SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 9
Baixar para ler offline
Uma hierarquia para duas igrejas
Dominicanos de Avrillé
Le Sel de la Terre n°59, inverno de 2006-2007SANTOS E
FESTAS DO MÊS:
03– São Francisco Xavier;
04– São Pedro Crisólogo;
Santa Bárbara;
06– São Nicolau;
07– Santo Ambrósio;
08– Imaculada Conceição;
12– Nossa Senhora de Guadalu-
pe;
21– São Tomé, apóstolo;
25– Natividade de Nosso Senhor;
26– Santo Estevão, Protomártir;
27– São João, Evangelista;
28– Santos Inocentes;
29– São Tomás de Cantuária;
31– São Silvestre.
N E S T A
E D I Ç Ã O :
Uma hierarquia para duas
Igrejas
1 a 4
Comunicado 5
Colóquios com Dom Marcel
Lefebvre
6
Congregação Mariana 9
Dezembro/2015Edição 31
A Família Católica
C A P E L A N O S S A S E N H O R A D A S A L E G R I A S
Introdução
Duas igrejas para uma mesma hierarquia. Du-
as igrejas distintas em seus princípios e finalida-
des, mas não completamente separadas na
prática. Segue um excelente artigo dos Domini-
canos de Avrillé, com esclarecimentos sobre
mais este aspecto da desastrosa crise que en-
frenta a Igreja. Uma situação completamente
nova e delicada que se formou após o Concílio
Vaticano II, um terreno frágil onde excessos po-
dem levar ao sedevacantismo ou uma aproxima-
ção perigosa para com Roma modernista. Nos
próximos números colocaremos outros textos
essenciais dos mesmos dominicanos, para dar
formação a nossos leitores sobre este tema deli-
cado e de importantíssima atualidade.
***
Em uma carta datada de 25 de junho de 1976
enviada a Monsenhor Lefebvre por parte do Pa-
pa, Monsenhor Giovanni Benelli emprega pela
primeira vez uma expressão que se tornou famo-
sa: “A Igreja Conciliar.” “Se eles (os seminaris-
tas) são de boa vontade e seriamente prepara-
dos para um ministério presbiterial na verdadei-
ra fidelidade à Igreja Conciliar, encarregar-nos-
emos de encontrar a melhor solução para eles.”
Desta Igreja conciliar temos falado frequente-
mente em “Le Sel de la Terre”, mas não nos é
inútil voltar a esta questão já que é tão importan-
te. A questão que particularmente queremos
abordar aqui é a seguinte: A Igreja católica e a
Igreja conciliar têm uma mesma hierarquia?
ESTADO DA QUESTÃO
Por princípio, de onde partimos? Procuraremos
definir as duas Igrejas em questão. Fá-lo-emos
segundo as quatro causas que geralmente dis-
tinguem a filosofia escolástica.
Uma sociedade é um ser moral (no caso da
Igreja Católica, não há somente união moral.
Também há união espiritual devido à participa-
ção de bens sobrenaturais - a fé, por exemplo: é
uma união de pessoas que estão unidas pelo
mesmo fim - um mesmo bem comum). Pode-se
distinguir:
- A causa material, são as pessoas que estão
unidas na sociedade. Diremos que no caso da
Igreja Católica como no da Igreja conciliar, são
os batizados (com um batismo válido).
- A causa eficiente é o fundador da sociedade:
Nosso Senhor Jesus Cristo no caso da Igreja
Católica, os papas do concílio, no caso da Igreja
conciliar. Depois da ascensão de seu fundador, é
a autoridade quem continua fazendo o papel de
causa eficiente e mantém unida à sociedade.
Atualmente, é essa mesma hierarquia que cum-
pre o papel de causa eficiente para a Igreja Cató-
lica e para a Igreja conciliar.
- A causa final é o bem comum buscado pelos
membros da sociedade: no caso da Igreja Católi-
ca, o bem que se busca é a salvação; no caso da
Igreja conciliar o bem que se busca é – mais ou
menos conscientemente – a unidade do gênero
humano (o ecumenismo em sentido amplo) “O
que define melhor toda a crise da Igreja é verda-
deiramente este espírito ecumênico-
liberal” (Monsenhor Lefebvre, conferência de 4
de abril de 1978).
- A causa formal é a união dos espíritos e vonta-
des dos membros na busca do bem comum. Na
Igreja Católica, há união de espíritos em uma
mesma profissão de fé e uma união de vontades
na prática de um mesmo culto e na obediência
aos mesmos pastores (portanto às leis que eles
estabelecem, a saber, o Direito Canônico). Na
Igreja conciliar, encontra-se também uma união
de espíritos na aceitação de um mesmo ensina-
mento (o Concílio) e união de vontades na práti-
ca da nova liturgia e na obediência às novas
diretrizes da hierarquia pós-conciliar (como o
novo código de direito canônico). (Esta união de
espíritos e de vontades é muito menos estrita na
Igreja conciliar que na Igreja Católica. Basta
“aceitar o concílio” e em seguida cada qual pode
fazer o que quiser).
Podemos definir a Igreja católica como a
sociedade de batizados que buscam salvar
suas almas professando a fé católica, pra-
ticando o mesmo culto católico e obede-
cendo aos mesmos pastores, sucessores
dos Apóstolos.
Quanto à Igreja Conciliar, ela é a socieda-
de de batizados que se submetem às dire-
tivas do papa e dos bispos atuais em sua
vontade de promover o ecumenismo conci-
liar e que, por consequência, admitem
todo o ensinamento do Concílio, pratican-
do a nova liturgia e submetendo-se ao
novo direito canônico.
Nestas condições, é possível que uma
mesma hierarquia possa dirigir as duas
sociedades?
OBJEÇÕES
- Primeira objeção: Não é possível que uma
mesma hierarquia dirija duas Igrejas. Pode
se imaginar que um mesmo patriarca pos-
sa dirigir os coptas católicos e os coptas
ortodoxos? Portanto é impensável imagi-
nar uma hierarquia comum à Igreja Católi-
ca e à Igreja Conciliar.
- Segunda objeção: De fato, não há uma
hierarquia, senão duas. De um lado estão
os bispos conciliares que dirigem a Igreja
conciliar e do outro os bispos da Tradição
que dirigem a Tradição, ou seja, a Igreja
Católica.
- Terceira objeção: Quem não vê que a
hierarquia da Igreja Conciliar é uma pseu-
do-hierarquia? O papa não é papa porque
não é católico; quanto aos bispos, não são
bispos porque o rito das consagrações
episcopais não é válido.
[Nós adicionamos uma quarta objeção,
lida na internet. Diz essa objeção: “a reli-
gião do Concílio Vaticano II é uma religião
especificamente distinta e inclusive oposta
à católica. É impossível que a religião con-
ciliar esteja dentro da Igreja Católica”.
Respondemos: a ideia é esta: “a religião
conciliar é uma heresia e é impossível que
haja hereges dentro da Igreja Católica”.
Mas a verdade é que se pode professar a
religião conciliar sem culpa, incorrendo em
heresia apenas material, e dado que os
batizados que incorrem em heresia unica-
mente material não deixam de pertencer à
Igreja, pode-se professar a religião concili-
ar sem deixar de ser católico ou de estar
na Igreja Católica.- Nota do blog Non Pos-
sumus]
ARGUMENTO DE AUTORIDADE
Nós não somos os primeiros a afirmar
que as duas Igrejas têm a mesma hierar-
P á g i n a 2 A F a m í l i a C a t ó l i c a
quia. Esta afirmação se encontra com a
maioria dos que abordaram a questão
antes de nós:
“Que exista no presente duas Igrejas,
com um só e mesmo papa Paulo VI à cabe-
ça de uma e outra, nós não o dissemos por
nada, não o inventamos, nós constatamos
que é assim.” Gustavo Corção na revista
Itineraires de novembro de 1974, em se-
guida o padre Bruckberger no “L’Aurore”
de 18 de março de 1976 tem-no sublinha-
do publicamente: a crise religiosa não é
como no século XVI de ter para uma só
Igreja dois ou três papas simultaneamen-
te; agora é de ter um só papa para duas
Igrejas, a Católica e a pós-conciliar […]
O mundo moderno nos apresenta um
espetáculo oposto ao do grande cisma do
ocidente: duas Igrejas com um só Papa.
O texto mais interessante é do padre
Julio Meinvielle. Data de 1970: é o primei-
ro texto que conhecemos sobre este as-
sunto. O sacerdote argentino escreveu – e
é a conclusão de seu magistral livro “De la
Cábala ao progresismo”:
“Um mesmo Papa presidiria ambas Igre-
jas, que aparente e exteriormente não
seriam senão uma. O Papa, com suas ati-
tudes ambíguas daria pé para manter o
equívoco. Porque, por um lado, professan-
do uma doutrina inatacável, seria a cabeça
da Igreja das Promessas. Por outro lado,
produzindo atos equívocos e até reprová-
veis, apareceria encorajando a subversão
e mantendo a Igreja gnóstica da Publicida-
de.
A eclesiologia não tem estudado suficien-
temente a possibilidade de uma hipótese
como a que aqui propomos. Mas se pen-
sarmos bem, a Promessa de assistência
da Igreja se reduz a uma assistência que
impeça o erro de introduzir-se na Cátedra
Romana e na mesma Igreja, e ademais
que a Igreja não desapareça nem seja
destruída pelos seus inimigos”.
REFLEXÃO TEOLÓGICA.
Nosso Senhor prometeu que as portas
do inferno – os poderes infernais – jamais
prevalecerão contra sua Igreja. Portanto
ela é indefectível: ela deve continuar até o
fim dos tempos para fornecer às almas de
boa vontade os meios de salvação, a sa-
ber: a sã doutrina, sacramentos válidos, o
santo Sacrifício da Missa, uma autêntica
vida espiritual. Tudo isto supõe que a hie-
rarquia católica durará até o fim do mundo
e poderá – ao menos para os que verda-
deiramente o desejam, cumprir com seu
fim que é conduzir as almas ao Céu.
Além disso, Nosso Senhor também anun-
ciou que sua segunda vinda seria precedi-
da de uma “tribulação tal que não houve
desde o princípio do mundo até agora, e
não haverá outra.” (Mt. XXIV, 21). Esta
tribulação será acompanhada de uma
decaída da fé ao ponto que Nosso Senhor
se pergunta se encontrará ainda fé sobre a
terra no momento de sua segunda vinda
(Lc. XVII, 8). Esta apostasia está profetiza-
da por São Paulo (II Tes. III, 4) e São To-
más de Aquino explica comentando este
versículo, que os povos cristãos se emanci-
parão da fé da Igreja Romana. Isto parece
indicar bem que uma boa parte da hierar-
quia será infiel à sua missão.
No tempo que precede à vinda de Nosso
Senhor, o sol e a lua não iluminarão mais
(Mt. XVIII, 8), o que, em sentido simbólico,
significa que a Igreja e a sociedade cristã
perderão a sua influência.
RESPOSTAS ÀS OBJEÇÕES.
Podemos agora responder às objeções
contra a possibilidade de uma única hie-
rarquia para as duas “Igrejas”.
- O erro da primeira objeção é o de imagi-
nar a Igreja conciliar como uma sociedade
que impõe formalmente o cisma ou a here-
sia, tal como uma igreja ortodoxa ou uma
comunhão protestante. Se eu me adiro à
igreja anglicana, por exemplo, sou formal-
mente cismático, ou seja, herege, e já não
faço parte da Igreja Católica.
Mas eu posso ser conciliar – ou seja,
para simplificar, ecumenista – conservan-
do a fé católica. Sem dúvida que ponho
minha fé, e a de outros, em perigo. Mas
não abjuro dela em seguida.
É por isso que os membros da hierar-
quia, desde o momento em que não levam
seus erros ao ponto de renegar a fé católi-
ca, continuam sendo membros da hierar-
quia católica, inclusive quando são concili-
ares.
O que concedemos ao objetante é que os
bispos da Tradição não formam parte da
Igreja conciliar.
- Contrariamente ao que declara a segun-
da objeção, os bispos conciliares e os bis-
pos da Tradição não constituem duas hie-
rarquias. Monsenhor Lefebvre, ao consa-
grar os bispos em 30 de junho de 1988,
protestou contra a ideia de estabelecer
outra hierarquia. Não há mais do que uma
hierarquia, tendo em sua cabeça o papa e
sob ele todos os bispos católicos (inclusive
os da Tradição).
Quando um sacerdote da Tradição cele-
bra a santa Missa, nomeia no cânon os
membros da hierarquia: o papa e o bispo
do local.
O que dá uma aparência de verdade à
objeção, é que o papa e os bispos atuais,
muito frequentemente, atuam como repre-
sentantes da Igreja conciliar: nesta quali-
dade – quando promovem os novos sacra-
mentos, o novo catecismo, etc. – os bons
católicos, com razão, não os obedecem.
- Quanto à terceira objeção, esta repousa
em afirmações gratuitas, como temos ex-
plicado muitas vezes nesta revista. Nin-
guém jamais apontou a prova decisiva de
que o papa não seja papa, nem que os
bispos atuais sejam consagrados com um
rito inválido. Temos de tê-los – pela falta
de prova em contrário – por representan-
tes da hierarquia, resistindo-lhes quando
utilizam sua posição para impor os erros
conciliares.
ANEXO SOBRE A IGREJA CONCILIAR
Monsenhor Lefebvre:
Um tempo após haver recebido a carta
de Monsenhor Benelli, em 29 de julho,
Monsenhor Lefebvre comentou também
esta expressão “igreja conciliar”:
"Nada mais claro! De agora em diante, é
à igreja conciliar que se deve obedecer e
ser fiel, já não à Igreja católica. Esse é
precisamente todo o nosso problema. Nós
estamos suspensos a divinis pela Igreja
conciliar, e para a Igreja conciliar, da qual
nós não queremos fazer parte.
Esta igreja conciliar é uma igreja cismáti-
ca, porque ela rompe com a Igreja católica
de sempre. Tem seus novos dogmas, seu
novo sacerdócio, suas novas instituições,
seu novo culto já condenado pela Igreja
em repetidos documentos oficiais e defini-
tivos.
É por isso que os fundadores da igreja
conciliar insistem tanto sobre a obediência
hoje em dia, fazendo abstração da Igreja
de ontem, como se ela já não existisse.
(…)A igreja que afirma semelhantes er-
ros, é por sua vez cismática e herética.
Esta igreja conciliar não é, portanto, católi-
ca. Na medida em que o papa, os bispos,
sacerdotes ou fiéis aderem a esta nova
igreja, eles se separam da igreja católica. A
igreja de hoje não é a verdadeira Igreja
mais que na medida que ela continue em
unidade com a Igreja de ontem e de sem-
pre. A norma de fé católica é a Tradição”.
Outras citações de Monsenhor Lefebvre:
"Deste concílio nasceu uma nova igreja
reformada que o mesmo Monsenhor Be-
nelli chama a igreja conciliar.
É muito fácil pensar que qualquer um que
se oponha ao concílio, seu novo evange-
lho, será considerado como fora da comu-
nhão da Igreja. Podemos lhes perguntar:
de qual Igreja? Eles respondem: da igreja
conciliar. (Acuso o Concílio, pg. 7)
Este concílio representa, tanto aos olhos
das autoridades romanas como aos nos-
sos, uma nova igreja que eles chamam “a
igreja conciliar”. (…)
Todos os que cooperam na aplicação
desta alteração, aceitam e aderem a esta
nova igreja conciliar, como a designou
Monsenhor Benelli na carta que me enviou
da parte do Santo Padre, em 25 de junho
passado (1976), entram no cisma” (Um
Bispo Fala, pgs. 97 e 98).
"A nova missa, como a nova igreja conci-
liar, está em ruptura profunda com a Tradi-
ção e o magistério da Igreja. É uma con-
cepção mais protestante que católica que
explica tudo o que está indevidamente
exaltado e tudo o que tem sido reduzido
(...) A reforma litúrgica de estilo protestan-
te é um dos maiores erros da igreja concili-
ar e um dos mais nocivos à fé e à gra-
ça.” (Carta Aberta ao Papa, suplemento nº
37 de Fideliter, janeiro-fevereiro de 1984,
pg. 10).
"Os católicos que se assustam com a
nova linguagem utilizada pela igreja conci-
liar, têm a vantagem de saber que isto não
é novo, que Lamennais, Fuchs, Loisy o
iniciaram desde um século atrás, e que
eles mesmos não fizeram mais que reunir
todos os erros que correram no curso dos
séculos” (Carta Aberta aos Católicos Per-
plexos, cap. 16).
"O cardeal Ratzinger se esforça uma vez
mais em dogmatizar o Vaticano II. Nos
deparamos com pessoas que não têm
nenhuma noção da Verdade. Estaremos
cada vez mais forçados a atuar conside-
rando esta nova igreja como já não católi-
ca” (Carta de Monsenhor Lefebvre a Jean
Madiran, em 29 de janeiro de 1986).
"Louis Veuillot disse: “Dois poderes vi-
vem e estão em guerra no mundo: A Reve-
lação e a Revolução”. Escolhemos conser-
var a Revelação enquanto que a igreja
conciliar escolheu a Revolução. A razão de
nossos vinte anos de combate está nesta
escolha” (Conferência em Ecône em se-
tembro de 1986, Fideliter 55, pg. 18).
"Como é este espírito de diálogo liberal
que é inculcado desde o início aos sacer-
dotes e missionários, compreendemos por
que a igreja conciliar tem perdido comple-
tamente seu zelo missionário, o espírito
mesmo da Igreja” (O Destronaram, pg.
104).
(…) "Esperando que vós possais realizar
meu desejo de uma revista que destrua os
erros do concílio e da igreja conciliar pro-
fessados cada vez mais abertamente pelo
papa e a cúria romana, trazendo à luz a
doutrina católica. Agora enfrentamo-nos
com os assassinos da fé católica, sem
nenhuma vergonha” (Carta de Monsenhor
Lefebvre ao padre prior de Avrillé, 7 de
janeiro de 1991).
Terminemos com um extrato do sermão
de Monsenhor Lefebvre em 30 de junho
de 1988, durante a consagração dos qua-
tro bispos:
"Penso que vossos aplausos de uns mo-
mentos atrás eram uma manifestação
espiritual que traduz vossa alegria por ter
enfim bispos e sacerdotes católicos que
salvem vossas almas, que deem a vossas
almas a vida de Nosso Senhor Jesus Cris-
to, através da doutrina, dos sacramentos,
da fé e do Santo Sacrifício da Missa. A vida
de Nosso Senhor, da qual tendes necessi-
dade para ir ao Céu, está desaparecendo
em todas as partes nesta igreja conciliar.
Segue uns caminhos que não são os cami-
nhos católicos. Simplesmente conduzem à
apostasia. (...)
Se estou no erro, se ensino erros, está
claro que se me deve trazer de novo à
verdade, de acordo com os que me enviam
este protocolo para ser assinado reconhe-
cendo meus erros. Como se me disses-
sem: se reconhece seus erros, lhe ajudare-
mos para que volte à verdade. Que verda-
