1) O empresário Lair Ferst é apontado como peça-chave de esquema de fraude no Detran entre 2003 e 2007 que desviou R$ 40 milhões. 2) Ferst negociava contratos entre o Detran e empresas suas e de parentes, apesar de negar propriedade. 3) Após ser excluído do esquema, Ferst teria ameaçado antigos parceiros para receber propina.
1. |6| ZERO HORA > SEXTA | 28 | MARÇO | 2008
Pesquisa mostra Lula
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Yeda tem audiência com
representante da ONU
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com avaliação recorde
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Caso Detran Empresário é apontado por autoridades como
ARIVALDO CHAVES, BD - 6/11/07
um dos personagens centrais do escândalo entre 2003 e 2007
Por que Lair Ferst
caiu na malha da
Operação Rodin
ADRIANA IRION retor-presidente do Detran, Carlos va, que foi presidente do comitê fi-
e ALEXANDRE DE SANTI
Ubiratan dos Santos, há mais de 25 nanceiro de Yeda, Ferst agia como
anos. se fosse um militante comum. Sua
Indiciado no inquérito sobre A investigação indica que Ferst se- personalidade, de acordo com Silva,
a fraude no Departamento Es- ria o verdadeiro dono da Newmark explicaria a constante presença em
tadual de Trânsito (Detran), o e da Rio del Sur, além de adminis- atos da candidata.
empresário Lair Antônio Ferst, trador e um dos beneficiados pela – Lair sempre foi um pouco sa-
50 anos, natural de Espumoso, é propina decorrente do esquema. As liente – afirma.
apontado por integrantes da in- empresas estão em nome de fami- A proximidade de Ferst e Yeda
vestigação como personagem- liares dele. Nos três depoimentos que seguiu um roteiro improvável. Tido
chave do esquema. prestou à PF – dois deles enquanto como habilidoso e bem-relacionado,
esteve preso com mais 12 suspeitos Ferst estreou na política como cola-
Além do empre- de relação com a fraude –, negou ser borador do deputado federal Nel-
sário, que atuou na o proprietário. son Marchezan (Arena, PDS e PPR),
indústria calçadis- morto em 2002. Marchezan deixou
ta, cinco pessoas Ex-colaborador de Marchezan o PPR por ser contrário à fusão com
ligadas a ele foram se tornou tucano nos anos 90 o PP, em 1995, e no ano seguinte Ferst negou à PF ser o proprietário de empresas subcontratadas pela Fatec
indiciadas pela Po- migrou para o PSDB. O empresário
lícia Federal (PF) no inquérito: duas Formado em Direito pela Univer- acompanhou-o. Demorou, porém, a
irmãs, um cunhado, um contador e
um suposto laranja.
sidade Luterana do Brasil (Ulbra),
o empresário ficou conhecido ao se
se sentir à vontade no ninho tucano.
Durante o governo de Germano Ri- Participação da família
No inquérito, Ferst é descrito co- casar com a miss Brasil Deise Nunes gotto, teria sido proibido de entrar
mo o elo entre o Detran e a Funda-
ção de Apoio à Tecnologia e Ciência
Ferst, em 1989. Filiado ao PSDB em
5 de abril de 1997, ele foi uma espé-
no Palacinho por divergências com
o vice-governador Antonio Hohlfeldt,
se estendeu por quatro anos
(Fatec). Juntamente com José Fer- cie de sombra da então deputada então no PSDB e hoje no PMDB.
nandes, dono da Pensant Consul- federal Yeda Crusius durante a cam- No interior do PSDB, Marchezan Na configuração da fraude que le- Ferst com a Pensant começou em
tores, descrita na apuração como panha para governador, em 2006. e Yeda eram rivais. Segundo um ex- sou o Detran em cerca de R$ 40 mi- 2005. O motivo teriam sido diver-
mentora da fraude, ele teria nego- Mesmo sem cargo, era tratado como dirigente tucano, a governadora não lhões, as empresas de familiares de gências em relação a outro contrato
ciado a contratação, pelo Detran, da um dos coordenadores do grupo que nutria simpatia por Ferst até o início Lair Ferst estiveram presentes entre em que os dois atuavam: o da Ana-
Fatec e de empresas parceiras – en- comandou a vitória tucana. Segundo da corrida para o Piratini. O fino tra- 2003 e abril de 2007, período caracte- tel. Naquele ano, a Pensant passou
tre as quais a Newmark Tecnologia um ex-integrante do PSDB, que pe- to e as boas relações do empresário rizado pelas autoridades como a pri- a produzir relatórios criticando os
e a Rio del Sur, de parentes do pró- diu para não ser identificado, Ferst com o empresariado teriam selado meira fase do esquema criminoso. serviços prestados pelas empresas
prio Ferst –, em 2003. Depoentes era responsável pela agenda de Yeda, a aproximação com Yeda. Depois de Ao final desse período, o depar- da família Ferst. Os documentos tro-
afirmam que o empresário se apre- incluindo contatos com empresários. preso e indiciado no caso Detran, tamento substituiu o contrato com cados pelos dois grupos – Pensant e
sentava como empregado da Fatec – Ele resolvia todos os problemas Ferst foi suspenso do partido. a Fudanção de Apoio à Tecnologia Ferst – foram apreendidos pela PF e
– função que efetivamente exerceu, financeiros que surgiam – diz o ex- e Ciência (Fatec) por outro, similar, ajudaram a caracterizar a fraude con-
com intervalos, entre 2004 e 2006. tucano. ➧ adriana.irion@zerohora.com.br com a Fundação para o Desenvol- tra o Detran. Os relatórios também
Além disso, é amigo do então di- No dia-a-dia, lembra Bercílio Sil- ➧ alexandre.santi@zerohora.com.br vimento e o Aperfeiçoamento da indicavam autoridades e políticos
Educação e da Cultura (Fundae). que teriam tomado conhecimento
ADRIANA FRANCIOSI, BD - 19/10/06
Segundo a investigação, a troca de da fraude na autarquia e nada teriam
fundação visava a eliminar do es- feito para combatê-la.
quema ilícito, por vontade do co-
mando da Pensant Consultores, a Segundo autoridades, Ferst
participação dos Ferst. O plano deu teria ameaçado ex-parceiros
certo, e a Newmark e a Rio del Sur
foram alijadas depois da assinatura Depois de excluído do esquema
do contrato com a Fundae. Detran, Ferst teria passado a fazer
Com o rompimento, também foi ameaças aos antigos colaboradores
retirada do negócio a NT Pereira para garantir o recebimento de pro-
Processamento de Dados, sócia da pina. No inquérito da Rodin há diálo-
Newmark Tecnologia. Segundo a for- gos interceptados em que as exigên-
ça-tarefa da Operação Rodin, a NT cias feitas por ele, muitas vezes usan-
Pereira pertence a Carlos Ubiratan do a proximidade com o governo
dos Santos e a sua mulher, a advoga- como argumento, foram flagradas. A
da Patrícia Bado dos Santos. Ubiratan busca de solução para a pressão su-
presidiu o Detran de 2003 ao início postamente feita por Ferst também
de 2008, e Patrícia é procuradora e é tratada em telefonemas e reuniões
sócia da NT Pereira. por outros suspeitos da fraude, con-
Depois de uma recepção fria no PSDB, Ferst (segundo a partir da esquerda) aproximou-se de Yeda e ganhou prestígio O estremecimento das relações de forme o inquérito.
2. Data Publicação : 28/03/2008
Operação Rodin (selo), Caso Detran (cartola), Fraude, Corrupção, Investigação, Documento, Polícia
Federal, Empresário