Prezados, Salve Maria Santíssima!
Segue em anexo a 30ª edição do nosso jornal "A Família Católica".
Nesta edição temos:
· Mais um texto inédito no Brasil escrito por nosso diretor, Dom Tomas de Aquino OSB, dessa vez sobre a queda de Campos. O texto é um resumo da conferência "Subversão em Campos: de Dom Antonio a Dom Rifan" dada por Dom Prior nas Jornadas Jean Vaquié 2015, no convento dominicano de Avrillé.
· Um texto excelente, antiliberal do padre salesiano Ciriaco Santinelli sobre a importância do catecismo.
· Uma singela homenagem ao V centenário de nascimento de Santa Teresa de Ávilla.
· Um texto de autoria do professor Carlos Nougué, que gentilmente o dispôs, de grande necessidade para nossos atuais dias.
Na próxima sexta enviaremos a 31ª edição, referente a dezembro, finalizando assim mais um ano de nosso jornal. Aproveitamos para pedir desculpas pelo atraso das últimas edições.
Qualquer erro ou sugestões favor nos contactar por e-mail.
Por gentileza, encaminhem o jornal para todos aqueles que desejarem.
Boa leitura a todos!
Jogo de Rimas - Para impressão em pdf a ser usado para crianças
A família católica, 30 edição, novembro 2015
1. Subversão em Campos
Dom Tomás de Aquino
SANTOS E
FESTAS DO MÊS:
01– Festa de Todos os San-
tos;
02– Finados;
04– São Carlos Borromeu;
09– Dedicação da Basílica
de Latrão;
11– São Martinho de Tours;
16– Santa Gertrudes;
19– Santa Isabel, rainha da
Hungria;
21– Apresentação da Vir-
gem Maria;
24– São João da Cruz;
25– Santa Catarina de Ale-
xandria;
27– Festa de Nossa Senhora
da Medalha Milagrosa;
30– Santo André, apóstolo.
N E S T A
E D I Ç Ã O :
Subversão em Campos 1,2
Excelência do Catecismo 3
À Santa Teresa D’Ávila 4
Os riscos das redes soci-
ais
5
Novembro/2015Edição 30
A Família Católica
C A P E L A N O S S A S E N H O R A D A S A L E G R I A S
Dom Antônio de Castro Mayer, herói da fé em
nossa pátria, preservou a diocese de Campos dos
erros modernos, o que fez dela a última diocese
integralmente católica do mundo. Filho de pai
alemão, João Mayer, e de mãe brasileira, Francis-
ca de Castro, Dom Antônio entrou cedo no Semi-
nário Menor e pouco depois de ingressar no Mai-
or foi enviado à Roma para aí terminar os seus
estudos, voltando ao Brasil já ordenado e com o
diploma de Doutor em Teologia com apenas 24
anos de idade.
Toda a sua vida Dom Antônio a consagrou na
defesa da fé católica e da formação intelectual e
moral das almas, tanto em São Paulo, como pa-
dre secular, como em Campos, como Bispo dioce-
sano.
Por ocasião do Concílio Vaticano II Dom Antônio
lutou ao lado de Dom Lefebvre e de grande nú-
mero de Bispos que defendiam a doutrina da
Igreja contra os modernistas que dominaram o
Concílio graças ao apoio dos Papas João XXIII e
Paulo VI.
De volta à sua diocese Dom Antônio continuou
esta luta pela preservação da fé fundando o Se-
minário Maior de Campos e opondo-se às refor-
mas inspiradas pelo Concílio. Assim como Dom
Lefebvre, Dom Antônio se dava conta que mais
do que alguns erros doutrinais era uma nova
igreja, uma nova religião que se formava e toma-
va o lugar da religião Católica. A responsabilidade
deste desastre recaía e recai até hoje sobre as
mais altas autoridades da Igreja e, acima de to-
das, sobre o Soberano Pontífice.
Por esta razão Dom Antônio fez questão de
estar presente na cerimônia da Sagração dos
quatro Bispos da Fraternidade São Pio X no dia
30 de junho de 1988, em Ecône.
