuchinhos no Rio Grande do Sul se estende para além da região de imigração italiana e alcança as terras de Vacaria e Lagoa Vermelha habitadas predominantemente por “brasileiros”. É uma realidade que foge ao esperado pelos frades franceses, como o descreve Frei Bruno em carta de 25 de março de 1899: A maioria dos Brasileiros da província do Rio Grande não têm de cristão mais que o Batismo. Eles vivem e morrem sem instrução religiosa e sem Sacramentos. Quando se lhes fala de confissão e de comunhão, eles respondem com toda a tranquilidade que estes costumes não são conhecidos entre eles. 29 Ao relatar uma visita do bispo, acompanhado pelos missionários capuchinhos, em um lugar habitado por “brasileiros”, Frei Bernardin d’Apremont mostra toda a importância dada pelos missionários à disputa pela “alma das mulheres”, sejam elas jovens ainda não casadas ou já senhoras mães de família. Vejamos primeiro o relato da conversão das jovens: Numa das paróquias mais afastadas da região [...] o bispo coadjutor havia esgotado todos os recursos de seu zelo e os de seus companheiros para atrair as almas de boa vontade à prática dos sacramentos. O resultado era quase nulo. Os jovens eram quase todos ímpios e haviam organizado um clube de oposição. Cada um doutrinava uma jovem sobre quem exercia bastante influência, conforme o costume da região, para servir-lhe de diretor de consciência, direção que consistia em persuadi-la de que Deus é um mito. [...] Todavia, nos últimos dias da missão, algumas jovens das melhores famílias do lugar [...] decidiram se confessar em grupo e fazer uma comunhão geral. [...] Mal tinham elas entrado na Igreja, eis que chega um numeroso batalhão de rapazes que, circundando-as, procuram dissuadi- 28 GENITORI, accordatevi. Il Colono Italiano, Anno I, n. 47, 29 gennaio 1910, p. 1. 29 GILLONNAY, Bruno de. A Igreja e os Capuchinhos no Rio Grande do Sul: correspondência (1895-1909). Porto Alegre: EST, 2007. p. 130-131.
  • 9. CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE GÊNERO E RELIGIÃO, 4., 2016, São Leopoldo. Anais do Congresso Latino-Americano de Gênero e Religião. São Leopoldo: EST, v. 4, 2016. | p. 569-582 577 las do projeto, por palavras irônicas. A maioria não se deixou abalar, outras capitularam. [...] Na manhã seguinte, o Senhor bispo se preparava para seguir viagem. [...] Mas eis que de repente [...] um grupo de jovens pede para falar-lhe. [...] “Senhor bispo”, diz a jovem encarregada de falar em nome de todas, “estamos aqui para pedir-lhe perdão e gostaríamos que nos dissesse como poderíamos reparar o mal que fizemos. [...] Sim, Senhor Bispo, temos vergonha de dizê-lo, mas fomos covardes. Como as nossas amigas, queríamos nos confessar e receber a santa comunhão. Receando as zombarias dos rapazes recuamos. Fomos covardes. Tivemos vergonha da religião e de Jesus Cristo. Queremos nos confessar e comungar. Os rapazes podem voltar, não temos receio deles. Acima de tudo, queremos agradar a Deus”. 30 O relato sobre a conversão de uma senhora de importância é menos rico em detalhes, mas não por isso menos revelador da importância que os missionários davam à conversão das mulheres “brasileiras” como meio de garantir a ordem familiar e religiosa dentro do novo paradigma religioso em implantação: Aconteceu, também, numa cidade às margens do Uruguai, onde o mesmo D. Pimenta, que estava em visita pastoral, insistia pregando a necessidade e a obrigação dos sacramentos. [...] A esposa do mais importante chefe político do lugar era muito boa, piedosa, dedicada à Igreja, mas à antiga moda brasileira, i. é., não frequentava os sacramentos, mas sempre ajudando as solenidades externas de algumas festas religiosas do ano. A boa senhora não sentia nenhum entusiasmo em levar as pessoas à confissão e à comunhão. Achava mesmo que nada conseguiriam. O mais bonito, contudo, foi que no dia seguinte o Senhor Bispo, que devia celebrar a Missão, não chegava, continuava retido no confessionário pela boa senhora que, após ter dado publicamente o exemplo da confissão, apresentou-se com os outros à mesa da Comunhão. Bispo e Vigário estavam encantados por tão feliz êxito. 