de é esta, segundo eles, senão a verdade
do Vaticano II, a verdade desta igreja con-
ciliar? Portanto é certo que para o Vaticano
a única verdade que existe hoje é a verda-
de conciliar, o espírito do Concílio, o espíri-
to de Assis. Essa é a verdade de hoje. E
isso não o queremos por nada do mundo.”
Outras citações:
Não foi Monsenhor Lefebvre o único em
utilizar esta expressão. O Padre Calmel,
em 1971, falava da falsa igreja pós-
conciliar.
"A falsa igreja que vemos entre nós des-
de o curioso concílio Vaticano II, afasta-se
sensivelmente, ano a ano, da Igreja funda-
da por Jesus Cristo. A falsa igreja pós-
conciliar se distancia cada vez mais da
Santa Igreja que salva as almas há vinte
séculos. A pseudo-igreja em construção se
divide cada vez mais da Igreja verdadeira,
a única Igreja de Cristo, pelas inovações
mais estranhas, tanto na constituição hie-
rárquica como no ensino da moral”.
Sob expressões análogas, encontramos
a mesma noção em Gustavo Corção, em
1974 e 1978:
"Esta desordem que reina no cristianismo, amplifica-se dia a
dia, e nos deixa em uma situação única na história depois da
santa natividade de Nosso Senhor: nós já não sabemos onde
está nossa Igreja! Pelos sinais visíveis, temos uma ideia de pesa-
delo: o mundo moderno nos apresenta um espetáculo oposto ao
do grande Cisma do Ocidente: duas Igrejas com um só papa.
Minha convicção firme e tenaz, tantas vezes sustentada aqui e
em todas as partes, é que entre a Religião Católica professada
em todo o mundo católico até poucos anos atrás e esta religião
imposta abertamente ao século como "nova", "progressista",
"evoluída", existe uma diferença de espécie ou diferença por
alteridade. Temos atualmente duas Igrejas, governadas e servi-
das pela mesma hierarquia: a Igreja Católica de sempre, e a Ou-
tra. (…)
E note bem, leitor: quando dou a essa “outra” o nome de Igreja
pós-conciliar não é de modo algum para insinuar aos espíritos a
infeliz ideia de que, após o Concílio, a Igreja de Cristo se transfor-
mou a ponto de tornar-se irreconhecível, nem que os fiéis de boa
doutrina católica devam submeter-se por pura obediência a esta
nova forma visível da Igreja, na qual a maioria das pregações e
dos novos ensinamentos são radicalmente estranhos e algumas
vezes opostos à doutrina católica. Não! A Igreja Católica e Apostó-
lica existindo no mundo após o concílio, submetida a duras pro-
vações, mas sempre fiel na conservação do depósito sagrado.
Se o leitor me pede algumas essenciais diferenças que sepa-
ram as duas religiões, eu respondo: diferença de espírito, diferen-
ça de doutrina, diferença de culto e diferença moral. Como terei
chegado a tão assustadora convicção? Pois bem, como todos os
católicos que compartilham comigo tal convicção: por anos de
sofrimentos e reflexão. Começamos por confrontar os novos tex-
tos, as novas alocuções, as novas publicações pastorais com a
doutrina ensinada até... anteontem. A começar pelos textos saí-
dos dos mais altos escalões, cujo exame doloroso nos força a
concluir que estão inspirados por outro espírito e se firmam em
outra doutrina.”
Em 1976, no Supplement-Voltigeur da revista Itineraires, Jean
Madiran escreveu:
"FORA DE QUAL IGREJA?
Em seu discurso ao consistório de 24 de maio (1976), onde
Monsenhor Lefebvre é mencionado muitas vezes, Paulo VI (...) o
acusa de se colocar fora da Igreja”.
Porém fora de qual Igreja? Há duas. E Paulo VI não renunciou a
ser papa destas duas igrejas simultaneamente. Nestas condi-
ções, “fora da Igreja” resulta em equívoco e não resolve nada.
Que haja na atualidade duas Igrejas com um só e mesmo Paulo
VI à frente de uma e da outra, não o inventamos, constatamos
que é assim.
Alguns episcopados que se declaram em comunhão com o
papa, e que o papa não nega sua comunhão, têm saído objetiva-
mente da comunhão católica (...) Sim, mas prevaricadores, deser-
tores, impostores, Paulo VI segue sendo sua cabeça sem desa-
prová-los e nem corrigi-los, conserva-os em sua comunhão, ele
preside esta igreja também (...).
Se o concílio tem sido interpretado constantemente como o foi,
é com o consentimento ativo ou passivo dos bispos em comu-
nhão com o papa. Assim se constituiu uma igreja conciliar, dife-
rente da Igreja Católica. (…)
Há duas Igrejas sob Paulo VI. Não ver que são duas, ou não ver
que são completamente diferentes uma da outra, ou não ver que
Paulo VI até agora preside uma e outra, é a cegueira, e em certos
casos pode ser uma cegueira invencível. Mas tendo-o visto e não
tendo-o dito seria a cumplicidade de seu silêncio e uma anomalia
monstruosa.
Gustavo Corção na revista Itinerários de novembro de 1974,
logo em seguida o Padre Bruckberger em L’Aurore de 18 de mar-
ço de 1976, expressaram-no publicamente: A crise religiosa já
não é como no século XVI, quando se teve uma só Igreja e dois
ou três papas simultaneamente: Hoje é ter um só papa para du-
as Igrejas, a católica e a pós-conciliar " (...)
O Padre Meinvielle, em 1970, falava da Igreja da publicidade
para designar o que chamamos a igreja conciliar: mas ele descre-
ve muito bem a situação atual, de uma mesma hierarquia gover-
nando duas Igrejas:
"Não é necessária muita perspicácia para ver que desde há
cinco séculos o mundo se está conformando à tradição cabalísti-
ca – O mundo do Anticristo de adianta velozmente. Tudo ocorre
para a unificação totalitária do filho da perdição. Daí também o
êxito do progressismo. O cristianismo se seculariza ou vai se
tornando ateu.
Como se hão de cumprir, nesta era cabalística, as promessas
de assistência do Divino Espírito à Igreja e como se verificará o
portae in feri non prevalebunt, as portas do inferno não prevale-
cerão, não cabe na mente humana. Mas assim como a Igreja
começou sendo uma semente pequeniníssima1, e se fez árvore e
árvore frondosa, assim pode reduzir-se em sua abundância e ter
uma realidade muito mais modesta. Sabemos que o mysterium
iniquitatis já está trabalhando2; mas não sabemos os limites de
seu poder. Por outro lado, não há dificuldade em admitir que a
Igreja da publicidade possa ser enganada pelo inimigo e conver-
ter-se de Igreja Católica em Igreja gnóstica. Pode haver duas
Igrejas, uma, a da publicidade, Igreja magnificada na propagan-
da, com bispos, sacerdotes e teólogos publicitários, e ainda com
um Pontífice de atitudes ambíguas; e outra, Igreja do silêncio,
com um Papa fiel a Jesus Cristo em seu ensinamento e com al-
guns sacerdotes, bispos e fiéis que lhe sejam dependentes, es-
palhados como "pusillus grex" por toda a terra. Esta segunda
seria a Igreja das promessas, e não aquela primeira, que poderia
deserdar. Um mesmo Papa presidiria ambas Igrejas, que aparen-
te e exteriormente não seria senão uma. O Papa, com suas atitu-
des ambíguas, daria subsídios para manter o equívoco. Porque,
por um lado, professando uma doutrina intocável seria cabeça
da Igreja das promessas. Por outro lado, produzindo atos equívo-
cos e quiçá reprováveis, apareceria como alentando a subversão
e mantendo a Igreja gnóstica da Publicidade.
A eclesiologia não estudou suficientemente a possibilidade de
uma hipótese como a que aqui propusemos. Mas se se pensa
bem, a Promessa de Assistência da Igreja se reduz a uma Assis-
tência que impeça que o erro se introduza na Cátedra Romana e
na mesma Igreja, e além disso que a Igreja não desapareça nem
seja destruída por seus inimigos."
(1) Mq 13, 32.
(2) 2 Ts 2, 7.
Fonte: http://nonpossumus-vcr.blogspot.com.br/
Tradução: Capela Nossa Senhora das Alegrias
Sobre a polêmica com os comentários Eleison de Dom Williamson
Pronunciamento oficial da Capela Nossa Senhora das Alegrias
Vitória, 31 de dezembro de 2015
Aos nossos respeitáveis fiéis, que graças a Deus, tem bom senso e raciocinam:
1° - No undécimo dia deste mês fizemos um primeiro comunicado a respeito da polêmica gerada pelos comentários Eleison escritos
por S.E.R Dom Williamson. Nestes comentários, dom Williamson trata a respeito do suposto milagre ocorrido em Buenos Aires, envol-
vendo uma Hóstia consagrada no rito bastardo e protestantizado do Vaticano II. Neste comunicado dizíamos que não opugnávamos
àqueles que tinham dúvidas ou questionamentos aos mesmos comentários, mas que nos opugnávamos a maneira com que estava
sendo feita por alguns.
2° - Mantemos a mesma posição.
3° - Embora seja uma questão de opinião sobre se houve ou não milagre com a hóstia supracitada, os fiéis que tiverem alguma dúvi-
da, saibam que a posição de Dom Faure é a dita por ele mesmo no sermão disponibilizado no site “Non Possumus” em que defende
D. Williamson daqueles que o julgam.
4° - Saibam que a posição de nosso diretor espiritual, Dom Tomás de Aquino, permanece a mesma: Ele leu tranquilamente os co-
mentários Eleison e não encontrou nada contra a fé.
5° - Que conheçam também a posição do diretor de nossa Congregação Mariana e do Apostolado da Oração, o Revmo. Padre Joa-
quim de Sant’Ana e de seu superior, o Padre Jahir Brito, que é a mesma de D. Tomás.
Ele nos escreveu especialmente, dizendo: “Se esforcem pela santificação que, sobretudo nos dias de hoje, deve ser precedida e
acompanhada por uma sólida formação, a qual não deve ser confundida com o prurido de conhecer, opinar e discutir, que tantas
vezes conduz a iniciativas quixotescas. ”
6° - Que conheçam também a do especialista em tomismo no Brasil, o sr. Prof. Carlos Nougué, que escreveu vários artigos em seu
blog “Estudos Tomistas”, que disponibilizaremos abaixo, explicando a posição de D. Williamson segundo Santo Tomás. (Que segundo
D. Tomás agradou aos Dominicanos).
7° - Mantenhamos sempre nossas discussões no campo doutrinal, como fazem os amantes da verdade. Pedimos aos nossos fiéis
que não se envolvam em discussões privadas com pessoas que tratam de maneira irreverente os nossos bispos e sacerdotes. Por
favor, caros fiéis, mantenhamo-nos no bom espírito que graças a Nossa Senhora tem nos acompanhado nestes últimos anos de com-
bate contrarrevolucionário.
8° - Quando forem discutir, mesmo doutrina e moral, discutam com firmeza e intransigência, mas sempre com mansidão e caridade,
pelo bem da verdade, com pureza de intenção, pois nossa força é ter razão, e a glória de Deus nosso ideal. Não precisamos absoluta-
mente de nos alterarmos, senão por causas raríssimas, que pensamos não serem as atuais. Seguindo o conselho de Nosso Senhor:
“Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração. ” E do conselho apostólico: “Há entre vós algum que se tem por sábio e bem
formado para instruir os outros? Mostre pelo bom porte de seu proceder e de uma sabedoria cheia de doçura. ” São Tiago 3, 13.
8° - Pedimos aos nossos fiéis que estudem bem D. Lefebvre, D. Antônio de Castro Mayer, o magistério papal dos séculos XVIII, XIX e
do início do XX, que denunciaram a seita maçônica e sua pérfida ação no mundo. Estudem os bons autores antiliberais: Dom Barbier,
Monsenhor Gaume, Padre Salvany, Monsenhor Delassus, Cardeal Pie e outros mais. Leiam bem as publicações dos dominicanos que
“Non Possumus” sempre traduz para o espanhol, ou além disso, acompanhem o “Le Sel de la Terra”. Por falar nisto, D. Tomás nos
presenteou com uma assinatura anual desta revista. O primeiro exemplar está à disposição para a leitura na Casa de formação S.
José – casa anexa a nossa capela.
9° - Fiquem longe dos teólogos(a) de internet e mais perto de Santo Tomás de Aquino.
10° - Acompanhem o blog “Estudos tomistas” do sr. Prof. Carlos Nougué.
11° - Lamentamos e rezamos por mais esta provação.
12° - Evitem uma frequência desnecessária a internet, que tão facilmente nos insere em um mundo superficial, ilusório e fantasioso,
tão longe do real mundo católico, da prática constante da virtude, do tradicional estudo pelos livros, e da oração – sobretudo dos
quinze mistérios do Rosário e da devoção aos Sagrados Corações.
13° - Sejamos santos, pois é esta a mais importante contribuição que podemos dar para a restauração do Reinado de Nosso Senhor
Jesus Cristo. Fizéssemos o que fizéssemos, se não nos tornássemos santos por infidelidade, nada tínhamos feito. Peçamos a Nossa
Senhora que ilumine a nossa inteligência e mova a nossa vontade sempre em direção ao Coração de Seu Divino Filho. É para isso
que esta capela existe, para continuar o trabalho divino da Igreja, transformando cada um de seus fiéis em Jesus Cristo, por Maria,
para maior glória de Deus, no tempo e na eternidade e isso temos a confiança que conseguiremos com o apoio de nossos diretores e
auxílio de nossos excelentíssimos bispos Dom Williamson e D. Faure.
+ Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo, para sempre seja louvado, e nossa Mãe Maria Santíssima, salve.
Instaurare Omnia in Christo per Mariam,
Deivid de A. N
Capela Nossa Senhora das Alegrias – Vitória/ES.
Membro da Congregação Mariana Nossa Senhora do Rosário de Fátima – Vitória/ES.
www.nossasenhoradasalegrias.com.br
A F a m í l i a C a t ó l i c a — 3 1 ª E d i ç ã o
“Foi em 1975 que vi Dom Lefebvre pela primeira vez. Ele viera a
nosso Mosteiro de Santa Maria Madalena em Bedoin, no Sul da
França, para conferir as ordens menores a dois de nossos irmãos,
o Ir. Jehan de Belleville e o Ir. Joseph Vannier. A pregação de Dom
Lefebvre me impressionou pela sua serenidade. Ele respirava a
paz, essa paz que é a divisa dos beneditinos e que ele parecia
possuir mais do que nós.
Esta cerimônia não passou despercebida aos progressistas, que
não nos perdoaram. Receber Dom Lefebvre! Deixá-los conferir
ordens a nossos estudantes! Isto não podia ficar sem uma puni-
ção exemplar. O superior geral de nossa congregação veio ver-nos
trajado à maneira progressista, como o exigem os tempos moder-
nos, isto é, de paletó e gravata. Talvez a gravata seja fruto da
minha imaginação, mas do paletó eu me lembro bem. Conclusão.
Nós fomos excluídos da ordem beneditina. Na verdade era Dom
Lefebvre que eles procuravam atingir, ou melhor, era Nosso Se-
nhor que eles perseguiam.
Em 1976 eu pude escutar Dom Lefebvre pregando em Ecône no
início daquele verão, que ficou conhecido como “verão quente”
devido à gravidade dos acontecimentos que marcaram a vida da
Fraternidade São Pio X e da Igreja naqueles dias heróicos em que
Dom Lefebvre teve de dizer não a Paulo VI. Interrogado pelos jor-
nalistas a respeito de sua atitude, Dom Lefebvre respondeu com
simplicidade:
“Quando eu estiver diante de meu juiz, não quero que Ele possa
dizer-me: ‘O senhor também, o senhor deixou que destruíssem a
minha Igreja’.” 1
Mas foi somente em 1984 que tive contato pessoal com Dom
Lefebvre. Eu havia sido enviado para o seminário de Ecône, sendo
já padre, para completar os meus estudos e para cuidar da saú-
de.
Aproveitando a presença de Dom Lefebvre, fui vê-lo com certa
freqüência. Sua bondade paternal tornou fácil essas conversas,
cujo essencial transcrevo aqui. Como eu tinha o costume de es-
crever o conteúdo desses colóquios após cada entrevista, hoje
me sirvo dessas notas na redação desse artigo.
Na terça-feira, 6 de novembro de 1984, Dom Lefebvre falou-me
do Ecumenismo:
“Se as outras religiões não são obra do demônio, então não há
razão para não admiti-las; não há razão para combatê-las. Ora,
todas as religiões, fora a Religião Católica, são obras que não vem
de Deus. ‘Quem não é por Mim, é contra Mim’, disse Nosso Se-
nhor. Toda religião, fora a Religião Católica, é obra do demônio.
Toda atenuação desta verdade concorre para a perda das almas.
Esta heresia está de tal maneira espalhada que mesmo nossos
fiéis não escapam inteiramente à sua influência. Eu penso que
nós estamos diante de uma verdadeira heresia. Penso como Dom
Antônio de Castro Mayer, mas não quis dizê-lo publicamente até
agora.”
No dia 12 de Março de 1985, Dom Lefebvre falou-me da ques-
tão dos acordos com Roma. Penso que Dom Lefebvre abordou
este assunto por causa de Dom Gérard, que por essa época pro-
curou obter de Dom Lefebvre apoio para um acordo com Roma.
Por Dom Tomás de Aquino— Revista Co-Redentora nº 1
Colóquios com Dom Marcel Lefebvre
Dom Gérard dizia que com o Cardeal Ratzinger era possível de se
entender e que Dom Lefebvre era fechado demais. Mesmo assim,
Dom Gérard procurava a aprovação de Dom Lefebvre, sem a qual
ele não teria a aprovação dos fiéis da Tradição.
“Submeter-se a homens que não têm a integridade da Fé Católi-
ca? Submeter-se a homens que proclamam princípios contrários
aos princípios da Igreja? Ou nós seremos obrigados a romper de
novo com eles e a situação se tornará pior que antes, ou seremos
conduzidos insensivelmente à diminuição e à perda da Fé.
Há ainda uma terceira possibilidade. Uma vida bem difícil por
causa do contato freqüente com homens que não tem a Fé católi-
ca, conduzindo à desorientação e ao enfraquecimento do espírito
de combate dos fiéis.”
Esta questão conduziu Dom Lefebvre a falar das Sagrações:
“Eu esperei o mais possível para que Deus me esclarecesse a
respeito das sagrações. Em Roma eles se afundam cada vez mais
nos seus erros. Eu penso que é necessário assegurar a perma-
nência do sacerdócio católico. Eu esperei a confirmação deste
dever. Parece que a tenho cada vez mais.
O Liberalismo é uma heresia. Eu não o quis dizer até agora. Não