Com a morte de Dom Antônio de Castro Mayer
em 1991 os padres de Campos pediram aos
Bispos da Fraternidade que sagrassem um Bispo
para os padres e fiéis de Campos. Dom Licínio
Rangel foi escolhido e sagrado em São Fidélis,
Rio de Janeiro, por Dom Tissier de Mallerais sen-
do Dom Richard Williamson e Dom Galarreta os
bispos co-consagrantes.
Tudo corria muito bem em Campos. A Tradição
crescia, os fiéis se instruíam, a devoção ao Ima-
culado Coração de Maria era propagada, voca-
ções sacerdotais e religiosas surgiam em grande
número.
No entanto na Europa algo ocorria que teria em
breve consequências nefastas para Campos.
Dom Bernard Fellay entendia-se com as autorida-
des romanas e obtinha, pouco a pouco, alguns
“trunfos” que pareciam ser conquistas da Tradi-
ção. Mas, na verdade, eram pedras de tropeço
nas quais Campos iria sucumbir muito em breve.
No ano 2000 uma brilhante peregrinação da
Tradição à Roma encheu os olhos de todos. A
força da Tradição se manifestava com entusias-
Nota: Esta matéria que aqui disponibilizamos nada mais é que um resumo da Conferência
“Subversão em Campos: de Dom Antônio a Dom Rifan”, dada por Dom Tomás de Aquino nas Jorna-
das Jean Vaquié de 2015, em Avrillé, França.
2. mo e piedade na própria basílica de São
Pedro.
O cardeal Castrillon Hoyos entra em con-
tato com os bispos da Fraternidade. À per-
gunta ou reflexão do cardeal sobre o que
nos separa, Dom Williamson responde:
“Duas religiões.” Mas Dom Fellay não pare-
ce tirar as conclusões que se impõem des-
ta constatação. Dom Fellay vai iniciar uma
série de contatos e conversações com
Roma. Campos será chamado a participar.
Há uma esperança infundada de um triun-
fo da verdade em Roma, um início de con-
versão de Roma. Na realidade Roma não
muda e a Fraternidade é obrigada a recuar
para não cair numa armadilha1. Campos
porém não recua e já em 2001 a Santa Sé
retira, sem publicidade, a excomunhão que
pesava sobre Dom Licínio. Mas que exco-
munhão é esta? Dom Licínio estava exco-
mungado? Dom Antônio de Castro Mayer e
Dom Lefebvre estariam também excomun-
gados? A Santa Igreja Católica excomunga-
ra seus melhores defensores? Claro que
não. Mas Campos entrara na engrenagem
modernista. Campos aceitara a idéia de
que Dom Licínio estava excomungado e
que era necessário se re-integrar na igreja
conciliar, na igreja oficial, ou seja, se entre-
gar nas mãos dos inimigos de Nosso Se-
nhor que ocupam os pontos chaves da
Santa Igreja.
Campos abandonava então a luta e no
início de 2002, na Catedral de Campos, foi
tornado público os acordos entre os mo-
dernistas e a última diocese católica do
mundo. É isto que nós chamamos de sub-
versão em Campos. Campos traia assim
Dom Antônio de Castro Mayer. Campos
traia a causa de Nosso Senhor Jesus Cris-
to.
Como assim? Campos seria por acaso
contra Nosso Senhor Jesus Cristo? Sim.
Vejamos isto de mais perto. Vejamos quais
são os interesses de NSJC, quais os seus
privilégios, quais os seus direitos, sobera-
nos e inamissíveis e vejamos o que fez
Campos.
Não julgamos o interior das almas e sa-
bemos muito bem que muitos padres e a
quase totalidade dos fiéis de Campos pen-
saram numa vitória da Tradição a qual
teria sido reconhecida e aprovada por Ro-
ma. Infelizmente não é isso o que aconte-
cera.
O que sucedeu então foi uma revolução
em Campos. O que era a glória de Cam-
pos, tornou-se a vergonha de Campos e o
que era abominável aos olhos de Campos
tornou-se o modelo, a regra, a nova lei dos
padres de Campos.
P á g i n a 2 A F a m í l i a C a t ó l i c a
Dom Antônio dizia: “Não se deve assistir à
Missa nova. Ela é neo-modernista.” Dom
Rifan diz que quem se nega a rezar esta
missa tem espírito cismático. Dom Antônio
diz não e Dom Rifan diz sim, sim à nova
Missa que ele já concelebra como todos os
“ralliés” acabam fazendo ou aprovando os
que o fazem.
