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Sociologia da Comunicação
2º Semestre – 2009/2010

       2 - A produção social da comunicação:

 Comunicação, informação e media no trajecto da
  modernidade;
 Enquadramentos para uma abordagem sociológica da
  Comunicação;
 Os múltiplos suportes da comunicação;


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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação

No passado, comunicar era entendido como um processo
 técnico, actualmente, está associado ao transporte de
 objectos físicos, mas em geral, é entendido como o
 transporte de ideias e emoções expressas através de um
 código.

Comunicar significa, essencialmente, transmitir
 sentimentos, casuais ou intencionais, de um
 ponto para o outro.
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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
Primeiros actos de comunicação - gestos e
 expressões, só posteriormente surgiu a língua.

• Durante anos o processo de comunicação limitou-
  se aos sinais sonoros, visuais e sensoriais pelo
  corpo humano.

• Entendeu-se que era um meio limitado para
  comunicar, sendo necessária a criação de
  alternativas.
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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
             Surgiu aquilo a que se chamou
1- A comunicação omnipotente
 A omnipotência significa que o homem consegue
   sempre aquilo que quer, que não se colocam quaisquer
   limites ou que nunca “esbarra” com qualquer
   necessidade ou vontade alheia.
 A omnipotência significa que o homem tem liberdade
   absoluta.

     Marshall McLuhan “extensão dos sentidos”

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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
             Comunicação de massas

Os meios de comunicação de massas nasceram para
 libertar, mas continham o gérmen da opressão, e
 esta ambivalência assustou os que pararam para
 pensar no assunto.

O receio cresceu paralelamente ao aumento do
 poder de cada meio, e parece ter-se transformado
 numa obsessão incontrolada.
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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação

Há três etapas distintas que dão uma resposta aos efeitos
 dos meios de comunicação de massa (mass media):

 1920-1940: considera-se que os meios de massa têm
 uma forte repercussão nos receptores (teoria das balas
 mágicas ou agulha hipodérmica – teorias dos efeitos
 ilimitados).



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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
 1940-1970: São postos em dúvida os pressupostos
  anteriores, que defendiam os meios de massa como
  entidades omnipresentes. Neste espaço temporal, de
  40 a 70 não se considera o espectador como um ser
  passivo (teorias dos efeitos limitados).
 1970-2007: Destacam-se os efeitos dos meios a um
  nível cognitivo (e não ao nível de atitudes, valores e
  comportamentos) Por outro lado, passou-se dos efeitos
  entendidos como mudanças a curto prazo para os
  efeitos entendidos como consequências de longo
  prazo.

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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
   Teoria Hipodérmica ou das Balas Mágicas

A teoria hipodérmica surge num contexto particular da
 História Universal, o período que medeia entre as Duas
 Grandes Guerras. Designada de “bullet theory”,
 aparece numa época em que os Meios de Comunicação
 Social ganham uma importância internacional
 incontestável.




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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
São dois os “ingredientes” da teoria hipodérmica:
1.) A novidade que suscitou o surgimento dos Mass
   Media;
2.) O usufruto do poder dos Mass Media pelos regimes
  totalitários, que então vigoravam.


Esta teoria, assente nestes dois princípios genéricos, tem
  como objecto de estudo os efeitos dos Mass Media nas
  sociedades globais.

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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
Os indivíduos são isolados, do ponto de vista da direcção
 das mensagens dos Mass Media, e são-lhes “injectadas”
 doses massivas de informação, das quais se pretendem
 alguns efeitos.
A teoria hipodérmica também se pode chamar, como
 aliás é feito por alguns autores, de “Teoria da
 propaganda sobre a propaganda”.
Existe uma manipulação dos sujeitos, e as suas reacções
  são premeditadas pelos Mass Media.

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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
Pode considerar-se esta uma teoria psicológica da acção,
  ou seja, os indivíduos são induzidos de forma subtil,
  através das mensagens dos Meios de Comunicação, a
  adoptarem         determinados         comportamentos.
  Historicamente, esta teoria foi utilizada, consciente ou
  inconscientemente,      pela    larga    maioria     dos
  propagandistas dos regimes totalitários. O modelo
  transformou-se numa teoria da propaganda,
  concebendo a comunicação de massas como
  omnipotente, e criando um receio generalizado quanto
  à sua influência.

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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
A teoria hipodérmica foi posteriormente desenvolvida
  por Lasswell. O modelo comunicativo deste teórico
  responde a cinco questões basilares, do processo
  comunicativo:
Quem - Comunicador
Diz o quê – Mensagem
Em que canal - Meio
A quem - Receptor
Com que efeito - Efeito

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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação


Com este modelo simples, de resposta às perguntas,
 Lasswell teoriza todo o processo de comunicação,
 destinado a “manipular” os destinatários dos Meios de
 Comunicação; recaindo a sua teoria em dois aspectos:
 análise de efeitos e análise de conteúdos.




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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
           2. A Comunicação Impotente
    A teoria do two-step flow of communication
A Teoria Hipodérmica passou por um processo de
 revisão, por volta dos anos 40, tentando esclarecer o
 insucesso, entretanto registado, dos mecanismos de
 persuasão. Os estudos realizados demonstraram que
 os meios de comunicação estão longe de ter um poder
 quase ilimitado sobre as pessoas. Com as teorias dos
 efeitos limitados, os sujeitos ganham uma maior
 autonomia.

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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação

Um das teorias dos efeitos limitados mais relevante é a
 teoria do two-step flow of communication. De acordo
 com esta teoria, há que contar com a influência de
 agentes mediadores entre os media e as pessoas (fluxo
 de comunicação em duas etapas), os líderes de opinião,
 cuja acção se exerce ao nível da comunicação
 interpessoal. Há, assim, a considerar a existência de
 um patamar mediador entre o público em geral e os
 meios de comunicação social (two-step).

              Sociologia da Comunicação - IPCA
Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
As mensagens passam apenas a influenciar os sujeitos,
 depois de estas serem “absorvidas” pelos líderes de
 opinião. A lógica do two steps flow permite uma maior
 independência do sujeito em relação aos efeitos da
 mensagem. São secundarizados os canais de
 transmissão, desde que estes estejam ao alcance dos
 “opinion leaders”, que difundirão, numa segunda fase,
 a mensagem.



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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
 As  audiências têm interesse na obtenção de
 informação e não na passividade que se registava com a
 Teoria Hipodérmica. Os sujeitos são activos em todo o
 processo. Há que contar com vários fenómenos ligados
 ao receptor, ao emissor, ao canal de transmissão da
 mensagem e a própria mensagem.


 A mensagem possui quatro características estudáveis,
 que influenciam, de forma decisiva, a absorção da
 mensagem. As características da mensagem são:

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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação

Credibilidade do comunicador – Quem comunica a
 mensagem é importante, pois a audiência tende a
 aceitar melhor os argumentos emitidos por fontes
 consideradas credíveis. A aceitação da mensagem será
 tanto maior, quanto mais credível for a fonte. A
 credibilidade passa a ser um factor comunicacional por
 excelência, podendo adulterar ou inverter, em casos
 extremos, os significados da mensagem comunicada,
 dependendo de quem a comunica.

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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação

Ordem de Argumentação – a forma como se deve
 comunicar a mensagem, pode ser vista de acordo com
 dois parâmetros:
  • os   argumentos iniciais, os mais eficazes (em
    destinatários que não possuem conhecimentos prévios
    do tema em questão);
  • os argumentos finais, os mais influentes (quando a
    audiência conhece o tema, que se aborda).


