Este trabalho apresenta um projeto de pesquisa em andamento e está inserido no campo das investigações sobre a formação de professores. Tem como objetivo central apresentar os objetivos da pesquisa sobre professores iniciantes nos primeiros anos de docência nos anos iniciais do ensino fundamental da Rede Municipal de uma cidade no Estado do Paraná/Brasil. Fundamentam teoricamente a investigação os seguintes autores: Carlos Marcelo (1999), Huberman (1992 e 1995), Nóvoa (1995), Mizukami (2002) e Romanowski (2007). A pesquisa será desenvolvida numa perspectiva qualitativa, a partir de grupo focal (Gatti, 2012) realizado com professores da Rede Municipal de Ponta Grossa. Ao realizar a discussão sobre o professor iniciante percebe-se que as dificuldades encontradas advêm dos diversos contextos evidenciados no trabalho do professor marcados por alguns fatores determinantes que influenciam na sua prática docente.
PowerPoint Folha de cálculo Excel 5 e 6 anos do ensino básico
A FORMAÇÃO INICIAL E A PRÁTICA PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES INICIANTES
1. V CONGRESO INTERNACIONAL SOBRE EL PROFESORADO PRINCIPIANTE Y LA
INDUCCIÓN ALADOCENCIA
Eje temático: Problemas de professores principiantes
INFORME DE PESQUISA EM ANDAMENTO
A FORMAÇÃO INICIAL E A PRÁTICA PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES
INICIANTES
Jonsson, Paula V. Moura
paulinhajonsson@hotmail.com
Universidade Estadual de Ponta Grossa/Brasil
Resumo:
Este trabalho apresenta um projeto de pesquisa em andamento e está inserido no campo
das investigações sobre a formação de professores. Tem como objetivo central
apresentar os objetivos da pesquisa sobre professores iniciantes nos primeiros anos de
docência nos anos iniciais do ensino fundamental da Rede Municipal de uma cidade no
Estado do Paraná/Brasil. Fundamentam teoricamente a investigação os seguintes
autores: Carlos Marcelo (1999), Huberman (1992 e 1995), Nóvoa (1995), Mizukami
(2002) e Romanowski (2007). A pesquisa será desenvolvida numa perspectiva
qualitativa, a partir de grupo focal (Gatti, 2012) realizado com professores da Rede
Municipal de Ponta Grossa. Ao realizar a discussão sobre o professor iniciante percebe-
se que as dificuldades encontradas advêm dos diversos contextos evidenciados no
trabalho do professor marcados por alguns fatores determinantes que influenciam na sua
prática docente.
Formação de Professores - Professor Iniciante - Prática pedagógica.
Quadro Teórico: O início na carreira docente tem sido estudado pela literatura brasileira e
estrangeira. Diferentes estudos têm apontado a importância da investigação de aspectos
que caracterizam a etapa de iniciação na carreira docente: Guarnieri (2005); Huberman
(1995); Imbernón (2001); Marcelo Garcia (1999); Mizukami (2002); Nóvoa (1995),
Romanowski (2007). As pesquisas de Papi; Martins (2010) e Mariano (2006) apontam as
características dos trabalhos apresentados na ANPED e no ENDIPE, entre 1995 a 2004,
sobre os processos de aprendizagem profissional da docência ocorrido nos anos iniciais
da carreira. Constatou que os aspectos menos enfatizados são: as relações entre
formação inicial e o momento de inserção profissional e as formas de aprendizagem
desenvolvidas pelo professor iniciante. Os resultados obtidos evidenciam a necessidade
de pesquisa sobre a prática pedagógica do professor iniciante.
2. V CONGRESO INTERNACIONAL SOBRE EL PROFESORADO PRINCIPIANTE Y LA
INDUCCIÓN ALADOCENCIA
Buscando identificar os dilemas profissionais dos professores dos anos iniciais do ensino
fundamental, e como as dificuldades e conflitos contribuem para a construção dos
saberes no percurso da aprendizagem da docência, Lima (2006) afirma que os dilemas
somente serão compreendidos na dimensão prática, e que é nesse momento que os
professores buscam auxílio e aprendem na interação com seus pares, e que o exercício
da profissão é também um espaço de partilha.
Por estar fortemente vinculada ao desafio de garantir uma educação de qualidade, a
formação de professores tem sido amplamente discutida. É inegável a relevância de tal
discussão, pois as evidências apontadas nas pesquisas sobre o campo de formação de
professores possibilitam uma reflexão sobre as relações entre instituição formadora e
escola.
As tarefas delegadas ao professor e as expectativas sobre seu papel são inúmeras na
sociedade contemporânea.