31 No caso das jovens, o embate é ideológico. Graças à presença do bispo e dos missionários, elas são libertadas da má influência dos jovens que as querem convencer da inexistência de Deus e do caráter perverso da religião. Certamente está frei Bernardin aqui pensando na influência positivista e maçônica junto à juventude. No caso da senhora rica e influente, a disputa se dá no interior do próprio catolicismo. A mulher passa de uma religiosidade “à antiga moda brasileira” a, publicamente, através da confissão e da participação na Comunhão, dar exemplo público de fé e de submissão à Igreja, na pessoa do Bispo que representa o modo correto de ser católico. Em ambos os casos, a submissão aos sacramentos e o reconhecimento da autoridade do Bispo são a demonstração da vitória do novo projeto de Igreja sobre a 30 D’APREMONT, Bernardin. Missão dos religiosos franceses nas colônias do Rio Grande do Sul. In: D’APREMONT, Bernardin; GILLONNAY, Bruno. Comunidades indígenas, brasileiras, polonesas e italianas no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Escola Superior de Teologia São Lourenço de Bríndes; Caxias do Sul: UCS 1976. Pp. 13-222. Esta nota: p. 51-52. 31 D’APREMONT, 1976, p. 52.
  • 10. CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE GÊNERO E RELIGIÃO, 4., 2016, São Leopoldo. Anais do Congresso Latino-Americano de Gênero e Religião. São Leopoldo: EST, v. 4, 2016. | p. 569-582 578 ideologia que sustenta o estado republicano e o catolicismo brasileiro que precisa ser purificado e enquadrado nos moldes romanos. Num outro relato, muito similar ao segundo acima apresentado, a “dona da casa [...] uma senhora imbuída de toda a impiedade moderna [e] com um espírito volteriano dos mais inflexíveis”, depois de aceitar a confissão, “chamando os filhos e os empregados, dizia- lhes, em tom autoritário e ao mesmo tempo materno, como é próprio das senhoras das fazendas brasileiras: ‘Até agora só tinha falsas idéias sobre a religião em geral e, em particular, sobre a confissão. [...] Vamos, preparem-se, o padre os confessará, um após o outro”.32 Cabe ainda ressaltar que, em nenhum momento das duas descrições, é feita qualquer referência à possível mudança dos jovens ou do “chefe político do lugar”, esposo da senhora que se converte. A lógica do missionário é a que fica explícita no terceiro relato: a partir da mãe, a “missionária do lar”, filhos, filhas e empregados – a velha casa patriarcal – são convertidos à verdadeira fé católica. As religiosas de vida consagrada. Em carta ao Provincial de Savóia em 16 de julho de 1896, apenas seis meses após sua chegada em Garibaldi, estão os primeiros registros de que já estão em andamento tratativas com a finalidade de trazer religiosas francesas com a finalidade de ensinar e visitar os doentes em suas casas.33 O projeto avançou e as Irmãs de São José de Moutiers chegam a Garibaldi em 23 de dezembro de 1898 e a escola para meninas inicia atividades em 16 de janeiro de 1899. A relação dos missionários capuchinhos com as irmãs de São José foi sempre de muita proximidade. Nas cartas de Frei Bruno elas aparecem com extrema frequência.34 O mesmo acontece no relatório de Frei Bernardin.35 A presença e o trabalho delas é estimado pelos frades e considerado indispensável à missão.36 Isso, no entanto, não é suficiente para que possa se estabelecer uma relação de igualdade entre os dois grupos. Consciente ou 32 D’APREMONT, 1976, p. 68. 33 GILLONNAY, 2007, p. 37. 34 GILLONNAY, 2007. 35 D’APREMONT, 1976. 36 GILLONNAY, 2007, p. 37; 380.