Dom Antônio objeta que a Liberdade Reli-
giosa é uma doutrina já condenada pela
Igreja. Dom Rifan defende o documento do
Concílio que a promulgou, documento que
é um atentado ao direito de Nosso Senhor
de reinar sobre as nações.
Dom Antônio escreveu a João Paulo II que
se ele continuasse pelo caminho das reuni-
ões ecumênicas de Assis, ele não seria mais
o Bom Pastor. Dom Rifan venera João Paulo
II assim como João XXIII como santos e ensi-
na aos fiéis a fazerem o mesmo.
Para resumir. A obra de Dom Antônio está
destruída e o modernismo já penetrou na
Administração Apostólica Pessoal São João
Maria Vianney.
Falando de algumas afirmações as mais
importantes e verdadeiras de Dom Lefebvre
Dom Rifan as qualifica de erros graves e
mesmo de heresias.
Para Dom Rifan não há duas igrejas que
se chocam neste momento: a Igreja Católica
e a Nova Igreja Neo-Modernista e Neo-
Protestante que se manifestou no Concílio
Vaticano II e nas reformas inspiradas por
ele. Afirmar que há duas igrejas seria um
erro.
Para Dom Rifan dizer que os sinais da
verdadeira Igreja estão na Tradição e não na
Igreja oficial é uma heresia, uma heresia de
Dom Lefebvre. Erros e heresias, eis o que
Dom Rifan vê no ensinamento de Dom Lefe-
bvre.
Que se passou com Campos? Que se pas-
sou com o ensinamento de Dom Antônio de
Castro Mayer e de Dom Marcel Lefebvre?
Campos não lê mais a “Conjuração Anti-
Cristã” de Mons. Delassus? Eles se esque-
ceram da Pascendi de São Pio X? Eles igno-
ram a “Humani Generis” de Pio XII?
O que se passou em Campos foi uma sub-
versão, uma revolução, uma inversão. Os
que eram tido por modelos tornaram-se
condenáveis e os que eram condenáveis se
tornaram modelos. Hoje se fala em São João
XXIII, São João Paulo II, esperando poder
falar e invocar São Paulo VI. É a eficácia do
erro da qual fala São Paulo que toma conta
de Campos.
Mas como Campos pôde mudar da água
para o vinho, ou melhor, do vinho para a
água?
Talvez o fato de Dom Antônio de Castro
Mayer ter hesitado entre uma posição
sedevacantista e, ao mesmo tempo, de
estreito juridismo tenha debilitado o clero
de Campos. Antes de falecer, ou melhor, a
partir de 1988 até seu falecimento em
1991, Dom Antônio aproximou-se de Dom
Lefebvre, abandonando cada vez mais o
sedevacantismo e este juridismo que o
havia parcialmente paralisado durante
algum tempo. Foi assim que Dom Antônio,
depois das sagrações de 1988, ordenou
em Varre-Sai o Pe. Manoel.
Este exemplo de sabedoria e de humilda-
de que fez Dom Antônio aproximar-se do
modo de pensar e de agir de Dom Lefebvre
não foi seguido pelos padres de Campos,
ou melhor, foi seguido durante dez anos
(de 1991 a 2001), mas depois eles aban-
donaram este belo equilíbrio e raciocina-
ram com os sedevacantistas:
“Se o Papa é Papa temos que obedecê-
lo. Se não obedecemos então ele não é
Papa.” Como para Campos o Papa é Papa,
então Campos obedece. O ponto de equilí-
brio não está em nenhuma destas duas
opções. Se o Papa age mal, se ele ordena
coisas más, não se deve obedecê-lo nem
imitá-lo. Nada mais. A questão é simples.
Saber se o Papa perdeu ou não perdeu o
pontificado é outra questão. Questão gra-
ve, sem dúvida. Mas é uma outra questão.
Questão secundária, se a compararmos
com o nosso dever. Nosso dever é o de
guardar a fé e a moral, de amar a Deus
sobre todas as coisas e ao próximo como a
nós mesmos e assim salvarmos nossas
almas e ajudar o próximo a salvar a sua.
