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INTRODUÇÃO




           A vida na Igreja é uma questão sempre atual em sua dinâmica, suas tarefas e suas
atribuições, incidindo diretamente na vida dos fiéis.

           A teologia do laicato é de primeira importância para a vida na Igreja. Com efeito, as
palavras de Jesus Cristo, nas quais comunica a seu povo uma missão a todos os povos,
raças e línguas1, são dirigidas aos leigos com mais intensidade nos dias atuais. A missão da
Igreja2, recebida do próprio Cristo, torna possível a realização da missão de cada fiel
cristão.


           Apontar o lugar próprio do leigo como cristão e sua importância no mundo e na
Igreja é objeto desta dissertação. Partiu-se da importância do papel dos leigos como fiéis
cristãos numa renovada caminhada como Igreja nos dias atuais.



1
  Cf. Mt 28,19.
2
  “Jesus Cristo antes de ser assumido ao céu fundou Sua Igreja como sacramento da salvação. Como Ele
mesmo fora enviado pelo Pai enviou os apóstolos a todo o mundo, mandando-lhes: ‘Ide, pois, fazei discípulos
meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a observar
tudo quanto vos mandei (Mt 28,19 ss). Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. Quem crer
e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado (Mc 16,15 ss). Daí o dever que cabe à Igreja de
propagar a fé e salvação de Cristo. Isto em virtude do expresso mandato transmitido pelos Apóstolos ao
Colégio dos Bispos, assistidos pelos Presbíteros, junto com o Sucessor de Pedro e Sumo Pastor da Igreja; e
ainda em virtude da vida que Cristo infunde em Seus membros. (...) Obediente ao mandato de Cristo e movida
pela graça e caridade do Espírito Santo, a Igreja cumpre sua missão quando em ato pleno se faz presente a
todos os homens ou povos, a fim de levá-los à fé, à liberdade e à paz de Cristo, pelo exemplo da vida, pela
pregação, pelos sacramentos e demais meios de graça”(AG 5).
5



        Além de se conhecer o modo próprio da missão laical, é preciso também estabelecer
o lugar dessa ação, em especial na urgência dos tempos modernos. É sem dúvida um campo
muito vasto e fértil para a evangelização.


        O Papa João Paulo II3, seguindo as linhas básicas da doutrina do Vaticano II, e
numa constante busca pela ação dos leigos nas tarefas da Igreja, lançou em 30 de dezembro
de 1988, sua Exortação apostólica Christifideles Laici sobre a vocação e missão dos leigos
na Igreja e no mundo. Também em outros momentos quis mostrar ao mundo a importância
desses fiéis para a Igreja, especialmente como motivação para o engajamento na missão da
Igreja, para ajudar a construir o Reino de Deus aqui na terra.


        Assim, é decisiva a reflexão em torno à identidade e à missão do leigo no mundo e
na Igreja.


        O presente estudo visa a apresentar a identidade e a missão do leigo no mundo 4 e na
Igreja5 em torno ao pensamento de João Paulo II, com especial acento na Christifideles
Laic, apóia-se, também em outras fontes, conforme a bibliografia citada.


        Pretende-se, aqui, discernir o sentido do pensamento de João Paulo II com relação
aos leigos, tornar presente a riqueza de suas reflexões e conhecê-lo mais profundamente no
tocante a sua teologia do laicato.