  • 11. CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE GÊNERO E RELIGIÃO, 4., 2016, São Leopoldo. Anais do Congresso Latino-Americano de Gênero e Religião. São Leopoldo: EST, v. 4, 2016. | p. 569-582 579 inconscientemente, o sistema patriarcal de sociedade e igreja na qual os frades se situavam, aflorava nos momentos de tensão.37 Em carta de 19 de maio de 1907, em resposta a questionamentos sobre seu relacionamento com as irmãs, Frei Bruno responde violentamente à insinuação de que o fato de manter-se como orientador espiritual e confessor fosse resultante da vontade da coordenadora das irmãs: “Dizer que Irmã Margarida me fez renovar os poderes, é insinuar que eu coloco mulheres nos meus conselhos. Ora, essa fraqueza eu não a tenho.”38 Para frei Bruno, “[...] sem direção, as religiosas se perdem no Brasil”.39 E isso não pelas dificuldades da realidade brasileira e da missão, mas devido à deficiência da condição feminina: Se estas irmãs não tem de vez em quando um padre que as conheça e que as faça prestar conta do estado de sua alma, o que se tornará sua vida religiosa dentro de algum tempo? Eu digo um padre que as conheça, pois, a maior parte das mulheres não se deixam conhece facilmente. Eu li em Sta. Teresa, mas não achava que fosse tão verdadeiro. A Santa dizia a um padre que ele a fazia rir a dizer-lhe que conhecia perfeitamente uma postulante; e ela acrescentava; ‘Nós, mulheres, dificilmente nos conhecem, e eu conheço mulheres que se confessa a um padre há vários anos sem que este as conheça ainda’”. 40 O medo de encontrar-se e ter que dialogar de igual a igual com mulheres que ele não conhece e, está consciente, jamais vai poder conhecer, leva-o a refugiar-se no lugar a partir do qual a instituição eclesial lhe permite autoridade sobre as irmãs que, sente ele, nem sempre estão dispostas a submeter-se à sua autoridade: Separar a direção da confissão, eu acho impossível; pois: 1) as mulheres não se dão a conhecer fora do confessionário, e 2) o cara a cara no parlatório é cheio de perigo: jamais eu me submeteria a isso nem o aconselharia. 41 O temor de Frei Bruno de que a falta de uma firme orientação levasse as irmãs a “perder-se ou dar escândalo” não se realizou.42 Em poucos anos a presença das Irmãs de São José se estendeu a todas as regiões do Rio Grande do Sul e sua atividade educativa e 37 SCHUSSLER FIORENZA, Elisabeth. Caminhos da Sabedoria. Uma introdução à interpretação bíblica feminista. São Bernardo do Campo, SP: Nhanduti, 2009; SCHUSSLER FIORENZA, Elisabeth. Discipulado de Iguais. Uma ekklesia-logia feminista crítica da libertação. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995; SCHUSSLER FIORENZA, Elisabeth. O rei está nu: autocompreenção ekklesial democrática e autoridade romana kyriocrática. Concilium, Petrópolis, RJ, n. 281, p. 69-77, 1993. 38 GILLONNAY, 2006, p. 376 39 GILLONNAY, 2006, p. 377. 40 GILLONNAY, 2006, p. 377. 41 GILLONNAY, 2006, p. 378. 42 GILLONNAY, 2006, p. 381.
  • 12. CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE GÊNERO E RELIGIÃO, 4., 2016, São Leopoldo. Anais do Congresso Latino-Americano de Gênero e Religião. São Leopoldo: EST, v. 4, 2016. | p. 569-582 580 missionária ajudou a consolidar o projeto renovador da Igreja através da educação, da saúde e da assistência social.43 Considerações Finais Os frades capuchinhos franceses que vieram ao Rio Grande do Sul eram filhos de seu tempo, de sua cultura e de sua igreja. Aqui chegaram e se dedicaram, de corpo e alma, ao projeto de evangelização do qual faziam parte. Em relação às mulheres, seu discurso não se afastou do da Igreja da época. Podemos afirmar que, nas variantes que encontramos nos discursos conforme são dirigidos às mulheres dos imigrantes, às “mulheres brasileiras” ou às mulheres pertencentes a congregações religiosas, há uma constante: as mulheres são responsáveis pela transmissão da fé aos filhos e pela manutenção da unidade familiar. Segundo o discurso eclesial, a condição para realizar sua missão é a de, no âmbito da família, manter-se submissa aos pais e ao marido e, no da igreja, ao poder do padre e do bispo. Tal modo de pensar faz parte das estruturas eclesiais obsoletas que o Documento de Aparecida44 convida a transformar a fim de que a igreja possa responder aos novos desafios que a sociedade apresenta à fé cristã nos dias de hoje. Referências AZZI, Riolando. A Igreja na Formação da Sociedade Brasileira. Aparecida: Santuário, 2008. ________. Os bispos reformadores. A segunda evangelização do Brasil. Brasília: SER, 1992. BENCI, Jorge. Economia Cristã dos Senhores no Governo dos Escravos. São Paulo: Grijalbo, 1977. CELAM. Documento de Aparecida. Texto conclusivo da V Conferência Geral do Espiscopado Latino-americano e do Caribe. Brasília : CNBB; São Paulo: Paulus; São Paulo: Paulinas, 2007. 43 D’APREMONT, 1976, p. 169-178. 44 CELAM. Documento de Aparecida. Texto conclusivo da V Conferência Geral do Espiscopado Latino- americano e do Caribe. Brasília : CNBB; São Paulo: Paulus; São Paulo: Paulinas, 2007.
