1) O setor da habitação no Brasil deve quebrar novos recordes em 2007, com mais de 150 mil unidades financiadas.
2) Incorporadoras e bancos estão focando na classe média brasileira, com renda de até cinco salários mínimos, atendendo a 91% do déficit habitacional.
3) Os empréstimos para habitação terão valor médio menor em 2007, a R$ 66,6 mil, incentivando mais famílias a comprarem imóvel próprio.
Financiamentos para a classe média: foco em famílias com renda de até 5 salários
1. | 12 | ZERO HORA > TERÇA | 20 | FEVEREIRO | 2007
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“Essa faixa de renda abandonada
agora é a meta de muita gente.”
Paulo Simão, presidente da Câmara Brasileira da Construção Civil
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JOSÉ DOVAL, BD – 27/06/2005
Habitação Foco está nas famílias com
renda de até cinco salários mínimos
Este é o ano
dos 150 mil
imóveis
ALEXANDRE DE SANTI
os financiamentos operados em
2005. Mas, a partir deste ano, os
Quebrar recordes virou roti- bons números da habitação deverão Nicho para incorporadoras e bancos ganha impulso com a queda dos juros e a saturação do mercado de alto padrão
na para o setor da habitação atingir o coração da classe média
nos últimos dois anos. Depois brasileira.
da explosão de recursos para
empréstimo, é a hora de supe-
rar índices históricos de unida-
De acordo com a Abecip, o novo
mercado das construtoras são famí-
lias com renda de até cinco salários
da Abecip, será de R$ 66,6 mil –
uma redução de 19,37%.
– Essa faixa de renda abandonada
O novo Total do orçamento disponível
pelo sistema bancário para
des financiadas.
Em 2007, mais de 150 mil fa-
mílias no país terão a chance de
mínimos (R$ 1.750). É nessa faixa
que está 91% do déficit habitacional
– estimado em 7,9 milhões de uni-
agora é a meta de muita gente – diz
Paulo Safady Simão, presidente da
Câmara Brasileira da Construção
lar da habitação neste ano será de
R$ 27,3 bi,
comprar um apartamento ou
uma casa com crédito bancário,
aumento equivalente a 30,4%
dades –, explica Osvaldo Fonseca,
diretor-geral da entidade.
Civil (Cbic).
No Rio Grande do Sul, segundo o
presidente do Sindicato da Indústria
classe o equivalente a
67,5% dos recursos oferecidos
em 2006
sobre o ano passado. A estima-
tiva é da Associação Brasileira
das Entidades de Crédito Imo-
Apartamentos econômicos
a partir de julho no Estado
da Construção Civil (Sindus-
con/RS), Carlos Alberto Aita, lança-
mentos de apartamentos econômi-
média
biliário e Poupança (Abecip). Nos últimos 20 anos, o foco das cos serão vistos a partir de julho.
construtoras eram famílias que po- Além do dinheiro disponível em Para, enfim, adquirir um aparta- produção ainda é buscada, empre-
bancos comerciais, as faixas mais
E sse deve ser o melhor resulta-
do desde a extinção do Banco
Nacional de Habitação (BNH), no
diam comprar imóveis de valores
superiores a R$ 150 mil. Mas a que-
da dos juros básicos da economia e
pobres da população terão incentivo
para compra, reforma e construção
mento próprio, a classe média terá
de superar uma barreira cultural.
Das pranchetas das construtoras es-
sários do setor estão certos que as
habitações de baixo custo serão viá-
veis somente em grandes edifícios,
final da década de 80. Em 2006, os a saturação do mercado de alto pa- do imóvel próprio com linhas de tão saindo prédios de grande porte, para dividir custos entre as famílias.
bancos comerciais liberaram os pa- drão estão incentivando as incorpo- crédito da Caixa Econômica Fede- com partes pré-fabricadas, paredes Para imóveis até R$ 60 mil, faixa
péis para a compra de 115 mil imó- radoras e os bancos a buscarem ou- ral, que destina crédito para a “ha- de gesso e pouco luxo. na qual a Cbic espera que o governo
veis com os recursos acumulados tros nichos. Um reflexo direto da no- bitação social”. O orçamento do No passado, segundo Paulo Sa- ajude com subsídios, os prédios pro-
na caderneta de poupança – que, va postura está no valor médio dos banco estatal para o setor chegará a fady Simão, presidente da Câmara vavelmente estarão localizados em
por lei, devem ser aplicados na ha- empréstimo. Em 2006, o financia- R$ 17,3 bilhões em 2007. Brasileira da Construção Civil áreas periféricas das grandes cida-
bitação. Foi outro recorde: cresci- mento médio foi de R$ 82,6 mil. (Cbic), os brasileiros já rejeitaram o des. A partir desse valor, na projeção
mento de 89% em comparação com Neste ano, de acordo com a projeção ± alexandre.santi@zerohora.com.br aspecto das construções mais bara- de Carlos Alberto Aita, presidente do
tas – muito comuns em países como Sindicato da Indústria da Constru-
os Estados Unidos. ção Civil no Estado (Sinduscon/RS),
Para atender à exigência de preço, as construtoras vão procurar terre-
FINANCIAMENTOS PARA A CLASSE MÉDIA
10*
no entanto, os arquitetos e engenhei- nos com localizações mais nobres.
Recursos da caderneta de poupança, em bilhões de R$: 9,5 ros buscam maneiras de reduzir – Mas serão unidades econômi-
custos com o desafio de não ofender cas, de dois dormitórios, compactas.
4,79 o senso estético dos clientes. No Rio Grande do Sul, a expecta-
3 – Adequar o custo com qualidade. tiva do Sinduscon é da construção
1,87 1,77 2,22 É um desafio, sim. Mas as condições de até 60 mil unidades em 2007. Se
* Projeção de mercado vão acabar impondo es- a projeção se concretizar, o déficit
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 ta mudança cultural. Vamos ter de habitacional gaúcho – estimado em
Fonte: Abecip Editoria de Arte
saber vender bem – diz Simão. 400 mil imóveis – pode ser reduzi-
Enquanto a melhor tecnologia de do em até 15%.