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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação

Integralidade da Argumentação – Apresenta-se um
  argumento sólido ou os dois argumentos de um tema
  controverso.

Explicação da conclusão – As conclusões devem ser
  simples, explícitas e atractivas, para que se consiga
  passar a “mensagem”.



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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação

De qualquer maneira, o facto de as pessoas apresentarem
 mecanismos de defesa contra a persuasão não significa
 que os meios de comunicação social não possam ter
 uma influência persuasiva junto de determinados
 receptores, reunidas determinadas condições.

“A persuasão opera através de percursos complicados,
  mas as comunicações de massa exercem-na.”
                                    ( Wolf, 1987, 39)
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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
           Two-step para Multi-step flow

A ideia de uma sociedade dividida entre líderes e
  seguidores mostrou-se algo inconsistente, pois os
  líderes de opinião não recebem necessariamente as
  suas informações directamente dos meios de
  comunicação, mas também de outros líderes de
  opinião.
Influentes e influenciados podem trocar reciprocamente
  de papéis.
              Sociologia da Comunicação - IPCA
Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação

Em vez da comunicação a dois tempos (two-step),
 passamos para uma comunicação a vários tempos
 (multi-step).

Teoria das balas mágicas falava em “manipulação” dos
  meios de comunicação de massas, a partir daqui
  passou-se a falar em mera “influência”.



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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
               Estudos de persuasão
• Importância da fonte (mais ou menos credível);
• Dois lados da questão (valorizado pelas pessoas mais
   instruídas);
• Mecanismo da atenção selectiva (campanha contra
   tabaco);
• Fenómeno do “efeito latente” (Sr. Preconceito);
• Conceito de dissonância cognitiva (processo de
   mudança de opinião).

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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação

 Os novos estudos derrubaram definitivamente o mito
  que transformava os meios de comunicação de massa
  em manipuladores supremos.
 Comunicação social passou a ser encarada apenas
  como um dos factores que contribuem para a formação
  da opinião.
 Estas ideias não convenceram todos os segmentos da
  sociedade que ainda viam os meios de comunicação de
  massas com intenção manipuladora.
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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
            C´c3. Crcrítica Marxista
                        Crítica marxista
Esta teoria emerge dos intelectuais marxistas, inspirados
  na tradição teórica e filosófica europeia.
Segundo Marx, as ideologias da classe dominante são as
  ideologias dominantes. A classe dominante subordina
  toda a sociedade e os seus interesses; os meios de
  comunicação de massas limitam-se a dar a visão do
  mundo segundo a ideologia dominante.

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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
Para os marxistas, as sociedades socialistas eram
  sociedades sem classes, não havia luta entre classes e,
  por isso, não havia conflitos a relatar. À imprensa era
  vedado o relato de confrontos políticos pois,
  teoricamente, não existiam.
Para um melhor controlo, os meios de comunicação de
  massas passaram para alçada do Estado.
Concentraram os seus esforços em tentar perceber o
  funcionamento da comunicação social na sociedade
  capitalista.
Emergiu como teoria crítica.
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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
             A manipulação económica

Economia como pilar da sociedade.

Função da comunicação social era a de perpetuar a lógica
  de mercado.

Meios de comunicação estão subordinados aos interesses
 económicos dos seus proprietários, tendo em vista o
 lucro.

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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação

Resultado: desaparecimento dos meios de comunicação
 de massas independentes, a concentração de
 mercados, a rejeição dos riscos e o esquecimento das
 minorias – poder de compra insignificante.

Para os marxistas, a comunicação de massas exerce a
  função de aceleração do movimento do capital e
  funciona em torno de um objectivo socioeconómico
  global.
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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
             A manipulação ideológica

Uma revisão da teoria marxista, privilegiando a
 componente ideológica.

Marx definiu a ideologia como uma falsa consciência;
 conceito útil pois permitia explicar os motivos pelos
 quais as populações da sociedade capitalista aceitavam
 um sistema económico desfavorável.


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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação

Teoria marxista – base realidade económica – derrubava
        a burguesia – terminava com capitalismo

  Terminar com excessiva influência da infra-estrutura
       económica no funcionamento da sociedade

      Infra-estrutura influenciada pela economia/
      super-estrutura influenciada pela ideologia

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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
Escola baptizada por Gramsci de “teoria da
  hegemonia” – hegemonia (hegemonia é a supremacia
  de um povo sobre outros, seja através da introdução de
  sua cultura ou por meios militares) que a ideologia
  dominante exercia sobre a sociedade através de vários
  meios, incluindo a comunicação social.
Ideologia actua para modelar a consciência das diversas
  classes (nas formas de expressão, nos sistemas de
  significação e nos mecanismos); relega para segundo
  plano os determinantes económicos.

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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
    A Escola de Frankfurt (1923) ou Teoria Crítica
Principais figuras: Max Horkheimer, Theodore Adorno, Leo
  Lowenthal. O grupo emergiu no Instituto para Pesquisa
  Social de Frankfurt, na Alemanha.
Fazem revisão sobre a cultura de massas.
Fazem uma constatação: “O Homem massa saído do pós-
  guerra está isolado e carente de relações sociais” – é
  esmagado pela pressão do trabalho e pela competitividade.
As grandes instituições não podem protegê-lo do universo
  público.

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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
Os indivíduos tornam-se psicologicamente vulneráveis e
 facilmente manipuláveis e sobretudo manipulados
 pelos Media.
Criaram o conceito de indústria cultural, ou seja,
 desaparece o antigo conceito de cultura.
No pós-guerra não se impõe a cultura, mas filmes,
 novelas, música – produtos de moral laxa para
 satisfação dos indivíduos.
Nasce uma nova cultura: Indústria Cultural (produtora
 de consumos massivos).
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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação

Adorno e Horkheimer substituíram a expressão “cultura
 de massas”(toda cultura produzida para a população
 em geral e veiculada pelos meios de comunicação de
 massa) por “indústrias culturais”(conversão da cultura
 em mercadoria. O conceito não se refere aos veículos
 (televisão, jornais, rádio...), mas ao uso dessas
 tecnologias por parte da classe dominante.)



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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação

A produção cultural e intelectual passa a ser guiada pela
  possibilidade de consumo mercadológico.

Os Media são os eixos centrais desta indústria cultural.

Desenvolvem modelos de identificação passiva, de tal
 maneira que, através dos Media, a comunicação leva ao
 silêncio das Massas.

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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
Esta teoria crítica projecta no mundo as ideias Marxistas:

“O pensamento dominante é o pensamento da classe
  dominante.”

“Os Media transformaram-se no novo ópio do povo, ou seja,
  os efeitos são ideológicos e não são condicionados.”



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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
             Os cultural studies (1957)
Nova corrente crítica influenciada pelo Marxismo,
  nascida no Centro para os Estudos Culturais
  Contemporâneos, Birmingham, Reino Unido.
Figuras de proa: Richard Hoggart, Stuart Hall, E. P.
  Thompson e Raymond Williams.

Meios de comunicação de massas como produtores e
 reprodutores de ideologias.
Conceito de cultura central.

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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
Potencialidades dos meios de comunicação como
  instrumentos para uma revolução cultural e social a
  usar em benefício de todos.
Propõe um tipo de investigação no qual o estudo dos
  meios de comunicação não pode ser dissociado do
  contexto.
A dinâmica cultural das sociedades contemporâneas
  promove uma mistura, uma integração, não no sentido
  de manipulação, mas na ideia de uma mesma cultura
  que envolve a todos.

