O conto descreve a história de Pedro, uma criança que desejava possuir uma estrela que viu à noite. Ele roubou a estrela da torre da igreja da aldeia, mas foi descoberto. Forçado a devolver a estrela, Pedro caiu da torre e morreu. A morte trágica de Pedro é lamentada por todos na aldeia.
Resumo por capítulos do romance de Camilo Castelo Branco, escrito durante a segunda geração romântica. Apresenta também o enredo, o espaço, o tempo, relações com o período, personagens principais e suas características e do narrador
Resumo por capítulos do romance de Camilo Castelo Branco, escrito durante a segunda geração romântica. Apresenta também o enredo, o espaço, o tempo, relações com o período, personagens principais e suas características e do narrador
Versão em E-Book da 4ª edição do Suplemento Acre (Agosto a Outubro de 2014)
Nesta edição: Carl Solomon, Joannes Jesus, Maria Apparecida S. Coquemala, Paçoca Psicodélica,
Abílio Dantas, Naíma Silva, José Callado, Ana Maria Ferreira, Tom Zé, Robson Letiere, Sarah Ferreira,
Flávio Ferreira, Bárbara Zul, Rômulo Ferreira, Conrado Gonçalves, Thiago de Mello, Brasil Barreto,
Luiz Fernandes da Silva, Giovani Bafô, Beatriz Azavedo, Alexandre Nodari, Henrique Santos, Intervenções AMEOPOEMA,
Faça você mesmo sua página, Luisa Condé, Lívia Uchôa, Ricardo Moreno.
2. O Autor
Nome: Vergílio Ferreira
Data de nascimento: 28/01/1916 , em Melo, no concelho de Gouveia.
Data de morte: 1/03/1996, em Lisboa.
Estudos/habilitações literárias: licenciatura em Filologia Clássica pela
Universidade de Coimbra.
Profissão/cargos desempenhados: professor de Português, Latim e Grego,
escritor, filósofo, ensaísta e romancista.
Obras publicadas: Manhã Submersa; Contos; Aparição; Conta Corrente; Para
Sempre; Até ao Fim; Na tua Face, etc.
Perfil literário: a sua obra caracteriza-se por uma reflexão constante sobre o
sentido da Vida e da Morte, o Homem e o Mundo
Prémios recebidos: Prémio Camilo castelo Branco; Prémio da Sociedade
Portuguesa de Escritores; Prémio da casa da Imprensa;
Prémio Camões
3. Mapeamento da História
Contextos?
- Quando aconteceu?
Um dia, à meia-noite (= Era uma vez…).
- Onde?
Numa aldeia sem nome.
Personagens?
O jovem Pedro: personagem principal
O pai e a mãe; o velho; o Cigarra; o Sr. António
Governo: personagens secundárias
O Rui, o Roda Vinte e seis, o Pingo de Cera, a
Raque – Traque, a Pitapota e o Pananão: figurantes
4. Qual é o problema inicial?
Pedro desejava ter a estrela que
viu, um dia, à meia-noite, e decidiu
empalmá-la.
Quais são os acontecimentos principais?
Pedro saiu de casa e dirigiu-se à igreja;
subiu até ao campanário e agarrou a estrela;
já em casa, antes de se deitar, guardou-a numa caixa;
ao acordar pensou que lhe tinham trocado a estrela e ficou
transtornado;
os pais recearam que Pedro estivesse metido em apuros;
o velho descobriu o roubo e Cigarra divulgou-o à aldeia, que
ficou em alvoroço;
5. os habitantes da aldeia tomaram partido a favor de Cigarra
contra o Sr. António Governo;
os pais de Pedro descobriram a verdade;
o pai de Pedro denunciou o filho e impôs que este fosse repor a
estrela no seu lugar;
Pedro caiu do alto da torre e morreu;
a gente da aldeia chorou a sua morte.
Qual é o desfecho?
A morte de Pedro, lamentada por toda a aldeia.