se podia imaginar que um Papa pudesse chegar a tal ponto. Ele já
não é Papa por causa disso? Eu não penso que se possa afirmar
isto. É uma coisa que não se podia imaginar.”
E voltando à questão dos acordos:
“Nossa posição, tal como é agora, nos permite ficar unidos na fé.
Todos aqueles que quiseram fazer um compromisso com os mo-
dernistas se desviaram. Penso que nós não devemos nos subme-
ter a eles.
Eu desconfio imensamente. Passo as noites a pensar nisso. Não
somos nós que temos de assinar nada. São eles que têm de assi-
nar garantindo que aceitam a doutrina da Igreja. Eles querem
nossa submissão, mas não nos dão a doutrina.”
Bela conclusão. Submissão? Sim, mas com a doutrina. Sem a
Verdade Revelada, sem a Tradição, nada feito, pois seria o suicí-
dio da Fé e a perda da vida eterna.
No dia 30 de março de 1985, Sábado da Paixão, Dom Lefebvre
faz observações interessantes sobre a política, conversando com
os professores do seminário em Ecône.
“Em vez da ONU, o Vaticano deveria ter encorajado a união dos
Estados católicos. Houve um momento, após a guerra, em que
havia vários chefes de Estado católicos na Europa: Salazar em
Portugal, Franco na Espanha, De Valera na Irlanda, Alphonsini na
Itália, Cotti na França e Adenauer na Alemanha, o qual, apesar de
não ser católico, tinha alguns princípios católicos.”
Falando de Salazar, Dom Lefebvre contou que o grande presi-
dente português se queixara dos bispos de seu país:
“É necessário reformar as universidades, mas os bispos não me
ajudam. Eles parecem não compreender a importância. Mas, sem
isso, como conseguir uma geração francamente católica?”
Neste mesmo dia, ou pouco depois, Dom Lefebvre, comentando
a ilusão de alguns que estão sempre a procura de compromissos,
disse:
“O Sr. X é sempre ambíguo. Ele quer nos conduzir a compromis-
sos. Se a missa não é herética, é ortodoxa, diz o Sr. X. Como? E
todas as nuances e graus entre a heresia e a ortodoxia?”
E, falando dos bispos que procuram semear esse clima de ambi-
güidade, diz:
“Eles se esforçam por propagar a Missa de indulto2, mas com a
finalidade de aproximar os fiéis da Missa nova e da doutrina de
Vaticano II.”
No dia 14 de maio de 1985, no seu escritório, Dom Lefebvre me
fala do Concílio:
“Eles vivem na mentira. Inconscientemente. Talvez. Mas, objetiva-
mente, vivem na mentira. No Concílio, eles diziam: ’O Concílio é
pastoral.’ O próprio Papa dizia: ‘O Concílio é pastoral e não dog-
mático.’ Agora eles querem impô-lo como um concílio dogmático.”
Na segunda-feira de Pentecostes, Dom Lefebvre me fala do
retiro que ele devia nos pregar no Barroux. As relações com Dom
Gérard estavam bem tensas nesta época por causa dos acordos
que ele queria fazer com Roma.
“Eu estou num grande embaraço”, diz Dom Lefebvre. “Receio que
as palavras não me saiam da boca.”
Confissão comovente que mostra que, se Dom Lefebvre era um
combatente, não era insensível e lhe custava enfrentar certas
situações. Mas, mesmo assim, foi ao Mosteiro e nos pregou o
retiro anual de 1985.
Este retiro foi uma nova ocasião de conversar com Dom Lefeb-
vre. A questão das sagrações se tornava cada vez mais atual.
“Devo sagrar um bispo? Isto me repugna”, dizia ele, “mas me cite
um só bispo que tenha um seminário onde se dê uma formação
católica, sem mistura de modernismo. Penso que, se eu não fizer
nada, Nosso Senhor me repreenderá após a minha morte, dizen-
do: ‘O senhor tinha o caráter episcopal, o senhor devia ter assegu-
rado a continuação do sacerdócio católico.’”
Em outra ocasião, Dom Lefebvre deu mais esta razão para as
sagrações, razão que me parece decisiva e que guardei na memó-
ria:
“Se Roma fosse capaz de formar padres católicos, eu não teria
nenhuma razão de sagrar sem a autorização de Roma. Mas Roma
já não é capaz.”
Tornava-se então necessário sagrar novos bispos. No entanto,
Dom Lefebvre iria esperar ainda dois anos, prova de sua grande
prudência. Ele queria ter a certeza de que isto era verdadeiramen-
te o seu dever. Talvez quisesse também preparar os padres e os
fiéis para este ato tão necessário, mas também tão insólito.
Estando de passagem em Ecône, em janeiro de 1986, aproveito
para ver Dom Lefebvre. Entre outras coisas, ele me disse:
“O Papa anunciou um congresso de todas as religiões em Assis.
Um congresso de todas as religiões! Que Deus vão eles invocar?
Eu não vejo senão o Grande Arquiteto! Tudo isso é uma idéia ma-
çônica. Creio que haverá reações. Itália. Assis. Tudo isso é ainda
por demais católico. Eles vão, talvez, pedir um lugar menos católi-
co. Jerusalém, talvez. “
Diante de tudo isso, pergunto a Dom Lefebvre qual era a es-
sência da doutrina do Santo Padre. Dom Lefebvre responde:
“ - Que não há verdade. Que a verdade evolui. O que conta é
a vida.
- Mas isto é a essência do Modernismo.
- Eles são modernistas - diz Dom Lefebvre. - Ratzinger e o Papa
são modernistas. Essa é a razão por que não compreendem nada
de nossas reclamações. Eles dizem: ‘Mas que mal há em tudo
isto?’ É por essa razão que eles foram escolhidos. Por causa
de seu espírito impreciso. Jamais dariam esses postos a alguém
que tivesse o espírito escolástico, o espírito claro, límpido. Não.
Eles já não querem isso.
É a maçonaria - prossegue Dom Lefebvre - que dirige o Vaticano.
O Cardeal Cagnon me disse, ele mesmo. Não são necessariamen-
te os que ocupam os postos principais que são maçons, mas eles
são colocados de maneira a dirigir tudo.”
No final de 1986 Dom José Vannier e eu fomos envidados para
ver um terreno que nos era oferecido para a fundação de um
mosteiro no Brasil. Antes de deixar a Europa, fomos a Ecône para
nos despedir de Dom Lefebvre. Ele nos falou então de Assis e de
um desenho explicativo que ele queria difundir para alertar os
fiéis sobre a gravidade desta reunião ecumênica. Ele nos mostrou
dois desenhos. Um era de um seminarista e outro de uma irmã da
Fraternidade. O do seminarista era mais bem feito, mas o da irmã
era mais respeitoso. Dom Lefebvre preferia o da irmã. Ele não
queria uma caricatura. Queria simplesmente explicar com ima-
gens o pecado gravíssimo da reunião de Assis. Antes de partir-
mos, assegurei a Dom Lefebvre nossa adesão sem restrições à
idéia do desenho.
Tendo partido para a América do Sul, nossa primeira visita foi ao
seminário da Fraternidade São Pio X na Argentina. Dom Lefebvre
e Dom Antônio de Castro Mayer aí se encontravam para as orde-
nações daquele ano, nas quais dois padres de Campos recebe-
ram o sacerdócio: o Rev. Pe. Hélio Rosa e o Rev. Pe. José Paulo
Vieira, assim como o Rev. Pe. Álvaro Calderón e alguns outros
padres da Fraternidade São Pio X.
Reencontrando Dom Lefebvre, ele nos falou novamente de As-
sis, e comentou as reações havidas a respeito dos famosos dese-
nhos:
“Eu fiquei surpreso com a reação. Já a esperava, mas não tanto.
Porém é uma lição de catecismo! Pode-se dizer o mesmo de to-
dos os pecados. No céu não há ecumenistas, assim como no céu
não há divorciados. No céu não há ninguém em estado de pecado
mortal.
Peço a Deus que estes desenhos cheguem às mãos do Santo
Padre e que ele acorde e se diga: ‘Aonde irei parar se continuo
assim?’ É preciso que o Santo Padre salve a sua alma! Ele convi-
dou o chefe das falsas religiões a rezar nos seus erros. É um con-
vite a permanecer no erro. É um reconhecimento desses erros.
Depois disso, eu disse que só faltava agora dançar com o demô-
nio. Parece que o Papa já o fez, dançando ao som do rock, com
estola, no meio de moças, na Austrália. Alguns se escandalizam
mais com isso do que com a reunião de Assis. É uma falta de
espírito de Fé. Assis é mais grave. É mais teológico. A reunião que
se realizou na véspera foi ainda pior. As palavras do príncipe Edi-
mbourg foram blasfematórias.”
Este príncipe, marido da rainha da Inglaterra, disse que era ne-
cessário terminar com esse escândalo, que já dura dois mil anos,
de um homem que disse: “Eu sou o Caminho, a Verdade, e a Vi-
da.” O que se poderia esperar de diferente quando se trata de
convidar todos os heréticos, cismáticos e infiéis a se manifestar?
Ainda no seminário da Argentina, Dom Lefebvre nos disse, falan-
do das sagrações:
“Do ponto de vista teológico Dom Antônio de Castro Mayer nem vê
dificuldade, mas tanto ele como eu pensamos que é melhor espe-
rar um pouco.”
A respeito do Papa, acrescentou:
“Quanto a dizer que o Papa não é Papa, eu não sei. Os teólogos
não estão de acordo a esse respeito. Não quero entrar nesta
questão. Isto não me parece ainda muito claro. Prefiro dizer ape-
nas que ele é um pecador público. Um Concílio decidirá, depois da
sua morte, se ele foi Papa ou não.”
Em seguida nos falou do Cardeal Villot:
“Villot mentiu para Paulo VI, dizendo-lhe que eu havia feito os
seminaristas assinar um documento contra o Papa. Quando pude
ver Paulo VI, Villot estava furioso. Ele impôs que Benelli estivesse
presente à conversa. O Santo Padre me falou desse famoso docu-
mento que eu teria feito os seminaristas assinar. Eu disse clara-
mente a Paulo VI que não existia nada daquilo. Depois, o cardeal
Benelli, em L’Osservatore Romano, negou que nós tivéssemos
falado deste assunto. São uns bandidos. Mesmo a honestidade, a
mais elementar, eles já não a têm.
Villot havia organizado tudo. Ele dizia que dentro de seis meses a
Fraternidade não existiria mais. Deu-se então a visita canônica a
Ecône, o chamado a Roma, a entrevista com Garrone, Tabera e
Wright e o que se seguiu. Pior que os soviéticos; nem mesmo a
aparência de um julgamento. Eu disse isso a João Paulo II. Ele
sorriu. Nada mais [...].”
Falando de Montini e Pio XII, Dom Lefebvre nos disse:
“No começo do Concílio eu fiquei sabendo da história de Montini.
‘Promoveatur ut removeatur’.3 E, no dia da sagração de Montini,
Pio XII fez um discurso ditirâmbico. Que costume desastroso! Até
Pio XII.”4
Em seguida vieram os anos da fundação da Santa Cruz, durante
os quais Dom Lefebvre nos ajudou com seus preciosos conselhos.
Eu tinha a consciência bastante incomodada por causa das modi-
ficações litúrgicas introduzidas por Dom Gérard na missa. Não se
tratava ainda da nova missa, mas também já não era o missal de
João XXIII, de 1962. Eram algumas modificações introduzidas por
Paulo VI e por Dom Gérard ele mesmo. Escrevi então para Dom
Lefebvre, que, embora não aprovando Dom Gérard, me aconse-
lhou sobretudo guardar boas relações com o nosso mosteiro da
França, o Barroux. Por aí se vê que Dom Lefebvre era bastante
conciliador. Se se opôs ao Santo Padre, era porque realmente não
havia outra solução. Ele se opôs por dever e não por inclinação
natural.
Mas estas boas relações com nosso mosteiro da França não
iam durar muito tempo. Dom Gérard, depois das sagrações, fará
um acordo que porá os nossos mosteiros debaixo da autoridade
dos modernistas.
Dom Lefebvre me escreveu então uma carta datada de 18 de
agosto de 1988, na qual dizia:
“Como lamento que o senhor tenha partido antes dos aconteci-
mentos do Barroux.5 Teria sido mais fácil considerar a situação
resultante da decisão desastrosa de Dom Gérard. O Padre Tam se
ofereceu para visitá-lo ao voltar ao México e lhe entregar estas
linhas.
Dom Gérard, na sua declaração, expõe o que lhe é concedido e
aceita pôr-se debaixo da obediência de Roma modernista, que
permanece fundamentalmente antitradicional, o que motivou o
meu afastamento.
Ele queria ao mesmo tempo guardar a amizade e o apoio dos
tradicionalistas, o que é inconcebível. Ele nos acusa de
‘resistencialismo’.
Eu bem o avisei. Mas sua decisão estava já tomada havia muito
tempo, e ele não quis mais escutar conselhos.
As conseqüências agora são inevitáveis. Mas não teremos mais
nenhuma relação com o Barroux e avisamos todos os nossos fiéis
para que não ajudassem mais uma obra que daqui para frente
está nas mãos de nossos inimigos, dos inimigos de Nosso Senhor
e de seu reino universal.
As irmãs beneditinas estão angustiadas. Elas vieram me ver. Eu
lhes aconselhei o que lhe aconselho igualmente: guardar a sua
liberdade e recusar todo laço com esta Roma modernista. Dom
Gérard usa de todos os argumentos para paralisar a resistência
[...].
O senhor devia se unir com Dom Lourenço e com o argentino6, e
com seus noviços [...].
Os senhores três, com os noviços de Campos, os senhores pode-
rão continuar e constituir um mosteiro independente de Roma. É
necessário não hesitar em afirmá-lo publicamente. Deus o ajuda-
rá.
E o senhor poderia em seguida, depois de algum tempo, reconsti-
tuir um mosteiro na França. O senhor seria muito apoiado e teria
vocações.
Dom Gérard suicidou a sua obra.
O Padre Tam lhe dirá de viva voz o que eu não escrevi. Peço a
Nossa Senhora que o ajude na defesa da honra de seu divino
Filho.
Que Deus o abençoe e abençoe o seu mosteiro.”
Eis como Dom Lefebvre via a situação. Nós seguimos os seus
conselhos. Uma declaração pública foi feita, e nós nos separamos
de Dom Gérard. Esta declaração foi feita com a ajuda do Rev.
Padre Fernando Rifan, do Rev. Padre Tam e do Dr. Júlio Fleich-
man, pai de Dom Lourenço. Dom Lefebvre queria que esta decla-
ração fosse conhecida dos monges do Barroux e que estes depu-
sessem Dom Gérard “se ele não quiser romper com Roma”.7
“As sagrações trouxeram um reforço de vida à Tradição”, escrevia
Dom Lefebvre nesta mesma ocasião. “Os fiéis estão contentes.
Eis por que a defecção de Dom Gérard é duramente criticada e
ninguém o segue; exceto alguns falsos tradicionalistas.”
Edição:
Capela Nossa Senhora das Alegrias - Vitória, ES.
http:/www.nossasenhoradasalegrias.com.br
Entre em contato conosco pelo e-mail:
Após as sagrações e os acontecimentos que se seguiram de
perto, Dom Lefebvre teve de suportar uma dura provação com o
caso do Padre Morello, na Argentina. Isto não o impediu de conti-
nuar a nos aconselhar com sua paternal solicitude. Não somente
nós fomos ajudados por ele, mas também Campos e mais especi-
almente o Rev. Padre Rifan.
No entanto, era sobretudo Dom Antônio de Castro Mayer, seu
amigo e irmão no episcopado, que ocupava o coração de Dom
Lefebvre.
“Ecos me chegam do Brasil”, escrevia ele a Dom Antônio, “a res-
peito de vossa saúde, que declina. O apelo de Deus estará próxi-
mo? Esta eventualidade me enche de profunda dor. Em que soli-
dão vou me encontrar sem meu irmão mais velho no episcopado,
sem o combatente exemplar pela honra de Jesus Cristo, sem o
amigo fiel e único no terrível deserto da Igreja Conciliar!”8
Dom Lefebvre e Dom Antônio iam nos deixar quase ao mesmo
tempo, em 1991, deixando-nos o exemplo da sua Fé e de seu
espírito de combate recebidos em Roma durante os anos de semi-
nário junto ao túmulo do príncipe dos Apóstolos. Que suas herói-
cas virtudes e seus méritos nos obtenham a graça da fidelidade.
***
Notas:
1- Dom Tissier de Mallerais, Marcel Lefebvre, une vie, Ed. Clovis,
2002, p. 644;
2- Indulto de 1984 para celebrar a Missa de São Pio V, concedido
pelo Papa João Paulo II, mas com uma restrição: não rejeitar a
Missa de Paulo VI. Conclusão: indulto só para os que não tinham
motivos para fazer uso exclusivo da Missa de São Pio V. Como
dizia, com humor, um escritor francês: “Este indulto é reservado
exclusivamente àqueles que não têm nenhuma razão para pedi-
lo.” Na verdade, como nota Dom Lefebvre, este indulto tinha co-
mo objetivo habituar os padres e os fiéis às duas missas e, desta
forma, fazê-los aceitar a Missa nova, como foi o caso de Dom
Fernando Rifan e o de tantos outros;
3- “Promovido para ser removido”;
4- Secretário de Estado de Pio XII, Montini havia traído Pio XII. Pio
XII o destituiu, mas deu-lhe cargo de arcebispo de Milão e fez um
sermão elogioso ao seu mau servidor;
5- Eu tinha voltado ao Brasil antes da conclusão ou, ao menos, da
publicação dos acordos de Dom Gérard com Roma;
6- Dom João da Cruz;
7- Carta de 2 de setembro de 1988;
8 Carta de 4 de dezembro de 1990. Apesar de sua análise pene-
trante desse “terrível deserto da Igreja Conciliar” e das indaga-
ções que ele se fazia a respeito do Santo Padre, Dom Lefebvre
nunca foi sedevacantista, muito pelo contrário. Sua posição se
baseava na atitude de São Pio X em relação aos modernistas e da
atitude de Pio IX em relação aos liberais.
CONGREGAÇÃO MARIANA
No dia 8 de dezembro, Festa da Imaculado Conceição da Vir-
gem Maria, os candidatos da Congregação Maria receberam suas
fitas em uma belíssima e emocionante cerimônia presidida pelo
Rev. Pe. Joaquim (FBMV).
Os Congregados neste dia elegeram a Santíssima Virgem Ma-
ria, mãe de Deus, como sua especial Senhora, Advogada e Mãe,
fazendo o propósito de servi-la sempre e fazer quanto puderem
para que ela seja servida e amada por todos os demais. Prome-
tendo também jamais se afiliarem a quaisquer sociedades secre-
tas, “sob qualquer denominação que seja”, especialmente a
Franco-maçonaria, “obedecendo com amor filial à autoridade dos
Vigários de Cristo— e nomeadamente aos desejos– de Sua Santi-
dade Leão XIII, expressos na Encíclica Humanum Genus” e
“combater animosamente, em todo tempo e lugar, as suas tra-
mas, doutrinas e influências”.
Rezemos por nossos Congregados para que se mantenham fiéis
a tão importantes promessas.
Causa nostrae laetitiae,
ora pro nobis!