Exige-se do professor um perfil polivalente, assumindo inúmeras responsabilidades. Deve
ter domínio dos conteúdos a serem trabalhados, organizando-os de forma adequada
possibilitando uma aprendizagem efetiva por parte dos alunos. Destaca-se ainda que o
docente “eficiente” é aquele capaz de atuar prontamente na resolução de problemas de
ordem diversa (sociais, afetivos e até relacionados à saúde dos alunos) que surgem no
cotidiano escolar.
Para o professor iniciante essas exigências tornam os primeiros anos da docência ainda
mais complexos. Tendo em vista os desafios e dilemas postos ao professor iniciante, o
debate sobre a fase de iniciação à carreira docente tem se intensificado nos últimos anos,
ressaltando a importância desse período na constituição da prática do professor.
Sobre o papel do professor, Oliveira e Maués (2012,p.68) apresentam discussão sobre o
tema destacando a ampliação de tarefas e responsabilidades do professor, que segundo
o Proyecto Regional de Educación para a América Latina y el Caribe (PRELAC/2003):
“Além da função de ensinar em classes multiculturais, de assumir as tarefas de
enfermeiro, psicólogo e assistente social, é esperado desse profissional que se envolva
nas tarefas de gestão e de planejamento, em uma tarefa coletiva que inclua seus pares,
os alunos e a própria comunidade”.
O processo de formação inicial de professores é longo e permeado de expectativas dos
aspirantes à docência. No momento de formação inicial o futuro professor explora
perspectivas teórico-práticas e se aproxima da escola.
A aproximação do momento de início da docência gera no futuro professor muitas
inseguranças e questionamentos sobre o processo formativo. Esses questionamentos
são facilmente encontrados nos discursos de alunos concluintes nos cursos de formação
de professores.
Decorrente da necessidade de compreender os desafios da prática pedagógica do
professor iniciante, o texto apresenta o projeto de pesquisa em andamento em um
Programa de Pós-Graduação em Educação/Mestrado, no Estado do Paraná/Brasil.
Entende-se que as exigências postas ao professor iniciante tornam os primeiros anos da
docência ainda mais complexos. Tendo em vista os desafios e dilemas postos ao
professor iniciante, o debate sobre a fase de iniciação à carreira docente tem se
intensificado nos últimos anos, ressaltando a importância desse período na constituição
da prática do professor.
Ao adentrar na escola não mais como aluno, o professor iniciante vive um momento de
choque cultural diante das condições adversas que se apresentam no cotidiano da
escola. Nesse momento se depara com um contexto completamente desconhecido em
que busca superar às adversidades. Agora o professor desempenha outro papel no
ambiente escolar, se relacionando com o espaço da escola de maneira diferente, pois
passa a ser docente.
Nesse tempo de início da atividade profissional o professor vive um período de muita
3. V CONGRESO INTERNACIONAL SOBRE EL PROFESORADO PRINCIPIANTE Y LA
INDUCCIÓN ALADOCENCIA
ansiedade, que é natural em todas as profissões. Além da ansiedade e insegurança, a
sensação de falta de preparo se unem gerando uma condição quase insustentável
fazendo com que muitos professores iniciantes desistam nessa etapa.
Os professores iniciantes precisam de um acompanhamento diferenciado, o que não
acontece e na maioria das vezes, pois “[...] são colocados para atuar nas situações mais
difíceis e com pouca ou nenhuma orientação e apoio para o início da sua prática”
(Mariconi, 2013, p. 217). Dessa forma, não consegue relacionar os conhecimentos
apreendidos na formação inicial com as demandas da escola.
Propor uma pesquisa que levante quais são os principais desafios inerentes à prática do
professor iniciante é pertinente, pois, possibilita repensar os processos de formação
inicial, buscando um diálogo efetivo entre Universidade e Escola.
A presente pesquisa busca, nos discursos dos professores iniciantes, discutir sua prática,
o pensar e o repensar a formação inicial a partir das demandas evidenciadas. Assim,
apresentamos os seguintes objetivos: compreender como se efetiva a prática pedagógica
do professor iniciante dos anos iniciais do ensino fundamental na rede municipal de uma
cidade do Estado do Paraná; identificar quais são as dificuldades que os professores
iniciantes enfrentam em sua prática pedagógica no início da carreira; levantar as
estratégias teórico-metodológicas que os professores utilizam para superar os
problemas/dificuldades encontrados na prática pedagógica.
Nessa fase de ingresso na carreira docente observamos também o início do
desenvolvimento profissional. Huberman (1995), apresenta estudo sobre os ciclos de vida
profissional docente indicando as tendências gerais de cada fase. Ao apresentar a
primeira fase, a entrada na carreira, o autor indica dois momentos vividos pelo professor
iniciante: o estágio de sobrevivência e o estágio de descoberta. Ao primeiro momento
atribui como características gerais o choque com a realidade, as dificuldades reais da
prática. Ao segundo momento, o estágio de descoberta, o professor iniciante vivência um
momento de descoberta e responsabilidade.
