Igreja em estado permanente de missão
Igreja: casa da iniciação à vida cristã
Igreja: lugar de animação bíblica da vida e da pastoral
Igreja: comunidade de comunidades
Igreja a serviço da vida plena para todos
Pensamento papa bento xvi sobre os meios comunicação
Dgae da igreja no brasil, dom eduardo 2
1. Encontro do Presbitério: 03 e 04 de Dezembro de 2013
Conferencista: Dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues
Arcebispo Metropolitano da Arquidiocese de Sorocaba/SP
2. Objetivo:
mostrar o caminho
feito pelo CELAM e pela CNBB
até as atuais Diretrizes bem
como a palavra do papa sobre
paróquia e catequese.
3.
A) O Concílio quis ser eminentemente
pastoral ocupado em oferecer aos cristãos as
indispensáveis orientações para uma
presença evangelizadora no mundo. Para tal
retomou, em formulação nova, os elementos
essenciais de nossa fé e procurou explicitar,
sobretudo através dos documentos chamados
decretos, os caminhos de renovação da vida
eclesial.
4.
B). A Conferência de Medellin, produziu uma
série de documentos, procurando aplicar na
América latina as orientações do Concílio:
I)Justiça, Paz, Família, Demografia, Educação,
Juventude. II) Pastoral popular, Pastoral de
elites, Catequese, Liturgia. III) Movimentos de
Leigos, Sacerdotes, Religiosos, Formação do
Clero, Pobreza da Igreja, Pastoral de
Conjunto, Meios de Comunicação...
5.
O Papa Paulo VI se fez presente e,
na ocasião, alertou para a
tentação de recurso à violência
como forma de promover a
justiça social bem como à visão
marxista da sociedade como
ferramenta de interpretação da
história. Os frutos da Conferência
de Medellin se traduziram em
forte acento na opção
preferencial pelos pobres com a
consequente busca de fazer do
evangelho uma força libertadora
das opressões por eles sofridas.
Ganharam força as CEBs e a TL).
6.
O documento de Puebla (ano de
1979), “Evangelização no Presente
e no Futuro da América latina”,
fruto da Terceira Conferência Geral
do Episcopado Latino- Americano,
significou um passo adiante, com
as devidas correções, na busca de
novos caminhos para a
evangelização na América latina. A
Exortação Apostólica de Paulo VI
“Evangelii Nuntiandi”(ano de1975)
e a palavra de João Paulo II na
abertura iluminaram os trabalhos
da Terceira Conferência...
7.
João Paulo II foi categórico em
afirmar a necessidade de
anunciar: a) a verdade sobre
Jesus Cristo, obscurecida por
releituras insuficientes e
distorcidas do evangelho; b) a
verdade sobre a missão da
Igreja; c) a verdade sobre o
Homem. Nesse último ítem
abordou a temática da
libertação, prevenindo sobre
posições que tendiam a reduzir
a libertação cristã a uma
libertação puramente temporal,
como já havia advertido Paulo
VI na Exortação Apostólica
sobre a evangelização do
mundo contemporâneo em
1975. O eixo teológico-pastoral
que ilumina o documento de
Puebla é o binômio “Comunhão
e Participação”.
8.
Dentro do horizonte de “Comunhão e Participação”, tendo a
Trindade como fonte e modelo, é que se desenvolvem as
ricas e abrangentes orientações pastorais do documento que
contribuíram de modo significativo para a evangelização de
nosso Continente( Cf. DP 211 a 219). O contexto social e político
da América latina, entretanto, estava ainda muito marcado
pela luta ideológica que atingia também a vida da Igreja,
razão pela qual o documento trata da questão das ideologias
e procura retomar o ensinamento de Paulo VI a respeito das
relações entre evangelização e libertação, ressaltando a
importância das pequenas comunidades – CEBs – e
procurando definir-lhes sua identidade eclesial.
9.
Importa, destacar a reflexão nele
desenvolvida sobre “Evangelização e Cultura”
assim introduzida: “Nova e valiosa
contribuição pastoral da exortação Evangelii
Nuntiandi está no chamado de Paulo VI a que
se enfrente a tarefa da evangelização da
cultura e das culturas” (EN 20).
10.
Concentra a atenção em Jesus Cristo e
afirma com João Paulo II a urgência de uma
Nova Evangelização: “Nova Evangelização,
Promoção Humana e Cultura Cristã”. E o
anúncio é este: “Jesus Cristo ontem, hoje e
sempre” (Hb 13,8).
11.