6. Espaços que Dificuldades e estratégias para os
Pedro percorre ultrapassar
teve tanto medo que desatou a correr e olhava
1. Na rua
para a estrela para ganhar coragem.
assustou-se com o ranger da porta, com o
2. Na torre da
escuro, com o cheiro, com as pedras frias, mas
igreja,
ao tocar o primeiro degrau sentiu-se animado.
3. Na escada de
por causa da altura, e da falta de proteção,
ferro do
olhou para a estrela e não para baixo.
campanário,
continuava a ter medo da altura mas, sem olhar
4. No topo da torre,
para baixo, movimentou-se como fazia quando
treinava a subir às árvores.
7. Caracterização de personagens
A personagem principal
Pedro é o protagonista, porque é a partir
do roubo da estrela, de que ele é o autor,
que se desenvolve toda a história.
É parecido com tantas outras crianças da
sua idade porque gostava de subir às
oliveiras para ver os passarinhos nos ninhos
e gostava de aventuras. Além disso era
teimoso, como a maioria das crianças.
Queria a estrela, nem sabia para quê, e não
descansou enquanto não a teve.
8. Pedro é especial porque é
determinado e corajoso. Quis a
estrela e foi buscá-la, o que implicou
muito esforço e aventurar-se por
caminhos difíceis. Mas, sobretudo,
implicou muita coragem. Teve de
vencer o medo da noite, o medo do
escuro assustador da torre, o medo
da altura e do perigo de cair.
Parece que nada o fazia desistir do
seu sonho, daquilo que desejava
obter.
9. As personagens secundárias
A mãe do Pedro surpreende-o com a estrela na
mão, quando repara que há uma luz estranha no
quarto. De surpreendida passou a furiosa, quis
A mãe
bater-lhe, mas queimou-se na estrela. Ficou
nervosa porque se preocupava com as opiniões dos
habitantes da aldeia. No final, dominada pelo
receio, isolou-se no meio da multidão, não tendo
coragem para seguir os passos do filho.
O pai quando viu que o filho tinha sido o autor do
roubo, não lhe bateu, mas obrigou-o a corrigir o mal
O pai feito, porque estava preocupado com a opinião dos
aldeãos. O pai teve consciência do perigo e tentou
orientar o seu filho durante a escalada final.
10. O velho, como passava parte da noite acordado,
deu pela falta da estrela no céu e comunicou-o ao
O Velho Cigarra que, por sua vez, o fez saber a toda a
aldeia.
O Cigarra, indignado com a comunicação
sussurrada do velho, divulgou o roubo da estrela a
O Cigarra toda a aldeia. Mostrou-se tão arreliado com os que
tentaram desvalorizar tal ato, que muita gente, a
pouco e pouco, começou a pôr-se do lado dele.
11. O senhor António Governo primeiro achou
que uma estrela a mais ou a menos não tinha
qualquer importância, mas depois quis
O Sr. António
mostrar-se prestável e mandou buscar umas
Governo
escadas muito altas para se chegar melhor ao
cimo da torre. Quis até que fosse o seu filho a
colocar a estrela no céu, mas este, mal lhe
pegou, queimou-se.
12. Os Figurantes
Os figurantes são designados por alcunhas engraçadas e
sugestivas:
Roda Vinte e Seis, Pingo de Cera – podem sugerir
tamanho ou quantidade;
Raque-Traque devido ao estrume que deitava nas couves
e o odor daí resultante;
Em Pitapota pita é galinha em linguagem popular;
Pananão é muito sugestivo em termos fónicos e pode
ser associado a “panão”, “palerma”, “idiota”.
13. O Narrador
O narrador é subjetivo porque, embora não faça parte da
história, dá as suas opiniões, os seus pontos de vista.
“O medo vinha também a correr atrás dele. Mas como vinha
descalço, ele corria mais.”