A fase de inserção na docência pode durar vários anos, até que o professor efetive sua
prática na escola. De acordo com Carlos Marcelo (1999, p. 113), no primeiro ano os
professores são iniciantes e “[...] em muitos casos, no segundo e terceiro anos podem
estar ainda a lutar para estabelecer a sua própria identidade pessoal e profissional”. O
processo de transformar-se em docente não acontece no momento de transição da
formação inicial para inserção na escola. O professor iniciante na docência, agora
diferentemente do estágio, tem sua turma e as especificidades de cada aluno em
contexto diferenciado do processo de formação inicial.
O processo de inserção à docência é permeado de inúmeros momentos de tensão, a
escola antes conhecida ganha características diferentes através do olhar dos professores
que devem “[...] adquirir conhecimento profissional, além de conseguirem manter um
certo equilíbrio pessoal” (Vaillant & Carlos Marcelo, 2012, p. 124). Esse equilíbrio pessoal
deve ser mantido pelo professor, mesmo em situações adversas e de solidão, já que
agora não há o acompanhamento do professor de estágio.
Nesse tempo de início da docência o professor vive um período de muita ansiedade, que
é natural em todas as profissões, mas além da ansiedade e insegurança, a sensação de
falta de preparo se unem gerando uma condição quase insustentável fazendo com que
muitos professores iniciantes desistam nessa etapa. Os professores iniciantes precisam
de um acompanhamento diferenciado, o que não acontece e na maioria das vezes “[...]
são colocados para atuar nas situações mais difíceis e com pouca ou nenhuma
orientação e apoio para o início da sua prática” (Mariconi, 2013, p. 217).
Nesse sentido, para superar as tensões impostas ao professor iniciante, entende-se que
bons programas de iniciação à carreira docente poderiam contribuir para um maior
envolvimento dos professores e disposição aos enfrentamentos dos problemas cotidianos
da escola. Os programas de iniciação docente são distintos da formação inicial, e podem
4. V CONGRESO INTERNACIONAL SOBRE EL PROFESORADO PRINCIPIANTE Y LA
INDUCCIÓN ALADOCENCIA
variar seus tempos de duração. É importante ressaltar que os professores iniciantes
nesse momento, devem contar com uma equipe que o apoie e o oriente para as práticas
pedagógicas.
Segundo Vaillant e Carlos Marcelo (2012, p. 137) “Os programas de inserção devem ser
entendidos como uma proposta específica para uma etapa que é distinta, tanto da
formação inicial como da formação em atividade”. Sendo objetivo de tais programas
inserir e facilitar a adaptação do professor iniciante à cultura da escola. Os programas de
inserção são recentes no cenário da formação de professores, mas têm chamado a
atenção em alguns países que propõe tal experiência. Tais programas podem ser
centrados na escola, por meio da assessoria de mentores. Segundo Carlos Marcelo
(1999, p. 128) os mentores ou ajudante/assistente “[...] tem –se apresentado como
possível remédio ou “antídoto” para o choque de realidade”.
Os programas de inserção são recentes no cenário da formação de professores, mas têm
chamado a atenção em alguns países que propõe tal experiência. Tais programas podem
ser centrados na escola, ou na assessoria através de mentores, que segundo Carlos
Marcelo (1999, p. 128) os mentores ou ajudante/assistente “tem –se apresentado como
possível remédio ou “antídoto” para o choque de realidade”.
Vaillant; Carlos Marcelo (2012, p. 123) apresentam alguns casos inspiradores de
programas de inserção que permitem repensar a forma como os professores iniciam na
carreira docente. Apresentam a experiência da Inglaterra, em que o professor iniciante
passa por um período de inserção através de processo individualizado de
acompanhamento e apoio permitindo uma maior reflexão do docente reduzindo sua
ansiedade. Os programas da Irlanda do Norte, Escócia, França, Suíça, Israel, Austrália,
Nova Zelândia, Japão e Estados Unidos são citados, e os traços comuns elencados pelos
autores são: “acompanhamento de um mentor ou tutor especialista, a participação dos
docentes novatos em seminários, a comunicação constante com os diretores do
estabelecimento de ensino e tempo dedicado a planejar aulas”.
A principal característica comum aos programas dos países citados anteriormente é a
observação em sala de aula. As situações observadas pelo professor iniciante são
seguidas de uma discussão com os mentores sobre os aspectos observados, permitindo
assim uma reflexão importante no processo de inserção na docência.