3
  “Nascido Karol Wojtyla, em Wadowice, Polônia, em uma família modesta, foi estudante universitário e
depois trabalhador braçal, durante a ocupação nazista de sua terra natal. Estudou para o sacerdócio durante a
segunda guerra mundial e ordenou-se em 1946. Doutorou-se em teologia na Angelicum (Universidade de
Santo Tomás), em Roma, em 1948, com uma tese sobre S. João da Cruz. Serviu como Pároco na Polônia, de
1948 a 1951. Em 1958, foi nomeado Bispo auxiliar da Cracóvia. Em 1963 foi nomeado Arcebispo da
Cracóvia. Três anos mais tarde, foi nomeado Cardeal no título de San Caesareo al Palatino. Em 16 de outubro
de 1978, foi eleito Papa, assumindo então o nome: João Paulo II” (McBRIEN, RICHARD P. Os Papas – os
pontífices: de São Pedro a João Paulo II. São Paulo: Loyola, 2000. p. 391).
4
  Utilizaremos este termo, no mesmo sentido em que o Concílio Vaticano II o entendeu: “O mundo dos
homens e de toda a família humana com a totalidade das coisas entre as quais vive; mundo teatro da história
do gênero humano; mundo criado e conservado pelo amor do Criador, segundo a fé dos cristãos” (GS 2).
5
  “A este termo designaremos o mesmo significado como definiu o Concílio Vaticano II. A mesma Igreja:
Una, Santa, Católica e Apostólica, que nosso Salvador depois de sua ressurreição entregou a Pedro para
apascentar. Não se trata então de outras Igrejas Cristãs, e sim, unicamente da Igreja Católica” (LG 8).
6



       Partindo do pensamento de João Paulo II, o presente estudo quis chegar o mais
próximo possível do conhecimento no tocante a identidade e missão do leigo. Ao se falar da
sua ação no mundo e na Igreja, pode-se chegar a conhecer sua identidade de cristão,
homem de Deus, e, portanto, no mundo e na Igreja.


       A estrutura deste trabalho apresenta os seguintes pontos:
       No primeiro capítulo, faz-se o estudo sobre a missão da Igreja, como pressuposto da
missão do fiel cristão e da missão laical, abordando questões como a missão da Igreja,
identificando de fato qual é sua missão e como se dá essa missão. Igreja e mundo,
verificando a relação existente entre essas duas realidades.        Realidades e limites da
participação da Igreja na ação de Deus no mundo, colocando em realce o que é próprio do
mundo e estabelecendo a relação dessa participação da Igreja na ação de Deus. Mundo e
história, lugar de missão e de santificação: é no mundo que as realidades se aplicam à vida
humana, portanto é nele e na história que deve acontecer a santificação das pessoas.


       O segundo capítulo trata da questão do leigo enquanto cristão. Neste encontrar-se-á
o estudo sobre a noção teológica de cristão, examinando aspectos que o identificam como
cristão. A noção teológica de leigo: nesse ponto, o estudo verifica a quem se aplica tal
nome. O leigo e o chamado universal à santidade: como a todos os batizados, ao leigo
também é dirigido esse chamado. O sacerdócio comum dos cristãos: como conseqüência do
batismo, todos participam do sacerdócio de Cristo. Da secularidade da Igreja à secularidade
do leigo (secularidade: dimensão e índole): é própria da Igreja e do leigo a secularidade, por
pertencerem ao mundo. A diversidade da vocação laical e situações especiais: essas se
apresentam de várias maneiras de acordo com a realidade de cada um. O apostolado do
leigo: como o leigo pode exercer sua vocação nas tarefas da Igreja. A formação do leigo:
esse é um aspecto essencial da vocação laical, sua formação integral.


       O terceiro capítulo apresenta o estudo do leigo: homem da Igreja no mundo e
homem do mundo na Igreja. Encontram-se neste ponto questões como os serviços do leigo
como Igreja ad extra e ad intra, o serviço que está ligado à estrutura da Igreja e aquele que
não está necessariamente ligado a essa estrutura. A questão dos ministérios: trata-se acerca
7



dos ministérios ordenados e dos não-ordenados. Atuação social e espiritualidade laical a
realidade espiritual do leigo como alimento para sua missão. O leigo: fundamental para a
evangelização; deveras, a presença dos leigos é de importância capital para o anúncio do
Reino de Deus. A relação dos leigos com a hierarquia e com os consagrados: é certo que a
harmonia entre os filhos de Deus é indispensável, para que a missão possa ser realizada
com eficiência.


       Remata-se este trabalho com a conclusão sobre a pesquisa e indicação da
bibliografia pesquisada.


       O tema proposto encerra uma riqueza de conteúdo que o torna muito amplo,
oferecendo, com isso, muitas possibilidades de estudos e interpretações. Assim, a presente
dessertação abre espaço para novas pesquisas sobre o assunto.