Pode inferir-se que o narrador sente
uma grande simpatia pelo protagonista
pela forma como realça o esforço feito
por Pedro. Este sabe bem o que quer e
luta até ao limite, arriscando a própria
vida, nunca desistindo das suas
motivações. Parece compreender bem
como a estrela o seduziu.
14. O narrador é não participante porque não está presente na
narrativa, como se comprova pelo uso de verbos e pronomes na
3ª pessoa.
“Nessa noite não aguentou. Meteu-se na cama …, a mãe levou a luz,
mas ele não dormiu.”
O narrador é omnisciente porque sabe tudo, incluindo os
pensamentos das personagens.
“... tão contente ficou de a porta estar aberta, que só depois se
lembrou de a ter ouvido ranger. E então assustou-se.”
15. A linguagem popular
No conto, constatamos que o narrador conhece muito bem
a linguagem popular.
O que a caracteriza, afinal?
A língua popular revela despreocupação nas
construções sintáticas e correção do vocabulário; é
marcadamente oral e espontânea. Pode surgir como:
regionalismo(falares característicos de certas regiões do
País), gíria(expressões ou falares característicos de certos
grupos profissionais e sociais) ou calão(expressões ou
formas marginais, que resultam de situações
particulares).
16. A linguagem popular no conto:
Palavras Expressões
empalmar; “…arrombado de sono…”
retoiço; “…rijo que nem um cabrito…”
arreava; “…punha-lhe o comer…”
tramar; “… fizera uma das dele…”
malhar; “…tivera mesmo uma ponta de cagaço…”
gramava; “…o filho da mãe…”
sacana; “…malhar ali com o coirão na cadeia…”
chatice; “…ninguém gosta que lhe limpem o que é seu.”
escachar… “…a bem dizer tanto se lhe dava como se lhe
deu…”
“…não fosse o diabo tecê-las.”
“..apanhá-lo com a boca na botija…”
17. A ação deste conto decorre numa aldeia e numa igreja sem
nome e num tempo indefinido, para que esta situação seja lida
como intemporal.
São marcas de tempo as seguintes expressões:
• “Um dia, à meia-noite”;
• “a essa hora”;
• “nessa noite”;
• “No dia seguinte”;
• “Mas no dia seguinte”;
• “Aconteceu então que no dia seguinte”;
• “Ora certa noite”;
• “um ano inteiro”;
• “hoje”;
• “Já passaram muitos anos”.
18. O espaço
Os diferentes lugares onde decorre a ação são o quarto do
Pedro, as ruas da aldeia, a torre da igreja e o adro.
O espaço físico mais importante é
a torre porque é a partir dela que
Pedro chega à estrela, é a partir
dela que a colocará de volta e
também será ao escorregar dela que
morrerá e o seu sonho terminará.
19. A história
Foi difícil ao Pedro
concretizar o seu sonho porque não
só o caminho era arriscado e difícil,
como também encontrou a oposição
de toda a gente.
Pedro é uma criança que
acredita no sonho, na capacidade da
imaginação, ao contrário dos adultos
que vivem presos à realidade. Daí
Pedro não se queimar com a estrela.
20. O simbolismo da estrela
A posse da estrela significa:
• crescimento, busca da própria identidade;
• nascimento para uma outra vida;
• desejo de conhecimento do mundo;
• ânsia de liberdade;
• vitória sobre o medo;
• coragem.
21. Interpretações possíveis
para este conto
Pedro morreu porque o seu sonho era demasiado
ambicioso.
Pedro cometeu uma falta grave e por isso foi castigado.
A maioria dos adultos perdeu a capacidade de sonhar e a
sua incompreensão matou Pedro.
Pedro não estava interessado em viver num mundo onde
não havia lugar para o sonho.
Pedro não morreu. Morreu a criança cheia de sonhos e
fantasias; circunstâncias da vida obrigaram o Pedro-criança a
tornar-se adulto, sem tempo ou vontade de sonhar.