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Sola Scriptura - Paulo Anglada
Sola Scriptura - Paulo AngladaSola Scriptura - Paulo Anglada
Sola Scriptura - Paulo AngladaHilton da Silva
 
Jb news informativo nr. 0085
Jb news   informativo nr. 0085Jb news   informativo nr. 0085
Jb news informativo nr. 0085JB News
 
A família católica, 26 edição. julho 2015
A família católica, 26 edição. julho 2015A família católica, 26 edição. julho 2015
A família católica, 26 edição. julho 2015A Família Católica
 
365 Frases de Martinho Lutero + As 95 Teses
365 Frases de Martinho Lutero + As 95 Teses365 Frases de Martinho Lutero + As 95 Teses
365 Frases de Martinho Lutero + As 95 TesesSammis Reachers
 
LBJ Lição 7 - A igreja na reforma protestante
LBJ Lição 7 - A igreja na reforma protestanteLBJ Lição 7 - A igreja na reforma protestante
LBJ Lição 7 - A igreja na reforma protestanteNatalino das Neves Neves
 
02 o drama do fim dos tempos
02 o drama do fim dos tempos 02 o drama do fim dos tempos
02 o drama do fim dos tempos luisribeiro074
 
O protestantismo no Brasil e suas encruzilhadas
O protestantismo no Brasil e suas encruzilhadasO protestantismo no Brasil e suas encruzilhadas
O protestantismo no Brasil e suas encruzilhadasRosiane Mota
 
Do -meu-velho-bau-metodista
Do -meu-velho-bau-metodistaDo -meu-velho-bau-metodista
Do -meu-velho-bau-metodistaOsiasLimaVieira
 
Perfil redentorista slides
Perfil redentorista slidesPerfil redentorista slides
Perfil redentorista slidesLeutherio
 
Os Pais da Reforma Protestante em 200 frases
Os Pais da Reforma Protestante em 200 frasesOs Pais da Reforma Protestante em 200 frases
Os Pais da Reforma Protestante em 200 frasesSammis Reachers
 
Novo perfil do redentorista
Novo perfil do redentoristaNovo perfil do redentorista
Novo perfil do redentoristaLeutherio
 
A pureza do movimento pentecostal
A pureza do movimento pentecostalA pureza do movimento pentecostal
A pureza do movimento pentecostaldenilsonlemes
 

Mais procurados (20)

Sola Scriptura - Paulo Anglada
Sola Scriptura - Paulo AngladaSola Scriptura - Paulo Anglada
Sola Scriptura - Paulo Anglada
 
Jb news informativo nr. 0085
Jb news   informativo nr. 0085Jb news   informativo nr. 0085
Jb news informativo nr. 0085
 
A família católica, 26 edição. julho 2015
A família católica, 26 edição. julho 2015A família católica, 26 edição. julho 2015
A família católica, 26 edição. julho 2015
 
Do meu velho_bau_metodista
Do meu velho_bau_metodistaDo meu velho_bau_metodista
Do meu velho_bau_metodista
 
Salesian founts2 2
Salesian founts2 2Salesian founts2 2
Salesian founts2 2
 
365 Frases de Martinho Lutero + As 95 Teses
365 Frases de Martinho Lutero + As 95 Teses365 Frases de Martinho Lutero + As 95 Teses
365 Frases de Martinho Lutero + As 95 Teses
 
Historiado metodismobrasileiro
Historiado metodismobrasileiroHistoriado metodismobrasileiro
Historiado metodismobrasileiro
 
Ecclesiam Suam
Ecclesiam SuamEcclesiam Suam
Ecclesiam Suam
 
LBJ Lição 7 - A igreja na reforma protestante
LBJ Lição 7 - A igreja na reforma protestanteLBJ Lição 7 - A igreja na reforma protestante
LBJ Lição 7 - A igreja na reforma protestante
 
02 o drama do fim dos tempos
02 o drama do fim dos tempos 02 o drama do fim dos tempos
02 o drama do fim dos tempos
 
INQUISIÇÃO NUNCA MAIS!!!
INQUISIÇÃO NUNCA MAIS!!!INQUISIÇÃO NUNCA MAIS!!!
INQUISIÇÃO NUNCA MAIS!!!
 
O protestantismo no Brasil e suas encruzilhadas
O protestantismo no Brasil e suas encruzilhadasO protestantismo no Brasil e suas encruzilhadas
O protestantismo no Brasil e suas encruzilhadas
 
O espirito do catolicismo romano
O espirito do catolicismo romanoO espirito do catolicismo romano
O espirito do catolicismo romano
 
Do -meu-velho-bau-metodista
Do -meu-velho-bau-metodistaDo -meu-velho-bau-metodista
Do -meu-velho-bau-metodista
 
Solascriptura
SolascripturaSolascriptura
Solascriptura
 
Perfil redentorista slides
Perfil redentorista slidesPerfil redentorista slides
Perfil redentorista slides
 
Os Pais da Reforma Protestante em 200 frases
Os Pais da Reforma Protestante em 200 frasesOs Pais da Reforma Protestante em 200 frases
Os Pais da Reforma Protestante em 200 frases
 
Novo perfil do redentorista
Novo perfil do redentoristaNovo perfil do redentorista
Novo perfil do redentorista
 
Espiral 11
Espiral 11Espiral 11
Espiral 11
 
A pureza do movimento pentecostal
A pureza do movimento pentecostalA pureza do movimento pentecostal
A pureza do movimento pentecostal
 

Destaque

CV Smurfit Kappa Contract Success 2004 - 2016
CV Smurfit Kappa Contract Success 2004 - 2016CV Smurfit Kappa Contract Success 2004 - 2016
CV Smurfit Kappa Contract Success 2004 - 2016Mike Tipper
 
2016_Reference list Sjouke Havinga
2016_Reference list Sjouke Havinga2016_Reference list Sjouke Havinga
2016_Reference list Sjouke HavingaSjouke Havinga
 
Final Fall Guide from John 8.13.14 916am email
Final Fall Guide from John 8.13.14 916am emailFinal Fall Guide from John 8.13.14 916am email
Final Fall Guide from John 8.13.14 916am emailLinda Parker
 
หน่วนการเรียนรู้ที่ 2 การแก้ปัญหาด้วยกระบวนการางเทคโนโลยีสารสนเทศ
หน่วนการเรียนรู้ที่ 2 การแก้ปัญหาด้วยกระบวนการางเทคโนโลยีสารสนเทศหน่วนการเรียนรู้ที่ 2 การแก้ปัญหาด้วยกระบวนการางเทคโนโลยีสารสนเทศ
หน่วนการเรียนรู้ที่ 2 การแก้ปัญหาด้วยกระบวนการางเทคโนโลยีสารสนเทศwanit sahnguansak
 
Veerdam en jachthaven Ameland DEF SMALL
Veerdam en jachthaven Ameland DEF SMALLVeerdam en jachthaven Ameland DEF SMALL
Veerdam en jachthaven Ameland DEF SMALLBen Wagenaar
 
Deber de informatica aplicada
Deber de informatica aplicadaDeber de informatica aplicada
Deber de informatica aplicadaMaricela Pino
 
Kesko presentation
Kesko presentationKesko presentation
Kesko presentationKesko_Oyj
 
Building & Fostering a Search Marketing Culture in Your Organization
Building & Fostering a Search Marketing Culture in Your OrganizationBuilding & Fostering a Search Marketing Culture in Your Organization
Building & Fostering a Search Marketing Culture in Your OrganizationCorey Morris
 
Learn Why Agents are Moving to eXp Realty!
Learn Why Agents are Moving to eXp Realty!Learn Why Agents are Moving to eXp Realty!
Learn Why Agents are Moving to eXp Realty!Allison Gaddy
 
Cap 131206203052-phpapp02
Cap 131206203052-phpapp02Cap 131206203052-phpapp02
Cap 131206203052-phpapp02Lorena Flores
 
A viagem de volta significados da pesquisa na formação e prática profission...
A viagem de volta   significados da pesquisa na formação e prática profission...A viagem de volta   significados da pesquisa na formação e prática profission...
A viagem de volta significados da pesquisa na formação e prática profission...Rosane Domingues
 
Presentacion chupa chups
Presentacion chupa chupsPresentacion chupa chups
Presentacion chupa chupsIrene1999
 
SEOzone 2015 - Mark Thomas - 5 Actionable Technical SEO Tips
SEOzone 2015 - Mark Thomas - 5 Actionable Technical SEO TipsSEOzone 2015 - Mark Thomas - 5 Actionable Technical SEO Tips
SEOzone 2015 - Mark Thomas - 5 Actionable Technical SEO TipsSEOzeo
 
Global marketing Strategies (McDonald’s)
Global marketing Strategies (McDonald’s)Global marketing Strategies (McDonald’s)
Global marketing Strategies (McDonald’s)waQas ilYas
 

Destaque (19)

CV Smurfit Kappa Contract Success 2004 - 2016
CV Smurfit Kappa Contract Success 2004 - 2016CV Smurfit Kappa Contract Success 2004 - 2016
CV Smurfit Kappa Contract Success 2004 - 2016
 
2016_Reference list Sjouke Havinga
2016_Reference list Sjouke Havinga2016_Reference list Sjouke Havinga
2016_Reference list Sjouke Havinga
 
Tarea integral
Tarea integralTarea integral
Tarea integral
 
Final Fall Guide from John 8.13.14 916am email
Final Fall Guide from John 8.13.14 916am emailFinal Fall Guide from John 8.13.14 916am email
Final Fall Guide from John 8.13.14 916am email
 
Fotografia
FotografiaFotografia
Fotografia
 
หน่วนการเรียนรู้ที่ 2 การแก้ปัญหาด้วยกระบวนการางเทคโนโลยีสารสนเทศ
หน่วนการเรียนรู้ที่ 2 การแก้ปัญหาด้วยกระบวนการางเทคโนโลยีสารสนเทศหน่วนการเรียนรู้ที่ 2 การแก้ปัญหาด้วยกระบวนการางเทคโนโลยีสารสนเทศ
หน่วนการเรียนรู้ที่ 2 การแก้ปัญหาด้วยกระบวนการางเทคโนโลยีสารสนเทศ
 
Veerdam en jachthaven Ameland DEF SMALL
Veerdam en jachthaven Ameland DEF SMALLVeerdam en jachthaven Ameland DEF SMALL
Veerdam en jachthaven Ameland DEF SMALL
 
DraftPressRelease
DraftPressReleaseDraftPressRelease
DraftPressRelease
 
SDevelop16082508070
SDevelop16082508070SDevelop16082508070
SDevelop16082508070
 
Deber de informatica aplicada
Deber de informatica aplicadaDeber de informatica aplicada
Deber de informatica aplicada
 
Kesko presentation
Kesko presentationKesko presentation
Kesko presentation
 
Building & Fostering a Search Marketing Culture in Your Organization
Building & Fostering a Search Marketing Culture in Your OrganizationBuilding & Fostering a Search Marketing Culture in Your Organization
Building & Fostering a Search Marketing Culture in Your Organization
 
Learn Why Agents are Moving to eXp Realty!
Learn Why Agents are Moving to eXp Realty!Learn Why Agents are Moving to eXp Realty!
Learn Why Agents are Moving to eXp Realty!
 