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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
              4- A crítica não marxista

Modelo empírico experimental foi contestado por outras
  correntes
Privilegiam o conceito de qualidade em detrimento da
  quantidade de informação recolhida através de
  questionários e inquéritos.
Uma das principais críticas veio da análise
  cinematográfica, de Kracauer.

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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação

   Interesse  pela popularidade dos temas narrativos
    dominantes no cinema (em detrimento da popularidade
    dos filmes).
   Os filmes revelam estados profundos do inconsciente
    colectivo de uma sociedade ou período histórico.
   O cinema como chave para descodificar o inconsciente
    colectivo.
   Marca o início de um campo autónomo de análise no
    domínio das comunicações de massa.

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2 – A produção social da Comunicação
                 O ópio do infantário

Fredric Wertham (de origem alemã a viver em Nova
  Iorque) contesta a ideia de que os media exerciam
  pouco poder;

Estudo da banda desenhada como forma de preverter a
  mente das crianças (Superman, Batman e Tarzan, os
  comic books);

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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação

Os comics books contribuíam para o analfabetismo e
 apresentavam às crianças uma visão distorcida e
 perigosa da realidade.

Autor do livro “Seduction of the Innocent” (muito
 popular junto da opinião pública).




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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
              5- A escola canadiana
Década de 50 surgiram as primeiras teorias centradas
 nos efeitos dos próprios meios de comunicação
 enquanto tecnologia.
Os media tinham uma influência tremenda na sociedade
 e na história da humanidade, influência que era
 extremamente positiva.
As mudanças introduzidas pelos meios de comunicação
 electrónicos traduzem-se numa nova dinâmica da
 organização da sociedade.


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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
                A Escola Canadiana
             Espaço e o tempo de Innis
Conceitos de tempo e espaço têm que ser elásticos.


Os sistemas de comunicação constituem extensões
 tecnológicas da mente e da consciência e são a chave
 para a compreensão dos valores e das fontes de poder
 civilizacionais e ainda da organização do
 conhecimento – explicação da História pelas
 revoluções tecnológicas de comunicação.
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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
Os efeitos dessas revoluções são visíveis na capacidade
 de cada meio de comunicação privilegiar o tempo ou o
 espaço na transmissão de conhecimentos.

Um meio de comunicação pode ser mais ajustado à
 disseminação do conhecimento pelo tempo em vez do
 espaço, se este meio é pesado, duradouro ou
 inadequado para o transporte (pedra), ou para a
 disseminação do conhecimento pelo espaço em vez do
 tempo, se o meio é leve e de fácil transporte (papel).

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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação

A História como o confronto entre meios de
 comunicação orais (implica um contacto pessoal, um
 consenso social e uma maior intensidade na relação
 humana, de maior equilíbrio) e visuais (fazem da
 comunicação um acto solitário, frio e unidimensional,
 não requerem a presença humana nem a participação
 de outros sentidos).



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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação

A imprensa intensificou o carácter espacial do papel e
 acelerou o aparecimento do nacionalismo e da
 burocracia política.

Principal legado: são os meios de comunicação que estão
  por detrás das grandes transformações da História, da
  organização das civilizações e das próprias relações
  humanas.

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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação

             O aparecimento de McLuhan
Inspirado por Innis.
Verdadeira cultura não é a apreciada pelas elites
  intelectuais, é antes produzida espontaneamente pela
  sociedade e veiculada pelos meios de comunicação de
  massas.
Proclamou o regresso à cultura do ouvido e da fala,
  através dos meios de comunicação electrónicos.

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2 – A produção social da Comunicação
                   A galáxia McLuhan
Rádio e a televisão permitiram a recuperação do paraíso
 perdido – cultura oral - , ao viabilizar a retribalização.
À cultura fonética e da impressão chamou Galáxia
 Gutenberg.
Ao regresso à cultura oral, viabilizada pela rádio e
 televisão, designou por Galáxia Reconfigurada.




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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
O homem da galáxia Gutenberg fechou as portas à
 imaginação, tornando-se literal, explícito e lógico.
 Tornou-se impessoal, frio, solitário, tecnocrata e
 burocrata.
O aparecimento dos meios de comunicação de massas
 electrónicos veio inverter esta tendência e reconstituir
 o tipo de relacionamento pré-Gutenberg.

A rádio e a televisão estão a fazer do planeta uma aldeia
  global.
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2 – A produção social da Comunicação
“O meio é a mensagem” ( o que interessa não é o que a
  rádio e a televisão dizem, é o facto de existirem,
  trazendo transformações à sociedade. Estas
  transformações são a sua mensagem).
Qualificou de “produção artística” o trabalho dos
 homens da televisão e da rádio.
Os meios de comunicação não são um factor de
 manipulação mas de progresso e não há razões para o
 legado do medo persistir.

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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
           6- OS ESTUDOS PRODUTIVOS
Até anos 50 – estudou-se a questão dos efeitos dos meios
 de comunicação de massa;
Década de 50 – primeiras investigações sobre a forma
 como os operadores actuam na escolha das mensagens
 a difundir.

Concentram-se na questão dos efeitos a partir da análise
 do trabalho dos produtores e dos processos de
 comunicação.

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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
       Os estudos produtivos: Os gatekeepers
Kurt Lewin, 1947, publica um estudo sociológico sobre as
 decisões domésticas para a aquisição de alimentos para
 a casa.
Observou que os produtos circulam por canais que
 contêm portões onde as decisões de aquisição são
 tomadas. Os guardiões dos portões autorizam ou não a
 passagem dos alimentos por esses portões em função
 de regras.


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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
Na lógica do trabalho da comunicação social, cabe a um
 indivíduo ou a um grupo decidir se deixa passar a
 informação ou se a bloqueia.

 David White (portão e gatekeeper – guardião de
 portão) publicou o primeiro                     trabalho   sobre
 gatekeepers da informação.

Este trabalho não obteve resultados frutíferos mas abriu
  trilho para continuar estes estudos.
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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
 Westley e MacLean (1957)
Gatekeeping passou a ser encarado como uma função
 institucional levada a cabo pelos meios de
 comunicação de massas.
Gatekeepers não seleccionavam as notícias que lhes
 importavam, mas as que presumiam ser do interesse
 do público.
Concluíram que há um critério de selecção (ao contrário
 de White).

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2 – A produção social da Comunicação

 W. Gieber


Os elementos mais importantes na selecção de histórias
 são o número de notícias disponível, o seu tamanho e
 as pressões de tempo.

Ao gatekeeper é reservado um papel passivo.


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2 – A produção social da Comunicação

 J. T. McNelly (1959)


Não há apenas um, mas vários gatekeepers.
O gatekeeping não se limita a seleccionar as notícias;
 filtra os pormenores da notícia a ser publicada.
O processo não se limita à selecção ou rejeição de
 notícias, implica a redução do seu conteúdo.


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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
 A. Z. Bass (1969)


Estudou as áreas onde o gatekeeping é mais importante:
 a recolha noticiosa;
 o processamento das notícias.


O ponto mais importante de filtragem é o do
 processamento das notícias porque os gatekeepers
 estão longe das influências das fontes de informação.

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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
                      O newsmaking

Lei de McLurg – a noticiabilidade de um acidente
 depende não apenas da sua gravidade, mas também da
 nacionalidade das pessoas envolvidas.

O processo de gatekeeping não é puramente arbitrário;
 na verdade, funciona segundo uma lógica própria e
 pragmática.

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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
 Galtung e Ruge (1965)


Gatekeeping selectivo no estudo sobre a informação
 internacional.

Critérios para o gatekeeping

A selecção da notícia é sistemática e o seu resultado é
 previsível, há uma lógica no processo – newsmaking.