“Por outra parte, os novos tempos exigem
que a mensagem cristã chegue ao homem de
hoje, mediante novos métodos de
apostolado, e que seja expressada numa
linguagem e forma acessíveis ao homem
latino-americano, necessitado de Cristo e
sedento do Evangelho: como tornar acessível,
penetrante, válida e profunda a resposta ao
homem de hoje,
12.
sem alterar ou modificar em nada o conteúdo
da mensagem evangélica? Como chegar ao
coração da cultura que queremos
evangelizar? Como falar de Deus num mundo
em que está presente um processo crescente
de secularização?”(João Paulo II).
13.
Observação: O Pontificado de João Paulo II
“É precisamente aqui neste ponto, caríssimos
Irmãos, Filhos e Filhas, que se impõe uma
resposta fundamental e essencial, a saber: a
única orientação do espírito, a única direção da
inteligência, da vontade e do coração para nós é
esta: na direção de Cristo, Redentor do homem;
na direção de Cristo, Redentor do mundo. Para
Ele queremos olhar, porque só n'Ele, Filho de
Deus, está a salvação, renovando a afirmação de
Pedro: « Para quem iremos nós, Senhor? Tu tens
as palavras de vida eterna »”(RH)
14.
O grande tema Exortação pós-sinodal “Ecclesia in
America” foi: “O Encontro com Jesus Cristo vivo,
caminho para a conversão, a comunhão e a
solidariedade na América.” A Carta Apostólica
NMI, 2001, não é outra coisa senão a reafirmação
quase como mensagem final de seu pontificado,
de tudo o que significou seu empenho de Pastor
universal: a contemplação do rosto de Cristo
para, partindo dele, em processo permanente de
santificação, testemunhar no novo milênio o
amor de Deus.
15.
A “mudança de época” coloca desafios novos
para a Igreja. Donde a necessidade de formar
verdadeiros discípulos de Jesus. Nesse
sentido as atuais Diretrizes da Ação
Evangelizadora da Igreja no Brasil indicam
para nós o caminho para tornar realidade as
propostas do documento de Aparecida.
16.
“Conhecer Jesus é o melhor presente que
qualquer pessoa pode receber; tê-lo
encontrado foi o melhor que ocorreu em
nossas vidas, e fazê-lo conhecido com nossa
palavra e obras é nossa alegria”(n. 29).
O DAp pede uma profunda conversão
pastoral de toda a Igreja insistindo de forma
especial nas paróquias:
17.
“A paróquia precisa ser o lugar
onde se assegure a iniciação
cristã e terá como tarefas
irrenunciáveis: iniciar na vida
cristã os adultos batizados e não
suficientemente evangelizados;
educar na fé as crianças
batizadas em um processo que
as leve a completar sua iniciação
cristã; iniciar os não batizados
que, havendo escutado o
querigma, querem abraçar a fé.
Nessa tarefa, o estudo e a
assimilação do Ritual de Iniciação
Cristã de Adultos é referência
necessária e apoio seguro..
Assumir essa iniciação cristã
exige não só uma renovação de
modalidade catequética da
paróquia.
18.
Propomos que o processo catequético
de formação adotado pela Igreja para a
iniciação cristã seja assumido em todo
o Continente como a maneira ordinária
e indispensável de introdução na vida
cristã e como a catequese básica e
fundamental. Depois, virá a catequese
permanente que continua o processo
de amadurecimento da fé; nela se deve
incorporar o discernimento vocacional
e a iluminação para projetos pessoais
de vida”(293 e 294).
O DAp insiste na necessidade de
Setorizar a Paróquia e de multiplicar as
pequenas comunidades.
19.
Até 1995: Diretrizes gerais da ação pastoral
da Igreja no Brasil e a partir de 1995, em vez
de ação pastoral, se colocou “Ação
Evangelizadora”.
20.
As Diretrizes desde o PPC (1966-1970) se
organizavam em torno de seis linhas, depois
chamadas de dimensões com pequenas
variações em sua formulação: Unidade visível;
Ação missionária; Ação catequética; Ação
Litúrgica; Ação ecumênica; Melhor inserção
do Povo de deus como fermento na
Construção de um mundo segundo os
desígnios de Deus.
21.
Essas seis linhas deram
origem às comissões
episcopais que foram se
desdobrando e hoje são
13. Algumas atendem a
determinadas situações,
enquanto outras derivam
da própria compreensão
da natureza e missão da
Igreja.
22.
A partir de 1995 entra de forma mais
acentuada nas Diretrizes o desafio da
Inculturação bem como se fala, diante das
situações culturais em mutação da
necessidade de uma Nova evangelização.