  • 13. CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE GÊNERO E RELIGIÃO, 4., 2016, São Leopoldo. Anais do Congresso Latino-Americano de Gênero e Religião. São Leopoldo: EST, v. 4, 2016. | p. 569-582 581 D’APREMONT, Bernardin. Journalier 5-7 (1898-1903), p. 76. Paris, Archives des Capucins/11A. ________. Missão dos religiosos franceses nas colônias do Rio Grande do Sul. In: D’APREMONT, Bernardin; GILLONNAY, Bruno. Comunidades indígenas, brasileiras, polonesas e italianas no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Escola Superior de Teologia São Lourenço de Bríndes; Caxias do Sul: UCS 1976. DEL PRIORE, Mary. As atitudes da Igreja em face da mulher no Brasil colônia. In: MARCÍLIO, Maria Luiza (org). Família, mulher, sexualidade e Igreja na História do Brasil. São Paulo: Loyola, 1985. GENITORI, accordatevi. Il Colono Italiano, Anno I, n. 47, 29 gennaio 1910. GILLONAY, Bruno de. Relatório de Frei Bruno a Dom Scalabrini, bispo de Piacenza. In: D’APREMONT, Bernardin; GILLONNAY, Bruno. Comunidades indígenas, brasileiras, polonesas e italianas no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Escola Superior de Teologia São Lourenço de Bríndes; Caxias do Sul: UCS 1976. ________. A Igreja e os Capuchinhos no Rio Grande do Sul: correspondência (1895-1909). Porto Alegre: EST, 2007. GOMES, Edgar da Silva. A separação Estado-Igreja (1890). Uma análise da Pastoral Coletiva do episcopado brasileiro ao Marechal Deodoro da Fonseca, 2006, 238 p. Dissertação (Mestrado). Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, São Paulo, 2006. MANFROI, Olívio. A colonização italiana no Rio Grande do Sul; implicações econômicas, políticas e culturais. Porto Alegre: Grafosul e Instituto Estadual do Livro, 1975. MARTINS, Patrícia Carla de Melo. Conservadorismo, educação e tomismo no Império Brasileiro. Revista Brasileira de História das Religiões, Ano I, n. 3, Jan. 2009. RAMBO, A. Balduíno. Restauração católica no Sul do Brasil. História: Questões & Debates, Curibita, n. 36, p. 279-304, 2002. RICHARD, Pablo. A morte das cristandade e nascimento da igreja. Análise histórica e interpretação teológica da Igreja na América Latina. 2 ed. revista e ampliada. São Paulo: Paulinas, 1982. SCHUSSLER FIORENZA, Elisabeth. Caminhos da Sabedoria. Uma introdução à interpretação bíblica feminista. São Bernardo do Campo, SP: Nhanduti, 2009.
  • 14. CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE GÊNERO E RELIGIÃO, 4., 2016, São Leopoldo. Anais do Congresso Latino-Americano de Gênero e Religião. São Leopoldo: EST, v. 4, 2016. | p. 569-582 582 ________. Discipulado de Iguais. Uma ekklesia-logia feminista crítica da libertação. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995. ________. O rei está nu: autocompreenção ekklesial democrática e autoridade romana kyriocrática. Concilium, Petrópolis, RJ, n. 281, 1993. ZAGONEL, Carlos Albino. Província do Rio Grande do Sul. Sagrado Coração de Jesus. In: ZAGONEL, Carlos Albino (Org.). Capuchinhos no Brasil. Porto Alegre, CCB, 2001..