Empresas gaúchas superam desafios e projetam crescimento
1. ZERO HORA > QUINTA | 28 | FEVEREIRO | 2008 Economia > | 29 |
Empresa: Dice Informática
Empresa: Apassionata Proprietários: Guilherme Lima de Melo, 24 anos, e Maurício da Sil-
Proprietários: Elisabeth Felix da Silva, 37 anos, e Arnon Aydos, 32 anos va Escobar, 22 anos
Ramo: comércio de roupas e objetos eróticos Ramo: programas de computador
Motivação: a vocação para o comércio e a experiência do casal Motivação: o desejo de tratar informática como atividade artesanal
– desenvolver programas personalizados
PONTOS POSITIVOS PONTOS POSITIVOS
Da sobrevivência > Planejamento permitiu lidar com imprevistos. Filme em > Guilherme e Maurício seguiram se qualifican-
para a transição > Clientes retornaram e indicaram novos.
> Receitas superaram despesas desde agosto. branco do: Guilherme com um curso de pós-graduação e
Maurício com o mestrado.
– Este ano aconteceu de tudo. Bati o carro, PONTOS NEGATIVOS Em 2007, Guilherme de Melo tinha planos de PONTOS NEGATIVOS
fui demitido, o pai da Elisa (Elisabeth Felix > Demissão de Arnon em maio reduziu a renda
registrar a evolução da Dice Informática em fil- > Os sócios queriam conquistar pelo menos um
da Silva) faleceu e nos assaltaram – resumia mensal do casal.
me. O vídeo seria exibido como uma espécie de trabalho de grande porte para usá-lo como estudo
Arnon Aydos, na antevéspera do último Natal, > Alguns meses tiveram vendas abaixo do projeta-
peça motivacional. Mas no primeiro aniversário de caso na promoção da empresa no meio acadê-
após mais um dia de 12 horas de trabalho. do e levaram a redimensionamento do estoque.
da empresa não havia filme. Ele e o sócio, Mau- mico, mas não conseguiram. E a renda ficou muito
Ao enumerar os obstáculos, não há tom de rício Escobar, planejavam ter uma sede e até dois abaixo do esperado.
queixa na voz do empresário. Esboçava até METAS PARA 2008 funcionários. As metas não foram cumpridas e METAS PARA 2008
um sorriso por lembrar que o casal superou > Construir um provador, mobiliar o mezanino e in- eles continuam trabalhando em casa. Parte do
> Alugar uma sala, contratar um funcionário para
tudo isso e terminou 2007,“o ano da sobrevi- vestir em novos fornecedores. descompasso foi resultado da falta de urgência
ajudar no trabalho braçal de programação e mudar
vência”, cheio de expectativas. dos sócios em conquistar clientes. Maurício ga-
a estratégia de vendas (em vez de mostrar a tecno-
– Quando a gente quer alguma coisa, tem nha R$ 1,1 mil de uma bolsa de pesquisa e, ape-
logia por trás dos programas, apresentar os projetos
de correr atrás. As pessoas parece que caem O ano que começa já foi rotulado: 2008 será sar de pagar aluguel, divide os custos com a na-
a partir da interface gráfica com o usuário).
no primeiro tombo. Tem de levantar e ir em de transição. O primeiro passo das mudanças é morada. Guilherme mora com os pais.
frente, batalhar muito – afirma Elisa. finalmente construir um provador, no mezanino – Podemos nos dar o luxo de valorizar o nosso
Embora tenham atendido menos clientes da loja. Será temático, com palquinho e uma barra trabalho. Se eu morasse só ou se a gente tivesse Em dezembro, acabaram-se as aulas de mes-
do que previam, o faturamento bruto médio de pole dancing. Mais tarde, querem equipar o es- uma sede, iríamos pegar qualquer cliente por trado de Maurício. Agora, terá mais tempo livre
mensal ficou acima dos cerca de R$ 20 mil paço com mais vitrinas e araras. Para tornar isso qualquer valor só para pagar as contas, mas esse para se dedicar à empresa e – quem sabe – fre-
projetados, pois as pessoas gastaram mais. realidade, é preciso manter a economia de guerra. não é o foco da empresa – explica Guilherme. qüentar o futuro escritório da Dice.