As outras questões vêm depois.
Assim fez Dom Lefebvre. Assim também
fez Dom Antônio de Castro Mayer. Assim
não fez Dom Rifan que acabou obedecen-
do quando não tinha que obedecer e aca-
bou aceitando o modernismo que ele tinha
obrigação de não aceitar.
Dom Fellay vai pelo mesmo caminho, ele
que, de certa forma, o abriu para Campos.
Que ele se arrependa e faça penitência
pois a Fraternidade corre para o mesmo
abismo no qual se precipitou Dom Rifan.
Que o Imaculado Coração de Maria pro-
teja a Tradição, fortifique a Resistência e
não deixe se perder o exemplo de nossos
pais na fé, nesta fé sem a qual é impossí-
vel agradar a Deus e salvar nossas almas.
***
1- O que talvez não tenha sido senão um recuo
tático de Dom Fellay
3. Nota: Fazemos eco às palavras do Pe.
Santinelli e outro objetivo não temos que
auxiliar aos nossos leitores na tomada de
consciência da urgente necessidade de se
estudar o catecismo tanto em nossas
capelas, como no interior de nossas famí-
lias. São Pio X dizia que “nossos povos
perdem a fé porque uma praga corrói os
fundamentos em que ela se apoia: a igno-
rância religiosa. É necessário ensinar o
catecismo”. Que os pais de família não
negligenciem em ponto tão importante,
nem julguem que tão “sublime ministério”
é de exclusiva obrigação dos catequistas.
Não! É no seio da família que as crianças
deverão primeiramente aprender o cate-
cismo e, principalmente, ver resplandecer
os ensinamentos de tão incomparável
obra.
***
Um grande problema se apresenta hoje à
humanidade. Imensa praga de males
intelectuais e morais se estende pelo
mundo e faz pressagiar espantoso porvir.
Se tantas desgraças devemos deplorar no
presente, por parte de pessoas que rece-
beram uma educação cristã, o que não
devemos esperar da juventude que se vai
formando, cujo coração está viciado e o
juízo pervertido pelas falsas, nefandas e
subversivas doutrinas das seitas ímpias,
inimigas declaradas de Deus e de sua
religião? Questão de suma importância e,
por assim dizer, de vida ou morte, é a que
se deve resolver em nossa época: a sa-
ber, de difundir ideias profundamente
cristãs na geração presente.
Para restaurar a sociedade enlouqueci-
da, para remediar os males sem número
que a rodeiam, não cabe outro recurso
que educar catolicamente a juventude. É
mister proporcionar a ela uma educação
moral e religiosa, a única que pode lhe
dar a verdadeira sabedoria e uma sólida
virtude.
A boa educação é tão necessária às
crianças assim como o cultivo é à terra.
O fim a que deve se propor todo educa-
dor é cultivar o espírito da juventude, in-
formando-o com os divinos ensinamentos,
únicos que podem conter a corrente impe-
tuosa dos males que tanto deploramos.
Também é manifesto que somente dos
ensinamentos do divino Redentor ema-
nam os puros costumes, e que somente
neles se apascenta abundantemente a
alma e se estabelece a paz nas famílias e
a felicidade de todas as classes sociais.
Mas que meios deverão ser utilizados
para conseguir tão grandes bens? A razão
e a experiência afirmam que o mais segu-
ro é o ensinamento do Catecismo: código
sublime e de incomparável verdade. Mag-
nífica síntese que explica todos os
enigmas, dissipa todas as dúvidas, rebate
todas as dificuldades; laço misterioso que
une o homem a Deus, o céu com a terra, o
tempo com a eternidade; e todo esforço de
palavras, sem rodeios, com suma clareza
de tal modo que basta ter ouvidos para
escutar e coração dócil para crer e amar.
Nem Sócrates, nem Platão, nem sábio
algum da antiguidade vislumbraram uma
obra semelhante. É indispensável portanto
dar a este estudo a importância que mere-
ce, pois não há outro mais útil nem mais
necessário, uma vez que é o fundamento,
a âncora de salvação, a tocha de luz para
alumiar nosso caminho, dissipar as trevas
ameaçadoras e permitir-nos entrever tem-
pos melhores. Honroso é imitar ao que é a
honra da raça humana e o exemplo de
toda verdadeira grandeza, Nosso Senhor
Jesus Cristo.