Cap 131206203052-phpapp02
Cap 131206203052-phpapp02Cap 131206203052-phpapp02
Cap 131206203052-phpapp02
 
Aquarama (2016) AQ72NL_83_84
Aquarama (2016) AQ72NL_83_84Aquarama (2016) AQ72NL_83_84
Aquarama (2016) AQ72NL_83_84
 
A viagem de volta significados da pesquisa na formação e prática profission...
A viagem de volta   significados da pesquisa na formação e prática profission...A viagem de volta   significados da pesquisa na formação e prática profission...
A viagem de volta significados da pesquisa na formação e prática profission...
 
Presentacion chupa chups
Presentacion chupa chupsPresentacion chupa chups
Presentacion chupa chups
 
SEOzone 2015 - Mark Thomas - 5 Actionable Technical SEO Tips
SEOzone 2015 - Mark Thomas - 5 Actionable Technical SEO TipsSEOzone 2015 - Mark Thomas - 5 Actionable Technical SEO Tips
SEOzone 2015 - Mark Thomas - 5 Actionable Technical SEO Tips
 
Global marketing Strategies (McDonald’s)
Global marketing Strategies (McDonald’s)Global marketing Strategies (McDonald’s)
Global marketing Strategies (McDonald’s)
 

Semelhante a A família católica, 31 edição, dezembro 2015

Fundamentos da educação religiosa ecumenismo e diálogo inter-religioso
Fundamentos da educação religiosa   ecumenismo e diálogo inter-religiosoFundamentos da educação religiosa   ecumenismo e diálogo inter-religioso
Fundamentos da educação religiosa ecumenismo e diálogo inter-religiosoWerkson Azeredo
 
CEBs: Comunidades de Comunidade a luz do Vaticano II
CEBs: Comunidades de Comunidade a luz do Vaticano IICEBs: Comunidades de Comunidade a luz do Vaticano II
CEBs: Comunidades de Comunidade a luz do Vaticano IIMARLI COSTA
 
Paróquia nossa senhora auxiliadora ministros
Paróquia nossa senhora auxiliadora ministrosParóquia nossa senhora auxiliadora ministros
Paróquia nossa senhora auxiliadora ministrosRaimundo Oliveira
 
simpósio ecumenismo e missão
simpósio ecumenismo e missãosimpósio ecumenismo e missão
simpósio ecumenismo e missãoGilbraz Aragão
 
02 12-2013.103713 material33-assdiocpastoral_comunidade de comunidades_pe. assis
02 12-2013.103713 material33-assdiocpastoral_comunidade de comunidades_pe. assis02 12-2013.103713 material33-assdiocpastoral_comunidade de comunidades_pe. assis
02 12-2013.103713 material33-assdiocpastoral_comunidade de comunidades_pe. assisGeo Jaques
 
Encerramento do ano_da_fe-(web)
Encerramento do ano_da_fe-(web)Encerramento do ano_da_fe-(web)
Encerramento do ano_da_fe-(web)António Rodrigues
 
O santo sacrificio da missa na forma extraordinria do rito romano - reviso
O santo sacrificio da missa   na forma extraordinria do rito romano - revisoO santo sacrificio da missa   na forma extraordinria do rito romano - reviso
O santo sacrificio da missa na forma extraordinria do rito romano - revisoshayer19
 
06a ist - história da igreja iv
06a   ist - história da igreja iv06a   ist - história da igreja iv
06a ist - história da igreja ivLéo Mendonça
 
Revista ebd corrida (1)
Revista ebd corrida (1)Revista ebd corrida (1)
Revista ebd corrida (1)Gilma Avila
 
Capitulo 3 A Igreja no Século XX e Início do Novo Milênio (passando pelos 1...
Capitulo 3   A Igreja no Século XX e Início do Novo Milênio (passando pelos 1...Capitulo 3   A Igreja no Século XX e Início do Novo Milênio (passando pelos 1...
Capitulo 3 A Igreja no Século XX e Início do Novo Milênio (passando pelos 1...Klaus Newman
 
Um Pouco De HistóRia Das Ce Bs No Brasil
Um Pouco De HistóRia Das Ce Bs No BrasilUm Pouco De HistóRia Das Ce Bs No Brasil
Um Pouco De HistóRia Das Ce Bs No BrasilPastoral da Juventude
 
Dgae da igreja no brasil, dom eduardo 2
Dgae da igreja no brasil, dom eduardo 2Dgae da igreja no brasil, dom eduardo 2
Dgae da igreja no brasil, dom eduardo 2domeduardo
 
Eclesiologia "nota" de catolicidade da Igreja
Eclesiologia   "nota" de catolicidade da IgrejaEclesiologia   "nota" de catolicidade da Igreja
Eclesiologia "nota" de catolicidade da IgrejaJoão Pereira
 

Semelhante a A família católica, 31 edição, dezembro 2015 (20)

Fundamentos da educação religiosa ecumenismo e diálogo inter-religioso
Fundamentos da educação religiosa   ecumenismo e diálogo inter-religiosoFundamentos da educação religiosa   ecumenismo e diálogo inter-religioso
Fundamentos da educação religiosa ecumenismo e diálogo inter-religioso
 
CEBs: Comunidades de Comunidade a luz do Vaticano II
CEBs: Comunidades de Comunidade a luz do Vaticano IICEBs: Comunidades de Comunidade a luz do Vaticano II
CEBs: Comunidades de Comunidade a luz do Vaticano II
 
Paróquia nossa senhora auxiliadora ministros
Paróquia nossa senhora auxiliadora ministrosParóquia nossa senhora auxiliadora ministros
Paróquia nossa senhora auxiliadora ministros
 
Ecumenismo
EcumenismoEcumenismo
Ecumenismo
 
simpósio ecumenismo e missão
simpósio ecumenismo e missãosimpósio ecumenismo e missão
simpósio ecumenismo e missão
 
02 12-2013.103713 material33-assdiocpastoral_comunidade de comunidades_pe. assis
02 12-2013.103713 material33-assdiocpastoral_comunidade de comunidades_pe. assis02 12-2013.103713 material33-assdiocpastoral_comunidade de comunidades_pe. assis
02 12-2013.103713 material33-assdiocpastoral_comunidade de comunidades_pe. assis
 
Encerramento do ano_da_fe-(web)
Encerramento do ano_da_fe-(web)Encerramento do ano_da_fe-(web)
Encerramento do ano_da_fe-(web)
 
O santo sacrificio da missa na forma extraordinria do rito romano - reviso
O santo sacrificio da missa   na forma extraordinria do rito romano - revisoO santo sacrificio da missa   na forma extraordinria do rito romano - reviso
O santo sacrificio da missa na forma extraordinria do rito romano - reviso
 
06a ist - história da igreja iv
06a   ist - história da igreja iv06a   ist - história da igreja iv
06a ist - história da igreja iv
 
Apostila 09
Apostila 09Apostila 09
Apostila 09
 
Apostila 09
Apostila 09Apostila 09
Apostila 09
 
Teologia 09
Teologia 09Teologia 09
Teologia 09
 
Revista ebd corrida (1)
Revista ebd corrida (1)Revista ebd corrida (1)
Revista ebd corrida (1)
 
Capitulo 3 A Igreja no Século XX e Início do Novo Milênio (passando pelos 1...
Capitulo 3   A Igreja no Século XX e Início do Novo Milênio (passando pelos 1...Capitulo 3   A Igreja no Século XX e Início do Novo Milênio (passando pelos 1...
Capitulo 3 A Igreja no Século XX e Início do Novo Milênio (passando pelos 1...
 
Um Pouco De HistóRia Das Ce Bs No Brasil
Um Pouco De HistóRia Das Ce Bs No BrasilUm Pouco De HistóRia Das Ce Bs No Brasil
Um Pouco De HistóRia Das Ce Bs No Brasil
 
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
 
Dgae da igreja no brasil, dom eduardo 2
Dgae da igreja no brasil, dom eduardo 2Dgae da igreja no brasil, dom eduardo 2
Dgae da igreja no brasil, dom eduardo 2
 
As 7 igrejas 06
As 7 igrejas 06As 7 igrejas 06
As 7 igrejas 06
 
Eclesiologia "nota" de catolicidade da Igreja
Eclesiologia   "nota" de catolicidade da IgrejaEclesiologia   "nota" de catolicidade da Igreja
Eclesiologia "nota" de catolicidade da Igreja
 
Identidade Nazarena - M2
Identidade Nazarena - M2Identidade Nazarena - M2
Identidade Nazarena - M2
 

Mais de JORNAL A FAMILIA CATÓLICA

Mais de JORNAL A FAMILIA CATÓLICA (7)

Bilhete mensal 2
Bilhete mensal 2Bilhete mensal 2
Bilhete mensal 2
 
Bilhete mensal 1
Bilhete mensal 1Bilhete mensal 1
Bilhete mensal 1
 
Fronteira católica agosto de 2016
Fronteira católica   agosto de 2016Fronteira católica   agosto de 2016
Fronteira católica agosto de 2016
 
A família católica%2c 35 edição.
A família católica%2c 35 edição.A família católica%2c 35 edição.
A família católica%2c 35 edição.
 
A família católica, 34 edição. março 2016
A família católica, 34 edição. março 2016A família católica, 34 edição. março 2016
A família católica, 34 edição. março 2016
 
A família católica, 33 edição. fevereiro 2016
A família católica, 33 edição. fevereiro 2016A família católica, 33 edição. fevereiro 2016
A família católica, 33 edição. fevereiro 2016
 
A família católica, 32 edição. janeiro 2016
A família católica, 32 edição. janeiro 2016A família católica, 32 edição. janeiro 2016
A família católica, 32 edição. janeiro 2016
 

Último

tabela desenhos projetivos REVISADA.pdf1
tabela desenhos projetivos REVISADA.pdf1tabela desenhos projetivos REVISADA.pdf1
tabela desenhos projetivos REVISADA.pdf1Michycau1
 
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfPROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfMarianaMoraesMathias
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavrasMary Alvarenga
 
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasCenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasRosalina Simão Nunes
 
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaRotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaronaldojacademico
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelGilber Rubim Rangel
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdfNoções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdflucassilva721057
 
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?Rosalina Simão Nunes
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividadeMary Alvarenga
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números Mary Alvarenga
 
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptxVARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptxMarlene Cunhada
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
CLASSE DE PALAVRAS completo para b .pptx
CLASSE DE PALAVRAS completo para b .pptxCLASSE DE PALAVRAS completo para b .pptx
CLASSE DE PALAVRAS completo para b .pptxFranciely Carvalho
 
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOLEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOColégio Santa Teresinha
 
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptxD9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptxRonys4
 
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxAD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxkarinedarozabatista
 
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...licinioBorges
 

Último (20)

tabela desenhos projetivos REVISADA.pdf1
tabela desenhos projetivos REVISADA.pdf1tabela desenhos projetivos REVISADA.pdf1
tabela desenhos projetivos REVISADA.pdf1
 
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfPROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavras
 
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasCenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
 
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaRotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
 
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdfNoções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
 
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
 
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptxVARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
 
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
 
CLASSE DE PALAVRAS completo para b .pptx
CLASSE DE PALAVRAS completo para b .pptxCLASSE DE PALAVRAS completo para b .pptx
CLASSE DE PALAVRAS completo para b .pptx
 
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOLEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
 
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptxD9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
 
Em tempo de Quaresma .
Em tempo de Quaresma                            .Em tempo de Quaresma                            .
Em tempo de Quaresma .
 
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxAD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
 