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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
9 grandes critérios de selecção das notícias:
 momento do acontecimento (última hora); intensidade
  (magnitude); clareza; proximidade (Lei de McLurg);
  consonância (em conformidade com as expectativas e
  preconceitos      existentes);    surpresa; continuidade;
  composição (um todo equilibrado) e valores socioculturais
  (valores que regem a sociedade e cultura).


São uma forma de rotinizar o trabalho e facilitar a
  escolha.

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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
 E. J. Epstein
Os jornalistas não são livres, mas meras peças integradas
   numa máquina muito mais vasta.
Na televisão, o processo de gatekeeping privilegia:
1. valor noticioso (história previsível com figuras públicas);
2. previsibilidade (pela possibilidade de ser coberto);
3. valor das imagens (imagens dramáticas prioritárias);
4. custos (notícia vs custos);
5. logística(poucas equipas);
A televisão não é um espelho da realidade, é uma hipérbole.
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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
            Os pseudo-acontecimentos

 Daniel Boorstin (1961)
Situações desenvolvidas por jornalistas, políticos,
  relações públicas para criar um evento que, em
  condições normais, não se produziria – pseudo-
  acontecimentos.

A informação jornalística não é um mero espelho da
 realidade, mas uma construção.

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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
       7- AS TEORIAS DOS EFEITOS A PRAZO
W. Lippmann (1992), cronista americano, publicou o
 livro “Public Opinion” onde falava da possibilidade de
 os meios de comunicação de massas reproduzirem não
 a realidade, mas representações da realidade.
Esta teoria dominou a corrente moderna de pesquisa da
  comunicação de massas e apresentou a hipótese de os
  meios de comunicação social terem um poder não
  intencional até então subestimado.

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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
                     O agenda-setting

 M. McCombs e D. Shaw (1970)
Os meios de comunicação de massas produzem efeitos
 sobre as pessoas que os consomem pelo simples facto
 de seleccionarem os acontecimentos a noticiar.

Representa a introdução de temas que os meios de
 comunicação de massas consideram importante
 debater.

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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
O agenda-setting:
 difere em função dos meios de comunicação, havendo
  diferenças entre a televisão e a imprensa escrita;
 estabelece a hierarquia e a prioridade dos temas;
Fez regressar a ideia de que os meios de comunicação de
  massas exercem uma grande influência sobre a
  população.
Os efeitos provocados pelos media não são imediatos e
 controlados, mas algo imprevisíveis e a longo prazo.
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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
              O modelo da dependência
 Sandra Ball-Rokeach e Melvin De Fleur (1976)
O primeiro esforço para medir a previsibilidade dos
 efeitos a longo prazo.
Três tipos de efeitos:
 cognitivos (percepção da mensagem por parte do público);
 afectivos (sentimentos e emoções suscitados pelos m. c.);
 comportamentais (acção, activação e desactivação).

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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
Exemplo: Massacre de Díli
Impacto afectivo – provocaram uma onda de comoção em
  todo o país;
Impacto cognitivo – suscitou dependência dos meios de
  comunicação social;
Impacto comportamental – os efeitos cognitivos e afectivos
  foram de tal forma profundos que levaram a que as pessoas
  mudassem os seus comportamentos; mobilizaram-se para a
  acção.
O tipo de efeitos e a sua intensidade varia em função dos
 sistemas sociais e das mudanças nas condições sociais.

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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
                  A espiral do silêncio
 Elisabeth Noelle-Neumann (1974)
A opinião é fruto de valores sociais, da informação
  veiculada pelos media e do que os outros pensam.
A maior parte dos indivíduos tenta evitar o isolamento e
  procura manter-se nas correntes de pensamento
  maioritárias. Quando alguém pertence, ou julga
  pertencer, a um movimento de opinião minoritário
  tem tendência para ocultar o seu pensamento, para
  evitar o isolamento.
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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
A espiral do silêncio é um círculo vicioso que distorce a
 imagem da realidade e desacredita qualquer definição de
 opinião pública.
Opinião pública:
   Conjunto de opiniões expressas pelos meios de comunicação
    de massas, uma vez que é através deles que a opinião se torna
    pública;

   Conjunto      de opiniões   do     público  em     geral,
    independentemente do seu acesso à comunicação social para
    as expressar;



                Sociologia da Comunicação - IPCA
Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
   Conceito   vasto e amplo, incapaz de traduzir os
    pensamentos de um público fragmentado, onde
    proliferam    demasiadas  opiniões  diferentes e
    contraditórias.
A comunicação social também contribuiu para o
 aparecimento da espiral, pois define o que é opinião
 dominante e transmite informações em relação às quais é
 necessário ter uma opinião. Quando um indivíduo omite
 as suas opiniões, as pessoas que o rodeiam podem
 adoptar a mesma postura, facilitando o domínio dos
 pontos de vista expressos na comunicação social.

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Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
                 O hiato comunicativo
Inicialmente, a informação chegava a toda a população,
  pois era passada de forma oral; quando a informação
  passou a ser divulgada pelos meios de comunicação de
  massas, esta só chegava a uma parte da população, as
  classes mais favorecidas.
A circulação de notícias, em vez de diminuir, aumenta a
  distância cultural entre as diversas classes.
O fluxo informativo provoca não só hiatos culturais,
  como também hiatos comportamentais.

              Sociologia da Comunicação - IPCA
Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
                8- O NEO-EMPIRISMO
Investigadores acreditam que a realidade é mensurável e
  optam pelo terreno e pelos inquéritos.
Objectivo: Obter dados do comportamento observável,
  de forma a conseguir uma base que sustentasse
  hipóteses, modelos e teorias.
No campo das comunicações, significou o retomar de
  alguns métodos utilizados na década de 40.
A questão dos efeitos voltou a ocupar o centro das
  atenções.

              Sociologia da Comunicação - IPCA
Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
             Os usos e gratificações (1940)
Alguns estudos analisaram o que as pessoas faziam dos meios de
  comunicação, em vez daquilo que estes faziam às pessoas.
Os pesquisadores centraram o trabalho no uso que as pessoas
  faziam dos meios de comunicação para obter gratificações ou
  satisfazer necessidades.
Estratégia dos estudos: determinar as necessidades existentes,
  traçando a sua origem social e psicológica; as necessidades
  geram expectativas em torno dos meios de comunicação de
  massas, com as pessoas a consumirem a sua produção para
  conseguirem gratificações.

                Sociologia da Comunicação - IPCA
Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
Premissa: o consumo da produção dos meios de
  comunicação de massas não é passivo, mas activo. Os
  consumidores são selectivos e optam em função das
  suas necessidades.
Tipo de necessidades: busca de informação, contactos
  sociais, o desenvolvimento, a aprendizagem social e o
  entretenimento.
As necessidades, problemas e motivos variam em função
  dos indivíduos ou grupos.


              Sociologia da Comunicação - IPCA
Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
                O diferencial semântico
 Charles Osgood (1957)
A sua ideia era medir a noção de significado de forma
  científica e, para isso criou o conceito de diferencial
  semântico.
Pretendia determinar as reacções e sentimentos dos
  receptores a diversas situações envolvendo os
  emissores das mensagens.
Concentrou-se na eficácia do comunicador: quanto mais
  credível for o comunicador, mais credível será a
  notícia.
              Sociologia da Comunicação - IPCA
Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
            As análises de conteúdos (1930)
Pesquisa que surgiu para estudar as mensagens.
Objectivo: apresentar um cálculo mensurável e
  verificável do conteúdo manifestado nas mensagens.
Servem para medir a intenção de um texto: se a intenção
  é atingir um público maioritariamente masculino, a
  mensagem terá mais mulheres do que homens.
  Contam-se as mulheres e os homens que aparecem na
  mensagem e confirma-se se a sua intenção foi ou não
  conseguida.
              Sociologia da Comunicação - IPCA
Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
    Os estudos psicológicos de efeitos comportamentais

O   que torna algumas pessoas particularmente
 susceptíveis de serem influenciadas por um meio de
 comunicação de massas?
Como se processa esse mecanismo de imitação?
Quanto mais realista o acto da TV e todo o ambiente que
 o rodeia, maior probabilidade há de imitação por parte
 do público.