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A identidade e missão do leigo segundo João Paulo II

  • 1. INTRODUÇÃO A vida na Igreja é uma questão sempre atual em sua dinâmica, suas tarefas e suas atribuições, incidindo diretamente na vida dos fiéis. A teologia do laicato é de primeira importância para a vida na Igreja. Com efeito, as palavras de Jesus Cristo, nas quais comunica a seu povo uma missão a todos os povos, raças e línguas1, são dirigidas aos leigos com mais intensidade nos dias atuais. A missão da Igreja2, recebida do próprio Cristo, torna possível a realização da missão de cada fiel cristão. Apontar o lugar próprio do leigo como cristão e sua importância no mundo e na Igreja é objeto desta dissertação. Partiu-se da importância do papel dos leigos como fiéis cristãos numa renovada caminhada como Igreja nos dias atuais. 1 Cf. Mt 28,19. 2 “Jesus Cristo antes de ser assumido ao céu fundou Sua Igreja como sacramento da salvação. Como Ele mesmo fora enviado pelo Pai enviou os apóstolos a todo o mundo, mandando-lhes: ‘Ide, pois, fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a observar tudo quanto vos mandei (Mt 28,19 ss). Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado (Mc 16,15 ss). Daí o dever que cabe à Igreja de propagar a fé e salvação de Cristo. Isto em virtude do expresso mandato transmitido pelos Apóstolos ao Colégio dos Bispos, assistidos pelos Presbíteros, junto com o Sucessor de Pedro e Sumo Pastor da Igreja; e ainda em virtude da vida que Cristo infunde em Seus membros. (...) Obediente ao mandato de Cristo e movida pela graça e caridade do Espírito Santo, a Igreja cumpre sua missão quando em ato pleno se faz presente a todos os homens ou povos, a fim de levá-los à fé, à liberdade e à paz de Cristo, pelo exemplo da vida, pela pregação, pelos sacramentos e demais meios de graça”(AG 5).
  • 2. 5 Além de se conhecer o modo próprio da missão laical, é preciso também estabelecer o lugar dessa ação, em especial na urgência dos tempos modernos. É sem dúvida um campo muito vasto e fértil para a evangelização. O Papa João Paulo II3, seguindo as linhas básicas da doutrina do Vaticano II, e numa constante busca pela ação dos leigos nas tarefas da Igreja, lançou em 30 de dezembro de 1988, sua Exortação apostólica Christifideles Laici sobre a vocação e missão dos leigos na Igreja e no mundo. Também em outros momentos quis mostrar ao mundo a importância desses fiéis para a Igreja, especialmente como motivação para o engajamento na missão da Igreja, para ajudar a construir o Reino de Deus aqui na terra. Assim, é decisiva a reflexão em torno à identidade e à missão do leigo no mundo e na Igreja. O presente estudo visa a apresentar a identidade e a missão do leigo no mundo 4 e na Igreja5 em torno ao pensamento de João Paulo II, com especial acento na Christifideles Laic, apóia-se, também em outras fontes, conforme a bibliografia citada. Pretende-se, aqui, discernir o sentido do pensamento de João Paulo II com relação aos leigos, tornar presente a riqueza de suas reflexões e conhecê-lo mais profundamente no tocante a sua teologia do laicato. 3 “Nascido Karol Wojtyla, em Wadowice, Polônia, em uma família modesta, foi estudante universitário e depois trabalhador braçal, durante a ocupação nazista de sua terra natal. Estudou para o sacerdócio durante a segunda guerra mundial e ordenou-se em 1946. Doutorou-se em teologia na Angelicum (Universidade de Santo Tomás), em Roma, em 1948, com uma tese sobre S. João da Cruz. Serviu como Pároco na Polônia, de 1948 a 1951. Em 1958, foi nomeado Bispo auxiliar da Cracóvia. Em 1963 foi nomeado Arcebispo da Cracóvia. Três anos mais tarde, foi nomeado Cardeal no título de San Caesareo al Palatino. Em 16 de outubro de 1978, foi eleito Papa, assumindo então o nome: João Paulo II” (McBRIEN, RICHARD P. Os Papas – os pontífices: de São Pedro a João Paulo II. São Paulo: Loyola, 2000. p. 391). 