Empresa: Boa Forma Empresa: Boteco Fiel
Proprietário: Jefferson Dell’Osbel, 26 anos Proprietárias: Andréa Kasprzak, 36 anos, e Silvana Canarim, 40 anos
Ramo: academia de ginástica Ramo: bar
Motivação: o exemplo da família – cinco tios e o pai têm negócios Motivação: o desejo de ter um negócio próprio aliado à oportunidade de ter um
em Alvorada – e a busca por aumento de renda ponto comercial privilegiado em Porto Alegre
O futuro PONTOS POSITIVOS
> A academia empatou as contas desde março. Em busca de PONTOS POSITIVOS
> Funcionários são comprometidos com resultado.
anda de jipe > O número de alunos dobrou até outubro, e abre
2008 com base de clientes superior a março de 2007. um teto maior > Grande procura por eventos e divulgação.
> Receita sustenta o bar e há parceria com forne-
cedores, que equiparam o bar com freezers, mesas
PONTOS NEGATIVOS
Por 22 anos, até abrir uma empresa de te- É com certa preocupação que Silvana Ca- e copos em comodato em troca de exclusividade.
lentulho, os pais de Jefferson Dell’Osbel tra- > A reforma da academia até agora não está pronta narim e Andréa Kasprzak comemoram o pri-
balharam sete dias por semana no açougue e custou mais caro do que o esperado. Foram feitos in- meiro ano de vida do Boteco Fiel. Em fevereiro, PONTOS NEGATIVOS
da família em Alvorada. Com o telentulho, os vestimentos em equipamentos, como ar-condicionado, elas só pensam nos dias de frio. Arquitetam > Sazonalidade reduz movimento no inverno.
domingos de trabalho ficaram no passado, que não puderam ser usados por causa do atraso. uma forma de trazer clientes para o bar quan- > Área externa do bar não tem permissão de co-
mas a jornada segue pesada. Jefferson é filho > Equipe de professores foi alterada várias vezes. do o frio chegar, já que o espaço aberto do pá- bertura, e a livraria vizinha fechou, eliminando uma
do casal, mas não uma fotocópia. Se pudesse, tio Ivo Rizzo, onde elas podem colocar até 40 das entradas para o Boteco Fiel.
METAS PARA 2008
fugiria do trabalho todos os finais de semana. mesas, continua descoberto. A cobertura da
– O jipe é o sonho de vida dele – conta a > Atingir 300 alunos, terminar a reforma e melhorar área ainda não foi permitida pelo governo mu- METAS PARA 2008
mãe, Marina. as dependências da academia, como, por exemplo, os nicipal, apesar de um pedido ter sido feito há > Alugar parte do espaço da antiga livraria para
– O jipe é uma metáfora – diz Jefferson. banheiros. dois anos pelos donos do pátio. aumentar a área fechada do bar, investir na realiza-
O sonho dele é sair de Porto Alegre – e da Obrigadas a lidar com papéis, contador, ta- ção de eventos corporativos e fechados e reinaugu-
academia – sempre que possível, e o destino – Às vezes eu acho que não valeu a pena. Meus xas, bancos e tantas coisas com as quais a pu- rar, em março, o almoço, agora com bufê.
pode ser tanto uma trilha embarrada quanto pais se mataram trabalhando e não curtiram a vi- blicitária Silvana e a consultora em gastrono-
uma praia. Ele não quer ter o mesmo estilo de da. Isso não me serve – diz. mia Andréa não tinham familiaridade, a pri-
vida dos seus pais, mas, por enquanto, é exa- Enquanto não consegue contratar alguém para meira diferença que perceberam em relação às – Se trabalha muitíssimo mais, com muito
tamente como está vivendo. A academia não aliviar o trabalho de gestão da academia, Jefferson atividades anteriores foi a responsabilidade. mais prazer... e insegurança – pondera Silvana.
deu lucro em 2007. O dinheiro que sobrou foi terá de, sozinho, gerenciar a equipe, dar aulas, con- – Quando tu és o dono, tens de ir fazer as Graças ao comprometimento dos funcioná-
aplicado no negócio e ainda há muito a ser cluir obras, fazer faculdade e comprar um aparta- compras. Dormir tarde e acordar cedo no ou- rios e à confiança que têm na equipe, ambas pu-
feito nos próximos dois anos. mento. Dois mil e oito será um ano cheio. tro dia – afirma Andréa. deram manter carreiras paralelas em 2007.