Explicitam-se as exigências intrínsecas da
evangelização: serviço, diálogo, anúncio e
testemunho de comunhão.
23.
As Diretrizes de 1999-2002 reforçam estas
questões, tendo como pano de fundo a forte
“emergência da subjetividade” na cultura e
retoma as 4 exigências intrínsecas da
evangelização na sua relação com a Pessoa,
com a Comunidade e com a sociedade.
Fala de três situações de urgência: a dos
católicos não-praticantes; a dos cidadãos
sem religião (secularismo e indiferentismo; a
dos não cristãos de algumas religiões
brasileiras (indígenas emigrantes orientais).
24.
Igreja em estado permanente de missão
Igreja: casa da iniciação à vida cristã
Igreja: lugar de animação bíblica da vida e da
pastoral
Igreja: comunidade de comunidades
Igreja a serviço da vida plena para todos
25.
Nossas atuais Diretrizes da Ação
Evangelizadora condensam de maneira
objetiva aquilo que é a missão essencial da
Igreja, colocando nas urgências os passos do
processo evangelizador, que devem ser
pensados como formando um círculo virtuoso:
missão-anúncio, iniciação (inserção na
comunhão eclesial), comunidades concretas
(visibilização da comunhão) e missão-serviço
à vida plena (testemunho acompanhado do
anúncio explícito).
26.
Tocadas pelo testemunho e pelo anúncio
querigmático haverá outras pessoas que
passarão pelo processo de iniciação, e,
inseridas na comunidade, se tornarão por sua
vez discípulas e testemunhas a serviço da
vida plena. O processo integral é alimentado
pela Palavra, que deve animar toda a vida da
Igreja. Aqui não se trata de prioridades,
trata-se da Prioridade, ou seja, da tarefa
essencial da Igreja.
27.
A urgência de implantar esse processo na prática da
Igreja é, sem dúvida, um apelo do Espírito.
Imaginemos uma Paróquia em que um grupo de
pessoas, já participantes da vida da Igreja, refaçam a
experiência do encontro com Cristo pela acolhida do
querigma, “fio condutor de um processo que culmina
na maturidade do discípulo de Cristo”( DAp 278) e
que, em razão dessa experiência se disponha a
formar uma pequena comunidade de vida, que se
reúne periodicamente para orar, aprofundar o
conhecimento da fé e partilhar as experiências de
vida. Imaginemos os membros dessa comunidade
assumindo a tarefa da visitação mensal em um
determinado setor da paróquia, em espírito de
solidariedade e com a disposição de oportunamente
anunciar Jesus.
28.
Imaginemos que muitas, ou algumas pessoas, se
interessem pela vida cristã e se disponham a
viver a mesma experiência, formando assim uma
nova pequena comunidade que faça a
experiência da comunhão eclesial e cujos
membros comecem em outro setor da paróquia a
visitação missionária. Imaginemos esse processo
caminhando lenta e firmemente, superando os
inevitáveis obstáculos que se colocam no
caminho dos operários do Reino, e, então
poderemos sonhar com a construção de uma
Igreja de discípulos missionários, comunidade de
comunidades, a serviço da vida plena, para a
glória de Deus e a salvação do mundo. Esse é o
caminho proposto pelo documento de Aparecida
e pelas nossas Diretrizes da Ação
Evangelizadora.
29.
Não ignoro que hoje os documentos não suscitam
o mesmo interesse que noutras épocas, acabando
rapidamente esquecidos. Apesar disso sublinho
que, aquilo que pretendo deixar expresso aqui,
possui um significado programático e tem
consequências importantes. Espero que todas as
comunidades se esforcem por atuar os meios
necessários para avançar no caminho duma
conversão pastoral e missionária, que não pode
deixar as coisas como estão. Neste momento, não
nos serve uma «simples administração».
Constituamo-nos em «estado permanente de
missão», em todas as regiões da terra(25)
30. “Sonho com uma opção missionária capaz de
transformar tudo, para que os costumes, os
estilos, os horários, a linguagem e toda a
estrutura eclesial se tornem um canal
proporcionado mais à evangelização do
mundo atual que à auto-preservação. A
reforma das estruturas, que a conversão
pastoral exige, só se pode entender neste
sentido: fazer com que todas elas se tornem
mais missionárias, que a pastoral ordinária
em todas as suas instâncias seja mais
comunicativa e aberta, que coloque os
agentes pastorais em atitude constante de
«saída» e, assim, favoreça a resposta positiva
de todos aqueles a quem Jesus oferece a sua
amizade. Como dizia João Paulo II aos Bispos
da Oceania, «toda a renovação na Igreja há-de
ter como alvo a missão, para não cair vítima
duma espécie de introversão eclesial”(27).