Pois, que fez Cristo senão, primeiro com
exemplo e depois com palavras, ensinar-
nos sua doutrina salvadora, a doutrina
cristã? Que fizeram os Apóstolos? São
Paulo o disse com singular delicadeza:
“Nos fizemos pequenos no meio de vós,
como uma mãe que está acalentando
cheia de ternura a seus filhos; de tal ma-
neira apaixonados por vós que desejamos
com ânsia comunicar-vos, não só o Evan-
gelho de Deus, mas também dar-vos nossa
vida (1Tes 2,7-8).”
Desde que o Divino Redentor manifestou
sua predileção pelas crianças, os maiores
santos e gênios mais ilustres consagraram
-lhes fortemente seu zelo, abnegação e
solicitude. Orígenes era catequista em
Alexandria; São Cirilo, em Jerusalém; Santo
Agostinho, sem falar nos demais Santos
Padres da Igreja, o foi brilhantemente,
tanto por palavras como por escrito. Com
que gama de argumentos e belíssimas
comparações prova o ilustre Bispo de Hi-
pona, não só a dignidade da tarefa de
catequizar aos brutos, senão também a
suavidade e doçura com que falam em tão
santos exercícios os que de fato tem amor
às almas dos pobres e pequeninos! Para
São Carlos Borromeu, São Francisco de
Sales e outros mil, ensinar o Catecismo
era sua obra predileta.
Tal tem sido o pensamento invariável
desde Santo Agostinho até Bossuet, e des-
de Orígenes até Fenelón e Dupanloup. Este
célebre Bispo de Orleáns, ao publicar seu
Método de Catecismo, dizia: “ Confessa-
mos com ingenuidade: esta obra tem to-
das as predileções de nossa alma; a ela
temos dedicado a melhor parte de nossa
vida; é a mais importante de quantas nos
haveremos de ocupar; é a obra fundamen-
tal”.
E o apóstolo da infância em nosso sécu-
lo, o insigne Dom Bosco, acaso não encer-
rou toda sua honra na imitação de Cristo e
de seus Apóstolos, deixando, não só que
as crianças se aproximassem dele, mas
também indo atrás delas para ensiná-las e
transformá-las a seu tempo em catequis-
tas e missionários?
Mas, para que aludir a outros exemplos,
quando a Igreja por meio de seus Pontífi-
ces, há exortado sempre aos fiéis que es-
tudem o Catecismo? Com este fim veio à
luz para um grande número o grande Cate-
cismo do Concílio de Trento, fruto de gran-
des e profundos estudos, e publicado por
ordem de São Pio V. Extenso seria enume-
rar os decretos e exortações dos Sumos
Pontífices sobre a importância do Catecis-
mo, e como em todas as partes do mundo
cristão os pastores eclesiásticos promulga-
ram leis, sancionadas com penas, estimu-
lando a sacerdotes e leigos, grandes e
pequenos para que se empenhem no ensi-
no e estudo da Doutrina Católica. Ainda
mais: a Igreja, sumamente compadecida,
há aprovado congregações, associações,
confrarias, etc., que tem por fim instruir à
juventude na Doutrina Cristã. Por isso,
Santo Inácio não só exercia este santo
Ministério, mas quis obrigar com voto a
seus filhos para que se dedicassem a cate-
quizar. Edificantes, sem dúvida, são os
fatos que sobre isso se leem na vida de
São Francisco de Borja e na de tantos
outros. São Francisco Xavier balbuciou
com as crianças os primeiros rudimentos
da fé cristã, “andava por todas as ruas da
cidade de Goa e pedia por Deus, e em voz
alta, aos pais de família, que enviassem
seus filhos e criados ao Catecismo”.
Desde o tempo de São Pio V se fundou
em Roma a congregação dos catequistas,
com o título de Padres da Doutrina Cristã
e, pouco depois, o Oratório de São Felipe
Neri. Na França, V. César de Bus, que foi
chamado o apóstolo da infância, fundou
também uma congregação. Na mesma
França São João Batista de la Salle insti-
tuiu uma congregação chamada Irmãos
das Escolas Cristãs.