                Sociologia da Comunicação - IPCA
Sociologia da Comunicação
2 – A produção social da Comunicação
                      CONCLUSÃO
Talvez a comunicação se resuma à questão da percepção
  e não da realidade.
Comunicar é transmitir percepções subjectivas da
  realidade.
“Vivemos num pseudo-ambiente, um mundo formado
  pelas percepções dos meios de comunicação de massas
  que influi no próprio real. É na base desta dissonância
  entre percepção e realidade que se funda o legado do
  medo, e é nesse constante receio que se alimentaram
  os estudos sobre a comunicação.” (Lippmann, 1922)

              Sociologia da Comunicação - IPCA

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Sociologia da Comunicação - Produção Social

  • 1. Sociologia da Comunicação 2º Semestre – 2009/2010 2 - A produção social da comunicação:  Comunicação, informação e media no trajecto da modernidade;  Enquadramentos para uma abordagem sociológica da Comunicação;  Os múltiplos suportes da comunicação; Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 2. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação No passado, comunicar era entendido como um processo técnico, actualmente, está associado ao transporte de objectos físicos, mas em geral, é entendido como o transporte de ideias e emoções expressas através de um código. Comunicar significa, essencialmente, transmitir sentimentos, casuais ou intencionais, de um ponto para o outro. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 3. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação Primeiros actos de comunicação - gestos e expressões, só posteriormente surgiu a língua. • Durante anos o processo de comunicação limitou- se aos sinais sonoros, visuais e sensoriais pelo corpo humano. • Entendeu-se que era um meio limitado para comunicar, sendo necessária a criação de alternativas. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 4. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação Surgiu aquilo a que se chamou 1- A comunicação omnipotente  A omnipotência significa que o homem consegue sempre aquilo que quer, que não se colocam quaisquer limites ou que nunca “esbarra” com qualquer necessidade ou vontade alheia.  A omnipotência significa que o homem tem liberdade absoluta. Marshall McLuhan “extensão dos sentidos” Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 5. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação Comunicação de massas Os meios de comunicação de massas nasceram para libertar, mas continham o gérmen da opressão, e esta ambivalência assustou os que pararam para pensar no assunto. O receio cresceu paralelamente ao aumento do poder de cada meio, e parece ter-se transformado numa obsessão incontrolada. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 6. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação Há três etapas distintas que dão uma resposta aos efeitos dos meios de comunicação de massa (mass media):  1920-1940: considera-se que os meios de massa têm uma forte repercussão nos receptores (teoria das balas mágicas ou agulha hipodérmica – teorias dos efeitos ilimitados). Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 7. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação  1940-1970: São postos em dúvida os pressupostos anteriores, que defendiam os meios de massa como entidades omnipresentes. Neste espaço temporal, de 40 a 70 não se considera o espectador como um ser passivo (teorias dos efeitos limitados).  1970-2007: Destacam-se os efeitos dos meios a um nível cognitivo (e não ao nível de atitudes, valores e comportamentos) Por outro lado, passou-se dos efeitos entendidos como mudanças a curto prazo para os efeitos entendidos como consequências de longo prazo. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 8. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação Teoria Hipodérmica ou das Balas Mágicas A teoria hipodérmica surge num contexto particular da História Universal, o período que medeia entre as Duas Grandes Guerras. Designada de “bullet theory”, aparece numa época em que os Meios de Comunicação Social ganham uma importância internacional incontestável. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 9. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação São dois os “ingredientes” da teoria hipodérmica: 1.) A novidade que suscitou o surgimento dos Mass Media; 2.) O usufruto do poder dos Mass Media pelos regimes totalitários, que então vigoravam. Esta teoria, assente nestes dois princípios genéricos, tem como objecto de estudo os efeitos dos Mass Media nas sociedades globais. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 10. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação Os indivíduos são isolados, do ponto de vista da direcção das mensagens dos Mass Media, e são-lhes “injectadas” doses massivas de informação, das quais se pretendem alguns efeitos. A teoria hipodérmica também se pode chamar, como aliás é feito por alguns autores, de “Teoria da propaganda sobre a propaganda”. Existe uma manipulação dos sujeitos, e as suas reacções são premeditadas pelos Mass Media. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 11. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação Pode considerar-se esta uma teoria psicológica da acção, ou seja, os indivíduos são induzidos de forma subtil, através das mensagens dos Meios de Comunicação, a adoptarem determinados comportamentos. Historicamente, esta teoria foi utilizada, consciente ou inconscientemente, pela larga maioria dos propagandistas dos regimes totalitários. O modelo transformou-se numa teoria da propaganda, concebendo a comunicação de massas como omnipotente, e criando um receio generalizado quanto à sua influência. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 12. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação A teoria hipodérmica foi posteriormente desenvolvida por Lasswell. O modelo comunicativo deste teórico responde a cinco questões basilares, do processo comunicativo: Quem - Comunicador Diz o quê – Mensagem Em que canal - Meio A quem - Receptor Com que efeito - Efeito Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 13. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação Com este modelo simples, de resposta às perguntas, Lasswell teoriza todo o processo de comunicação, destinado a “manipular” os destinatários dos Meios de Comunicação; recaindo a sua teoria em dois aspectos: análise de efeitos e análise de conteúdos. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 14. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação 2. A Comunicação Impotente A teoria do two-step flow of communication A Teoria Hipodérmica passou por um processo de revisão, por volta dos anos 40, tentando esclarecer o insucesso, entretanto registado, dos mecanismos de persuasão. Os estudos realizados demonstraram que os meios de comunicação estão longe de ter um poder quase ilimitado sobre as pessoas. Com as teorias dos efeitos limitados, os sujeitos ganham uma maior autonomia. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 15. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação Um das teorias dos efeitos limitados mais relevante é a teoria do two-step flow of communication. De acordo com esta teoria, há que contar com a influência de agentes mediadores entre os media e as pessoas (fluxo de comunicação em duas etapas), os líderes de opinião, cuja acção se exerce ao nível da comunicação interpessoal. Há, assim, a considerar a existência de um patamar mediador entre o público em geral e os meios de comunicação social (two-step). Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 16. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação As mensagens passam apenas a influenciar os sujeitos, depois de estas serem “absorvidas” pelos líderes de opinião. A lógica do two steps flow permite uma maior independência do sujeito em relação aos efeitos da mensagem. São secundarizados os canais de transmissão, desde que estes estejam ao alcance dos “opinion leaders”, que difundirão, numa segunda fase, a mensagem. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 17. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação  As audiências têm interesse na obtenção de informação e não na passividade que se registava com a Teoria Hipodérmica. Os sujeitos são activos em todo o processo. Há que contar com vários fenómenos ligados ao receptor, ao emissor, ao canal de transmissão da mensagem e a própria mensagem.  A mensagem possui quatro características estudáveis, que influenciam, de forma decisiva, a absorção da mensagem. As características da mensagem são: Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 18. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação Credibilidade do comunicador – Quem comunica a mensagem é importante, pois a audiência tende a aceitar melhor os argumentos emitidos por fontes consideradas credíveis. A aceitação da mensagem será tanto maior, quanto mais credível for a fonte. A credibilidade passa a ser um factor comunicacional por excelência, podendo adulterar ou inverter, em casos extremos, os significados da mensagem comunicada, dependendo de quem a comunica. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 19. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação Ordem de Argumentação – a forma como se deve comunicar a mensagem, pode ser vista de acordo com dois parâmetros: • os argumentos iniciais, os mais eficazes (em destinatários que não possuem conhecimentos prévios do tema em questão); • os argumentos finais, os mais influentes (quando a audiência conhece o tema, que se aborda). Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 20. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação Integralidade da Argumentação – Apresenta-se um argumento sólido ou os dois argumentos de um tema controverso. Explicação da conclusão – As conclusões devem ser simples, explícitas e atractivas, para que se consiga passar a “mensagem”. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 21. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação De qualquer maneira, o facto de as pessoas apresentarem mecanismos de defesa contra a persuasão não significa que os meios de comunicação social não possam ter uma influência persuasiva junto de determinados receptores, reunidas determinadas condições. “A persuasão opera através de percursos complicados, mas as comunicações de massa exercem-na.” ( Wolf, 1987, 39) Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 22. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação Two-step para Multi-step flow A ideia de uma sociedade dividida entre líderes e seguidores mostrou-se algo inconsistente, pois os líderes de opinião não recebem necessariamente as suas informações directamente dos meios de comunicação, mas também de outros líderes de opinião. Influentes e influenciados podem trocar reciprocamente de papéis. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 23. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação Em vez da comunicação a dois tempos (two-step), passamos para uma comunicação a vários tempos (multi-step). Teoria das balas mágicas falava em “manipulação” dos meios de comunicação de massas, a partir daqui passou-se a falar em mera “influência”. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 24. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação Estudos de persuasão • Importância da fonte (mais ou menos credível); • Dois lados da questão (valorizado pelas pessoas mais instruídas); • Mecanismo da atenção selectiva (campanha contra tabaco); • Fenómeno do “efeito latente” (Sr. Preconceito); • Conceito de dissonância cognitiva (processo de mudança de opinião). Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 25. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação  Os novos estudos derrubaram definitivamente o mito que transformava os meios de comunicação de massa em manipuladores supremos.  Comunicação social passou a ser encarada apenas como um dos factores que contribuem para a formação da opinião.  Estas ideias não convenceram todos os segmentos da sociedade que ainda viam os meios de comunicação de massas com intenção manipuladora. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 26. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação C´c3. Crcrítica Marxista Crítica marxista Esta teoria emerge dos intelectuais marxistas, inspirados na tradição teórica e filosófica europeia. Segundo Marx, as ideologias da classe dominante são as ideologias dominantes. A classe dominante subordina toda a sociedade e os seus interesses; os meios de comunicação de massas limitam-se a dar a visão do mundo segundo a ideologia dominante. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 27. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação Para os marxistas, as sociedades socialistas eram sociedades sem classes, não havia luta entre classes e, por isso, não havia conflitos a relatar. À imprensa era vedado o relato de confrontos políticos pois, teoricamente, não existiam. Para um melhor controlo, os meios de comunicação de massas passaram para alçada do Estado. Concentraram os seus esforços em tentar perceber o funcionamento da comunicação social na sociedade capitalista. Emergiu como teoria crítica. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 28. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação A manipulação económica Economia como pilar da sociedade. Função da comunicação social era a de perpetuar a lógica de mercado. Meios de comunicação estão subordinados aos interesses económicos dos seus proprietários, tendo em vista o lucro. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 29. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação Resultado: desaparecimento dos meios de comunicação de massas independentes, a concentração de mercados, a rejeição dos riscos e o esquecimento das minorias – poder de compra insignificante. Para os marxistas, a comunicação de massas exerce a função de aceleração do movimento do capital e funciona em torno de um objectivo socioeconómico global. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 30. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação A manipulação ideológica Uma revisão da teoria marxista, privilegiando a componente ideológica. Marx definiu a ideologia como uma falsa consciência; conceito útil pois permitia explicar os motivos pelos quais as populações da sociedade capitalista aceitavam um sistema económico desfavorável. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 31. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação Teoria marxista – base realidade económica – derrubava a burguesia – terminava com capitalismo Terminar com excessiva influência da infra-estrutura económica no funcionamento da sociedade Infra-estrutura influenciada pela economia/ super-estrutura influenciada pela ideologia Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 32. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação Escola baptizada por Gramsci de “teoria da hegemonia” – hegemonia (hegemonia é a supremacia de um povo sobre outros, seja através da introdução de sua cultura ou por meios militares) que a ideologia dominante exercia sobre a sociedade através de vários meios, incluindo a comunicação social. Ideologia actua para modelar a consciência das diversas classes (nas formas de expressão, nos sistemas de significação e nos mecanismos); relega para segundo plano os determinantes económicos. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 33. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação A Escola de Frankfurt (1923) ou Teoria Crítica Principais figuras: Max Horkheimer, Theodore Adorno, Leo Lowenthal. O grupo emergiu no Instituto para Pesquisa Social de Frankfurt, na Alemanha. Fazem revisão sobre a cultura de massas. Fazem uma constatação: “O Homem massa saído do pós- guerra está isolado e carente de relações sociais” – é esmagado pela pressão do trabalho e pela competitividade. As grandes instituições não podem protegê-lo do universo público. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 34. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação Os indivíduos tornam-se psicologicamente vulneráveis e facilmente manipuláveis e sobretudo manipulados pelos Media. Criaram o conceito de indústria cultural, ou seja, desaparece o antigo conceito de cultura. No pós-guerra não se impõe a cultura, mas filmes, novelas, música – produtos de moral laxa para satisfação dos indivíduos. Nasce uma nova cultura: Indústria Cultural (produtora de consumos massivos). Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 35. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação Adorno e Horkheimer substituíram a expressão “cultura de massas”(toda cultura produzida para a população em geral e veiculada pelos meios de comunicação de massa) por “indústrias culturais”(conversão da cultura em mercadoria. O conceito não se refere aos veículos (televisão, jornais, rádio...), mas ao uso dessas tecnologias por parte da classe dominante.) Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 36. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação A produção cultural e intelectual passa a ser guiada pela possibilidade de consumo mercadológico. Os Media são os eixos centrais desta indústria cultural. Desenvolvem modelos de identificação passiva, de tal maneira que, através dos Media, a comunicação leva ao silêncio das Massas. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 37. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação Esta teoria crítica projecta no mundo as ideias Marxistas: “O pensamento dominante é o pensamento da classe dominante.” “Os Media transformaram-se no novo ópio do povo, ou seja, os efeitos são ideológicos e não são condicionados.” Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 38. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação Os cultural studies (1957) Nova corrente crítica influenciada pelo Marxismo, nascida no Centro para os Estudos Culturais Contemporâneos, Birmingham, Reino Unido. Figuras de proa: Richard Hoggart, Stuart Hall, E. P. Thompson e Raymond Williams. Meios de comunicação de massas como produtores e reprodutores de ideologias. Conceito de cultura central. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 39. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação Potencialidades dos meios de comunicação como instrumentos para uma revolução cultural e social a usar em benefício de todos. Propõe um tipo de investigação no qual o estudo dos meios de comunicação não pode ser dissociado do contexto. A dinâmica cultural das sociedades contemporâneas promove uma mistura, uma integração, não no sentido de manipulação, mas na ideia de uma mesma cultura que envolve a todos. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 40. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação 4- A crítica não marxista Modelo empírico experimental foi contestado por outras correntes Privilegiam o conceito de qualidade em detrimento da quantidade de informação recolhida através de questionários e inquéritos. Uma das principais críticas veio da análise cinematográfica, de Kracauer. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 41. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação  Interesse pela popularidade dos temas narrativos dominantes no cinema (em detrimento da popularidade dos filmes).  Os filmes revelam estados profundos do inconsciente colectivo de uma sociedade ou período histórico.  O cinema como chave para descodificar o inconsciente colectivo.  Marca o início de um campo autónomo de análise no domínio das comunicações de massa. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 42. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação O ópio do infantário Fredric Wertham (de origem alemã a viver em Nova Iorque) contesta a ideia de que os media exerciam pouco poder; Estudo da banda desenhada como forma de preverter a mente das crianças (Superman, Batman e Tarzan, os comic books); Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 43. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação Os comics books contribuíam para o analfabetismo e apresentavam às crianças uma visão distorcida e perigosa da realidade. Autor do livro “Seduction of the Innocent” (muito popular junto da opinião pública). Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 44. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação 5- A escola canadiana Década de 50 surgiram as primeiras teorias centradas nos efeitos dos próprios meios de comunicação enquanto tecnologia. Os media tinham uma influência tremenda na sociedade e na história da humanidade, influência que era extremamente positiva. As mudanças introduzidas pelos meios de comunicação electrónicos traduzem-se numa nova dinâmica da organização da sociedade. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 45. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação A Escola Canadiana Espaço e o tempo de Innis Conceitos de tempo e espaço têm que ser elásticos. Os sistemas de comunicação constituem extensões tecnológicas da mente e da consciência e são a chave para a compreensão dos valores e das fontes de poder civilizacionais e ainda da organização do conhecimento – explicação da História pelas revoluções tecnológicas de comunicação. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 46. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação Os efeitos dessas revoluções são visíveis na capacidade de cada meio de comunicação privilegiar o tempo ou o espaço na transmissão de conhecimentos. Um meio de comunicação pode ser mais ajustado à disseminação do conhecimento pelo tempo em vez do espaço, se este meio é pesado, duradouro ou inadequado para o transporte (pedra), ou para a disseminação do conhecimento pelo espaço em vez do tempo, se o meio é leve e de fácil transporte (papel). Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 47. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação A História como o confronto entre meios de comunicação orais (implica um contacto pessoal, um consenso social e uma maior intensidade na relação humana, de maior equilíbrio) e visuais (fazem da comunicação um acto solitário, frio e unidimensional, não requerem a presença humana nem a participação de outros sentidos). Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 48. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação A imprensa intensificou o carácter espacial do papel e acelerou o aparecimento do nacionalismo e da burocracia política. Principal legado: são os meios de comunicação que estão por detrás das grandes transformações da História, da organização das civilizações e das próprias relações humanas. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 49. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação O aparecimento de McLuhan Inspirado por Innis. Verdadeira cultura não é a apreciada pelas elites intelectuais, é antes produzida espontaneamente pela sociedade e veiculada pelos meios de comunicação de massas. Proclamou o regresso à cultura do ouvido e da fala, através dos meios de comunicação electrónicos. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 50. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação A galáxia McLuhan Rádio e a televisão permitiram a recuperação do paraíso perdido – cultura oral - , ao viabilizar a retribalização. À cultura fonética e da impressão chamou Galáxia Gutenberg. Ao regresso à cultura oral, viabilizada pela rádio e televisão, designou por Galáxia Reconfigurada. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 51. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação O homem da galáxia Gutenberg fechou as portas à imaginação, tornando-se literal, explícito e lógico. Tornou-se impessoal, frio, solitário, tecnocrata e burocrata. O aparecimento dos meios de comunicação de massas electrónicos veio inverter esta tendência e reconstituir o tipo de relacionamento pré-Gutenberg. A rádio e a televisão estão a fazer do planeta uma aldeia global. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 52. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação “O meio é a mensagem” ( o que interessa não é o que a rádio e a televisão dizem, é o facto de existirem, trazendo transformações à sociedade. Estas transformações são a sua mensagem). Qualificou de “produção artística” o trabalho dos homens da televisão e da rádio. Os meios de comunicação não são um factor de manipulação mas de progresso e não há razões para o legado do medo persistir. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 53. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação 6- OS ESTUDOS PRODUTIVOS Até anos 50 – estudou-se a questão dos efeitos dos meios de comunicação de massa; Década de 50 – primeiras investigações sobre a forma como os operadores actuam na escolha das mensagens a difundir. Concentram-se na questão dos efeitos a partir da análise do trabalho dos produtores e dos processos de comunicação. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 54. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação Os estudos produtivos: Os gatekeepers Kurt Lewin, 1947, publica um estudo sociológico sobre as decisões domésticas para a aquisição de alimentos para a casa. Observou que os produtos circulam por canais que contêm portões onde as decisões de aquisição são tomadas. Os guardiões dos portões autorizam ou não a passagem dos alimentos por esses portões em função de regras. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 55. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação Na lógica do trabalho da comunicação social, cabe a um indivíduo ou a um grupo decidir se deixa passar a informação ou se a bloqueia.  David White (portão e gatekeeper – guardião de portão) publicou o primeiro trabalho sobre gatekeepers da informação. Este trabalho não obteve resultados frutíferos mas abriu trilho para continuar estes estudos. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 56. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação  Westley e MacLean (1957) Gatekeeping passou a ser encarado como uma função institucional levada a cabo pelos meios de comunicação de massas. Gatekeepers não seleccionavam as notícias que lhes importavam, mas as que presumiam ser do interesse do público. Concluíram que há um critério de selecção (ao contrário de White). Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 57. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação  W. Gieber Os elementos mais importantes na selecção de histórias são o número de notícias disponível, o seu tamanho e as pressões de tempo. Ao gatekeeper é reservado um papel passivo. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 58. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação  J. T. McNelly (1959) Não há apenas um, mas vários gatekeepers. O gatekeeping não se limita a seleccionar as notícias; filtra os pormenores da notícia a ser publicada. O processo não se limita à selecção ou rejeição de notícias, implica a redução do seu conteúdo. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 59. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação  A. Z. Bass (1969) Estudou as áreas onde o gatekeeping é mais importante:  a recolha noticiosa;  o processamento das notícias. O ponto mais importante de filtragem é o do processamento das notícias porque os gatekeepers estão longe das influências das fontes de informação. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 60. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação O newsmaking Lei de McLurg – a noticiabilidade de um acidente depende não apenas da sua gravidade, mas também da nacionalidade das pessoas envolvidas. O processo de gatekeeping não é puramente arbitrário; na verdade, funciona segundo uma lógica própria e pragmática. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 61. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação  Galtung e Ruge (1965) Gatekeeping selectivo no estudo sobre a informação internacional. Critérios para o gatekeeping A selecção da notícia é sistemática e o seu resultado é previsível, há uma lógica no processo – newsmaking. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 62. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação 9 grandes critérios de selecção das notícias:  momento do acontecimento (última hora); intensidade (magnitude); clareza; proximidade (Lei de McLurg); consonância (em conformidade com as expectativas e preconceitos existentes); surpresa; continuidade; composição (um todo equilibrado) e valores socioculturais (valores que regem a sociedade e cultura). São uma forma de rotinizar o trabalho e facilitar a escolha. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 63. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação  E. J. Epstein Os jornalistas não são livres, mas meras peças integradas numa máquina muito mais vasta. Na televisão, o processo de gatekeeping privilegia: 1. valor noticioso (história previsível com figuras públicas); 2. previsibilidade (pela possibilidade de ser coberto); 3. valor das imagens (imagens dramáticas prioritárias); 4. custos (notícia vs custos); 5. logística(poucas equipas); A televisão não é um espelho da realidade, é uma hipérbole. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 64. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação Os pseudo-acontecimentos  Daniel Boorstin (1961) Situações desenvolvidas por jornalistas, políticos, relações públicas para criar um evento que, em condições normais, não se produziria – pseudo- acontecimentos. A informação jornalística não é um mero espelho da realidade, mas uma construção. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 65. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação 7- AS TEORIAS DOS EFEITOS A PRAZO W. Lippmann (1992), cronista americano, publicou o livro “Public Opinion” onde falava da possibilidade de os meios de comunicação de massas reproduzirem não a realidade, mas representações da realidade. Esta teoria dominou a corrente moderna de pesquisa da comunicação de massas e apresentou a hipótese de os meios de comunicação social terem um poder não intencional até então subestimado. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 66. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação O agenda-setting  M. McCombs e D. Shaw (1970) Os meios de comunicação de massas produzem efeitos sobre as pessoas que os consomem pelo simples facto de seleccionarem os acontecimentos a noticiar. Representa a introdução de temas que os meios de comunicação de massas consideram importante debater. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 67. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação O agenda-setting:  difere em função dos meios de comunicação, havendo diferenças entre a televisão e a imprensa escrita;  estabelece a hierarquia e a prioridade dos temas; Fez regressar a ideia de que os meios de comunicação de massas exercem uma grande influência sobre a população. Os efeitos provocados pelos media não são imediatos e controlados, mas algo imprevisíveis e a longo prazo. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 68. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação O modelo da dependência  Sandra Ball-Rokeach e Melvin De Fleur (1976) O primeiro esforço para medir a previsibilidade dos efeitos a longo prazo. Três tipos de efeitos:  cognitivos (percepção da mensagem por parte do público);  afectivos (sentimentos e emoções suscitados pelos m. c.);  comportamentais (acção, activação e desactivação). Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 69. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação Exemplo: Massacre de Díli Impacto afectivo – provocaram uma onda de comoção em todo o país; Impacto cognitivo – suscitou dependência dos meios de comunicação social; Impacto comportamental – os efeitos cognitivos e afectivos foram de tal forma profundos que levaram a que as pessoas mudassem os seus comportamentos; mobilizaram-se para a acção. O tipo de efeitos e a sua intensidade varia em função dos sistemas sociais e das mudanças nas condições sociais. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 70. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação A espiral do silêncio  Elisabeth Noelle-Neumann (1974) A opinião é fruto de valores sociais, da informação veiculada pelos media e do que os outros pensam. A maior parte dos indivíduos tenta evitar o isolamento e procura manter-se nas correntes de pensamento maioritárias. Quando alguém pertence, ou julga pertencer, a um movimento de opinião minoritário tem tendência para ocultar o seu pensamento, para evitar o isolamento. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 71. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação A espiral do silêncio é um círculo vicioso que distorce a imagem da realidade e desacredita qualquer definição de opinião pública. Opinião pública:  Conjunto de opiniões expressas pelos meios de comunicação de massas, uma vez que é através deles que a opinião se torna pública;  Conjunto de opiniões do público em geral, independentemente do seu acesso à comunicação social para as expressar; Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 72. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação  Conceito vasto e amplo, incapaz de traduzir os pensamentos de um público fragmentado, onde proliferam demasiadas opiniões diferentes e contraditórias. A comunicação social também contribuiu para o aparecimento da espiral, pois define o que é opinião dominante e transmite informações em relação às quais é necessário ter uma opinião. Quando um indivíduo omite as suas opiniões, as pessoas que o rodeiam podem adoptar a mesma postura, facilitando o domínio dos pontos de vista expressos na comunicação social. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 73. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação O hiato comunicativo Inicialmente, a informação chegava a toda a população, pois era passada de forma oral; quando a informação passou a ser divulgada pelos meios de comunicação de massas, esta só chegava a uma parte da população, as classes mais favorecidas. A circulação de notícias, em vez de diminuir, aumenta a distância cultural entre as diversas classes. O fluxo informativo provoca não só hiatos culturais, como também hiatos comportamentais. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 74. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação 8- O NEO-EMPIRISMO Investigadores acreditam que a realidade é mensurável e optam pelo terreno e pelos inquéritos. Objectivo: Obter dados do comportamento observável, de forma a conseguir uma base que sustentasse hipóteses, modelos e teorias. No campo das comunicações, significou o retomar de alguns métodos utilizados na década de 40. A questão dos efeitos voltou a ocupar o centro das atenções. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 75. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação Os usos e gratificações (1940) Alguns estudos analisaram o que as pessoas faziam dos meios de comunicação, em vez daquilo que estes faziam às pessoas. Os pesquisadores centraram o trabalho no uso que as pessoas faziam dos meios de comunicação para obter gratificações ou satisfazer necessidades. Estratégia dos estudos: determinar as necessidades existentes, traçando a sua origem social e psicológica; as necessidades geram expectativas em torno dos meios de comunicação de massas, com as pessoas a consumirem a sua produção para conseguirem gratificações. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 76. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação Premissa: o consumo da produção dos meios de comunicação de massas não é passivo, mas activo. Os consumidores são selectivos e optam em função das suas necessidades. Tipo de necessidades: busca de informação, contactos sociais, o desenvolvimento, a aprendizagem social e o entretenimento. As necessidades, problemas e motivos variam em função dos indivíduos ou grupos. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 77. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação O diferencial semântico  Charles Osgood (1957) A sua ideia era medir a noção de significado de forma científica e, para isso criou o conceito de diferencial semântico. Pretendia determinar as reacções e sentimentos dos receptores a diversas situações envolvendo os emissores das mensagens. Concentrou-se na eficácia do comunicador: quanto mais credível for o comunicador, mais credível será a notícia. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 78. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação As análises de conteúdos (1930) Pesquisa que surgiu para estudar as mensagens. Objectivo: apresentar um cálculo mensurável e verificável do conteúdo manifestado nas mensagens. Servem para medir a intenção de um texto: se a intenção é atingir um público maioritariamente masculino, a mensagem terá mais mulheres do que homens. Contam-se as mulheres e os homens que aparecem na mensagem e confirma-se se a sua intenção foi ou não conseguida. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 79. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação Os estudos psicológicos de efeitos comportamentais O que torna algumas pessoas particularmente susceptíveis de serem influenciadas por um meio de comunicação de massas? Como se processa esse mecanismo de imitação? Quanto mais realista o acto da TV e todo o ambiente que o rodeia, maior probabilidade há de imitação por parte do público. Sociologia da Comunicação - IPCA
  • 80. Sociologia da Comunicação 2 – A produção social da Comunicação CONCLUSÃO Talvez a comunicação se resuma à questão da percepção e não da realidade. Comunicar é transmitir percepções subjectivas da realidade. “Vivemos num pseudo-ambiente, um mundo formado pelas percepções dos meios de comunicação de massas que influi no próprio real. É na base desta dissonância entre percepção e realidade que se funda o legado do medo, e é nesse constante receio que se alimentaram os estudos sobre a comunicação.” (Lippmann, 1922) Sociologia da Comunicação - IPCA