31.
A paróquia não é uma estrutura
caduca; precisamente porque
possui uma grande plasticidade,
pode assumir formas muito
diferentes que requerem a
docilidade e a criatividade
missionária do Pastor e da
comunidade. Embora não seja
certamente a única instituição
evangelizadora, se for capaz de se
reformar e adaptar constantemente
continuará a ser «a própria Igreja
que vive no meio das casas dos
seus filhos e das suas filhas». Isto
supõe que esteja realmente em
contato com as famílias e com a
vida do povo, e não se torne uma
estrutura complicada, separada das
pessoas, nem um grupo de eleitos
que olham para si mesmos.
32.
A paróquia é presença eclesial no território,
âmbito para a escuta da Palavra, o crescimento
da vida cristã, o diálogo, o anúncio, a caridade
generosa, a adoração e a celebração. Através de
todas as suas atividades, a paróquia incentiva e
forma os seus membros para serem agentes da
evangelização. É comunidade de comunidades,
santuário onde os sedentos vão beber para
continuarem a caminhar, e centro de constante
envio missionário. Temos, porém, de reconhecer
que o apelo à revisão e renovação das paróquias
ainda não deu suficientemente fruto, tornandose ainda mais próximas das pessoas, sendo
âmbitos de viva comunhão e participação e
orientando-se completamente para a missão.(28)
33.
Consideremos agora a
pregação dentro da Liturgia,
que requer uma séria avaliação
por parte dos Pastores. Determe-ei particularmente, e até
com certa meticulosidade, na
homilia e sua preparação,
porque são muitas as
reclamações relacionadas com
este ministério importante, e
não podemos fechar os
ouvidos. A homilia é o ponto de
comparação para avaliar a
proximidade e a capacidade de
encontro de um Pastor com o
seu povo.
34.
De fato, sabemos que os
fiéis lhe dão muita
importância; e, muitas
vezes, tanto eles como os
próprios ministros
ordenados sofrem: uns a
ouvir e os outros a pregar. É
triste que assim seja. A
homilia pode ser, realmente,
uma experiência intensa e
feliz do Espírito, um
consolador encontro com a
Palavra, uma fonte
constante de renovação e
crescimento.(135).
35.
36.
Voltamos a descobrir que também na
catequese tem um papel fundamental o
primeiro anúncio ou querigma, que deve
ocupar o centro da atividade evangelizadora e
de toda a tentativa de renovação eclesial. O
querigma é trinitário. É o fogo do Espírito que
se dá sob a forma de línguas e nos faz crer
em Jesus Cristo, que, com a sua morte e
ressurreição, nos revela e comunica a
misericórdia infinita do Pai.(164)
37.
Não se deve pensar que, na
catequese, o querigma é
deixado de lado em favor
duma formação supostamente
mais «sólida». Nada há de
mais sólido, mais profundo,
mais seguro, mais consistente
e mais sábio que esse anúncio.
Toda a formação cristã é,
primariamente, o
aprofundamento do querigma
que se vai, cada vez mais e
melhor, fazendo carne, que
nunca deixa de iluminar a
tarefa catequética, e permite
compreender adequadamente
o sentido de qualquer tema
que se desenvolve na
catequese.(165).
38.
Outra característica da catequese, que se
desenvolveu nas últimas décadas, é a
iniciação mistagógica, que significa
essencialmente duas coisas: a necessária
progressividade da experiência formativa na
qual intervém toda a comunidade e uma
renovada valorização dos sinais litúrgicos da
iniciação cristã.(166).
39.
É bom que toda a catequese preste uma
especial atenção à «via da beleza (via
pulchritudinis)». Anunciar Cristo significa
mostrar que crer n’Ele e segui-Lo não é algo
apenas verdadeiro e justo, mas também belo,
capaz de cumular a vida dum novo esplendor
e duma alegria profunda, mesmo no meio das
provações.(167)
40.
Temos uma proposta: catequese para a
transmissão da Fé. As orientações do
Sínodo devem ser colocadas em prática.
Qual o caminho para envolver rodo o
Povo de deus no processo?
Tornar missionários os que vêm para
nossas celebrações.
Como?
Formação tendo como fio condutor o
querigma. Setorizar a paróquia e começar
as visitas missionárias, criando pequenas
comunidades que devem nascer do
querigma e se tornarem, por sua vez
missionárias. Eis o círculo virtuoso.