Do exposto até aqui, deve-se deduzir
necessariamente a importância do Catecis-
mo e a necessidade de aplicarmo-nos com
zelo em tão sublime ministério.
EXCELÊNCIA DO CATECISMO
E l c a t e q ui s t a in s t r u íd o – m é t o d o p a r a e n s e ñ a r b i e n e l c a t e c is m o
P e . C i r i a c o S a n t in e l li
T r a d uç ã o : C a p e la N os s a S e n h or a da s A l e g r i a s
4. O CÉU É O PRÊMIO
O Céu é o prêmio.
A matraca sonora
Que chega antes da hora
Faz-me saltar do leito.
O Céu é o prêmio.
E logo ao despertar,
Se vêem outras maravilhas
Que não são as de Paris.
O Céu é o prêmio.
Em minha pobre cela
Não há cortinas de tule,
Nem espelhos nem tapetes.
O Céu é o prêmio.
Não há mesa nem cadeira.
A felicidade aqui
É não estar à vontade.
O Céu é o prêmio.
Descubro, sem alarme,
Minhas luzentes armas
E amo o ruído que fazem.
O Céu é o prêmio.
Venha a mim o sacrifício,
Cadeias, cruz e cilício:
São estas as minhas armas.
O Céu é o prêmio.
Logo depois da oração,
Deve-se beijar o chão,
Porque a regra assim ordena.
O Céu é o prêmio.
Escondo minha armadura
Debaixo do meu burel
E de meu véu abençoado.
O Céu é o prêmio.
Se a “senhora” natureza
Manifesta alguma queixa,
Eu lhe respondo sorrindo:
O Céu é o prêmio.
Jejuar é muito fácil,
Pois deixa a gente mais ágil;
Mas, se vem fome... azar nosso!
O Céu é o prêmio.
Nós aqui não respeitamos
Os nabos, as batatinhas,
Cenouras, couves, rabanetes.
O Céu é o prêmio.
Ninguém jamais se espanta
Se, à noite, só se nos dão
Um pouco de pão e frutas.
O Céu é o prêmio.
Às vezes, sem exagero,
O pão passa e também deixo
As frutas dentro do prato.
O Céu é o prêmio.
Meu prato é feito de barro,
Minha mão serve de garfo
E a colher é de madeira.
O Céu é o prêmio.
Enfim, quando nos reunimos,
Podemos conversar juntas
Sobre as alegrias do Céu.
O Céu é o prêmio.
Trabalhando conversamos,
Uma coze e a outra corta
Os paramentos do altar.
O Céu é o prêmio.
Vê-se uma alegria santa
Homenagem a Santa teresa de Jesus (D’Ávila)
Por ocasião do V centenário de seu nascimento
Que deixa sua bela marca
Nas frontes claras e abertas.
O Céu é o prêmio.
Uma hora passa logo,
E eu volto a ser ermitã
Sem franzir as sobrancelhas.
O Céu é o prêmio.
O silêncio se interrompe
Com ruídos de penitência
Que nos deixam meio surdas.
O Céu é o prêmio.
Vão desfilando meus golpes:
Sessenta e seis mil por ano
é uma conta bem exata.
O Céu é o prêmio.
É em favor dos missionários
Que fazemos estas guerras
Sem tréguas nem compaixão.
Santa Terezinha do Menino Jesus e da
Sagrada Face
5. A F a m í l i a C a t ó l i c a - e d i ç ã o 3 0P á g i n a 5
Como disse em outro lugar, não quero
nem me cabe determinar a cada um como
agir concretamente com respeito às redes
sociais (Facebook, etc.). Mas, ainda que
muito brevemente, quero e devo alertar a
todos sobre os riscos que me parece elas
implicam.
Como nunca fiz parte de nenhuma, só
as tratarei a partir de dois de seus efeitos
visíveis: o tempo que se perde em tais
redes; o fato notório de que, muito ao
contrário do que se anuncia, elas são
lugar de inimizades, rixas, contendas,
detrações, injúrias.