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
 

A família católica, 31 edição, dezembro 2015

  • 1. Uma hierarquia para duas igrejas Dominicanos de Avrillé Le Sel de la Terre n°59, inverno de 2006-2007SANTOS E FESTAS DO MÊS: 03– São Francisco Xavier; 04– São Pedro Crisólogo; Santa Bárbara; 06– São Nicolau; 07– Santo Ambrósio; 08– Imaculada Conceição; 12– Nossa Senhora de Guadalu- pe; 21– São Tomé, apóstolo; 25– Natividade de Nosso Senhor; 26– Santo Estevão, Protomártir; 27– São João, Evangelista; 28– Santos Inocentes; 29– São Tomás de Cantuária; 31– São Silvestre. N E S T A E D I Ç Ã O : Uma hierarquia para duas Igrejas 1 a 4 Comunicado 5 Colóquios com Dom Marcel Lefebvre 6 Congregação Mariana 9 Dezembro/2015Edição 31 A Família Católica C A P E L A N O S S A S E N H O R A D A S A L E G R I A S Introdução Duas igrejas para uma mesma hierarquia. Du- as igrejas distintas em seus princípios e finalida- des, mas não completamente separadas na prática. Segue um excelente artigo dos Domini- canos de Avrillé, com esclarecimentos sobre mais este aspecto da desastrosa crise que en- frenta a Igreja. Uma situação completamente nova e delicada que se formou após o Concílio Vaticano II, um terreno frágil onde excessos po- dem levar ao sedevacantismo ou uma aproxima- ção perigosa para com Roma modernista. Nos próximos números colocaremos outros textos essenciais dos mesmos dominicanos, para dar formação a nossos leitores sobre este tema deli- cado e de importantíssima atualidade. *** Em uma carta datada de 25 de junho de 1976 enviada a Monsenhor Lefebvre por parte do Pa- pa, Monsenhor Giovanni Benelli emprega pela primeira vez uma expressão que se tornou famo- sa: “A Igreja Conciliar.” “Se eles (os seminaris- tas) são de boa vontade e seriamente prepara- dos para um ministério presbiterial na verdadei- ra fidelidade à Igreja Conciliar, encarregar-nos- emos de encontrar a melhor solução para eles.” Desta Igreja conciliar temos falado frequente- mente em “Le Sel de la Terre”, mas não nos é inútil voltar a esta questão já que é tão importan- te. A questão que particularmente queremos abordar aqui é a seguinte: A Igreja católica e a Igreja conciliar têm uma mesma hierarquia? ESTADO DA QUESTÃO Por princípio, de onde partimos? Procuraremos definir as duas Igrejas em questão. Fá-lo-emos segundo as quatro causas que geralmente dis- tinguem a filosofia escolástica. Uma sociedade é um ser moral (no caso da Igreja Católica, não há somente união moral. Também há união espiritual devido à participa- ção de bens sobrenaturais - a fé, por exemplo: é uma união de pessoas que estão unidas pelo mesmo fim - um mesmo bem comum). Pode-se distinguir: - A causa material, são as pessoas que estão unidas na sociedade. Diremos que no caso da Igreja Católica como no da Igreja conciliar, são os batizados (com um batismo válido). - A causa eficiente é o fundador da sociedade: Nosso Senhor Jesus Cristo no caso da Igreja Católica, os papas do concílio, no caso da Igreja conciliar. Depois da ascensão de seu fundador, é a autoridade quem continua fazendo o papel de causa eficiente e mantém unida à sociedade. Atualmente, é essa mesma hierarquia que cum- pre o papel de causa eficiente para a Igreja Cató- lica e para a Igreja conciliar. - A causa final é o bem comum buscado pelos membros da sociedade: no caso da Igreja Católi- ca, o bem que se busca é a salvação; no caso da Igreja conciliar o bem que se busca é – mais ou menos conscientemente – a unidade do gênero humano (o ecumenismo em sentido amplo) “O que define melhor toda a crise da Igreja é verda- deiramente este espírito ecumênico- liberal” (Monsenhor Lefebvre, conferência de 4 de abril de 1978). - A causa formal é a união dos espíritos e vonta- des dos membros na busca do bem comum. Na Igreja Católica, há união de espíritos em uma mesma profissão de fé e uma união de vontades na prática de um mesmo culto e na obediência aos mesmos pastores (portanto às leis que eles estabelecem, a saber, o Direito Canônico). Na Igreja conciliar, encontra-se também uma união de espíritos na aceitação de um mesmo ensina- mento (o Concílio) e união de vontades na práti- ca da nova liturgia e na obediência às novas diretrizes da hierarquia pós-conciliar (como o novo código de direito canônico). (Esta união de espíritos e de vontades é muito menos estrita na Igreja conciliar que na Igreja Católica. Basta “aceitar o concílio” e em seguida cada qual pode fazer o que quiser).
  • 2. Podemos definir a Igreja católica como a sociedade de batizados que buscam salvar suas almas professando a fé católica, pra- ticando o mesmo culto católico e obede- cendo aos mesmos pastores, sucessores dos Apóstolos. Quanto à Igreja Conciliar, ela é a socieda- de de batizados que se submetem às dire- tivas do papa e dos bispos atuais em sua vontade de promover o ecumenismo conci- liar e que, por consequência, admitem todo o ensinamento do Concílio, pratican- do a nova liturgia e submetendo-se ao novo direito canônico. Nestas condições, é possível que uma mesma hierarquia possa dirigir as duas sociedades? OBJEÇÕES - Primeira objeção: Não é possível que uma mesma hierarquia dirija duas Igrejas. Pode se imaginar que um mesmo patriarca pos- sa dirigir os coptas católicos e os coptas ortodoxos? Portanto é impensável imagi- nar uma hierarquia comum à Igreja Católi- ca e à Igreja Conciliar. - Segunda objeção: De fato, não há uma hierarquia, senão duas. De um lado estão os bispos conciliares que dirigem a Igreja conciliar e do outro os bispos da Tradição que dirigem a Tradição, ou seja, a Igreja Católica. - Terceira objeção: Quem não vê que a hierarquia da Igreja Conciliar é uma pseu- do-hierarquia? O papa não é papa porque não é católico; quanto aos bispos, não são bispos porque o rito das consagrações episcopais não é válido. [Nós adicionamos uma quarta objeção, lida na internet. Diz essa objeção: “a reli- gião do Concílio Vaticano II é uma religião especificamente distinta e inclusive oposta à católica. É impossível que a religião con- ciliar esteja dentro da Igreja Católica”. Respondemos: a ideia é esta: “a religião conciliar é uma heresia e é impossível que haja hereges dentro da Igreja Católica”. Mas a verdade é que se pode professar a religião conciliar sem culpa, incorrendo em heresia apenas material, e dado que os batizados que incorrem em heresia unica- mente material não deixam de pertencer à Igreja, pode-se professar a religião concili- ar sem deixar de ser católico ou de estar na Igreja Católica.- Nota do blog Non Pos- sumus] ARGUMENTO DE AUTORIDADE Nós não somos os primeiros a afirmar que as duas Igrejas têm a mesma hierar- P á g i n a 2 A F a m í l i a C a t ó l i c a quia. Esta afirmação se encontra com a maioria dos que abordaram a questão antes de nós: “Que exista no presente duas Igrejas, com um só e mesmo papa Paulo VI à cabe- ça de uma e outra, nós não o dissemos por nada, não o inventamos, nós constatamos que é assim.” Gustavo Corção na revista Itineraires de novembro de 1974, em se- guida o padre Bruckberger no “L’Aurore” de 18 de março de 1976 tem-no sublinha- do publicamente: a crise religiosa não é como no século XVI de ter para uma só Igreja dois ou três papas simultaneamen- te; agora é de ter um só papa para duas Igrejas, a Católica e a pós-conciliar […] O mundo moderno nos apresenta um espetáculo oposto ao do grande cisma do ocidente: duas Igrejas com um só Papa. O texto mais interessante é do padre Julio Meinvielle. Data de 1970: é o primei- ro texto que conhecemos sobre este as- sunto. O sacerdote argentino escreveu – e é a conclusão de seu magistral livro “De la Cábala ao progresismo”: “Um mesmo Papa presidiria ambas Igre- jas, que aparente e exteriormente não seriam senão uma. O Papa, com suas ati- tudes ambíguas daria pé para manter o equívoco. Porque, por um lado, professan- do uma doutrina inatacável, seria a cabeça da Igreja das Promessas. Por outro lado, produzindo atos equívocos e até reprová- veis, apareceria encorajando a subversão e mantendo a Igreja gnóstica da Publicida- de. A eclesiologia não tem estudado suficien- temente a possibilidade de uma hipótese como a que aqui propomos. Mas se pen- sarmos bem, a Promessa de assistência da Igreja se reduz a uma assistência que impeça o erro de introduzir-se na Cátedra Romana e na mesma Igreja, e ademais que a Igreja não desapareça nem seja destruída pelos seus inimigos”. REFLEXÃO TEOLÓGICA. Nosso Senhor prometeu que as portas do inferno – os poderes infernais – jamais prevalecerão contra sua Igreja. Portanto ela é indefectível: ela deve continuar até o fim dos tempos para fornecer às almas de boa vontade os meios de salvação, a sa- ber: a sã doutrina, sacramentos válidos, o santo Sacrifício da Missa, uma autêntica vida espiritual. Tudo isto supõe que a hie- rarquia católica durará até o fim do mundo e poderá – ao menos para os que verda- deiramente o desejam, cumprir com seu fim que é conduzir as almas ao Céu. Além disso, Nosso Senhor também anun- ciou que sua segunda vinda seria precedi- da de uma “tribulação tal que não houve desde o princípio do mundo até agora, e não haverá outra.” (Mt. XXIV, 21). Esta tribulação será acompanhada de uma decaída da fé ao ponto que Nosso Senhor se pergunta se encontrará ainda fé sobre a terra no momento de sua segunda vinda (Lc. XVII, 8). Esta apostasia está profetiza- da por São Paulo (II Tes. III, 4) e São To- más de Aquino explica comentando este versículo, que os povos cristãos se emanci- parão da fé da Igreja Romana. Isto parece indicar bem que uma boa parte da hierar- quia será infiel à sua missão. No tempo que precede à vinda de Nosso Senhor, o sol e a lua não iluminarão mais (Mt. XVIII, 8), o que, em sentido simbólico, significa que a Igreja e a sociedade cristã perderão a sua influência. RESPOSTAS ÀS OBJEÇÕES. Podemos agora responder às objeções contra a possibilidade de uma única hie- rarquia para as duas “Igrejas”. - O erro da primeira objeção é o de imagi- nar a Igreja conciliar como uma sociedade que impõe formalmente o cisma ou a here- sia, tal como uma igreja ortodoxa ou uma comunhão protestante. Se eu me adiro à igreja anglicana, por exemplo, sou formal- mente cismático, ou seja, herege, e já não faço parte da Igreja Católica. Mas eu posso ser conciliar – ou seja, para simplificar, ecumenista – conservan- do a fé católica. Sem dúvida que ponho minha fé, e a de outros, em perigo. Mas não abjuro dela em seguida. É por isso que os membros da hierar- quia, desde o momento em que não levam seus erros ao ponto de renegar a fé católi- ca, continuam sendo membros da hierar- quia católica, inclusive quando são concili- ares. O que concedemos ao objetante é que os bispos da Tradição não formam parte da Igreja conciliar. - Contrariamente ao que declara a segun- da objeção, os bispos conciliares e os bis- pos da Tradição não constituem duas hie- rarquias. Monsenhor Lefebvre, ao consa- grar os bispos em 30 de junho de 1988, protestou contra a ideia de estabelecer outra hierarquia. Não há mais do que uma hierarquia, tendo em sua cabeça o papa e sob ele todos os bispos católicos (inclusive os da Tradição). Quando um sacerdote da Tradição cele-
  • 3. bra a santa Missa, nomeia no cânon os membros da hierarquia: o papa e o bispo do local. O que dá uma aparência de verdade à objeção, é que o papa e os bispos atuais, muito frequentemente, atuam como repre- sentantes da Igreja conciliar: nesta quali- dade – quando promovem os novos sacra- mentos, o novo catecismo, etc. – os bons católicos, com razão, não os obedecem. - Quanto à terceira objeção, esta repousa em afirmações gratuitas, como temos ex- plicado muitas vezes nesta revista. Nin- guém jamais apontou a prova decisiva de que o papa não seja papa, nem que os bispos atuais sejam consagrados com um rito inválido. Temos de tê-los – pela falta de prova em contrário – por representan- tes da hierarquia, resistindo-lhes quando utilizam sua posição para impor os erros conciliares. ANEXO SOBRE A IGREJA CONCILIAR Monsenhor Lefebvre: Um tempo após haver recebido a carta de Monsenhor Benelli, em 29 de julho, Monsenhor Lefebvre comentou também esta expressão “igreja conciliar”: "Nada mais claro! De agora em diante, é à igreja conciliar que se deve obedecer e ser fiel, já não à Igreja católica. Esse é precisamente todo o nosso problema. Nós estamos suspensos a divinis pela Igreja conciliar, e para a Igreja conciliar, da qual nós não queremos fazer parte. Esta igreja conciliar é uma igreja cismáti- ca, porque ela rompe com a Igreja católica de sempre. Tem seus novos dogmas, seu novo sacerdócio, suas novas instituições, seu novo culto já condenado pela Igreja em repetidos documentos oficiais e defini- tivos. É por isso que os fundadores da igreja conciliar insistem tanto sobre a obediência hoje em dia, fazendo abstração da Igreja de ontem, como se ela já não existisse. (…)A igreja que afirma semelhantes er- ros, é por sua vez cismática e herética. Esta igreja conciliar não é, portanto, católi- ca. Na medida em que o papa, os bispos, sacerdotes ou fiéis aderem a esta nova igreja, eles se separam da igreja católica. A igreja de hoje não é a verdadeira Igreja mais que na medida que ela continue em unidade com a Igreja de ontem e de sem- pre. A norma de fé católica é a Tradição”. Outras citações de Monsenhor Lefebvre: "Deste concílio nasceu uma nova igreja reformada que o mesmo Monsenhor Be- nelli chama a igreja conciliar. É muito fácil pensar que qualquer um que se oponha ao concílio, seu novo evange- lho, será considerado como fora da comu- nhão da Igreja. Podemos lhes perguntar: de qual Igreja? Eles respondem: da igreja conciliar. (Acuso o Concílio, pg. 7) Este concílio representa, tanto aos olhos das autoridades romanas como aos nos- sos, uma nova igreja que eles chamam “a igreja conciliar”. (…) Todos os que cooperam na aplicação desta alteração, aceitam e aderem a esta nova igreja conciliar, como a designou Monsenhor Benelli na carta que me enviou da parte do Santo Padre, em 25 de junho passado (1976), entram no cisma” (Um Bispo Fala, pgs. 97 e 98). "A nova missa, como a nova igreja conci- liar, está em ruptura profunda com a Tradi- ção e o magistério da Igreja. É uma con- cepção mais protestante que católica que explica tudo o que está indevidamente exaltado e tudo o que tem sido reduzido (...) A reforma litúrgica de estilo protestan- te é um dos maiores erros da igreja concili- ar e um dos mais nocivos à fé e à gra- ça.” (Carta Aberta ao Papa, suplemento nº 37 de Fideliter, janeiro-fevereiro de 1984, pg. 10). "Os católicos que se assustam com a nova linguagem utilizada pela igreja conci- liar, têm a vantagem de saber que isto não é novo, que Lamennais, Fuchs, Loisy o iniciaram desde um século atrás, e que eles mesmos não fizeram mais que reunir todos os erros que correram no curso dos séculos” (Carta Aberta aos Católicos Per- plexos, cap. 16). "O cardeal Ratzinger se esforça uma vez mais em dogmatizar o Vaticano II. Nos deparamos com pessoas que não têm nenhuma noção da Verdade. Estaremos cada vez mais forçados a atuar conside- rando esta nova igreja como já não católi- ca” (Carta de Monsenhor Lefebvre a Jean Madiran, em 29 de janeiro de 1986). "Louis Veuillot disse: “Dois poderes vi- vem e estão em guerra no mundo: A Reve- lação e a Revolução”. Escolhemos conser- var a Revelação enquanto que a igreja conciliar escolheu a Revolução. A razão de nossos vinte anos de combate está nesta escolha” (Conferência em Ecône em se- tembro de 1986, Fideliter 55, pg. 18). "Como é este espírito de diálogo liberal que é inculcado desde o início aos sacer- dotes e missionários, compreendemos por que a igreja conciliar tem perdido comple- tamente seu zelo missionário, o espírito mesmo da Igreja” (O Destronaram, pg. 104). (…) "Esperando que vós possais realizar meu desejo de uma revista que destrua os erros do concílio e da igreja conciliar pro- fessados cada vez mais abertamente pelo papa e a cúria romana, trazendo à luz a doutrina católica. Agora enfrentamo-nos com os assassinos da fé católica, sem nenhuma vergonha” (Carta de Monsenhor Lefebvre ao padre prior de Avrillé, 7 de janeiro de 1991). Terminemos com um extrato do sermão de Monsenhor Lefebvre em 30 de junho de 1988, durante a consagração dos qua- tro bispos: "Penso que vossos aplausos de uns mo- mentos atrás eram uma manifestação espiritual que traduz vossa alegria por ter enfim bispos e sacerdotes católicos que salvem vossas almas, que deem a vossas almas a vida de Nosso Senhor Jesus Cris- to, através da doutrina, dos sacramentos, da fé e do Santo Sacrifício da Missa. A vida de Nosso Senhor, da qual tendes necessi- dade para ir ao Céu, está desaparecendo em todas as partes nesta igreja conciliar. Segue uns caminhos que não são os cami- nhos católicos. Simplesmente conduzem à apostasia. (...) Se estou no erro, se ensino erros, está claro que se me deve trazer de novo à verdade, de acordo com os que me enviam este protocolo para ser assinado reconhe- cendo meus erros. Como se me disses- sem: se reconhece seus erros, lhe ajudare- mos para que volte à verdade. Que verda- de é esta, segundo eles, senão a verdade do Vaticano II, a verdade desta igreja con- ciliar? Portanto é certo que para o Vaticano a única verdade que existe hoje é a verda- de conciliar, o espírito do Concílio, o espíri- to de Assis. Essa é a verdade de hoje. E isso não o queremos por nada do mundo.” Outras citações: Não foi Monsenhor Lefebvre o único em utilizar esta expressão. O Padre Calmel, em 1971, falava da falsa igreja pós- conciliar. "A falsa igreja que vemos entre nós des- de o curioso concílio Vaticano II, afasta-se sensivelmente, ano a ano, da Igreja funda- da por Jesus Cristo. A falsa igreja pós- conciliar se distancia cada vez mais da Santa Igreja que salva as almas há vinte séculos. A pseudo-igreja em construção se divide cada vez mais da Igreja verdadeira, a única Igreja de Cristo, pelas inovações mais estranhas, tanto na constituição hie- rárquica como no ensino da moral”. Sob expressões análogas, encontramos a mesma noção em Gustavo Corção, em 1974 e 1978:
  • 4. "Esta desordem que reina no cristianismo, amplifica-se dia a dia, e nos deixa em uma situação única na história depois da santa natividade de Nosso Senhor: nós já não sabemos onde está nossa Igreja! Pelos sinais visíveis, temos uma ideia de pesa- delo: o mundo moderno nos apresenta um espetáculo oposto ao do grande Cisma do Ocidente: duas Igrejas com um só papa. Minha convicção firme e tenaz, tantas vezes sustentada aqui e em todas as partes, é que entre a Religião Católica professada em todo o mundo católico até poucos anos atrás e esta religião imposta abertamente ao século como "nova", "progressista", "evoluída", existe uma diferença de espécie ou diferença por alteridade. Temos atualmente duas Igrejas, governadas e servi- das pela mesma hierarquia: a Igreja Católica de sempre, e a Ou- tra. (…) E note bem, leitor: quando dou a essa “outra” o nome de Igreja pós-conciliar não é de modo algum para insinuar aos espíritos a infeliz ideia de que, após o Concílio, a Igreja de Cristo se transfor- mou a ponto de tornar-se irreconhecível, nem que os fiéis de boa doutrina católica devam submeter-se por pura obediência a esta nova forma visível da Igreja, na qual a maioria das pregações e dos novos ensinamentos são radicalmente estranhos e algumas vezes opostos à doutrina católica. Não! A Igreja Católica e Apostó- lica existindo no mundo após o concílio, submetida a duras pro- vações, mas sempre fiel na conservação do depósito sagrado. Se o leitor me pede algumas essenciais diferenças que sepa- ram as duas religiões, eu respondo: diferença de espírito, diferen- ça de doutrina, diferença de culto e diferença moral. Como terei chegado a tão assustadora convicção? Pois bem, como todos os católicos que compartilham comigo tal convicção: por anos de sofrimentos e reflexão. Começamos por confrontar os novos tex- tos, as novas alocuções, as novas publicações pastorais com a doutrina ensinada até... anteontem. A começar pelos textos saí- dos dos mais altos escalões, cujo exame doloroso nos força a concluir que estão inspirados por outro espírito e se firmam em outra doutrina.” Em 1976, no Supplement-Voltigeur da revista Itineraires, Jean Madiran escreveu: "FORA DE QUAL IGREJA? Em seu discurso ao consistório de 24 de maio (1976), onde Monsenhor Lefebvre é mencionado muitas vezes, Paulo VI (...) o acusa de se colocar fora da Igreja”. Porém fora de qual Igreja? Há duas. E Paulo VI não renunciou a ser papa destas duas igrejas simultaneamente. Nestas condi- ções, “fora da Igreja” resulta em equívoco e não resolve nada. Que haja na atualidade duas Igrejas com um só e mesmo Paulo VI à frente de uma e da outra, não o inventamos, constatamos que é assim. Alguns episcopados que se declaram em comunhão com o papa, e que o papa não nega sua comunhão, têm saído objetiva- mente da comunhão católica (...) Sim, mas prevaricadores, deser- tores, impostores, Paulo VI segue sendo sua cabeça sem desa- prová-los e nem corrigi-los, conserva-os em sua comunhão, ele preside esta igreja também (...). Se o concílio tem sido interpretado constantemente como o foi, é com o consentimento ativo ou passivo dos bispos em comu- nhão com o papa. Assim se constituiu uma igreja conciliar, dife- rente da Igreja Católica. (…) Há duas Igrejas sob Paulo VI. Não ver que são duas, ou não ver que são completamente diferentes uma da outra, ou não ver que Paulo VI até agora preside uma e outra, é a cegueira, e em certos casos pode ser uma cegueira invencível. Mas tendo-o visto e não tendo-o dito seria a cumplicidade de seu silêncio e uma anomalia monstruosa. Gustavo Corção na revista Itinerários de novembro de 1974, logo em seguida o Padre Bruckberger em L’Aurore de 18 de mar- ço de 1976, expressaram-no publicamente: A crise religiosa já não é como no século XVI, quando se teve uma só Igreja e dois ou três papas simultaneamente: Hoje é ter um só papa para du- as Igrejas, a católica e a pós-conciliar " (...) O Padre Meinvielle, em 1970, falava da Igreja da publicidade para designar o que chamamos a igreja conciliar: mas ele descre- ve muito bem a situação atual, de uma mesma hierarquia gover- nando duas Igrejas: "Não é necessária muita perspicácia para ver que desde há cinco séculos o mundo se está conformando à tradição cabalísti- ca – O mundo do Anticristo de adianta velozmente. Tudo ocorre para a unificação totalitária do filho da perdição. Daí também o êxito do progressismo. O cristianismo se seculariza ou vai se tornando ateu. Como se hão de cumprir, nesta era cabalística, as promessas de assistência do Divino Espírito à Igreja e como se verificará o portae in feri non prevalebunt, as portas do inferno não prevale- cerão, não cabe na mente humana. Mas assim como a Igreja começou sendo uma semente pequeniníssima1, e se fez árvore e árvore frondosa, assim pode reduzir-se em sua abundância e ter uma realidade muito mais modesta. Sabemos que o mysterium iniquitatis já está trabalhando2; mas não sabemos os limites de seu poder. Por outro lado, não há dificuldade em admitir que a Igreja da publicidade possa ser enganada pelo inimigo e conver- ter-se de Igreja Católica em Igreja gnóstica. Pode haver duas Igrejas, uma, a da publicidade, Igreja magnificada na propagan- da, com bispos, sacerdotes e teólogos publicitários, e ainda com um Pontífice de atitudes ambíguas; e outra, Igreja do silêncio, com um Papa fiel a Jesus Cristo em seu ensinamento e com al- guns sacerdotes, bispos e fiéis que lhe sejam dependentes, es- palhados como "pusillus grex" por toda a terra. Esta segunda seria a Igreja das promessas, e não aquela primeira, que poderia deserdar. Um mesmo Papa presidiria ambas Igrejas, que aparen- te e exteriormente não seria senão uma. O Papa, com suas atitu- des ambíguas, daria subsídios para manter o equívoco. Porque, por um lado, professando uma doutrina intocável seria cabeça da Igreja das promessas. Por outro lado, produzindo atos equívo- cos e quiçá reprováveis, apareceria como alentando a subversão e mantendo a Igreja gnóstica da Publicidade. A eclesiologia não estudou suficientemente a possibilidade de uma hipótese como a que aqui propusemos. Mas se se pensa bem, a Promessa de Assistência da Igreja se reduz a uma Assis- tência que impeça que o erro se introduza na Cátedra Romana e na mesma Igreja, e além disso que a Igreja não desapareça nem seja destruída por seus inimigos." (1) Mq 13, 32. (2) 2 Ts 2, 7. Fonte: http://nonpossumus-vcr.blogspot.com.br/ Tradução: Capela Nossa Senhora das Alegrias
  • 5. Sobre a polêmica com os comentários Eleison de Dom Williamson Pronunciamento oficial da Capela Nossa Senhora das Alegrias Vitória, 31 de dezembro de 2015 Aos nossos respeitáveis fiéis, que graças a Deus, tem bom senso e raciocinam: 1° - No undécimo dia deste mês fizemos um primeiro comunicado a respeito da polêmica gerada pelos comentários Eleison escritos por S.E.R Dom Williamson. Nestes comentários, dom Williamson trata a respeito do suposto milagre ocorrido em Buenos Aires, envol- vendo uma Hóstia consagrada no rito bastardo e protestantizado do Vaticano II. Neste comunicado dizíamos que não opugnávamos àqueles que tinham dúvidas ou questionamentos aos mesmos comentários, mas que nos opugnávamos a maneira com que estava sendo feita por alguns. 2° - Mantemos a mesma posição. 3° - Embora seja uma questão de opinião sobre se houve ou não milagre com a hóstia supracitada, os fiéis que tiverem alguma dúvi- da, saibam que a posição de Dom Faure é a dita por ele mesmo no sermão disponibilizado no site “Non Possumus” em que defende D. Williamson daqueles que o julgam. 4° - Saibam que a posição de nosso diretor espiritual, Dom Tomás de Aquino, permanece a mesma: Ele leu tranquilamente os co- mentários Eleison e não encontrou nada contra a fé. 5° - Que conheçam também a posição do diretor de nossa Congregação Mariana e do Apostolado da Oração, o Revmo. Padre Joa- quim de Sant’Ana e de seu superior, o Padre Jahir Brito, que é a mesma de D. Tomás. Ele nos escreveu especialmente, dizendo: “Se esforcem pela santificação que, sobretudo nos dias de hoje, deve ser precedida e acompanhada por uma sólida formação, a qual não deve ser confundida com o prurido de conhecer, opinar e discutir, que tantas vezes conduz a iniciativas quixotescas. ” 6° - Que conheçam também a do especialista em tomismo no Brasil, o sr. Prof. Carlos Nougué, que escreveu vários artigos em seu blog “Estudos Tomistas”, que disponibilizaremos abaixo, explicando a posição de D. Williamson segundo Santo Tomás. (Que segundo D. Tomás agradou aos Dominicanos). 7° - Mantenhamos sempre nossas discussões no campo doutrinal, como fazem os amantes da verdade. Pedimos aos nossos fiéis que não se envolvam em discussões privadas com pessoas que tratam de maneira irreverente os nossos bispos e sacerdotes. Por favor, caros fiéis, mantenhamo-nos no bom espírito que graças a Nossa Senhora tem nos acompanhado nestes últimos anos de com- bate contrarrevolucionário. 8° - Quando forem discutir, mesmo doutrina e moral, discutam com firmeza e intransigência, mas sempre com mansidão e caridade, pelo bem da verdade, com pureza de intenção, pois nossa força é ter razão, e a glória de Deus nosso ideal. Não precisamos absoluta- mente de nos alterarmos, senão por causas raríssimas, que pensamos não serem as atuais. Seguindo o conselho de Nosso Senhor: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração. ” E do conselho apostólico: “Há entre vós algum que se tem por sábio e bem formado para instruir os outros? Mostre pelo bom porte de seu proceder e de uma sabedoria cheia de doçura. ” São Tiago 3, 13. 8° - Pedimos aos nossos fiéis que estudem bem D. Lefebvre, D. Antônio de Castro Mayer, o magistério papal dos séculos XVIII, XIX e do início do XX, que denunciaram a seita maçônica e sua pérfida ação no mundo. Estudem os bons autores antiliberais: Dom Barbier, Monsenhor Gaume, Padre Salvany, Monsenhor Delassus, Cardeal Pie e outros mais. Leiam bem as publicações dos dominicanos que “Non Possumus” sempre traduz para o espanhol, ou além disso, acompanhem o “Le Sel de la Terra”. Por falar nisto, D. Tomás nos presenteou com uma assinatura anual desta revista. O primeiro exemplar está à disposição para a leitura na Casa de formação S. José – casa anexa a nossa capela. 9° - Fiquem longe dos teólogos(a) de internet e mais perto de Santo Tomás de Aquino. 10° - Acompanhem o blog “Estudos tomistas” do sr. Prof. Carlos Nougué. 11° - Lamentamos e rezamos por mais esta provação. 12° - Evitem uma frequência desnecessária a internet, que tão facilmente nos insere em um mundo superficial, ilusório e fantasioso, tão longe do real mundo católico, da prática constante da virtude, do tradicional estudo pelos livros, e da oração – sobretudo dos quinze mistérios do Rosário e da devoção aos Sagrados Corações. 13° - Sejamos santos, pois é esta a mais importante contribuição que podemos dar para a restauração do Reinado de Nosso Senhor Jesus Cristo. Fizéssemos o que fizéssemos, se não nos tornássemos santos por infidelidade, nada tínhamos feito. Peçamos a Nossa Senhora que ilumine a nossa inteligência e mova a nossa vontade sempre em direção ao Coração de Seu Divino Filho. É para isso que esta capela existe, para continuar o trabalho divino da Igreja, transformando cada um de seus fiéis em Jesus Cristo, por Maria, para maior glória de Deus, no tempo e na eternidade e isso temos a confiança que conseguiremos com o apoio de nossos diretores e auxílio de nossos excelentíssimos bispos Dom Williamson e D. Faure. + Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo, para sempre seja louvado, e nossa Mãe Maria Santíssima, salve. Instaurare Omnia in Christo per Mariam, Deivid de A. N Capela Nossa Senhora das Alegrias – Vitória/ES. Membro da Congregação Mariana Nossa Senhora do Rosário de Fátima – Vitória/ES. www.nossasenhoradasalegrias.com.br A F a m í l i a C a t ó l i c a — 3 1 ª E d i ç ã o
  • 6. “Foi em 1975 que vi Dom Lefebvre pela primeira vez. Ele viera a nosso Mosteiro de Santa Maria Madalena em Bedoin, no Sul da França, para conferir as ordens menores a dois de nossos irmãos, o Ir. Jehan de Belleville e o Ir. Joseph Vannier. A pregação de Dom Lefebvre me impressionou pela sua serenidade. Ele respirava a paz, essa paz que é a divisa dos beneditinos e que ele parecia possuir mais do que nós. Esta cerimônia não passou despercebida aos progressistas, que não nos perdoaram. Receber Dom Lefebvre! Deixá-los conferir ordens a nossos estudantes! Isto não podia ficar sem uma puni- ção exemplar. O superior geral de nossa congregação veio ver-nos trajado à maneira progressista, como o exigem os tempos moder- nos, isto é, de paletó e gravata. Talvez a gravata seja fruto da minha imaginação, mas do paletó eu me lembro bem. Conclusão. Nós fomos excluídos da ordem beneditina. Na verdade era Dom Lefebvre que eles procuravam atingir, ou melhor, era Nosso Se- nhor que eles perseguiam. Em 1976 eu pude escutar Dom Lefebvre pregando em Ecône no início daquele verão, que ficou conhecido como “verão quente” devido à gravidade dos acontecimentos que marcaram a vida da Fraternidade São Pio X e da Igreja naqueles dias heróicos em que Dom Lefebvre teve de dizer não a Paulo VI. Interrogado pelos jor- nalistas a respeito de sua atitude, Dom Lefebvre respondeu com simplicidade: “Quando eu estiver diante de meu juiz, não quero que Ele possa dizer-me: ‘O senhor também, o senhor deixou que destruíssem a minha Igreja’.” 1 Mas foi somente em 1984 que tive contato pessoal com Dom Lefebvre. Eu havia sido enviado para o seminário de Ecône, sendo já padre, para completar os meus estudos e para cuidar da saú- de. Aproveitando a presença de Dom Lefebvre, fui vê-lo com certa freqüência. Sua bondade paternal tornou fácil essas conversas, cujo essencial transcrevo aqui. Como eu tinha o costume de es- crever o conteúdo desses colóquios após cada entrevista, hoje me sirvo dessas notas na redação desse artigo. Na terça-feira, 6 de novembro de 1984, Dom Lefebvre falou-me do Ecumenismo: “Se as outras religiões não são obra do demônio, então não há razão para não admiti-las; não há razão para combatê-las. Ora, todas as religiões, fora a Religião Católica, são obras que não vem de Deus. ‘Quem não é por Mim, é contra Mim’, disse Nosso Se- nhor. Toda religião, fora a Religião Católica, é obra do demônio. Toda atenuação desta verdade concorre para a perda das almas. Esta heresia está de tal maneira espalhada que mesmo nossos fiéis não escapam inteiramente à sua influência. Eu penso que nós estamos diante de uma verdadeira heresia. Penso como Dom Antônio de Castro Mayer, mas não quis dizê-lo publicamente até agora.” No dia 12 de Março de 1985, Dom Lefebvre falou-me da ques- tão dos acordos com Roma. Penso que Dom Lefebvre abordou este assunto por causa de Dom Gérard, que por essa época pro- curou obter de Dom Lefebvre apoio para um acordo com Roma. Por Dom Tomás de Aquino— Revista Co-Redentora nº 1 Colóquios com Dom Marcel Lefebvre Dom Gérard dizia que com o Cardeal Ratzinger era possível de se entender e que Dom Lefebvre era fechado demais. Mesmo assim, Dom Gérard procurava a aprovação de Dom Lefebvre, sem a qual ele não teria a aprovação dos fiéis da Tradição. “Submeter-se a homens que não têm a integridade da Fé Católi- ca? Submeter-se a homens que proclamam princípios contrários aos princípios da Igreja? Ou nós seremos obrigados a romper de novo com eles e a situação se tornará pior que antes, ou seremos conduzidos insensivelmente à diminuição e à perda da Fé. Há ainda uma terceira possibilidade. Uma vida bem difícil por causa do contato freqüente com homens que não tem a Fé católi- ca, conduzindo à desorientação e ao enfraquecimento do espírito de combate dos fiéis.” Esta questão conduziu Dom Lefebvre a falar das Sagrações: “Eu esperei o mais possível para que Deus me esclarecesse a respeito das sagrações. Em Roma eles se afundam cada vez mais nos seus erros. Eu penso que é necessário assegurar a perma- nência do sacerdócio católico. Eu esperei a confirmação deste dever. Parece que a tenho cada vez mais. O Liberalismo é uma heresia. Eu não o quis dizer até agora. Não se podia imaginar que um Papa pudesse chegar a tal ponto. Ele já não é Papa por causa disso? Eu não penso que se possa afirmar isto. É uma coisa que não se podia imaginar.” E voltando à questão dos acordos: “Nossa posição, tal como é agora, nos permite ficar unidos na fé. Todos aqueles que quiseram fazer um compromisso com os mo- dernistas se desviaram. Penso que nós não devemos nos subme- ter a eles. Eu desconfio imensamente. Passo as noites a pensar nisso. Não somos nós que temos de assinar nada. São eles que têm de assi- nar garantindo que aceitam a doutrina da Igreja. Eles querem nossa submissão, mas não nos dão a doutrina.” Bela conclusão. Submissão? Sim, mas com a doutrina. Sem a Verdade Revelada, sem a Tradição, nada feito, pois seria o suicí- dio da Fé e a perda da vida eterna. No dia 30 de março de 1985, Sábado da Paixão, Dom Lefebvre