4 Utilizaremos este termo, no mesmo sentido em que o Concílio Vaticano II o entendeu: “O mundo dos homens e de toda a família humana com a totalidade das coisas entre as quais vive; mundo teatro da história do gênero humano; mundo criado e conservado pelo amor do Criador, segundo a fé dos cristãos” (GS 2). 5 “A este termo designaremos o mesmo significado como definiu o Concílio Vaticano II. A mesma Igreja: Una, Santa, Católica e Apostólica, que nosso Salvador depois de sua ressurreição entregou a Pedro para apascentar. Não se trata então de outras Igrejas Cristãs, e sim, unicamente da Igreja Católica” (LG 8).
  • 3. 6 Partindo do pensamento de João Paulo II, o presente estudo quis chegar o mais próximo possível do conhecimento no tocante a identidade e missão do leigo. Ao se falar da sua ação no mundo e na Igreja, pode-se chegar a conhecer sua identidade de cristão, homem de Deus, e, portanto, no mundo e na Igreja. A estrutura deste trabalho apresenta os seguintes pontos: No primeiro capítulo, faz-se o estudo sobre a missão da Igreja, como pressuposto da missão do fiel cristão e da missão laical, abordando questões como a missão da Igreja, identificando de fato qual é sua missão e como se dá essa missão. Igreja e mundo, verificando a relação existente entre essas duas realidades. Realidades e limites da participação da Igreja na ação de Deus no mundo, colocando em realce o que é próprio do mundo e estabelecendo a relação dessa participação da Igreja na ação de Deus. Mundo e história, lugar de missão e de santificação: é no mundo que as realidades se aplicam à vida humana, portanto é nele e na história que deve acontecer a santificação das pessoas. O segundo capítulo trata da questão do leigo enquanto cristão. Neste encontrar-se-á o estudo sobre a noção teológica de cristão, examinando aspectos que o identificam como cristão. A noção teológica de leigo: nesse ponto, o estudo verifica a quem se aplica tal nome. O leigo e o chamado universal à santidade: como a todos os batizados, ao leigo também é dirigido esse chamado. O sacerdócio comum dos cristãos: como conseqüência do batismo, todos participam do sacerdócio de Cristo. Da secularidade da Igreja à secularidade do leigo (secularidade: dimensão e índole): é própria da Igreja e do leigo a secularidade, por pertencerem ao mundo. A diversidade da vocação laical e situações especiais: essas se apresentam de várias maneiras de acordo com a realidade de cada um. O apostolado do leigo: como o leigo pode exercer sua vocação nas tarefas da Igreja. A formação do leigo: esse é um aspecto essencial da vocação laical, sua formação integral. O terceiro capítulo apresenta o estudo do leigo: homem da Igreja no mundo e homem do mundo na Igreja. Encontram-se neste ponto questões como os serviços do leigo como Igreja ad extra e ad intra, o serviço que está ligado à estrutura da Igreja e aquele que não está necessariamente ligado a essa estrutura. A questão dos ministérios: trata-se acerca
  • 4. 7 dos ministérios ordenados e dos não-ordenados. Atuação social e espiritualidade laical a realidade espiritual do leigo como alimento para sua missão. O leigo: fundamental para a evangelização; deveras, a presença dos leigos é de importância capital para o anúncio do Reino de Deus. A relação dos leigos com a hierarquia e com os consagrados: é certo que a harmonia entre os filhos de Deus é indispensável, para que a missão possa ser realizada com eficiência. Remata-se este trabalho com a conclusão sobre a pesquisa e indicação da bibliografia pesquisada. O tema proposto encerra uma riqueza de conteúdo que o torna muito amplo, oferecendo, com isso, muitas possibilidades de estudos e interpretações. Assim, a presente dessertação abre espaço para novas pesquisas sobre o assunto.