1) O mundo atual, tanto o capitalista
como o comunista ou a mescla de ambos,
com sua transformação das pessoas em
engrenagens de uma imensa máquina de
fazer dinheiro, tirou ao homem grandíssi-
ma parte do tempo de ócio, exatamente
aquele em que podia viver segundo o que
é superior em sua alma: aplicando-se à
contemplação, sobretudo de Deus. Impe-
diu, assim, o que para Aristóteles era a
vida feliz: a bíos theoretikós (exatamente,
a vida contemplativa). Que dizer então do
que aconteceu à religião e suas práticas,
esta mesma religião que, por virtude so-
brenatural, constitui o ápice da vida con-
templativa – e de que depende nada me-
nos que a salvação eterna das almas?
Mas há mais. Já desde a revolução in-
dustrial e da Lei Le Chapelier, a vida fami-
liar pelo menos se fragilizou imensamen-
te. O divórcio, que veio a tornar-se uma
permanente espada de Dâmocles sobre
sua cabeça, agravou muito a situação, e é
fato que a família está hoje em franca
dissolução. Mas some-se a tudo isso a
Os riscos das Redes Sociais
Carlos Nougué
televisão, por exemplo, e tem-se um qua-
dro dramático: os cônjuges ou estão tra-
balhando, ou estão vendo televisão – ou,
ainda, fazendo desta a baby-sitter eletrô-
nica de seus filhos. Como pôr em ação,
assim, o tear que dia a dia tece e retece a
solidez da família e da criação dos filhos?
Pois somem-se agora a todo o anterior
as redes sociais! O imenso tempo que se
perde nelas é como a pá de cal sobre a
vida contemplativa e sobre a familiar. Em
nome de quê? De um simulacro, aliás
feio, da vida social autêntica e sã. Já não
se trata das boas risadas que se podem
dar junto com o amigo; já não se trata da
conversa maravilhada no intervalo de um
concerto (de música boa, é claro); já não
se trata pois da vivência direta de algo a
que tendemos naturalmente. Trata-se de
algo como um fantasma. Com efeito, para
a vida social autêntica e sã, é essencial o
contato direto, o rosto amigo diante dos
olhos, o enlevo sentido em comum diante
do belo. Mas para o sucedâneo de vida
social que são as redes sociais basta o
virtual, o espectral – uma imagem de
rosto, por exemplo. E por aí se vê que tais
redes são tudo, menos verdadeiramente
sociais.
2) E é daí que decorre o segundo efeito
acima enunciado. Neste sucedâneo de
“relação social” constituído pelas redes,
entre tais imagens fantasmáticas que
pretendem substituir-se à presença efeti-
va do outro, e por trás do biombo da tela
do computador, é muito fácil à natureza
caída do homem sentir-se todo-poderosa
e, em vez de iludir-se com um espectro de
relação social, passar a fazer dele um
poderoso instrumento de inimizade.
Atrás desse diabólico biombo, quantos
não se sentem no direito de afrontar e
injuriar o outro? Não raro por “motivos
nobres”: defender a religião, uma doutri-
na, etc. Tal nobreza, porém, muito amiúde
se perde totalmente, porque aquela mes-
ma sensação de todo-poder, como parte
de algo fantasmático, acaba por logo
substituir qualquer motivo nobre – e o
que era nobre torna-se ignóbil. Com efei-
to, o exercício autêntico de qualquer po-
der requer, necessariamente, a posse do
conhecimento que permite esse mesmo
exercício. Qualquer poder é tirânico se
não fundado em conhecimento o mais
perfeito possível. Que se vê nada rara-
mente, todavia, nas redes sociais? Exata-
mente inimizades, injúrias, detrações,
etc., essas pequenas tiranias em nome da
defesa de uma doutrina. Mas a defesa de
uma doutrina requer conhecimento dela,
o qual só se adquire por estudo. Como,
contudo, encontrar tempo para tal estudo
se ele é consumido por aquelas mesmas
redes?
Some-se tudo o que se disse acima e ter
-se-á, parece, a razão principal do triste
espetáculo de inimizades, contendas,
injúrias que vemos transbordar de um
espaço virtual e fantasmático para o que
nos resta de vida social real. Sim, porque
é este um dos efeitos mais malignos das
redes sociais: não só roubar à vida social
autêntica grande parte do pouco tempo
que lhe resta, mas empeçonhar e enfer-
mar cada dia mais este mesmo restante.
Edição:
Capela Nossa Senhora das Alegrias - Vitória, ES.
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