  • 7. faz observações interessantes sobre a política, conversando com os professores do seminário em Ecône. “Em vez da ONU, o Vaticano deveria ter encorajado a união dos Estados católicos. Houve um momento, após a guerra, em que havia vários chefes de Estado católicos na Europa: Salazar em Portugal, Franco na Espanha, De Valera na Irlanda, Alphonsini na Itália, Cotti na França e Adenauer na Alemanha, o qual, apesar de não ser católico, tinha alguns princípios católicos.” Falando de Salazar, Dom Lefebvre contou que o grande presi- dente português se queixara dos bispos de seu país: “É necessário reformar as universidades, mas os bispos não me ajudam. Eles parecem não compreender a importância. Mas, sem isso, como conseguir uma geração francamente católica?” Neste mesmo dia, ou pouco depois, Dom Lefebvre, comentando a ilusão de alguns que estão sempre a procura de compromissos, disse: “O Sr. X é sempre ambíguo. Ele quer nos conduzir a compromis- sos. Se a missa não é herética, é ortodoxa, diz o Sr. X. Como? E todas as nuances e graus entre a heresia e a ortodoxia?” E, falando dos bispos que procuram semear esse clima de ambi- güidade, diz: “Eles se esforçam por propagar a Missa de indulto2, mas com a finalidade de aproximar os fiéis da Missa nova e da doutrina de Vaticano II.” No dia 14 de maio de 1985, no seu escritório, Dom Lefebvre me fala do Concílio: “Eles vivem na mentira. Inconscientemente. Talvez. Mas, objetiva- mente, vivem na mentira. No Concílio, eles diziam: ’O Concílio é pastoral.’ O próprio Papa dizia: ‘O Concílio é pastoral e não dog- mático.’ Agora eles querem impô-lo como um concílio dogmático.” Na segunda-feira de Pentecostes, Dom Lefebvre me fala do retiro que ele devia nos pregar no Barroux. As relações com Dom Gérard estavam bem tensas nesta época por causa dos acordos que ele queria fazer com Roma. “Eu estou num grande embaraço”, diz Dom Lefebvre. “Receio que as palavras não me saiam da boca.” Confissão comovente que mostra que, se Dom Lefebvre era um combatente, não era insensível e lhe custava enfrentar certas situações. Mas, mesmo assim, foi ao Mosteiro e nos pregou o retiro anual de 1985. Este retiro foi uma nova ocasião de conversar com Dom Lefeb- vre. A questão das sagrações se tornava cada vez mais atual. “Devo sagrar um bispo? Isto me repugna”, dizia ele, “mas me cite um só bispo que tenha um seminário onde se dê uma formação católica, sem mistura de modernismo. Penso que, se eu não fizer nada, Nosso Senhor me repreenderá após a minha morte, dizen- do: ‘O senhor tinha o caráter episcopal, o senhor devia ter assegu- rado a continuação do sacerdócio católico.’” Em outra ocasião, Dom Lefebvre deu mais esta razão para as sagrações, razão que me parece decisiva e que guardei na memó- ria: “Se Roma fosse capaz de formar padres católicos, eu não teria nenhuma razão de sagrar sem a autorização de Roma. Mas Roma já não é capaz.” Tornava-se então necessário sagrar novos bispos. No entanto, Dom Lefebvre iria esperar ainda dois anos, prova de sua grande prudência. Ele queria ter a certeza de que isto era verdadeiramen- te o seu dever. Talvez quisesse também preparar os padres e os fiéis para este ato tão necessário, mas também tão insólito. Estando de passagem em Ecône, em janeiro de 1986, aproveito para ver Dom Lefebvre. Entre outras coisas, ele me disse: “O Papa anunciou um congresso de todas as religiões em Assis. Um congresso de todas as religiões! Que Deus vão eles invocar? Eu não vejo senão o Grande Arquiteto! Tudo isso é uma idéia ma- çônica. Creio que haverá reações. Itália. Assis. Tudo isso é ainda por demais católico. Eles vão, talvez, pedir um lugar menos católi- co. Jerusalém, talvez. “ Diante de tudo isso, pergunto a Dom Lefebvre qual era a es- sência da doutrina do Santo Padre. Dom Lefebvre responde: “ - Que não há verdade. Que a verdade evolui. O que conta é a vida. - Mas isto é a essência do Modernismo. - Eles são modernistas - diz Dom Lefebvre. - Ratzinger e o Papa são modernistas. Essa é a razão por que não compreendem nada de nossas reclamações. Eles dizem: ‘Mas que mal há em tudo isto?’ É por essa razão que eles foram escolhidos. Por causa de seu espírito impreciso. Jamais dariam esses postos a alguém que tivesse o espírito escolástico, o espírito claro, límpido. Não. Eles já não querem isso. É a maçonaria - prossegue Dom Lefebvre - que dirige o Vaticano. O Cardeal Cagnon me disse, ele mesmo. Não são necessariamen- te os que ocupam os postos principais que são maçons, mas eles são colocados de maneira a dirigir tudo.” No final de 1986 Dom José Vannier e eu fomos envidados para ver um terreno que nos era oferecido para a fundação de um mosteiro no Brasil. Antes de deixar a Europa, fomos a Ecône para nos despedir de Dom Lefebvre. Ele nos falou então de Assis e de um desenho explicativo que ele queria difundir para alertar os fiéis sobre a gravidade desta reunião ecumênica. Ele nos mostrou dois desenhos. Um era de um seminarista e outro de uma irmã da Fraternidade. O do seminarista era mais bem feito, mas o da irmã era mais respeitoso. Dom Lefebvre preferia o da irmã. Ele não queria uma caricatura. Queria simplesmente explicar com ima- gens o pecado gravíssimo da reunião de Assis. Antes de partir- mos, assegurei a Dom Lefebvre nossa adesão sem restrições à idéia do desenho. Tendo partido para a América do Sul, nossa primeira visita foi ao seminário da Fraternidade São Pio X na Argentina. Dom Lefebvre e Dom Antônio de Castro Mayer aí se encontravam para as orde- nações daquele ano, nas quais dois padres de Campos recebe- ram o sacerdócio: o Rev. Pe. Hélio Rosa e o Rev. Pe. José Paulo Vieira, assim como o Rev. Pe. Álvaro Calderón e alguns outros padres da Fraternidade São Pio X. Reencontrando Dom Lefebvre, ele nos falou novamente de As- sis, e comentou as reações havidas a respeito dos famosos dese- nhos: “Eu fiquei surpreso com a reação. Já a esperava, mas não tanto. Porém é uma lição de catecismo! Pode-se dizer o mesmo de to- dos os pecados. No céu não há ecumenistas, assim como no céu não há divorciados. No céu não há ninguém em estado de pecado mortal. Peço a Deus que estes desenhos cheguem às mãos do Santo
  • 8. Padre e que ele acorde e se diga: ‘Aonde irei parar se continuo assim?’ É preciso que o Santo Padre salve a sua alma! Ele convi- dou o chefe das falsas religiões a rezar nos seus erros. É um con- vite a permanecer no erro. É um reconhecimento desses erros. Depois disso, eu disse que só faltava agora dançar com o demô- nio. Parece que o Papa já o fez, dançando ao som do rock, com estola, no meio de moças, na Austrália. Alguns se escandalizam mais com isso do que com a reunião de Assis. É uma falta de espírito de Fé. Assis é mais grave. É mais teológico. A reunião que se realizou na véspera foi ainda pior. As palavras do príncipe Edi- mbourg foram blasfematórias.” Este príncipe, marido da rainha da Inglaterra, disse que era ne- cessário terminar com esse escândalo, que já dura dois mil anos, de um homem que disse: “Eu sou o Caminho, a Verdade, e a Vi- da.” O que se poderia esperar de diferente quando se trata de convidar todos os heréticos, cismáticos e infiéis a se manifestar? Ainda no seminário da Argentina, Dom Lefebvre nos disse, falan- do das sagrações: “Do ponto de vista teológico Dom Antônio de Castro Mayer nem vê dificuldade, mas tanto ele como eu pensamos que é melhor espe- rar um pouco.” A respeito do Papa, acrescentou: “Quanto a dizer que o Papa não é Papa, eu não sei. Os teólogos não estão de acordo a esse respeito. Não quero entrar nesta questão. Isto não me parece ainda muito claro. Prefiro dizer ape- nas que ele é um pecador público. Um Concílio decidirá, depois da sua morte, se ele foi Papa ou não.” Em seguida nos falou do Cardeal Villot: “Villot mentiu para Paulo VI, dizendo-lhe que eu havia feito os seminaristas assinar um documento contra o Papa. Quando pude ver Paulo VI, Villot estava furioso. Ele impôs que Benelli estivesse presente à conversa. O Santo Padre me falou desse famoso docu- mento que eu teria feito os seminaristas assinar. Eu disse clara- mente a Paulo VI que não existia nada daquilo. Depois, o cardeal Benelli, em L’Osservatore Romano, negou que nós tivéssemos falado deste assunto. São uns bandidos. Mesmo a honestidade, a mais elementar, eles já não a têm. Villot havia organizado tudo. Ele dizia que dentro de seis meses a Fraternidade não existiria mais. Deu-se então a visita canônica a Ecône, o chamado a Roma, a entrevista com Garrone, Tabera e Wright e o que se seguiu. Pior que os soviéticos; nem mesmo a aparência de um julgamento. Eu disse isso a João Paulo II. Ele sorriu. Nada mais [...].” Falando de Montini e Pio XII, Dom Lefebvre nos disse: “No começo do Concílio eu fiquei sabendo da história de Montini. ‘Promoveatur ut removeatur’.3 E, no dia da sagração de Montini, Pio XII fez um discurso ditirâmbico. Que costume desastroso! Até Pio XII.”4 Em seguida vieram os anos da fundação da Santa Cruz, durante os quais Dom Lefebvre nos ajudou com seus preciosos conselhos. Eu tinha a consciência bastante incomodada por causa das modi- ficações litúrgicas introduzidas por Dom Gérard na missa. Não se tratava ainda da nova missa, mas também já não era o missal de João XXIII, de 1962. Eram algumas modificações introduzidas por Paulo VI e por Dom Gérard ele mesmo. Escrevi então para Dom Lefebvre, que, embora não aprovando Dom Gérard, me aconse- lhou sobretudo guardar boas relações com o nosso mosteiro da França, o Barroux. Por aí se vê que Dom Lefebvre era bastante conciliador. Se se opôs ao Santo Padre, era porque realmente não havia outra solução. Ele se opôs por dever e não por inclinação natural. Mas estas boas relações com nosso mosteiro da França não iam durar muito tempo. Dom Gérard, depois das sagrações, fará um acordo que porá os nossos mosteiros debaixo da autoridade dos modernistas. Dom Lefebvre me escreveu então uma carta datada de 18 de agosto de 1988, na qual dizia: “Como lamento que o senhor tenha partido antes dos aconteci- mentos do Barroux.5 Teria sido mais fácil considerar a situação resultante da decisão desastrosa de Dom Gérard. O Padre Tam se ofereceu para visitá-lo ao voltar ao México e lhe entregar estas linhas. Dom Gérard, na sua declaração, expõe o que lhe é concedido e aceita pôr-se debaixo da obediência de Roma modernista, que permanece fundamentalmente antitradicional, o que motivou o meu afastamento. Ele queria ao mesmo tempo guardar a amizade e o apoio dos tradicionalistas, o que é inconcebível. Ele nos acusa de ‘resistencialismo’. Eu bem o avisei. Mas sua decisão estava já tomada havia muito tempo, e ele não quis mais escutar conselhos. As conseqüências agora são inevitáveis. Mas não teremos mais nenhuma relação com o Barroux e avisamos todos os nossos fiéis para que não ajudassem mais uma obra que daqui para frente está nas mãos de nossos inimigos, dos inimigos de Nosso Senhor e de seu reino universal. As irmãs beneditinas estão angustiadas. Elas vieram me ver. Eu lhes aconselhei o que lhe aconselho igualmente: guardar a sua liberdade e recusar todo laço com esta Roma modernista. Dom Gérard usa de todos os argumentos para paralisar a resistência [...]. O senhor devia se unir com Dom Lourenço e com o argentino6, e com seus noviços [...]. Os senhores três, com os noviços de Campos, os senhores pode- rão continuar e constituir um mosteiro independente de Roma. É necessário não hesitar em afirmá-lo publicamente. Deus o ajuda- rá. E o senhor poderia em seguida, depois de algum tempo, reconsti- tuir um mosteiro na França. O senhor seria muito apoiado e teria vocações. Dom Gérard suicidou a sua obra. O Padre Tam lhe dirá de viva voz o que eu não escrevi. Peço a Nossa Senhora que o ajude na defesa da honra de seu divino Filho. Que Deus o abençoe e abençoe o seu mosteiro.” Eis como Dom Lefebvre via a situação. Nós seguimos os seus conselhos. Uma declaração pública foi feita, e nós nos separamos de Dom Gérard. Esta declaração foi feita com a ajuda do Rev. Padre Fernando Rifan, do Rev. Padre Tam e do Dr. Júlio Fleich- man, pai de Dom Lourenço. Dom Lefebvre queria que esta decla- ração fosse conhecida dos monges do Barroux e que estes depu- sessem Dom Gérard “se ele não quiser romper com Roma”.7 “As sagrações trouxeram um reforço de vida à Tradição”, escrevia Dom Lefebvre nesta mesma ocasião. “Os fiéis estão contentes. Eis por que a defecção de Dom Gérard é duramente criticada e ninguém o segue; exceto alguns falsos tradicionalistas.”
  • 9. Edição: Capela Nossa Senhora das Alegrias - Vitória, ES. http:/www.nossasenhoradasalegrias.com.br Entre em contato conosco pelo e-mail: Após as sagrações e os acontecimentos que se seguiram de perto, Dom Lefebvre teve de suportar uma dura provação com o caso do Padre Morello, na Argentina. Isto não o impediu de conti- nuar a nos aconselhar com sua paternal solicitude. Não somente nós fomos ajudados por ele, mas também Campos e mais especi- almente o Rev. Padre Rifan. No entanto, era sobretudo Dom Antônio de Castro Mayer, seu amigo e irmão no episcopado, que ocupava o coração de Dom Lefebvre. “Ecos me chegam do Brasil”, escrevia ele a Dom Antônio, “a res- peito de vossa saúde, que declina. O apelo de Deus estará próxi- mo? Esta eventualidade me enche de profunda dor. Em que soli- dão vou me encontrar sem meu irmão mais velho no episcopado, sem o combatente exemplar pela honra de Jesus Cristo, sem o amigo fiel e único no terrível deserto da Igreja Conciliar!”8 Dom Lefebvre e Dom Antônio iam nos deixar quase ao mesmo tempo, em 1991, deixando-nos o exemplo da sua Fé e de seu espírito de combate recebidos em Roma durante os anos de semi- nário junto ao túmulo do príncipe dos Apóstolos. Que suas herói- cas virtudes e seus méritos nos obtenham a graça da fidelidade. *** Notas: 1- Dom Tissier de Mallerais, Marcel Lefebvre, une vie, Ed. Clovis, 2002, p. 644; 2- Indulto de 1984 para celebrar a Missa de São Pio V, concedido pelo Papa João Paulo II, mas com uma restrição: não rejeitar a Missa de Paulo VI. Conclusão: indulto só para os que não tinham motivos para fazer uso exclusivo da Missa de São Pio V. Como dizia, com humor, um escritor francês: “Este indulto é reservado exclusivamente àqueles que não têm nenhuma razão para pedi- lo.” Na verdade, como nota Dom Lefebvre, este indulto tinha co- mo objetivo habituar os padres e os fiéis às duas missas e, desta forma, fazê-los aceitar a Missa nova, como foi o caso de Dom Fernando Rifan e o de tantos outros; 3- “Promovido para ser removido”; 4- Secretário de Estado de Pio XII, Montini havia traído Pio XII. Pio XII o destituiu, mas deu-lhe cargo de arcebispo de Milão e fez um sermão elogioso ao seu mau servidor; 5- Eu tinha voltado ao Brasil antes da conclusão ou, ao menos, da publicação dos acordos de Dom Gérard com Roma; 6- Dom João da Cruz; 7- Carta de 2 de setembro de 1988; 8 Carta de 4 de dezembro de 1990. Apesar de sua análise pene- trante desse “terrível deserto da Igreja Conciliar” e das indaga- ções que ele se fazia a respeito do Santo Padre, Dom Lefebvre nunca foi sedevacantista, muito pelo contrário. Sua posição se baseava na atitude de São Pio X em relação aos modernistas e da atitude de Pio IX em relação aos liberais. CONGREGAÇÃO MARIANA No dia 8 de dezembro, Festa da Imaculado Conceição da Vir- gem Maria, os candidatos da Congregação Maria receberam suas fitas em uma belíssima e emocionante cerimônia presidida pelo Rev. Pe. Joaquim (FBMV). Os Congregados neste dia elegeram a Santíssima Virgem Ma- ria, mãe de Deus, como sua especial Senhora, Advogada e Mãe, fazendo o propósito de servi-la sempre e fazer quanto puderem para que ela seja servida e amada por todos os demais. Prome- tendo também jamais se afiliarem a quaisquer sociedades secre- tas, “sob qualquer denominação que seja”, especialmente a Franco-maçonaria, “obedecendo com amor filial à autoridade dos Vigários de Cristo— e nomeadamente aos desejos– de Sua Santi- dade Leão XIII, expressos na Encíclica Humanum Genus” e “combater animosamente, em todo tempo e lugar, as suas tra- mas, doutrinas e influências”. Rezemos por nossos Congregados para que se mantenham fiéis a tão importantes promessas. Causa nostrae laetitiae, ora pro nobis!