Buscando atingir os objetivos propostos, a presente pesquisa será desenvolvida em
escolas da rede municipal de uma cidade do Estado do Paraná. Os sujeitos da pesquisa
serão 12 docentes graduados em Pedagogia, atuantes nos anos iniciais do ensino
fundamental e com até dois anos de docência. Como instrumentos de coleta de dados, a
pesquisa iniciará com a aplicação de questionário, buscando caracterizar o perfil do
professor iniciante: idade, gênero, carga horária, tempo de formação. Também faremos
uso da técnica do grupo focal, para promover uma discussão sobre à sua formação inicial
e a prática pedagógica do professor iniciante. O processo investigativo se dará de
maneira interacional, já que a técnica do o grupo focal permite a ampliação de relações
auxiliando na compreensão de “[...] práticas cotidianas, ações e reações a fatos e
eventos” (Gatti, p. 11, 2012), favorecendo assim a investigação sobre a prática
pedagógica dos professores iniciantes em seu cotidiano escolar.
A análise de conteúdo será feita a partir de Bardin (2011), que consiste em um conjunto
de técnicas utilizadas para a análise do conteúdo das mensagens. A análise de conteúdo
(Bardin, 2011) como metodologia de pesquisa é usada para descrever e interpretar o
conteúdo dos dados coletados.
Propor uma pesquisa que levante quais são os principais desafios inerentes à prática do
professor iniciante é pertinente, pois, possibilita repensar os processos de formação
inicial, buscando um diálogo efetivo entre Universidade e Escola. Ao realizar o estudo
sobre a temática percebe-se que as dificuldades encontradas na prática pedagógica,
advêm dos diversos contextos no trabalho do professor. Sendo assim, temos
5. V CONGRESO INTERNACIONAL SOBRE EL PROFESORADO PRINCIPIANTE Y LA
INDUCCIÓN ALADOCENCIA
evidenciado fatores determinantes que influenciam a prática do professor iniciante e sua
permanência no magistério.
A presente investigação contribuirá de maneira significativa na compreensão das práticas
pedagógicas do professor iniciante no Município do Estado do Paraná/Brasil, e quais são
os determinantes para tal prática. A pesquisa permitirá um maior entendimento de quem
é o professor iniciante e quais são os desafios impostos à sua prática pedagógica.
Referências
BARDIN, L. (2011). Análise de conteúdo. (2a. ed). São Paulo: Edições.
GATTI, A. B. (2012). Grupo focal na pesquisa em Ciências Sociais e Humanas. Brasília:
Liber Livro Editora.
GUARNIERI, M.R. (2005). O início da carreira docente: pistas para o estudo do trabalho
do professor. In: M.R. GUARNIERI (Org.). Aprendendo a ensinar: o caminho nada suave
da docência. Campinas, São Paulo: Autores Associados.
HUBERMAN, M. (1995). O ciclo de vida profissional dos professores. In: NÓVOA, A.
(Org.). Vidas de professores. Lisboa: Porto Editora.
IMBERNÓN, F. (2001). Formação docente e profissional: formar-se para a mudança e
incerteza. (4a ed). São Paulo: Cortez.
LIMA, E. F. (Org.). (2006). Sobrevivências no início da docência. Brasília: Líber Livro..
MARCELO GARCIA, C. (1999). Formação de professores: para uma mudança educativa.
Portugal: Porto Editora.
MARIANO, A. L. S. (2006). A construção do início da docência: um olhar a partir das
produções da ANPEd e do ENDIPE. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de
São Carlos, São Carlos, São Paulo, Brasil.
MARICONI, G. M. (2013). Avaliação para o ingresso e acompanhamento de iniciantes na
carreira docente. In: GATTI, B. A. (Org). O trabalho docente: avaliação, valorização,
controvérsias. São Paulo: Autores Associados.
MIZUKAMI, M.G.N. (2002). Escola e aprendizagem da docência: processos de
investigação e formação. São Carlos: EDUFSCar.
NÓVOA, A. (1995). Os professores e a sua formação. (2a ed.) Lisboa-Portugal: Dom
Quixote.
OLIVEIRA, J.F. & MAUÉS, O.C. (2012). A formação docente no Brasil: cenários de
mudança, políticas e processos em debate. In: OLIVEIRA, D.A. & VIEIRA, L.F. Trabalho
na educação básica: a condição docente em sete estados brasileiros. Belo Horizonte:
Fino Traço.
PAPI, S. O. G. & MARTINS, P. L. (2010). O. As pesquisas sobre professores iniciantes:
algumas aproximações. Educação em Revista, 26 (3), 39-56.
VAILLANT, D. & MARCELO GARCIA, C. (2012). Ensinando a ensinar: as quatro etapas
de uma aprendizagem. Curitiba: UTFPR.